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Direito dos Tratados

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Direito dos Tratados
01) Histórico
- antiguidade: primeiros princípios: livre convencimento, boa-fé, e a norma do pacta sunt servanda, que regeram os contratos internacionais.
- a partir de 1815: modificação no cenário por conta da solidariedade internacional, com o aparecimento dos tratados multilaterais;
- a partir do século xx: surgimento das organizações internacionais de caráter permanente que passaram a deter a capacidade de celebrar tratados, ao lado dos Estados.
Se deu pelo fato da crescente solidariedade que se estabelece entre os diversos elementos da sociedade internacional: a solidariedade mecânica; a solidariedade dos interesses; solidariedade dos indivíduos no desenvolvimento da cultura e da opinião pública.
- a soma desses fatores levou então à necessidade de criação de uma genuína codificação declaratória de Direito Internacional geral
- Direito dos Tratados “ todo o conjunto do ordenamento jurídico internacional e sedimenta as bases da estrutura na qual operam as normas internacionais”
- a necessidade de codificar o Direito dos Tratados, desenvolveu-se contribuindo com o propósito das Nações Unidas, consistentes essencialmente, na MANUTENÇÃO DA PAZ E DA SEGURANÇA NACIONAL.
Princípios de Direito Internacional incorporados na Carta da ONU: igualdade de direitos, o da livre determinação dos povos, o da igualdade soberana, independência de todos os Estados, o da não intervenção nos assuntos internos dos Estados, o da proibição da ameaça ou uso da força, o do respeito universal aos direitos humanos e à liberdades fundamentais de todos e o da efetividade de tais direitos e liberdades, insculpidos em seu art. 1,2,3 e 4.
2 – Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados
A Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas iniciou-se em 1949 e já fez inserir o direito dos tratados.
Os relatores tinham a tarefa de codificar o costume dos Estados relativo a tratados – durou 20 anos
- com o envolvimento de 110 Estados, dos quais apenas 31 firmaram o texto final da Convenção ( Entre eles o Brasil).
- Depois de 10 anos de sua conclusão, em 27 de janeiro de 1980 é que a Convenção entrou em vigor internacionalmente, quando se atingiu o quórum mínimo de 35 Estados ratificantes.
- Chamada de Lei dos Tratados, Código dos Tratados ou ainda TRATADO DOS TRATADOS, a Convenção de Viena de 1969 é um dos mais importantes documentos já concluídos na história do Direito Internacional Público. 
- A Convenção regula desde questões pré-negociais (capacidade para concluir tratados e plenos poderes), até o processo de formação dos Tratados (adoção, assinatura, ratificação, adesão, reservas, etc), sua entrada em vigor, aplicação provisória, observância e interpretação, bem assim a nulidade, extinção e suspensão da execução.
- Entre as regras basilares de direito das gentes, reconhecida pela Convenção de Viena pode ser citada a norma pacta sunt servanda – SEGUNDO O QUAL O DIREITO INTERNO NÃO PODE LEGITIMAR A INEXECUÇÃO DE UM TRATADO (ART. 27); cláusula rebus sic stantibus – QUE PERMITE A EXTINÇÃO OU RETIRADA DE UM TRATADO QUANDO PASSA A EXISTIR UMA MUDANÇA FUNDAMENTAL NAS CIRCUNSTÂNCIAS EXISTENTES A ESTIPULAÇÃO DO ACORDO (ART. 62).
- não cuidou dos efeitos dos tratados na sucessão de Estados e no Estado de Guerra. 
- A Convenção de Viena reveste-se de autoridade jurídica mesmo para Estados que dela NÃO são signatários, em virtude de ser ela geralmente aceita como norma Declaratória de Direito Internacional Geral.
- Sua aplicação é supletiva aos Tratados. 
- No Brasil, somente em 22 de abril de 1992 que o Poder Executivo, com a mensagem n. 116 encaminhou o texto da Convenção de 1969 à apreciação do Congresso Nacional. 
- Finalmente em 25 de setembro de 2009 foi a Convenção ratificada pelo governo brasileiro, tendo sido promulgada internamente pelo Decreto 7.030, de 14 de dezembro de 2009.
- Entretanto, mesmo antes de sua aprovação, o Itamaraty sempre pautou sua atividade na negociação de tratados pelas regaras da Convenção de 1969, pois mesmo que tecnicamente não estivesse em vigor, seu valor jurídico subsistes, se não como tratado, mas como norma costumeira internacional. 
- a JURISPRUDÊNCIA DO STF quanto aos tratados internacionais que não sejam de direitos humanos, como é o caso da Convenção, guardam o mesmo nível das leis ordinárias federais no plano do nosso Direito Interno. 
- Mesmo entrando em vigor em 2009, ainda continua vigente no Brasil, naquilo que não contraria a Convenção, a Convenção de Havana sobre Tratados, de 20 de fevereiro de 1928, realizada em Cuba em vigor desde 8 de janeiro de 1929. Também a ratificaram os Estados do EQUADOR, HAITI, HONDURAS, NICARÁGUA, PANAMÁ, PERU E REPUBLICA DOMINICANA. 
04) CONCEITO DE TRATADO INTERNACIONAL
“Entende-se por tratado todo acordo formal, concluído entre sujeitos do Direito Internacional Público, regido pelo direito das gentes e que visa à produção de efeitos de direito para as partes contratantes” MAZUOLLI
A Convenção em seu art. 2º, § 1º, alínea a estabelece “1- para os fins da presente Convenção:
“tratado” significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica”.
Acordo internacional – o livre consentimento é um princípio do Dip. Os tratados expressam aquilo que os negociadores acordam livremente. Sem convergência de vontades dos Estados, não há acordo internacionalmente válido. É necessário que este acordo tenha por finalidade criar entre as partes um vínculo juridicamente exigível em caso de descumprimento. 
Celebrado por escrito – os tratados são acordos essencialmente formais. A forma de celebração oral não satisfaz o requisito da formalidade.
Concluído entre Estados ou organizações internacionais – como atos jurídicos internacionais, os tratados só podem ser concluídos por entes capazes de assumir direito e obrigações no âmbito externo. 
A CF de 1988 em seu art. 52, V permite que a União, os Estados, o DF, os territórios e os Municípios, realizem operações externas de natureza financeira, desde que autorizados pelo Senado Federal. Muitas negociações são feitas com organismos internacionais, como o FMI, o Banco Mundial, que têm personalidade jurídica de Direito Internacional, porém o art. 21, I, diz competir à União, e tão somente a ela, manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais, de forma que não se pode entender ser possível a conclusão de tratados em que não seja parte o Estado brasileiro.
Regido pelo Direito Internacional 
Significa que os pactuantes têm a intenção de criar entre si uma obrigação jurídica sob a autoridade do Dip. 
Para um ato internacional ser considerado tratado deve ele operar dentro do âmbito do Dip, ou seja, ser exigível internacionalmente. 
Celebrado em instrumento único ou em dois ou mais instrumentos conexos
Além do texto principal do tratado, podem existir outros instrumentos que o acompanham, a exemplo dos protocolos adicionais e dos anexos, produzidos concomitantemente à produção do texto principal. 
Ausência de denominação específica – A Convenção de 1969 deixa bem claro que a palavra tratado se refere a um acordo regido pelo Direito Internacional, qualquer que seja sua denominação específica. O que importa para configurar a existência de um tratado, assim, é se estão presentes os requisitos ou elementos essenciais e não essa ou aquela denominação. 
05) Terminologia dos Tratados 
A expressão tratado é uma expressão gênero, que alberga dentro de si diferentes nomenclaturas. 
Tratado – trata-se de uma expressão genérica por natureza, eleita pela Convenção de Viena de 1969 para designar todo acordo internacional, bilateral ou multilateral de especial relevo político, qualquer que seja sua denominação específica (art. 2º, § 1º, alínea a).
Convenção – Essa expressão começou a ser empregada no sentido atual a partir da proliferação dos congressos e conferênciasinternacionais. A expressão convenção conota então aquele tipo de tratado solene, multilateral em que a vontade das partes não propriamente divergente, como ocorre nos chamados tratados-contratos, mas paralela e uniforme, ao que se atribui o nome de tratados-leis ou tratados-normativos, dos quais são exemplos as convenções de Viena sobre relações diplomáticas e consulares, as de Genebra sobre direito humanitário e etc. 
Pacto – na atualidade, a expressão tem sido utilizada para restringir o objeto político de um tratado, do qual é exemplo o Pacto de Aço, celebrado em Berlim em 1939, Pacto internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, celebrados em Nova York. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969, apelidada de Pacto de San José da Costa Rica. 
Acordo – comumente utilizado para designar tratados de natureza econômica, financeira, comercial ou cultural, como por exemplo, o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio), o GATT. 
Declaração – é expressão utilizada para aqueles atos que estabelecem certas regras ou princípios jurídicos, ou ainda para normas de Direito Internacional indicativas de uma posição política comum de interesse coletivo. Ex.: Declaração de Paris – 1856; Declaração da Haia – 1907 que proibiu a utilização de balões para bombardeios; Declaração do México – 1945, que proclamou os princípios americanos. 
Carta – comumente utilizada para estabelecer instrumentos constitutivos de Organizações Internacionais. Ex.: Carta das Nações Unidas, 1945, Carta da Organização dos Estados Americanos, 1948
Protocolo – designa resultados de uma conferência diplomática (Protocolo de Ouro Preto 1994, Protocolo de Paris, 1928).
06) Estrutura dos Tratados
a) título – indica a matéria a ser tratada
b) Preâmbulo ou exórdio – enumeração dos contratantes e os motivos que levaram os Estados a negociação do acordo.
c) Dispositivo – sequência de artigos que se estabelecem as cláusulas de operatividade do acordo. 
d) fecho – que significa o local e a data da celebração do tratado, o idioma a ser redigido e o número de exemplares originais
e) Assinatura : do chefe de Estado, do Ministro das Relações Exteriores.
f) Selo ou lacre – o compromisso entre as partes
07) Classificação dos Tratados
a) Quanto ao número de partes – os tratados podem ser bilaterais ou multilaterais
b) Quanto ao tipo de procedimento utilizado para a sua conclusão: os tratados podem ser stricto sensu (bifásicos que possuem duas fases: a assinatura e a ratificação) e em forma simplificada (unifásicos).
08) Processo de formação dos tratados.
Trata de estudar os tratados sob o ponto de vista formal, examinando-se detalhadamente todas as fases de sua celebração e as implicações que tais fase têm na ordem jurídica interna dos Estados-parte.
Os tratados e convenções internacionais são atos solenes, cuja conclusão requer a observância de uma séria de formalidades rigorosamente distintas e sucessivas. 
São genericamente 4 fases pelas quais têm de passar os tratados solenes até a sua conclusão. 
A da formação do texto (negociações, adoção e autenticação) e assinatura.
A da aprovação parlamentar por parte de cada estado interessado
A da ratificação ou adesão do texto convencional, concluída com a troca ou depósito dos instrumentos
A da promulgação e publicação do texto convencional na imprensa oficial de cada estado. 
Quando regularmente concluídos, os tratados ingressam no ordenamento jurídico interno com vida própria e com sua roupagem original de tratados, e nessa qualidade REVOGAM a legislação interna incompatível, tal como faria a norma posterior relativamente à anterior, devem também os tratados ser observados pelas demais leis que lhe sobrevenham.
Com a promulgação do texto convencional, os instrumentos internacionais COMUNS ratificados pelo Estado brasileiro passam a ter força de norma interna, com hierarquia superior à lei, pelo simples motivo de não poderem ser revogados por lei posterior (eles são imunes a qualquer normatividade futura), como estão a demonstrar a legislação brasileira e a prática contemporânea internacional. 
Os tratados internacionais de proteção dos direitos humanos, que consideramos ESPECIAIS, por sua vez, ingressam no nosso ordenamento jurídico com índole e nível de normas constitucionais, em virtude da regra insculpida no art 5º,§ 2º, da CF.
Há certas condições ou elementos essenciais para que um tratado seja considerado válido:
Capacidade para tal 
Que estejam legalmente habilitados – por meio de cartas de plenos-poderes, assinada pelo Chefe do Executivo e referendada pelo Ministro das Relações Exteriores.
Que haja mútuo consentimento
E que seu objeto seja lícito e materialmente possível 
Faltando uma dessas condições o tratado pode ser considerado INVÁLIDO pelos tribunais internacionais competentes – na ONU, a CIJ.
Segundo a Convenção de 1969 todos os Estados têm capacidade para concluir tratados – art.6º.
No Brasil, a competência para celebrar tratados é do Chefe do Executivo e esta competência é privativa, o que permite que haja delegação. – art. 84, inc. VII, porém no Inciso VIII, do art. 84 dispõe: “compete privativamente ao Presidente da República celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”.
Essa competência normalmente é delegada ao Ministro das Relações Exteriores. Pode também ser delegada a agentes diplomáticos ou aos Chefes de Missão Diplomática. (art. 52, IV).
FASES DA FORMAÇÃO DOS TRATADOS
NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES – o processo de formação tem início com os atos de negociação, que são da competência geralmente do Poder Executivo. 
Acontece quando os representantes dos Estados se reúnem em certo local e em uma época preestabelecia, a fim de estudar conjuntamente as possibilidades de se chegar a um entendimento relativo à conclusão de determinado instrumento internacional. 
A negociação dos tratados bilaterais é usualmente estabelecida entre a chancelaria e a missão diplomática acreditada no país e, na falta de representação diplomática, é normalmente enviada uma delegação ou missão especial incumbida de negociar. 
As negociações de tratados multilaterais têm normalmente lugar no seio de uma organização internacional ou em uma conferência internacional especialmente convocada para a discussão e elaboração de um ou mais tratados. 
O procedimento das negociações reveste-se da mais alta complexidade e rigidez, obedecendo a um regulamento interno já previamente estabelecido e utilizando-se, normalmente, de um ou mais dos seis idiomas oficiais da ONU ( francês, inglês, o espanhol, o árabe , o russo e o chinês).
NO Brasil toda negociação de ato internacional deve ser acompanhada por funcionário diplomático, devendo ainda o texto final do acordo ser aprovado, sob o aspecto jurídico, pela Consultoria Jurídica do Itamaraty (CJ) e sob o aspecto processual, pela Divisão de Atos Internacionais (DAI). 
Nesta fase o tratado já possui um preâmbulo, que elenca o nome das partes-contratantes e expõe os motivos a que se destina a consecução do acordo; uma parte dispositiva, que representa o corpo do texto, seus princípios e regras do compromisso, algumas cláusulas ou disposições finais e, eventualmente alguns anexos, que contêm elementos técnicos complementares ao texto do tratado.
A ADOÇÃO DO TEXTO
Sabe-se que o texto final de um tratado deve resultar de um ACORDO DE VONTADES das partes presentes à negociação. Tal acordo DEVE SER CHANCELADO por um ato jurídico, para que somente assim seja tido por válido. Esse ato jurídico que chancela o acordo das partes e pôs fim às negociações, é o ato da ADOÇÃO do texto convencional, regulado pelo art. 9º, §§ 1º e 2º, da Convenção de Viena de 1969.
Trata-se de um ato de vontade com o qual os Estados partícipes aceitam o texto final como conveniente, isso não significa que já aceitam o tratado enquanto norma jurídica vinculante em relação a si. 
A adoção chancela a redação definitiva do tratado internacional,nada mais. 
Quais as regras para a adoção de um tratado? O art. 9º, §§ 1º e 2º da Convenção de 1969 dispõe:
A adoção efetua-se pelo consentimento de todos os Estados que participam da sua elaboração, ou;
Quando a adoção tiver lugar em uma conferência internacional, efetua-se pela maioria de dois terços dos Estados presentes e votantes, salvo se esses Estados, pela mesma maioria, decidirem aplicar uma regra diversa. 
A adoção é diferente da AUTENTICIDADE
A AUTENTICIDADE é uma formalidade protocolar, própria dos documentos diplomáticos, que confere autenticidade e definitividade ao texto convencional adotado, ou seja, primeiro ADOTA O TEXTO e depois lhe atribui LEGITIMIDADE (autenticidade +definitividade). No termo do art. 10 da Convenção, a autenticação é o ato pelo qual o texto do tratado é considerado autêntico e definitivo. 
ASSINATURA é o ato pelo qual os negociadores, ao chegar a um acordo sobre os termos do tratado, encerram as negociações, expressam sua concordância com o teor do ato internacional, adotam e autenticam seu texto e, por fim, encaminham o acordo para etapas posteriores da formação do ato internacional. 
Efeitos:
- encerramento das negociações;
-expressão da concordância dos negociadores com o teor do acordo;
- adoção e autenticação do texto;
- encaminhamento para ratificação
Obs.: há tratados que obrigam as partes apenas com a assinatura, como os acordos executivos e atos internacionais que não implicam em novos compromissos externos.
A ASSINATURA OBRIGA OS SIGNATÁRIOS A NÃO ATUAR DE MODO A COMPROMETER SEU OBJETO.
A ASSINATURA IMPEDE QUE O TEXTO DO ACORDO SEJA ALTERADO UNILATERALMENTE. 
Quem pode assinar um tratado em nome do Estado: Chefe de Estado; o Chefe de governo; o Ministro das Relações Exteriores; o Embaixador, para tratados com o ente estatal; o chefe de uma missão permanente junto a um organismo internacional; chefe de uma delegação; qualquer pessoa que detenha uma Carta de Plenos Poderes, emitida pelo Presidente da República.
RATIFICAÇÃO 
A Ratificação é o ato pelo qual o Estado, após reexaminar um tratado assinado, confirma seu interesse em concluí-lo e estabelece, no âmbito internacional, o seu consentimento em obrigar-se por suas normas. É a aceitação definitiva do acordo. 
Apesar de a ratificação ser um ato de relações internacionais, cabe aos ordenamentos nacionais, regular como os Estados praticarão esse ato. Em geral, a maior parte dos entes estatais confere o poder de ratificar tratados ao respectivo Chefe de Estado, condicionado à autorização parlamentar. 
No Brasil a ratificação é ato privativo e, portanto, indelegável do Presidente da República, competente para “manter relações com Estados Estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos” e para “celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional (CF, art. 84, VII e VIII)
A RATIFICAÇÃO É UM ATO DISCRICIONÁRIO.
Como é um ato discricionário, pode ocorrer apenas no momento mais oportuno ou conveniente para os interesses nacionais, não estando em regra vinculada a qualquer prazo posterior à assinatura. 
A ratificação normalmente depende da autorização parlamentar. É o caso do Brasil, onde o Presidente da República só poderá ratificar tratados com autorização do Congresso Nacional, ao qual, compete, em caráter exclusivo, “resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional” (CF, art. 49, I).
ENTRADA EM VIGOR NO ÂMBITO INTERNACIONAL
A ratificação de um tratado não gera consequências jurídicas se o tratado não foi ratificado pela outra parte ou de um acordo multilateral que não atingiu o número mínimo de ratificações. Além disso, o texto do tratado pode dispor que o ato só entra em vigor após determinado tempo.
Quando um tratado começa a gerar efeitos jurídicos?
Cabe advertir que as condições de início da vigência de tratados bilaterais e multilaterais são diferentes, e que a entrada em vigor do ato no âmbito internacional não se confunde com sua exigibilidade no âmbito interno, a qual depende de outros procedimentos adicionais. 
TRATADOS BILATERAIS - a entrada em vigor vai depender de que ambas as partes ratifiquem o ato e troquem informações a respeito entre si. Essa troca pode ser feita por um dos dois procedimentos seguintes: a notificação da ratificação e a troca dos instrumentos de ratificação.
TRATADOS MULTILATERAIS – as hipóteses de notificação da ratificação e de troca de instrumentos de ratificação podem ser pouco práticas, especialmente se o ato internacional tiver muitas partes. Por conta da grande dificuldade, a entrada em vigor dos tratados multilaterais no âmbito internacional obedece a um procedimento diferente. 
EM PRIMEIRO LUGAR – existe a figura do depositário, que é um Estado ou organização internacional que receberá e guardará os instrumentos de ratificação e que informará as partes que assinaram o tratado a respeito, impedindo uma longa e custosa distribuição desses documentos ao redor do mundo. O depositário não precisa ser parte no tratado.
EM SEGUNDO LUGAR – a prática internacional criou a exigência de que o acordo multilateral necessite apenas de um número mínimo de ratificações para entrar em vigor. Tal número é estabelecido na própria negociação, variando, portanto, entre os tratados. Atingido esse número, o ato fica apto a gerar efeitos jurídicos, mas apenas para os entes que já o ratificaram, passando a valer para os demais Estados apenas na medida em que estes o ratifiquem.
POR FIM – caso o texto do tratado assim o determine, o ato entrará em vigor ou na data do recebimento da última ratificação exigida ou após certo prazo, também estabelecido no próprio texto do tratado.
REGISTRO E PUBLICIDADE
A carta da ONU (art. 102) determina que todo tratado concluído por qualquer um de seus Estados-membros deverá ser registrado e publicado pelo Secretariado Geral da Organização, para que possa ser invocado perante os órgãos das Nações Unidas. Com isso, parte da doutrina entende que o registro do acordo na ONU e sua respectiva publicação por essa entidade é a condição final para que o tratado entre em vigor.
O principal objetivo do registro é contribuir para a consolidação das normas de Direito Internacional e dar publicidade ao ato pra a sociedade internacional, evitando, ainda, a celebração de compromissos secretos, prática antes adotada e que não só gerou consequências deletérias nas sociedade internacional como também não se coaduna com o espírito democrático. 
Na prática, os atos internacionais entram no universo do Direito Internacional independentemente de registro. A propósito, a própria Carta da ONU permite que se infira a possibilidade de que os tratados gerem efeitos jurídicos independentemente de registro, visto que seu art. 102 define este ato COMO MERA CONDIÇÃO para que uma norma internacional seja invocada nos órgãos das Nações Unidas. 
EFEITOS DOS TRATADOS SOBRE AS PARTES E SOBRE TERCEIROS
É cediço que as normas internacionais são obrigatórias. Nesse sentido, a entrada em vigor de um tratado traz uma série de consequências jurídicas para seus signatários e, em alguns casos, para terceiros. Tais desdobramentos referem-se não só a necessidade de cumprimento de seus preceitos, mas também a uma série de matérias correlatas, relevantes para elucidar a duração e extensão dos efeitos dos atos internacionais. 
Duração. Vigência contemporânea e diferida
No tocante ao início da aplicabilidade do tratado no universo jurídico, a doutrina divide a vigência em contemporânea e diferida.
CONTEMPORÂNEA – caracteriza-se quando o ato entra em vigor tão logo seja manifestado o consentimento definitivo das duas partes, nos atos bilaterais, ou de um mínimo de signatários, nos multilaterais.
DIFERIDA – configura-se quando os textos dos tratados estipulam um prazo para sua entrada em vigor após a expressão final da vontade dos signatários. 
Ex.: nas convenções da OIT, que em regra começam a gerar efeitosapenas a partir de doze meses após atingido o número mínimo de ratificações ou para os Estados que as ratificarem posteriormente.
É também possível que o tratado entre em vigor, no todo ou em parte, de maneira escalonada, ou seja, em momentos diferentes para alguns dos signatários. 
No tocante a DURAÇÃO, os tratados podem existir por prazo determinado ou indeterminado. 
REGRA FUNDAMENTAL PACTA SUNT SERVANDA E O PRINCÍPIO DA BOA FÉ NO DIREITO DOS TRATADOS. 
O art. 26 da Convenção de Viena de 1969 determina que “todo tratado em vigor obriga as pares e deve ser cumprido por elas de boa fé”.
O dispositivo também estabelece o princípio do pacta sunt servanda como base de todo o Direito dos Tratados. Nesse sentido, devem os sujeitos que tenham pactuado algum compromisso internacional observar seus termos, em consonância com o antigo preceito romano sintetizado na seguinte máxima “o que há de mais compatível com a lealdade humana do que respeitar aquilo que foi pactuado?”.
APLICAÇÃO DOS TRATADOS NO TEMPO: O PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE
Pode-se afirmar que, os tratados geram, via de regra, efeitos ex nunc, ou seja, suas normas não retroagem. Portanto as normas do tratado não obrigam uma parte em relação a um ato ou fato anterior ou a uma situação que deixou de existir antes da entrada em vigor do compromisso
04) APLICAÇÃO DOS TRATADOS NO ESPAÇO. AS TEORIAS DA REPERCUSSÃO DOS TRATADOS SOBRE OS ESTADOS NÃO CONTRATANTES.
O tratado em vigor aplica-se, em princípio, somente aos entes estatais e organizações internacionais que o celebraram. Nesse sentido, o ato pode executar-se em todo o território dos Estados-partes, salvo disposição expressa de seu próprio texto, que exclua certas áreas do território do ente estatal signatário de sua abrangência.
O preceito em apreço é consequência do princípio geral do Direito Internacional pelo qual os entes com capacidade para celebrar tratados só devem observar os acordos com as quais tenham consentido. 
Entretanto, em certos casos, um tratado poderá ter efeitos sobre Estados e organismos internacionais que não sejam seus signatários. É o caso de um tratado que crie direitos para entes que não sejam suas partes, tais direitos só não prevalecerão se o beneficiário não consentir a respeito.
Um dos exemplos é o da chamada cláusula da nação mais favorecida, onde por exemplo, A e B celebraram um tratado estabelecendo cada um deles uma alíquota menor em relação aos produtos de importação originários do outro, caso no futuro um deles vier a atribuir alíquota menor aos produtos de qualquer outro país, o copactuante terá o direito imediato a igual benefício. Portanto, na cláusula da nação mais favorecida os signatários se comprometem a estender a todas as demais partes no acordo o tratamento que for mais favorável a um terceiro Estado. 
EFEITO JURÍDICO NA ATRIBUIÇÃO DE OBRIGAÇÕES E NA CONCESSÃO DE DIREITOS A TERCEIROS ESTADOS.
Desse terceiro efeito, por ser jurídico, cuida expressamente a Convenção de Viena, nos seus arts. 35 a 38. Trata-se do caso em que terceiros Estados passam a ser titulares de obrigações ou de direitos no plano internacional, em virtude da conclusão de um tratado entre outras partes.
TRATADOS QUE CRIAM OBRIGAÇÕES PARA TERCEIROS ESTADOS – Uma obrigação nasce para um terceiro Estado quando as partes no tratado internacional, por meio de disposição convencional, deixam assente o seu propósito de criar uma obrigação ao terceiro Estado por meio dessa disposição, aceitando esse estado, expressamente e por escrito, tal obrigação. É o que dispõe o art. 35 da Convenção de Viena. 
Além de expressa, a aceitação deve ser escrita. Esse acordo é chamado de acordo colateral.
TRATADOS QUE CRIAM DIREITOS PARA TERCEIROS ESTADOS
Nada impede que as partes contratantes, por expressa manifestação de vontade, atribuam a um terceiro não parte no tratado algum direito ou privilégio. É o que dispõe o art. 36, § 1º da Convenção. 
- os Estados não necessitam manifestar expressamente por escrito a sua vontade em aceitar tal direito, sendo suficiente para tanto o seu silêncio.

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