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Contestação em Reclamação Trabalhista

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE FLORIANÓPOLIS/SC. 
Processo nº: 0010101-20.2017.512.0001
 LOJAS MENSA LTDA, inscrita no CNPJ sob o nº 15.155.000/0001-00, com sede na Alameda das Flores, n. 30, Lagoa da Conceição, CEP: 88.010-00 Florianopolis – SC, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por seu advogado devidamente constituído nos autos da reclamação trabalhista movida por Jonas Fagundes, já qualificado no presente ato, propor CONTESTAÇÃO, exponde e requerendo o que se segue:  
1. DO MÉRITO
1.1. DO NÃO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO IMPREGATÍCIO	
 A respeito do ônus da prova a Súmula 212 do TST: 
DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 
O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado.
Cabe à reclamada apresentar o ônus da prova, conforme segue abaixo.
O reclamante alega que iniciou suas atividades na empresa na data de 01/08/2016 até 31/01/2017, onde deveria montar móveis, e ao sair recebeu apenas os valores referentes a montagens dos móveis do mês de janeiro de 2017 e que durante esse tempo não teve o registro em sua CTPS. 
Conforme observado o que dispõe o art. 9º da CLT, o contrato é nulo de pleno direito, pois pode possuir o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar as aplicações da CLT.
O art. 3º da CLT, trás os requisitos de um empregado, observe:
a) O reclamante não possui pessoalidade, tendo em vista que não havia necessidade de comparecer todos os dias, podendo ser substituído por outra pessoa.
b) Ausência de subordinação, pois ele poderia recusar a montagem dos móveis, que ocorria quando estava em algum lugar muito longe.
c) O seu serviço não era fiscalizado pela contratante e o mesmo prestava serviço de montagem para uma empresa concorrente.
d) O valor pago pela visita a cada cliente foi determinado pelo trabalhador.
Conforme o apresentado nota-se que o reclamante não possui vínculo com a empresa Lojas Mensa.
Diante de todo o exposto, tal pedido não deve ser prosperado.
1.2. DO NÃO PAGAMENTO DA MULTA DO ART. 477 §8º DA CLT.
 A multa ora requerida pelo reclamante não merece prosperar pelo fato do reclamante não possuir vínculo empregatício com a reclamada, pois o contrato firmado é de prestação de serviço, não possuindo vínculo empregatício com a reclamada.
Requer a impugnação do pedido.
1.3. DAS HORAS EXTRAS.
 Alega o reclamante que laborava de segunda a sábado, das 08h00 às 20h00 com uma hora de intervalo intrajornada e durante todo o período de labor nunca recebeu horas extras. A respeito das horas extras dispõe o art. 62, I, da CLT:
“Art. 62 – Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: I – os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados”
Diante disso, inexistia um controle da jornada de trabalho, pois o trabalhador era externo, não se sabe quanto tempo era gasto para a montagem de cada móvel.
Entendimento do TST: 
“RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS – TRABALHO EXTERNO INCOMPATÍVEL COM CONTROLE DE JORNADA – AUSÊNCIA DA ANOTAÇÃO DE TAL CONDIÇÃO NA CTPS E NO REGISTRO DE EMPREGADOS. O fato de não haver anotação na CTPS, bem como no registro de empregados, da condição de trabalho externo incompatível com o controle de jornada não é razão suficiente para, por si só, afastar a exceção do artigo 62, I, da CLT, ou promover a inversão do ônus da prova, a fim de condenar o empregador ao pagamento de horas extras, notadamente quando incontroversas as premissas fáticas da prestação de serviço externo e da falta de fiscalização da jornada. Precedentes da SBDI-1 e da 2a Turma. Recurso de revista conhecido e provido. Prejudicado o exame do tema remanescente. (BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Agravo de instrumento em recurso de revista: AIRR 21640820115020054. Data de publicação: 14/08/2015.”
Diante do alegado, requer que o pedido não seja prosperado.
1.4. DO ALUGUEL DA MOTOCICLETA.
 O valor pago de R$ 1.500,00, compreendiam não só o aluguel da motocicleta, como também combustível, manutenção, seguro e a depreciação do veículo, porém não foram apresentadas contraprestações pelo reclamante.
O art. 457, §2º diz:
“Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.
§ 2º - Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 50% (cinqüenta por cento) do salário percebido pelo empregado.” 
Conforme disposto acima, o valor pago pelo aluguel compreende mais de 50% do valor da remuneração, não devendo ser prosperado o pedido de ser considerado como salário.
1.5. DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
 O reclamante requer o adicional de periculosidade alegando que utilizava sua motocicleta para trabalhar, garantido pelo art. 193, § 4º da CLT.
Aduz sobre o assunto a Norma Regulamentadora n. 16, anexo 5, do ministério do trabalho:
“Não são consideradas perigosas, para efeito deste anexo:
d) “as atividades com uso de motocicleta ou motoneta de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido.”.
Não dever ser concedido o adicional de periculosidade, pois o reclamante utilizava a motocicleta de maneira eventual e o tempo gasto na mota era muito reduzido, às vezes se deslocava até mesmo a pé.
Tal pedido não deve ser prosperado.
 
II – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS: 
 Diante do exposto o reclamado requer a improcedência de todos os pleitos nos termos declarados.
Na oportunidade pugna a produção de prova oral.
 Termos em que,
 Pede Deferimento.
 CIDADE, DD/MM/AAAA.
 ASSINATURA DO ADV
 OAB

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