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Apostila Direito Penal II

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Direito Processual Penal Email: renatoefmaia@yahoo.com.br 
 
Prof.: Renato Maia Facebook: Renato Maia Espíndola 
 
1 
 
 
CRIMES CONTRA A VIDA 
Art. 121 – Homicídio 
 
Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, 
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, 
ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso 
ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte 
ou torne impossível a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Homicídio culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Aumento de pena 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de 
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de 
prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou 
foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 
1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 
60 (sessenta) anos. 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as 
conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção 
penal se torne desnecessária. 
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por 
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de 
extermínio. 
 
Art. 121 – Homicídio: 
Questão de concurso: 
Tizil, elemento matador, com Animus necandi, atirou e alvejou Tizila sua namorada infiel 
exatamente na cabeça. A vítima foi socorrida e chegou no hospital onde foi atestada sua morte 
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encefálica, embora seu coração e pulmões continuem funcionando sem a ajuda de aparelhos. 
Nesse caso, Tizil deverá ser condenado pelo crime de homicídio tentado ou consumado? 
Quando a lei tipifica ser crime a conduta daquele que matou alguém, esquece de pontuar um 
detalhe específico e que traz toda a diferença no caso concreto. Qual o momento da morte? Ou 
seja, quando o crime de homicídio resta-se consumado? Apesar de ser uma pergunta que 
aparentemente parece ser simplória, deve-se ter atenção para não escorregar nos detalhes. 
Alguém mais desavisado poderia responder que o crime consuma-se com a morte da vítima, 
porém, essa resposta é tecnicamente imprecisa e pode derrubar o candidato em uma prova de 
concurso ou mesmo segunda fase de OAB. Aqui, faremos um link com a Medicina Legal. Ao 
estudar medicina legal, percebemos que existem pelo menos três grandes modalidades distintas 
de morte. Segundo Veloso França1 existe a morte cardíaca desde que o coração do indivíduo 
parar definitivamente de pulsar. A segunda modalidade de morte seria a respiratória, que ocorre 
no momento em que definitivamente encerra-se a troca de sangue venoso pelo arterial nas 
alvéolos pulmonares, ramificações nos pulmões onde existe a troca do gás carbônico pelo 
oxigênio. Por fim, a terceira modalidade seria a morte encefálica ou cerebral que, apesar de 
existir uma diferença técnica entre ambas, deve ser entendida, a nível de direito penal como 
sendo a mesma coisa, que ocorre quando cessarem definitivamente as sinapses neuronais, que 
nada mais são do que a transmissão de impulsos nervosos entre os neurônios. Outra 
particularidade técnica que deve ser observada é a que a morte cardíaca obrigatoriamente levará 
as mortes respiratórias e encefálica, ou seja, parando o coração de funcionar, os demais órgãos 
entram em falência geral. A mesma coisa poderá ser dita em relação à morte pulmonar, mas não 
em relação à morte encefálica. Resumindo, mesmo que o indivíduo sofra morte encefálica, seu 
organismo continua tecnicamente vivo, apesar de não existir qualquer possibilidade de uma vida 
normal. 
Por isso deve-se ser observada a questão técnica do que vem a ser a morte em si. Caso lhes sejam 
perguntado em uma prova de concurso quando restará consumado o crime de homicídio, a 
resposta correta não será simplesmente o momento da morte, visto que existem diferentes tipos, 
 
1 Genival Veloso França. Medicina legal. São Paulo, 2014. Saraiva. Indico aos meus alunos a leitura dessa obra 
para aqueles que buscam concursos públicos na área de segurança pública, principalmente. 
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mas sim, quando estiver atestada pelo médico a morte encefálica ou cerebral, estando o indivíduo 
no chamado estado neuro vegetativo. 
Voltando agora a questão do início da aula, podemos responder sem medo de errar: 
 
Tizil, elemento matador, com Animus necandi, atirou e alvejou Tizila sua 
namorada infiel exatamente na cabeça. A vítima foi socorrida e chegou no 
hospital onde foi atestada sua morte encefálica, embora seu coração e pulmões 
continuem funcionando sem a ajuda de aparelhos. Nesse caso, Tizil deverá ser 
condenado pelo crime de homicídio tentado ou consumado? 
 
Deverá ser considerado o homicídio consumado, de acordo com o entendimento que vem sendo 
adotado desde a publicação da lei 9.434/97 que dispõem sobre a remoção de órgãos e tecidos do 
corpo humano para fins de transplante e tratamentos. Em seu art. 3º, a lei dispõem que será 
possível a retirada de órgãos a partir da morte encefálica, o que traz como consequencia lógica, 
que a legislação brasileira considera a morte encefálica como aquela que encerra a vida do 
indivíduo. 
Homicídio privilegiado (Art. 121, §1º - CP) 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, 
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, 
ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço 
Natureza jurídica: Causa especial de redução de pena que deverá ser manifestada na terceira 
fase da dosimetria da pena que será calculada na proporção de 1/6 a 1/3 da pena aplicada pelo 
juiz. Muito cuidado para não confundir o homicídio privilegiado com as atenuantes, coisa que 
geralmente acontece muito facilmente. Da mesma forma, não se pode confundir o que vem a ser 
uma agravante ao crime com sua forma qualificada. Sigam a tabela abaixo que deverá facilitar a 
vida de quem estuda o direito penal. 
 
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Privilegiadoras 
São tipos penais derivados, os quais têm 
pena reduzida em comparação ao tipo penal básico. 
A mitigação da pena se dá devido às circunstâncias 
que diminuem a reprovabilidade da conduta do 
agente. Estão previstos na parte especial do Código 
Penal. Ex.: §1, art. 121, CP (homicídio 
privilegiado). 
 
*Obs: é uma causa de diminuição de pena. 
Atenuantes 
São as circunstâncias genéricas previstas nos 
artigos 65 e 66 no Estatuto Repressivo. Não tem 
um quantum definido, ficando a definiçãodeste ao 
talante do magistrado. Ex.: O delinqüente que 
confessar o crime. 
Qualificadoras 
Altera o patamar da pena base. No crime de 
homicídio, por exemplo, a pena base é de 6 a 20 
anos. Quando o homicídio (art. 121, CP) é 
qualificado (por motivo fútil, à traição, com uso de 
veneno, fogo, asfixia etc.) a pena base muda e pula 
para 12 a 30 anos. Isto é uma qualificadora (e 
normalmente, se não todas as vezes, está explícito 
no Código que aquelas disposições são 
qualificadoras). 
Causa de aumento de pena 
É utilizada, após já fixada a pena base, para 
incrementar a punição. Os limites da pena base já 
foram estabelecidos, o que se faz é utilizá-los para, 
com um cálculo simples, majorar a pena. Esse é o 
caso, por exemplo, do roubo (art. 157, CP) 
praticado com arma de fogo (art. 157, inciso I). 
Não se pode chamar esse roubo de roubo 
qualificado, uma vez que o uso de arma de fogo é 
uma causa de aumento. 
 
Discricionariedade do privilégio: Outra importante discussão que deve ser considerada é o fato 
de o texto legal trazer a expressão segundo a qual o juiz “pode reduzir a pena”. A interpretação 
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que se tira é da discricionariedade por parte do magistrado de, em considerando o homicídio 
como privilegiado, reduzir ou não a pena que deverá ser aplicada. 
Muita atenção para não vacilar em um detalhe tão simples. A jurisprudência tem entendimento 
pacificado no sentido de que, caso considere em sua sentença que houve o homicídio 
privilegiado, estará obrigado a reduzir a pena. Portanto, caso seja considerado pelo conselho de 
sentença (visto que se trata de crime de competência do Tribunal do Júri) que houve 
privilegiamento, passa a ser direito objetivo do indivíduo ver sua pena reduzida dentro das 
proporções legais, ao sendo mais considerado uma discricionariedade do juiz essa decisão. 
 
Conselho de sentença reconhece o privilégio 
 
 Hipótese obrigatória de redução de pena 
 
Requisitos: 
Primeiro importante ponto que deve ser salientado é o fato é preciso apenas que um desses 
requisitos esteja presentes para que seja reconhecido o homicídio como privilegiado, não sendo 
necessário a presença de qualquer outro. 
1) Relevante valor moral: Por uma razão didática, vamos inverter aqui a ordem dos 
relevantes valores estudados. Nelson Hungria ensina que cada indivíduo acaba 
escolhendo um conjunto de valores íntimos que servirão como norte para a construção de 
seu caráter e, consequentemente, de suas relações pessoais. Aqui e apenas a título de 
curiosidade, podemos trazer uma ótima discussão apontada por Kelsen sobre a diferença 
entre Moral e Direito, onde afirma que ambos servirão como meio de nortear o indivíduo 
acerca do caminho a ser seguido, ou seja, apontam ao cidadão a forma de agir na 
sociedade, restando como única diferença a coercibidade de cada um. Para Kelsen, o 
direito poderá ser imposto ao indivíduo, quer ele queira ou não, mas já a moral, apensar 
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de lhe apontar o caminho a ser trilhado, jamais poderá ser a ele imposto que venha a agir 
naquele sentido. 
Voltando a Nelson Hungria, as condutas daqueles que vivem em sociedade podem atingir 
esse conjunto de valores morais de seus pares tão gravemente que acabam motivando 
pessoas que normalmente atuam respeitando aspectos legais a cometer atos a margem da 
lei, como um homicídio, por exemplo. O exemplo mais clássico da doutrina é o exemplo 
do pai que chegando em casa encontra a filha de 16 anos que acaba de ser estuprada pelo 
vizinho. Notem, a defesa da prole é, sem dúvida, um dos valores morais mais importantes 
para uma pessoa. Nesse caso o pai vai até a casa do vizinho e o mata a sangue frio. A 
jurisprudência traz casos de homicídio privilegiado onde o filho encontrando a mãe 
agredida, acaba matando o pai que bêbado, agrediu a esposa. 
Como decidir se o ato do indivíduo se deu por relevante valor moral? 
Nesse caso, como se trata de crime doloso contra a vida, deverá o conselho de sentença 
decidir acerca de sua incidência ou não. Exemplo do dono de cachorro que levou um 
chute da visita inconveniente e a expulsou de casa. 
2) Relevante valor social: Da mesma forma que os valores morais, também escolhemos 
valores que irão nortear a vida em coletividade, são os chamados valores sociais. Anibal 
Bruno traz um exemplo interessante. Não existe qualquer lei que obrigue o indivíduo a 
respeitar filas, esse é um costume existente na sociedade para um bom convívio social. 
Alguém que fura uma fila não comete crime, mas desrespeita valores sociais que poderão 
ser relevantes ou não, dependendo de cada um. Exemplo de relevante valor social é 
quando alguém mata um traidor da pátria ou quando a morte é em decorrência de 
linchamento de um “pixador” ou algo do tipo. Aqui devemos ter muito cuidado com as 
conseqüências dos atos. Basta lembrarmos de casos como da professora em São Paulo 
que foi linchada até a morte e depois descobriu-se que não era ela quem abusava das 
crianças, haviam confundido as pessoas. 
 
Valores pessoais  valor moral 
Valores sociais e coletivos  valor social 
 
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3) Violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima: Nessa hipótese, 
deve-se respeitar cumulativamente ambos os requisitos. Assim, a violenta emoção é 
derivada de uma injusta provocação e a ação do indivíduo deve ser imediatamente 
posterior a essa provocação injusta, não podendo haver lapso temporal longo entre 
provocação e ação que culminou no homicídio, tentado ou consumado. 
Imaginemos que Tizil, elemento provocador, provoca seu vizinho Técio chamando-o de 
feio e afirmando que o padre não quis benzê-lo por que não poderia benzer o demônio, 
dizendo que Técio ta vestindo máscara de laranja por que ta só o bagaço e, o que é pior, 
falou que se ele fosse gêmeo, seria o mais feio. Depois de tantas provocações, Técio 
“pega ar” e mata Tizil. Nesse caso estamos diante de um homicídio privilegiado. 
Expressão “logo em seguida”: Atenção que a ação do agente não precisa ser 
instantânea, podendo haver um lapso temporal decorrido desde que sua reação às 
agressões seja feita dentro de um mesmo contexto. No exemplo citado, Técio poderá sair 
do local onde foram proferidas as agressões verbais, buscar uma chave de rodas no carro, 
voltar e matar Tizil. Agora, caso Técio vá para casa e passe a noite remoendo a raiva e 
resolve matar Tizil apenas no outro dia, sem que este tenha sequer visto ou proferido 
qualquer palavra a Técio, não teremos homicídio privilegiado, sendo, na verdade, 
hipótese de homicídio que poderá ser, inclusive, qualificado, visto que houve a 
decorrência de um lapso temporal que descontextualiza as agressões injustas da reação do 
agente. 
Homicídio qualificado (Art. 121, §2º - CP): 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso 
ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte 
ou torne impossível a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
 
 
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Hipóteses de qualificadoras: 
Subjetivas ou Motivacionais 
(Incisos I, II e V do Art. 121, §2º) 
Objetivas ou quanto ao meio de execução 
(Incisos III e IV) 
Paga, promessa de recompensa ou outro 
motivo torpe; 
Com emprego de veneno, fogo, explosivo, 
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou 
cruel, ou de que possa resultar perigo comum 
Motivo fútil Traição, de emboscada, ou mediante 
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou 
torne impossível a defesa do ofendido 
Para assegurar a execução, ocultação, 
impunidade ou vantagem de outro crime 
 
 
Destrinchando o §2º do Art. 121 do CP: 
Inciso I - Paga ou promessa de recompensa: Chamado pela doutrina como homicídio 
mercenário, que acontece quando o agente é contratado para executar alguém mediante a paga ou 
promessa de recompensa que não precisa ser, necessariamente, dinheiro. Atenção para a 
jurisprudência do STF e STJ que aponta para o fato de que essa qualificadora deverá se estender, 
tanto para o matador, quanto para aquele que o contratou. 
Ou seja, ambos responderão pelo homicídio 
qualificado. Há quem defenda a hipótese de que 
somente será qualificado o crime de quem 
executou o crime, devendo o contratante 
responder pelo homicídio simples. Muita atenção 
para não acabar errando uma questão tão simples 
e que já não traz qualquer conflito jurisprudencial, muito embora ainda exista na doutrina poucos 
autores defendendo essa hipótese. 
Outro importante detalhe é que a qualificadora deverá incidir desde que haja qualquer tipo de 
promessa de recompensa, não necessariamente devem estar envolvidos valores pecuniários em 
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dinheiro. Jurisprudência traz, inclusive, exemplos de promessas de valores sexuais como forma 
de qualificar o crime e, importante salientar que nesse caso, a qualificadora aplicou-se tanto para 
o executor, quanto para aquele que prometeu tais favores sexuais, sejam eles quais foram. 
Motivo torpe: Entende-se como sendo aquele motivo nefasto, que demonstra maldade inerente 
ao agente delituoso. O que levou o meliante a praticar o crime é um sentimento ou estado de 
espírito que uma pessoa normal não tem. È o chamado espírito de porco. O mais claro exemplo 
de torpeza seria o cidadão que mata os pais para receber a herança. Têm-se, ainda, os exemplos 
de skinheads que matam homossexuais pelos simples fato de terem opção sexual diferente da 
sua. 
 Ciúme e sentimento de vingança podem caracterizar a torpeza? 
Apesar de haver acalorada discussão doutrinária, devemos nos apegar ao 
posicionamento jurisprudencial do STF e STJ que entendem que ciúme ou 
vingança não irá qualificar o homicídio pela torpeza. Isso é posicionamento de 
tribunais que você não vai encontrar em livros de doutrina, principalmente os mais 
clássicos. Fiquem atentos a esse posicionamento, pois poderá fazer toda diferença 
na sua prova. Portanto, marido que mata esposa motivado pelo ciúme, responderá 
pelo homicídio simples, no caput do art. 121. 
 
Inciso II - Motivo Fútil: Aquele desprezível, pequeno e que demonstra a grande desproporção 
entre a ação e seu fato gerador. É o motivo que o chamado “homem médio” não usaria para 
realizar a ação de matar alguém, mas que o agente, por se tratar de pessoa incapaz de viver em 
sociedade, utiliza-se para cometer o crime. Seria o exemplo de alguém que mata seu conhecido 
por que negou um cigarro ou devolveu um troco errado. Enfim, é o motivo mínimo e que não 
poderia ser móvel de qualquer crime, quanto mais um homicídio. 
Muito cuidado com essa questão de concurso: Motivo fútil não é a mesma coisa da ausência de 
motivo. Entendimento dos tribunais é de que existe a possibilidade de um indivíduo matar 
alguém sem qualquer motivo, é o chamado homicídio gratuito. É o exemplo de alguém que 
mata uma pessoa sem saber o por que, simplesmente mata. Particularmente, entendo que sempre 
existirá um motivo para alguém cometer um crime de homicídio, mesmo que ele não saiba ao 
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certo qual é. Esse entendimento de nada vale, devemos seguir a maneira de pensar e julgar dos 
tribunais superiores. Mas qual seria a diferença entre o motivo fútil e a ausência de motivo? No 
motivo fútil, esse motivo é ínfimo e ridículo, mas pode ser determinado. Já no homicídio 
gratuito, não se pode determinar os motivos que levaram o agente a matar. Essa discussão pode 
até parecer infundada, mas terá importantes desdobramentos práticos. No caso do homicídio 
gratuito, o agente responderá pelo homicídio simples e não na forma qualificada, como no 
homicídio simples. 
O raciocínio errado que se faz é o seguinte: “ora, se 
matar alguém por motivo pequeno ou ínfimo a lei 
considera tão reprovável ao ponto de qualificar o 
crime, imagina matar alguém sem qualquer motivo.” 
Por mais obtuso que possa soar, quando não há 
motivo, não há qualificadora. O que a lei imputa 
como elemento de qualificação é a futilidade e não a 
gratuidade. Não podemos fazer interpretação e malam partem, ou seja, em prejuízo do réu, 
devendo levar em consideração a letra fria da lei que, nesse caso, traz prejuízos gritantes à 
sociedade. 
Em recente julgado o STJ entendeu que o motivo fútil deverá ser considerado no caso concreto e 
a partir de algumas situações fáticas. Assim, se o fato surgiu a partir de uma bobagem, mas 
depois acabou ocorrendo uma briga e nessa situação de embate ocorreu a morte, o motivo fútil 
poderá vir a ser descaracterizado. De qualquer forma, fiquem atentos: “[...] a discussão anterior 
entre vítima e autor do homicídio, por si só, não afasta a qualificadora do motivo fútil. Assim, é 
preciso verificar a situação no caso concreto” (STJ – 5ª turma. Agravo no Resp 1.113.364/PE. 
06/08/2013. Informativo 524). 
Inciso III – Emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou qualquer meio insidioso 
ou cruel, ou que possa resultar perigo comum: Aqui é bem direto, não há muito o que se 
discutir, visto que a redação legal já é auto explicativa. Cuidado apenas para o que deve ser 
entendido por veneno para fins de qualificar o crime de homicídio. Assim, qualquer substância 
que ao ter contato com o organismo humano seja capaz de matá-lo, não sendo necessariamente 
um componente reconhecido na química como tal. Existem casos de condenação pelo homicídio 
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qualificado pelo emprego de veneno onde o agente, sabendo que a vítima era alérgica a 
determinada substância, de maneira sorrateira, ministra em seu organismo. Ex: AAS, frutos do 
mar, açúcar (para diabéticos) e etc. 
A qualificadora dos meios cruéis poderá ser observada nas hipóteses em que há uma reiteração 
de golpes na vítima, De acordo com o STJ, “O fato de ter o agente praticado o crime com 
reiteração de golpes na vítima, ao menos em princípio e para fins de pronúncia, é circunstância 
indiciária do “meio cruel”, previsto no art. 121, §2º, III do CP” (STJ, 6ª Turma – Resp 
1.241.987/PR. 06/02/2014 – Informativo 537). No entanto, fiquemos atentos ao fato de que o 
juiz natural competente para decidir acerca da existência ou não das qualificadoras são os jurados 
durante o julgamento em plenário e não o juiz togado quando do momento da decisão de 
pronúncia. Entende o STJ que somente poderá o próprio juiz afastar a incidência daqualificadora 
nos casos em que há uma completa dissociação do pedido do MP com os meios de prova 
constante nos autos. Ou seja, somente nos casos em que for manifestamente improcedente o 
pedido da acusação pela condenação por qualquer das qualificadoras, poderá o juiz de pronto 
pronunciar pelo homicídio simples. 
Inciso IV – Traição, de emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte 
ou torne impossível a defesa do ofendido: Já nesse inciso, existem alguns aspectos que devem 
ser observados, visto que temos três hipóteses diversas de qualificadoras para o crime de 
homicídio. 
a) Traição: Cuidado, pois, o tiro nas ou pelas costas que, geralmente é um exemplo dado 
pelos mais desavisados como forma de traição, não deverá – por si só – caracterizar essa 
qualificadora. Podemos até falar nessa possibilidade, desde que o 
tiro dado nas costas da vítima seja fruto de uma situação em que o 
agente tenha se valido de uma prévia relação para com a vítima 
para colocar-se em uma posição de vantagem para efetuar o 
disparo. Ou seja, a partir de uma relação de amizade ou amorosa, 
o agente delituoso se vale da confiança nele depositado pela vítima, para matá-lo de 
maneira que não lhe seja permitido defender-se. Ex: Tizil, elemento traidor, aproveita-se 
da confiança depositada por Tizila, sua namorada infiel, e a convida para namorar em 
uma praia deserta e, chegando lá, acaba por matá-la onde ninguém possa ver. Nesse caso, 
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a vítima jamais teria ido à praia deserta durante a noite se não fosse pela confiança 
depositada em seu companheiro, o que caracteriza a qualificadora. 
Atenção: O local do tiro não importa, podendo ser nas costas, na testa ou em qualquer 
outro local do corpo. Por isso, cuidado: tiro nas costas – por si só – não caracterizará a 
qualificadora da traição. 
b) Emboscada: Ocorre quando o agente delituoso se oculta, esconde ou tocaia para efetuar 
as lesões na vítima sem que esta possa esperar qualquer forma de agressão. 
c) Dissimulação ou qualquer outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa 
do ofendido: Deve-se entender a dissimulação como sendo a atitude do agente que 
esconde seu real objetivo, criando uma estratégia ou cortina de fumaça que facilite seu 
objetivo de matar a vítima que será morta sem conseguir entender previamente a intenção 
do agente delituoso. Ex: Tizil, elemento matador dissimulado, querendo matar Técio que 
sequer o conhece, veste-se de funcionário da Teleceará e para conseguir entrar na casa de 
seu desafeto. Técio, imaginando tratar-se de um funcionário da empresa de telefonia, 
deixa que seu algoz entre em sua casa, momento em que é alvejado por tiros de revólver. 
Inciso V – Para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem em outro delito: 
Trata-se, aqui, da espécie de homicídio que a doutrina convencionou a chamar de homicídio por 
conexão, que é quando o agente comete o homicídio para assegurar execução, ocultação, 
impunidade ou vantagem em outro delito. 
a) Assegurar a execução: É o caso em que o agente mata o vigia de uma loja para depois 
levar os objetos de valores ali existentes. Cuidado para não confundir essa conduta com o 
latrocínio. Devemos analisar o dolo do agente ao cometer os crimes. No latrocínio, o 
agente tem o animus ou vontade de cometer um crime contra o patrimônio da vítima e a 
morte de alguém que ali se encontra é consequência. No homicídio qualificado para 
assegurar a execução, o agente tem a vontade, tanto de matar, quanto de cometer o crime 
contra o patrimônio. 
b) Assegurar a ocultação: A famosa queima de arquivos, onde o agente mata a vítima para 
que ninguém descubra sua prática delituosa anterior. 
c) Assegurar a impunidade: Forma de dificultar as investigações do crime como, por 
exemplo, quando o agente mata a autoridade policial que investiga o crime. 
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d) Assegurar a vantagem em outro delito: Ocorre quando o agente, no momento da 
divisão dos lucros do produto do roubo, mata seu comparsa para ficar com todo o 
dinheiro. 
Observações: 
1) Nem todo homicídio é considerado crime hediondo: De acordo com a lei 8.072/90 (Lei 
dos crimes hediondos), somente duas modalidades de homicídio são considerados 
hediondos, são eles: Qualificado e o praticado em ação típica de grupo de extermínio, 
ainda que executado por uma só pessoa. 
2) Existe homicídio privilegiado e qualificado: Os mais desavisados vão imaginar que 
não, pois, ao analisar o texto legal, não conseguem visualizar a possibilidade exatamente 
por que ela não esta na lei, mas na jurisprudência. Coube aos aplicadores do direito essa 
interpretação e, tanto o STF 2, quanto o STJ entendem possível, desde que o critério de 
privilegiamento diga respeito a motivação do delito, enquanto o de qualificação seja de 
natureza objetiva. Ou seja, os motivos que levou o agente a praticar o crime devem 
guardar relação com a subjetividade do agente que, para matar, utilizou-se de meios 
objetivos na execução. Exemplo clássico é o do pai que mata o estuprador de sua filha 
(Relevante valor moral - privilegiadora) por asfixia, ou com emprego de fogo ou 
explosivo (Qualificadora quanto ao viés de execução). Outro aspecto importantíssimo 
que vai apimentar essa discussão e lhe deixar 
mais do que preparado para encarar qualquer 
concurso público sobre direito penal da 
galáxia, é a seguinte pergunta: Homicídio 
qualificado privilegiado pode ser 
considerado crime hediondo? 
Lembrando que o crime de homicídio 
somente será considerado hediondo quando 
 
2 HC 98.265 – Relator: Ministro: Ayres Brito 
“A jurispridencia do STF é firme no sentido do reconhecimento da conciliação entre homicídio qualificado e ao 
mesmo tempo subjetivamente privilegiado. Noutro dizer, tratando-se de circunstancia qualificadora de caráter 
objetivo (meios e modo de execução do crime), é possível o reconhecimento do privilégio(sempre de natureza 
subjetiva).” 
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qualificado ou praticado em ação típica de grupo de extermínio, ainda que executado por 
uma só pessoa. Pois bem, nesse caso e relembrando essa importante informação, temos 
que o homicídio qualificado e privilegiado não poderá jamais ser considerado como 
sendo crime hediondo, devendo ser somente qualificado para ganhar tal característica. 
Esse é o posicionamento tomado pelas cortes superiores no Brasil, não restando qualquer 
dúvida acerca de suas posições, levando em consideração exatamente a falta da previsão 
legal para essa possibilidade. Existe um julgado do STJ 3 nesse sentido que, apesar de já 
contar com 4 anos de existência, foi a última oportunidade em que qualquer uma das 
cortes se manifestaram acerca do tema. 
3) Homicídio qualificado pelo emprego de tortura Vs. Crime de tortura qualificada 
pela morte da vítima: Sem dúvida um dos temas que mais complicam os candidatos em 
provas de concurso ou OAB por se tratar de elementos bastante parecidos. Primeiro 
importante detalhe que traz desdobramentos práticos e que devemos chamar atenção é 
que no caso do homicídio qualificado, estamos diante de um crime doloso contra a vida 
que será julgado pelo tribunal do júri, enquanto na tortura com resultado morte, o crime 
será julgado na justiça comum em uma vara criminal qualquer. Destacando a Lei 
9.455/97 (lei de tortura),seu art. 1º já traz expressamente o que vem a ser o crime de 
tortura. Da rápida análise do texto legal abaixo transcrito, percebe-se que o crime de 
tortura pressupõe um dolo específico, ou seja, o agente deve ter especial finalidade de 
agir e não sendo a simples vontade do agente de fazer sua vítima sofrer ou sentir dor. Ou 
seja, o fato de alguém passar a noite toda queimando seu desafeto com pontas de cigarro 
ou arrancando suas unhas não caracteriza o crime de tortura. O sadismo – por si só – não 
caracteriza o crime, devendo haver por parte do agente, o ânimo de fazer sua vítima 
sofrer com um dos objetivos previstos nos incisos I e II do artigo 1º da lei de tortura. 
Resumindo, o sofrimento físico ou mental em si, não caracteriza a tortura, devendo estar 
somado a um interesse/objetivo previsto em lei, que pode ter móvel religioso ou racial 4, 
interesse que ele pratique um crime ou mesmo delate seus comparsas. 
 
3 HC 153728/SP - Relator: Felix Fischer 
“Por incompatibilidade axiologia e por falta de previsão legal, o homicídio qualificado-privilegiado não integra o rol 
dos denominados crimes hediondos” 
4 Termo raça mostra-se ultrapassado a partir do momento em que o Projeto Genoma responsável pelo mapeamento 
do gene humano concluiu que existe apenas uma única raça, a humana. O correto seria a divisão por etnias, como a 
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Atenção: A questão da opção sexual não poderá ser utilizada para caracterizar a 
tortura com base no que vem previsto no inciso I, “c” do citado artigo. Notem, se o 
agente agride o homossexual por pura maldade, não existe a tortura, mas lesão 
corporal, pois a opção sexual não se enquadra no caráter religioso ou racial de que a 
lei traz. Agora, cuidado, pois se o motivo da agressão ao homossexual for para 
aplicar um castigo, estaremos diante da tortura elencada no inciso II do mesmo 
artigo. Pessoal, muito cuidado. Nessa questão da tortura, sempre atentem para o 
motivo/móvel da ação de quem pratica a violência. Se for pura maldade, não há que 
se falar na tortura, mas somente e no máximo uma lesão corporal. 
Essa foi inclusive uma questão de concurso de delegado no RS onde o pai encontra o 
filho lendo revistas homossexuais e, buscando educar o filho e não permitir que ele 
virasse gay, aplica-lhe uma surra. A questão afirma que não se trata de tortura, 
exatamente pelos motivos acima citados. 
Atenção, nesse caso é tortura, pois o inciso II fala da possibilidade das agressões como 
medidas educativas ou para aplicar castigo. Lembrem-se, sempre que pai ou mãe 
provocar no filho intenso sofrimento físico ou mental buscando aplicar castigo ou como 
forma de prevenção, estamos diante do crime de tortura. 
 Art. 1º Constitui crime de tortura: 
 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe 
sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira 
pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência 
ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo 
pessoal ou medida de caráter preventivo. 
 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de 
quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. 
 
 
caucasiana, negroide, amerídia, indo-asiaática e etc. De qualquer forma, como a lei utiliza-se da expressão raça, é 
bom que seja apontada a incoerência legislativa. 
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Cuidado para o seguinte exemplo: Tizil, elemento malvado como o Gargamel, amarra 
sua desafeta Tizila em uma cadeira deixando uma torneira entreaberta pingando gotas de 
água constantemente a cada 3 segundo em sua cabeça e um som alto tocando a música 
Florentina de Jesus do deputado Tiririca durante 3 dias e 3 noites. Depois de preso, 
quando perguntado qual o motivo de tamanha agressão mental, Tizil responde: Por que 
sou mau! 
Nesse caso, não há que se falar em crime de tortura, pois reparem, não existe aqui os 
motivos previstos em lei para a atitude do criminoso, caracterizando lesão corporal ou 
mesmo o crime de sequestro ou cárcere privado que estudaremos adiante, jamais a 
tortura. 
 
Caso prático: Tizil, elemento sem vergonha, armado com um chicote agride sua desafeta Tizila 
que sangra até a morte. 
Pergunta-se: Qual crime Tizil cometeu? 
Resposta: Não sei! Na verdade, ninguém sabe, até que fique claro qual a intenção de Tizil ao 
agredir sua desafeta, pobre Tizila. Se sua vontade era lesionar, estamos diante de uma lesão 
corporal. Caso buscasse causar sofrimento físico com um fim específico, teremos o crime de 
tortura ou, dependendo, até mesmo o homicídio, caso Tizil buscasse a morte da vítima. 
Dica Ninja: SEMPRE busque a intenção do agente ao praticar o crime. Sem o ânimo/móvel, não 
é possível precisar qual o crime praticado. 
Homicídio culposo: Ocorre quando o agente delituoso provoca a morte de alguém sem a 
intenção, mas agindo com imprudência, imperícia ou negligência. 
Homicídio culposo 
 
Art.121 – CP 
 
§ 3º Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Aumento de pena 
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§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o 
crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou 
ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não 
procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão 
em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um 
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou 
maior de 60 (sessenta) anos. 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a 
pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma 
tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
 
 
Não podemos confundir o homicídio culposo com o de trânsito, tipificado ao teor do art. 302 do 
CTB (Lei 9.503/07). É comum ouvirmos nos programas de televisão (Datena pode errar, nós, 
aplicadores do Direito, jamais!) que o agente que se envolve em acidente de transito com morte, 
cometeu homicídio culposo. Há a culpa, pela ausência do dolo, mas o nome dado a essa conduta 
é homicídio de trânsito. Já que estamos falando dessa modalidade de conduta, importante 
salientarmos algo que já aprendemos na cadeira de Penal I, com esse mesmo professor que vos 
fala (ou escreve) quando estudamos as espécies de dolo e culpa. Lembrem-se, na condução de 
veículo automotor, caso o indivíduo esteja sob o efeito de 
álcool, por mais absurdo que possa soar, o STF entende que 
estamos diante de uma culpa consciente e não de dolo 
eventual. Portanto, mesmo que o indivíduo esteja alcoolizado, 
falamos que o homicídio é culposo. Apenas pode-se falar em 
crime doloso na direção de veículo automotor, no caso de o agente estar participando de racha, 
ou como é mais popularmente conhecido, pegas. 
Questãode concurso: 
Tizil, visivelmente embriagado, dirigindo seu carro em altíssima velocidade em local onde havia 
um denso trânsito de pedestre, atropela e mata duas pessoas. Nesse caso, o agente deverá 
responder pelo homicídio doloso, na modalidade dolo eventual. 
Certo ou errado? 
Diria o ditado popular: “A pressa é inimiga da perfeição”. Já eu, lhes digo: Não, a pressa é 
inimiga do concurseiro. O erro mais comum em provas de concurso é o do candidato que, 
julgando-se preparado, desdenha da prova e acaba perdendo atenção. Faça como a Alemanha no 
fatídico 7x1 do Mineirão, não perca a concentração. Essa questão tão simples teve um altíssimo 
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índice de erro, pois os candidatos mais preparados (assim como vocês), plenos conhecedores da 
jurisprudência da corte superior e desdenhando da prova, foram logo marcando errado, atentando 
– tão somente – para a informação sobre a direção sob efeito de álcool em que se colocou o 
agente delituoso e imaginando tratar-se de uma culpa consciente. Notem, apesar da embriaguez 
que, por si só, caracterizaria sim, a culpa consciente, o agente estava em alta velocidade em local 
de denso trânsito de pedestre, o que caracteriza o dolo eventual, pois, como se sabe, o agente 
assumiu o risco de matar pessoas atropeladas. Então cuidado: não é por que o agente esta sob o 
efeito de álcool que o crime de transito necessariamente será culposo (culpa consciente), pode 
ser doloso (dolo eventual), não pela embriaguez em si, mas por ter o agente assumido o risco de 
matar. 
Resposta: Certo. 
Causas de aumento de pena no homicídio culposo: 
Aumento de pena 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o 
crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou 
ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não 
procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão 
em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um 
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou 
maior de 60 (sessenta) anos. 
 
Cuidado pessoal, as regras que serão discutidas agora, somente aplicam-se ao homicídio culposo. 
È comum a confusão em achar que tais regras poderão ser aplicadas ao homicídio doloso e, 
principalmente, ao culposo previsto no art. 302 do CTB. Atenção: As regras contidas no §4º 
acima destacadas somente se aplicam aos crimes culposos do CP! As causas de aumento de 
pena no homicídio de trânsito, estão previstas no próprio CTB não se aplicando, portanto, tais 
regras acima destacas e que serão discutidas nas próximas linhas. 
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a) Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: Aqui temos a conduta do 
médico ou enfermeira que, por negligência, deixa de observar os procedimentos previstos 
na profissão e acaba por levar o paciente a óbito. É o exemplo do médico que atende um 
paciente nos corredores do SUS e sequer olha na cara do doente, prescreve um 
medicamento baseado em uma substância na qual o a vítima é alérgica e que o leva a 
óbito. Segundo o STJ, é possível a aplicação da causa de aumento de pena aqui prevista 
sem que se possa falar em bis in idem. Há quem defenda que o homicídio culposo, por ter 
como elemento de sua estrutura nuclear a negligência, é absolutamente necessário que o 
indivíduo deixe de observar regra básica do exercício da profissão e, levar tal fato em 
consideração para a aplicação da causa de aumento depena seria punir o agente duas 
vezes pelo mesmo fato, o que caracterizaria o bis in idem. Segundo o STJ no julgamento 
do HC 181.847/MS, julgado em 04/04/2013 (Info 520), tal entendimento não se 
sustentou. 
 
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Obs.: A outras espécies de causas de aumento de pena acima destacadas são auto-
explicativas e não é necessário que percamos tempo precioso com trabalhando. O importante 
é que vocês saibam de um detalhe importante. Decorem cada uma delas para um eventual 
concurso ou mesmo prova da OAB. Acreditem, vocês vão precisar. 
b) No homicídio culposo, existindo morte instantânea da vítima seria possível a 
aplicação da majorante pelo fato do agente não ter prestado socorro à vítima? A 
resposta é não por motivos óbvios. Ora, a majorante existe exatamente para garantir que o 
agente, uma vez que não buscava matar alguém, coloque-se em uma posição de ajudar a 
vítima que agoniza. A partir do momento em que a vítima tenha a morte instantânea, não 
há que se falar na necessidade do agente em prestar socorro à ela, visto que nada poderá 
fazer. Mas, cuidado! O STJ recentemente passou a entender que a morte instantânea 
somente afastará a incidência da majorante nos casos em que o “óbvio seja evidente, isto 
é, perceptível por qualquer pessoa”. Assim, quando a morte não for absolutamente 
evidente e o agente deixa de prestar o socorro por atitude absolutamente reprovável e 
egoística, poderá incidir a majorante. (STJ – HC 269.038/RS. 02/12/2014, Informativo 
554). 
c) Crime praticado contra menor de 14 anos e maior de 60 anos: Notem que, nesse caso, 
estamos falando da hipótese de aumento de pena que se aplica exclusivamente para o 
homicídio doloso, nunca para o culposo, cuidado para não confundir. 
Examinador de concurso – como vocês sabem ou saberão – não é gente de Deus e se 
apega nos detalhes pra derrubar o pobre coitado do concurseiro que esta se matando de 
estudar. Percebam a questão: 
(CESPE – Delegado/RJ) A todo crime doloso praticado contra criança ou adolescente 
aplica-se a causa de aumento de pena de 1/3 previsto no art. 121 do Código Penal. 
Certo ou errado? 
Ora, você leu (e decorou) o art. 121 do CP e sabe que ao crime doloso praticado contra 
menor de 14 anos aplica-se o aumento de pena de 1/3. Marca a opção “Certo” e vai pra 
galera achando que abalou quando, na verdade, papocou! Pessoal, cuidado! O ECA traz 
que adolescente é aquele que tem entre 14 e 18 anos incompletos, ou seja, existe uma 
janela de 4 anos onde o adolescente poderá ser vítima de crime de homicídio doloso e não 
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será aplicado ao agente o aumento de 1/3. E tem mais: no dia em que a vítima completa 
14 anos, cai por terra a possibilidade da aplicação do aumento, pois ele deixou de ser 
menor de 14 anos. Atenção, proteção especial é dada a todas as crianças, mas nem a 
todos os adolescentes! 
 
Homicídio praticado por grupo de extermínio: Novidade trazida ao Código Penal em meados 
de 2012, modificou o texto normativo para acrescentar a causa de aumento de pena quando o 
homicídio é praticado por milícia privada ou grupo de extermínio. 
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por 
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de 
extermínio. 
 
Logicamente que essa hipótese somente é aplicável nos casos de homicídio doloso, simples ou 
qualificado, não sendo possível a prática de um homicídio culposo dentro de um contexto de 
milícia ou grupo de extermínio. 
Encontramos no art. 288 – A do CP a tipificação do que vem a ser uma milícia. Podemos traduzir 
como sendo um grupo de pessoas que, a pretexto de proteger determinada comunidade dos 
criminosos, passam a integrar um grupo organizado, armado e perigosoque realiza uma espécie 
de serviço de segurança cobrando, em contrapartida, valores dos moradores daquela região. É 
uma espécie de máfia dos tempos modernos e quem assistiu o filme “Tropa de Elite II”, sabe 
exatamente do que se trata. O simples fato de o indivíduo integrar esses grupos, já responde pelo 
crime da formação da milícia e, caso mate alguém dentro desse contexto, responderá pelo crime 
de homicídio com o aumento de pena em questão, em concurso com o crime tipificado no art. 
288 do CP. 
Existem diversas dúvidas acerca desse instituto criado recentemente, mas a discussão ganha 
aspectos meramente doutrinários, pois, até hoje, não existe qualquer decisão das cortes 
superiores (STF e STJ) que possam trazer um norte acerca da interpretação dessa nova lei. Como 
tudo dentro da política brasileira, essa lei também foi feita as pressas e para trazer uma resposta 
ao anseio popular, mais ou menos como a “Lei Carolina Dickman” que já tramitava no congresso 
a anos e que apenas foi publicada apressadamente depois da repercussão popular que a 
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publicação de suas fotos causou. Publicada as pressas, a lei acabou mal feita. Da mesma forma, 
essa lei das milícias, apressadamente discutida por conta do filme “Tropa de Elite II”, acabou 
publicada sem dar possibilidade de respostas que obviamente surgiriam. 
Por exemplo, poderá o agente responder pela formação de quadrilha e formação de milícia? O 
cidadão que constitui uma milícia, também integra organização criminosa? Toda milícia é 
considerada grupo de extermínio? A doutrina discute trazendo meras suposições, mas enquanto 
não houver manifestação do STF ou STJ, serão apenas palavras ao vento. 
Pergunta-se: Homicídio praticado por milícia é crime hediondo? 
Como falamos, por não existir discussões ou posicionamentos nos tribunais superiores, não 
podemos responder essa questão com precisão. Acho pouco provável que essa seja uma questão 
cobrada em concursos, pelo fato de ser facilmente anulada. De qualquer maneira, caso você se 
depare com ela, interprete da seguinte forma: Na lei dos crimes hediondos não se encontra 
qualquer remissão ao termo milícia, nem a lei de milícia trouxe qualquer possibilidade de 
equiparação destes aos crimes hediondos. Exatamente por não haver interpretação das cortes 
superiores nesse sentindo, devemos responder da forma mais legalista possível, ou seja, com um 
sonoro não. Imagino, mas essa é minha opinião pessoal e de que nada vale em um concurso seu, 
que a tendência na jurisprudência brasileira será a de equiparar o homicídio praticado dentro de 
um contexto de milícia ao crime hediondo. Mas, por hora e por não haver manifestação 
jurisprudencial nesse sentido, apaguem-se ao aspecto legalista da coisa e respondam dessa 
forma: Homicídio praticado por milícia não é crime hediondo. (Mas examinador não é de 
Deus, então você pode errar! rs). 
 
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CRIMES CONTRA A VIDA 
Induzimento ao Suicídio (Art. 122 - CP) 
 
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio 
 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio 
para que o faça: 
 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, 
de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de 
natureza grave. 
 
Parágrafo único - A pena é duplicada: 
Aumento de pena 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a 
capacidade de resistência 
 
Art. 122 – Induzimento ao Suicídio: 
Estamos diante de um crime de ação múltipla ou conteúdo variado, que são aqueles onde estão 
descritas condutas distintas entre si que nesse caso são: “Induzir”, “Instigar” ou “Auxiliar” 
alguém a cometer o suicídio. A prática de qualquer uma dessas condutas já será o suficiente para 
a caracterização do crime, não sendo obrigado ao agente a prática de todas as condutas, bastando 
uma delas. 
Ainda, estamos aqui diante de um crime de resultado obrigatório, ou seja, apenas se consumará o 
crime no momento em que a vítima do induzimento, instigação ou auxílio, efetivamente colocar 
em prática o suicídio, vindo a óbito ou sofrendo lesão corporal de natureza grave. Aqui deve ser 
feita importante observação. O Código penal em seu art. 129 que trata das lesões corporais, traz 
somente a divisão entre lesão leve e grave. Mas, como veremos nas próximas aulas e o senso 
comum já nos obriga a conhecer, que existem as lesões corporais de natureza gravíssima, criação 
doutrinária amplamente acampada pela jurisprudência. Pois bem, nunca é demais reforçar a 
ideia. No caso do art. 122, aplica-se a pena de 1 a 3 anos, tanto para a lesão grave, quanto para a 
gravíssima. De qualquer forma, muita atenção: sem a manifestação do resultado naturalístico 
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taxativamente previsto no art. 122, não há que se falar na consumação do crime de 
induzimento ao suicídio. 
Entendendo o art. 122: 
a) Induzir: Significa “plantar a semente” da ideia de ceifar a própria vida na cabeça de 
alguém que claramente vive momentos depressivos na vida. Levar a vítima a pensar na 
primeira vez na possibilidade de pular da ponte. 
b) Instigar: Presume-se que a vítima já trazia consigo a ideia do suicídio e o agente 
delituoso apenas agiu no sentido de reforçar essa vontade, aconselhando-a a seguir em 
frente e reforçando essa ideia já existente de ceifar a própria vida. 
c) Auxiliar: Nada mais é do que criar as condições materiais para que o suicídio seja 
praticado, emprestando ferramentas e armas, ou ainda, prestando auxílio para que o 
suicida consiga tirar a própria vida. Atenção: no caso do agente que empresta a arma para 
que o suicídio seja praticado, estamos falando do crime tipificado no art. 122 do CP. Mas 
quando a vítima não tem coragem suficiente para ceifar a própria vida e pede ao agente 
que puxe o gatilho por ela, mesmo que tenha assinado um termo de compromisso ou 
gravado um vídeo onde assume a vontade de morrer, estamos falando do crime de 
homicídio. 
OBS: Por tratar-se de um crime de ação múltipla, o agente apenas precisa praticar uma das 
condutas para que o crime possa se consumar, mas no caso daquele que pratica as três, estaremos 
diante de apenas um crime de instigação ao suicídio. Importante lembrar que, apenas haverá 
crime no caso da morte ou lesão grave/gravíssima. Mesmo que o agente empreste uma arma, a 
vítima encosta na cabeça e puxa o gatilho, mas a arma falha contra a vontade das partes, não há 
crime, por não haver o resultado naturalístico necessário. Resumindo, não há tentativa para o 
crime capitulado no art. 122 do CP 
Questão de concurso: 
Tizil, elemento sem coração, auxiliando Tizila a suicidar-se, empresta-lhe uma corda ensinando-
a a amarrar o nó. A vítima vai para casa, amarra a corda na madeira do telhado e pula, momento 
em que a madeira, não agüentando seu peso, quebra e a vítima cai no chão sofrendo lesões 
corporais de natureza leve. Nesse caso hipotético, houve: 
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a) Tentativa de instigação ao suicídio; 
b) Tentativa de homicídio; 
c) Instigação ao suicídio consumado, uma vez que o agente auxiliou a conduta de quem 
queria ceifar a própria vida que apenas não ocorreu por circunstânciasalheias a vontade 
das partes; 
d) Fato atípico. 
Resposta: O art. 122 do CP tipifica uma espécie de crime chamado de unissubsistente, ou seja, 
não existe ou admite a forma tentada. Assim, caso a vítima sofra em razão da tentativa de 
suicídio apenas lesões de natureza leve, não há crime para quem induziu, instigou ou auxiliou o 
suicida. A conduta é atípica. Não confunda a expressão “tentativa” trazida no texto legal com a 
possibilidade da modalidade tentada do crime. A lei refere-se a 
tentativa da vítima de tirar sua vida, ou seja, da conduta daquele 
que tentou se matar e não conseguiu por qualquer motivo, nunca 
à possibilidade da forma tentada do crime de quem auxiliou 
aquele que buscava morrer. 
Causas de aumento te pena: 
Aumento de pena 
 
Parágrafo único - A pena é duplicada: 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a 
capacidade de resistência 
 
Será aplicado o aumento de pena, tanto para o caso da vítima que vem a morrer, quanto para 
aquela que sofre lesão de natureza grave. Uma vez consumado o delito, caso a conduta daquele 
que prestou auxílio ou instigação tenha sido movido por motivo egoístico ou contra vítima menor 
de idade ou sem capacidade de defesa, a pena aplicada, seja ela de 2 a 6 anos ou de 1 a 3 anos, 
será duplicada. 
Motivo egoístico: Conduta daquele que age visando satisfazer seus próprios interesses em 
detrimento de valores mais importantes de outras pessoas. Aníbal Bruno traz o exemplo da 
amante que, querendo casar-se com seu amado, induz sua esposa ao suicídio, para poder viver 
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seu conto de fadas amoroso. Notem, induzir a morte de alguém simplesmente para satisfazer seus 
interesses pessoais extra-conjugais é um interesse egoístico. 
Obs.: Ciúme ou desejo de vingança não é motivo egoístico! Não confunda o exemplo acima 
com ciúme. O que a amante queria era passar a ser esposa, induzindo a atual ao suicídio. 
Costumo dizer que amante não tem direito de ter ciúme da esposa. Se a questão trouxer que a 
amante, por ciúme da esposa a induziu ao suicídio, não existe aqui a causa de aumento de pena, 
Esse é o entendimento dos tribunais superiores. Não caia na pegadinha! 
Vítima menor: Entende-se como sendo o menor de idade, ou seja, 18 anos. Cuidado com a 
pegadinha de concurso que vai trazer que esse aumento aplica-se ao menor de 14 anos como 
acontece no crime de homicídio. Atenção: A lei refere-se ao menor de 18 anos! 
Incapacidade de resistência ou entendimento: Cuidado com o que deve ser entendido nesse 
sentido. Apesar de haver doutrina clássica contrária, o entendimento dominante, tanto na 
doutrina moderna, quanto e o que é mais importante na jurisprudência, aponta para o fato de que 
aquele que comete o suicídio deve ter alguma capacidade de discernimento, ou seja, capacidade 
de entender o mundo ao seu redor. Caso seja alguém completamente absorto ao mundo que o 
rodeia e o agente lhe induz a ceifar a própria vida, não estamos falando do crime do art. 122, mas 
de um homicídio. È o exemplo do agente que chama uma criança para brincar de Superman e a 
induz a pular do décimo andar. A criança pula e se mata. Nesse caso, o agente responderá pelo 
homicídio e não pela instigação ao suicídio. 
OBS: 
Pacto de morte: Depende das circunstâncias que envolvem a conduta. Quando duas ou mais 
pessoas acordam em cometer um suicídio juntos, como o aclamado e conhecido Romeu e Julieta. 
Seria como bem escreveu com maestria Dostoievski em uma das mais pungentes obras da 
literatura mundial, “aqueles que fazem pacto de morte por amor, não sabem o quão é morrer em 
vida quando se ama quem não merece.” Em sua obra O idiota, o autor retrata a história de duas 
pessoas casadas que “ceifaram olhos despretensiosos uns aos outros ao cruzarem-se rapidamente 
no luso fusco do crepúsculo” e apaixonando-se perdidamente, perceberam que jamais poderiam 
viver esse romance proibido. Decidiram que após uma única, apaixonada e intensa noite de 
amor, não amanheceriam o raiar do dia seguinte. Esse é o famoso pacto de morte que vem sendo 
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bastante cobrado em provas de OAB ou concursos, mas cuidado com as diferentes situações 
trazidas. 
Exemplos: 
a) Tizil e Tizila, acreditando que viveriam para sempre no paraíso, juntos decidem 
cometer suicídio. Tizil atira primeiro em sua cabeça e morre. Tizila incompetente, 
não consegue nem se matar, atirando de raspão e sobrevivendo. Que crime praticou 
cada um? Ora, logicamente ao morto, nada poderá ser imputado. Já em relação a Tizila 
que ficou viva, por tentar se matar, ela nada responde. Mas notem: Tizila agiu no sentido 
de induzir o suicídio de Tizil, devendo responder pelo crime capitulado no art. 122 do 
CP. 
b) Tizil e Tizila fazem um pacto de morte e decidem que um apontará a arma para o 
outro e os tiros deverão ser disparados no mesmo instante. Na teoria tudo ok. Já na 
prática, erro. Tizil morre alvejado no coração pelo tiro disparado por Tizila, mas 
erra seu tiro e sua amada permanece viva. Nesse caso, qual crime foi praticado por 
cada um? Tizil que morreu, por nada responderá, mas já Tizila, que praticou atos 
primários, ou seja, atirou na vítima, responderá não pela instigação ao suicídio, mas pelo 
homicídio em si, por ter tido participação direta na morte de Tizil, puxou o gatilho. 
c) Tizil e Tizila, elementos abestados e buscando morrer, fazem um pacto de morte. 
Para atingirem seus objetivos, um mira a arma para o outro e atiram no mesmo 
momento. Ambos erram e permanecem vivos. Nessa situação, qual crime foi 
praticado? Levando em consideração o fato de que os dois permaneceram vivos, muito 
cuidado: Não responderão pelo auxílio ao suicídio, mas pela tentativa de homicídio. 
 
 
 
 
 
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CRIMES CONTRA A VIDA 
Infanticídio (Art. 123 - CP) 
 
 
Infanticídio 
 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, 
durante o parto ou logo após: 
 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
 
Art. 123 – Infanticídio: Pratica o crime a mãe que estando sob a influência do chamado estado 
puerperal, acaba por matar o próprio filho durante ou logo após o parto. Até aí, estamos falando 
unicamente da análise pura e simples do texto normativo o que, nesse caso específico, não vai 
ajudar muito aqueles que estão preocupados com provas de concurso ou OAB. Precisamos 
analisar alguns detalhes que os examinadores gostam de cobrar. 
Estado puerperal: Aqui devemos buscar o auxílio da medicina legal que entende o estado 
puerperal como sendo o estado de alteração cognitiva, psicomotora, de entendimento e 
discernimento ao qual a mulher se encontra logo após o parto. È 
uma circunstancia de modificação psíquica que sofrem algumas 
mulheres depois de dar a luz. Importante atentar para a 
pegadinha de concurso que vai trazer que nem toda mulher acaba 
sofrendo a influencia do estado puerperal logo após o parto. Seria 
um erro assinalar que a assertiva está verdadeira, pois, toda mulher que deu a luz recebe uma 
influência hormonal que a coloca nesse estado, seja parto normal ou cesariana. Acontece que, em 
algumas mulheres essa influência não traz qualquer variação em suas faculdades mentais e 
psíquicas, o que não significa dizer, entretanto, que ela não está sob influência dessa variação 
hormonal.Portanto: Toda mulher que deu a luz esta em estado puerperal, mas algumas não 
apresentam variações externas em suas capacidades mentais. 
O prazo de duração do estado puerperal vai variar em cada caso, não podendo ser apontado um 
tempo estimado fixo para essa variação de humor feminino, que oscila dependendo de cada 
organismo. Existem alguns manuais de medicina legal que vão apontar o prazo de 8 semanas 
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como média de tempo em que a mulher sofre essa variação hormonal. Cuidado, a jurisprudência 
tem apontado para a necessidade do exame pericial como única ferramenta apta a comprovar a 
existência ou não desse estado sob a mulher que pratica o crime de infanticídio. Resumindo, não 
há uma forma objetiva de auferir a duração ou intensidade do estado puerperal, cabendo ao perito 
comprovar sua duração. Algumas mulheres recuperam seu estado psíquico em poucos minutos, 
enquanto em outras esse estado pode durar semanas. 
Classificação do Infanticídio: 
 
Cuidado com a pegadinha clássica das provas de concurso: O examinador, que sabemos ser 
gente do Capeta, vai afirmar que o infanticídio, por se tratar de um crime próprio, somente 
poderá ser praticado pela mãe em estado puerperal não admitindo, portanto, co-autoria ou 
participação. Pessoal, essa afirmação encontra-se ultrapassada na nossa doutrina e, 
principalmente que é o que importa para provas de concurso, na jurisprudência das cortes 
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superiores. Portanto, é possível que a mãe em concurso com o pai ou enfermeira, por exemplo, 
mate sob o estado puerperal seu filho que acaba de nascer, respondendo todos pelo Infanticídio, 
não sendo aceitável que a mãe responda por esse crime, enquanto os co-autores responderiam 
pelo homicídio, que é a pegadinha com a prova vai tentar te induzir ao erro. Lembrando, as 
circunstâncias de caráter pessoal, quando elementares do crime, deverão se estender aos 
co-autores e partícipes, de acordo com o art. 30 do CP. 
 
O art. 30 do CP faz exatamente essa ressalva. Quando a condição especial do agente delituoso 
previsto no tipo penal for uma elementar do delito, deverá se estender aos co-autores e partícipes. 
Não se discute, obviamente, que essa condição de puerpério é uma circunstância totalmente 
pessoal da mulher que acaba de dar a luz, mas notem que, apesar disso, sem ela, não existiria o 
crime de infanticídio e estaríamos aqui discutindo a conduta de quem matou alguém, ou seja, 
falaríamos de um homicídio puro e simples. Assim, em sendo o estado puerperal uma elementar 
do crime, a circunstância, apesar de pessoal deverá se estender àqueles que auxiliam a mãe a 
matar seu recém nascido filho. 
Resumindo: A mulher que acaba de dar a luz, sob influência do estado puerperal, auxiliada por 
seu marido e a enfermeira, matam o filho recém nascido. Responderão pelo Infanticídio todos os 
três autores, e co-autores do delito. 
Infanticídio Vs. Aborto: Devemos olhar o objeto da conduta delituosa. Apesar do bem jurídico 
tutelado ser o mesmo, a vida, existe uma diferença básica que depara as duas condutas. Enquanto 
o aborto visa atingir a vida intra-ulterina, o infanticídio ceifa a vida que já nasceu. O momento 
que separa os dois crimes é, portanto, o nascimento. 
Expressão “Logo após”: A doutrina e jurisprudência entende como sendo o lapso temporal que 
perdurar o estado puerperal. Como já vimos, esse estado não é auferido de maneira objetiva, 
sendo necessária a presença da perícia e, enquanto durar o estado, a mãe que mata o filho comete 
o infanticídio. Pegadinhas de provas vão dizer que a mulher deve agir em ato contínuo ao parto 
para configurar-se o Infanticídio e essa afirmação está equivocada. Nesse caso, o logo após se 
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estenderá pelo tempo em que se estender o estado de puerpério. Assim, não necessariamente a 
mãe que mata o filho recém nascido 5 minutos depois do parto comete infanticídio, pois o estado 
puerperal já poderá ter acabado. Da mesma forma, esse infanticídio poderá ocorrer até mesmo 
dias ou semanas depois do parto, desde que atestado a permanência da variação hormonal a que 
lhe acomete. 
Pergunta ultra mega foda: A mãe que mata o filho de outra mulher, em estado puerperal, 
responde por qual crime? 
Resposta: Depende. Deveremos analisar duas vertentes de condições possíveis: 
a) Mulher em estado puerperal vai até o berçário e, confundindo as crianças, acaba 
matando outro bebê, acreditando tratar-se de seu filho. Nesse caso, estamos diante de 
uma figura estudada no semestre passado, erro de tipo sobre a pessoa, disciplinada no art. 
20, §3º do CP. Transfere-se, portanto, todas as características da pessoa visada para a 
pessoa efetivamente atingida, respondendo essa mãe pelo infanticídio, apesar de ter 
matado o filho de outra pessoa. 
Relembrando 
Erro sobre a pessoa: 
 
b) Mulher em estado puerperal vai até o berçário e, confundindo as crianças, acaba 
matando outro bebê que não o seu, sabendo tratar-se de filho de outra mulher. 
Obviamente que nesse caso, não há o que se falar em infanticídio, mas de homicídio puro 
e simples. O Estado puerperal nesse caso não servirá como qualquer “desculpa” para a 
prática de crimes. 
c) Mulher em estado puerperal, logo após dar a luz, mata seu filho de 2 anos de idade: 
Pegadinha clássica de concurso, não confundam: O infanticídio apenas se aplica quando 
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o filho assassinado é o recém nascido, não se aplicando as regras aqui estudadas para o 
caso da mulher que mata filho seu diferente do que acaba de nascer. 
Resumindo: Para que ocorra o Infanticídio deve haver: 
1) Estado puerperal; 
2) Assassinato somente do filho recém nascido; 
 
 
 
 
 
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CRIMES CONTRA PESSOA 
Lesão Corporal (Art. 129 do CP) 
 
1. Topografia do Delito: 
 
Art. 129, caput: Lesão corporal dolosa leve 
Art 129, §1º: Lesão corporal dolosa grave, admitindo o preterdolo (Dolo na lesão + 
Culpa no resultado). Cuidado: Fomos ensinados que apenas admite-se o preterdolo no §3º 
quando a lesão corporal vem seguida de morte, eis um erro recorrente. 
Art 129, §2º: Lesão corporal dolosa gravíssima. Da mesma forma, admite-se o 
preterdolo. 
Art. 129, §3º: Lesão Corporal seguida de morte. Trata-se de um delito necessariamente 
preterdoloso. Alguns doutrinadores chamam de Homicídio Preterdoloso. 
Art. 129, §§4º e 5º: Privilégios minorantes ou causas de diminuição de pena. 
Art 129, § 6º: Lesão Corporal culposa. 
Art. 129, § 7º: Majorantes ou causas de aumento de pena 
Art. 129, § 8º: Perdão Judicial 
Art. 129, § 9º: Violência doméstica e familiar 
 
 
 
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2. Bem Jurídico Tutelado: Caso essa pergunta seja feita em um concurso público, 90% dos 
candidatos iriam responder que é a integridade física. Essa resposta não está totalmente 
correta. Na realidade, o bem jurídico tutelado é a incolumidade pessoal do indivíduo, que 
protege a saúde corporal, fisiológica e mental. Assim está na exposição de motivos do 
CódigoPenal. 
Item 42 da Exposição de motivos: O Crime de lesão corporal é definido como ofensa à 
integridade corporal ou saúde, isto é, como todo e qualquer dano ocasionado à 
normalidade funcional do corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, quer do 
ponto de vista fisiológico ou mental. (Grifo nosso) 
 
 
 
3. Sujeito Ativo: Lesão corporal por ser um crime comum, poderá ser praticado por 
qualquer pessoa, não sendo exigido qualidade ou condição pessoal especial. 
4. Sujeito passivo: Mais uma vez, por ser um crime comum, não se exige qualquer 
condição pessoal, podendo ser sofrido indistintamente por todos. Porém atenção: os 
artigos 129 §1º, IV e §2º, IV, os crimes exigem qualidade especial e terão como sujeito 
passivo, tão somente, a mulher gestante. 
5. Autolesão: O direito penal não pune a autolesão, guardem essa informação. O direito 
pune a possibilidade do agente se ferir para praticar um estelionato contra o seguro, por 
exemplo. 
 Notoriamente, a autolesão é meio eficaz para a prática de um delito e, somente nesse 
caso, será punido o agente pelo crime fim, mas não pela autolesão em si. 
 
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Pergunta de concurso: 
Caso um inimputável - incapaz de querer ou entender a vida ao seu redor - por 
determinação de outrem, praticar em si mesmo uma lesão. 
 Quem o conduziu à autolesão responderá por algum crime? 
Deverá responder pela lesão corporal (Art. 129) na condição de autor mediato. A 
incapacidade do inimputável funciona como uma arma utilizada pelo agente do 
crime. 
Ocorre autoria mediata quando o autor domina a vontade alheia e, desse modo, se 
serve de outra pessoa que atua como. 
 As características fundamentais da autoria mediata, portanto, são as seguintes: 
a) nela há uma pluralidade de pessoas, mas não co-autoria nem participação (ou 
seja, não há concurso de pessoas); 
b) o executor (agente instrumento) é instrumentalizado, ou seja, é utilizado como 
instrumento pelo autor mediato; 
c) o autor mediato tem o domínio do fato; 
d) o autor mediato domina a vontade do executor material do fato; 
e) o autor mediato, chamado "homem de trás" (pessoa de trás ou que está atrás), 
não realiza o fato pessoalmente (nem direta nem indiretamente) 
6. Tipo objetivo: O que significa a expressão cunhada no art. 129? 
“Ofender, direta ou indiretamente a incolumidade pessoal de outrem.” 
Atenção, pois a lesão não se configura somente quando o agente causa uma enfermidade 
em alguém, mas também irá se configurar quando se agrava a enfermidade de alguém. 
 
A Pluralidade de lesões configura mais de um crime de lesão corporal? 
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A pluralidade de lesões não altera a unidade do crime, representando somente o 
desdobramento em vários atos de uma única ação. (Crime plurissibsistente5). Ocorrendo a 
pluralidade de ferimentos, desde que dentro de um mesmo contexto fático, não desnatura 
a unidade do crime, havendo a ocorrência de somente um crime de lesão corporal. Por 
sua vez, essa pluralidade deve ser considerada quando da fixação da pena base. 
É necessário que a vítima sinta dor? 
Não. A doutrina entende que a dor, por ser elemento totalmente subjetivo e de difícil 
materialidade, não configura – por si só – o crime de lesão corporal. Mas é interessante 
ressaltar que existem julgados dos tribunais superiores aceitando o simples desmaio como 
lesão corporal. 
A simples dor física ou crise nervosa, sem dano anatômico ou funcional, não 
configuram lesão corporal, embora não seja necessária violência física para produzi-la. 
A dor, por si só, não caracteriza o crime de lesão corporal, em razão de sua elevada 
subjetividade torná-la praticamente indemonstrável. (BITENCOURT, 2013, P. 194) 
Pergunta de concurso: 
Cortar o cabelo de alguém sem o seu consentimento configura qual crime? 
Corrente 1: Crime de lesão corporal, desde que a ação provoque uma alteração 
desfavorável no aspecto exterior da vítima. (Ou seja, a vítima é feia pra cacete! rs.) 
Corrente 2: Defende que configura uma injúria real. Crime contra a honra que ofende, 
mais especificamente, a honra subjetiva do indivíduo, que é a ideia que ele faz sobre si 
mesmo. (Veremos mais a frente os detalhes que orbitam essa figura penal). 
 
5 O crime plurissubsistente é aquele que constituído por vários atos, que fazem parte de uma única conduta. 
Exemplos: estupro (violência ou constrangimento ilegal + conjunção carnal com a vítima), roubo (violência ou 
constrangimento ilegal + subtração); lesão corporal (violência + integridade corporal ou saúde física ou mental de 
outrem) 
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Corrente 3: Pode configurar ou a lesão corporal ou a injúria real, dependendo do dolo 
que anima o agente, ou seja, os motivos interiores que levaram o agente a cortar o cabelo 
da vítima. 
OBS: Existem casos em que essa conduta pode configurar, inclusive, furto. Quando o 
agente corta o cabelo da vítima para vender e produzir peruca, podendo configurar, 
inclusive, o roubo, caso haja a violência ou grave ameaça ou qualquer outro meio que 
impossibilite a capacidade de resistência. 
. 
7. Consentimento do ofendido: Para responder essa questão, devemos decidir se a 
incolumidade pessoal é um bem disponível ou indisponível. Caso seja disponível, o 
consentimento do ofendido deverá excluir o crime, caso contrário, mesmo que haja esse 
consentimento, não há que se falar na ocorrência do fato delituoso. 
A doutrina moderna vem entendendo que essa incolumidade trata-se de um bem 
relativamente disponível, desde que presente os seguintes requisitos: 
a) Lesão corporal Leve; 
b) Não contrariar a moral e os bons costumes. 
Esse argumento, portanto, deixa de configurar crime as condutas realizadas pelos 
tatuadores ou quem aplica jóias no corpo como piercing ou brinco. 
Na verdade, sustentamos que, no ordenamento jurídico brasileiro, a integridade física 
apresenta-se como bem relativamente disponível, desde que não afronte interesses 
maiores em ao ofenda os bons costumes, de tal sorte que as pequenas lesões podem ser 
livremente consentidas, como ocorre, por exemplo, com as perfurações do corpo para a 
colocação de adereços, antigamente limitados aos brincos de orelhas. (MIRABETE, 
2013, P. 207) 
 
Atenção: Cuidado com o caso do transexual que faz a cirurgia de ablação de seu órgão 
sexual. No Brasil, somente pode ser realizada esse procedimento em locais autorizados 
pelo Ministério da Saúde. Existem apenas 5 clínicas autorizadas até hoje. Cuidado com o 
caso do médico que, mesmo sem autorização, realiza o procedimento. Aqui, não há que 
se falar em consentimento do ofendido, uma vez que a lesão não é leve, pelo contrário, 
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resta-se configurada uma lesão gravíssima e o consentimento do ofendido não irá excluir 
o crime. 
8. Lesão corporal Vs. Contravenção de vias de fato 
Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem mil réis a um conto 
de réis, se o fato não constitue crime 
 
Não se pode confundir o crime de lesão corporal com a contravenção penal de vias de 
fato, pois nesta não existe (e sequer é a intenção

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