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INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 2 foi desenvolvido para que a sua leitura flua tranquilamente e seja bastante rápida. Na aula de hoje, teremos APENAS 40 páginas de conteúdo (teoria). O restante das páginas é dividido entre 43 exercícios comentados, MUITOS esquemas e uma lista com as questões da aula. Dessa forma, apesar de o número de páginas ser elevado, a leitura do material é bastante rápida e agradável! Caso tenham alguma dúvida, mandem-na para o fórum. Vamos então à nossa aula! INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 3 I. PRINCIPAIS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Meu amigo e futuro Técnico do Seguro Social, antes de começarmos a estudar esse assunto, devo fazer um alerta. Essa matéria sobre os direitos e garantias fundamentais (DGF) é bastante prática e fala sobre diversas situações do nosso dia a dia. Assim, quando começamos a estudar os DGF, tendemos a extrapolar muito a matéria e a ficar pensando: “e se acontecesse isso?”, “e se acontecesse aquilo?” Dessa forma, cuidado para não deixar a sua imaginação voar muito. Mantenha-se focado nas informações repassadas na aula, ok? ... x Direito à vida Como já explicado, os Direitos e Garantias Fundamentais foram “criados” para limitar a intervenção do Estado na vida das pessoas. Até a Idade Média, o Estado podia interferir na vida das pessoas como bem entendesse, inclusive, poderia retirar a vida das pessoas como bem entedesse. Hoje em dia, o Estado não pode mais fazer isso e o direito à vida é preservado pela Constituição brasileira. Três considerações para fins de prova: 1- O direito à vida inclui o direito a uma vida digna e não apenas estar vivo. 2- A Constituição brasileira prevê que não pode haver pena de morte (regra), salvo em caso de guerra declarada (exceção). 3- O STF decidiu que a pesquisa científica com células-tronco não fere a Constituição. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 4 x Princípio da Igualdade / Isonomia (art. 5º, I) A Constituição brasileira deve buscar a igualdade de fato (igualdade material) entre as pessoas e não apenas a igualdade perante a lei (igualdade formal). Dessa forma, com o intuito de fazer as pessoas “competirem em pé de igualdade”, pode haver as chamadas discriminações positivas, ou seja, o Estado “dá uma força para equilibrar a balança”. Dessa forma, o Estado deve promover a “Igualdade para os iguais e desigualdade para os desiguais, na medida de sua desigualdade”. Exemplo 1: o Estado brasileiro entendeu que os portadores de necessidades especiais (PNE) não estavam competindo em pé de igualdade com as “pessoas normais” em concursos públicos. Assim, hoje, deve haver reserva de vagas para os PNE nos concursos públicos. Essa é uma discriminação positiva. Exemplo 2: o Estado brasileiro entendeu que os negros não estavam competindo em pé de igualdade com as “pessoas brancas” nos vestibulares das universidades públicas. Assim, hoje, existem cotas para os negros em algumas universidades brasileiras. Esse é outro exemplo de discriminação positiva para garantir a igualdade material e não apenas a igualdade formal. Por fim, essa é uma norma autoaplicável e não é suscetível de regulamentação ou de complementação normativa. x Princípio da legalidade (art. 5º, II) Antigamente, o Estado poderia obrigar as pessoas a fazer praticamente tudo o que ele quisesse. Isso dava margem a uma série de abusos cometidos pelo Estado. Hoje em dia, a Constituição protege os cidadãos e diz que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Em relação aos deveres e obrigações de fazer ou de não fazer alguma coisa, os particulares se submetem a um “regime” diferente do Poder Público. Os particulares podem fazer tudo aquilo que quiserem, desde que não seja proibido por lei. Isso se chama autonomia da vontade. Já o Estado somente pode fazer aquilo que a Lei manda ou permite. Esse é o princípio da legalidade estrita. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 5 O princípio da legalidade, portanto, nos diz que a criação ou modificação de direitos ou obrigações depende de lei. Mas qual tipo de lei? A lei em sentido estrito, ou seja, somente as leis que o Poder Legislativo produz (as leis ordinárias, leis complementares, etc), ou isso pode ser feito pela lei em sentido amplo, englobando também atos normativos infralegais (abaixo da lei)? A doutrina majoritária defende a segunda opção, ou seja, a lei em sentido amplo. Muito próximo ao princípio da legalidade, existe outro princípio chamado de Princípio da Reserva Legal. Ele ocorre quando a CF deixa a regulamentação de algum tema para a lei infraconstitucional, ou seja, a lei que está abaixo da Constituição. A depender de qual tipo de norma pode regulamentar a Constituição, o princípio da Reserva Legal se divide em dois: 1- Reserva Legal Absoluta: quando a disciplina de determinada matéria é reservada, pela Constituição, somente à lei em sentido estrito. Assim, exclui-se qualquer outra fonte infralegal (infra=abaixo; legal=da lei). Assim, somente uma LEI “fabricada pelo poder legislativo” pode regulamentar uma matéria prevista na CF. Ex: a CF diz que a União pode instituir impostos e o Supremo entende que se aplica a reserva legal absoluta. Assim, os impostos somente podem ser criados impostos por uma LEI (aquela produzida pelo Congresso Nacional). 2- Reserva Legal Relativa: quando Constituição também exige a edição de uma lei para sua regulamentação, mas permite que ela apenas fixe os parâmetros de atuação a serem complementados por ato infralegal. Dessa forma, a disciplina de determinada matéria é, em parte, admissível a outra fonte diversa da lei (ex: decreto regulamentar, portarias, instruções normativas, etc.). Ex: a CF diz que a administração pública, se quiser ir às compras, deve realizar licitação...... a esse dispositivo se aplica a reserva legal relativa. Assim, foi editada a lei 8.666/93 para regulamentar esse dispositivo constitucional. Além da lei 8.666/93, vários outros atos normativos infralegais também disciplinam as licitações, como o decreto 5.450/05, a Instrução Normativa 02/08 do MPOG, o decreto 7.174/10, etc. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 6 Estão vendo? A norma constitucional é regulamentada por uma lei e também por atos infralegais (abaixo da lei). Esquematizando:x Direito à vida o Direito de não ser morto e de ter uma vida digna o Não pode ter pena de morte salvo em caso de guerra declarada o Células-tronco: podex Princípio da Igualdade / Isonomia (art. 50, I) o Igualdade material (de fato) e não somente a igualdade formal (perante a lei) o “Igualdade para os iguais e desigualdade para os desiguais, na medida de sua desigualdade” o Discriminações positivas. Ex: vagas para PNE em concursos públicos o É autoaplicável e NÃO é suscetível de regulamentação ou de complementação normativa.x Princípio da legalidade (art. 50, II) o Divergência doutrinária o Particular: autonomia da vontade o Administração pública: só faz o que a lei permitir (legalidade estrita) o Princípio da legalidade: a criação ou modificação de direitos ou obrigações depende de lei (em sentido amplo). o Princípio da reserva legal: quando a CF deixa a regulamentação de algum tema para a lei (norma jurídica regularmente produzida pelo processo legislativo previsto na CF – sentido estrito) Reserva legal absoluta: quando a disciplina de determinada matéria é reservada, pela Constituição, somente à lei em sentido estrito. Assim, exclui-se qualqueroutra fonte infralegal. Reserva legal relativa: quando a disciplina de determinada matéria é, em parte, admissível a outra fonte diversa da lei (ex: decreto regulamentar). INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 7 x Liberdade de consciência, crença e culto Há algum tempo atrás, o Estado determinava que as pessoas acreditassem em um tipo de crença ou religião e essa deveria ser seguida. Caso o cidadão confessasse outra religião ou outra crença, o Estado determinava a sua morte. A Inquisição é um exemplo disso. Hoje em dia, a CF88 estabelece a garantia das pessoas que “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei”. Assim, a CF estabelece que não se pode privar ninguém de direitos, ou seja, não se pode restringir o direito de ninguém, só porque ela pensa diferente ou crê em alguma religião diferente, a não ser que isso seja usado como desculpa para se esquivar de uma obrigação imposta a todos pela lei. Exemplo: todo homem tem que servir o exército brasileiro assim que completa 18 anos. Isso é uma obrigação legal que é imposta a todos pela lei. No entanto, se uma determinada pessoa fala que é contra a violência e que isso vai contra suas crenças, tudo bem: o Estado não obrigará esse indivíduo a servir o exército. Mas ele terá que cumprir uma prestação alternativa. Por outro lado, se a pessoa se recusa a servir o exército e também se recusa a prestar a pena alternativa, ela estará se esquivando de suas obrigações legais e, nesse caso, poderá sim haver restrição de direitos (no caso, ele perde os direitos políticos). Além disso, a lei deve proteger os locais de culto, liturgias e cerimônias e assegurar a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva (ex: presídios). x Liberdade de manifestação do pensamento (art. 5º, IV) Hoje em dia, cada um pode expressar o seu pensamento como quiser. Antigamente isso não era permitido. Porém, é vedado o anonimato, pois, caso essa manifestação cause dano a alguém, haverá o direito a indenização além do direito de resposta proporcional ao dano (agravo) causado. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 8 Recentemente, o STF decidiu que não se precisa de diploma para exercer a profissão de jornalista, justamente para ampliar o direito de liberdade de manifestação de pensamento. Além disso, é vedada instauração de Inquérito Policial ou Denúncia exclusivamente com base em denúncia anônima. Dessa forma, as autoridades públicas devem coletar mais provas (indícios de autoria e materialidade do crime) para que seja aberto o inquérito policial ou a ação penal. Explicando melhor: o inquérito policial é um procedimento investigativo que ocorre antes de ser instaurada a ação penal. Ele serve justamente para coletar provas para que a ação penal seja instaurada. A denúncia, por sua vez, é o instrumento que inicia a ação penal. Dessa forma, é vedada tanto a instauração da ação penal (por meio da denúncia) quanto de inquérito policial somente com base em denúncia anônima. Observe que a autoridade policial deve sim investigar a denúncia anônima, o que ele não pode é instaurar o inquérito policial antes de coletar mais provas. Igualmente, é vedada a instauração de inquérito policial quando a conduta, claramente, não for um crime, ou seja, não for típica. x Liberdade de atividade intelectual, artística, científica ou de comunicação e indenização em caso de danos Todo indivíduo pode estudar o que quiser, pode exercer a arte como quiser, pesquisar, produzir a ciência como quiser e se comunicar como quiser, independente de licença ou censura. No entanto, se essa arte, comunicação ou pesquisa científica causarem dano a alguém, caberá o direito a indenização. x Inviolabilidade domiciliar Durante o período da ditadura militar, o Estado cometia uma série de abusos, entrando nas casas das pessoas e desrespeitando seus direitos a intimidade e a vida privada. Hoje em dia, o Estado não pode entrar na casa das pessoas como bem entender. Ele só poderá fazê-lo em três casos: INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 9 1- Com o consentimento do morador. Nesse caso, obviamente, se o morador permite, pode-se entrar em sua casa a qualquer horário, de dia ou de noite, com ou sem ordem judicial. 2- Em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro. Nesse caso, também se pode entrar na casa de alguém a qualquer horário, de dia ou de noite e independente de ordem judicial. 3- Por determinação judicial. Nesse último caso, o Estado, em regra, somente pode entrar na casa de alguém durante o dia. x Excepcionalmente, o STF recentemente decidiu que para instalar escuta policial em um escritório de advocacia que era usado para cometimento de crimes, PODE-SE entrar a noite (lembrando: sempre com autorização judicial). Uma última observação quanto a esse direito é que o conceito de casa é bastante amplo, sendo entendido como a residência, domicílio ou o local onde a pessoa exerce sua profissão, desde que seja restrito ao público. Ex: escritório, garagens, consultório médico, quarto de hotel etc. x Liberdade de profissão A Constituição estabelece que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que atendidas as qualificações que a lei estabelecer. Assim, qualquer pessoa pode exercer qualquer profissão, desde que cumpra os requisitos previstos na lei. Essa é uma norma de eficácia contida, ou seja, que pode ser exercida plenamente até que seja criada uma lei que restrinja esse direito. Como exemplo, desde a promulgação da CF, qualquer um pode exercer a profissão de borracheiro, sem ter que preencher nenhum requisito ou obter autorização. No entanto, se uma lei for promulgada e regulamentar a profissão de borracheiro, em tese, ela pode exigir que, a partir daquele momento, essa profissão só poderá ser exercida por profissional com curso em engenharia mecânica. Estão vendo? Um direito que era amplo passa a ser mais restrito. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 10 x Liberdade de informação Todos têm direito ao acesso à informação, resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. Tomemos como exemplo um jornalista, que não precisa divulgar de onde vieram as informações que ele publicou. No entanto, ele se responsabiliza pelas informações divulgadas, devendo indenizar o prejudicado, caso haja danos indevidos. O STF também decidiu que a proibição de divulgação de pesquisas eleitorais quinze dias antes do pleito é inconstitucional (Adin 3.741). Assim, é permitida a divulgação de pesquisas eleitorais a qualquer momento antes do pleito. Além disso, o direito à informação não é absoluto, podendo haver sigilo quando este for imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (confira a Lei nº 12.527). Esquematizando: INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 11 x Liberdade de consciência, crença e culto o Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa, filosófica ou política Salvo se as invocar para eximir-se de obrigação a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa o A lei deve proteger os locais de culto, liturgias e cerimônias (eficácia LTDA) Liberdade de culto (eficácia plena) o Assegurada prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva x Liberdade de manifestação dopensamento (art. 50, IV) o Vedado o anonimato o Assegura o direito de resposta proporcional ao agravo e indenização em caso de dano (art. 50, V) o Não precisa diploma para ser jornalista o Vedado instauração de Inquérito - exclusivamente com base em denúncia anônima Policial ou Denúncia - quando a conduta é atípica (HC 82.969)x Liberdade de atividade intelectual, artística, científica ou de comunicação e indenização em caso de danos o Não precisa de licença o Independente de censura o Se causar dano, tem que indenizar x Inviolabilidade domiciliar o Salvo por 1 – Consentimento: dia e noite, com ou sem ordem judicial 2 - Flagrante delito, desastre ou prestar socorro: dia e noite, com ou sem ordem judicial 3 - Determinação judicial - Regra: durante o DIA - Exceção: Para instalar escuta policial PODE a noite (com autorização judicial) o Casa = domicílio, escritório, garagens, consultório médico, quarto de hotel... Qualquer lugar restrito ao públicox Liberdade de profissão o Atendidas as qualificações que a lei estabelecer (eficácia Contida) x Liberdade de informação: o Acesso a informação, resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional o Não é absoluto: segurança da sociedade e do Estado (Lei 12.527) INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 12 x Liberdade de locomoção Todos podem entrar, permanecer e sair do país com seus bens, nos termos da lei e em tempos de paz. No entanto, esse direito pode sofrer restrições nos Estados de Defesa e de Sítio. x Requisição Em regra, o Estado não pode se utilizar da propriedade de alguém. O direito de propriedade é bastante precioso para as pessoas. No entanto, excepcionalmente, em caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar da propriedade particular. Essa utilização pode ser feita sem autorização judicial, devido à urgência (iminente perigo público). Caso haja algum dano, é assegurada indenização ao proprietário dos bens utilizados. No entanto, essa indenização é sempre posterior ao uso e somente ocorrerá se houver dano ao patrimônio do particular, não sendo cabível indenização somente pelo uso da propriedade. x Direito de herança e estatuto sucessório Todos possuem o direito de herança. Caso o “de cujus” (o morto) seja estrangeiro, a Constituição dá uma “colher de chá” para os herdeiros e prevê que deve ser aplicada a lei mais favorável: ou do Brasil ou a do de cujus. Ressalta-se que pode haver imposto sobre a herança e que tal tributo é de competência estadual. x Direito de propriedade intelectual, industrial e de direitos autorais A CF88 assegura a todos o direito de propriedade intelectual, industrial e de direitos autorais. No entanto, algumas regras devem ser seguidas: 1- A propriedade intelectual e de direitos autorais é permanente para o autor e temporária para os sucessores. 2- Já a propriedade industrial é sempre temporária. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 13 x Direito de reunião em locais abertos ao público A Constituição assegura que todas as pessoas podem se reunir em locais abertos ao público (ex: passeatas e manifestações). No entanto, essa reunião deve seguir 3 regras: 1- Ser pacífica. 2- Sem armas. Desse dispositivo, decorre o fato de que uma reunião de policiais manifestando pelo seu direito de greve ou por melhores salários, por exemplo, deve ser sem armas. 3- É necessário o aviso prévio às autoridades competentes. ATENÇÃO: não é preciso pedir AUTORIZAÇÃO e sim apenas o aviso prévio para preparação antecipada do poder público, como organização, policiamento, desvio de trânsito etc. O aviso prévio serve também para que não se frustre outra reunião que esteja anteriormente agendada para o mesmo local. O direito de reunião pode ser restringido no Estado de Defesa e suspenso no Estado de Sítio e, caso seja violado, o remédio correto a ser utilizado é o mandado de segurança (geralmente, as questões de prova dizem que é habeas corpus, cuidado!). x Sigilo de correspondência, comunicações telegráficas, de dados e telefônicas O artigo 5º, XII versa que “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”. Se fizermos uma leitura desatenta deste inciso, podemos chegar a uma conclusão errônea de que somente o sigilo das comunicações telefônicas pode ser quebrado. No entanto todos os sigilos podem ser relativizados e não apenas o das comunicações telefônicas. Além disso, os sigilos de correspondência e comunicações podem ser restritos nos Estados de Sítio e de Defesa (art. 139, III e 136, § 1º, I). INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 14 Uma observação bastante curiosa: o contraditório e ampla defesa são POSTERIORES à quebra dos sigilos. Contraditório e ampla defesa são duas garantias constitucionais que estabelecem que todos os que estão sendo acusados de alguma irregularidade possuem o direito de responder às acusações, ou seja, de contestar as acusações e dar a sua versão dos fatos. Além disso, todos têm o direito de produzir as provas da maneira mais ampla possível (desde que de acordo com a lei). No entanto, quando acontecem algumas quebras de sigilo, o contraditório e a ampla defesa ocorrem somente após a quebra. Imagine só um traficante sendo investigado pela polícia. É óbvio que primeiro se faz a quebra do sigilo das comunicações para somente depois ser oferecido o contraditório e a ampla defesa ao traficante. Caso ocorresse o contrário, o criminoso já saberia de antemão que estaria sendo investigado e as investigações restariam frustradas. o Sigilo das comunicações telefônicas Quando se fala em quebra das comunicações telefônicas, está se falando em “grampo”. Assim, por ser a intimidade um direito bastante sensível, a CF88 estabelece que as comunicações telefônicas podem ser quebradas apenas: 1- Por ordem Judicial E 2- Somente para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Além disso, pode-se usar uma prova legalmente autorizada e gerada em processo criminal para instruir processo administrativo ou civil. Atenção: em âmbito administrativo ou civil JAMAIS poderá haver a quebra do sigilo das comunicações. No entanto, se a prova for legalmente gerada em processo criminal, pode-se aproveitá-la para instruir processo administrativo ou civil. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 15 Por fim, devemos distinguir três conceitos: x Interceptação telefônica: é a gravação da conversa feita por um terceiro. Ex: por ordem judicial, um policial grava a conversa entre duas pessoas (“A” e “B”). x Escuta telefônica: é a gravação da conversa feita por um terceiro, mas com o conhecimento de apenas um dos interlocutores. Ex: “A” grava uma conversa entre “B” e “C”, mas com o conhecimento apenas de “B”. x Gravação telefônica: é a gravação da conversa feita por um dos interlocutores do diálogo, sem a ciência ou o conhecimento do outro. Ex: “A” grava a conversa que teve com “B” sem que este saiba que está sendo gravado. A ESCUTA e a GRAVAÇÃO telefônicas, por não serem interceptação em sentido estrito, a depender do caso concreto, podem ser usadas como provas lícitas e independente de ordem judicial (legítima defesa, por exemplo). o Sigilo bancário O sigilo bancário pode ser quebrado por: 1- Juiz 2- CPI Quanto à CPI, esta, ao quebrar o sigilo bancário de alguém, tem que fundamentar em fatos específicos ea quebra deve ter duração determinada. Duas observações importantíssimas: 1- O Ministério Público não pode quebrar o sigilo bancário. Deve haver ordem judicial (Inq. 2.245, Rel Min Joaquim Barbosa). No entanto, ressalta-se o fato de que já houve um caso em que o STF afastou seu entendimento tradicional sobre a incompetência INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 16 do MP em determinar a quebra do sigilo bancário para permiti-la, visando proteger o patrimônio público (MS 21.729/DF). 2- Autoridades Tributárias também NÃO PODEM quebrar sigilo bancário. Existe bastante discussão acerca da possibilidade das autoridades tributárias realizarem a quebra do sigilo bancário em procedimentos fiscais. Observe o art. 6º da Lei Complementar 105: “As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.” No entanto, o STF já decidiu que “Conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à Receita Federal – parte na relação jurídico-tributária – o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte” (RE 389.808). Apesar de a decisão do STF ter sido somente para o caso concreto, possuindo validade apenas para as partes do processo, a melhor doutrina entende que o posicionamento já é no sentido de não permitir que as autoridades tributárias quebrem o sigilo bancário. Por fim, o Supremo Tribunal Federal entende que é possível a interceptação de carta de presidiário pela administração penitenciária, por questões de segurança pública. Esquematizando: INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 19 x Direito de associação Outra proteção dos cidadãos frente ao Estado é que a Constituição assegura o direito de associação, independente de autorização do Estado. No entanto, essa liberdade não é plena: são vedadas associações de caráter paramilitar. Associações paramilitares são corporações particulares de cidadãos armados, fardados e adestrados, que não fazem parte do exército ou da polícia de um país. Aqui, devemos fazer uma distinção que não é tão importante para fins de provas, mas é de extrema relevância para a compreensão da matéria: o Associação: reunião de um grupo de pessoas ou de entidades em busca de interesses comuns, sejam eles econômicos, sociais, filantrópicos, científicos, políticos ou culturais. o Cooperativa: associação com fins econômicos e participação no mercado. Para que as pessoas se reúnam em forma de cooperativas, não é necessária autorização do Estado, desde que seja na forma da lei. Já para que as pessoas se reúnam em forma de associações, não é necessária autorização do Estado e nem de ser na forma da lei. É também vedada a interferência estatal em seu funcionamento. Uma outra observação importante: a única forma de se DISSOLVER COMPULSORIAMENTE uma associação é por sentença judicial transitada em julgado. ATENÇÃO: pode-se SUSPENDER as atividades de uma associação por ordem judicial (não precisa estar transitada em julgado), mas para DISSOLVÊ-LA COMPULSORIAMENTE, somente por sentença judicial transitada em julgado. o Associações: Representação e Substituição Processual Para entendermos esses dois institutos do direito, devemos antes entender o conceito de Legitimidade Ativa: é a capacidade de pedir o direito em juízo (capacidade de entrar com a ação). INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 20 Em regra, somente pode-se entrar no judiciário para proteger direito próprio (em nome próprio). Assim, somente o “dono” do direito pode entrar com uma ação no Poder Judiciário, ou seja, somente o “dono” do direito possui a legitimidade ativa. No entanto, existem dois institutos que são exceções a essa regra: a representação e a substituição processual. A representação processual ocorre quando alguém age para defender direito alheio em nome alheio. Nesse caso, o representado precisa dar uma autorização expressa para o seu representante. Já a substituição processual ocorre quando se age para defender direito alheio em nome próprio. Nesse caso, não é necessária uma autorização expressa do representado. Pois bem, as associações podem representar os seus associados. Lembre-se de que é necessária autorização expressa e específica, pois é caso de representação processual. No entanto, não se precisa de autorização expressa de cada associado individualmente, podendo tal autorização ser feita em assembleia. Outra observação importante é que as associações podem representar o associado nas esferas civil e administrativa, judicial e extrajudicial, mas não podem representar o associado em direito penal. Além disso, as associações legalmente constituídas há pelo menos 1 ano e em defesa de seus membros e associados podem impetrar o mandado de segurança coletivo. Nesse caso (e somente nesse), a associação será substituta processual, não precisando de autorização dos associados, bastando uma autorização genérica no estatuto. Por último, o sindicato é substituto processual irrestrito na defesa de direitos dos trabalhadores. Esquematizando: INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 22 x Direito de informação de órgãos públicos A Constituição Federal assegura a todos o direito de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, coletivo ou geral, por exemplo: informações sobre licitações e contratos públicos. No entanto, o Poder Público pode fazer sigilo se a informação for necessária à segurança da sociedade e do Estado. Atenção: O direito de informação de órgãos públicos é diferente do direito de petição ou de certidão (os próximos direitos a serem estudados). Cuidado para não confundir! x Direito de petição e obtenção de certidões A Constituição assegura o direito de qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeira, de obter certidões em repartições públicas em defesa de direitos ou esclarecimentos de interesse pessoal; ou ainda, de peticionar (pedir) aos mesmos em defesa de seus direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. Esse direito pode ser exercido independentemente de taxas ou de advogado e é um remédio administrativo. O prazo para que a Administração emita as certidões é, em regra, de 15 dias (Não confunda com o prazo de 20 dias para as informações da lei de acesso à informação) e, caso a mesma não se manifeste, o remédio judicial correto para proteger o direito será o Mandado de Segurança (cuidado! Muitas questões de prova dizem que é o habeas data!). ATENÇÃO: Direito petição e certidão é diferente de capacidade postulatória. Esta última é a capacidade que o advogado tem de “conversar com o juiz”/agir em juízo. Dessa forma, em regra, para que possamos entrar com alguma ação no judiciário, devemos fazê-lo por meio de um advogado, pois esse é o único que possui a capacidade de agir em juízo (capacidade postulatória). o Depósito prévio da quantia questionada: VEDADO (não pode) O STF entende que é vedado o depósito prévio da quantia questionada para se entrar com recurso administrativo (súmula vinculante 21) e também para que o particular discuta a exigibilidade de crédito tributário com uma ação no judiciário (súmula vinculante 28). INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso23 Explicando melhor, caso um particular esteja disputando com o Estado sobre alguma quantia (exemplo, uma multa) e pretenda entrar com um recurso administrativo, ele não precisa pagar previamente a quantia questionada. Dessa forma, ele pode primeiro entrar com o recurso, para, somente se perder, pagar a quantia questionada. O mesmo entendimento vale para as ações no judiciário em que se discuta exigibilidade de crédito tributário. Esquematizando: x Direito de informação de órgãos públicos o Receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, coletivo ou geral Não é direito de petição nem de certidão. Poder público pode fazer sigilo se a informação for necessária à segurança da sociedade e do Estado o Ex: informação sobre licitações e contratos x Direito de petição e obtenção de certidões o Direito de qualquer pessoa - Física ou jurídica - Nacional ou estrangeira o Independente de taxas o Não precisa de advogado o É um remédio administrativo o Petição – aos poderes públicos - Em defesa de direitos - Contra ilegalidade ou abuso de poder o Certidões – em repartições - Defesa de direitos públicas, para - Esclarecimentos de situações de interesse pessoal Prazo das certidões: 15 dias Se a Administração não se manifestar: MS e não HD o Direito petição e certidão é diferente de capacidade postulatória (advogado) o Depósito prévio da quantia • Para RECURSO ADMINISTRATIVO questionada: VEDADO - Súmula Vinculante 21 • Para o acesso ao Judiciário - Exigibilidade de crédito tributário: O Estado não pode exigir depósito prévio para que o particular entre com a ação no judiciário. - Súmula vinculante 28 INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 24 x Princípio do Juiz Natural A CF88 estabelece que: - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; - não haverá juízo ou tribunal de exceção; (Se um tribunal não assegurar as garantias constitucionais às partes em litígio, ele será considerado tribunal de exceção). Assim, a Constituição protege o cidadão porque assegura que todos saibam qual será a autoridade julgadora (o foro competente) antes mesmo de se entrar com uma ação no Poder Judiciário. Por exemplo: imagine que José cometa um crime que choque toda a população nacional e que cause grave comoção de toda a nação. Imagine também que se queira criar um Tribunal somente para julgar esse tipo de crime. O princípio do Juiz Natural assegura que José não poderá ser julgado por esse novo Tribunal, uma vez que sua condenação seria quase certa, pois todos estão comovidos e a autoridade julgadora não seria imparcial. Assim, o Tribunal de exceção é aquele no qual há um órgão julgador que não respeita os direitos do acusado, como o contraditório e a ampla defesa. xxx Outro exemplo: imagine que haja um crime de estupro que comova todo o país. O correto é que o réu seja julgado pelo juiz criminal do local onde o crime foi cometido. Agora imagine que a repercussão foi tamanha que o governo (após o cometimento do crime) resolveu criar um tribunal só para julgar o réu e esse tribunal é composto por parentes da vítima e defensores dos direitos das mulheres. Pergunta: o tribunal será imparcial? NUNCA NESSA VIDA! INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 25 Assim, esse tribunal seria um tribunal de exceção, pois não respeitaria os direitos do réu: além de não ser imparcial, ele ainda foi criado depois do crime (desrespeitando o princípio do juiz natural). xxx Dessa forma, essa garantia constitucional assegura que as regras de julgamento e processo não sejam mudadas durante o jogo. No primeiro exemplo, José será julgado por um Juiz Criminal de primeira instância (se for o caso) e não por um Tribunal criado somente para julgá-lo. Outra observação: o princípio do juiz natural não é válido somente para o Judiciário, mas também para o Legislativo nas causas em que for julgador (Ex: Senado Federal julga o Presidente da República por crime de responsabilidade). x Princípio da inafastabilidade da jurisdição O princípio da inafastabilidade da jurisdição também possui outros nomes: direito de ação, princípio do livre acesso ao judiciário, princípio da ubiquidade da justiça. Ele está previsto no art. 5º, XXXV: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Assim, esse princípio é uma garantia constitucional de que qualquer lesão ou ameaça a qualquer direito pode ser apreciada pelo Poder Judiciário. Isso garante que qualquer pessoa que teve seu direito lesado ou ameaçado pelo Estado ou por outro particular possa buscar a reparação ou proteção no Poder Judiciário. ATENÇÃO: esse direito não se confunde com o direito de petição. Em decorrência dele, não é preciso que se peça primeiro um direito administrativamente (na Receita Federal, INSS etc.) para só depois se recorrer ao judiciário. Qualquer um pode, então, entrar diretamente com a ação no juízo competente (Poder Judiciário), sem precisar pedir primeiro nas vias administrativas. Dessa forma, caso o direito de alguém esteja sendo ameaçado por um ato do Estado, via de regra, pode-se entrar no Judiciário mesmo sem ter INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 26 entrado administrativamente. A isso, dá-se o nome de ausência da jurisdição condicionada ou ausência da instância administrativa de curso forçado. Além disso, em regra, a opção pela via judicial implica renúncia tácita à via administrativa e o processo se extingue no estado em que se encontrar. Dessa forma, se alguém estiver discutindo um direito em âmbito administrativo, ela poderá entrar no judiciário quando bem entender. No entanto, caso entre no judiciário, o processo administrativo será extinto no estado em que se encontrar. Excepcionalmente, exige-se a utilização primária da via administrativa para, somente depois, se poder entrar com a ação no Poder Judiciário. Isso se chama jurisdição condicionada ou instância administrativa de curso forçado e ocorre em 3 casos: 1- Justiça desportiva 2- Habeas Data 3- Reclamação ao STF de ato que contrarie Súmula Vinculante Além disso, o princípio da inafastabilidade da jurisdição não exclui a possibilidade da arbitragem, onde as partes escolhem um “juiz” (árbitro) para julgar a causa. Esse processo costuma ser mais rápido que os processos que correm no Poder Judiciário e possui algumas regras específicas (que não caem em Direito Constitucional – Ufa! Rsrsrsrs) o O Poder Judiciário não pode adentrar em: 1- Atos interna corporis (Ex. Regimento Interno das Casas Legislativas). Exemplo: se durante o processo legislativo (o procedimento que “fabrica” uma lei), ocorrer violação ao Regimento Interno da Casa Legislativa, em regra, o Poder Judiciário não poderá apreciar essa violação, pois isso fere a separação dos poderes. Por outro lado, se o ato ferir, ao mesmo tempo, o Regimento Interno da Casa Legislativa e a Constituição Federal, aí sim, caberá intervenção do Poder Judiciário. Isso acontece não porque o ato violou o Regimento Interno, mas sim porque ele violou a Constituição. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 27 2- Discricionariedade administrativa (conveniência e oportunidade). Por exemplo: a nomeação para um cargo em comissão ou função comissionada não pode ser apreciada pelo poder judiciário quanto ao mérito. Quem decide quem deve ou não ser nomeado para a função é o Administrador. Por outro lado, os referidos atos podem ser apreciados quanto à legalidade. o Taxa judiciária calculada sobre o valor global da causa Em regra, para seentrar com uma ação no Poder Judiciário e se obter uma prestação jurisdicional, deve-se pagar uma taxa. Essa taxa se chama taxa judiciária e é calculada sobre o valor da causa. Dessa forma, quanto maior for o valor da causa, maior será a taxa cobrada para a prestação jurisdicional. No entanto, a taxa judiciária não pode ter um valor ilimitado para que o Estado não enriqueça ilicitamente. Assim, ela deve ter um valor máximo (Não se preocupe com esse valor. Ele não é assunto da sua prova de Direito Constitucional). x Limites à retroatividade da lei A Constituição assegura que “a Lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.” De forma bem resumida: o Direito adquirido: é aquele direito que já foi incorporado ao patrimônio jurídico de uma pessoa, independentemente de já ter sido exercido ou não. Exemplo: se uma pessoa já cumpriu todos os requisitos para se aposentar, mesmo que ela não tenha efetivamente se aposentado, ela já tem o direito adquirido à aposentadoria; o Ato jurídico perfeito: é aquele que cumpriu todos os requisitos para seu aperfeiçoamento, segundo a lei vigente à época que se realizou; INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 28 o Coisa julgada: é aquela ação que o poder judiciário já julgou e contra a qual não cabe mais recurso. Dessa forma, essa garantia constitucional confere a segurança jurídica para os cidadãos, garantindo que nem mesmo uma lei poderá ferir um desses três itens. Uma observação importante é que não se alega direito adquirido frente ao: 1- Poder Constituinte Originário: assim, uma nova Constituição não precisa respeitar o direito adquirido. Ela é ilimitada. Lembre-se que uma Emenda Constitucional (fruto do Poder Constituinte Reformador ou Revisor) não pode desrespeitar o direito adquirido, nem o ato jurídico perfeito e nem a coisa julgada. 2- Criação ou aumento de tributos: ninguém tem o direito adquirido de não pagar impostos (tributos). 3- Mudança de padrão monetário. 4- Regime jurídico de Servidor Uma breve exceção à irretroatividade é que a lei penal pode retroagir para beneficiar o réu. Assim, se a sociedade edita uma lei apenando um crime com uma pena mais branda, não há sentido em manter uma pena mais severa para aqueles que praticaram o crime antes da nova lei. Ao contrário, a lei não pode retroagir para prejudicar o réu. Assim, se a sociedade edita uma lei apenando um crime com uma pena mais severa, essa pena mais grave não pode ser aplicada a quem praticou o crime antes da lei. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 30 x Limites à retroatividade da LEI o Não pode prejudicar o - Direito adquirido - Coisa julgada - Ato jurídico perfeito o Não se alega direito - Poder Constituinte Originário adquirido face ao - Criação ou aumento de tributos - Mudança de padrão monetário - Regime jurídico de Servidor o Pode alegar Direito Adquirido frente ao Poder Constituinte Reformador (EC) e Revisor o Lei penal retroativa para beneficiar: Pode INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 31 x Direito de propriedade O direito de propriedade é um direito de primeira geração e, na época de seu surgimento (durante o liberalismo econômico), era quase que considerado um direito absoluto. Assim, o dono da propriedade podia usar de seus bens da maneira como bem entendesse, não importando se isso era bom ou ruim para a sociedade. Com o passar do tempo, o direito de propriedade não é mais considerado um direito absoluto. Por exemplo: a sociedade não tolera mais que exista um latifúndio improdutivo quando existem milhares de pessoas passando fome. Assim, o direito de propriedade pode sofrer uma série de restrições, como por exemplo: 1- Necessidade ou utilidade pública; 2- Requisição administrativa; 3- Requisição de bens no Estado de Sítio; 4- Desapropriação; 5- A propriedade deve cumprir a sua função social. Função social da propriedade urbana: cumprir o plano diretor. Função social da propriedade rural: CF Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. o Desapropriação A desapropriação é uma forma de relativização (diminuir o alcance) do direito de propriedade. Ela pode ocorrer por três motivos: Interesse social, necessidade pública ou utilidade pública. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 32 Em regra, a indenização será sempre em dinheiro, justa e prévia. No entanto, caso a propriedade não esteja cumprindo a sua função social, poderá haver dois tipos de desapropriação: 1- Desapropriação confiscatória: ocorre quando a terra é usada para o cultivo de plantas psicotrópicas. Nesse caso, não haverá indenização e as terras serão destinadas ao assentamento de colonos. Não confundir com a “desapropriação urbananística” ou com a “desapropriação rural” 2- Desapropriação sanção: nesse tipo de desapropriação, a indenização deve ser justa e prévia. No entanto, ela não será em dinheiro e sim em títulos da dívida do governo, garantida a preservação de seu valor real. a) Desapropriação Urbanística: feita pelo município em imóveis urbanos. Nesse caso, a indenização será feita em títulos da dívida pública resgatáveis em até 10 anos. Na propriedade urbana, a desapropriação-sanção é a última medida: antes, tem IPTU progressivo e parcelamento ou edificação compulsória b) Desapropriação Rural: feita pela União em imóveis rurais e sempre para reforma agrária (por interesse social). Essa modalidade de desapropriação é paga em títulos da dívida agrária resgatáveis a partir do segundo ano de sua emissão e em até 20 anos. As benfeitorias úteis e necessárias são indenizadas em dinheiro. Não se pode desapropriar para reforma agrária a propriedade produtiva e nem a pequena e média propriedade rural, desde que seu proprietário não tenha mais nenhuma outra propriedade rural. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 35 II. PRINCIPAIS DIREITOS E GARANTIAS EM DIREITO PENAL x Presunção de inocência Meus caros Técnicos do Seguro Social, a CF versa, em seu art. 5º, LVII “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Dessa forma evita-se que alguém seja considerado culpado e tenha seus direitos restringidos antes que essa pessoa seja condenada de forma definitiva. Em decorrência desse princípio, a condenação criminal RECORRÍVEL não pode impedir participação de candidato em concursos públicos ou cursos de formação (RE 565.519). x Segurança Jurídica em matéria criminal (Legalidade e anterioridade da lei penal incriminadora) A Constituição nos diz, em seu art. 5º, XXXIX: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Dessa forma, para que alguém seja condenado por algum crime, é necessário que haja uma lei anterior ao cometimento do ato prevendo que aquela conduta é considerada criminosa pela sociedade. Essa exigência evita abusos por parte do Estado. x Irretroatividade da lei penal in pejus A lei penal que apenar um crime com uma pena mais grave não deve ser aplicada aos que cometeram o mesmo crime quando a lei era mais branda.Assim, a lei penal in pejus (que prejudica/que é mais grave) não pode retroagir, devendo ser aplicada sempre prospectivamente (daqui para frente). Uma observação deve ser feita quanto ao crime permanente. Nesse caso, aplica-se a lei mais grave. Explica-se: o crime permanente é aquele que se prolonga durante o tempo. Exemplo: o sequestro. Esse crime é cometido não só no momento da captura, mas também durante todo o tempo em que alguém fica sequestrado. Nesse caso, havendo a edição de uma lei que estabeleça uma pena mais grave para o crime de sequestro, o criminoso será apenado pela nova lei, ou seja, com a pena mais grave. Isso ocorre não porque a lei penal retroagiu, mas sim porque o crime foi cometido durante a vigência da lei mais severa. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 36 O mesmo ocorre para os crimes continuados: se forem cometidos durante a vigência da nova lei mais grave, será aplicada essa nova lei mais grave. O crime continuado ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro. x Quanto à Prisão A CF88 nos traz que alguém somente pode ser preso em duas situações: 1- Em flagrante delito; ou 2- Por ordem fundamentada de Juiz. Atenção: não é sentença transitada em julgado! É sentença FUNDAMENTADA! Ainda quanto a esse direito, o art. 5º, LXVII diz que não haverá prisão civil por dívida, salvo a: a) do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia; e b) do depositário infiel. No entanto, a única hipótese de prisão civil por dívida em nosso ordenamento jurídico é o inadimplemento voluntário e inescusável de pensão alimentícia. Mas a prisão do depositário infiel não está prevista na Constituição? Sim. Está. Mas, segundo o entendimento do STF, o Pacto de San José da Costa Rica (apesar de não ter revogado a Constituição) por ter status supralegal, tornou inaplicável toda a legislação que previa a prisão do depositário infiel. Assim, o depositário infiel não é mais considerado hipótese de prisão civil por dívida. Por fim, deve ser feita uma observação quanto ao uso de algemas. O Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante nº 11, que diz o seguinte: “Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 37 disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado” x Tribunal do Júri O Tribunal do Júri possui a competência constitucional de julgar todos os crimes dolosos (com intenção de matar) contra a vida, salvo foro especial estabelecido pela Constituição FEDERAL. Dessa forma, o foro especial não pode ser estabelecido somente pela Constituição Estadual, devendo ser estabelecido pela Constituição FEDERAL. Assim, a Constituição Estadual não pode retirar competência do Tribunal do Júri. São ainda características do Tribunal do Júri: sigilo das votações, plenitude de defesa e soberania dos veredictos. Como dito, se o réu tiver prerrogativa de função (foro especial), ele será julgado pelo foro especial e não pelo Tribunal do Júri (exemplo: deputados e senadores são julgados pelo STF). Ainda quanto ao foro privilegiado, caso haja corréu (mais de um réu ao mesmo tempo) e um deles tiver foro especial e o outro não: o processo deverá ser desmembrado e cada um julgado pelo foro que lhe couber. x Práticas discriminatórias A Constituição Federal estabelece que as práticas discriminatórias deverão ser punidas por lei: “art. 5º, XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais”. x Proibição de tortura (art. 5º, III) CF art. 5º, III: “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”. Assim, nem mesmo os crimes hediondos podem ser apenados com tortura, por mais horríveis ou cruéis que sejam. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 38 x Racismo x H3T x Ação de Grupos armados o Racismo: o racismo é considerado um crime inafiançável, imprescritível e sujeito à pena de reclusão. Seu conceito deve ser considerado de forma ampla, como qualquer forma de distinção e não apenas quanto a distinções raciais. o A ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático é considerada um crime inafiançável e imprescritível. o H3T – Crimes Hediondos, Tortura, Tráfico e Terrorismo: são crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia. Por outro lado, estes crimes são prescritíveis. Entendendo melhor: a fiança é um instrumento jurídico onde o réu pode responder o processo em liberdade, mediante pagamento de um determinado valor e cumprimento de determinadas obrigações. Assim, mediante pagamento da fiança, é concedida liberdade provisória ao réu. Ela está regulamentada nos arts. 321 a 350 do Código de Processo Penal. A CF prevê no art. 5º, LXVI que ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. Dessa forma, existem alguns crimes que são afiançáveis e outros que não o são. A CF prevê expressamente como crimes inafiançáveis o H3T, o racismo e a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. Esquematizando: INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 40 x Tribunal do Júri o Julga crimes dolosos contra a vida Salvo foro especial estabelecido pela CFx O foro especial não pode ser estabelecido somente pela CE, devendo ser estabelecido pela CF.x A Constituição Estadual não pode retirar competência do Tribunal do Júri o Possui - Sigilo das votações - Plenitude de Defesa - Soberania dos veredictos o Quando um dos réus tem prerrogativa de foro e os outros não (em processos “comuns”): Regra: julga SEPARADO Exceção: pode julgar junto se for trazer prejuízo relevante à prestação jurisdicional Inq 3515/SP o Se o réu tiver prerrogativa de função em processos do tribunal do Juri Sai do Juri A Constituição Estadual não pode retirar competência do Tribunal do Júri Ex: deputados e senadores são julgados pelo STF Se houver corréu: desmembra o processo se 1 deles tem prerrogativa de função e o outro não x Racismo x H3T x Ação de Grupos armados o Racismo Inafiançável e imprescritível Conceito amplo: qualquer forma de distinção Sujeito à pena de reclusão o Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático Inafiançável e imprescritível o H3T – Crimes Hediondos, Tortura, Tráfico e Terrorismo Inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia São prescritíveis INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 41 x Pena Segundo a Constituição, a pena deve ser sempre individualizada, ou seja, não deve passar da pessoa do acusado. Além disso, é vedado pena de: o Caráter perpétuo (penal cível e administrativa); o Banimento; o Trabalhos forçados; o Cruéis; o Morte, salvo em caso de guerra declarada. A Carta Magna estabelece também, no inciso XLVI do art. 5º, alguns tipos de penas (esta lista não é exaustiva): o Privação ou restrição da liberdade; o Perda de bens; o Multa; oPrestação social alternativa; o Suspensão ou interdição de direitos. x Direitos dos presos Os presos possuem direito a: o Integridade física e moral; o A mãe pode amamentar os filhos durante o período de lactação; o Comunicação da prisão e o local onde o preso está ao Juiz e à pessoa indicada. Apesar desse direito, a omissão da comunicação à autoridade competente NÃO é, por si só, causadora da ilegalidade da prisão. o Informação dos direitos dos presos entre os quais o de permanecer calado (direito ao silêncio), sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; Do direito ao silêncio deriva o princípio nemo tenetur se detegere, ou seja, o direito que o acusado tem de não produzir INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 42 prova contra si mesmo. Ele não está expressamente previsto na CF, mas a melhor doutrina diz que ele deriva do direito ao silêncio, previsto no art. 5º, LXIII. Ele se aplica tanto ao direito penal, quanto aos acusados em geral nas esferas cível e administrativa. Em decorrência desse princípio, não é admitida a determinação judicial que obriga a condução de réu a laboratório para coleta de material necessário ao exame de DNA em ação de investigação de paternidade. o Pode haver progressão de pena antes do trânsito em julgado caso haja morosidade da justiça. o Pode haver identificação criminal (o famoso “tocar piano”) se o sujeito não for identificado civilmente, ou, mesmo civilmente identificado em alguns casos, nos termos da lei. o A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. o Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. o Identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial. x Ação penal privada subsidiária da Pública A regra é que a titularidade da ação penal é do Ministério Público (MP). Assim, o MP é o “dono” da ação penal e ela é PÚBLICA. No entanto, em caso de inércia do MP em entrar com a ação penal ou em dar andamento à mesma, caberá a ação penal privada subsidiária da pública. Entretanto, a referida ação não retira o caráter privativo da ação penal pública (que é do Ministério Público). Exemplo 1: o crime de homicídio é um crime de ação penal pública. Caso seja instaurada uma ação penal por este crime, ela sempre será pública e o MP sempre será o titular da ação. Dessa forma, ainda que a família da vítima acompanhe os atos processuais, ajude o Ministério Público e a polícia ou até mesmo não queira que a ação seja instaurada, o “dono da ação” sempre será o parquet (MP), sendo ele quem decide sobre a instauração da ação e quem pratica os atos processuais. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 43 No entanto, caso o Ministério Público seja desidioso na propositura ou na condução da ação, aí sim caberá a ação penal privada subsidiária da pública. Exemplo 2: a calúnia é um crime de ação penal privada. Para que alguém seja processado por este crime, o ofendido deve entrar com a ação penal contra o agressor, não podendo o MP instaurar a ação sozinho. Para a sua prova de Direito Constitucional, não é necessário saber quais crimes são de ação penal pública ou privada, bastando as informações colocadas aqui. x Devido processo legal A CF88 traz em seu art. 5º: LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Dessa forma, o devido processo legal é uma garantia ao cidadão de que ele não será privado de direitos sem que haja um processo para que ele se defenda e ofereça seu ponto de vista e a sua versão para os fatos. Importante ressaltar que, em regra, possuem esses direitos os litigantes em processo judicial (penal ou civil) ou administrativo. Entretanto, não possuem ampla defesa e contraditório: Inquérito policial, CPI e Sindicância que implique em Processo Administrativo Disciplinar. Explica-se: o inquérito policial é um procedimento investigativo feito pela polícia para coletar provas que embasarão a ação penal. Assim, ele é anterior à propositura da ação penal. Dessa forma, o inquérito policial é um procedimento inquisitório e não possui a ampla defesa e o contraditório porque eles serão oferecidos ao acusado durante a ação penal. Já a CPI possui o único objetivo de apurar fatos. Ela não processa, julga ou aplica penalidades a ninguém. Assim, não são necessários o contraditório e a ampla defesa se alguém não pode ter seus direitos restringidos. Por outro lado, caso a CPI encaminhe as suas conclusões para o Ministério Público e este inicie INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 44 uma ação penal, aí sim, serão oferecidos o contraditório e a ampla defesa (na ação penal e não na CPI). Já a sindicância que implique em PAD não possui o contraditório e ampla defesa, pois estes serão oferecidos no decorrer do PAD. Além disso, o devido processo legal deve ser encarado de duas formas: o Devido processo legal formal – se refere ao processo (procedimento) em si. Assim, o procedimento que priva alguém de sua liberdade ou de seus bens deve ser devidamente regulamentado. o Devido processo legal substantivo ou material – além de ser regulamentado, o processo deve ser realmente capaz de oferecer o contraditório e a ampla defesa e os meios de produção de provas pertinentes. Por fim, em âmbito administrativo, não é necessário que as partes sejam representadas por um advogado. No entanto, salvo os casos previstos em lei, o advogado é indispensável para o acesso ao judiciário (penal ou civil). x Provas ilícitas A Constituição estabelece que não são admitidas provas obtidas por meio ilícito. Essa garantia serve para se evitar que, na busca desenfreada por meios de prova, se viole ainda mais os direitos de alguém. Além disso, se uma prova for obtida por meio ilícito e dela derivarem outras provas, todas as provas derivadas da prova ilícita serão também consideradas ilícitas. A isso, dá-se o nome de teoria dos frutos da árvore envenenada. Funciona assim: 1 - Em regra, não são aceitas provas obtidas por meios ilícitos (nem em prol do Estado e nem em prol do particular). 2 – Todas as provas derivadas daquelas obtidas por meio ilícito também são ilícitas (teoria dos frutos da árvore envenenada). 3 - Excepcionalmente, por causa da ampla defesa (uma das facetas do devido processo legal), admite-se a prova obtida por meios ilícitos quando esta INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 45 for indispensável para o exercício do direito fundamental à ampla defesa PELO ACUSADO, para que prove sua inocência. Observe este trecho, bem elucidativo, escrito por Gilmar Mendes e Paulo Branco: "Registre-se, ainda, que o princípio do devido processo legal, em sua face atinente à ampla defesa, autoriza a produção de provas ilícitas pro reo. A garantia da inadmissibilidade das provas obtidas de forma ilícita, como corolário do devido processo legal, é direcionada, em princípio, à acusação (Estado), que detém o ônus da prova. Quando a prova obtida ilicitamente for indispensável para o exercício do direito fundamental à ampla defesa pelo acusado, de forma a provar a sua inocência, não há por que se negar a sua produção no processo. O devido processo legal atua, nesses casos, com dupla função: a de proibição de provas ilícitas e a de garantia da ampla defesa do acusado. Na solução dos casos concretos, há que se estaratento, portanto, para a ponderação entre ambas as garantias constitucionais. A regra da inadmissibilidade de provas ilícitas não deve preponderar quando possa suprimir o exercício da ampla defesa pelo acusado, sob pena de se produzir um verdadeiro paradoxo: a violação ao devido processo legal (ampla defesa) com o fundamento de proteção do próprio devido processo legal (inadmissibilidade de provas ilícitas). Ressalte-se, nesse contexto, que, em alguns casos, a prova ilícita poderá ser produzida pelo próprio interessado, como único meio de sustentar sua inocência, configurando, dessa forma, o estado de necessidade, que exclui a ilicitude do ato. O Supremo Tribunal Federal tem admitido a prova, que em princípio seria ilícita, produzida pelo réu em estado de necessidade, ou legítima defesa, causas excludentes da antijuridicidade da conduta (HC 74.678/SP)." x Assistência jurídica integral e gratuita A Constituição prevê no art. 5º, LXXIV, que o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. Cuidado para não confundir com o próximo direito (as questões de prova costumam inverter os destinatários). INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 46 x Gratuidade nas certidões de nascimento e de óbito aos reconhecidamente pobres A Constituição prevê no art. 5º, LXXVI, que são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro civil de nascimento e a certidão de óbito. x Defesa do consumidor A defesa do consumidor é um direito fundamental constitucional e foi elevado a princípio da ordem econômica. x Razoável duração do processo Para evitar que os processos se arrastem por anos a fio, a todos é assegurada a razoável duração do processo, tanto no âmbito judicial quanto administrativo. x Publicidade dos atos processuais Prevê o art. 5º, LX “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”. Dessa forma, um processo da vara de família pode ser considerado sigiloso, para preservar a intimidade, por exemplo. Portanto, atenção: em regra, os processos do judiciário são públicos. No entanto, a lei poderá sim restringir a publicidade dos mesmos quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. Esquematizando: INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 47 x Pena: personalíssima o Vedado pena de - Caráter perpétuo (penal cível e administrativa) - Banimento - Trabalhos forçados - Cruéis - Morte, salvo em caso de guerra declarada x Direitos dos presos o Integridade física e moral o Mãe amamentar os filhos – pode o Comunicação da prisão e o local onde está ao Juiz e pessoa indicada A omissão da comunicação à autoridade competente NÃO é, por si só, causadora da ilegalidade da prisão o Informação dos direitos dos presos entre os quais o de permanecer calado (direito ao silêncio), sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; Princípio nemo tenetur se detegere (direito de não produzir prova contra si mesmo)x Não está expressamente previsto na CF, mas a melhor doutrina diz que ele deriva do direito ao silêncio,x Se aplica tanto ao direito penal, quanto aos acusados em geral nas esferas cível e administrativa.x Em decorrência desse princípio, não é admitida a determinação judicial que obriga a condução de réu a laboratório para coleta de material necessário ao exame de DNA em ação de investigação de paternidade. o Pode progredir pena antes do trânsito em julgado – morosidade o Pode haver identificação criminal (o famoso “tocar piano”) se o sujeito não for identificado civilmente, ou, mesmo civilmente identificado em alguns casos.. o A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. o Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança x Pode haver identificação criminal - Se não identificado civilmente - Mesmo civilmente identificado em alguns casos x Ação penal privada subsidiária da Pública o No caso de inércia do MP o Não tira a titularidade do MP da ação penal pública INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 49 EXERCÍCIOS 1. (FCC - 2013 - TRT - 6ª Região (PE) - Juiz do Trabalho) A Constituição da República prevê, como mecanismo atrelado ao cumprimento da função social da propriedade, a a) impossibilidade absoluta de desapropriação da pequena e média propriedade rural, para fins de reforma agrária. b) desapropriação para fins de reforma agrária, mediante indenização em títulos da dívida pública, de glebas em que localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas. c) instituição de imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo, sucessivamente a parcelamento ou edificação compulsórios. d) usucapião de área urbana de até cinquenta hectares, por quem a possua, ininterruptamente e sem oposição, por cinco anos. e) requisição de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano. Item A - ERRADO. Essa impossibilidade não é absoluta, pois se o proprietário tiver mais de uma propriedade, poderá haver a desapropriação para fins de reforma agrária. Item B - ERRADO. Na desapropriação para fins de reforma agrária, a indenização é feita em títulos da dívida agrária, resgatáveis a partir do segundo ano de sua emissão e em até 20 anos. Já na desapropriação de terras usadas para o cultivo ilegal de plantas psicotrópicas não há indenização! Item C - CERTO. Conforme o art. 182, §4º, I e II da CF. Item D - ERRADO. Art. 183 da CF: “Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.” Item E - ERRADO. Item maldoso! Apesar de o enunciado com relação à requisição de bens estar correto, esse não é o mecanismo atrelado ao cumprimento da função social da propriedade. Gabarito: C 2. (FCC - 2013 - PGE-BA - Analista de Procuradoria - Área de Apoio Administrativo) O princípio segundo o qual todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 50 natureza, garantindo-se a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, aplica-se, conforme expressa disposição constitucional e em relação ao enunciado no art. 5º: a) aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País. b) aos brasileiros natos e naturalizados. c) aos brasileiros natos. d) aos brasileiros que estejam dentro ou fora do País. e) indistintamente a todos os que estejam no território nacional. Observe o caput do art. 5º: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)” Além disso, o Supremo já decidiu que os direitos fundamentais se aplicam a TODOS os brasileiros e estrangeiros, residentes ou não no Brasil. Aplicam-se a pessoas físicas e jurídicas, ao Estado e nas relações entre particulares. Lembre-se do princípio da universalidade! Gabarito: A 3. (FCC - 2013 - MPE-SE - Analista - Direito) Após 30 anos do cometimento de crime praticado por grupo civil armado contra a ordem constitucional e o Estado Democrático foram os autores finalmente identificados, tendo sido proposta aação penal em face dos criminosos. Nesse caso, a) não poderá ser decretada a prescrição, uma vez que constituiu crime imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. b) não poderá ser decretada a prescrição, uma vez que constituiu crime imprescritível, além da tortura, a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. c) não poderá ser decretada a prescrição, uma vez que constituiu crime imprescritível, além do terrorismo, a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. d) poderá ser acolhida a prescrição caso esteja configurada, uma vez que, em razão do princípio da segurança jurídica, não há crime imprescritível. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 51 e) poderá ser acolhida a prescrição caso configurada, uma vez que apenas o terrorismo e a tortura são crimes imprescritíveis. Os crimes cometidos por grupos civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático são imprescritíveis, ou seja, a ação penal pode ser proposta independentemente de quanto tempo passar. Vamos a um esquema para consolidar bem o assunto: x Racismo x H3T x Ação de Grupos armados o Racismo Inafiançável e imprescritível Conceito amplo: qualquer forma de distinção Sujeito à pena de reclusão o Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático Inafiançável e imprescritível o H3T – Crimes Hediondos, Tortura, Tráfico e Terrorismo Inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia São prescritíveis Gabarito: A 4. (FCC - 2013 - PGE-BA - Analista de Procuradoria - Área de Apoio Administrativo) O princípio segundo o qual a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, denomina-se : a) da proteção à coisa julgada e ao ato jurídico perfeito. b) da exclusiva proteção de bens jurídicos. c) da legalidade d) da inafastabilidade do controle jurisdicional. e) da legitimidade popular. Lembrando que este princípio é conhecido também por outros nomes como: direito de ação; princípio do livre acesso ao judiciário e princípio da ubiquidade da justiça. Ele é uma garantia constitucional de que qualquer lesão ou ameaça a qualquer direito pode ser apreciada pelo Poder Judiciário. Isso garante que qualquer pessoa que teve seu direito lesado ou ameaçado pelo Estado ou por outro particular possa buscar a reparação ou proteção no Poder Judiciário. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 52 Gabarito: D 5. (FCC - 2013 - TRT - 12ª Região (SC) - Analista Judiciário - Área Judiciária) Diante da disciplina constitucional dos direitos e garantias fundamentais, a busca e apreensão de documentos em escritório de advocacia, sendo o advogado investigado, a) independe de autorização judicial, na medida em que o local de trabalho não goza da proteção constitucional conferida ao domicílio dos indivíduos. b) dependerá de determinação judicial que especifique o âmbito de abrangência da medida, a fim de que não recaia sobre a esfera de direitos de não investigados. c) somente é admitida na hipótese de flagrante delito. d) poderá ser executada mediante determinação judicial que determine a quebra do sigilo profissional, embora sem restrição de horário para cumprimento, por não se tratar do domicílio do investigado. e) não é admitida em hipótese alguma, em virtude da extensão da inviolabilidade de domicílio ao local de trabalho do advogado, qualificado que é pela garantia constitucional do sigilo profissional. A busca e apreensão de documentos em escritório de advocacia envolve a inviolabilidade de domicílio. Vamos revisar as situações onde o Estado pode entrar na casa de alguém (a questão se encaixa na situação 3): 1- Com o consentimento do morador. Nesse caso, obviamente, se o morador permite, pode-se entrar em sua casa a qualquer horário, de dia ou de noite, com ou sem ordem judicial. 2- Em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro. Nesse caso, também se pode entrar na casa de alguém a qualquer horário, de dia ou de noite e independente de ordem judicial. 3- Por determinação judicial. Nesse último caso, o Estado, em regra, somente pode entrar na casa de alguém durante o dia. x Excepcionalmente, o STF recentemente decidiu que para instalar escuta policial em um escritório de advocacia que era usado para cometimento de crimes, PODE-SE entrar a noite (lembrando: sempre com autorização judicial). Gabarito: B 6. (FCC - 2013 - TRT - 12ª Região (SC) - Técnico Judiciário) Sobre a disciplina das garantias processuais na Constituição Federal brasileira, considere: INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 53 I. O contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, são assegurados aos litigantes tanto em processo judicial como em processo administrativo. II. São inadmissíveis no processo as provas obtidas por meios ilícitos, salvo ratificação posterior pela autoridade judiciária competente. III. Ninguém será processado senão pela autoridade competente. IV. A publicidade dos atos processuais somente poderá ser restrita por lei quando o interesse social o exigir. Está correto o que se afirma APENAS em: a) I e III. b) II e IV. c) I, II e III. d) I, III e IV. e) II, III e IV. Item I – CERTO. É o exato texto do art. 5º, LV da CF. Item II - ERRADO. A exceção nesse caso será quando a prova ilícita for indispensável para o exercício do direito fundamental à ampla defesa, pelo acusado, para que prove sua inocência. Item III - CERTO. É o exato texto do Art. 5º, LIII da CF. Esse é um dos incisos que estabelece o princípio do juiz natural! Item IV - ERRADO. Não só quando o interesse social exigir, mas também quando se quiser buscar a defesa da intimidade. É o que diz o art. 5º, LX da CF. Gabarito: A 7. (FCC - 2013 - AL-PB - Procurador) Em relação às liberdades públicas constitucionais, é correto afirmar: a) O princípio constitucional da inviolabilidade do sigilo de correspondência somente poderá ser afastado mediante decisão judicial fundamentada, sendo vedada em quaisquer hipóteses a apreensão administrativa de cartas. INSS Aula 01 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 54 b) Para os fins da proteção constitucional a que se refere o art. 5º, XI, da Constituição Federal (inviolabilidade domiciliar), o conceito normativo de ‘casa’ deve ser interpretado como abrangente, estendendo-se a qualquer aposento ocupado de habitação coletiva ou compartimento privado onde alguém exerce profissão ou atividade, compreendendo, inclusive, os consultórios profissionais de médicos e cirurgiões dentistas. c) A privacidade quanto ao sigilo de dados poderá ser, excepcionalmente, afastada para efeitos de investigação criminal pela quebra do sigilo de dados fiscais do contribuinte realizada pela Receita Federal, desde que fundamentada. d) O Tribunal de Contas da União detém legitimidade para requisitar diretamente informações que importem quebra de sigilo bancário. e) A interceptação telefônica será lícita desde que determinada em decisão fundamentada do juiz competente ou de comissão parlamentar de inquérito, quando necessária, como único meio de prova, à apuração de fato delituoso. Item A – ERRADO. O erro está na parte da questão que fala sobre a vedação da apreensão administrativa de cartas. O Supremo Tribunal Federal entende que é possível a interceptação de carta de presidiário pela administração penitenciária, por questões de segurança pública.
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