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Hanna Arendt

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METODOLOGIA (JUR1036)
HANNAH ARENDT
INTRODUÇÃO.
A VIDA DE HANNAH ARENDT E OS ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS RELEVANTES.
1906 – Nasceu em Hannover, Alemanha. Família originária de Königsberg (Prússia Oriental).
1914/1918 – I Guerra Mundial.
1918 – Instituição da República de Weimar (09/11).
1919/1923 – Crises na República de Weimar (Hiper-inflação e atentados políticos);
1923/1929 – Período de relativa estabilidade;
1929/1933 – Com a crise de 1929, a República de Weimar retorna à crise e, pela autorização do art. 48, de sua Constituição, permite passivamente a ascensão do Nacional Socialismo (fundado em 1919) ao Poder.[1: 	“Wenn ein Land die ihm nach der Reichverfassung oder den Reichsgesetzen obliegenden Pflichten nicht erfüllt, kann der Reichspräsident es dazu mit Hilfe der bewaffneten Macht anhalten. Der Reichspräsident kann, wenn um Deutschen Reiche die öffentliche Sicherheit und Ordnung erheblich gestört oder gefährdet wird, die zur Wiederherstellung der öffentlichen Sicherheit und Ordnung nötigen Maßnahmen treffen, erforderlichenfalls mit Hilfe der bewaffneten Macht einschreiten. Zu diesem Zwecke darf er vorübergehend die in den Artikeln 114, 115, 117, 118, 123, 124 und 153 festgesetzten Grundrechte ganz oder zum Teil außer Kraft setzen (...)” (artigo 48, da Constituição de Weimar [tradução livre: “Quando um Estado-membro não cumprir um dever determinado pela Constituição ou pelas leis do Reich, pode o Presidente do Reich, com a ajuda das forças armadas, obrigar à prestação. O Presidente do Reich pode, quando o Reich alemão tiver sua segurança e ordem ameaçada ou violada, adotar todas as medidas necessárias ao retorno da segurança e ordem públicas, se for o caso inclusive mediante auxílio das forças armadas. Para esses fins, pode ser suspensa, no todo ou em parte, a eficácia dos seguintes direitos fundamentais estabelecidos nos arts. 114, 115, 117, 118, 123, 124 e 153”]).]
1924/1928 – Estudo de Teologia e Filosofia Clássica. Frequenta as Universidades de Marburg (Heidegger), Freiburg (Husserl) e Heidelberg (Jaspers).
1928 – Defesa de Tese “O Conceito de Amor em Santo Agostinho” (“Lebensbegriff bei Augustin”), orientada por Karl Jaspers.
1929 – Muda para Berlin, onde casa com o Filósofo Günther Anders. Nesta fase, Hannah Arendt pesquisa o romantismo alemão. Sua pesquisa, contudo, é terminada em 1933 (considerando as condições políticas da ascenção de Hitler ao poder). Somente em 1959 é que é publicado seu estudo sobre Rahel Varnhagen, intitulado: “Rahel Varnhagen. Lebensgeschichte einer deutschen Jüdin aus der Romantik”. 
1933 – Após curto período de prisão, por determinação da GESTAPO (Geheime Staatspolizei), foge para Paris, passando por Karlsbad e Genebra. Em Paris, trabalha para diferentes organizações judaicas. Permanece membro da Organização Sionista Mundial até 1943 e inicia sua amizade com Walter Benjamin.
1933 – Hitler assume o poder. A Constituição de Weimar não precisou ser formalmente revogada, mas será substituída toto coelo pelo Führerprinzip.
1935 – Primeira viagem para a Palestina.
1935 – Promulgação das Leis de Nuremberg (“Nurnberger Rassengesetze”) – “Blutschutzgesetz”, “Reichsbürgergesetz”, “Reichsflaggegesetz”.
1940 – Casa-se novamente com o professor de Filosofia Heinrich Blücher.
1941 – Imigra para os Estados Unidos. Lá, passa a trabalhar para o Hebdomadário “Aufbau”.
1941 – Início da Solução Geral/Final (“Gesamtlösung/Endlösung”).
1944/1946 – Organiza a Conferência sobre Relações Judaicas (“Conference on Jewish Relations”).
1946/1949 – Editora-Chefe da Editora Salman Schocken.
1948/1952 – Diretora da Organização da Reconstrução Cultural Judaica (“Jewish Cultural Reconstruction Organization”). Nessa função, retorna à Alemanha pela primeira vez após a II Guerra Mundial.
1947/1956 – Macarthismo americano (Sen. Joseph McCarthy) ou “Second Red Scare”.
1951 – Adquire a nacionalidade americana e publica seu trabalho mais conhecido “As Origens do Totalitarismo” (EUA – “Origins of Totalitarianism”; Alemanha – “Elemente und Ursprünge totaler Herrschaft”, 1955).
1953 – Inicia seu trabalho como Professora na Brooklyn College, em Nova York.
1960 – Publicação de seu texto “A Condição Humana” (EUA – “The Human Condition”; Alemanha – “Vita activa oder vom tätigen Leben”).
1960 – Em maio, Adolf Eichmann é sequestrado por agentes israelenses da Mossad, na Argentina.
1961 – Inicia seus trabalhos como correspondente da revista “New Yorker”, no julgamento de Adolf Eichmann.
1961/1962 – Eichmann é processado, condenado e executado.
1963 – Publicação do livro “Eichmann em Jerusalém: Um relato sobre a banalidade do mal” (EUA – “Eichmann in Jerusalem: A Report on the Banality of Evil”; Alemanha – “Eichmann in Jerusalem. Ein Bericht über die Banalität des Bösen”). No mesmo ano, é publicado o “Sobre a Revolução” (EUA – “On Revolution”; Alemanha – “Über die Revolution”.
1963 – Assassinato do Presidente Kennedy.	
1963/1967 – Torna-se professora da Universidade de Chicago.
1967 – Passa a trabalhar na New School of Social Research, em Nova York
1970 – Publica “Sobre a violência” (EUA – “On Violence”; Alemanha – “Macht und Gewalt”).
1969/1974 – Presidência de Nixon e o Caso Watergate.
1975 – Dezembro: Hannah Arendt morre em Nova York. 
ESTRUTURA DE SEU PENSAMENTO.
Da filosofia à filosofia política. A condenação de Sócrates e a retração do filósofo à vita contemplativa. A cisão entre teoria e práxis (de Platão até Marx/Kierkegaard/Nietzsche).
Vita activa e vita contemplativa.
Vita activa;
Labor/Labour/Travail/Arbeit;
Trabalho/Work/Œuvre/Herstellen;
Ação/Action/Action/Handeln.
Vita contemplativa:
Pensar;
Querer;
Julgar.
Juízo e responsabilidade... A ética da visibilidade... Responsabilidade pessoal pelo exemplo e pela duração do mundo... “A durabilidade não figura só como condição do mundo manufaturado (o poiesic do homo faber). Influencia também nossa opinião, na forma do aquilo-que-me-aparece (doxa). (...) A opinião depende da manutenção de uma imagem consistente e durável no espaço público. É claro que a opinião traz consigo, enre outros, os riscos correntes de dissimulação, fingimento, particularmente no caso do ator político, assim como o risco de ser mal compreendido, mal interpretado, mais frequente no caso do espectador. Na dimensão agonística do domínio público, imprevisível e contingente, a durabilidade e consistência na apresentação de nós mesmos e de quem somos pode promover algum grau de estabilidade. A durabilidade e a consistência se dão nas duas esferas arendtianas, na activa e na vita contemplativa”.[2: 	ASSY, Bethania. Ética, responsabilidade e juízo em Hannah Arendt. São Paulo: Perspectiva, 2015, p. 191/192.]
Público e o privado... A intimidade e o social.
Público – a Publicidade e o Comum...
Privado – O sentido da privação e o seu caráter não-privativo (espaço da necessidade e de retraimento do mundo)...
O social – societas... A perda da experiência original e a discussão em torno do sentido desse “original”...
A intimidade... O processo de criação do self...
Teoria e Praxis...
“Je prétends seulement que l’énorme prestige de la contemplation dans la hiérarchie traditionnelle a estompé les distinctions à l’intérieur de la vita activa elle-même et, qu’en dépit des apparences, cet état de choses n’a pas été essentiellement modifié par la rupture moderne d’avec la tradition ni ensuite par l’inversion de sa hiérarchie chez Marx et chez Nietzche. De par le caractère du fameux ‘renversement’ des systèmes philosophiques ou des valeurs acceptées, donc de par la nature même de l’opération, le cadre conceptuel est demeuré plus ou moins intact”.[3: 	ARENDT, Hannah. La condition humaine. In: L’humaine condition. Paris: Gallimard, 2012, p. 73 (Tradução livre: “Pretendo somente destacar que o enorme prestígio da contemplação na hierarquia tradicional confundiu as distinções no interior da própria vita activa e que, a despeito das aparências, esse estado de coisas não foi essencialmente modificado com a ruptura moderna em face da tradição[i.e., a ruptura ante o totalitarismo], nem em virtude da inversão de sua hierarquia em Marx e Nietzsche. Conforme o caráter da famosa ‘reversão’ dos sistemas políticos e valores aceitos, portanto, a partir da mesma operação, o quadro conceitual permaneceu intacto”).]
O totalitarismo – Delimitações do sistema totalitário (Nazismo/Stalinismo).
O primado do movimento – Amorfismo jurídico .
“Ho aperto la finestra, ho staccato il ghiacciolo, ma subito si è fatto avanti uno grande e grosso che si aggirava là fuori, e me lo ha strappato brutalmente – Warum? – gli ho chiesto nel mio povero tedesco. – Hier ist kein warum, – (qui non c’è perché), mi ha risposto, ricacciandomi dentro con uno spintone. La spiegazione è ripugnante ma semplice: in questo luogo è proibito tutto, non già per riposte ragione, ma perché a tale scopo il campo è stato creato. Se vorremo viverci, bisognerà capirlo presto e bene: ‘… Qui non ha luogo il Santo Volto, qui si nuota altrimenti che nel Serchio!’”.[4: 	LEVI, Primo. Se questo è um uomo. Torino: Einaudi, 1989, p. 46/47 (Tradução livre: “Abro a janela e destaquei um pedaço de gelo, mas de repente apareceu um [soldado] grande e grosso que circulava lá fora, quem brutalmente me tirou o pedaço da mão – Warum? – pergunto, em meu pobre alemão. – Hier ist kein Warum – (aqui não existe ‘por quê’), responde, empurrando-me para trás. A explicação é repugnante, porém simples: neste lugar tudo é proibido, não por motivos inexplicáveis e sim porque o Campo foi criado para isso. Se quisermos viver aqui, precisamos aprender bem e depressa: ‘... Aqui não se encontra a Santa Face, aqui se nada de forma diferente que no Serchio‘”).]
“As Richterbriefe, o modelo de direcionamento da Justiça por meio do Ministério da Justiça do Reich (Justizlenkung durch der Reichsjustizministerium)”, ou ainda, como o Nazismo não foi “juspositivista”...
Desolação... A quebra do espaço privado e do espaço público. O absoluto estar-só no mundo, no pensamento e na comunidade de homens...
A fraternidade e a emigração interna... “Em tempos particularmente sombrios, assegura Arendt, essa humanidade se manifestará sob a forma de fraternidade; mais que isso, ela se tornará inevitável. Frequentemente reconhecida entre os povos párias (...) esse sentimento de fraternidade é restrito, dificilmente atinge outros grupos que não estejam envolvidos na perseguição e escravização. (...) A fraternidade assim exercida leva ao encapsulamento desses homens supérfluos, sem um lugar no mundo, e uma realidade quimérica, frágil, porque afastada do espaço público. Arendt conclui: ‘em tal estado de ausência de mundanidade e realidade, (...) o elemento comum a todos os homens não é o mundo, mas a ‘natureza humana’ de tal e tal tipo. O que seja o tipo depende do intérprete; pouco importa que se ressalte a razão como propriedade de todos os homens ou um sentimento comum a todos, como a capacidade de compaixão”.[5: 	SANTOS, Silvia Gobi Borges dos. Em busca de um lugar no mundo: O conceito de violência em Hannah Arendt. São Paulo: Perspectiva, 2011, p. 128/129.]
A perda da possibilidade de diálogo consigo mesmo... A desconfiança generalizada... “Hannah Arendt, no entanto, também aponta que uma das características do totalitarismo, como forma inédita de governo e dominação, é a desolação, que impede a vida privada e promove o desenraizamento. A desolação faz desaparecer a intimidade, que é, para ela, essencialmente uma descoberta positiva e importante do mundo moderno. A desolação, além do mais, é um óbice à vita contemplativa, pois nela não se dá o estar-só ensejador do diálogo socrático do eu consigo mesmo, que explica a frase atribuída a catão por Cícero: ‘nunquam minus solum esse quam cum solus esset. De fato, na desolação a pessoa está sozinha, porque, não tendo mais identidade, não consegue fazer-se companhia na solidão”.[6: 	LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: Um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. 6. reimp. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 239. A frase atribuída a Catão indica mais ou menos o seguinte: nunca se está só quando se está consigo mesmo.]
PENSANDO A RUPTURA.
Diagnóstico de René Char após os anos da Résistance francesa: “Notre héritage n’est précédé d’aucun testament” (René Char) – o passado que não ilumina mais o futuro. Considerações sobre o “tesouro perdido” da experiência republicana verdadeira.
“Uma das notas típicas do pensamento de Hannah Arendt é a percepção da ruptura. Para ela, a ruptura traduz-se num hiato entre o passado e o futuro, gerado pelo esfacelamento dos padrões e das categorias que compõem o repertório da tradição ocidental”.[7: 	Idem p. 80.]
“Entre passado e futuro” e a parábola de Kafka (The Great Wall of China) – Autoridade (auctoritas – augere) e liberdade (antiga e moderna).[8: 	“Er hat zwei Gegner: der erste bedrängt ihn von hinten, vom Ursprung her. Der Zweite verwehrt ihm den Weg nach vorn. Er kämpft mit beiden. Eigentlich unterstützt ihn der erste im Kampf mit dem Zweiten, denn er will ihn nach vorn drängen und ebenso unterstützt ihn der zweite im Kampf mit dem Ersten; denn er treibt ihn doch zurück. So ist es aber nur theoretisch. Denn es sind ja nicht nur die zwei Gegner da, sondern auch noch er selbst, und wer kennt eigentlich seine Absichten? Immerhin ist es sein Traum, dass er einmal in einem unbewachten Augenblick – dazu gehört allerdings eine Nacht, so finster wie noch keine war – aus der Kampflinie ausspringt und wegen seiner Kampfserfahrung zum Richter über seine miteinander kämpfenden Gegner erhoben wird” (Apud. ARENDT, Hannah. La brèche entre le passé et le futur. In: L’humaine...op.cit., p. 597 [Tradução livre: “Ele possui dois oponentes: o primeiro o pressiona pelas costas, desde as origens. O segundo impede que ele siga seu caminho adiante. Ele luta com ambos. Na verdade, o primeiro o apoia em sua luta com o segundo, pois ele quer lhe empurrar para frente e, na mesma medida, o segundo o ajuda em sua luta com o primeiro; pois ele o empurra de volta à origem. Mas isso é tudo muito teórico. Afinal, não existe só dois oponentes na cena, mas há também o próprio personagem central, contudo quem poderia conhecer seus verdadeiros propósitos? Desde sempre é um sonho seu, que ele consiga, em um piscar de olhos – piscar que corresponde na verdade a uma noite tão escura como jamais existiu –, pular para fora da linha de luta e, em razão de sua experiência, tornar-se juiz face aos seus oponentes”]).]
“A ruptura tem como marco definitivo o totalitarismo enquanto forma de governo e dominação baseada no terror e na ideologia cujo ineditismo as categorias clássicas do pensamento não captam e cujos ‘crimes’ não podem ser julgados pelos padrões morais usuais, nem punidos dentro do quadro de referência dos sistemas jurídicos tradicionais”.[9: 	LAFER, Celso. op.cit., p. 80.]
Conhecimento/Pensamento (Vernunft/Verstand) – “A premência da Vernunft pensar o Verstand impõe-se por força da situação-limite, uma categoria importante na obra de Jaspers que marcou a reflexão de Hannah Arendt. Foi assim que, inspirada pelo seu mestre, ela realçou a relevância de situações-limite como a morte, o combate, a culpa e o sofrimento. Estas, na sua especificidade existencial, instigam o pensar, apontando Hannah Arendt a propriedade e a relevância da categoria de situação-limite nas emergências políticas – como as trazidas pelo totalitarismo – que podem suscitar o pensar vivo, também em matéria de Direito”. [10: 	Idem, 89.]
A deficiência do paradigma da razoabilidade... “(...) [N]uma situação-limite como a do totalitarismo, a lógica do razoável não instiga o pensar, pois a razoabilidade da prudência pressupõe uma certa razoabilidade do mundo em que ela se movimenta e atua. Ora, precisamente uma das originalidades do pensamento de Hannah Arendt é que ela identificou, na sua reflexão, como o totalitarismo não oferece um acesso à racionalidade ou razoabilidade do mundo, mas sim a sua total diluição ou perda”.[11: 	Ibidem, 93.]
O CASO EICHMANN E A BANALIDADEDO MAL.
O rapto e o julgamento de Eichmann...
A discussão sobre a banalidade do mal...
Cidadão cumpridor de Leis... “Quanto á obediência, o próprio Eichmann falou do kadavergehorsam (obediência dos cadáveres); este termo já existia antes de Hitler e foi tomado do exército imperial prussiano. Isto era esperado de todo soldado alemão e considerado uma das suas principais virtudes. Ele fala que teria mandado até seu próprio pai à morte, se isso lhe tivesse sido ordenado; com isso, ele mostrava como estava sujeito às ordens e pronto para obedecê-las, mas também evidenciava que espécie de ‘idealista’ sempre fora”.[12: 	SOUKI, Nádia. Hannah Arendt e a banalidade do mal. Belo Horizonte: EdUFMG, 2006, p. 92.]
O mal... mal “radical” e o “mal banal”... O desafio para o pensamento... “Ao recusar o mal radical, ela crê estar recusando uma interpretação em profundidade, pois vê, na banalidade do mal, não um absoluto, um escondido ou uma essência: ‘(...) o mal não possui profundidade nem dimensão demoníaca (...)’, e ‘(...) essa é sua ‘banalidade’. Somente o bem tem profundidade e pode ser radical’. Ela se opõe a uma ideia de profundidade do mal e propõe uma curiosa interpretação em superfície. Mas essa interpretação cria um impasse à medida que o mal ‘(...) desafia o pensamento’, porque o pensamento tenta atingir a profundidade, tocar as raízes, e no momento em que se ocupa do mal, ele se frustra porque não encontra nada. Eis sua ‘banalidade’’. Pode-se concluir que: a aporia do mal é precisamente seu efeito se superfície, sua própria banalidade”.[13: 	Idem, p. 99.]

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