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Aula 04.pdf Falência e Recuperação

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Aula 04
Direito Empresarial p/ XX Exame de Ordem- OAB
Professor: Gabriel Rabelo
Direito Empresarial ± Exame OAB 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 04 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 86 
 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 2 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL ................................................................................ 2 
NOÇÕES GERAIS ............................................................................................................. 2 
DIFERENÇA ENTRE A COBRANÇA CONCURSAL DO DEVEDOR EMPRESÁRIO E DO DEVEDOR CIVIL3 
DIFERENÇA BÁSICA ENTRE A FALÊNCIA E A RECUPERAÇÃO JUDICIAL .................................... 4 
PRINCÍPIOS DA FALÊNCIA ................................................................................................ 5 
PROCESSO DA FALÊNCIA EM SI ......................................................................................... 6 
PRIMEIRO PRESSUPOSTO - DEVEDOR EMPRESÁRIO ............................................................. 6 
AUTOFALÊNCIA ............................................................................................................... 8 
FALÊNCIA REQUERIDA POR CÔNJUGE SOBREVIVENTE, HERDEIRO, INVENTARIANTE ................ 9 
FALÊNCIA REQUERIDA POR ACIONISTA OU QUOTISTA ......................................................... 9 
FALÊNCIA REQUERIDA POR CREDOR .................................................................................. 9 
LOCAL PARA AJUIZAMENTO DO PEDIDO DE FALÊNCIA .......................................................... 9 
DO JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA ................................................................................ 10 
SEGUNDO PRESSUPOSTO - INSOLVÊNCIA ........................................................................ 11 
IMPONTUALIDADE INJUSTIFICADA .................................................................................. 13 
EXECUÇÃO FRUSTRADA ................................................................................................. 15 
ATOS DE FALÊNCIA ....................................................................................................... 15 
PEDIDO DE FALÊNCIA .................................................................................................... 16 
TERCEIRO PRESSUPOSTO ± SENTENÇA DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA .................................. 17 
TERMO LEGAL DA FALÊNCIA ........................................................................................... 19 
DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA DE CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS ....................... 22 
SUSPENSÃO DAS AÇÕES ................................................................................................ 22 
RESTRIÇÕES PESSOAIS AO FALIDO ................................................................................. 23 
ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA ....................................................................................... 23 
ATUAÇÃO DO JUIZ ......................................................................................................... 24 
ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ................................................................................ 24 
ÓRGÃOS DA FALÊNCIA ................................................................................................... 25 
ADMINISTRADOR JUDICIAL ............................................................................................ 25 
ASSEMBLÉIA GERAL DE CREDORES ................................................................................. 31 
COMITÊ DE CREDORES .................................................................................................. 33 
EFEITOS DA SENTENÇA QUE DECRETA A FALÊNCIA ............................................................ 37 
SÓCIOS COM RESPONSABILIDADE ILIMITADA .................................................................. 37 
PERDA DO DIREITO DE ADMINISTRAR OS SEUS BENS ........................................................ 37 
INABILITAÇÃO PARA ATIVIDADES EMPRESARIAIS ............................................................. 38 
APURAÇÃO DO ATIVO DO DEVEDOR ................................................................................. 38 
A RESTITUIÇÃO DE BENS DE TERCEIROS .......................................................................... 39 
VERIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO DOS CRÉDITOS .................................................................. 40 
LIQUIDAÇÃO DO PROCESSO FALIMENTAR ........................................................................ 43 
CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS ..................................................................................... 47 
ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA ........................................................................................ 49 
ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA ....................................................................................... 55 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL ................................................................................................ 60 
SUJEITO ATIVO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL .................................................................... 61 
MEIOS DE SE RECUPERAR A EMPRESA .............................................................................. 62 
FORO PARA PEDIR A RECUPERAÇÃO JUDICIAL ................................................................... 63 
DO PEDIDO E PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ............................................. 63 
PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL ................................................................................. 66 
O CRÉDITO TRIBUTÁRIO NO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL ......................................... 67 
FASE DELIBERATIVA DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ............................................................. 69 
AULA 04: FALÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL. 
89144404190
Direito Empresarial ± Exame OAB 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 04 
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A RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM SI .................................................................................... 70 
CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA ................................................... 73 
RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL ...................................................................................... 77 
QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA ............................................................................ 81 
GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA ..................................................... 86 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Olá, meus amigos. Como estão?! É com um imenso prazer que estamos aqui, 
no Estratégia Concursos, para ministrar mais uma aula da disciplina de 
Direito Empresarial para o Exame da OAB ± 1ª fase. 
 
O fórum de dúvidas está funcionando. 
 
Tá ok?! É isso! Vamos começar a nossa batalha?! 
 
Forte abraço! 
 
GABRIEL RABELO 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 
Faremos um passeio pelos aspectos históricos, bem como pela legislação que 
rege, arrematando com as questões comentadas. 
 
NOÇÕES GERAIS 
 
Como é sabido, dificilmente consegue na prática viver o empresário sem que se 
utilize das compras e vendas a prazo. 
 
Honrar as dívidas no vencimento indica que a empresa possui o que Rubens 
5HTXLmR�FKDPD�GH�³normalidade econômica´��1mR�KRQUDU�FRP�DV�REULJDo}HV�
pode ter um efeito não muito desejado para o empresário, como, por exemplo, 
a cobrança por execução judicial. 
 
Com efeito, a regra é a execução singular por partes dos credores (ação de 
cobrança). O credor X tem um valor a receber, entra em juízo para saldá-lo. O 
credor Y tem um valor a receber, entra em juízo para liquidá-lo.Todavia, 
quando essas dívidas tomam proporções atípicas, superando o total de 
bens, a execução individual não atende critérios de isonomia, pois a 
propositura antecipada da ação é que garantiria a satisfação do crédito 
e não a importância do crédito. Assim, a falência existe justamente para que 
se evite esse tipo de prejuízo. 
 
Agravando-se, quando a crise começa a tomar efeitos mais vultosos, atingindo 
uma quantidade maior de credores, há que se perquirir se o empresário não foi 
à bancarrota, sujeitando-se à decretação da falência. 
 
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A falência, a um só tempo, é instrumento que garante: 
 
- Igualdade entre os credores (princípio da par conditio creditorum); 
- Exclusão do mercado de empresários com insucesso; 
- Mecanismo de controle da economia. 
 
 
 
Em tempos remotos, mais especificamente, à época da Lei das XII Tábuas, a 
quantia confessada ou julgada deveria ser paga em trinta dias. Acabando-se o 
prazo, aplicava-se a tomada da pessoa e dos bens do devedor, levando-o ao 
magistrado. Persistindo a dívida, o devedor ficava preso. No caso de um 
terceiro ou o próprio devedor não liquidar a obrigação as consequências podiam 
ser a escravidão, morte ou esquartejamento. Observe-se que a garantia era, 
literalmente, pessoal. 
 
Somente na Idade Contemporânea é que o direito passou a discernir 
DGHTXDGDPHQWH�D�ILJXUD�GR�GHYHGRU�GD�GR�³FULPLQRVR´��JDQKDQGR�D�IDOrQFLD�XP�
aspecto patrimonial. 
 
No Brasil, a legislação falimentar tem início no período colonial, ganhando uma 
SDUWH�HVSHFtILFD�QR�&yGLJR�&RPHUFLDO�GH��������FKDPDGD�³GDV�TXHEUDV´�� 
 
O direito foi se aperfeiçoando até chegarmos à Lei 11.101/2005, que vige no 
regime jurídico pátrio. 
 
O importante aqui, para concursos, é que se note que a falência, ao longo da 
história, deixou de ser um instituto forjado para consagrar a desonra dos 
devedores, para ser um aparelho de satisfação das dívidas e obrigações que o 
empresário toma no curso de suas atividades. 
 
DIFERENÇA ENTRE A COBRANÇA CONCURSAL DO DEVEDOR EMPRESÁRIO E DO 
DEVEDOR CIVIL 
 
A falência é instituto que se aplica basicamente ao empresário e sociedade 
empresária (vide artigo 1º abaixo). Para os devedores civis, resta o chamado 
concurso de credores, regido pelo Direito Civil. 
 
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E qual a vantagem da cobrança do rito empresarial sobre o concurso de 
credores, do âmbito civil? Fábio Ulhoa cita basicamente duas: 
 
Vantagens da lei de recuperação de empresas sobre o concurso de 
credores 
 
- Possibilidade de a empresa se recuperar; 
- Extinção das obrigações do falido mesmo que as dívidas não sejam totalmente 
quitadas (será visto adiante). 
 
Assim, indubitável que o regime falimentar tem um aspecto diferenciado. 
 
DIFERENÇA BÁSICA ENTRE A FALÊNCIA E A RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 
A lei 11.101/2005 dispõe que: 
 
Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e 
a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos 
simplesmente como devedor. 
 
Com efeito, o primeiro aspecto que devemos saber para concursos é distinguir a 
figura da recuperação judicial da figura da falência. Sobre a recuperação 
extrajudicial, deixaremos para o momento oportuno. 
 
Vários aspectos são comuns à falência e à recuperação 
judicial. Entretanto, o que por ora merece destaque é o de 
que a falência se aplica nos casos em que a crise do 
empresário é tão profunda que não restam alternativas que 
não a extinção do negócio. Ao revés, a recuperação judicial é capaz de propiciar 
a continuidade da empresa. 
 
 
 
Na recuperação, o que se quer evitar é justamente a decretação da falência do 
devedor. 
 
Ademais, segundo a própria Lei de Falências e Recuperação Judicial (LRE ± Lei 
de recuperação de empresas): 
 
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Art. 64. Durante o procedimento de recuperação judicial, o devedor ou seus 
administradores serão mantidos na condução da atividade empresarial, sob 
fiscalização do Comitê, se houver, e do administrador judicial, (...). 
 
Já na falência: 
 
Art. 103. Desde a decretação da falência ou do sequestro, o devedor perde o 
direito de administrar os seus bens ou deles dispor. 
 
Na recuperação judicial, mantém-se o devedor no comando das atividades. 
Contudo, na decretação da falência o que se tem é a indisposição dos bens por 
parte do falido. 
 
Falência Æ Devedor perde o direito de administrar os seus bens. 
Recuperação Judicial Æ Devedor não perde o direito de administrar os 
seus bens. 
 
Falência Recuperação Judicial 
Enseja o fim da atividade Não enseja o fim da atividade 
Devedor perde o direito de administrar Devedor é mantido nas atividades 
 
PRINCÍPIOS DA FALÊNCIA 
 
Os princípios geralmente atrelados ao processo falimentar são: 
 
- Par conditio creditorum: pelo qual todos os credores devem ter igualdade 
de condições para receber seus créditos. 
- Vinculação patrimonial: segundo o qual todos os bens e direitos do devedor 
ficam afetados para que haja o efetivo pagamento dos credores. 
- Maximização dos ativos e preservação da empresa: os ativos devem ser 
alienados de maneira ótima, a fim de que se atinja o maior montante para a 
satisfação dos créditos e, também, da forma que propiciem ao máximo o 
aproveitamento dos fatores de produção para a produção de riqueza para a 
economia, preservando postos de trabalho, recolhimento de tributos, etc. 
Ambos estão insculpidos no artigo 75 da LRE: 
 
Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas 
atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, 
ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa. 
 
- Viabilidade econômica da empresa: o princípio da preservação da empresa 
propõe que os ativos devem ter o máximo possível de solução de continuidade. 
Contudo, deve-se coadunar, ponderar, este princípio com o da viabilidade 
econômica da empresa. Se a crise é irremediável, resta impossível que se 
recupere a empresa pela recuperação judicial, por exemplo. 
- Celeridade e economia processual: Tratado no artigo 75, parágrafo único 
da LRE: 
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Art. 75. Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da 
celeridade e da economia processual. 
 
Existem alguns outros princípios de aspecto processual (como universalidade do 
juízo falimentar, publicidade, entre outros). 
 
Princípios da falência 
Princípio Conceito 
Par conditio creditorium Igualdade de condições para receber o crédito 
Vinculação patrimonial Bens e direitos são utilizados para pagamento dos credores 
Maximização dos ativos Atingir maior montante com alienação 
Celeridade e economia processual Processo deve ser, dentro do possível, rápido e econômico 
 
PROCESSO DA FALÊNCIA EM SI 
 
Começaremos a falar agora sobre o processo falimentar propriamente dito. A 
doutrina aponta três pressupostos básicos para a instauração da execução 
concursal falimentar, quais sejam: 
 
1) Devedor empresário; 
2) Insolvência; 
3) Sentença declaratóriada falência. 
 
Esse processo é o que a doutrina chama de processo pré-falimentar, e tem 
início com a petição inicial da falência se estendendo até a decretação da 
falência por sentença. Estudemo-lo amiúde. 
 
Processo pré-falimentar
Petição inicial
Decretação da falência 
(sentença)
 
 
PRIMEIRO PRESSUPOSTO - DEVEDOR EMPRESÁRIO 
 
A falência se aplica ao empresário individual e à sociedade empresária. 
 
Lembre-se do conceito de empresário já tratado quando do estudo do artigo 
966, a saber: 
 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
 
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A própria Lei de Recuperação de 
Empresas propõe: 
 
Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação 
judicial, a recuperação extrajudicial e a 
falência do empresário e da sociedade 
empresária, doravante referidos 
simplesmente como devedor. 
 
As sociedades simples, os 
profissionais liberais, as sociedades 
de advogados, as cooperativas, 
portanto, não se sujeitam aos efeitos 
da Lei 11.101/2005. 
 
Ressalte-se, também, que alguns 
empresários, embora atendam a todos 
os requisitos para a classificação como 
tal, estão excluídos, total ou 
parcialmente das aplicações da Lei 
11.101/2005, aplicando-se a legislação 
específica: 
 
Art. 2o Esta Lei não se aplica a: (artigo cai muito!) 
 
I ± empresa pública e sociedade de economia mista; 
II ± instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, 
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de 
assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras 
entidades legalmente equiparadas às anteriores. 
 
A lei de falências dispõe que as empresas públicas e sociedades de economia 
mista não estão sujeitas à falência, sejam elas exploradoras de atividade 
econômica, sejam prestadoras de serviço público. 
 
Mas, devemos nos perguntar, também, quem poderá postular o pedido de 
falência do devedor (pólo passivo). Quem será o sujeito (pólo) ativo desta 
demanda?! 
 
A resposta se encontra no artigo 97 da LRE, cuja redação transcrevemos: 
 
Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: 
 
I ± o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; 
II ± o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; 
III ± o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo 
da sociedade; 
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IV ± qualquer credor. 
 
Assim, grave-se: 
 
Polo passivo na falência Empresário ou sociedade empresária 
Polo ativo na falência 
Próprio devedor (autofalência) 
Cônjuge sobrevivente, herdeiro, inventariante 
Quotista ou acionista 
Qualquer credor 
 
Vamos lá! Analisemos o pólo ativo da demanda. 
 
AUTOFALÊNCIA 
 
A primeira hipótese (LRE, art. 97, I) é o requerimento da falência pelo próprio 
devedor, caso em que teremos a autofalência. A autofalência está disciplinada 
nos artigos 105, 106 e 107 da LRE. 
 
O artigo 105 dispõe que: 
 
Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não 
atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá 
requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de 
prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes 
documentos: 
 
I ± demonstrações contábeis referentes aos 3 (três) últimos exercícios 
sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas 
com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas 
obrigatoriamente de: 
 
a) balanço patrimonial; 
b) demonstração de resultados acumulados; 
c) demonstração do resultado desde o último exercício social; 
d) relatório do fluxo de caixa; 
 
II ± relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e 
classificação dos respectivos créditos; 
III ± relação dos bens e direitos que compõem o ativo, com a respectiva 
estimativa de valor e documentos comprobatórios de propriedade; 
IV ± prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor ou, 
se não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de 
seus bens pessoais; 
V ± os livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por 
lei; 
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VI ± relação de seus administradores nos últimos 5 (cinco) anos, com os 
respectivos endereços, suas funções e participação societária. 
 
Note-se que a lei impõe ao devedor que, ao constatar a impossibilidade total 
de continuidade das atividades, faça o requerimento da falência. Contudo, este 
instituto é de pouquíssima utilização, já que a medição de quando a atividade 
está bem ou mal é atividade que requer grande dose de subjetivismo. 
 
FALÊNCIA REQUERIDA POR CÔNJUGE SOBREVIVENTE, HERDEIRO, INVENTARIANTE 
 
A segunda hipótese é o pedido de falência por cônjuge sobrevivente, qualquer 
herdeiro do devedor ou inventariante (LRE, art. 97, II). Esta hipótese se aplica 
ao empresário individual, que, vindo a falecer, deixa herdeiros. Esses herdeiros, 
então, ao perceberem que não mais é possível a continuidade do empresariado, 
requerem a decretação da falência. 
 
FALÊNCIA REQUERIDA POR ACIONISTA OU QUOTISTA 
 
Outra hipótese de pedido de falência é aquele feito por acionista ou quotista de 
sociedade, provando-se a condição de membro da sociedade. 
 
FALÊNCIA REQUERIDA POR CREDOR 
 
Por fim, a grande massa dos pedidos falimentares são aqueles 
postulados por credor. Vejam que o artigo 97, IV, fala em qualquer credor. 
Isto significa dizer que o credor pode ser empresário ou não empresário. 
Sendo empresário, há uma condição para o pedido de quebra, qual seja o 
credor empresário apresentará certidão do Registro Público de Empresas que 
comprove a regularidade de suas atividades (LRE, art. 97, §1º). 
 
Assim, o credor empresário deve ser regular. Não sendo empresário, 
não vale este tipo de exigência. 
 
O pedido de falência quando feito por um credor deve estar acompanhado do 
título executivo. Se o pedido for aforado por causa da impontualidade do 
devedor em pagar, deverá estar vencido. Se o pedido de falência se basear nos 
denominados atos de falência (LRE, art. 94, III), não se faz necessário o 
vencimento do título, isto por que o título executivo apenas provará que o 
credor possui realmente o direito ao pedido de quebra. 
 
LOCAL PARA AJUIZAMENTO DO PEDIDO DE FALÊNCIA 
 
Visto quem é o pólo ativo e passivo do processo falimentar, sabemos que deve 
existir um ajuizamento desta ação. E onde se passa o processo falimentar? Um 
contribuinte que tenha filiais por todo o Brasil, pode ser demandado em 
qualquer destas comarcas?! Segundo a LRE: 
 
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Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, 
deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do 
principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha 
sede fora do Brasil. 
 
Este é o chamado princípio da unidade do juízo falimentar.Portanto, vejam, 
amigos, que o foro competente é do local do principal estabelecimento do 
devedor. E não se confunda a expressão local do principal estabelecimento com 
a constituição jurídica destes estabelecimentos, a saber, matriz e filial. 
 
O que a lei pretende dizer é que o juízo competente é aquele em que se possua 
o maior volume de recursos. Não se trata necessariamente da matriz, repito. 
A lógica é a de que o local onde o volume de transações for maior será aquele 
em que haverá maior vulto de bens e direitos para satisfação dos credores. 
 
Vejamos como foi cobrado: 
 
(FGV/Auditor Fiscal da Receita Estadual/SEFAZ/RJ) O juízo competente 
para decretação da falência é o do local em que se situa a sede do devedor, ou 
da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. 
 
Está incorreto. O correto é o juízo onde esteja o principal estabelecimento. O 
principal estabelecimento é aquele em que está concentrado o maior volume 
das operações empresariais. O que importa é o ponto de vista econômico, 
e não o jurídico. Assim, não necessariamente será o local da sede. 
 
Se for sociedade estrangeira, vale a mesma regra, deve-se buscar a filial 
economicamente mais importante. 
 
DO JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA 
 
Diz-se que o juízo da falência é universal e indivisível. 
 
Indivisível significa dizer que, em regra, todas as ações referentes a bens, 
interesses e negócios serão processadas e julgadas pelo juízo em que o feito da 
falência tramita. Com fulcro na LRE: 
 
Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as 
ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas 
trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar 
como autor ou litisconsorte ativo. 
 
Assim, como se depreende da leitura do próprio dispositivo, algumas causas 
não são atraídas para o juízo falimentar, quais sejam: 
- As que não sejam reguladas pela LRE, quando a massa falida for autora ou 
litisconsorte ativa, que não sejam reguladas pela LRE. 
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- As causas trabalhistas até o encerramento do processo de 
conhecimento. 
- As causas fiscais, já que não estão sujeitas ao concurso de credores. 
- As ações que demandam quantia ilíquida (LRE, art. 6º, §1º). 
 
Indivisibilidade do juízo falimentar 
Regra: competente para conhecer todas as ações 
Exceções 
Causas trabalhistas 
Causas fiscais 
Aquelas em que o falido figure como autor/litisconsorte ativo, não reguladas na LRE 
As ações que demandem quantia ilíquida 
 
Já a universalidade diz respeito à imposição de uma regra única para os 
credores, sendo eles submetidos ao mesmo juízo. 
 
Uma anotação importante feita pelo professor Ricardo Negrão, é a seguinte: 
 
³'HYHPRV� REVHUYDU� TXH� QHP� WRGRV� RV� FUHGRUHV� VXEPHWHP-se à verificação e 
habilitação no juízo falimentar, porque excetuados quanto à regra da 
indivisibilidade. Entretanto, quanto à classificação e ao pagamento, todos os 
credores sujeitam-VH�DR�UHJUDPHQWR�HVWDEHOHFLGR�QD�OHL�IDOLPHQWDU´�� 
 
Ou seja, nem todos os créditos precisam ser habilitados para o processo 
falimentar. Contudo, na hora do pagamento, teremos uma ordem a ser seguida 
e todos os credores a ela estarão sujeitos. 
 
SEGUNDO PRESSUPOSTO - INSOLVÊNCIA 
 
O segundo pressuposto é a insolvência. Uma das situações em que a falência é 
decretada se dá quando o passivo (obrigações) é superior ao ativo (bens e 
direitos). Esta situação é conhecida na contabilidade como passivo a 
descoberto. É descoberto haja vista que não há recursos suficientes para 
saldá-lo com os bens e direitos de que a empresa dispõe. 
 
Contudo, Fábio Ulhoa destaca que não basta a simples existência de passivo a 
descoberto para que se faça a decretação da falência. A insolvência possui, 
assim, caráter jurídico e não econômico. Praticando determinados atos 
estatuídos pela lei, caracterizado está o estado de insolvência. Todavia, se não 
praticar, mesmo que seja deficitário o ativo em relação ao passivo, não há 
fundamento para a decretação da falência. 
 
Assim, só se decretará a falência de determinado devedor se ele: 
 
1 ± Incorrer em impontualidade injustificada no cumprimento de obrigação 
líquida (LRE, art. 94, I). 
2 ± Incorrer em execução frustrada (LRE, art. 94, II). 
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3 ± Praticar determinados atos de falência (LRE, art. 94, III). 
 
 
 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
 
I ± sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida 
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o 
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; 
 
II ± executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não 
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 
 
III ± pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de 
recuperação judicial: 
 
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio 
ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; 
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar 
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da 
totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de 
todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; 
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de 
burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; 
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar 
com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; 
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes 
para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu 
domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; 
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de 
recuperação judicial. 
 
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IMPONTUALIDADE INJUSTIFICADA 
 
Segundo a Lei de Falências: 
 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
 
I ± sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida 
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o 
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; 
 
Assim, o pedido de falência de devedor com base em impontualidade 
injustificada pressupõe: 
 
 
a) Falta de pagamento sem relevante razão de direito de dívida no 
vencimento. Se houver razão de direito para o atraso, não há fundamento para 
o pedido, como, por exemplo, cobrança de dívida prescrita. 
b) Que a dívida seja líquida. 
c) Que a dívida ultrapasse 40 salários-mínimos. Contudo, caso a dívida seja 
inferior, propõe a LRE que os credores poderão se juntar para atingir este valor 
(LRE, art. 94, §1º). 
d) Que o título esteja protestado. Esse protesto pode ser cambial, quando se 
tratar de título de crédito, ou, então, de protesto especial para fins de falência, 
nos demais casos. 
 
Pedido de falência - Impontualidade Injustificada (LRE, art. 94, I) 
Falta de pagamento, sem relevante razão de direito. 
Dívidalíquida 
Dívida deve ultrapassar 40 salários mínimos (credores podem se juntar) 
Título deve estar protestado. 
 
Levantemos uma hipótese. Determinada pessoa (Alfa) prestou serviço para 
Beta. Alfa emitiu uma duplicata. Todavia, Beta não a aceitou. O título venceu e 
o credor o levou a protesto. Será o protesto suficiente para requerer o pedido 
de falência, já que não há aceite? A resposta é não! Segundo o Superior 
Tribunal de Justiça: 
 
Súmula 248. STJ. Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não 
aceita, mas protestada, é título hábil para instruir pedido de falência. 
 
Portanto, deverá haver também a comprovação da prestação do serviço. 
 
Vejam como isso foi cobrado em prova: 
 
(FGV/Exame/OAB/2015) São João da Baliza Transporte Rodoviário Ltda. 
sacou duplicata de prestação de serviços no valor de R$ 32.000,00 (trinta e 
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dois mil reais) para recebimento do frete decorrente do transporte de cargas 
entre ela e Supermercados Caracaraí Ltda. EPP. Diante do inadimplemento do 
pagamento do frete, a sacadora levou a duplicata a protesto, sem aceite, com 
vistas a instruir pedido de falência do sacado. 
 
Com base nas informações do enunciado, assinale a afirmativa correta. 
 
A) Essa duplicata não aceita não é título hábil para instruir pedido de falência, 
ainda que protestada e comprovada a prestação dos serviços. 
B) Essa duplicata não aceita, mas protestada, é título hábil para instruir pedido 
de falência, comprovada a prestação dos serviços. 
C) Essa duplicata de prestação de serviços é título hábil para instruir pedido de 
falência, caso esteja aceita, protestada e tenha o sacador comprovado a 
prestação dos serviços. 
D) Essa duplicata não é título hábil para instruir pedido de falência do 
destinatário porque o documento apropriado para a cobrança do frete é o 
conhecimento de transporte. 
 
Comentários: 
 
A nossa questão está pautada na impontualidade injustificada. O valor do 
salário mínimo em 2015 é R$ 788,00. Portanto, 40 salários mínimos equivalem 
a R$ 31.520,00, valor inferior à dívida. 
 
Súmula 248. STJ. Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não 
aceita, mas protestada, é título hábil para instruir pedido de falência. 
 
Gabarito Æ B. 
 
Segundo a LRE: 
 
Art. 94, § 3o Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência 
será instruído com os títulos executivos na forma do parágrafo único do art. 
9o desta Lei, acompanhados, em qualquer caso, dos respectivos instrumentos 
de protesto para fim falimentar nos termos da legislação específica. 
 
A própria lei sugere os casos em que não será decretada a falência por 
impontualidade injustificada. A saber: 
 
Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, 
não será decretada se o requerido provar: 
 
I ± falsidade de título; 
II ± prescrição; 
III ± nulidade de obrigação ou de título; 
IV ± pagamento da dívida; 
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V ± qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a 
cobrança de título; 
VI ± vício em protesto ou em seu instrumento; 
VII ± apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, 
observados os requisitos do art. 51 desta Lei; 
VIII ± cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do 
pedido de falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de 
Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato 
registrado. 
 
EXECUÇÃO FRUSTRADA 
 
A execução frustrada está prevista no inciso II do artigo 94 da Lei de Falências, 
que prega: 
 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
 
II ± Executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não 
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 
 
Nesta hipótese, basicamente, o devedor é executado por qualquer quantia 
líquida (veja que não precisa ser 40 salários mínimos) e, intimado a fazê-
lo em juízo: 
 
- Não paga. 
- Não deposita quantia para quitar a dívida. 
- Não penhora bens suficientes para a quitação. 
 
Execução frustrada 
Não paga 
Não deposita quantia para quitar a dívida 
Não nomeia à penhora bens suficientes 
 
Havendo o enquadramento nestes três itens, encerra-se a execução e o credor, 
munido de uma declaração judicial da omissão, ingressa com ação pedindo a 
falência. Ressalte-se, o título não precisa estar protestado e não há que 
se atingir o montante de 40 salários mínimos. 
 
O item foi cobrado no concurso para Auditor Substituto de Conselheiro do TCM 
RJ (item incorreto): 
 
(FGV/Auditor/TCM/RJ) O protesto do título é condição especial para 
decretação da falência com fundamento em execução frustrada. 
 
ATOS DE FALÊNCIA 
 
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Por fim, a última hipótese caracterizadora da insolvência representa os 
chamados atos de falência e estão previstos no artigo 94, III, que, por não ser 
demais, repetimos: 
 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
 
III ± pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de 
recuperação judicial: 
 
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio 
ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; 
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar 
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da 
totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de 
todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; 
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de 
burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; 
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar 
com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; 
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes 
para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu 
domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; 
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de 
recuperação judicial. 
 
Na ocorrência dos atos de falência, o pedido de falência descreverá os fatos que 
a caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se as que 
serão produzidas (LRE, art. 94, §5º). 
 
PEDIDO DE FALÊNCIA 
 
Concebidos tais pressupostos, a pessoa de direito deve ajuizar o pedido de 
falência. Quando a falência for requerida por terceiros, há para o devedor um 
prazo para contestação do pedido. 
 
Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) 
dias. 
 
Prazo para contestação do devedor Æ 10 dias 
 
Dissemos que a falência pode ser fundada na impontualidade injustificada, na 
execução frustrada ou nos atos de falência. 
 
Se o ajuizamento tiver se dado por impontualidade injustificada ou 
execução frustrada, o devedor por elidir (eliminar, suprimir) a falência, 
fazendo um depósito da quantia reclamada, correspondente ao valor total do 
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crédito, acrescido da correção monetária, juros e honorários advocatícios. Nesta 
hipótese, o pedido de falência será denegado e o credor levará consigo os 
valores obtidos para que haja satisfação da dívida. 
 
Art. 98. Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do 
art. 94 desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor 
correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e 
honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e, 
caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento 
do valor pelo autor. 
 
Assim, ficam para o requerido (devedor) as seguintes possibilidades quando do 
pedido da falência: 
 
- Apenas contesta o pedido. Aqui, se o magistrado acolhe as teses da defesa, 
denega a falência. Ao revés, declara a continuidade do procedimento. 
- Contesta o pedido e deposita o valor. Nesta hipótese, o devedor não só 
deposita o valor, mas, também, contesta o pedido. Se o magistrado julgar a 
contestação procedente, o depósito será levantado em favor do requerido 
(devedor). Caso contrário, se julgado o pedido procedente, não será declarada 
a falência do devedor, posto que o depósito elisivo fora efetuado. 
- Apenas deposita. Nesta hipótese, o juiz denega a falência e recolhe o valor 
para o credor. 
- Não contesta nem deposita. Neste caso, o juiz decreta a falência se 
restarem atendidos os demais requisitos para tanto. 
- Apresentar pedido de recuperação judicial. 
 
Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua 
recuperação judicial. 
 
TERCEIRO PRESSUPOSTO ± SENTENÇA DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA 
 
De posse de tudo o que já foi dito, resta ao magistrado duas alternativas: 
declarar ou denegar o pedido de falência. 
 
A sentença que denegar o pedido de falência deve ter o cuidado de analisar o 
comportamento do requerente quando do pedido. Agindo de má-fé, a lei estatui 
que seja o requerido indenizado (LRE, art. 101). 
 
Ademais, outra hipótese em que a decretação da falência será denegada é 
quando houver o depósito elisivo. 
 
Falemos agora da sentença que decreta a falência procedente. 
 
A Lei 11.101/2005 determina que: 
 
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Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras 
determinações: 
 
I ± conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos 
que forem a esse tempo seus administradores; 
II ± fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 
(noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação 
judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para 
esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados; 
III ± ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, 
relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e 
classificação dos respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos, 
sob pena de desobediência; 
IV ± explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no 
§ 1o do art. 7o desta Lei; 
V ± ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o 
falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1o e 2o do art. 6o desta Lei; 
VI ± proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de 
bens do falido, submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do 
Comitê, se houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades 
normais do devedor se autorizada a continuação provisória nos termos do inciso 
XI do caput deste artigo; 
VII ± determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses 
das partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de 
seus administradores quando requerida com fundamento em provas da prática 
de crime definido nesta Lei; 
VIII ± ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à 
anotação da falência no registro do devedor, para que conste a 
expressão "Falido", a data da decretação da falência e a inabilitação de que 
trata o art. 102 desta Lei; 
IX ± nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na 
forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na 
alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei; 
X ± determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições 
públicas e outras entidades para que informem a existência de bens e 
direitos do falido; 
XI ± pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do 
falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, 
observado o disposto no art. 109 desta Lei; 
XII ± determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembléia-
geral de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda 
autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na 
recuperação judicial quando da decretação da falência; 
XIII ± ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às 
Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor 
tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência. 
 
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Esta sentença declaratória há que ser publicada no órgão oficial e, caso haja 
possibilidade financeira, em jornal de grande circulação. 
 
Segundo a Lei de Falências, art. 100: Da decisão que decreta a falência 
cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido cabe 
apelação. 
 
 
 
O agravo, na forma retida ou na de instrumento, é o recurso cabível contra 
decisão interlocutória. Decisão interlocutória é o ato do juiz, com caráter 
decisório, mas que não extingue o procedimento (no nosso caso, a falência). 
Embora a Lei de Falências seja silente, o agravo cabível contra a sentença 
que decreta a falência é o agravo de instrumento. 
 
A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do 
devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento 
proporcional dos juros, e converte todos os créditos em moeda estrangeira para 
a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os efeitos 
(LF, art. 77). 
 
Além da identificação completa do devedor falido e dos motivos que ensejaram 
a falência, merecem destaque: 
 
TERMO LEGAL DA FALÊNCIA 
 
O artigo 99, II, fixa que: 
 
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras 
determinações: 
 
II ± fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 
(noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação 
judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para 
esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados; 
 
Trata-se do termo legal da falência, que é o lapso temporal antes da 
decretação de falência em que os atos praticados pelo devedor podem 
vir a serem considerados como ineficazes. Assim, se houver evidências, 
por exemplo, de que o empresário estava se desfazendo de seu patrimônio, 
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antes da decretação da quebra, de forma gradual para evitar a constrição 
judicial, tal postura poderá ser considerada ineficaz. 
 
Nesse sentido vai o artigo 129 da LRE,que prega: 
 
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante 
conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não 
intenção deste fraudar credores: 
 
I ± o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do 
termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo 
desconto do próprio título; 
II ± o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo 
legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato; 
III ± a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do 
termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados 
em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a 
parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada; 
IV ± a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação 
da falência; 
V ± a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da 
falência; 
VI ± a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento 
expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não 
tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, 
no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem 
devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e 
documentos; 
VII ± os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre 
vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis 
realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação 
anterior. 
 
 
E como saber qual o termo legal da falência?! Bem, vimos que a insolvência do 
devedor pode se dar por: a) impontualidade injustificada (quando é necessário 
o protesto); b) execução frustrada (o título não precisa estar protestado); e c) 
atos de falência. 
 
Se o pedido de falência se basear em impontualidade injustificada, teremos 
uma hipótese. 
 
Imaginemos que em 31 de agosto de 2011 o magistrado decrete sentença que 
declara a falência do empresário X, por pedido do credor Y, que protestou o 
título em 15 de setembro de 2009. O juiz, ao sentenciar, deve olhar para 
quando houve o primeiro protesto por falta de pagamento (não 
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necessariamente do credor Y). No nosso caso, olharemos para a data de 15 de 
setembro de 2009 e andaremos 90 dias para trás, até 15 de junho de 2009. 
 
Diz-se, então, que esse período, de 15/06/2009 a 31/08/2011 é considerado o 
termo legal da falência. 
 
Termo legal da falência ± Impontualidade Injustificada 
 
Se o pedido se basear em execução frustrada ou atos de falência, esses 
90 dias são tomados da data em que o pedido foi ajuizado. 
 
 
 
1. (FGV/Exame/OAB/2011) A sociedade empresária denominada KLM 
Fábrica de Móveis Ltda. teve a sua falência decretada. No curso do processo, 
restou apurado que a sociedade, pouco antes do ajuizamento do requerimento 
que resultou na decretação de sua quebra, havia promovido a venda de seu 
estabelecimento, independentemente do pagamento de todos os credores ao 
tempo existentes, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, e 
sem que lhe restassem bens suficientes para solver o seu passivo. 
 
(A) Revogável por iniciativa do administrador judicial. 
(B) Ineficaz em relação à massa falida. 
(C) Anulável por iniciativa do administrador judicial. 
(D) Nula de pleno direito. 
 
Comentários 
 
Segundo a Lei 11.101/2005: 
 
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Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante 
conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não 
intenção deste fraudar credores: 
 
VI ± a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento 
expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não 
tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, 
no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem 
devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e 
documentos; 
 
Gabarito Æ B. 
 
DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA DE CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS 
 
A decretação da falência das concessionárias de serviços públicos 
implica extinção da concessão, na forma da lei (LF, art. 195). 
 
Esse item já foi cobrado no concurso para Juiz Substituto do TJDFT, em 2008 
(item correto): 
 
(TJDFT/Juiz Substituto/2008) A decretação da falência das concessionárias 
de serviços públicos implica extinção de concessão. 
 
SUSPENSÃO DAS AÇÕES 
 
A lei de falências prescreve que: 
 
Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da 
recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e 
execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do 
sócio solidário. 
 
Atenção! Esse artigo 6º é muito cobrado em prova, 
principalmente no que diz respeito ao marco inicial 
para a suspensão do curso da prescrição. Na falência, 
é a decretação deste instituto; na recuperação 
judicial, o deferimento do processamento. 
 
Com efeito, se determinado credor tem valor a receber perante certo 
empresário cuja quebra é declarada, o prazo prescricional para que esse valor 
seja cobrado é suspenso. Esse prazo, contudo, volta a fluir após a sentença que 
der encerramento ao processo falimentar. 
 
Art. 157. O prazo prescricional relativo às obrigações do falido recomeça a 
correr a partir do dia em que transitar em julgado a sentença do encerramento 
da falência. 
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Os credores que tiverem execuções correndo contra o devedor deverão 
habilitar os créditos no processo falimentar. 
 
§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste 
artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 
(cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da 
recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos 
credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de 
pronunciamento judicial. 
 
RESTRIÇÕES PESSOAIS AO FALIDO 
 
Com a decretação da falência, algumas conseqüências advêm para a pessoa do 
falido, como, por exemplo: 
 
Art. 104. A decretação da falência impõe ao falido os seguintes deveres: 
 
III ± não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem motivo justo e 
comunicação expressa ao juiz, e sem deixar procurador bastante, sob as penas 
cominadas na lei; 
 
Destarte, não pode o falido se ausentar do local em que a falência é 
processada, regra voltada para o empresário individual. 
 
As correspondências do falido atinentes às atividades empresariais sofrem 
parcial quebra do sigilo prevista pela Constituição Federal, vez que todas as 
correspondências que concernem ao empresariado devem ser enviados ao 
administrador judicial. 
 
 Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do 
Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: 
 
III ± na falência: 
 
d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o 
que não for assunto de interesse da massa; 
 
ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA 
 
A administração da falênciaincumbe basicamente a(o): 
 
- magistrado; 
- órgãos da falência: administrador judicial, comitê de credores, assembléia 
geral de credores; 
- ministério público. 
 
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ATUAÇÃO DO JUIZ 
 
O magistrado é quem, eminentemente, conduz o processo falimentar. 
Basicamente, ele: 
 
- Conduz o processo falimentar; 
- Pode autorizar a venda antecipada de bens; 
 
Art. 111. O juiz poderá autorizar os credores, de forma individual ou coletiva, 
em razão dos custos e no interesse da massa falida, a adquirir ou adjudicar, de 
imediato, os bens arrecadados, pelo valor da avaliação, atendida a regra de 
classificação e preferência entre eles, ouvido o Comitê. 
 
Art. 113. Os bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à considerável 
desvalorização ou que sejam de conservação arriscada ou dispendiosa, poderão 
ser vendidos antecipadamente, após a arrecadação e a avaliação, mediante 
autorização judicial, ouvidos o Comitê e o falido no prazo de 48 (quarenta e 
oito) horas. 
 
- Nomeia e aprova as contas prestadas pelo administrador judicial; 
- Entre outras tantas providências. 
 
ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
A intervenção do Ministério Público se dá nos casos previstos em lei, ora como 
fiscal da lei, ora com tarefas de cunho administrativo. O MP, em síntese, age 
como fiscal da lei, em seu dia a dia. Na lei de falências, sua atuação maior se 
dará em havendo evidências de tipos penais. 
 
Vejamos algumas das hipóteses que podem contar com a participação do 
Parquet: 
 
Art. 8o No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no 
art. 7o, § 2o, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou 
o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de 
credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra 
a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado. 
 
Art. 19. O administrador judicial, o Comitê, qualquer credor ou o representante 
do Ministério Público poderá, até o encerramento da recuperação judicial ou da 
falência, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no 
Código de Processo Civil, pedir a exclusão, outra classificação ou a retificação 
de qualquer crédito, nos casos de descoberta de falsidade, dolo, simulação, 
fraude, erro essencial ou, ainda, documentos ignorados na época do julgamento 
do crédito ou da inclusão no quadro-geral de credores. 
 
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Art. 30, 2o O devedor, qualquer credor ou o Ministério Público poderá requerer 
ao juiz a substituição do administrador judicial ou dos membros do Comitê 
nomeados em desobediência aos preceitos desta Lei. 
 
Art. 132. A ação revocatória, de que trata o art. 130 desta Lei, deverá ser 
proposta pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério 
Público no prazo de 3 (três) anos contado da decretação da falência. 
 
ÓRGÃOS DA FALÊNCIA 
 
Além do juiz e do MP, a falência possui órgãos próprios, a saber: administrador 
judicial, comitê de credores, assembléia de credores. 
 
ADMINISTRADOR JUDICIAL 
 
O administrador judicial é o principal auxiliar do juiz no processo 
falimentar. A legislação falimentar lhe acometeu diversas atribuições 
correlacionadas com a administração da falência. Atua ele sob 
direcionamento do magistrado e fiscalização do Comitê de Credores (se 
existente). 
 
O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente 
advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa 
jurídica especializada (LF, art. 22). 
 
Vejamos como isso é cobrado em certames: 
 
(Ministério Público do Estado de SP/Promotor/2008) Não é admissível a 
nomeação de pessoa jurídica para a função de administrador judicial, que deve 
ser necessariamente desempenhada por profissional de nível universitário, 
inscrito no órgão de classe competente. 
 
Resta claramente incorreto o item, uma vez que o administrador judicial pode 
ser pessoa física ou jurídica. 
 
Lembre-se do que dissemos acima, quando falamos do conteúdo da sentença 
declaratória da falência: 
 
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras 
determinações: 
 
IX ± nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na 
forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na 
alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei; 
 
Portanto, o administrador judicial é nomeado quando for proferida a 
sentença que decretar a quebra. 
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Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, 
declarar-se-á o nome de profissional responsável pela 
condução do processo de falência ou de recuperação 
judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do 
juiz. 
 
Caberá ao devedor ou à massa falida arcar com as despesas relativas à 
remuneração do administrador judicial e das pessoas eventualmente 
contratadas para auxiliá-lo (LF, art. 25). 
 
O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador 
judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de 
complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o 
desempenho de atividades semelhantes (LF, art. 24). 
 
As remunerações dos auxiliares do administrador judicial serão fixadas pelo 
juiz, que considerará a complexidade dos trabalhos a serem executados e os 
valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes 
(LF, art. 22, §1º). 
 
A função do administrador judicial difere quando se tratar de recuperação 
judicial ou de falência. Na recuperação extrajudicial não existe a figura do 
administrador judicial. 
 
Esse assunto já foi abordado com as seguintes questões... 
 
(FCC/Auditor de Contas Públicas TCE PB/2006) Uma das semelhanças 
existentes entre os regimes jurídicos da recuperação judicial e da recuperação 
extrajudicial é a nomeação de um administrador judicial para gerir o empresário 
devedor. 
 
O item está incorreto. Não se nomeia administrador judicial na recuperação 
extrajudicial. 
 
Na recuperação judicial, uma vez que o devedor não perde o direito de 
administrar seus bens, ao administrador judicial caberá precipuamente 
a fiscalização das atividades da empresa e o cumprimento da 
recuperação judicial, conforme o artigo 22, II, da LF. 
 
Já na falência, ele passará a administrar a sociedade, pois, como dito 
acima, com a decretação da falência perde o devedor o direito de 
administrar seus bens ou deles dispor. 
 
As atribuições do administrador judicial estão previstas na lei, que assim 
dispõe: 
 
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Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do 
Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: 
 
I ± na recuperação judicial e na falência: 
 
a) enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o 
inciso III do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II 
do caput do art. 105 desta Lei, comunicando a data do pedido de recuperação 
judicial ou da decretação da falência,a natureza, o valor e a classificação dada 
ao crédito; 
b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores 
interessados; 
c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de 
servirem de fundamento nas habilitações e impugnações de créditos; 
d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer 
informações; 
e) elaborar a relação de credores de que trata o § 2o do art. 7o desta Lei; 
f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei; 
g) requerer ao juiz convocação da assembléia-geral de credores nos casos 
previstos nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada 
de decisões; 
h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas 
especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções; 
i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei; 
 
II ± na recuperação judicial: 
 
a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação 
judicial; 
b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no 
plano de recuperação; 
c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades 
do devedor; 
d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que 
trata o inciso III do caput do art. 63 desta Lei; 
 
III ± na falência: 
 
a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores 
terão à sua disposição os livros e documentos do falido; 
b) examinar a escrituração do devedor; 
c) relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa falida; 
d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o 
que não for assunto de interesse da massa; 
e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo 
de compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e 
circunstâncias que conduziram à situação de falência, no qual apontará a 
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responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o disposto no art. 186 
desta Lei; 
f) arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de 
arrecadação, nos termos dos arts. 108 e 110 desta Lei; 
g) avaliar os bens arrecadados; 
h) contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, 
para a avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a 
tarefa; 
i) praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos 
credores; 
j) requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou 
sujeitos a considerável desvalorização ou de conservação arriscada ou 
dispendiosa, nos termos do art. 113 desta Lei; 
l) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a 
cobrança de dívidas e dar a respectiva quitação; 
m) remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens 
apenhados, penhorados ou legalmente retidos; 
n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado, 
cujos honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de 
Credores; 
o) requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o 
cumprimento desta Lei, a proteção da massa ou a eficiência da administração; 
p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10o (décimo) dia do mês 
seguinte ao vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique 
com clareza a receita e a despesa; 
q) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu 
poder, sob pena de responsabilidade; 
r) prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou 
renunciar ao cargo. 
 
A saída do cargo de administrador pode se dar por substituição ou 
destituição. 
 
Vejamos um caso de substituição: 
 
Art. 30. Não poderá integrar o Comitê ou exercer as funções de administrador 
judicial quem, nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício do cargo de 
administrador judicial ou de membro do Comitê em falência ou recuperação 
judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos 
legais ou teve a prestação de contas desaprovada. 
 
§ 1o Ficará também impedido de integrar o Comitê ou exercer a função de 
administrador judicial quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o 3o 
(terceiro) grau com o devedor, seus administradores, controladores ou 
representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente. 
 
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Caso venha a ser nomeado e, somente depois, se constate tal situação, será o 
administrador substituído do exercício do cargo. 
 
Já a destituição tem caráter punitivo, como se comprova à leitura do 
seguinte artigo legal: 
 
Art. 31. O juiz, de ofício ou a requerimento fundamentado de qualquer 
interessado, poderá determinar a destituição do administrador judicial ou de 
quaisquer dos membros do Comitê de Credores quando verificar desobediência 
aos preceitos desta Lei, descumprimento de deveres, omissão, negligência ou 
prática de ato lesivo às atividades do devedor ou a terceiros. 
 
E como fica a remuneração nestes casos? 
 
Segundo o artigo 24 da LF: O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da 
remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento 
do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no 
mercado para o desempenho de atividades semelhantes. 
 
O administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao 
trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante razão ou for destituído de 
suas funções por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações 
fixadas na Lei, hipóteses em que não terá direito à remuneração. 
 
Também não terá direito a remuneração o administrador que tiver suas contas 
desaprovadas. 
 
Assim, se o administrador judicial for substituído por que renunciou, sem 
relevante razão, não fará jus à remuneração, ou, então, se for destituído por 
desídia, culpa, dolo, ou descumprimento, também não fará jus. Item incorreto. 
 
Os créditos devidos ao administrador judicial e seus auxiliares serão 
classificados como extraconcursais ± art. 84. 
 
 
 
2. (FGV/Exame/OAB/2011) A respeito do Administrador Judicial, no âmbito 
da recuperação judicial, é correto afirmar que: 
 
(A) o Administrador Judicial, pessoa física, pode ser formado em Engenharia. 
(B) somente pode ser destituído pelo Juízo da Falência na hipótese de, após 
intimado, não apresentar, no prazo de 5 (cinco) dias, suas contas ou os 
relatórios previstos na Lei 11.101/2005. 
(C) perceberá remuneração fixada pelo Comitê de Credores. 
(D) será escolhido pela Assembleia Geral de Credores. 
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Comentários 
 
O gabarito da questão é a letra a. Analisemos item a item... 
 
(A) o Administrador Judicial, pessoa física, pode ser formado em 
Engenharia. 
 
Como dissemos: 
 
Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente 
advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa 
jurídica especializada. 
 
Portanto, como há somente preferência pelas área elencadas no artigo 21, ele 
pode, sim, ser engenheiro. 
 
(B) somente pode ser destituído pelo Juízo da Falência na hipótese de, 
após intimado, não apresentar, no prazo de 5 (cinco) dias, suascontas 
ou os relatórios previstos na Lei 11.101/2005. 
 
Incorreto. Há outra possibilidade de destituição, prevista no artigo 24 da LRE: 
 
Art. 24. Parágrafo. 3o O administrador judicial substituído será remunerado 
proporcionalmente ao trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante 
razão ou for destituído de suas funções por desídia, culpa, dolo ou 
descumprimento das obrigações fixadas nesta Lei, hipóteses em que 
não terá direito à remuneração. 
 
(C) perceberá remuneração fixada pelo Comitê de Credores. 
 
Errado. Como dissemos, o juiz fixará o valor e a forma de pagamento da 
remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento 
do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no 
mercado para o desempenho de atividades semelhantes (LF, art. 24). 
 
(D) será escolhido pela Assembleia Geral de Credores. 
 
Lembremos o que dissemos na aula: 
 
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras 
determinações: 
 
IX ± nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na 
forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na 
alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei; 
 
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Portanto, é escolhido pelo juiz. 
 
Gabarito Æ A. 
 
ASSEMBLÉIA GERAL DE CREDORES 
 
A assembléia-geral é o órgão que toma deliberações salutares nos processos de 
recuperação judicial e falimentar. 
 
Trata-se de órgão colegiado, existente tanto na falência quanto na 
recuperação judicial. É característica da nova legislação falimentar, que teve a 
preocupação de assegurar aos credores maior participação no processo. Sua 
principal função é a de deliberar sobre matérias que possam afetar os 
interesses dos credores. 
 
Suas atribuições estão arroladas no artigo 35 da lei de falências, in verbis: 
 
Art. 35. A assembléia-geral de credores terá por atribuições deliberar sobre: 
 
I ± na recuperação judicial: 
 
a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial 
apresentado pelo devedor; 
b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua 
substituição; 
d) o pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4o do art. 52 desta Lei; 
e) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor; 
f) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores; 
 
II ± na falência: 
 
b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua 
substituição; 
c) a adoção de outras modalidades de realização do ativo, na forma do art. 145 
desta Lei; 
d) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores. 
 
O CESPE, no concurso para Defensor Público do Estado do Ceará, abordou o 
assunto da seguinte forma: 
 
(Cespe/Defensor Público do Ceará) Considere que determinada sociedade 
empresária, em situação de crise econômico-financeira, tenha requerido sua 
recuperação judicial e que o juízo competente, tendo verificado o cumprimento 
dos requisitos legais, tenha deferido o processamento da referida recuperação. 
Nesse caso, a sociedade empresária somente poderá desistir do pedido de 
recuperação judicial se obtiver a aprovação da desistência na assembléia-geral 
de credores. 
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Está certo, porquanto compete à Assembléia Geral de credores deliberar sobre 
o pedido de desistência do devedor (LF, art. 35, I, d). 
 
A assembléia será presidida pelo administrador judicial, que designará 1 
(um) secretário dentre os credores presentes (LF, art. 37). 
 
Já nas deliberações sobre o afastamento do administrador judicial ou em outras 
em que haja incompatibilidade deste, a assembléia será presidida pelo credor 
presente que seja titular do maior crédito (LF, art. 37, §1º). 
 
A composição da assembléia é basicamente a seguinte: 
 
Art. 41. A assembléia-geral será composta pelas seguintes classes de credores: 
 
I ± titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de 
acidentes de trabalho; 
II ± titulares de créditos com garantia real; 
III ± titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio 
geral ou subordinados. 
IV - titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa 
de pequeno porte. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) 
 
A assembléia instalar-se-á, em 1a (primeira) convocação, com a presença de 
credores titulares de mais da metade dos créditos de cada classe, 
computados pelo valor, e, em 2a (segunda) convocação, com qualquer número. 
 
Sobre o voto na Assembléia Geral de Credores. Adote-se o seguinte como 
regra: o voto do credor será proporcional ao valor de seu crédito (LF, art. 
38). 
 
Considerar-se-á aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de credores 
que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à 
assembléia-geral (LF, art. 42). 
 
Esquematizando, teremos: 
 
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Algumas exceções importantes surgem a essa regra, a saber: 
 
- Composição do comitê de credores: será constituído por deliberação de 
qualquer das classes de credores na assembléia-geral (LF, art. 26); 
- Forma alternativa de realização de ativo: a forma alternativa de realização do 
ativo depende de deliberação de dois terços dos créditos presentes à 
assembléia (LF, art. 46); 
- Deliberação sobre o plano de recuperação judicial: todas as classes de 
credores deverão aprovar a proposta (LF, art. 45). 
- O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de 
verificação de quorum de deliberação se o plano de recuperação judicial 
não alterar o valor ou as condições originais de pagamento de seu 
crédito. 
 
COMITÊ DE CREDORES 
 
Ademais, temos também o chamado comitê de credores, que é facultativo, 
seja no processo de recuperação judicial, seja no processo falimentar. 
 
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras 
determinações: 
 
XII ± determinará, quando entender conveniente, a convocação da 
assembléia-geral de credores para a constituição de Comitê de 
Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente 
em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência; 
 
Art. 28. Não havendo Comitê de Credores, caberá ao administrador judicial ou, 
na incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuições. 
 
A composição estabelecida pela LF ao Comitê de Credores é a seguinte: 
 
Art. 26. O Comitê de Credores será constituído por deliberação de qualquer das 
classes de credores na assembléia-geral e terá a seguinte composição: 
 
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I) 1 representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 (dois) 
suplentes; 
II) 1 representante indicado pela classe de credores com direitos reais de 
garantia ou privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes; 
III) 1 representante indicado pela classe de credores quirografários e com 
privilégios gerais, com 2 (dois) suplentes. 
IV - 1 (um) representante indicado pela classe de credores representantes de 
microempresas e

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