Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA ÚLCERA VENOSA CRÔNICA: estudo de caso. PROCEDURE OF PHYSIOTHERAPY IN THE TREATMENT OF CHRONIC VENOUS ULCERS: a case study. Marielle Pereira de Lima¹, Vanessa Grasiele Soares², Viviane Domingues do Nascimento³, Sabrina Gomes de Morais 4 . 1- Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) – Governador Valadares-MG. E-mail: marilima.2007@hotmail.com. 2- Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) – Governador Valadares-MG. E-mail: soares-van@hotmail.com. 3- Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) – Governador Valadares-MG. E-mail: vivianedomingues_fisio@hotmail.com. 4- Orientadora Professora da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) – Governador Valadares- MG. E-mail: sagomesmorais@yahoo.com.br. RESUMO Introdução: As úlceras venosas crônicas (UVCs) ocorrem devido à insuficiência no retorno venoso. No Brasil, constituem um grave problema de saúde pública, embora os registros desses atendimentos sejam escassos. Entretanto, apesar das grandes repercussões relacionadas à úlcera venosa crônica existem poucos estudos que relatam o seu tratamento conservador, principalmente fisioterapêutico. Objetivo: Avaliar os efeitos do tratamento fisioterapêutico em um paciente com úlcera venosa crônica, atendido no Ambulatório de Lesões da Universidade Vale do Rio Doce. Metodologia: Trata- se de um estudo de caso, desenvolvido no período de março a junho de 2009. A amostra constou de um sujeito, do sexo masculino, com 55 anos de idade, cadastrado e em tratamento no referido ambulatório com diagnóstico clínico de UVC há 41 anos, localizada em membro inferior esquerdo, estendendo – se posteriormente de maléolo a maléolo. As variáveis avaliadas foram: retorno venoso, marcha, equilíbrio e mobilidade da articulação do tornozelo. O tratamento teve duração de doze semanas. Resultados: Foi observada melhora no retorno, na marcha, no equilíbrio e na amplitude do movimento de flexão plantar. Conclusão: Os dados obtidos neste estudo demonstraram resultados satisfatórios do tratamento fisioterapêutico. No entanto, faz-se necessário que sejam realizados mais estudos, com maior número de sujeitos, visando garantir evidência científica para tais intervenções. Palavras-chave: Úlcera venosa. Tratamento. Fisioterapia. ABSTRACT Introduction: The chronic veined ulcers (UVCs) occur due to the inadequacy in the veined return. In Brazil, they constitute a serious problem of public health, although the registrations of those services are scarce. However, in spite of the great repercussions related to the chronic veined ulcer there are few studies that mention its conservative treatment, mainly in the physiotherapy. Objective: To evaluate the effects of this treatment in a patient with chronic veined ulcer, assisted at the Clinic of Lesions of Rio Doce Valley University. Methodology: It is a case study, developed in the period from March to June, 2009. The sample consisted of a subject, masculine gender, 55 years old, registered and in treatment in referred clinic with clinical diagnosis of UVC 41 years ago, located in left inferior member, extending - if later from maléolo to maléolo. The appraised variables were: veined return, marches, balance and mobility of the ankle articulation. The treatment had the duration of twelve weeks. Results: A reduction was observed recovery in the return, in the march, in the balance and in the wideness of the plantar flexing movement. Conclusion: The data obtained in this study demonstrated satisfactory results of the physiotherapy treatment. However, it is necessary that more studies are achieved, with larger number of subjects seeking to guarantee scientific evidence for such interventions. Keywords: Veined ulcer. Treatment. Physiotherapy. 2 1 INTRODUÇÃO Úlcera é uma solução de continuidade, aguda ou crônica, de uma superfície epidérmica, dérmica ou mucosa, que pode ser acompanhada de processo inflamatório (FERREIRA, 2001). Nos membros inferiores, os três principais tipos de úlcera são: arteriais, neuropáticas e venosas, sendo a última com prevalência de 80% dos casos (ZUFFI, 2009). As úlceras venosas crônicas (UVCs) também chamadas de úlceras varicosas ou úlceras de estase venosa acontecem devido à insuficiência venosa crônica por varizes primárias, seqüela de trombose profunda, anomalias valvulares venosas ou outras causas que interferem no retorno venoso. As características clínicas são hipertermia de extremidade, presença de varizes, alterações cutâneas como eczema, esclerose e hiperpigmentação (BRASIL, 2002). Podem ser únicas ou múltiplas, possuir tamanhos e localizações variadas, porém ocorrem freqüentemente na porção distal dos membros, particularmente na região do maléolo medial. Em algumas circunstâncias podem ocorrer na porção superior da panturrilha e nos pés. Sua freqüência tem crescido em concordância com o aumento da expectativa de vida da população mundial, e a prevalência também vem sendo modificada, sendo maior em pessoas acima dos 65 anos, predominando no gênero feminino (ABBADE e LASTÓRIA, 2006). Nos Estados Unidos da América (EUA) cerca de 1,0% da população apresentou ou apresenta UVC. O tratamento desta moléstia gera custo anual de mais de 1 bilhão de dólares, não considerando o impacto econômico associado às alterações no estilo de vida, aos dias de trabalho perdidos e às internações freqüentes (BONGIOVANNI, HUGHES, BOMENGEN, 2006). No Brasil, as úlceras também constituem um grave problema de saúde pública, embora os registros desses atendimentos sejam escassos. Decorrente do grande número de pessoas com úlceras há aumento dos gastos públicos no Sistema Único de Saúde (SUS), além de interferir na qualidade de vida da população (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2003). Conseqüências importantes são notadas na vida do indivíduo com UVC, principalmente no que diz respeito aos fatores psicológicos e emocionais além de problemas socioeconômicos para as organizações de saúde e sociedade. Afeta ainda as pessoas que convivem próximas ao doente, evidenciando o complexo envoltório da situação desencadeada pela lesão (BAPTISTA e CASTILHO, 2006; SOUZA, 2009). Em função da complexidade dos fatores envolvidos, as pessoas que possuem úlceras venosas, necessitam de atendimento realizado por uma equipe multidisciplinar, como médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos e outros. O atendimento deve ser de modo integrado, visando melhor abordagem, menores custos e maiores benefícios ao indivíduo, no que se refere à eficiência e eficácia do tratamento (ABBADE e LASTÓRIA, 2006). Diante deste contexto, em março de 2004, foi inaugurado em Governador Valadares, o Ambulatório de Lesões da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE, cujo objetivo é prestar atendimento multidisciplinar aos indivíduos com úlceras crônicas. É realizado acompanhamento de enfermagem, farmácia, nutrição, psicologia e fisioterapia que desde o primeiro semestre de 2007 passou a compor a equipe. Entretanto, apesar das grandes repercussões relacionadas à úlcera venosa 3 crônica existem poucos estudos que relatem o seu tratamento conservador, principalmente fisioterapêutico. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da intervenção fisioterapêutica no tratamento de um paciente com úlcera venosa crônica, atendido no Ambulatório de Lesões da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE). 2 METODOLOGIA 2.1 Tipo do estudo Trata-se de um estudo de caso,desenvolvido no Ambulatório de Lesões da Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE, em Governador Valadares / MG, no período de março a junho de 2009. 2.2 Critérios de inclusão O critério de inclusão do paciente no estudo foi possuir diagnóstico médico de úlcera venosa crônica em membros inferiores, ter disponibilidade para realizar as sessões de fisioterapia e concordar com o tratamento proposto. 2.3 Amostra A amostra constou de um sujeito, do sexo masculino, com 55 anos de idade, cadastrado e em tratamento no referido ambulatório com diagnóstico clínico de UVC há 41 anos, cuja úlcera está localizada em membro inferior esquerdo, estendendo – se posteriormente de maléolo a maléolo. 2.4 Variáveis As variáveis avaliadas foram: retorno venoso, marcha, equilíbrio e mobilidade da articulação do tornozelo. O retorno venoso foi avaliado por meio da aferição do pulso dorsal pedioso, palpado na porção média do dorso do pé até que o pulso fosse identificado. Com o segundo e terceiro dedo sobre o local foram contados os batimentos durante um minuto e comparados os valores obtidos com os existentes na literatura segundo Guyton e Hall (2002). A análise da marcha foi realizada por meio de observação clínica do ciclo da marcha, solicitando ao paciente que deambulasse enquanto era observado. O teste seguiu o protocolo do Rancho Los Amigos Medical Center (2001). A velocidade da marcha foi avaliada por meio do teste de velocidade da marcha. Em um terreno plano foi marcado 10 metros com fita adesiva, sendo descartado o primeiro e último metro, considerados como fase de aceleração e desaceleração, concomitantemente. O paciente foi instruído a caminhar em velocidade habitual e, ao comando “vai", ele iniciou o teste. Antes de iniciar, o paciente obteve orientações de como executar o referido teste (GOMES, et al., 2008). Foram realizadas três medidas e calculada a média das mesmas, sendo o valor obtido em segundos e centésimos de segundos. Para a realização do teste foi utilizada fita métrica, fita adesiva e cronômetro. O valor obtido foi comparado com valores normativos existentes na literatura, descrito por Sutherland (1988). O equilíbrio foi avaliado pelos testes de Romberg, TImed Get Up And Go e alcance funcional. O teste de Romberg avaliou o equilíbrio estático do individuo: de pé sem apoio com os pés juntos, ficar de pés juntos com os olhos fechados, de pé com apoio unipodálico, 4 olhos abertos e posteriormente fechados. Cada tarefa foi avaliada por 10 segundos (LANUEZ e JACOB FILHO, 2008). O Timed Get Up and Go Test avalia o equilíbrio assentado, transferências de assentado para a posição de pé, estabilidade na deambulação e mudanças no curso da marcha sem utilizar estratégias compensatórias. Ao paciente, foi solicitado que ele se levantasse de uma cadeira, deambulasse 3 metros, retornasse e se assentasse novamente. O teste consistiu em mensurar o tempo necessário para o indivíduo realizar todas as tarefas propostas (FIGUEIREDO, LIMA e GUERRA, 2007). Foi utilizado no teste fita métrica e cronômetro. O teste de alcance funcional conhecido internacionalmente como Functional Reach (FR), fornece informação quantitativa acerca da capacidade do indivíduo em deslocar-se anteriormente, com a manutenção de sua base de apoio. O paciente foi orientado a se posicionar perpendicularmente à parede, a 10 cm de distância da mesma, com os pés paralelos e descalços, numa posição confortável. O membro superior foi posicionado com os ombros flexionados a 90º, cotovelos estendidos, punhos em posição neutra e dedos estendidos. O indivíduo foi instruído a se inclinar anteriormente, o máximo possível, sem retirar os calcanhares do chão, perder o equilíbrio ou dar um passo. Registrou-se, em centímetros, o deslocamento anterior sobre a fita métrica, ou seja, o local onde a falange distal do terceiro dedo da mão se encontrou na fita métrica (AIKAWA et al., 2009). O valor obtido também foi comparado com valores normativos existentes na literatura propostos por Duncan (1990). Um cronômetro de celular (Sony Ericsson z530) foi usado para cronometrar o tempo nos testes acima descritos. Para avaliar a mobilidade do tornozelo foi realizado a goniometria, nos movimentos de flexão plantar e dorsiflexão. Foram realizadas três medidas e retirada a média entre elas. O posicionamento do goniômetro seguiu as referências do Manual de Goniometria de Amélia Pasqual Marques (2003). Todos os testes foram executados pelo mesmo examinador no início e fim do tratamento. 2.5 Intervenção Fisioterapêutica O tratamento fisioterapêutico constou de alongamento passivo de tríceps sural, isquiotibiais, quadríceps e glúteo máximo (2 repetições de 30 segundos); exercícios de tríplice flexão em decúbito dorsal (3 x 15); mobilização das articulações interfalangeanas, metatarso falangeanas e talocrural; e tração das interfalangianas; isometria dos músculos dorsiflexores e flexores plantares 3 séries de 15 vezes; trabalho da musculatura intrínseca do pé onde foi colocado um tecido no chão, e solicitou- se ao paciente agarrar o mesmo fazendo uso dos dedos dos pés (2 x 15), evoluindo para 3 repetições de 15; estimulação do retro, médio e ante-pé com bastão e bolinha de tênis; descarga de peso unipodal ântero-posterior e latero-lateral 3 repetições de 15 em cada sentido; treino de equilíbrio e marcha em linha reta, evoluindo com desestabilizações em atividade de arremessar e agarrar bola anterior e lateralmente, circuito com cones, escadas, rampas e materiais de texturas diferentes, realizado no ambiente externo do ambulatório. O paciente recebeu orientações para elevar os membros inferiores a cada duas horas, por 30 minutos associado ao movimento de flexão e extensão dos dedos, uma vez que o mesmo não realizava dorsiflexão e flexão plantar 5 do tornozelo ativamente; colocar tecido no chão e juntar com os dedos do pé duas vezes ao dia e fazer descarga de peso no retro, médio e ante pé com bastão uma vez ao dia. Ao decorrer das sessões as orientações foram reforçadas e incentivadas pelos terapeutas. O tratamento teve duração de doze semanas, sendo uma sessão semanal com duração de 50 minutos. Após as doze sessões, foi realizada a reavaliação do sujeito da pesquisa. Concomitantemente ao tratamento fisioterapêutico, foi realizado a terapêutica com bota de unna, uma vez por semana pela equipe de enfermagem. 2.6 Aspectos éticos O paciente assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O presente trabalho teve aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Vale do Rio Doce com o parecer nº. 012/2010. 2.7 Análise dos dados Utilizou-se a Estatística descritiva para análise dos dados. Realizou-se também comparação com parâmetros normativos existentes na literatura. 3 RESULTADOS 3.1 Retorno venoso Houve melhora no retorno venoso passando de um pulso de 52 batimentos por minutos (bpm) para 64 bpm aproximando da faixa de normalidade que é de 70 bpm a 80 bpm (Gráfico 1). Gráfico 1 – Retorno venoso (pulso dorsal pedioso esquerdo) aferido antes e após tratamento. 3.2 Marcha Averiguou-se melhora na marcha durante a análise observacional, com aumento da tríplice flexão (flexão de quadril, joelho e tornozelo). Com relação à velocidade da marcha também foi encontrado melhora (tabela1).Tabela 1 - Velocidade da marcha antes e após intervenção e valor normativo 3.3 Equilíbrio Observou-se melhora do equilíbrio em todos os testes. O teste de alcance funcional evoluiu de 36,5 centímetros (cm) para 37 cm e o Timed Get Up And Go de 11,7 segundos para 9,3 segundos (Gráfico 2). 6 Gráfico 2 - Avaliação de equilíbrio antes e após a intervenção. Houve também melhora no teste de Romberg evoluindo de unipodal olhos abertos para unipodal olhos fechados. 3.5 Mobilidade Em relação à mobilidade articular, observou-se melhora na amplitude do movimento de flexão plantar de 0 para 10 graus (gráfico 3). No entanto não houve alteração na amplitude do movimento de dorsiflexão, mantendo – se em 0º. Gráfico 3 – Goniometria de flexão plantar esquerdo antes e após intervenção. 4 DISCUSSÃO A literatura tem reportado maior acometimento por UVC no gênero feminino com relação ao masculino bem com maior predisposição, maior severidade e comprometimento neste gênero após os 50 anos de idade (MOURA et al., 2010). No presente trabalho, o sujeito selecionado, pertence ao gênero masculino. Apesar de ser relatado menor freqüência neste gênero, vale a pena ressaltar que pessoas do gênero masculino podem ser acometidas severamente e precocemente pela patologia em questão, como demonstrado aqui. Sugere-se que sejam adotadas medidas de reabilitação e prevenção para esta parcela da população. Como recurso de reabilitação neste estudo foi utilizado a cinesioterapia, por constituir-se de um recurso importante, que se caracteriza pelo uso do movimento como forma de tratamento. Esta técnica se baseia nos conhecimentos anatômicos, fisiológicos e biomecânicos, visando maior eficácia no trabalho de prevenção, cura e reabilitação (GUIMARAES e CRUZ, 2003). A cinesioterapia melhora a mobilidade da articulação tíbio-társica refletindo positivamente no desempenho e qualidade da marcha (FIGUEIREDO, 2003), situação que se verifica também neste estudo, uma vez que o voluntário apresentou melhora na amplitude do movimento de flexão plantar e ganhos no padrão e velocidade da marcha. A cinesioterapia mostrou-se também eficaz para aquisição de equilíbrio neste estudo, bem como no realizado por Soares (2008), o qual observou sua efetividade após a intervenção, participaram deste estudo 40 voluntários atendidos na Clinica Escola de Fisioterapia da Universidade Metodista de São Paulo, com idade média de 71 anos de ambos os sexos. A intervenção foi em 12 semanas, realizado 2 vezes por semana durante 60minutos. 7 Além disto, a reabilitação com exercícios tem sido relatada como eficaz não invasiva e de baixo custo, quando comparada à intervenção cirúrgica (TREESAK, 2004), uma vez que os exercícios físicos melhoram a caminhada e a capacidade funcional, de modo a alcançar considerável melhora da qualidade de vida e do prognóstico da doença (SUDBRACK, SARNETO- LEITE, 2007). No presente estudo houve ganho na mobilidade articular da articulação do tornozelo , assim como no estudo de Belczak (2006) em pacientes com anquilose de tornozelo submetidos a exercícios por um período superior a 30 dias que estimularam o aumento da mobilidade articular. Após a intervenção obteve - se melhora no grau de mobilidade da articulação tíbio-társica. Em um estudo piloto Campos, Albuquerque e Braga (2008), objetivaram avaliar o fluxo venoso na bomba sural, por meio de ultra- sonografia doppler, durante cinesioterapia ativa e passiva de flexão plantar do tornozelo, e observaram que a cinesioterapia do movimento de flexão plantar do tornozelo mostrou-se eficaz na ativação da bomba sural, com aumento do volume do fluxo de sangue na veia poplítea, minimizando a estase venosa nos membros inferiores. Associado ao tratamento fisioterapêutico, o atendimento ao paciente deste estudo envolveu a intervenção da equipe de enfermagem, nutrição e psicologia o que visa um atendimento integral ao paciente em todas as suas necessidades. Com uma atuação bem próxima à fisioterapia, a equipe de enfermagem realizava o curativo com bota de unna semanalmente. A bota de unna facilita o retorno venoso e auxiliar na cicatrização (JORGE, 2004), o que associado à fisioterapia contribuiu para as melhoras apresentadas no aspecto da úlcera. Segundo Marques, Moreira e Almeida (2003), a intervenção fisioterapêutica reduz o período de cicatrização, possibilitando aos indivíduos retorno mais rápido às suas atividades sociais e de vida diária, diminuindo sua recorrência e conseqüentemente os custos públicos. 5 CONCLUSÃO Os dados obtidos neste estudo demonstraram resultados satisfatórios do tratamento fisioterapêutico tendo a cinesioterapia como um recurso manual que proporciona bons resultados em portadores de úlcera venosa crônica. No entanto, faz-se necessário que sejam realizados mais estudos, com maior número de sujeitos visando garantir evidência científica para tais intervenções. REFERÊNCIAS BLIOGRÁFICAS ABBADE, L. P. F.; LASTÓRIA, S. Abordagem de pacientes com úlcera da perna de etiologia venosa. Anais brasileiros de dermatologia, São Paulo, v. 6, n. 81, p. 1-14, 2006. AIKAWA, A. C.; PASCHOAL, M. P.; CAROMANO, F. A. et al. Estudo correlacional do pé geriátrico com requisitos cinético-funcionais. Revista Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v. 22, n. 3, p. 395-405, jul.-set. 2009. BAPTISTA, C. M. C.; CASTILHO, V. Levantamento do custo do procedimento com bota de unna em pacientes com úlcera venosa. Revista Latino-Americana Enfermagem, São Paulo, v. 14, n. 6, p. 129-135, nov.-dez. 2006. BELCZAK, J.; BELCZAK, C. E. Reabilitação cinesiofisiátrica do flebopata crônico. In: Thomaz J. B., Belczak C. E. Tratado de flebologia e linfologia. Rio de Janeiro: Rubio, 2006. BONGIOVANNI, C. M; HUGHES, M. D.; BOMENGEN, R. W. Accelerated wound healing: 8 multidisciplinary advances in the care of venous leg ulcers. Angiology, v. 57, n. 2, p. 139-144, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual de condutas para úlceras neurotróficas e traumáticas. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. CAMPOS, C. C. C.; ALBUQUERQUE, P. C.; BRAGA, I. J. S. Avaliação do volume de fluxo venoso da bomba sural por ultra-sonografia Doppler durante cinesioterapia ativa e passiva: um estudo piloto. Jornal Vascular Brasileiro, v. 7, n. 4, p. 325-332, 2008. DUNCAN, P. W.; WEINER, D. K, CHANDLER, J. et al. Functional reach: a new clinical measure of balance. Journal of Gerontology, v. 45, n. 6, p. 192-197, nov. 1990. FERREIRA, A. B. H. Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 4 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. FIGUEIREDO, K. M. O. B.; LIMA, K. C.; GUERRA, R. O. Instrumento de avaliação do equilíbrio corporal em idosos. Revista de Cineantropometria e Desenvolvimento Humano, Santa Catarina, v. 9, n. 4, p. 408-413, jun. 2007. FIGUEIREDO, M. Úlceras varicosas. In: PITTA, G. B. B.; CASTRO, A. A. BURIHAN, E. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA, 2003. GOMES, L. P. O.; BORGES, F. G.; RANCONE, I. S. et al. Velocidade de caminhada em idosos diabéticos e não diabéticos. Conscientiae Saúde, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 261-267, jul. 2008. GUIMARÃES, L. S.; CRUZ, M. C. Exercícios terapêuticos: a cinesioterapia como importante recurso da fisioterapia. Revista Eletrônica Lato & Sensu, Belém,v. 4, n. 1, p. 3-5, out. 2003. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. JORGE, S. A.; DANTAS, S. R. P. C. Abordagem multiprofissional do tratamento de feridas. São Paulo: Atheneu, 2004. LANUEZ, F. V.; JACOB FILHO, W. Efeitos de dois programas de exercícios físicos nos determinantes de aptidão motora em idosos sedentários. Revista Einstein, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 76-81, jun. 2008. MARQUES, A. P. Manual de goniometria. 2 ed. São Paulo: Manole, 2003. MARQUES, C. M.; MOREIRA, D.; ALMEIDA, P. N. Atuação fisioterapêutica no tratamento de úlceras plantares em portadores de hanseníase: uma revisão bibliográfica. Hansenologia internacionalis, Brasília, v. 28, n. 2, p. 145-150, jul.-dez. 2003. MOURA, R. M. F.; GONÇALVES, G. S.; NAVARRO, T. P. et al. Correlação entre classificação clínica ceap e qualidade de vida na doença venosa crônica. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 14, n. 2, p. 99-105, mar.-abr. 2010. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Cuidados inovadores para condições crônicas: componentes estruturais de ação: relatório mundial. Brasília, Organização Mundial da Saúde, 2003. Rancho Los Amigos National Rehabilitation Center. Observational gait analysis handbook. 4. ed. Downey: Los Amigos Research and Education Institute Incorporated, 2001. SOARES, M, A.; SACCHELLI, T. Efeitos da cinesioterapia no equilíbrio de idosos. Revista de Neurociências, São Paulo, v. 16, n. 2, p. 97-100, jun. 2008. SOUZA, A.M.R. O “Corpo” que não Cura: Vivências das pessoas com úlcera venosa crônica de perna. 2009. 288 f. Dissertação (Mestrado em Ciências de Enfermagem) Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto, Porto, 2009. SUDBRACK, A. C.; SARMENTO-LEITE, R. Efetividade do exercício na claudicação. Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva, Rio Grande do Sul, v. 15, n. 3, p. 259-264, set. 2007. SUTHERLAND, D. H.; OLSHEN, R. A.; BIDEN, E. N. et al. The development of mature walking. Philadelphia: Mac Keith press, 1988. TREESAK, C.; KASEMSUP, V.; TREAT- JACOBSON D.; et al. Cost-effectiveness of exercise training to improve claudication symptoms in patients with peripheral arterial disease. Vascular Medicine, Minneapolis, v. 9, n. 4, p. 279-285, nov. 2004. ZUFFI, F. B. A atenção dispensada aos usuários com úlcera venosa: percepção dos 9 usuários, cadastrados nas equipes de saúde da família. 2009. 130 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem em saúde pública) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2009.
Compartilhar