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AULA+3

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UNIVERSIDADE 
VEIGA DE ALMEIDA
Curso de Graduação em Direito
Disciplina: ANTROPOLOGIA CULTURAL E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS 
Docente: Prof. Ms. Camila Arruda
profcamilaarruda@gmail.com
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AULA 3
TRABALHO ESCRAVO
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A CONSTITUIÇÃO DOS DIREITOS CIDADÃOS
Os direitos sociais são aqueles que têm por objetivo garantir aos indivíduos condições materiais tidas como imprescindíveis para o pleno gozo dos seus direitos.
O Estado deve intervir na ordem social assegurando os critérios de justiça distributiva, com a finalidade de diminuir as desigualdades sociais, por isso tendem a possuir um custo excessivamente alto e a se realizar em longo prazo.    
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Esses direitos surgiram em decorrência da Revolução Industrial no século XIX, que passou a substituir o homem pela maquina, gerando, como consequência o desemprego em massa, o aumento da miséria e grande excedente de mão-de-obra, tudo isso gerou evidentemente desigualdade social, fazendo com que o Estado se visse diante da necessidade de proteção ao trabalho e a outros direitos como: a saúde, a educação, ao lazer, entre outros. 
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A Constituição Federal de 1988 teve uma grande preocupação quanto aos direitos sociais do brasileiro, e estabeleceu uma série de dispositivos que asseguraram ao cidadão todo o básico necessário para a sua existência digna e para que tenha condições de trabalho e emprego ideais.
O Art. 6º da CF/1988 estabelece os direitos sociais:
	 “Art.6º - São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.  
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O artigo 6º da CF/88 se refere de maneira genérica aos direitos sociais, sendo eles: o direito a saúde, ao trabalho, ao lazer entre outros. 
Os direitos sociais buscam a qualidade de vida dos indivíduos, faz-se necessário, ressaltar e distinguir as diferenças entre direitos sociais e direitos individuais.
 Os direitos sociais, são prestações positivas pelo Estado direta ou indiretamente, proporcionadas através das normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a equalização de situações sociais desiguais, são, portanto, direitos que se ligam ao direito de igualdade. 
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O art. 7 da CF/88 trata especificamente dos direitos básicos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social, esse artigo traz dos incisos I a XXXIV, assegurando entre outras coisas:
Salário mínimo, férias remuneradas, descanso remunerado, 13º salário, aviso prévio, aposentadoria entre outros direitos.
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O TRABALHO COMO DIREITO SOCIAL   
A insatisfação de diversas classes ou ramos da sociedade por não ter os seus direitos atendidos ou pela reivindicação de direitos que julgam ser necessários ao grupo (direito de greve).
A classe trabalhadora tem direitos constitucionalmente garantidos, presentes expressamente no rol dos direitos sociais. 
 Inicialmente o estado não intervinha em trabalhista, prevalecendo o contrato feito entre trabalhador e patrão.   
relação
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Em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos do Homem proclamada pelas Nações Unidas, o direito ao lazer passa a ser reconhecido (art. XXIV). 
Depois da Revolução Industrial, o ritmo de trabalho do homem já não passou a ser ditado pela natureza, e sim pela necessidade de produção. 
Com a conquista dos direitos trabalhistas, reduziu-se de forma consideravelmente a jornada de trabalho.
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Em alguns países o trabalho é constituído por trabalhadores horistas, em contraponto ao sistema adotado aqui que é por jornada de trabalho.
Como conseqüência da necessidade de manutenção das famílias, pessoas buscam formas alternativas de complementar a renda domiciliar, não utilizando o tempo livre para descanso ou lazer.
 A partir dessa idéia percebe-se que nem todo tempo em que não se está trabalhando é um período de lazer. 
			 
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Assim como os demais direitos sociais expressos no artigo 6° da Constituição Federal, o direito ao lazer é de considerável importância social para as pessoas, pois segundo o juiz do trabalho Antônio Cavalcante da Costa Neto citando Amauri Mascaro Nascimento, o lazer atende as seguintes necessidades humanas:
			 
		“a) Necessidade de libertação, opondo-se à angústia e ao peso que 		acompanham as atividades não escolhidas livremente;
		b) necessidade de compensação, pois a vida atual é cheia de tensões, 
 ruídos, agitação, impondo-se a necessidade do silêncio, da 	calma, 	do 	isolamento como meios destinados a contraposição das nefastas 	conseqüências da vida diária do trabalho; 
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 c) necessidade de afirmação, pois a maioria dos homens vive em estado endêmico de inferioridade numa verdadeira humilhação acarretada pelo trabalho de oficinas, impondo-se um momento de afirmação de si mesmos, de auto-organização da atividade, possível quando dispõe de tempo livre para utilizar segundo os seus desejos; 
 d) necessidade de recreação como meio de restauração biopsíquica.
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A ESCRAVIDÃO NO BRASIL
No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI. 
Os portugueses traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste.
Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se fossem mercadorias aqui no Brasil.
Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos.
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O transporte era feito da África para o Brasil nos porões do navios negreiros. 
Amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar.
O movimento abolicionista envolveu várias camadas sociais e ganhou força com o apoio de jovens pertencentes da nobreza.
As conquistas foram aos poucos:
Lei do Ventre Livre (1871);
Lei dos Sexagenários (1885); 
A Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel Cristina no dia 13 de maio de 1888.
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O TRABALHO ESCRAVO HOJE
Estudos já identificaram 122 produtos fabricados com o uso de trabalho forçado ou infantil em 58 países diferentes. 
A OIT calculou em US$ 31,7 bilhões os lucros gerados pelo produto do trabalho escravo a cada ano, sendo que metade disso fica em países ricos, industrializados. 
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Em 2003, foi lançado o Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, e para o seu acompanhamento foi criada a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE), com a participação de instituições da sociedade civil pioneiras nas ações de combate ao trabalho escravo no país. 
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Em dezembro de 2003, o Congresso aprovou uma alteração no Código Penal para melhor caracterizar o crime de “reduzir alguém a condição análoga à de escravo”, que passou a ser definido como aquele em que há submissão a trabalhos forçados, jornada exaustiva ou condições degradantes, e restrição de locomoção em razão de dívida contraída, a chamada servidão por dívida.
 Esse crime será punido com prisão de dois a oito anos, podendo chegar a 12 anos se o crime for cometido contra criança ou por preconceito. 
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O QUE É O TRABALHO ESCRAVO HOJE?
Mais de um século depois, porém, o Brasil e o mundo não podem dizer que estão livres do trabalho escravo atualmente. 
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que existam pelo menos 12,3 milhões de pessoas submetidas a trabalho forçado em todo o mundo, e no mínimo 1,3 milhão na América Latina. 
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A iniciativa acompanhou a legislação internacional, que considera o trabalho escravo um crime que pode ser equiparado ao genocídio e julgado pelo Tribunal Penal Internacional.
Junho de 2010: trabalhadores escravizados em fazenda de cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul recebem suas refeições. Foto: Joao Roberto Ripper / Imagens Humanas
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SITUAÇÃO ANÁLOGA A ESCRAVIDÃO NO BRASIL
O aumento da fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) produziu provas oficiais das situações já relatadas por entidades trabalhadoras.
 O Ministério do Trabalho e Emprego passou a publicar um cadastro, a chamada “Lista Suja”, com o nome das empresas e pessoas flagradas explorando mão de obra escrava, e a traçar o perfil dos aliciadores e exploradores.
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A fiscalização resgata, em geral, trabalhadores analfabetos em situação social vulnerável, de miséria. Eles são aliciados em locais pobres e levados a fazendas distantes, a maioria isolada geograficamente na vastidão da fronteira agrícola brasileira.
Os relatos mostram claramente que o principal instrumento de dominação são as dívidas atribuídas aos empregados pelo patrão.
O trabalhador é cobrado das despesas com o transporte ao local de trabalho, a alimentação e até a hospedagem durante a viagem, sempre em valores superiores aos cobrados no mercado.
 
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MORTES E TRABALHO ANÁLOGO AO ESCRAVO
11 mortes e 3 vítimas de acidente de trabalho nas obras, além de casos de trabalhadores encontrados nas obras das Olimpíadas 2016 em condições análogas à escravidão nas operações do Grupo Especial de Fiscalização Móvel e Combate ao Trabalho Escravo do Ministério do Trabalho e Emprego.
“Este é o resultado da falta de respeito pela vida dos trabalhadores.
 
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Com este evento reforçamos a pressão para que o Comitê Olímpico Internacional (COI) assuma compromissos e crie instrumentos que proporcionem condições de segurança e saúde aos trabalhadores nos eventos esportivos da entidade ao redor do mundo”, explica o representante regional da ICM para América Latina e Caribe, Nilton Freitas.
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