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Resumo A lingua da Eulalia

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O PNP é natural porque sua lógica de funcionamento segue as tendências naturais da língua, que criam regras que são automaticamente respeitadas pelo falante, ao passo que o PP é artificial por ser uma norma que sofre as limitações impostas pela sua padronização, que e dita regras para serem memorizadas e que exigem treinamento para serem obedecidas.
O PNP é transmitido de geração para geração, é um patrimônio linguístico que é compartilhado no convívio com a família e com as pessoas da mesma classe social. O PP tem que ser adquirido na escola, por meio principalmente da forma escrita da língua.
As regras do PNP são apreendidas naturalmente pelo falante, enquanto as do PP têm de ser aprendidas, decoradas, memorizadas, exigindo um treinamento linguístico especial da parte do falante.
O PNP é funcional porque trata de eliminar todas as regras desnecessárias e supérfluas, que se repetem e se sobrepõem. Já o PP é redundante porque faz uso de muitas regras para dar conta de um único fenômeno. (Veremos isso quando formos tratar da questão dos plurais em PNP).
O PNP é inovador porque se deixa levar pelas forças vivas de mudança que estão sempre ativas na língua. O PP, que tem o objetivo de se manter inalterado o máximo de tempo possível, é conservador e demora muito a aceitar algum tipo de novidade.
Por ser uma língua familiar, natural, apreendida, o PNP se caracteriza por ter uma forte tradição oral, já que o domínio da língua escrita é privilégio dos que frequentam a escola. Há manifestações escritas do PNP, mas elas representam uma gota d’água num oceano de material escrito em PP.
O PNP, como eu já disse, deixa vir à tona as forças transformadoras da língua e evolui com mais rapidez que o PP, que refreia estas tendências, justamente para impedir que elas o desfigurem muito depressa.
As diferenças linguísticas podem não ser tão grandes, mas as diferenças sociais e econômicas no Brasil são imensas.
Apesar de termos a nona maior economia do mundo, também temos um dos piores sistemas educacionais do planeta, incompatível com o desenvolvimento tecnológico e industrial do país. E a distribuição de renda é a mais injusta do mundo também, com uma grande concentração de riquezas nas mãos de uns poucos. Em nenhum outro país a desigualdade entre ricos e pobres é tão grande quanto aqui no Brasil. Os pobres do Brasil vivem em condições mais miseráveis que as dos pobres de muitos países africanos bem menos desenvolvidos.
Existe na língua portuguesa uma tendência natural em transformar em R o L dos encontros consonantais, e este fenômeno tem até um nome complicado: rotacismo. Quem diz broco em lugar de bloco não é “burro”, não fala “errado” nem é “engraçado”, mas está apenas acompanhando a natural inclinação rotacizante da língua.
Enquanto a língua falada, viva e elétrica, está se mexendo, se transformando, a língua escrita ainda está tentando se acostumar com as mudanças que aconteceram há muito tempo.
Como o PNP é uma língua que está muitíssimo mais ligada à oralidade (à forma falada) do que à ortografia (à forma escrita).

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