Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
20/10/2017 1 1Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Discutiremos aqui as deformações que ocorrem quando uma viga prismática, feita de material homogêneo, é submetida à flexão. Serão tratadas vigas com área de seção transversal simétrica em relação a um eixo, nas quais o momento fletor é aplicado em torno de um eixo perpendicular ao de simetria. 6.3 Deformação por flexão de um elemento reto 2Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 2 Considerando uma barra de borracha, é possível observarmos o comportamento de suas retas após a aplicação de um momento fletor. A reta superior comprime-se, a reta central permanece com o mesmo comprimento e a reta inferior estica-se. Além disso, as retas verticais giram mas permanecem retas. Antes da deformação Após a deformação 3Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Então, para a barra de seção transversal quadrada com uma malha de retas longitudinais e transversais, o momento fletor aplicado tende a distorcer as retas. Antes da deformação Após a deformação Como resultado, as retas longitudinais tornam-se curvas e as retas transversais permanecem retas, mas sofrem rotação. 4Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 3 O comportamento de qualquer barra deformável sujeita a um momento fletor como este, faz o material da parte inferior esticar- se e o da parte superior comprimir-se. Antes da deformação Após a deformação 5Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Consequentemente, entre as duas regiões deve existir uma superfície, chamada superfície neutra, na qual as fibras longitudinais do material não sofrem mudança de comprimento. Superfície neutra 6Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 4 Com base nessas observações serão estabelecidas três hipóteses que relacionam a maneira como a tensão deforma o material. 1 - O eixo longitudinal x, que fica na superfície neutra, não sofre qualquer mudança de comprimento. superfície neutra 7Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Em vez disso, o momento tenderá a deformar a viga de modo que a reta torna- se uma curva localizada no plano de simetria x-y. eixo localizado no plano da seção transversal e em torno do qual a seção transversal gira 8Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 5 2 – Todas as seções transversais da viga permanecem planas e perpendiculares ao eixo longitudinal durante a deformação 9Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Antes da deformação Após a deformação 3 – Qualquer deformação da seção transversal em seu próprio plano será desprezada 10Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 6 Então, para mostrar como a distorção deformará o material, isolaremos um elemento da viga localizado a uma distância x ao longo do comprimento da viga com espessura não deformada ∆x. 11Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Comparando as configurações não- deformada e deformada do elemento, é possível observar que qualquer segmento de reta ∆x localizado na superfície neutra não muda de comprimento. 12Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 7 E que qualquer segmento de reta ∆s, localizado a uma distância arbitrária y acima da superfície neutra, contrai-se e torna-se ∆s’ após a deformação. Por definição, a deformação normal ao longo de ∆s é determinada por: 0 'lim s s s s∆ ∆ ∆ ε ∆→ − = Agora representaremos a deformação em termos da ordenada y do segmento e do raio de curvatura ρ do eixo longitudinal do elemento. Antes da deformação, ∆s é igual a ∆x. Após a deformação, ∆x tem raio de curvatura ρ, com centro de curvatura no ponto O’. 14Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 8 Como ∆θ define o ângulo entre os lados da seção transversal do elemento, ∆x=∆s=ρ∆θ. Da mesma maneira, o comprimento deformado de ∆s torna-se ∆s’=(ρ-y)∆θ. Substituindo pela equação anterior, obtemos: ( ) 0 lim y ∆θ ρ ∆θ ρ∆θ ε ρ∆θ→ − − = y ε ρ = − Esse resultado indica que a deformação normal longitudinal de qualquer elemento da viga depende de sua localização na seção transversal e do raio de curvatura do eixo longitudinal da viga nesse ponto. Em outras palavras, para qualquer seção transversal específica, a deformação normal varia linearmente com y a partir do eixo neutro. 20/10/2017 9 Ocorre contração (– ε) nas fibras localizadas acima do eixo neutro (+ y), enquanto ocorre alongamento (+ ε) mas fibras localizadas abaixo do eixo neutro (– y). y ε ρ = − Assim, a variação da deformação na seção transversal é como mostra a figura. A deformação máxima (εmax) ocorre na fibra mais externa, localizada à distância c do eixo neutro. Podemos relacionar ε e εmax por: max y c ε ρ ε ρ − = obtendo: max y c ε ε = − 20/10/2017 10 A equação da Flexão relaciona a distribuição de tensão longitudinal de uma viga ao momento fletor resultante interno que atua na seção transversal dessa viga. Para deduzir esta equação, vamos supor que o material comporta-se de maneira linear-elástica de modo que a lei de Hooke é válida, isto é, 6.4 A fórmula da flexão 19Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira εσ .E= Uma variação linear da deformação normal deve ter como consequência uma variação linear na tensão normal. Assim como a variação da deformação, a tensão normal σ varia de 0 no eixo neutro do elemento a um valor máximo σmax, na distância c mais afastada do eixo neutro. 20Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 11 Então, devido à proporcionalidade dos triângulos, ou usando a lei de Hooke, podemos escrever: Essa equação representa a distribuição de tensão sobre a área da seção transversal. max y c σ σ = − 21Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Cabe destacar que a convenção de sinal estabelecida é significativa e deve ser obedecida. No caso de M positivo, que atua na direção +z, valores positivos de y resultam em valores negativos para σ, ou seja, em uma tensão de compressão, visto que atua na direção negativa de x. De modo similar, valores negativos de y resultam em valores positivos ou valores de tração para σ. 22Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 12 Portanto, se um elemento de volume do material for selecionado em um ponto específico da seção transversal, apenas as tensões normais de tração ou compressão atuarão sobre ele. Elemento localizado em +y sofrendo compressão. 23Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Podemos ainda localizar a posição do eixo neutro da seção transversal satisfazendo a condição de que a força resultante FR produzida pela distribuição de tensão sobre a seção transversal deve ser igual a zero. R xF F= ∑ Sendo dF = σdA, temos: max max 0 A A A A ydF dA dA ydA c c σ σ σ − = = − = = ∫ ∫ ∫ ∫ E como σmax/c é diferente de zero 0 A ydA =∫ 24Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 13 Em outras palavras, o momento de primeira ordem da área da seção transversal do elemento deve ser nulo. Essa condição só é satisfeita se o eixo neutro passar pelo centróide da seção transversal. 0 A ydA =∫ Consequentemente, uma vez determinado o centróide da seção transversal, a localização do eixo neutro será conhecida. 25Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Podemos determinar a tensão na viga pelo requisito de que o momento interno resultante M sejaigual ao momento produzido pela distribuição de tensão em torno do eixo neutro. O momento de dF em torno do eixo neutro é dM = ydF. Esse momento é positivo visto que, pela regra da mão direita, o polegar está direcionado no sentido positivo do eixo z quando os dedos são fechados no sentido da rotação provocada por dM. 26Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 14 Então temos para toda a seção: Esta integral representa o momentomomento dede inérciainércia dada áreaárea de seção transversal calculado em torno do eixo neutro. ( )R zzM M= ∑( ) max A A A yM ydF y dA y dA c σ σ = − = − = − − ∫ ∫ ∫ 2max A M y dA c σ = ∫ 2 A I y dA= ∫ 27Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Portanto, a Fórmula da Flexão em sua forma geral pode ser escrita como: max Mc I σ = onde: σmax → tensão normal máxima no elemento, que ocorre no ponto da área da seção transversal mais afastado do eixo neutro; M → momento interno resultante, determinado pelo método das seções e pelas equações de equilíbrio, e calculado em torno do eixo neutro da seção transversal; c → distância perpendicular do eixo neutro ao ponto mais afastado desse eixo, no qual σmax atua; I → momento de inércia da área de seção transversal calculado em torno do eixo neutro. 28Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 15 E como σmax/c = –σ/y, a tensão normal na distância intermediária y pode ser determinada pela equação: Observar que o sinal negativo é necessário, pois está de acordo com o estabelecido para os eixos x, y e z. Pela regra da mão direita, M é positivo ao longo do eixo +z, y é positivo para cima e, portanto, σ deve ser negativo (compressão), pois atua na direção negativa de x. I My −=σ 29Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 30 20/10/2017 16 Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 31 Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 32 20/10/2017 17 Quando desenvolvemos a fórmula da flexão, foi imposta a condição de que a área da seção transversal fosse simétrica em relação a um eixo perpendicular ao eixo neutro. Além disso, o momento interno M deveria atuar ao longo desse mesmo eixo neutro. Esse é o caso das seções em T ou em U. 6.5 Flexão Assimétrica 33Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Porém, a fórmula da flexão também pode ser aplicada tanto a uma viga com área de seção transversal de qualquer formato como a uma viga que tenha momento interno resultante atuando em qualquer direção. 34Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 18 Vamos considerar que a seção transversal da viga tenha um perfil assimétrico como a da figura. O sistema de coordenadas x, y, z tem origem no centróide C da seção transversal e o momento interno resultante M atua ao longo do eixo +z. A distribuição de tensão que atua sobre toda a área da seção transversal precisa ter força resultante nula, momento interno resultante em torno do eixo y nulo e momento interno resultante em torno do eixo z igual a M. Momento aplicado ao longo do eixo principal 35Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Essas três condições podem ser expressas matematicamente se considerarmos a força que atua sobre o elemento infinitesimal dA localizado em (0, y, z). ;R xF F= ∑ 0 A dAσ= ∫ ( ) ;R yyM M= ∑ 0 A z dAσ= ∫ ( ) ;R zzM M= ∑ AM y dAσ= −∫ Essa força é dF = σdA e temos, portanto: (A) (C) (B) 36Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 19 A Eq. (A) é satisfeita pois o eixo z passa pelo centróide da área da seção transversal. Além disso, como o eixo z representa o eixo neutro da seção transversal, a deformação normal variará linearmente de zero, no eixo neutro, ao máximo em um ponto localizado na maior distância, y = c, da coordenada y do eixo neutro. 37Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Desde que o material tenha comportamento linear-elástico, a distribuição de tensão normal sobre a seção transversal também será linear, de modo que: Quando se substitui essa equação pela Eq. (C) e integra-se, obtemos a fórmula da flexão : 38Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira máx c y σσ −= I cM máx . =σ 20/10/2017 20 Se substituirmos σ = – (y/c)σmax na Eq. (B), obtemos: 0 A yzdA =∫que requer: Essa integral é chamada produto de inércia da área. Ela será nula se os eixos y e z forem escolhidos como eixos de inércia principais da área. max0 A yzdA c σ− = ∫ 39Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Em uma área de formato arbitrário é sempre possível determinar a orientação dos eixos principais usando, por exemplo, as equações de transformação (Apêndice A, Seção A.4). No entanto, se a área tiver um eixo de simetria, os eixos principais poderão ser facilmente estabelecidos, pois eles são sempre orientados ao longo do eixo de simetria e perpendicularmente a ele. 40Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 21 Resumindo: as Eqs. (A), (B) e (C) serão sempre satisfeitas, independentemente da direção do momento M aplicado, se forem utilizados os eixos de inércia principais da seção. Como exemplo, vamos considerar os elementos abaixo. Em cada caso, y e z estabelecem que a origem dos eixos principais de inércia da seção transversal está localizada no centroide da área. 41Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Nos casos (a) e (b), os eixos principais são localizados por simetria; e nos casos (c) e (d) a orientação dos eixos principais é determinada pelos métodos do Apêndice A. Como M é aplicado em torno de um dos eixos principais (eixo z), a distribuição de tensão é determinada pela fórmula da flexão, , e mostrada para cada caso. 42Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira z I yM . −=σ 20/10/2017 22 Algumas vezes um elemento é carregado de tal modo que o momento interno resultante não atua em torno de um dos eixos principais da seção transversal. Quando isso ocorre, o momento deve ser primeiro decomposto em componentes direcionados ao longo dos eixos principais. Então a fórmula da flexão é usada para determinar a tensão normal sobre cada momento componente. Finalmente, usando o princípio da superposição, podemos determinar a tensão normal resultante. Momento aplicado arbitrariamente 43Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Para isso, vamos considerar que a viga tem seção transversal retangular e está sujeita ao momento M, que forma um ângulo + θ com o eixo principal z. = + Decompondo M em componentes, ao longo dos eixos z e y, temos Mz=Mcosθ e My=Msenθ, respectivamente. 44Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 23 As distribuições de tensão normal que M e seus componentes Mz e My produzem estão representadas abaixo. = + É assumido que (σx)max > (σ’x)max. Por inspeção, as tensões máximas de tração e compressão [(σx)max + (σ’x)max] ocorrem em dois cantos opostos da seção transversal 45Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Aplicando a fórmula da flexão a cada momento componente (Mz e My), podemos expressar a tensão normal resultante em qualquer ponto da seção transversal, em termos gerais, como: yz z y M zM y I I σ = − + 46Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 24 yz z y M zM y I I σ = − +Na equação , temos: σ → tensão normal no ponto. y, z → coordenadas do ponto medidas nos eixos x, y, z, as quais tem origem no centroide da área daseção transversal e formam um sistema de coordenadas mão direita; o eixo x é direcionado para fora da seção transversal, e os eixos y e z representam, respectivamente, os eixos principais do momento de inércia mínimo e máximo da área. My, Mz → componentes do momento interno resultante direcionados ao longo dos eixos principais y e z; são positivos se direcionados ao longo dos eixos +y e +z, caso contrário são negativos. Em outras palavras, My = Msenθ e Mz = Mcosθ, onde θ é positivo no sentido do eixo +z para o eixo +y. Iy, Iz → momentos de inércia principais calculados, respectivamente, em torno dos eixos y e z (ver Apêndice A). 47Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira O ângulo α do eixo neutro é determinado fazendo σ = 0 na equação anterior, pois, por definição, nenhuma tensão atua sobre o eixo neutro. Portanto: 0yz z y M zM y I I σ = − + = y z z y M I y z M I = Como Mz = Mcosθ e My = Msenθ, então: z y Iy tg z I θ = Orientação do Eixo Neutro 48Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 25 A equação anterior é a equação da reta que define o eixo neutro da seção transversal. Como o declive é tg α = y/z, então: z y I tg tg I α θ= Essa equação mostra que na flexão assimétrica o ângulo θ (define a direção do momento M), não é igual ao ângulo α (define a inclinação do eixo neutro), a menos que Iz = Iy. 49Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Porém, se o eixo y for escolhido como eixo principal do momento de inércia mínimo, e o eixo z for escolhido como eixo principal do momento de inércia máximo, de modo que Iy < Iz, poderemos concluir que o ângulo α, medido como positivo no sentido do eixo +z para o eixo +y, localiza-se entre a reta de ação de M e o eixo y, isto é, θ ≤ α ≤ 90º. z y I tg tg I α θ= 50Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 26 Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 51 Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 52 20/10/2017 27 São vigas construídas com dois ou mais materiais. Como exemplo temos as vigas feitas de madeira com tiras de aço nas partes superior e inferior. Ou, mais comumente, as vigas reforçadas com barras de aço. 6.6 Vigas Compostas 53Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Os engenheiros projetam vigas dessa maneira propositadamente, a fim de criar um modo mais eficiente de suportar as cargas aplicadas. Por exemplo: sabemos que o concreto é excelente para suportar esforços de compressão, mas resiste pouco aos de tração. Por este motivo as barras de aço foram colocadas na viga, a fim de resistir aos esforços de tração que resultam do momento M. 54Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 28 A Fórmula da Flexão foi desenvolvida para materiais homogêneos, e por isso não pode ser aplicada diretamente para determinar a tensão normal de uma viga composta. Entretanto, será desenvolvido um método para “transformar” a seção transversal, de modo que ela pareça ser feita de um único material. O Método da Seção Transformada torna possível a utilização da Fórmula da Flexão 55Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Para entender o Método da Seção Transformada vamos considerar a viga composta feita de dois materiais 1 e 2, com as seções transversais mostradas na figura. Se um momento fletor M atuar nessa viga, assim como ocorre na viga homogênea, a área total da seção transversal permanecerá plana após a flexão. 56Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 29 E, portanto, as deformações normais variarão linearmente de zero no eixo neutro ao máximo no material mais afastado desse eixo. Desde que o material tenha comportamento linear-elástico, a tensão do material 1 será dada por σ = E1ε. Da mesma forma, a distribuição de tensão no material 2 será determinada por σ = E2ε. 57Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Obviamente, se o material 1 for mais rígido que o material 2, a maior parte da carga será suportada por ele, visto que E1 > E2. 1 2 1 2 Observar o salto na tensão que acontece na junção dos materiais. Como a deformação é a mesma, essa variação na tensão ocorre devido a mudança súbita do módulo de elasticidade ou rigidez dos materiais. 58Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 30 Para localizar o eixo neutro e determinar a tensão máxima na viga, com base nessa distribuição de tensão, usamos o procedimento de tentativa e erro. Isso requer a satisfação de duas condições: Uma maneira de satisfazer a essas duas condições consiste em transformar a viga de modo que ela pareça ser feita de um único material. a distribuição de tensão deve produzir uma força resultante nula na seção transversal o momento da distribuição de tensão em torno do eixo neutro deve ser igual a M 59Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Por exemplo: se a viga consistir inteiramente do material 2 (menos rígido), a seção transversal terá a aparência mostrada na figura. Nesse caso, a altura h da viga permanecerá a mesma, uma vez que a distribuição da deformação deve ser preservada. 60Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 31 Entretanto, a porção superior da viga se alargará a fim de suportar uma carga equivalente à suportada pelo material 1 (mais rígido). A força dF é dada por: ( )1dF dA E dzdyσ ε= = A largura necessária é determinada considerando a força dF que atua na área dA = dzdy da viga. 61Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira E, considerando um elemento correspondente na viga transformada, com altura dy e largura ndz, a força dF’ é dada por: Calculando essas forças de modo que produzam o mesmo momento em torno do eixo z, temos: 1 1 2 2 ' EdF dF E dzdy E ndzdy n E ε ε= = = ( )2' ' 'dF dA E ndzdyσ ε= = O número adimensional n é chamado de Fator de TransformaçãoFator de Transformação. 62Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 32 O Fator de Transformação indica que a seção transversal de largura b na viga original deve ser aumentada para a largura b2 = nb na região em que o material 1 está sendo transformado em material 2. 63Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira A largura do material 2 mudou para b1 = n’b, onde n’ = E2 / E1 De maneira similar, se o material 2 (menos rígido), for transformado em material 1 (mais rígido) a seção transversal terá a aparência mostrada na figura. Observar que, nesse caso, o fator de transformação n’ deve ser menor que um, pois E1 > E2. Em outras palavras, precisamos de menos material mais rígido para suportar um determinado momento. 64Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 33 Como a viga de material composto foi transformada em uma viga de material único, a distribuição de tensão normal sobre a seção transversal transformada será linear. 65Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Consequentemente, o centróide (eixo neutro) e o momento de inércia da área transformada podem ser determinados e a fórmula da flexão aplicada de maneira usual, determinando assim a tensão em cada ponto da viga transformada. Notar que a tensão na viga transformada é equivalente à tensão no mesmo material da viga verdadeira. Porém, para o material transformado a tensão encontrada na seção transformada tem que ser multiplicada pelo fator de transformação n (ou n’). 66Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 34 Isso é necessário pois a área do material transformado dA’ é n vezes a área do material verdadeirodA. dA dzdy= 'dA ndzdy= 'dA ndA= Portanto, temos que: ' 'dF dA dAσ σ= = 'dzdy ndzdyσ σ= 'nσ σ= 67Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 68 20/10/2017 35 Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 69 Transformando a seção toda em aço: Momento de inércia entorno do eixo neutro: Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 70 Resultado: 20/10/2017 36 Vigas submetidas a flexão pura devem resistir aos esforços de tração e compressão. O concreto, entretanto, é muito suscetível a fraturas quando está sob tração e, portanto, por si só não seria adequado para resistir a um momento fletor. O concreto pode ser 12,5 vezes mais O concreto pode ser 12,5 vezes mais resistente na compressão do que na tração.resistente na compressão do que na tração. 6.7 Vigas de Concreto Armado 71Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Para contornar essa deficiência, os engenheiros colocam barras de aço para reforço no interior da viga de concreto, no local onde o concreto está sob tração. Para melhores resultados, estas barras são colocadas o mais longe possível do eixo neutro da viga, de modo que o momento criado pelas forças nelas desenvolvidas seja maior em torno do eixo neutro. 72Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 37 Por outro lado, é preciso cobrir as barras de concreto, para protegê-las contra corrosão ou perda de resistência em caso de incêndio. No projeto, a capacidade do concreto para suportar carga de tração é desprezada, uma vez que sua possível fratura é imprevisível. Como consequência, supõe-se que a distribuição da tensão normal que atua sobre a área da seção transversal de uma viga de concreto armado tenha a aparência mostrada na figura. 73Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Então, para analisarmos a tensão em uma viga de concreto armado, é necessário localizar o eixo neutro e determinar a tensão máxima no aço e no concreto. Assim, a área do aço Aaço é transformada em área equivalente de concreto, por meio do fator de transformação n = Eaço/Econ. Essa relação, que dá n > 1, foi escolhida porque é necessária uma quantidade de concreto maior para substituir o aço. 74Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira 20/10/2017 38 A área transformada é nAaço, e a seção transformada tem a aparência mostrada na figura. Onde d representa a distância da parte superior da viga até o aço (transformado), b é a largura da viga e h’ é a distância, ainda desconhecida, da parte superior da viga até o eixo neutro. 75Resistência dos Materiais I - Prof. Eng. José Pedreira Podemos obter h’ usando o fato de que o centroide C da área da seção transversal da seção transformada fica no eixo neutro. Portanto, em relação ao eixo neutro, o momento das duas áreas deve ser nulo, visto que: 0 yA y yA A = → =∑ ∑ ∑ % % Então: ( )'' ' 0 2 aço hbh nA d h − − = 2 ' ' 0 2 aço aço b h nA h nA d+ − = Determinando h’, a solução prossegue da maneira usual para obter a tensão na viga.
Compartilhar