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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS UNISANTOS MBA PORTOS E LOGÍSTICA EMPRESARIAL A LOGÍSTICA NO APOIO ÀS ATIVIDADES OFFSHORE DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO NAS REGIÕES SUL E SUDESTE DO BRASIL Autor: Fernando das Neves Cerveira de Sousa Orientador: Eduardo Martins Fernandes Paranaguá 2007 A LOGÍSTICA NO APOIO ÀS ATIVIDADES OFFSHORE DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO NAS REGIÕES SUL E SUDESTE DO BRASIL Fernando das Neves Cerveira de Sousa Monografia submetida ao corpo docente da Universidade Católica de Santos como requisito parcial para a conclusão do MBA PORTOS E LOGÍSTICA EMPRESARIAL (curso de pós-graduação lato sensu). Aprovada por: _________________________________________ Prof. Eduardo Martins Fernandes - Orientador M.Sc. em Administração - COPPEAD/UFRJ Paranaguá 2007 i FICHA CATALOGRÁFICA Sousa, Fernando das Neves Cerveira de. A Logística no Apoio às Atividades Offshore de Exploração e Produção de Petróleo nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil / Fernando das Neves Cerveira de Sousa – Paranaguá, 2007. vi, 68 f.: il. Monografia MBA Portos e Logística Empresarial (Pós-Graduação Lato Sensu). Universidade Católica de Santos, 2007. Orientador: Eduardo Martins Fernandes 1. Logística. 2. Atividade Offshore. 3. Portos. 4. Petróleo. 5. Exploração. 6. Produção I. Fernandes, Eduardo Martins (Orient.). II. Universidade Católica de Santos. III. A Logística no Apoio às Atividades Offshore de Exploração e Produção de Petróleo nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil. ii AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, que me deu suficientes força e perseverança para participar de todo o curso, tendo que, durante dez meses, me deslocar todas as semanas entre Macaé (RJ) e Paranaguá (PR); À minha esposa Rogéria e meus filhos Fernando e Filipe, que durante o período do curso, ficaram privados da minha companhia, não só nos finais de semana, quando tinha que me fazer presente às aulas, em Paranaguá, mas também durante a semana, quando tinha que dedicar tempo à confecção dos trabalhos. Aos meus gerentes Formigli e Erardo, que aprovaram a minha participação nesse curso com recursos oriundos da Petrobras; Às secretárias Margareth e Schirlene, que durante todo o período do curso foram responsáveis pelas providências de meu transporte e hospedagem, e que apesar de todas as alterações que eram feitas nos trajetos, por força das necessidades do trabalho, sempre foram capazes de tomar todas as providências necessárias para que tudo transcorresse bem; Ao coordenador, professor Eduardo, e aos professores do curso, que tão bem souberam transmitir seus conhecimentos; E finalmente aos motoristas Luiz Henrique e Gilberto, dos Serviços Compartilhados da Regional São Paulo-Sul, da Petrobras, que me deram todo o apoio de transporte necessário, entre as cidades de Curitiba e Paranaguá. iii RESUMO SOUSA, Fernando das Neves Cerveira de. A Logística no Apoio às Atividades Offshore de Exploração e Produção de Petróleo nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil. Orientador: Eduardo M. Fernandes. Paranaguá: UNISANTOS, 2007. Monografia MBA Portos e Logística Empresarial O crescimento da produção de óleo e gás da Petrobras, no Sul- Sudeste do Brasil, inicialmente na Bacia de Campos e mais recentemente na Bacia do Espírito Santo e na Bacia de Santos, ocorreu com o conseqüente aumento do número de unidades marítimas de perfuração e produção, da necessidade de tratamento e escoamento dos produtos, da infra-estrutura logística (portos, aeroportos e armazéns) e de recursos de transportes de cargas e pessoas (embarcações, helicópteros e equipamentos de movimentação e transporte de cargas). Uma análise de dados de 2003, disponíveis no Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo e Gás Natural de 2004, publicado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP, 2004), mostra que mais de 98% das reservas offshore de petróleo do Brasil encontram-se nas regiões sul e sudeste. Da mesma forma, essas regiões são responsáveis por mais de 97% da produção offshore do país. O trabalho apresenta a evolução da demanda da logística, pressionada pelo crescimento da produção offshore de petróleo nessas regiões, mostrando as atividades da Unidade de Serviços de Transporte e Armazenamento da Petrobras (US-TA), órgão responsável pela logística de atendimento às unidades marítimas das regiões sul e sudeste, que atende mais de 100 pontos, com 105 embarcações, operando em 4 portos, e 42 helicópteros, operando em 7 aeroportos. iv ABSTRACT SOUSA, Fernando das Neves Cerveira de. A Logística no Apoio às Atividades Offshore de Exploração e Produção de Petróleo nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil. Orientador: Eduardo M. Fernandes. Paranaguá: UNISANTOS, 2007. Monografia MBA Portos e Logística Empresarial Petrobras oil & gas production growth, in South–Southeast of Brazil, initially at the Campos Basin and more recently in Espírito Santo and Santos Basins, has occurred with the consequent increase of the number of Drilling & Production offshore units, the need of goods treatment and flowing, the logistic infrastructure (ports, airports and warehouses), and load and people transportation resources (vessels, helicopters and equipments of load movement and transportation). ANP Data analysis from 2003 has shown that more than 98% of offshore oil reserve in Brazil are found in South-Southeast areas, so that those areas are responsible for more than 97% of the country offshore production. This work presents the logistic demand evolution, compelled by the offshore production growth, showing the activities of Petrobras Transportation and Storage Services Unit (US-TA), department responsible for the attending logistic to the offshore units of the South-Southeast areas, which attends more than 100 points with 105 vessels, operating in 4 ports and 42 helicopters operating in 7 airports. v SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1 1 – O PETRÓLEO ............................................................................................................. 5 1.1 – O INÍCIO DA HISTÓRIA DO PETRÓLEO ....................................................... 5 1.2 – O PETRÓLEO NO MUNDO ............................................................................... 7 1.2.1 – AS CRISES DO PETRÓLEO ....................................................................... 9 1.3 – O PETRÓLEO NO BRASIL .............................................................................. 12 1.4 – RESERVAS E PRODUÇÃO NO BRASIL ....................................................... 20 2 – A LOGÍSTICA DO PETRÓLEO .............................................................................. 25 3 – A LOGÍSTICA DO E&P........................................................................................... 32 3.1 – ÁREA DE ATUAÇÃO E CUSTOS ENVOLVIDOS ........................................ 32 3.2 – O CRESCIMENTO DA DEMANDA ................................................................ 33 3.3 – A ESTRUTURA DA US-TA ............................................................................. 34 3.4 – POLÍTICA DE CAPACIDADE ......................................................................... 35 3.5 – A ESTRUTURA DE LOGÍSTICA DO E&P ..................................................... 38 3.5.1 – ARMAZENAMENTO – ARM .................................................................. 40 3.5.2 – TRANSPORTE DE CARGAS – TC .......................................................... 41 3.5.3 – OPERAÇÕES PORTUÁRIAS – OPRT ..................................................... 45 3.5.4 – TRANSPORTE DE PESSOAS – TRNSP .................................................. 54 3.5.5 – SEGURANÇA DE VÔO – SEV ................................................................ 55 3.5.6 – SEGURANÇA MEIO AMBIENTE E SAÚDE – SMS ............................. 57 3.5.7. – PROGRAMAÇÃO E CONTATO COM O CLIENTE – PCC .................. 58 3.5.8 – COORDENAÇÃO DE OTIMIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES LOGÍSTICAS – COOPEL ................................................................................................. 59 4 – CONCLUSÃO ........................................................................................................... 62 5 – REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 65 vi INTRODUÇÃO O presente trabalho apresenta a logística envolvida nas atividades de apoio à atividade de Exploração e Produção de petróleo (E&P). Inicialmente é apresentada a história do petróleo, desde a primeira informação que se tem de sua utilização, no relato bíblico em que Deus ordena a Noé que construa uma arca e a calafete com betume. A utilização do petróleo na antiguidade, sem que se conhecessem técnicas que tornassem possível sua extração do subsolo, só foi possível devido ao processo de exsudação, que possibilita a migração do petróleo até a superfície do solo. É abordada também a história do petróleo no mundo, onde registra-se o início de sua exploração comercial e o surgimento das primeiras empresas que se dedicaram à indústria do petróleo. Com o surgimento das “Sete Irmãs”1 inicia-se o domínio comercial e tecnológico da indústria do petróleo. A partir do momento em que esse domínio passa a ir de encontro a interesses políticos dos países produtores, surgem os conflitos, algumas vezes culminando com guerras, e as conseqüentes crises, que influenciam fortemente o mercado do petróleo. A história do petróleo no Brasil inicia-se em 1858, na Bahia, quando o Marquês de Olinda concede a José Barros Pimentel o direito de extração de material betuminoso, nas proximidades de Ilhéus. Em 1938 criou-se o CNP – Conselho Nacional de Petróleo, visando-se o controle total da atividade petrolífera pelo poder público (CLICK MACAÉ, 2004b) e em 3 de outubro de 1953, Getúlio Vargas, então presidente do Brasil, assinou a Lei 2004, que instituiu o monopólio estatal do petróleo, criando a Petrobras (PETROBRAS, 2004c). Inicia-se aí o grande crescimento da indústria do petróleo no Brasil, elevando a produção do país de 2.700 barris diários em 1953 (PETROBRAS, 1 Grupo formado por sete grandes empresas de petróleo, sendo cinco americanas (Exxon, Chevron, Gulf, Mobil e Texaco), uma britânica (British Petroleum) e uma anglo-holandesa (Shell), que até a década de 1950 dominavam totalmente todas as regiões produtoras do mundo. 1 2004a), para 1.622.000 barris diários em 2003, aproximando o Brasil da auto- suficiência em petróleo (PETROBRAS, 2007a). São também mostradas as reservas e a produção de petróleo no Brasil, segundo sua localização geográfica e a localização de todas as bacias sedimentares do Brasil, onde são apresentados comentários resultantes da análise das informações das tabelas. Essa localização é de fundamental importância para a logística do petróleo, vindo a determinar o dimensionamento de equipamentos e infra-estrutura necessários ao apoio da atividade de Exploração e Produção (E&P). O segundo capítulo apresenta a cadeia logística do petróleo, “do poço ao posto”, descrevendo cada fase dessa cadeia. Essa apresentação é feita com a intenção de se mostrar a cadeia logística do petróleo e de se localizar o foco do trabalho na logística de apoio às atividades offshore de E&P. O objetivo principal do trabalho é de mostrar como funciona a logística de apoio às atividades offshore de exploração e produção de petróleo no Brasil. Para mostrar detalhes da estrutura necessária para fazer funcionar essa logística, o trabalho apresenta, a partir de seu terceiro capítulo, como essa atividade é tratada na Petrobras, na Unidade de Serviços de Transporte e Armazenamento (US-TA), órgão responsável pelo fornecimento dos insumos necessários ao funcionamento das plataformas e demais unidades marítimas que operam nas regiões sul e sudeste do Brasil, onde estão concentradas a maior reserva e a maior produção de petróleo do país, nas bacias sedimentares do Espírito Santo, de Campos e de Santos. São também mostrados os custos elevados, normalmente envolvidos nas atividades offshore de E&P e o grande crescimento da demanda logística ocorrido nas duas últimas décadas. É apresentada a estrutura da US-TA, com as gerências que são responsáveis por fazer funcionar essa cadeia logística, mostrando-se o diagrama simplificado da cadeia logística e a participação de cada gerência nessa cadeia. 2 Para fazer funcionar toda essa engrenagem que apoia cerca de 100 Unidades Marítimas, são utilizados 105 embarcações de diversos tamanhos, capacidades e finalidades, e 42 helicópteros, formando uma frota totalmente terceirizada. Como estrutura portuária e aeroportuária, visando atender essa frota, a US-TA opera em quatro portos e sete aeroportos ao longo da costa das regiões sul e sudeste do Brasil. Nesse capítulo são apresentadas também as características do porto de Imbetiba, que vem a ser o maior imobilizado da US-TA, no apoio às atividades offshore. É dada importância também aos aspectos de segurança que sempre estão muito presentes na realidade da Petrobras, e na US-TA não podia ser diferente. Todas as atividades críticas possuem procedimentos escritos, que são rigorosamente seguidos. O pessoal envolvido nessas atividades é treinado nos padrões e periodicamente reciclado.No mesmo capítulo são comentadas ainda as atividades da Segurança de Vôo, onde são mostrados os índices de acidentes com helicópteros na Petrobras, em outras companhias e nos Estados Unidos. No gráfico apresentado pode-se verificar que a Petrobras tem os menores índices de acidentes com helicópteros. O aumento da segurança em todas as operações da US-TA é uma meta que está sempre sendo buscada, para isso a US-TA dispõe de uma gerência preocupada exclusivamente com isso: a gerência de SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde). Uma estrutura logística tão grande como a da US-TA não poderia existir sem um bom planejamento. Para isso existe a Coordenação de Otimização das Operações Logísticas. Essa coordenação desenvolveu e acompanha o andamento do Plano Diretor de Logística da US-TA, que prevê como atender a demanda imposta pelo crescimento das atividades de E&P até o ano de 2020. 3 O presente trabalho torna-se relevante devido à importância econômica, política e estratégica atribuída ao petróleo, onde a atividade de E&P é de fundamental importância para a obtenção dessa commodity, sendo a atividade que mais demanda investimentos da Petrobras, além de demandar uma logística com características próprias. 4 1 – O PETRÓLEO 1.1 – O INÍCIO DA HISTÓRIA DO PETRÓLEO Apesar de ter sua utilização, em escala industrial, iniciada somente no final do século XIX, têm-se registros de utilização do petróleo na Bíblia, quando Deus, desgostoso com a raça por Ele criada, ordenou a Noé que construísse uma arca, calafetando-a com betume, anunciando-lhe a inundação do mundo. Diz a Bíblia em Gênesis, capítulo 6, versículos 13 e 14 “Então, disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda a carne, por que a Terra está cheia de violência dos homens; eis que os farei perecer juntamente com a Terra. Faze uma arca de tábuas de ciprestes, nela farás compartimentos e a calafetarás com betume por dentro e por fora”. Existem muitas referências da utilização do petróleo na antiguidade: sacerdotes o utilizavam para acendimento de fogueiras em altares para sacrifícios; as pirâmides do Egito foram construídas utilizando betume; foi utilizado como material de liga para a construção dos Jardins Suspensos da Babilônia; o embalsamamento das múmias também era feito com o mesmo betume e até estradas eram pavimentadas com petróleo. (PETROBRAS, 2004b) O Petróleo é formado em bacias sedimentares, a partir de restos de animais e vegetais (material orgânico) que há milhões de anos se depositaram no fundo de antigos lagos e mares. Com o passar do tempo, formações foram se sedimentando sobre esse material, provocando aumento de pressão e temperatura. Essas condições tornaram-se favoráveis para a transformação desse material em petróleo e gás. Com o passar do tempo, depois do petróleo formado, as altas pressões existentes e a baixa densidade do petróleo, determinam sua migração em direção à superfície. O petróleo não se encontra acumulado na rocha onde foi gerado. Ele migra, através das rochas porosas e 5 permeáveis, em direção a áreas de menor pressão na superfície, até encontrar uma formação impermeável, que impede a sua passagem, chamada de rocha capeadora ou rocha-reservatório, formando assim, sob ela, os reservatórios de petróleo. Dessa forma o petróleo é sempre encontrado em formações sedimentares (arenito) e normalmente superpostos por uma rocha capeadora. (PETROBRAS, 2007b) Caso em sua trajetória migratória, em direção à superfície, o petróleo não encontre a rocha capeadora, o mesmo migra até atingir a superfície do solo. A esse fenômeno chama-se exsudação (aparecimento espontâneo de petróleo na superfície da terra). Esse fenômeno é que tornou possível a utilização do petróleo em épocas remotas, sem que se tivesse conhecimento de tecnologias para sua extração do sub-solo. (THOMAS, 2001) Ao longo dos séculos, o petróleo sempre foi colhido na superfície do solo, como resultado de processos de exsudação. Os primeiros poços de petróleo foram escavados na primeira metade do século XVIII. E eram escavados através de processos totalmente manuais, utilizando-se pás e enxadas. (BIBLIOTECA VIRTUAL, 2007) A realização da primeira perfuração para extração de petróleo bruto só aconteceu em 1842, no Azerbaijão, ex-União Soviética. Na segunda metade do século XIX, os métodos rudimentares, até então utilizados, deram lugar a técnicas de percussão, e em 1859 Edwin Drake descobre jazidas de petróleo na Pensilvânia, Estados Unidos. (GALP ENERGIA, 2004) Após a façanha de Drake, começaram a surgir muitas empresas dedicadas ao novo e promissor ramo de atividade e o petróleo passou a ser utilizado em larga escala, substituindo o carvão na indústria e o óleo de baleia na iluminação. (BIBLIOTECA VIRTUAL, 2007) No final do século XIX foi inventado o motor a explosão, utilizando-se as frações mais leves do petróleo, iniciando-se aí o mais importante capítulo da história daquela que se tornaria a principal matéria-prima do século XX, 6 impulsionando a industrialização e o progresso tecnológico.(BIBLIOTECA VIRTUAL, 2007) 1.2 – O PETRÓLEO NO MUNDO Desde o século XVI, o principal motivo da expansão da navegação e das atividades econômicas dos países europeus foi devido à obtenção de ouro. Países como Portugal, Espanha, Holanda e Inglaterra lançaram-se ao mar em busca de terras de onde pudessem extrair o metal. Já a partir do século XIX, a procura passou a ser por outro mineral, o petróleo, o “ouro negro”, iniciando-se a grande corrida universal em busca do valioso mineral, que vem a se tornar o combustível impulsionador da modernidade. (CLICK MACAÉ, 2004c) Para que se tenha uma idéia do poder de crescimento empresarial associado ao petróleo, em 1863 John Davison Rockefeller criou a Standard Oil Co, com um investimento de US$ 4.000, sendo que em 1870 a empresa já valia US$ 1.000.000, colocando-a no topo do ranking das empresas petroleiras americanas. (GALP ENERGIA, 2004) A empresa cresceu tanto que, em 1908, controlando 95% da indústria petroleira dos Estados Unidos, diante da intenção do governo americano de romper o monopólio, Rockefeller forma o Standard Oil Group, que inclui a Standard Oil of Califórnia (Socal), a Standard Oil of New Jersey (mais tarde Exxon) e a Standard Oil of New York (mais tarde a Mobil). Ainda assim, em 1911, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos, declara o Standard Oil Trust (formado em 1882) em violação do Sherman Antitrust Act e Rockefeller se vê obrigado a pulverizar a Standard Oil em 34 empresas menores. (GALP ENERGIA, 2004) 7 Até o final do século XIX, extraia-se do petróleo somente o querosene, que naquela época era utilizado para iluminação, porém com o surgimento da indústria automobilística2 no final do século XIX, o início da indústria aeronáutica, no início do século XX e o início da utilização do petróleo na atividade marítima3, o petróleo passou a ter grande importância comercial e estratégica no mundo, fazendo com que as maiores empresas da atualidade tenham com ele, direta ou indiretamente, alguma ligação. (CLICK MACAÉ, 2004c) Ao contrário do que ocorreu nos séculos XVIII e XIX, por ocasião da Revolução Industrial, quando a maioria dos países participantes desse processo, implantaram ou expandiram suas plantas fabris, baseados exclusivamente na presença do carvão mineral, que era abundante nesses países,o início da era dos transportes, no início do século XX, concebida como dependente do petróleo, instaurou um cenário bem diferente. De um lado os Estados Unidos e a Europa Ocidental, onde se localizavam os principais fabricantes de veículos do mundo, mas que não possuíam petróleo suficiente para consumo próprio, tornando-os altamente dependentes dos países produtores de petróleo, que se localizam, em grande parte, no Oriente Médio que, em contrapartida, não possuem grandes indústrias. (CLICK MACAÉ, 2004c) Entre o centro produtor e o consumidor, o petróleo tem que percorrer distâncias intercontinentais, muitas vezes atravessando áreas de conflito, que são relativamente constantes sempre que essa relação entre os campos produtores do Oriente Médio e os mercados consumidores do Primeiro Mundo se desestabiliza, pelo não atendimento dos interesses, principalmente políticos, de uma das partes. 2 Henry Ford fabricou seu primeiro modelo na última década do século XIX, passando a produzí-lo em série, iniciando a era da moderna indústria de veículos de transporte. 3 A partir de 1902, o petróleo passou a ser utilizado como combustível substituto do carvão, na frota marítima da Hamburg-American Line e em 1912, Winston Churchill, na época Ministro da Marinha inglesa – a maior do mundo – também decidiu pela utilização do petróleo nos navios da Royal Navy. (GALPENERGIA, 2004) 8 A exploração do petróleo no Oriente Médio começou em 1908, no Irã. Após as descobertas no Irã, iniciou-se a exploração em toda a região ao redor do Golfo Pérsico. A exploração e extração eram realizadas através de concessões fornecidas, pelos representantes dos países árabes, a grandes companhias de países do Primeiro Mundo, principalmente inglesas e americanas. (TERRA, 2007) Até 1950, essas grandes companhias petrolíferas, conhecidas como as “Sete Irmãs”4 ou as “Sete Grandes”, grupo formado por cinco empresas americanas (Exxon, Chevron, Gulf, Mobil e Texaco), uma britânica (British Petroleum) e uma anglo-holandesa (Shell), dominavam totalmente todas as regiões produtoras do mundo. Além de dominarem a tecnologia de exploração, produção e refino, tinham total controle sobre fornecimentos, transporte, refino, operações de promoção e comercialização, fixavam preços internacionais e discriminavam quaisquer operadores externos ao seu cartel. (GALP ENERGIA, 2002). Essa situação começa a mudar, com uma eclosão de nacionalismo, a partir da Segunda Guerra Mundial, mais notadamente a partir de 1950, quando um forte movimento nacionalista ocorreu nos países de Terceiro Mundo. (CLICK MACAÉ, 2004c) A reação desses países começou a provocar uma série de crises, geralmente acompanhadas de conflitos armados, devido à iminente perda de poder das “Sete Irmãs”. 1.2.1 – AS CRISES DO PETRÓLEO A primeira crise se deu em 1951, devido à política de estatização do Primeiro Ministro Mossadegh do Irã, que nacionalizou os poços da British Petroleum. Essa situação foi revertida em 1953, com a deposição e prisão do 4 Nome atribuído por Enrico Mattei, Presidente da Ente Nationale de Idrocarburi – ENI – estatal italiana. 9 nacionalista Mossadegh, pelos partidários do Xá Reza Pahlevi. Apesar do fracasso, a posição de Mossadegh inspirou uma série de enfrentamentos que se seguiram entre os países do Oriente Médio, que começavam a se fortalecer contra o poder das “Sete Irmãs”, que no decorrer das décadas de 50 e 60, foram obrigadas a assistir a redução das suas participações no mercado mundial do petróleo, como visto na Tabela 1. (CLICK MACAÉ, 2004c) Tabela 1 – Participação das “Sete Irmãs” no mercado mundial (%) 1950 1957 1969 Quatro maiores Exxon, BP, Shell, Gulf 82,6 69,5 55,8 As quatro maiores, mais Chevron, Texaco, Móbil 98,3 89,0 76,1 Todas as outras petroleiras 1,7 11,0 23,9 Fonte: Galp Energia, 2002 A segunda crise deu-se não exatamente por causa do petróleo, mas por questões intimamente ligadas a ele. Em 1956, o então presidente do Egito, Gamal Nasser, nacionalizou o canal de Suez, que tinha enorme importância estratégica no mercado petroleiro. Até então o canal de Suez era controlado por companhia anglo-francesa. Como houve intervenção militar por parte das tropas inglesas e francesas, os países árabes decidiram boicotar o fornecimento de petróleo, o que imediatamente afetou o Primeiro Mundo consumidor. Diante dessa situação, os Estados Unidos e a União Soviética, exigiram a desocupação do canal de Suez, com a retirada das tropas inglesas e francesas. (TERRA, 2007) A terceira crise internacional do petróleo se deu por conta da Guerra dos Seis Dias, uma curta guerra que ocorreu entre os dias 5 e 10 de junho de 10 1967, envolvendo Israel, contra seus vizinhos Egito, Síria e Iraque. (CLICK MACAÉ, 2004c) A quarta crise, a mais grave até então, ocorreu por ocasião da Guerra do Yon-Kippur, quando os países árabes produtores de petróleo, então organizados no cartel da OPEP5, decidiram aumentar o preço do barril de petróleo, em 1 de janeiro de 1974 para US$ 11,65, representando um aumento de 128%. Essa crise apresentou uma mudança importante do conflito, pois deixou de ser um conflito entre os países produtores do Mundo Árabe e as “Sete Irmãs”, passando a ser um conflito entre os maiores produtores de petróleo e o Primeiro Mundo consumidor. (CLICK MACAÉ, 2004c) A quinta crise resultou da deposição do Xá Reza Pahlevi, em 1979. Essa crise se estendeu até 1981, elevando o preço do barril de petróleo de US$ 13,00 para US$ 34,00, o que em valores atuais equivale ao maior preço já atingido pelo petróleo. (TERRA, 2007) A sexta crise eclodiu quando, logo após uma guerra de fronteiras com o Irã, entre 1980 e 1988, o ditador iraquiano, Saddam Hussein, invadiu o vizinho Kuwait. (CLICK MACAÉ, 2004c) A ocupação do Kuwait pelos iraquianos despertou nos Estados Unidos o receio que Saddam Hussein viesse a se expandir, com um possível domínio da Arábia Saudita, vindo a obter o controle de mais da metade da produção de petróleo da região. Diante disso, os norte-americanos conseguiram com que a ONU autorizasse uma operação militar com o objetivo de obrigar o Iraque a desocupar o Kuwait imediatamente e, em 16 de janeiro de 1991, deu-se início à Guerra do Golfo, que durou 43 dias. (CLICK MACAÉ, 2004c) Ao abandonar o Kuwait, os iraquianos incendiaram 232 poços produtores, provocando uma das maiores catástrofes ecológicas do mundo, fazendo com que parte considerável da vida animal do Golfo Pérsico fosse destruída. (TERRA, 2007) 5 OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo, fundada em 14 de setembro de 1960, constituída por Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela. 11 1.3 – O PETRÓLEO NO BRASIL A história do petróleo no Brasil começou em 1858, na Bahia, quando o Marquês de Olinda assinou o decreto nº 2226, concedendo a José Barros Pimentel o direito de extração de material betuminoso, nas proximidades de Ilhéus, área hoje conhecida como Bacia de Camamu. Em 1859, o inglês Samuel Allport, durante a construção da Estrada de Ferro Leste Brasileiro, observou gotejamento de óleo em Lobato, também na Bahia. (CLICK MACAÉ, 2004b) De acordo com o Portal Educacional (EDUCACIONAL, 2007), “daí, até 1907, foram registradas concessões na região costeira dos estados da Bahia, São Paulo e Maranhão”. Naquela época as atividades eram amadoras e desorganizadas e, além disso, os recursos eram escassose não haviam equipamentos adequados. Entretanto, entre os anos de 1892 e 1897, Eugênio Ferreira de Camargo, um rico fazendeiro paulista, obteve concessão para extração de petróleo na região de Bofete (SP), Bacia do Paraná. Importou todo o equipamento, inclusive a equipe que o operava, e perfurou o que é considerado o primeiro poço de petróleo do país. Esse poço foi perfurado até à profundidade de 488m e encontrou somente água sulfurosa. Segundo comentários, à época, teriam sido obtidos também dois barris de petróleo, entretanto essas informações não são confirmadas. (EDUCACIONAL, 2007) A partir de 1907, além das iniciativas particulares, que até então vinham ocorrendo, as pesquisas também passaram a ser realizadas por órgãos públicos, principalmente pelo Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil (SGMB – criado em 1907), pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM – criado em 1933) e pelo Governo do Estado de São Paulo. A primeira sondagem realizada por um órgão público, ocorreu em 1919, na região de Marechal Mallet, no Paraná, onde foi perfurado um poço de 84 metros de 12 profundidade, tendo sido abandonado no ano seguinte. (EDUCACIONAL, 2007) Em 1930, o Engenheiro Agrônomo Manoel Inácio Bastos, tomou conhecimento que, nos arredores de Lobato, os moradores utilizavam uma lama betuminosa para iluminação. Com pesquisas e amostras coletadas, tentou obter o interesse de pessoas influentes, até que, em 1933 conseguiu apoio do Presidente da Bolsa de Mercadorias da Bahia, Oscar Cordeiro, que passou a apoiar campanhas visando a obtenção da informação da existência de petróleo em quantidade comercial na região de Lobato. Diante de controvertidas opiniões, o Diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral, em 1937, decidiu pela perfuração de poços na área de Lobato, não obtendo êxito nos dois primeiros. (CLICK MACAÉ, 2004b) Até 1938 as atividades petrolíferas podiam ser exercidas através da aplicação de capitais privados, tanto nacionais como estrangeiros, até que, através do Decreto-Lei nº 395 de 29 de abril de 1938, criou-se o Conselho Nacional de Petróleo (CNP), com a missão do controle governamental sobre todos os segmentos da indústria do petróleo. (EDUCACIONAL, 2007) Em 29 de julho de 1938, foi iniciada a perfuração do poço DNPM-163, em Lobato que, em 21 de janeiro de 1939, apresentou a existência de indícios de petróleo. (CLICK MACAÉ 2004b) Apesar do poço DNPM-163, não ter produzido petróleo em quantidade considerada comercial, foi de fundamental importância para o desenvolvimento da atividade petrolífera na Bahia, pois a partir do resultado desse poço, houve uma grande concentração de esforços na Bacia do Recôncavo. Em 1941, um dos poços perfurados deu origem ao campo de Candeias, a primeira acumulação a produzir petróleo em quantidade comercial no Brasil. O campo de Candeias continua em atividade até os dias de hoje. (CLICK MACAÉ, 2004b) 13 Com a criação do Conselho Nacional de Petróleo, em 1938, com a finalidade de manutenção do controle governamental sobre as atividades ligadas à indústria do petróleo, criou-se uma polêmica sobre a melhor política a ser adotada pelo Brasil, em relação à exploração de petróleo. Essa polêmica cresce no final da década de 40 e início da década de 50, com a coexistência de opiniões totalmente opostas, em que uns defendiam o monopólio estatal, enquanto outros eram favoráveis à participação da iniciativa privada. Depois de intensa campanha popular, o Presidente Getúlio Vargas assinou, em 3 de outubro de 1953, a Lei 2004, que instituiu o monopólio estatal da pesquisa e lavra, refino e transporte do petróleo e seus derivados, criando a Petróleo Brasileiro S/A – Petrobras para exercê-lo. (EDUCACIONAL, 2007) Na época da criação da Petrobras, a produção nacional era de 2.700 barris por dia, enquanto o consumo era de 137.000 barris diários (PETROBRAS, 2004a). A partir de então a companhia intensificou as atividades exploratórias e procurou formar e especializar seu corpo técnico, para atender às exigências da nascente indústria brasileira de petróleo. O esforço permitiu o constante aumento das reservas, primeiro nas bases terrestres e, a partir de 1968, também no mar. (EDUCACIONAL, 2007) A exploração de petróleo em reservatórios situados na área offshore no Brasil iniciou-se em 1968, na Bacia de Sergipe, campo de Guaricema (ver platafor-ma de Guaricema na Foto 1), situado na costa do estado de Sergipe, na região Nordeste. (SILVEIRA, 2001) Para o desenvolvimento da Bacia de Sergipe foram aplicadas as técnicas convencionais, disponíveis na época, para campos de médio porte. Foram utilizadas plataformas de aço, cravadas no fundo do mar através de estacas, projetadas somente para a produção e teste de poços. Todo o complexo era ligado por duto multifásico (óleo, água e gás) a uma estação de separação e tratamento de fluidos produzidos localizada em terra. (CLICK MACAÉ, 2004a) 14 Foto 1 – Plataforma de produção no campo de Guaricema Fonte: Click Macaé, 2004a Nos anos seguintes, com o aumento da atividade offshore, a Petrobras decidiu desenvolver projetos próprios de plataformas que atendessem as características dos campos em desenvolvimento. Esse esforço resultou em três projetos de plataformas fixas distintos, conhecidas como plataformas de primeira, segunda e terceira famílias, com suas características mostradas na tabela 2. (CLICK MACAÉ, 2004a) Tabela 2 – Características das plataformas ITEM 1a. FAMÍLIA 2a. FAMÍLIA 3a. FAMÍLIA No. de pernas 4 4 8 Dimensões dos conveses 12m x 18m 26m x 29m 26m x 59m Lâmina d’água 60m 60m 150m Capacidade de produção (m3/dia) 1.100 2.500 7.200 No. de poços 6 9 15 Fonte: Click Macaé, 2004a Em 1973 foi descoberto o campo de Ubarana, na Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte (COMCIENCIA, 2007). Para o desenvolvimento desse campo e do campo de Agulha, vizinho ao campo de Ubarana, além de plataformas de aço convencionais, utilizou-se também plataformas de concreto 15 (Figura 2), construídas na Bahia, pelo consórcio franco-brasileiro constituído pelas empresas Mendes Jr. e Campenon Bernard e rebocadas6 até seu local de utilização. (SILVEIRA, 2001) Foram utilizadas três plataformas de concreto, PUB-2 e PUB-3, no campo de Ubarana e PAG-2, no campo de Agulha. A PUB-2 com capacidade de perfuração e completação de até 24 poços e as outras duas com capacidade de até 13 poços. Foto 2 – Plataforma de concreto PUB-2, no Rio Grande do Norte Fonte: Banco de Imagens da Petrobras, 1994 Em 1974 ocorreu o grande marco na história da Petrobras: a localização do campo de Garoupa, dando-se início à exploração de petróleo na Bacia de Campos, localizada no norte do Rio de Janeiro, na região Sudeste do Brasil. (EDUCACIONAL, 2007) Até então as atividades de produção offshore no Brasil limitaram-se às áreas do nordeste brasileiro, e as atividades na Bacia de Campos apontavam 6 Apesar de serem construídas em concreto, as plataformas flutuavam, enquanto não fossem lastreadas. 16 para um futuro com a localização de acumulações de petróleo em profundidades maiores, exigindo novas tecnologias. O desenvolvimento do campo de Enchova, introduziu um novo conceito em termos de explotação, denominado Sistema Antecipado de Produção (EPS). (CLICK MACAÉ, 2004a) A partir daí passa-sea utilizar árvores de natal molhadas7 interligadas à plataforma através de linhas flexíveis, denominadas risers. Na concepção do EPS foram utilizadas plataformas flutuantes (SS – semi-submersíveis), sendo esse o segundo sistema flutuante de produção utilizado no mundo. Uma evolução natural desse sistema foi a conversão de plataformas semi- submersíveis de perfuração em unidades flutuantes de produção, exemplo mundialmente seguido, depois dessa primeira experiência de sucesso. A foto 3 mostra a plataforma P-15, a primeira plataforma de perfuração convertida em unidade flutuante de produção. (CLICK MACAÉ, 2004a) No início não era economicamente justificável a construção de dutos, para o escoamento da produção, sendo utilizados navios que recebiam o petróleo e o transportavam até os terminais de recebimento. Com o crescimento da produção, dutos foram instalados para escoamento do petróleo para estações em terra. Em 1989 iniciou-se o desenvolvimento do Pólo Nordeste, localizado na Bacia de Campos, abrangendo os campos de Pargo, Carapeba e Vermelho, utilizando-se a tecnologia de BCS – Bomba Centrífuga Submersa, que são bombas elétricas submersas instaladas no interior do poço para elevar o óleo produzido até à superfície. (CLICK MACAÉ, 2004a) A partir de 1984 a Petrobrás começa a migrar para águas profundas e ultra-profundas com a descoberta dos campos de Albacora (1984), Marimba 7 Chama-se “Árvore de Natal” ao conjunto de válvulas que se utiliza na cabeça do poço de petróleo, para controlar sua produção. Dá-se esse nome pela aparência que o conjunto de válvulas assume, após montado, e por ser normalmente pintado na cor vermelha (associada ao Papai Noel). Embora as árvores de natal utilizadas em instalações submarinas não se pareçam em nada com uma árvore de natal, o nome foi mantido, ficando conhecidas como “Árvore de Natal Molhada”. 17 (1985), Marlim (1985), Marlim Sul(1987), Marlim Leste (1987), Barracuda (1989), Caratinga (1989) e Roncador (1996) que se localizam em lâminas d’água variando de 300 a 1300 metros. (CLICK MACAÉ, 2004a) Foto 3 – Plataforma P-15 Fonte: Banco de Imagens da Petrobras, 2003 A exploração de petróleo a essas profundidades requer moderníssimas tecnologias, tanto nas fases de perfuração e completação dos poços, como na fase de produção e transferência do óleo produzido. São instaladas árvores de natal molhadas, especialmente projetadas para operar em grandes profundidades, que se interligam a plataformas flutuantes através de linhas flexíveis, denominadas risers. As plataformas flutuantes podem ser ancoradas, o que também requer elevado nível tecnológico, ou podem ser de posicionamento dinâmico, com controle por sistema GPS. Essa tecnologia de ancoragem de plataformas, em grande parte desenvolvida pela Petrobras, proporcionou a possibilidade de se produzir em lâminas d’água cada vez maiores, rendendo para a Petrobras o 18 reconhecimento mundial, sendo-lhe auferido o prêmio Distinguished Achievement Award, concedido pela Offshore Tecnology Conference – OTC, em 1992 e 2001. (PETROBRAS, 2006a) Até à data de 06/08/1997, quando foi promulgada a Lei nº 9.478/97 (BRASIL, 1997), denominada a “Nova Lei do Petróleo”, a Petrobras era a única empresa responsável pelas atividades de exploração e produção de petróleo no Brasil, pesquisando, em maior ou menor grau de intensidade, todas as bacias sedimentares brasileiras. Após essa data, a Petrobras perdeu o direito a esse monopólio e passou a pesquisar apenas nas áreas de concessões que lhe foram outorgadas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), assim como nas áreas que vieram a ser obtidas nas licitações anuais, promovidas pela ANP, concorrendo em igualdade de condições com várias outras empresas do segmento de petróleo. No ano de 2001 foram descobertos os campos de Jubarte e Cachalote, no norte da Bacia de Campos, já em águas do Espírito Santo e, mais recentemente, em 2003, foi descoberto o campo de Golfinho, na Bacia do Espírito Santo. Essas descobertas, juntamente com as recentes descobertas de gás na Bacia de Santos, estão fazendo com que a Petrobras volte suas atenções para essas novas áreas. A tabela 3 mostra a evolução da dependência do petróleo externo entre 1994 e 2003. Tabela 3 – Dependência externa de petróleo e seus derivados – 1994-2003 Especificação Dependência externa de petróleo e seus derivados (mil bep/d) 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 03/94 % Produção de Petróleo (a)¹ 696, 2 722, 5 816, 8 879, 8 1.021, 6 1.150, 7 1.298, 6 1.363,0 1.535,2 1.588,7 128,2 Importação líquida de petróleo (b)² 556, 9 495, 9 547, 2 551, 7 522,7 454,4 367, 7 295, 1 133, 4 94, 1 -83,1 Importação líquida de derivados (c) 84, 6 150, 6 177, 8 186, 2 145, 9 152, 0 138, 4 40,4 26,5 -39,1 -146,2 Consumo aparente (d)=(a)+(b)+(c) 1.337,7 1.369,0 1.541,9 1.617,7 1.690,2 1.757,1 1.804,8 1.698,4 1.695,2 1.643,7 22,9 Dependência externa (e)=(d)-(a) 641,4 646,5 725,0 737,9 668,6 606,4 506,2 335,5 160,0 55,0 -91,4 Dependência externa (e)/(d) % 48,0% 47,2% 47,0% 45,6% 39,6% 34,5% 28,0% 19,8% 9,4% 3,3% -93,0 19 Fonte: ANP, 2004 1.4 – RESERVAS E PRODUÇÃO NO BRASIL Este tópico procura dar uma idéia da posição geográfica da produção e das reservas brasileiras de petróleo. As tabelas 4 e 5 mostram respectivamente as reservas e a distribuição da produção de petróleo ao longo de todo o território brasileiro. Tabela 4 - Reservas provadas de petróleo, por localização (terra e mar), segundo Unidades da Federação (1994-2003) Unidades da Federação Locali zação Reservas provadas de petróleo (milhões bbl) 03/94 % 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Total 5.374,5 6.223,1 6.680,7 7.106,0 7.357,3 8.153,3 8.464,7 8.495,8 9.804,6 10.601,9 97,26 Subtotal Terra 724,0 771,7 771,2 738,2 783,9 799,3 854,2 909,0 927,0 934,5 29,08 Mar 4.650,5 5.451,4 5.909,5 6.367,8 6.573,4 7.354,1 7.610,5 7.586,8 8.877,6 9.667,4 107,88 Amazonas Terra 68,4 134,5 150,8 122,3 127,6 110,8 128,8 131,8 114,5 110,6 61,73 Maranhão Terra - - - 0,0 - - - - - - .. Ceará Terra 8,9 4,8 4,0 6,8 5,3 5,6 2,6 6,6 6,2 5,7 -35,66 Mar 47,3 45,3 44,5 45,9 65,0 114,9 90,7 64,7 70,0 67,1 41,92 Rio Grande do Norte Terra 251,1 238,5 233,6 226,6 234,1 260,9 283,2 270,8 259,2 260,3 3,63 Mar 67,3 62,9 63,4 61,0 59,3 66,8 65,4 68,7 69,8 71,6 6,34 Alagoas Terra 22,3 21,2 20,9 21,6 12,6 12,0 9,3 12,8 12,1 11,4 -48,90 Mar 2,6 2,6 2,6 2,4 2,8 3,7 2,1 1,4 1,3 1,4 -47,46 Sergipe Terra 149,4 154,7 153,2 146,0 190,2 174,7 178,8 210,1 204,8 220,0 47,30 Mar 26,4 28,3 34,1 42,2 31,4 27,9 36,7 27,9 27,9 21,1 -19,88 Bahia Terra 211,8 206,2 195,8 197,2 181,9 183,3 190,9 208,1 212,3 211,6 -0,07 Mar 12,5 11,3 10,2 9,5 10,9 6,4 19,7 12,0 2,9 2,2 -82,69 Espírito Santo Terra 12,1 11,7 12,9 17,6 32,3 52,1 60,6 68,8 118,0 114,9 848,73 Mar 1,4 1,0 1,3 0,8 0,5 0,6 3,4 6,2 499,8 609,7 42.417,45 Rio de Janeiro Mar 4.420,4 5.233,8 5.701,3 6.154,3 6.362,2 7.104,2 7.366,1 7.375,6 8.174,4 8.854,1 100,30 São Paulo Mar 30,5 29,1 11,7 10,2 7,2 6,3 5,8 5,2 4,5 4,0 -87,01 Paraná Mar 42,0 37,0 40,3 41,0 34,0 23,3 20,7 25,0 26,9 23,7 -43,66 Santa Catarina Mar - - - 0,3 - - - - - 12,5 .. Fonte: ANP, 2004 20 Tabela 5 – Produção de petróleo, por localização(terra e mar), segundo Unidades da Federação (1994-2003) Unidades da Federação Locali zação Produção de petróleo (mil bbl) 03/94 % 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Total 242.709 251.709 285.590 305.983 354.655 400.782 450.626 471.862 530.855 546.074 124,99 Subtotal Terra 64.438 64.732 71.226 71.639 76.421 75.210 76.316 77.170 78.952 79.732 23,74 Mar 178.272 186.977 214.364 234.344 278.234 325.572 374.310 394.692 451.902 466.342 161,59 Amazonas Terra 4.760 4.564 6.889 8.453 11.894 12.423 15.773 15.743 15.914 15.410 223,75 Ceará Terra 1.055 932 983 1.146 1.170 1.083 849 893 828 997 -5,53 Mar 4.761 4.305 4.326 4.384 4.179 4.098 4.027 4.705 4.207 4.419 -7,19 Rio Grande do Norte Terra 23.645 25.447 29.315 30.007 31.521 30.209 27.340 25.817 25.038 24.658 4,28 Mar 3.975 3.735 3.436 3.039 3.003 4.239 4.417 3.768 3.810 3.917 -1,45 Alagoas Terra 1.749 1.564 1.499 1.456 1.551 1.746 2.035 2.108 2.446 2.586 47,82 Mar 18 171 218 258 272 298 277 190 Sergipe Terra 9.895 9.909 9.812 9.389 9.007 8.740 8.904 9.212 9.681 10.840 9,56 Mar 3.162 3.177 3.030 2.691 3.835 5.079 4.564 3.860 3.251 2.650 -16,18 Bahia Terra 20.516 19.412 19.749 18.354 18.033 17.164 16.848 16.310 16.061 16.058 -21,73 Mar 558 709 831 737 609 - 11 - - - .. Espírito Santo Terra 2.817 2.903 2.980 2.833 3.245 3.846 4.568 7.087 8.984 9.183 225,95 Mar 738 434 331 267 202 148 99 62 1.138 6.617 796,71 Rio de Janeiro Mar 161.184 170.619 196.833 218.016 261.954 308.892 358.751 380.466 438.292 446.238 176,85 São Paulo Mar 1.517 1.410 1.860 1.502 1.252 963 566 559 578 534 -64,79 Paraná Mar 2.245 2.583 3.698 3.537 2.983 1.894 1.603 974 349 1.777 -20,85 Santa Catarina Mar 133 6 - - - - - - - - .. Fonte: ANP, 2004 É fato conhecido o esforço da Petrobras para que o Brasil alcance a auto-suficiência em produção de petróleo e isso pode ser constatado através de algumas análises das tabelas 4 e 5. 1. Analisando-se a tabela 5, pode-se perceber que entre os anos de 1994 e 2003 a produção anual de petróleo cresceu cerca de 125%. Esse crescimento ocorreu principalmente nos campos offshore (mais de 160%), principalmente em função dos investimentos da Petrobras em campos localizados em águas profundas e ultra-profundas. 2. Apesar da crescente produção, fato que provoca exaustão das reservas em produção, analisando-se a tabela 4, percebe-se que no período considerado (1994 a 2003), devido ao esforço explora-tório implementado pela Petrobras, as reservas 21 aumentaram em quase 100%, sendo que, se considerarmos somente a parcela marítima, esse crescimento ultrapassou os 100%. 3. Mais de 90% das reservas de petróleo da Petrobras encontram- se na região sudeste, notadamente nos estados do Rio de Janeiro e no Espírito Santo, que apresentou crescimento vertical, devido às relativamente recentes descobertas dos campos de Jubarte, Cachalote e Golfinho. As reservas da região sudeste estão, quase que totalmente, localizadas em campos offshore. Os dados de reservas apresentados vão até o ano de 2003, mas atualmente as reservas provadas no estado do Espírito Santo já são bem maiores do que as apresentadas na tabela 4. 4. Constatação idêntica pode ser feita em relação à produção, onde quase 85% provêm dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Na figura 1, a seguir, pode-se identificar a existência de 77 bacias, tanto em terra (onshore) como no mar (offshore). O posicionamento geográfico dessas bacias sedimentares torna-se um fator importante para a logística de apoio às atividades petrolíferas. A localização das bacias e conseqüentemente dos pontos a serem apoiados, em função do desenvolvimento dessas bacias, determinará a quantidade e a localização dos portos e aeroportos de apoio, assim como o dimensionamento de frotas e a quantidade e localização dos centros de armazenamento e distribuição de materiais. Apesar da produção no estado de São Paulo e nos estados da região sul não ser significativa, uma análise da figura 1 nos mostra o esforço exploratório da Petrobras na Bacia de Santos, em águas territoriais que se 22 estendem do sul do estado do Rio de Janeiro até Santa Catarina. Esse esforço já resultou na descoberta de grandes acumulações de gás. Figura 1 – Mapa das bacias sedimentares do Brasil Fonte: GDS, 2005 23 Tabela 6 – Nomes das bacias sedimentares do Brasil N° BACIA 1 RESENDE 2 TAUBATE 3 SAO PAULO 4 CURITIBA 5 CAMPOS 6 ITABORAI 7 MADRE DE DIOS 8 ACRE 9 SOLIMOES 10 TACUTU 11 AMAZONAS 12 ALTO TAPAJOS 13 AMAPA 14 MARAJO 15 BRAGANCA VIZEU 16 SAO LUIZ 17 SAO JOSE DO BELMONTE 18 PARANA 19 PARECIS-ALTO XINGU 20 BANANAL 21 AGUA BONITA 22 PANTANAL 23 ESPIRITO SANTO 24 SAO FRANCISCO 25 BARREIRINHAS 26 PARNAIBA 27 POTIGUAR 28 PARAIBA-PERNAMBUCO 29 SERGIPE 30 ARARIPE 31 JATOBA 32 TUCANO NORTE 33 TUCANO CENTRAL 34 TUCANO SUL 35 RECONCAVO 36 JEQUITINHONHA 37 CUMURUXATIBA 38 MUCURI 39 PELOTAS 40 CEARÁ 41 CAMPOS 42 SANTOS 43 PARA-MARANHAO 44 BARREIRINHAS 45 POTIGUAR (MAR) 46 PARAIBA-PERNAMBUCO (MAR) 47 ALAGOAS (MAR) 48 SERGIPE (MAR) 49 JACUIPE 50 CAMAMU (MAR) 51 PELOTAS (MAR) 52 ESPIRITO SANTO (MAR) 53 CEDRO 54 MUCURI (MAR) 55 CUMURUXATIBA (MAR) 56 JEQUITINHONHA (MAR) 57 ALMADA (MAR) 58 ALAGOAS (TERRA) 59 IRECE 60 ITABERABA 61 IGUATU 62 LIMA CAMPOS 63 ICO 64 TRIUNFO 65 SOUZA 66 POMBAL 67 SERRA DO INACIO 68 BOM NOME 69 MIRANDIBA 70 TUPANACI 71 BETANIA 72 AFOGADOS DA INGAZEIRA 73 FOZ DO AMAZONAS 74 MALHADO VERMELHO 75 BARRO 76 ALMADA (TERRA) 77 CAMAMU (TERRA) Fonte: GDS, 2005 24 2 – A LOGÍSTICA DO PETRÓLEO Este capítulo apresenta a cadeia do petróleo na Petrobras, desde a fase de detecção de sua existência até a revenda de seus derivados no varejo, passando pelas diversas fases que compõem essa cadeia. As fases dessa cadeia que são mostradas na figura 2, são as seguintes. Fase 1. Esta fase, representada por um navio geofísico, é a fase de detecção da existência de petróleo, através de levantamento sísmico. A técnica de levantamento sísmico consiste na detonação de bombas de ar comprimido que, ao serem detonadas, emitem ondas sonoras de elevada intensidade, próximo à superfície do mar. Essas ondas se propagam através da água, até atingirem o solo marinho. Ao atingirem o solo, parte dessas ondas continua se propagando através do solo e parte é refletida. Esse processo de reflexão e propagação se repete, sempre que ocorre uma alteração na formação através da qual as ondas sonoras estão se propagando. As ondas refletidas são captadas por sensores, chamados hidrofones, posicionados próximos à superfície, arrastados pelo navio, como mostrado na posição 1 da figura 2. A captação dessas ondas resulta em dados que, após serem interpretados por potentes computadores, podem indicar a existência de petróleo na área em estudo. Em atividades onshore, as ondas sonoras são produzidas por detonação de explosivos de dinamite ou, quando próximo a regiões urbanas, são utilizados pesados caminhões dotados de vibradores. Fonte: Sousa, Fernando, 2005 (fotos obtidas do Banco de Imagens da Petrobras) A CADEIA DO PETRÓLEO – DO POÇO AO POSTO E&P 1 2 3 4 5 8 6 7 9 FIGURA 2 – A Cadeia do Petróleo Fase 2. Esta fase, representada por uma plataforma de perfuração, é a fase de perfuração dos poços de petróleo. Dentre diversos tipos de poços de petróleo, existem os poços exploratórios, que são perfurados na fase exploratória, logo após à fase de detecção, com a intenção de se ratificar a existência de petróleo detectadadurante a fase de levantamento sísmico e aumentar o conhecimento do reservatório recém descoberto. Além dos poços exploratórios, os poços mais comuns são os poços explotatórios8 ou de desenvolvimento. Esses poços são perfurados para desenvolver o reservatório, viabilizando a sua produção. Esses poços podem ser produtores ou de injeção, normalmente de água, para manter a pressão do reservatório, durante a fase de produção. Dependendo da profundidade do reservatório, esses poços podem ter sua profundidade de perfuração variando de pouco mais de 100 metros a cerca de 6.000 metros.9 Fase 3. Esta é a fase de produção, representada por uma plataforma de produção semi-submersível. Nessa fase são produzidos o óleo e o gás a ele associado, que é produzido juntamente com o óleo. O óleo é produzido através de linhas flexíveis (no caso de plataformas semi- submersíveis), denominados risers, que interligam a plataforma às árvores de natal molhadas (ANM), posicionadas nas cabeças dos poços, no solo marinho.10 A plataforma recebe o óleo produzido, e o processa, efetuando a separação do óleo, do gás e da água, em separadores trifásicos. O óleo pode ser enviado para alguma estação, em terra, através de dutos, ou para um navio cisterna, posicionado próximo à plataforma. Parte do gás é utilizada como fonte de energia 8 Poços explotatórios são poços destinados ao desenvolvimento do campo de petróleo, ou seja, são os poços destinados a fazer o campo produzir petróleo. Já os poços exploratórios são destinados à obtenção de informações do reservatório. 9 Essas são as profundidades de poços no Brasil. Existem sondas que podem perfurar poços com mais de 10.000 metros. 10 No caso de plataformas fixas, como as profundidades são bem menores, a produção se dá através de árvores de natal convencionais (ANC), instaladas em um dos conveses da plataforma, sendo a ligação entre a ANC e o poço, feita através de duto rígido. da própria plataforma e o excedente é comprimido e enviado para alguma estação de aproveitamento, em terra, através de gasoduto. Uma pequena parte residual desse gás, que não se consegue comprimir, acaba sendo queimada no queimador da plataforma, como visto na foto da fase 3 da figura 2. Fase 4. Transporte e Armazenamento. O transporte e armazenamento de petróleo é realizado pela Transpetro, subsidiária da Petrobrás, criada em 12 de junho de 1998 em atendimento ao Art. 65 da Lei nº 9.478/97, com essa finalidade. A Transpetro é responsável pelos navios transportadores de petróleo e seus derivados, assim como os terminais e dutos da Petrobras. Antes de se chegar à fase de refino, aqui representada pela fase 5 da figura 2, pode ocorrer a exportação e importação de petróleo, representada pela fase 8. A importação é necessária pelo fato de que o país ainda não produz petróleo suficiente para atender seu consumo interno. A exportação ocorre devido à tendência brasileira de produzir petróleos chamados pesados, de baixo grau API11, que não são bem aceitos pelo parque de refino brasileiro, daí a necessidade de se vender esse petróleo no mercado internacional, gerando a equivalente necessidade de importação de óleo leve. A Transpetro é a responsável pelo transporte desse petróleo nas rotas internacionais. Para se ter uma idéia dos volumes negociados, no primeiro semestre de 2004, o país exportou a média de 190 mil barris diários de petróleo e importou 455 mil (PETROBRAS, 2005a). Fase 5. Refino. As refinarias, após receberem o petróleo, através dos dutos da Transpetro, efetuam o refino, transformando o petróleo em derivados. A Petrobras possui 11 (onze) refinarias, em território brasileiro, com capacidade de refino de 1,985 milhões de barris por dia, operando normalmente a uma capacidade de 87%. Dados relativos ao ano de 2005. (PETROBRAS, 2007c) 11 O grau API (ºAPI) mede a viscosidade do petróleo. Quanto maior o ºAPI, menos viscoso é o óleo. Durante o processo de refino há que se respeitar faixas de percentuais de cada derivado resultante do processo. Não se poderia decidir em obter mais ou menos de um determinado derivado, em desrespeito a essas faixas. A figura 6 mostra os percentuais mais comuns de cada derivado. Esse percentual pode variar, respeitando-se a faixa de tolerância, em função do tipo de petróleo que está sendo processado. Uma carga de petróleo de grau API mais elevado, pode resultar em maior quantidade de frações mais leves, assim como uma carga de petróleo de grau API menor, tende a resultar em maior quantidade de frações mais pesadas. Como o modal de transporte mais utilizado no Brasil é o rodoviário, onde se consome basicamente óleo diesel, a matriz de consumo de derivados, não coincide necessariamente com os valores apresentados no Gráfico 1. Para se produzir o volume de óleo diesel necessário à frota nacional, gera-se excedente de outros derivados, principalmente a gasolina e esse excedente é exportado. No primeiro semestre de 2004, o Brasil exportou, em média, 231 mil barris diários de derivados, contra uma importação de 60 mil (PETROBRAS, 2005a). Essa movimentação ocorre na fase 9, entre o refino (fase 5 da figura 2) e a distribuição (fase 6 da figura 2). Gráfico 1 – Produção Nacional de Derivados Fonte: Petrobras, 2007d Fase 6. Distribuição – Essa atividade é exercida pela Petrobras Distribuidora, subsidiária da Petrobras e consiste na retirada dos derivados das refinarias e entrega dos mesmos aos pontos de revenda ou consumo, o que requer uma eficiente logística de transportes. Fase 7. Revenda – É a fase final da cadeia do petróleo. Atualmente existem mais de 7.200 postos de serviço, com a bandeira “BR” (BR, 2005), distribuídos em todo o território nacional. Toda essa cadeia do petróleo, desde a pesquisa, para detecção da existência do petróleo, até sua disponibilização para o consumo, em forma de derivados, ou a entrega para a petroquímica dos derivados destinados a esse fim, requer uma logística intensiva e bem planejada, envolvendo transportes, em suas diversas modalidades, embarcações de apoio, serviços especializados e alta tecnologia. O presente trabalho não detalhará toda essa cadeia, restringindo-se à apresentação da logística dedicada ao apoio das atividades de E&P (Exploração e Produção), com foco nas regiões sul e sudeste, área de atuação da US-TA (Unidade de Serviços de Transporte e Armazenamento, da área de serviços do segmento E&P da Petrobras), que atua fortemente nas bacias de Campos, Espírito Santo e Santos. 3 – A LOGÍSTICA DO E&P 3.1 – ÁREA DE ATUAÇÃO E CUSTOS ENVOLVIDOS Apesar de ter sido mostrada na figura 2 toda a cadeia logística do petróleo na Petrobras, este trabalho se restringirá à abordagem da logística de apoio às operações offshore de Exploração e Produção (operações em destaque na figura 2) realizada pela Unidade de Serviços de Transporte e Armazenamento (US-TA). Essa logística compreende todo o suprimento das plataformas e estruturas de apoio localizadas na região sul e sudeste do Brasil, do litoral do Espírito Santo, atingindo o extremo sul da Bahia, até o litoral do Rio Grande do Sul, abrangendo as bacias sedimentares do Espírito Santo, Campos, Santos e Pelotas. Essas bacias podem ser facilmente localizadas na figura 1 com o apoio da tabela 6. Uma plataforma, seja de perfuração ou de produção, para que se mantenha operando, demanda uma série de insumos,desde água e alimentos para sobrevivência da equipe a bordo, passando pelos mais diversos tipos de materiais e equipamentos, até produtos químicos necessários cuja falta pode determinar a parada de seu processo produtivo, gerando grandes perdas. A parada de uma plataforma de perfuração pode gerar uma perda direta de sua taxa diária de cerca de US$ 150 mil/dia12, além dos custos de todos os contratos de prestação de serviços ligados àquela plataforma, tais como serviço de perfuração direcional13 ou perfilagem14 de poços, que também são serviços de custo muito elevado. A parada de uma plataforma de produção, 12 Custo médio diário de uma plataforma semi-submersível com posicionamento dinâmico obtido da Gerência de Sondas Contratadas, da Unidade de Serviços de Sondas Semi-Submersíveis. Esse valor refere-se aos atuais contratos, mantidos pela Petrobras. Com o atual aquecimento do mercado, devido aos elevados preços do petróleo, já se esperam preços em torno dos US$ 200 mil/dia, para contratos futuros. 13 Os poços de petróleo normalmente não são perfurados totalmente na vertical, sendo direcionados ao seu objetivo através de técnica específica. 14 A perfilagem revela o perfil da formação ao redor do poço. Através da interpretação do mapa de perfilagem pode-se detectar a existência de formações produtoras de petróleo. que tenha uma produção diária de 100 mil barris de petróleo, pode gerar uma perda diária de US$ 5 milhões, considerando-se o valor do barril de petróleo a US$ 50,00. Devido aos grandes valores, normalmente envolvidos na atividade de exploração e produção de petróleo, torna-se necessário um apoio logístico eficiente e que transmita segurança àqueles que dele dependam, daí a necessidade de se manterem serviços com elevados níveis de confiabilidade, o que pode até justificar alguma redundância na disponibilidade de equipamentos, devido ao elevado custo da falta. Diante dessa necessidade de se manterem os níveis de atendimento, a Petrobras mantém uma estrutura especialmente voltada para o atendimento logístico dessas plataformas, tanto no que diz respeito ao atendimento de materiais como também na movimentação de pessoal. Essa atividade logística fica a cargo da Unidade de Serviços de Transporte e Armazenamento (US-TA), cuja estrutura encontra-se detalhada adiante. 3.2 – O CRESCIMENTO DA DEMANDA Nos últimos vinte anos verificou-se grande crescimento na atividade de exploração e produção offshore nas regiões sul e sudeste do Brasil. As tabelas 4 e 5 mostram como o crescimento das atividades de E&P se reflete no crescimento das reservas e da produção de petróleo no período de 1994 a 2003. Atualmente a US-TA atende cerca de 100 pontos offshore, movimentando mensalmente 230.000 toneladas de carga e 45.500 passageiros. Para isso são utilizadas 105 embarcações, que operam em 4 portos (Vila Velha – ES, Macaé – RJ, Rio de Janeiro – RJ e Itajaí – SC) e 42 helicópteros, operando em 7 aeroportos (São Mateus – ES, Vitória – ES, Farol de São Tomé – RJ, Macaé – RJ, Jacarepaguá – RJ, Itanhaém – SP e Itajaí – SC). (US-TA, 2003) A tabela 7 mostra o crescimento da demanda de serviços logísticos em função do crescimento da atividade de E&P, no intervalo de vinte anos. Tabela 7 – Crescimento da demanda de atendimento logístico 1984 1994 2004 Variação 1984-2004 Pontos de atendimento 27 57 99 267% Carga transportada/mês (t) 84.000 121.000 230.000 274% Passageiros/mês 10.500 23.500 45.500 333% Fonte: US-TA, 2003 Como pode ser constatado ocorreu um grande crescimento na demanda de serviços no período apresentado na tabela 7. A tabela 8 mostra o crescimento dos recursos logísticos, que tiveram que acompanhar o crescimento dessa demanda. Tabela 8 – Crescimento dos recursos logísticos 1984 1994 2004 Número de embarcações 49 65 105 Número de helicópteros 9 20 42 Número de portos 1 2 4 Número de aeroportos 2 4 7 Número de contratos 64 118 209 Fonte: US-TA, 2003 3.3 – A ESTRUTURA DA US-TA Esse crescimento constante da atividade de E&P, com previsão de continuidade, visto que a Petrobras tem como meta o atingimento da auto- suficiência em petróleo, em 2006, tem exigido da US-TA a dedicação de elevada quantidade de homens-hora no planejamento de um apoio logístico adequado que atenda a essa crescente demanda. Para manterem-se em operação, as plataformas necessitam de diversos insumos (tais como diesel, água, alimentos, materiais e produtos químicos diversos), que são diuturnamente embarcados nas bases de apoio offshore da Petrobras e transportados através de rebocadores (supply boats) especialmente especificados para essa finalidade. As tripulações dessas plataformas e eventuais prestadores de serviços são embarcados e desembarcados de helicópteros. Para que possa prestar esse atendimento, a US-TA conta com 7 gerências setoriais e uma coordenação, assim denominados: Gerência de Armazenamento (ARM) Gerência de Operações Portuárias (OPRT) Gerência de Programação e Contato com o Cliente (PCC) Gerência de Transporte de Cargas (TC) Gerência de Transporte de Pessoas (TRNSP) Gerência de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) Gerência de Segurança de Vôo (SEV) Coordenação de Otimização de Operações Logísticas (COOPEL) 3.4 – POLÍTICA DE CAPACIDADE Como política de adequação da capacidade à demanda, segundo, três tipos de política poderiam ser utilizadas, para se definir o momento de se realizar o incremento de capacidade para atendimento à variação de demanda. A escolha de uma dessas políticas, determinará a estratégia adotada pela empresa para o atendimento à demanda, conseqüentemente definindo o nível de serviço oferecido aos seus clientes. Os itens “a”, “b” e “c” a seguir sugerem demandas crescentes, ao longo do tempo, com diferentes formas de adequação da capacidade, de acordo com a visão de Hayes e Wheelwright (1984). a) Capacidade menor que a demanda Nessa política, opera-se sempre com a capacidade abaixo da demanda, buscando-se, nos momentos de adequação da capacidade, alcançar no máximo o valor de demanda daquele momento, sem se levar em consideração folgas para crescimentos futuros (Ver Gráfico 2). Não se tem o risco de se operar com capacidade ociosa, entretanto, o não atendimento à demanda existente é iminente, acarretando em baixo nível de serviço. Gráfico 2 – Capacidade de atendimento menor que a demanda Evolução da Demanda 0 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 Anos D em an da Fonte: Haynes e Wheelwright, 1984 b) Capacidade próximo da demanda Nessa política, sempre que se ajusta a capacidade à demanda existente, incorpora-se uma pequena folga, prevendo futuros crescimentos. Isso determina um razoável equilíbrio entre a demanda e a capacidade, melhorando o nível de serviço (Gráfico 3). Gráfico 3 – Capacidade próximo da demanda Evolução da Demanda 0 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 Anos D em an da Fonte: Haynes e Wheelwright, 1984 c) Capacidade acima da demanda Nessa política, a capacidade está sempre sendo ajustada acima da demanda. Isso determina a existência constante de uma capacidade ociosa, entretanto com elevado nível de serviço (Gráfico 4). Gráfico 4 – Capacidade acima da demanda Fonte: Haynes e Wheelwright, 1984 Evolução da Demanda 0 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 Anos D em an da Em virtude dos altos custos envolvidos nas atividadesde E&P offshore, conforme mostrado no tópico 3.1, o custo da falta pode vir a gerar grandes prejuízos. Isso faz com que a US-TA busque trabalhar entre a “Capacidade próxima à demanda” e a “Capacidade acima da demanda” 3.5 – A ESTRUTURA DE LOGÍSTICA DO E&P A figura 3, mostrada na próxima página, representa, de forma simplificada, a cadeia logística do E&P, na área de atuação da US-TA, descrevendo-se a seguir a participação das diversas gerências que formam a estrutura envolvida na operacionalização dessa cadeia. Fonte: US-TA, 2003 Figura 3 – Cadeia de Suprimentos - E&P – US-TA Fornecedores Nacionais Fornecedores Internacionais Portos US-TA Embarcações Unidades Marítimas AeronavesAeroportos US-TA Portos Aeroportos FORNECEDORES TERMINAIS ARMAZÉNS TERMINAIS DEMANDA US-TA Clientes Armazéns TRANSPORTE 3.5.1 – ARMAZENAMENTO – ARM A Gerência de Armazenamento, da US-TA, está instalada em um terreno, com 171.304 m², chamado de “Parque de Tubos”, situado a 13 km da sede da Petrobras, em Macaé. Possui 10 armazéns cobertos, totalizando uma área de 20.090 m² e 151.214 m² de área descoberta, onde são armazenadas cargas diversas, que podem ser mantidas ao tempo, principalmente tubos, utilizados nos poços de petróleo, daí o nome de Parque de Tubos. (US-TA, 2003) Opera com pouco mais de 300 pessoas, sendo 100 dessas pessoas pertencentes aos quadros da Petrobras, e o restante composto de mão de obra terceirizada. A Gerência de Armazenamento da US-TA tem como principais atividades (ARM, 2005): • Recebimento e conferência de materiais que dão entrada no estoque; • Estocagem e preservação dos materiais estocados; • Expedição dos materiais solicitados através de documento de solicitação de materiais ao estoque; • Coleta, emblagem, e unitização dos materiais solicitados; • Envio dos materiais para os portos ou aeroportos para serem embarcados para as plataformas; • Atendimento a solicitações de materiais, provenientes de outras unidades da Petrobras; • Guarda de todo o material em regime de admissão temporária (REPETRO); e • Alienação de materiais obsoletos ou inservíveis. Mantém, em seus armazéns cerca de 43.000 itens, o que representa aproximadamente 45% de todo o estoque da Petrobras, em valor e trata em média 4.000 documentos de entrada e saída de materiais, movimentando mais de 8.300 itens de material por mês. (ARM, 2005) 3.5.2 – TRANSPORTE DE CARGAS – TC A Gerência de Transporte de Cargas é responsável por todo o transporte de cargas, que na US-TA é basicamente realizado através dos modais terrestre e marítimo. Uma quantidade muito pequena de cargas, devido a sua característica de fragilidade é transportada pelo modal aéreo, através de helicópteros. O transporte terrestre compreende principalmente a movimentação das cargas, através do modal rodoviário, entre o Parque de Tubos e o porto de Imbetiba, onde as cargas são embarcadas para os seus destinos. As cargas também podem ser transportadas para outros portos, como será visto na seção seguinte. O modal rodoviário também é utilizado para transportar as cargas que, ao invés de serem embarcadas provenientes dos estoques da Petrobras, são recolhidas diretamente dos canteiros de empresas que prestam os mais diversos tipos de serviços à Petrobras. Além disso, esse modal é utilizado para o transporte de cargas entre a base da Petrobras, em Macaé, e as diversas bases localizadas em outras cidades do país. Toda a frota utilizada no modal rodoviário é contratada, parte dela oriunda do contrato de apoio logístico15 e parte oriunda de contratos exclusivos de transporte, inclusive algumas contratações spot, quando necessário. É utilizado também o modal ferroviário, exclusivamente para o transporte de óleo diesel, através de contrato com a Ferrovia Centro Atlântico. O transporte é feito entre a Refinaria Duque de Caxias e o Porto de Imbetiba, em trens compostos de vagões tanque de 60 m³, que chegam ao pátio interno do porto de Imbetiba para descarregamento. Mensalmente são transportados, por esse modal, entre 15 e 20 mil m³ de óleo diesel. Esse diesel é utilizado, parte para abastecer as plataformas e parte para o consumo da frota16. (PCC, 2005a) Apesar de seu envolvimento com os modais rodoviário e ferroviário, o foco maior da gerência de Transporte de Cargas é o modal marítimo. Nesse modal, o transporte das cargas é realizado através de uma frota de cerca de 105 rebocadores dos mais diversos tamanhos, capacidades e finalidades, conforme descrito abaixo: Plataform Supply Vessel (PSV) – São barcos considerados de grande porte, com conveses que podem chegar a 1.000 m² de área e muitos recursos de movimentação, tais como thrusters17 e posicionamento dinâmico, o que facilita sua aproximação das plataformas e permite operação com condições de mar adversas. São utilizados como barcos de suprimento das plataformas, podendo transportar carga geral de convés, ou granéis em seus tanques internos. Supply Vessel (SV) – Têm a mesma finalidade que os PSV’s, entretanto são um pouco menores e, muitos, não possuem os mesmos recursos de potência, movimentos laterais e posicionamento dinâmico, tornando-se mais vulneráveis às condições de mar. 15 A US-TA tem contrato com uma empresa que, sob supervisão da Petrobras, executa a unitização, o transporte terrestre e o embarque no porto de todas as cargas destinadas às plataformas. 16 A US-TA mantém um navio tanque, em um ponto central da Bacia de Campos, que repassa óleo diesel para os rebocadores, para consumo próprio e para o abastecimento das plataformas. 17 Propulsores que permitem à embarcação realizar movimentos laterais e de giro sobre um eixo vertical. Tug Supply (TS) – Esse tipo de embarcação tanto pode ser utilizada como barco de suprimento, como de reboque. É muito utilizado nas operações de DMA18 das plataformas de perfuração ou segurando petroleiro, nas operações de alívio19. Utility (UT) – São barcos de pequeno porte, geralmente com casco de alumínio, o que lhes confere a característica de maior velocidade e versatilidade. São conhecidos no jargão Petrobras como “Expressinho” e foram idealizados para reduzir a dependência do transporte por helicópteros, quando se exigia maior rapidez na entrega das cargas. Operam com cargas de pequeno porte e, apesar de não terem a mesma velocidade dos helicópteros, podem navegar à noite, podendo operar de forma ininterrupta, o que, apesar de possível, por questões de segurança, não é feito com os helicópteros. Line Handling (LH) – Essas embarcações são utilizadas como barcos de prontidão. São barcos que ficam à disposição de plataformas, agrupadas em determinadas áreas, para o caso de eventuais emergências. Anchor Handling Tug Supply (AHTS) – São barcos de grande porte que podem operar tanto como supridores como reboques, mas operam fundamentalmente como barcos de manuseio de âncoras. São barcos com grande capacidade de arraste e são utilizados para o lançamento e a remoção de âncoras de plataformas, nas operações de DMA. Alguns desses barcos possuem um equipamento chamado ROV (Remote Oriented Vehicle). O ROV é uma espécie de robô que, comandado da superfície, pode executar tarefas de instalação e manutenção de equipamentos e sistemas em profundidades onde não é possível se chegar com um mergulhador20. 18 Desancoragem, Movimentação e Ancoragem (DMA) é a operação de movimentação de uma plataforma de uma
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