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Fazenda Brasil Verde Introdução Verifica-se historicamente que em meados do ano de 1989, o Estado brasileiro tomou ciência das situações de trabalho escravo na Fazenda Brasil Verde, localizada no norte do estado do Pará, onde diversos trabalhadores foram enganados por "gatos" – recrutadores – representantes da propriedade, com a promessa de melhores salários e condições de vida e emprego. No entanto, a realidade encontrada foi bem diferente. Ao chegarem à Fazenda, os trabalhadores tiveram suas carteiras de trabalho retidas e foram obrigados há trabalhar doze horas ou mais, com pausa de meia hora para o almoço, durante seis dias da semana. Ou seja, acabaram submetidos a trabalhos forçados, em condições deploráveis, sob constante vigilância de guardas responsáveis por graves ameaças, que detinham a função de impedir a fuga desses mesmos trabalhadores. Ainda nesse período, registraram-se diversas queixas as autoridades brasileiras, resultando em vistorias a partir daquele ano, e nos anos posteriores, de 1992, 1996, 1997 e 2000. Frente a isso, com a análise dos fatos, pode-se observar que o Estado brasileiro tinha ciência das atividades ilegais ocorridas na Fazenda e quedou silente, ao não tomar qualquer medida que visasse proteger os direitos fundamentais desses trabalhadores. Escrever algo que o caso foi encaminhado para a corte... Nesse sentido, no caso julgado em 2016, a Corte Internacional de Direitos Humanos entendeu que o Brasil violou vários direitos, dentre eles, o de liberdade – de não ser submetido a qualquer forma de escravidão –, a garantia de acesso à justiça, o direito a razoável duração do processo dentro das garantias fundamentais asseguradas a cada indivíduo e em alguns casos até mesmo a violação ao acesso à Justiça, onde trabalhadores tiveram essa garantia obstruída. A sentença, proferida pela Corte em outubro, mas divulgada apenas em dezembro, resultou da petição apresentada pelo Centro pela Justiça e o Direito Internacional – CEJIL e pela Comissão Pastoral da Terra – CTP, onde, apuradas as irregularidades e encerrada a investigação pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, esta, submeteu o caso à Corte, que em suma, responsabilizou internacionalmente o Estado brasileiro ante a ausência de prevenção de trabalho escravo, e até mesmo, o tráfico de pessoas. Na analise dos fatos, a Corte bem observou que o conceito de escravidão e suas formas análogas evoluiu, não estando atualmente limitado à propriedade sobre a pessoa. Estipulou que, ao definir esse conceito, é preciso observar a demonstração do controle de uma pessoa sobre outra, equiparada à perda da própria vontade ou à diminuição da autonomia pessoal. No que tange ao “trafico de pessoas” a Convenção estabeleceu que essa expressão pode ser definida em síntese como o recrutamento, transporte, transferência, alojamento ou acolhimento de pessoas, aliadas a ameaça, ao uso da força ou outras formas de coação, com qualquer fim de exploração. Assim, entendeu à Corte que o Estado brasileiro na ausência de diligências essenciais com relação à situação, levado em consideração seu conhecimento sobre o contexto e situações vulneráveis destes trabalhadores, tornou-se responsável pela violação da proibição da escravidão e servidão, estabelecida na Convenção Americana. Por esta razão, à Corte ordenou ao país diversas medidas de reparação, dentre as quais se destacam o reinicio das investigações, a adoção de medidas necessárias à garantia que a prescrição não seja aplicada ao delito de direito internacional de escravidão, bem como, o pagamento de indenizações correspondentes, dentre outros. Conclusão? https://www.cejil.org/es/fazenda-brasil-verde https://jota.info/colunas/pelo-mp/escravidao-o-caso-fazenda-brasil-verde-23122016 http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_318_por.pdf https://www.clinicatrabalhoescravo.com/single-post/2016/12/15/Brasil-%C3%A9-julgado-no-caso-Fazenda-Brasil-Verde
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