que foram antigas colônias da Grª-Bretanha, mas tambØm como língua estrangeira, devido ao poderio econômico e político do Reino Unido nas primeiras dØcadas deste sØculo e dos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial atØ hoje Ø essencial que se focalize a questªo da pluralidade cultural representada pelos países que usam o inglŒs como língua oficial. AlØm, Ø claro, da motivaçªo educacional implícita nessa percepçªo histórico-social da língua inglesa, tambØm Ø um meio de focalizar as questıes de natureza sociopolítica, que devem ser consideradas no processo de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira. Cabe ressaltar ainda o papel do inglŒs na sociedade atual. Essa língua, que se tornou uma espØcie de língua franca, invade todos os meios de comunicaçªo, o comØrcio, a ciŒncia, a tecnologia no mundo todo. É, em geral, percebida no Brasil como a língua de um œnico país, os Estados Unidos, devido ao seu papel atual na economia internacional. Todavia, o inglŒs Ø usado tªo amplamente como língua estrangeira e língua oficial em tantas partes do mundo, que nªo faz sentido atualmente compreendŒ-lo como a língua de um œnico país. As pessoas podem fazer uso dessa língua estrangeira para seu benefício, apropriando-se dela de modo crítico. É esta concepçªo que se deve ter da aprendizagem de uma língua estrangeira, notadamente do inglŒs: usÆ-lo para se ter acesso ao conhecimento em vÆrios níveis (nas Æreas científicas, nos meios de comunicaçªo, nas relaçıes internacionais entre indivíduos de vÆrias nacionalidades, no usos de tecnologias avançadas etc.). O acesso a essa língua, tendo em vista sua posiçªo no mercado internacional das línguas estrangeiras, por assim dizer, representa para o aluno a possibilidade de se transformar em cidadªo ligado à comunidade global, ao mesmo tempo que pode compreender, com mais clareza, seu vínculo como cidadªo em seu espaço social mais imediato. 50 A importância do inglŒs no mundo contemporâneo, pelos motivos de natureza político-econômica, nªo deixa dœvida sobre a necessidade de aprendŒ-lo. Esses mesmos fatores de natureza sociopolítica devem orientar o trabalho do professor. Nªo se pode ignorar o papel relativo que línguas estrangeiras diferentes tŒm em momentos políticos diversos da história da humanidade (o latim na Øpoca do ImpØrio Romano) e de países específicos (o espanhol atualmente no Brasil). Isso afeta a funçªo social que línguas estrangeiras específicas adquirem ao serem percebidas como sendo de mais prestígio e de mais utilidade, determinando suas inclusıes nos currículos escolares. A consciŒncia dessas questıes deve ser tratada pedagogicamente em sala de aula ao se chamar a atençªo para a utilizaçªo do inglŒs no mundo contemporâneo nas vÆrias Æreas da atividade humana. Solicitar que os alunos atuem como etnógrafos em suas prÆticas sociais, fazendo anotaçıes dos usos de inglŒs ao mesmo tempo que tomam consciŒncia dos vÆrios países que usam esta língua como língua oficial ou língua materna, parece ser essencial para sua conscientizaçªo de aspectos de natureza sociopolítica relacionados à aprendizagem dessa língua. O levantamento de países que usam o inglŒs como língua materna e/ou língua oficial só nas AmØricas (Barbados, Belize, CanadÆ, Dominica, Estados Unidos, Guiana, Granada, Jamaica, Santa Lœcia, Trinidad e Tobago etc.) pode ser, portanto, œtil nessa conscientizaçªo. Ainda na temÆtica de aspectos sociopolíticos referentes à aprendizagem de uma língua estrangeira Ø notÆvel a presença, cada vez maior, do espanhol no Brasil. Sua crescente importância, devido ao Mercosul, tem determinado sua inclusªo nos currículos escolares, principalmente nos estados limítrofes com países onde o espanhol Ø falado. A aprendizagem do espanhol no Brasil e do portuguŒs nos países de língua espanhola na AmØrica Ø tambØm um meio de fortalecimento da AmØrica Latina, pois seus habitantes passam a se (re)conhecerem nªo só como uma força cultural expressiva e mœltipla, mas tambØm política (um bloco de naçıes que podem influenciar a política internacional). Esse interesse cada vez maior pela aprendizagem do espanhol pode contribuir na relativizaçªo do inglŒs como língua estrangeira hegemônica no Brasil, como, aliÆs, igualmente nesse sentido, seria essencial a inserçªo de outras línguas estrangeiras (francŒs, italiano, alemªo etc.) no currículo. Embora em um nível diferente, devido ao papel que os Estados Unidos representam na economia internacional, a mesma vinculaçªo do inglŒs com os Estados Unidos Ø detectada na associaçªo do espanhol com a Espanha no Brasil. Chamar a atençªo por meio de trabalhos de pesquisa para os países que usam o espanhol tanto como língua materna e/ou língua oficial nas AmØricas (Argentina, Bolívia, Chile, Cuba, El Salvador, Equador, Guatemala, Paraguai, Uruguai etc.) traz para a sala de aula aspectos de natureza sociopolítica da 51 aprendizagem de uma língua estrangeira, alØm de contribuir para uma percepçªo intercultural da AmØrica Latina. 52 53 ENSINO E APRENDIZAGEM DE L˝NGUA ESTRANGEIRA NOS TERCEIRO E QUARTO CICLOS Língua Estrangeira e o aluno dos terceiro e quarto ciclos O trabalho com Língua Estrangeira no ensino fundamental exige do professor um aprofundamento sobre alguns aspectos essenciais para a organizaçªo do ensino: a caracterizaçªo dos alunos e a complexidade que representa a aprendizagem de uma outra língua. Os primeiros contatos com a aprendizagem de inglŒs de maneira formal, sistematizada, ocorrem para a maioria dos nossos alunos, no início do terceiro ciclo, período este em que, de modo geral, enfrentam conflitos, representados por transformaçıes significativas relacionadas ao corpo, à sexualidade, ao desenvolvimento cognitivo, à emoçªo, à afetividade, alØm dos relacionados aos aspectos socioculturais. Torna-se bastante difícil traçar um perfil do aluno que chega ao terceiro ciclo, tanto em relaçªo aos aspectos afetivo-emocionais que marcam esse período quanto em relaçªo aos diferentes conhecimentos de língua materna que possuem e os diferentes níveis de familiaridade que apresentam em relaçªo à língua estrangeira. Muito freqüentemente, sem ter ainda uma reflexªo mais aprofundada sobre o funcionamento e uso da língua materna, o aluno se depara com a necessidade de compreender a construçªo do significado na língua estrangeira, com uma organizaçªo diferente das palavras nas frases, das letras nas palavras, um jeito de escrever diferente da forma de falar, outra entonaçªo, outro ritmo. AlØm disso, a passagem para o terceiro ciclo Ø, ainda, tradicionalmente marcada na cultura das escolas brasileiras, como ruptura, tanto da organizaçªo curricular quanto das formas de interaçªo professor-aluno. Aspectos relacionados à organizaçªo do horÆrio em disciplinas com professores diversos, interaçıes diferenciadas, diferentes demandas, condutas, concepçıes. Para muitos alunos, o início do terceiro ciclo Ø tambØm o momento de entrada no mercado de trabalho. A insegurança que todas essas mudanças geralmente representam pode se dar de modo mais marcado ainda no caso da Língua Estrangeira, por representar o início, para muitos deles, de uma aprendizagem totalmente nova. Outro aspecto a ser levado em conta na organizaçªo do ensino diz respeito às características do objeto de conhecimento em questªo. O grau de familiaridade do aluno com a língua estrangeira representa fator crucial nesse aprendizado. A maior ou menor familiaridade estÆ relacionada à classe social de origem do aluno, que lhe confere 54 oportunidades diferenciadas de vivenciar o idioma falado ou escrito, seja pelos meios de comunicaçªo, seja pelas interaçıes sociais de que participa. Contudo, a demanda de conhecimento de língua estrangeira na sociedade