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PENSAMENTO POSITIVISTA

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Positivismo
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
As três principais proposições teórico-metodológicas são o positivismo, o historicismo e o marxismo. Elas são correntes hermeticamente fechadas, mas concepções fundamentais para enfrentar o problema da relação entre os valores e a ciência, as ideologias e a ciência, as utopias sociais e a ciência, o conhecimento e a luta de classes. Focando no positivismo, pode-se citar três ideias principais que formulam o seu tipo ideal: 
A sua hipótese fundamental é de que a sociedade humana é regulada por leis naturais, independentes da vontade da ação humana. Essa primeira hipótese dá início à segunda, que é o naturalismo positivista, afirmando que a sociedade é regida por leis de tipo natural e, portanto, a ciência que estuda essas leis é do mesmo tipo que a ciência que estuda as leis da astronomia, da biologia, etc. Por fim, a terceira conclusão é que as ciências sociais devem funcionar exatamente como as ciências da natureza sendo objetivas, neutras, livres de juízo de valor, de ideologias políticas, sociais e outras. 
O positivismo iniciou-se no período do Iluminismo, século XVIII, com um caráter utópico, uma visão social do mundo crítica e, até certo ponto, revolucionária. Pode-se considerar que o primeiro autor que se pode relacionar como pai do positivismo seja Condorcet, o primeiro que avança na ideia de uma ciência natural da sociedade, objetiva e livre de preconceitos. 
Condorcet “foi o primeiro autor a formular de maneira mais precisa a ideia de que a sociedade nas suas várias formas deve tomar o caráter de uma matemática social, ser objeto de estudo matemático, numérico, preciso e rigoroso. É graças à essa matemática que poderá existir uma ciência dos fatos sociais verdadeiramente objetiva.” Ou seja, Condorcet deu o marco inicial para se criar uma ciência da sociedade objetiva e, principalmente, livre de juízo de valor. 
Condorcet “considerava que havia existido uma teoria da sociedade submetida aos preconceitos e aos interesses das classes poderosas” (citação de Condorcet). Tendo em vista a realidade em que vivia, Condorcet era contra o controle do conhecimento social pelas classes dominantes da época, tais como, a Igreja, o poder feudal e o Estado monárquico. 
Condorcet inspirou Saint-Simon, discípulo e continuador das ideias de Condorcet. Foi o primeiro socialista utópico a usar a palavra positivo ligada a ciência, denominando a sua teoria como ciência positiva. Saint-Simon “pretendeu formular uma ciência da sociedade segundo o modelo biológico.” Simon formulou a Nova Ciência da Sociedade, até então tida como Filosofia Social, com uma dimensão crítico-utópico. Considerava ainda que classes sociais, como a aristocracia e o clero, eram parasitas do organismo social, isso quer dizer que tais classes se aproveitavam do esforço e trabalho das outras classes para se manterem sem algum esforço e/ou trabalho significativo, através dos impostos cobrados das classes trabalhadoras. 
Augusto Comte, discípulo de Saint-Simon,filósofo, doutrinário e especulador, continuou seu trabalho com algumas diferenças. Para Comte, Condorcet e Simon eram demasiadamente críticos e negativos. A essa altura do positivismo, as lutas contra os preconceitos mudam de função: de uma luta crítica, utópica, passa a ser uma luta conservadora. Comte trás um novo método positivo, consagrado na teoria e na prática em favor da defesa do real. Classifica o estudo da sociedade como Física Social, uma ciência social. Acredita que a sociologia serve para explicar ao proletariado as invariáveis, ou seja, mostrar para os homens trabalhadores a vantagem da submissão, e que a irresponsabilidade é uma dignidade. Assim como as mulheres naquela época entendiam tais vantagens, era de crucial importância que os homens aceitassem a situação da época para que a ordem social fosse mantida. 
Karl Marx, em sua obra O capital, diz em uma nota de rodapé: “Augusto Comte e sua escola procuram demonstrar a necessidade eterna dos senhores do capital. Eles poderiam, com os mesmos argumentos, demonstrar a necessidade eterna dos senhores feudais.” Ou seja, “o positivismo que se apresenta como ciência livre de juízo de valor, neutra, rigorosamente científica, que no dizer de Augusto Comte ‘não admira nem amaldiçoa os fatos políticos’, acaba tendo uma função política e ideológica”. Isso quer dizer que, segundo Comte, os males políticos são associados à lei natural, e cabe ao positivismo resignar esses males, analisá-los e identificá-los. 
Devido à nova situação vivida pela França, nos anos 1830, onde a burguesia era classe dominante, segundo Comte, o positivismo adquire um objetivo conservador: manter a ordem pública, mesmo que tenha que haver uma resignação compartilhada por todos, caracterizando um positivismo crítico em um positivismo conservador e legitimador da ordem estabelecida. 
ÉmileDurkhein transformou o positivismo na perspectiva da sociologia, uma ciência social universitária, acadêmica ou burguesa. Durkhein foi um cientista social, um sociólogo, criou a sociologia positivista, estabeleceu a relação entre concorrência e preço, e era seguidor das leis naturais. Segundo Durkhein, “como os fatos sociais não dependem da vontade humana, por consequência as revoluções, no sentido próprio da palavra, são tão impossíveis quanto os milagres.” Logo, diz que o objetivo da sociologia é estudar os fatos que obedecem às leis sociais, que são invariáveis. Busca um método cientifico igual ao natural, onde prevaleça a objetividade e a neutralidade. Para Durkhein, as doutrinas, as pré-noções, os prejuízos, são o mesmo que ideologia, utopias, visões sociais de mundo; todos são elementos perturbadores, pois não possuem nenhum valor científico. 
Segundo Durkhein, graças ao silêncio da paixão, da simpatia e do preconceito, pode-se iniciar o discurso objetivo da ciência. Para tal, deve esquecer as pré-noções antes de estudar a realidade social, dessa forma o pesquisador terá uma visão mais aberta, mais ampla da realidade. Outra característica do pesquisador deve ser a calma, o sangue frio, que consiste a imparcialidade científica. Os preconceitos, no campo do que é experimentado como evidente na sociologia do conhecimento, gera o não reconhecimento do que é importante para o momento da pesquisa. Durkhein se considerava preconceituoso e conservador. 
Além desses teóricos, temos ainda Max Weber, que não foi um autor positivista no sentido clássico, pois dentre toda a estrutura do positivismo, o autor concorda apenas com a ideia de que a ciência social deve ser livre de juízo de valor. Max Weber foi discípulo de Rickert, acredita que as ciências sociais têm um método diferente das ciências naturais, tanto Rickert como Weber fazia, com essa ideia, uma critica ao positivismo. Acreditavam também, que é impossível um conhecimento total da realidade, pois a mesma é infinita. Rickert usava o método nomotético, que consiste no estudo das leis, e o método idiograficos, que estudas os fatos em suas singularidades, para se chegar à realidade real da sociedade, pois cada fato social é único, é singular. O método idiográfico tem apenas um problema, que consiste na escolha dos elementos. 
Segundo o autor, os valores são de extrema importância para a ciência, pois os mesmos definem quais fatos serão estudados, porque um não outro fato; “os valores que servem para a seleção, distinção dos fatos, são universais, ou seja, aceitos por todos.”(grifo nosso) Rickert os denominam como Valor Universal, e acredita no mesmo. Para ele, as ciências sociais são as ciências do espírito. 
Diferentemente de Rickert, Max Weber não acredita na ideia de valor universal, por outro lado se apóia na proposta teórica de Rickert em relação aos valores, tidos como ponto de partida para a investigação científica. Para Weber, a relação aos valores, em alemão wetbeziehung (estudo dos valores), não é algo negativo, são pressuposições indispensáveis, pois o mesmo origina as perguntas, a problemática que irá basear a pesquisa cientifica. Max Weber faz uma criticaao positivismo, no que se refere à perda de valores. 
Para Weber existe um tipo ideal de ciência, que consiste no imperativo categórico, que consiste na separação rigorosa dos juízos de fato e de valor no processo de análise empírica da realidade. Segundo o autor não se pode deduzir uma análise científica (fatos) a partir dos valores, pois os mesmos apenas inspiram as questões. Por outro lado não se podem deduzir os valores a partir dos fatos. Acredita ainda, que apenas a análise dos fatos não conduz, de maneira lógica, a nenhuma conclusão política ou moral, contrário a Rickert, supõe que o acreditar em um consenso de valores é uma ilusão, pois as sociedades são diferentes umas das outras. Rejeita a ideia de se chegar a uma verdade mais científica através da conciliação eclética entre posições extremas. 
Weber reconhece que não se pode evitar a interferência de juízos de valor na pesquisa, nisso consiste a debilidade humana, que aparece quando o homem permite essa interferência, logo a principal questão da teoria de Max Weber consiste em o homem controlar-se cientificamente. Para ele o tipo ideal é um instrumento para estudar a realidade. 
Independente de ter ou não a interferência de valores na pesquisa, “deve existir um esforço do cientista social, uma intenção de se chegar ao conhecimento verdadeiro/.../ isto quer dizer que não se pode chegar à verdade se não há a intenção de se chegar a ela”. 
POSITIVISMO NO BRASIL 
Por incrível que pareça, não foi na Europa que o positivismo encontrou o seu solo mais fértil, mas sim em um país sul-americano cheio de problemas políticos e sociais: o Brasil. 
O positivismo chegou aqui durante o Segundo Império, por volta de 1850. Nessa época, a aristocracia brasileira ia estudar na Europa, principalmente na França, país em que nasceu o principal positivista Auguste Comte. A situação sócio-política brasileira nessa época era complicada. 
Pois bem, a monarquia estava causando um sentimento geral de insatisfação entre políticos e intelectuais. Dom Pedro II ao impor a constituição de 1824 criou o poder moderador, um quarto poder que concedia direitos absolutos sobre os outros três poderes: executivo, judiciário e legislativo. Outra coisa que incomodava muito era a forma de parlamentarismo exercida aqui no Brasil, um parlamentarismo às avessas onde o imperador decidia quem seriam os membros, sem a, participação popular. Os partidos conservador e liberal, também conhecidos como farinha do mesmo saco, ficavam alternando de acordo com a vontade de Pedrinho II no parlamento. Eles representavam a aristocracia rural brasileira. 
O exército era um meio de ascensão social e a classe de comando, tinha conhecimento das matemáticas e das letras. De certo modo, o positivismo afirmava a importância dos militares na nova era. Para eles, somente a ditadura militar seria capaz de garantir a ordem e o progresso. 
Quanto ao clero, aconteceram Bula Syllabus desentendimentos entre o Papa e Dom Pedro II quando ele decretou a, que ordenava o distanciamento da Igreja em relação aos maçons. A Igreja ficou dividida e perdeu muito da sua força, embora ainda fosse à religião oficial do Segundo Império. 
A questão abolicionista deixava o cenário ainda mais crítico, porque o grupo que mais sentiu a abolição foi exatamente o dos latifundiários escravistas do Vale do Paraíba (aqueles que ainda dependiam da mão-de-obra escrava). Ficaram furiosos quando houve a libertação geral e assim passaram a ser republicanos. Com isso a monarquia perdia seu último grande apoio, o último fio de cabelo que a segurava. Bastava um peteleco para que caísse. 
Nessa época não havia ainda uma filosofia predominante na vida política, apenas na vida intelectual, que era a filosofia positivista de Comte, os militares sendo os principais responsáveis por essa filosofia. Dessa forma, a filosofia positiva vem a delinear o caráter da república, que agora vislumbra um caminho novo. 
Contudo, o marco inicial do positivismo de caráter especulativo veio com a obra “As três filosofias” de Luís Pereira Barreto, publicado em 1874. Em 1876 é fundada a Sociedade Positivista Brasileira, que mais tarde viria a se transformar na Igreja Positivista Brasileira. Interessante que o positivismo para entrar no Brasil teve que se ajustar, afinal tem caráter político, militar e religioso, sendo este último de caráter ortodoxo com os apóstolos Miguel Lemos e Teixeira Mendes. 
No republicanismo brasileiro, que se formou no seio do regime monárquico, havia duas correntes filosóficas: 
· A corrente liberal-democrata da obra empirista do inglês John Locke 
· A corrente autoritária que se inspirou no positivista Auguste Comte. 
É importante destacarmos o papel de Benjamin Constant, seu caráter doutrinário em relação aos ensinamentos de Auguste Comte, foram cruciais para a instauração de um regime de ordem e progresso. Dessa forma, as transformações políticas que essa filosofia instaurava mudaram a perspectiva de vida de muitos brasileiros, alimentando-os a esperança de um progresso (através da ordem) e de um modelo de sociedade sociocrática positiva, que parte do pressuposto que a sociedade caminha para uma estruturação racional cientificista. 
Como consequência do modo republicano de governar baseado no positivismo, podemos destacar: 
· A nossa bandeira com o lema ''Ordem e Progresso''; 
A conformação atual da bandeira do Brasil é um reflexo dessa influência na política nacional. Na bandeira lê-se a máxima política positivista Ordem e Progresso, surgida a partir da divisa comteana O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por meta, representando as aspirações a uma sociedade justa, fraterna e progressista. 
· A separação da Igreja do Estado; 
· O casamento civil; 
· Decreto dos feriados. 
Houve no Brasil dois tipos de positivismo: 
· Positivismo ortodoxo, mais conhecido, ligado à Religião da Humanidade e apoiado pelo discípulo de Comte, Pierre Laffitte, 
· Positivismo heterodoxo, que se aproximava mais dos estudos primeiros de Augusto Comte que criaram a disciplina da Sociologia e apoiado pelo discípulo de Comte, Émile Littré.

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