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Reforma do Estado

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Nem sempre nossa organização social e política foram pautadas nos ideais do Estado Democrático de Direito, houve um grande processo de evolução no modo de se organizar da sociedade, trazendo novas formas de pensar e de se estruturar. No final do século XVIII, houve a queda do absolutismo, que era um modelo de regime político onde havia um comandante e todos os poderes concentravam-se em suas mãos. Além disso, praticava arbitrariedades, sem levar em consideração cada individuo na coletividade, seus direitos e suas necessidades, causando assim uma grande desigualdade social. A sociedade começou a se revoltar com essa forma de organização, foi quando houve a queda do governo absolutista e o nascimento de ideais liberais, surgindo o Estado de Direito, onde a lei representava o poder que emanava do povo e todos deviam submeter-se a ela, era uma forma de coibir as atrocidades cometidas pelo Estado, fazendo com que se desenvolvesse a garantia dos direitos individuais, inclusive a ampla liberdade econômica. Porém, em meados do século XX, os ideais liberais foram sendo substituídos pelos sociais, relativizando os direitos particulares para dar lugar aos coletivos. Nessa forma de organização política e social, não havia diferença entre público e privado, tudo pertencia ao Estado e a ele cabia prover todas as necessidades, não caberia aqui qualquer tipo de propriedade privada, o Estado era quem praticava a atividade econômica, colocando-o assim afastada da sociedade. Entretanto, o Estado do bem-estar nem chegou a dar resultados e já se instalou uma crise, em vários polos: econômico, político, ideológico, chamada crise do Welfare State. Com isso tanto direitos individuais quanto os coletivos ganham um novo sentido, mais assentados na cumplicidade e na democracia, onde vão ficar mais estruturados com o surgimento da Constituição de 1988, trazendo uma harmonia entre Estado, sociedade e o cidadão. Além disso, limitando a interferência do Estado na economia e dando liberdade ao indivíduo para exercer livremente atividade econômica no País. Não foi só a organização política que sofreu grandes mudanças ao passar do tempo, a máquina estatal e a administração pública também passaram por um processo de evolução. Analisando toda a história, existem três modelos diferentes de Administração Pública, são eles: patrimonialista, burocrática e gerencial. O modelo de administração patrimonialista, que é o mais antigo, era um modelo que tinha como característica a centralização do poder nas mãos do governante. Nesse caso, não se buscava satisfazer as necessidades do interesse público, mas sim do Rei, a quem todos deviam servir. Havia nepotismo, corrupção e muita arbitrariedade. O funcionário público não era qualificado e nem passava por uma seleção para trabalhar, bastava apenas que o Rei escolhesse quem ele queria que trabalhasse. Com o surgimento do Estado Liberal, veio o modelo de administração burocrática, com ideais diferentes do patrimonialismo, buscava inibir abusos do Estado e satisfazer as necessidades do interesse público. Pautado em uma hierarquia funcional rígida, prezava pela profissionalização e pela seleção para funções públicas. A forte característica do modelo burocrático é o formalismo, a preocupação com o procedimento adotado e o controle dos processos de decisão. Esse tipo de administração surgiu em 1930 com o denominado Estado Novo ou Estado Administrativo, após a crise internacional de 1929. Nesse cenário, surgiu o DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público), criado pelo Decreto Lei 579/38, como modo de reorganizar a máquina pública e fazer com que a administração acompanhe a evolução do Estado e da sociedade. Ademais, esse departamento buscava aprimorar a seleção para a ocupação de cargos públicos, afastando qualquer tipo de nepotismo e corrupção. Tudo isso ocorreu no Governo de Getúlio Vargas e o DASP marcou a primeira reforma administrativa, com a pretensão de conciliar a máquina pública com as mudanças do Estado. Entretanto, pela visão apenas em cima de procedimentos, a Administração não conseguiu alcançar resultados desejáveis, impossibilitando a compatibilidade com os avanços da sociedade e do Estado. Paralelo a isso, nasce a Constituição Federal de 1988, como uma forma de reverter esse quadro e dar maior eficiência a máquina estatal. Porém, a CF ainda tinha resquícios da burocracia, com aspectos hierárquicos e não compatíveis com a democracia. Foi nesse momento, que se propôs uma reforma administrativa à Constituição, para que tivesse preceitos do Estado Democrático de Direito e para um melhor serviço prestado pelo governo, em contraposição aos ideais burocráticos. Vai surgindo o modelo administrativo gerencial, prezando pela menor influência do Estado, principalmente na economia, onde o cidadão poderá exercer a atividade econômica, sendo proprietário dos bens utilizados e dos produtos resultantes da atividade. São respeitados princípios como o da livre iniciativa, valorização do trabalho humano, justiça social e existência digna. Nesse caso, o Estado só faz o papel de regulação, mais voltado para a gestão da coisa pública, chamado de Estado regulador, onde só influencia quando a própria sociedade não dá solução. Além disso, os procedimentos vão sendo deixados de lado, para dar lugar ao controle de resultados e a busca pela conquista de metas com a eficiência necessária. Para auxiliar, nessa prestação de serviços e busca pelo resultado, o Estado faz parcerias com sociedades civis, as chamadas entidades paraestatais, que são pessoas jurídicas de direito privado, que prestam atividade de interesse público, mas sem fins lucrativos, o que é uma boa maneira de desestatização do Estado como único prestador de serviços. Alguns autores chamam essas organizações de terceiro setor, como salienta Maria Sylvia Di Pietro,
Seu regime jurídico é predominantemente de direito privado, porém parcialmente derrogado por normas de direito público. Integram o terceiro setor, porque nem se enquadram inteiramente como entidades privadas, nem integram a Administração Pública, direta ou indireta. Incluem-se entre as chamadas organizações não governamentais (ONGs). Todas essas entidades enquadram-se na expressão entidade paraestatal.
Concluímos que ocorreram diversas e importantes mudanças no Estado e na Administração e atualmente, na situação onde nos encontramos, teoricamente a máquina estatal deveria ser bem mais compatível com os avanços da sociedade. Mesmo com uma Constituição baseada do Estado Democrático de Direito e em um modelo mais gerencial de Administração, ainda sim ocorrem abusos por parte de quem detém o poder, interferindo em esferas onde não devia intervir. Além do mais, conseguimos visualizar ainda hoje resquícios burocráticos impedindo que o Estado atenda com eficiência a demanda pública, não satisfazendo assim as necessidades dos indivíduos. Pelo contrário, há uma grande discrepância entre o que a população precisa e o que o Estado consegue prover, causando desprestígio, insegurança e caos.

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