Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
IDENTIFICAÇÃO Nome: Laís Cristina Bandeira Curso: Mestrado em Direito Semestre: último Disciplina: Dissertação Prof.: Marcelino da Silva Meleu Tema/Obra (s) do Fichamento: Derechos Humanos Estado de Derecho Y Constitucion. Data e Local: 24 de outubro. DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 1. CAPÍTULO 1 - DELIMITAÇÃO CONCEITUAL DOS DIREITOS HUMANOS. 1. A AMBIGUIDADE DA EXPRESSÃO - DIREITOS HUMANOS. Se perguntarmos a um homem comum para que ele explique o que ele entende pelo termo "razão" quase sempre ele reagirá com hesitação e embaraço. O que revela é na verdade o sentido que não há nada a investigar, que o conceito de razão é explicado por si só e que a questão em si é supérflua. Resultados muito semelhantes serão obtidos se este mesmo cidadão for questionado sobre o que se entende por direitos humanos. Na maioria dos casos, argumentar-se-ia que esta questão é supérflua, devido à alegada evidência de que cada ser humano tem seus próprios direitos. Ao se aprofundar no escopo que cada pessoa que dá a essa expressão, ou quando se tenta detalhar o conjunto de atribuições que se considera derivar desses direitos, as divergências serão significativas, sem respostas ou contraditórias. Além disso, algumas experiências sobre o assunto oferecem resultados desencorajadores, devido ao grau de confusão e desorientação que as respostas revelam ( p. 21). Hoje estamos acostumados a observar como, com referência a de obras artísticas, literárias ou mesmo cinematográficas, a crítica refere-se ao seu valor desde o ponto de vista da sua atitude em relação aos direitos humanos. Observamos também que os comentaristas políticos na imprensa usam frequentemente o modelo de "direitos humanos" para julgar as alternativas da realidade social e política. Os direitos humanos operam, em outra perspectiva, como uma bandeira na luta pela reivindicação de indivíduos e grupos que se consideram marginalizados por sua diversidade. Os exemplos poderiam ser multiplicados, já que todos eles estão voltados a importância primordial que tem assumido a noção de direitos humanos no tratamento dos argumento mais variados de caráter social, político ou jurídico. Assim, à medida que o alcance do uso do termo "direitos humanos" foi tomando proporção, seu significado tornou-se cada vez mais impreciso. Houve uma perda gradual de seu significado descritivo, esta situação levou a que foi usado na luta ideológica para externalizar, justificar ou afiar certas atitudes, desde posições em que o termo "direitos humanos" tem sido usado com significados muito diferentes (p. 22). Basta um breve exame das várias doutrinas de direitos humanos para verificar o profundo e radical equívoco com o qual este termo foi assumido. Para alguns, os direitos humanos são uma constante histórica cujas raízes se voltam às instituições e pensamento do mundo clássico. Outros, por outro lado, argumentam que a ideia dos direitos humanos nasceu com a afirmação cristã da dignidade moral do homem como pessoa. Frente ao último, por sua vez, há aqueles que afirmam que o cristianismo não era uma mensagem de liberdade, mas sim uma aceitação conformista do fato da escravidão humana. No entanto, o mais frequente é "a primeira ideia de direitos humanos {...} surgiu durante a luta dos povos contra o regime feudal e a formação das relações burguesas". Os direitos humanos são por vezes considerados como fruto da afirmação de ideais naturalistas, enquanto que em outros é considerado que os termos direitos naturais e direitos humanos são categorias que não estão necessariamente envolvidas, nem mesmo entre aqueles que anteriormente eram de continuidade existe uma alternativa.Por outro lado, é muito comum sustentar que os direitos humanos são o produto da afirmação progressiva da individualidade. Agora, enquanto alguns consideram que tal afirmação ocorre apenas após a dissolução da ordem natural, como uma ordem universal, histórica e heterônoma, incompatível com a autonomia e o subjetivismo ético do mundo moderno em que os direitos humanos são construídos, o argumento oposto é, que a lei natural, como ética da razão, é o fundamento do clima liberal e democrático em que surgiram os direitos do homem. As controvérsias não se esgotam aqui, uma boa prova disso nos dá o esforço doutrinário destinado a desafiar a raiz individualista dos direitos humanos, com o objetivo de reafirmar seu significado social. (p. 23-24). Norberto Bobbio referiu-se expressamente a essa imprecisão conceitual dos direitos humanos, para a qual, na maioria dos casos, essa expressão não está realmente definida, ou está em termos insatisfatórios. Tendo em mente a sua abordagem, podem distinguir-se três tipos de definições de direitos humanos: 1 - Tautológico, que não fornece elementos novos que caracterizam tais direitos. Assim, por exemplo, os direitos do homem são aqueles que correspondem ao homem pelo fato de ser um homem; 2 - Formais, que não especificam o conteúdo desses direitos, limitando-se a alguma indicação do status desejado ou proposto. Do tipo de: os direitos do homem são aqueles que pertencem ou devem pertencer a todos os homens, e dos quais nenhum homem pode ser privado. 3 -Teleológicas, em que apelam a certos valores finais, susceptíveis de diversas interpretações: os direitos do homem são os essenciais para o desenvolvimento da civilização (p. 25). É evidente que existem idéias como a perfeição da pessoa humana, o progresso social ou o desenvolvimento da civilização, as opiniões mais diversas e polêmicas que dependem da perspectiva ideológica a partir da qual são interpretadas. Portanto, se houver um acordo inicial sobre a fórmula geral dessas definições, esse acordo desaparecerá assim que se passar de sua declaração verbal à sua aplicação. Assim, no que diz respeito ao resultado, esta definição é tão vaga como a que vem. Em qualquer caso, nenhum deles permite elaborar uma noção de direitos humanos com limites precisos e significativos (p. 25). 2. A CRÍTICA DO CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS. Grande parte da desorientação teórica e prática suscitada pelo significado errôneo e vago da expressão direitos humanos decorre da própria ambiguidade da questão: o que são os direitos humanos? Uma vez que não está claro se ela está sendo questionada sobre o significado ou significados desta palavra, seus personagens, seu fundamento ou o fenômeno que ele designa, ou do qual se entende que ele deve ser designado. A imprecisão da questão levou a uma série de respostas na forma de definições reais, nascidas da pretensão de que cada palavra responde à essência do objeto definido. Um exemplo valioso disso é fornecido pelo famoso trabalho de Jeremy Bentham dedicadoespecialmente à crítica das declarações de direitos humanos, contém observações interessantes sobre o significado geral desses direitos. Assim, na análise do Bentham, enfatiza-se: 1 - A importância do uso de uma linguagem rigorosa no plano jurídico-político. Bentham observa que palavras como leis, direitos, segurança, liberdade, propriedade e poder soberano são termos que são freqüentemente usados na crença de que há concordância em seu significado, sem perceber que tais expressões têm uma grande quantidade de significados diferentes. Por isso, usá-los sem ter uma idéia clara de seu significado está passando de erro para erro. 2 - Um exemplo claro desse uso impreciso e enganador dos direitos humanos em declarações e linguagem vulgar é, na opinião de Bentham, a confusão entre a realidade e o desejo. As boas razões para querer os direitos do homem não são direitos, as necessidades não são remédios, a fome não é pão. A falácia mais comum na linguagem dos direitos humanos consiste na confusão entre os níveis descritivo e prescritivo. O primeiro artigo da Declaração Francesa de 1789, ao proclamar que os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos,, incorreram nesse vício. A contradição entre a realidade prática e as supostas faculdades de liberdade e igualdade que são formuladas em termos descritivos, como fato, quando são meramente objetivos no plano do dever, é evidente para Bentham. Essa confusão que surge da formulação dos direitos humanos em termos descritivos, mas com uma função prescritiva, é uma constante na crítica de Bentham à linguagem das declarações. 3 - No pensamento contemporâneo, os analistas de linguagem distinguem entre o estudo lógico das relações entre palavras, entre palavras e objetos que designam, e do comportamento dos sujeitos que os usam ou são influenciados por eles. Antecipando-os, Bentham estava bem ciente dos efeitos práticos que o uso de linguagem pobre pode ter no campo dos direitos humanos (p. 25-28). 3 - LIMITES LINGUÍSTICOS DO TERMO DIREITOS HUMANOS. Para concretizar a análise linguística do termo direitos humanos, parece útil estabelecer, como ponto de partida, seus limites internos e externos. Esses limites podem contribuir para o significado preciso desta forma peculiar de linguagem normativa que constitui direitos humanos. Para isso, será necessário estabelecer: por um lado, a distinção entre objetos que podem ser indicados pelo termo e aqueles que não podem abranger essa expressão, para os quais será útil confrontá-lo com outras categorias relacionadas e, por outro lado, o contexto dentro do qual os direitos humanos têm significado, para o qual será necessário elucidar o escopo dentro do qual o termo deve ser situado, reconstituindo para ele a função histórica e real do conceito (p. 29). 3.1 - Limites internos. Os direitos humanos e outros conceitos afins. Uma abordagem inicial da noção de direitos humanos pode ser propiciada pela consideração dos limites dentro dos quais esta expressão pode ter um significado preciso. Para isso, é conveniente estabelecer suas relações com outros termos, que nos usos linguísticos da teoria e da política têm uma proximidade significativa com os direitos humanos. A análise atua aqui em um nível principalmente descritivo e procura estabelecer um campo semântico de amplo espectro, capaz de refletir o maior número possível de usos do termo. A expressão direitos humanos aparece geralmente relacionada a outras denominações que, em princípio, parecem designar realidades muito próximas, senão para uma mesma realidade. Essas expressões incluem direitos naturais, direitos fundamentais, direitos individuais, direitos subjetivos, direitos públicos subjetivos, liberdades públicas ... Portanto, é apropriado analisar as respectivas relações entre cada um deles e a noção de direitos humanos. Esta análise deve ser necessariamente breve, uma vez que um estudo detalhado do problema exigiria, por si só, uma investigação específica (p. 29-30). 3.1.1 - Direitos humanos e direitos naturais. Basta apontar para o momento que a tendência de considerar os direitos humanos como um termo mais amplo do que a dos direitos naturais é muito difundida, mesmo a partir da perspectiva doutrinária daqueles que reconhecem o vínculo entre as duas expressões. Assim, uma tradição doutrinária, que já tinha uma expressão clara em Thomas Paine, tende a considerar que os direitos humanos constituem a conjunção de direitos naturais, aqueles que correspondem ao homem pelo simples fato de direitos existentes e civis, aqueles que correspondem ao homem pelo fato de ser um membro da sociedade (p. 30). 3.1.2 - Direitos humanos e direitos fundamentais. O termo direitos fundamentais aparece na França em torno de 1770 no movimento político e cultural que levou à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. A expressão alcançou subsequentemente proeminência especial na Alemanha, onde sob o título de direitos fundamentais articulou o sistema de relações entre o Estado, como base de toda a ordem legal-política. Este é o seu significado na lei fundamental de 1949. Por isso, grande parte da doutrina entende que os direitos fundamentais são os direitos humanos positivados nas constituições estatais. Além disso, para alguns autores, os direitos fundamentais seriam os princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada sistema jurídico. De qualquer modo, pode-se notar uma certa tendência, não absoluta, como evidenciado pela enunciação da referida Convenção Européia, reservar a denominação de direitos fundamentais para designar os direitos humanos internamente internalizados, enquanto a fórmula direitos humanos é a mais utilizada, ao nível das declarações e convenções internacionais (30-31). 3.1.3 - Direitos humanos e direitos subjetivos. A dimensão da lei como uma faculdade de ação reconhecida à vontade dos indivíduos, isto é, como um direito subjetivo, também é muito próxima da noção de direitos humanos. A própria imprecisão da figura do direito subjetivo, objeto de um desafio aberto por parte do realismo escandinavo e da doutrina kelseniana, indica a dificuldade que também existe aqui para delinear claramente as relações desta noção com a dos direitos humanos. Para aqueles que sustentam que os direitos subjetivos são expressão de todos os atributos da personalidade, os direitos humanos constituem uma subespécie daqueles: seriam os direitos subjetivos diretamente relacionados às faculdades de autodeterminação do indivíduo. No entanto, se a noção de lei subjetiva é assumida em seu significado técnico estritamente legal e positivo, estes conceitualizam-nas como prerrogativas estabelecidas de acordo com certas regras e que dão lugar a tantas situações especiais e concretas em benefício de indivíduos, ambos os termos não são identificados.Esta tese contribui para explicar as concomitâncias que, em certo momento histórico, poderiam existir entre as noções de direitos humanos e direitos subjetivos, bem como as razões para a sua dissociação progressiva (p. 31-32). 3.1.4 - Direitos humanos e direitos públicos subjetivos. A categoria de direitos públicos subjetivos foi elaborada pela dogmática alemã de direito público no final do século XIX. Com esta categoria, foi feita uma tentativa de inscrever direitos humanos em um sistema de relações jurídicas entre o Estado, como pessoa jurídica e indivíduos. Desta forma, a categoria de direitos públicos subjetivos, entendida como uma auto-limitação estatal em favor de certas esferas de interesse privado, perde seu significado à medida que é superada pela dinâmica econômico-social de nosso tempo, na qual o gozo de qualquer direito fundamental requer uma política legal ativa pelas autoridades públicas (p. 33-34). 3.1.5 - Direitos humanos e direitos individuais. Como a noção de direitos públicos subjetivos, e por razões semelhantes, o conceito de direitos individuais foi progressivamente abandonado em doutrina e legislação. Este termo foi usado como sinônimo de direitos humanos no período em que foram identificados com o reconhecimento de certas liberdades ligadas à autonomia de indivíduos. A expressão "direitos individuais" é, nas palavras de Pablo Lucas Verdú, não muito correta, não só porque a sociabilidade é uma dimensão intrínseca do homem, como a racionalidade é, mas mais abundante na era atual, transposta pelas demandas sociais (p.34-35). 3.1.6 - Direitos humanos e liberdades públicas. O termo liberdades públicas aparece na França no final do século XVIII e é expressamente utilizado no artigo 9 da Constituição de 1793. Este artigo proclama que: a lei deve proteger a liberdade pública e individual contra a opressão daqueles que governar. No plural, como é usado hoje, mas com um significado diferente foi freqüentemente usado por alguns autores tradicionalistas, especialmente por Chateaubriand, durante a Restauração. Então, seu uso foi generalizado entre os publicistas ao estudar os proclamados nos artigos 1 a 12 da Constituição de 1814. Ao examinar os limites lingüísticos internos da expressão direitos humanos, pretendia estabelecer o significado usual deste termo a partir do confronto com outras categorias relacionadas, também assumidas por meio de seus significados de uso. Contudo, resulta desse exame que uma definição precisa dos direitos humanos não pode ser derivada. Em qualquer caso, o que mostrou é a falta de uma prática linguística consistente e pacificamente admitida no uso dessas categorias. Por isso, por uma abordagem mais completa do significado dos direitos humanos, é conveniente estender essa análise com referência aos limites linguísticos externos da expressão. 3.2 - LIMITES EXTERNOS: OS DIREITOS HUMANOS E A LEI NATURAL. É verdade que a noção do que chamamos de direitos humanos não é uma peça de museu, objeto de mero interesse retrospectivo; pelo contrário, é algo que está presente na nossa cultura jurídica e política que incita nosso interesse teórico e que tem repercussões na nossa vida prática. Em outras palavras, que sua história não terminou e isso depende, em grande parte, de nossas ações que estão concluídas ou que elas continuam e como ela continua. Mas também é verdade que muito do que é dito e feito no campo dos direitos humanos tende a reproduzir, rejeitar ou reformar as idéias e os pressupostos que a tradição designou com esse nome. Portanto, nada melhor para esclarecer seu significado do que aquela referência às raízes históricas de sua consagração conceitual e terminológica, para poder determinar em que contextos esses direitos tiveram e podem ser motivo para serem significativos (p.38). O conceito de direitos humanos tem como antecedente imediato a noção de direitos naturais em sua elaboração doutrinária pelo direito natural racionalista. Na minha opinião, esta posição não ajuda a colocar os direitos humanos no significativo contexto gerador e doutrinal que é próprio. De fato, durante os séculos XVI e XVII, uma série de teólogos e juristas da Escola de Espanhol, que representou em grande parte um esforço para adaptar a escolástica medieval aos problemas da modernidade, contribuiu decisivamente para a afirmação de direitos de vários ângulos. Pouco depois da Declaração dos direitos humanos e do trabalho dos direitos humanos de Thomas Paine, contribuiu poderosamente para espalhar no nível normativo e doutrinal a expressão direitos do homem. Em qualquer caso, deve-se ter em mente que os autores dos séculos XVII e XVIII afirmaram a prioridade dos direitos naturais subjetivos em relação à lei objetiva positiva, mas nenhum deles pretendia, o que teria sido uma contradição, para manter o primado dos direitos natural subjetivo sobre a lei natural objetiva, mesmo que enfatizassem o antigo ou ocupados preferencialmente ou exclusivamente desses (p. 39- 41). Os direitos naturais são originais, e assim Samuel Pufendorf nos informará que todos os homens têm por seu nascimento a mesma liberdade natural. Na mesma idéia, de direitos inatos comuns a todos os homens, insistiu que John Locke proclamasse que o homem nascia com um título de liberdade perfeita: o homem que nasceu, como provado, com um título, como provado, com um título de liberdade perfeita. Por sua parte, Thomas Paine afirmou que os direitos naturais são aqueles que correspondem ao homem pelo simples fato de existir. As analogias entre o conceito tomista da lei natural e a noção moderna de direitos naturais são evidentes (p. 42-43). O desejo de colocar os direitos humanos no plano orbital do absoluto e incondicional levou as principais construções modernas de sua teoria a serem inspiradas, conscientemente ou inconscientemente, nas propriedades clássicas da lei natural, que a colocava acima de qualquer contingência . Por esta razão, a atitude doutrinal que tenta traçar uma fratura entre a lei e seu análogo legal, isto é, os direitos naturais, longe de ajudar a elucidar o significado deste último, a obscurece. É precisamente da tese oposta que podem ser estabelecidos os pressupostos que condicionam e explicam o significado dos direitos humanos, delineando o contexto histórico que delimita os limites externos de expressão (p.43). É verdade que, ao consertar esses limites, as disputas sobre o significado e o fundamento de tais direitos não serão eliminadas, mas a partir daí a hipótese mítica que subjaz a sua constituição pode ser esclarecida. Agora, é discutível em termos de análise semântica pode parecer para projetar a termo secular de organização sociopolítica, teses estão ligados a uma visão escatológica do universo, como emerge da lei natural na concepção tomista, tais foifundamentalmente importante. Por meio da metáfora afortunada dos direitos comuns a todos os homens situados ao nível dos valores absolutos, universais e intemporais, o pensamento naturalista do século XVIII encontrou uma fórmula de imposição capital para uma nova legitimação do poder político. Pretendia colocar certas esferas de convivência humana acima da possível arbitrariedade daqueles que possuíam poder. Em suma, era uma questão de tornar a autoridade e da própria associação política um instinto para a realização dessas faculdades intrinsecamente inerentes a toda a raça humana (p.43). 4. A PROJEÇÃO DA INFORMÁTICA E O ESTRUTURALISMO À ANÁLISE DO CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS. A função da palavra foi pervertida de tal forma que as palavras mais verdadeiras foram mentidas de tal forma que as mais lindas e solene declarações são suficientes para dar às pessoas a sua fé nos direitos do homem. Isso ocorre porque os direitos humanos, como tantos outros conceitos-chave da filosofia jurídica e política, têm uma carga emocional inegável que determina que a informação que subjaz a tais conceitos não é livre de ambiguidades e contradições. No entanto, quando se percebe que essas ideias ou conceitos continuam a ser reiterados, na teoria e na prática, embora não possam ser um objeto imediato de verificação empírica; deve-se pensar que isso é porque eles cumprem uma determinada função pragmática. Esta função, como foi apontado no caso dos direitos humanos, está intimamente ligada ao seu papel como critério de legitimação política (p. 44). Os esforços para construir uma ciência autêntica dos direitos humanos não podem ser ignorados; A análise lingüística da noção de direitos humanos encontra um refinamento notável de seus instrumentos de trabalho em duas contribuições recentes da cultura contemporânea: o estruturalismo no mundo. campo da metodologia filosófica e cibernética e informática na metodologia das ciências. Foi realizada uma pesquisa de umas 700 páginas de texto sobre direitos humanos, esta análise informática forneceu 50.000 termos que foram comparados com os 1.361 elementos do glossário previamente preparados manualmente para determinar a frequência com que os termos do glossário apareceram em textos processados, omissões, etc. Assim, foi possível retrabalhar o glossário e estabelecer as vozes fundamentais da enciclopédia. Também foi possível verificar uma ordem quantitativa de freqüência na repetição dos termos, e foi observado desta maneira; que o termo "lei" é usado com muita freqüência do que as vozes "Estado"; "Tribunal"; «Constituição» (p.45). Em qualquer caso, a análise representa uma contribuição muito valiosa para facilitar a análise linguística e a análise estrutural dos direitos humanos. Este último foi abordado pelo pesquisador francês Jean-Bernard Marie, que entende perfeitamente que os direitos humanos constituem uma língua, ou seja, são expressas através de apoios linguísticos: palavras, e essas palavras podem ajudar a conhecer sua natureza. Os direitos humanos não constituem realidades imediatamente palpáveis diretamente perceptíveis como objetos do mundo físico; os direitos humanos "são concebidos", "reivindicados", "respeitados", "violados" ou "sancionados", mas nunca são encontrados, porque não são objetos materiais.Essas pesquisas, ainda em fase embrionária, podem contribuir fortemente para os instrumentos para uma análise linguística dos direitos humanos, desde que seja considerada a complementaridade metódica entre filosofia analítica, estruturalismo e ciência da computação. Não se trata de uma conclusão pessimista sobre a noção de direitos humanos, com base na sua pluralidade e ambiguidade significativa, mas de estabelecer as bases para a luta pelos direitos humanos escapa ao dogmatismo e se funde em uma deliberação racional sólida (p.46-48). 5. UMA PROPOSTA DE DEFINIÇÃO A partir dessas precisões, uma definição de direitos humanos pode ser esboçada em termos explicatitivos, ou seja, visando colocar em perspectiva como essa expressão deve ser usada na teoria jurídica e política do nosso tempo, a fim de alcançar a máxima clareza e rigor de uso mais representativo do termo. Sob isso, os direitos humanos aparecem como um conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico, cumprem as exigências da dignidade, da liberdade e da igualdade. que deve ser reconhecido positivamente pelos sistemas jurídicos nacionais e internacionais. Pode-se considerar que esta definição não evita os perigos mais frequentes nas tentativas de delimitar conceitualmente os direitos humanos que foram delineados no início deste capítulo (p.48). a) Assim, pode-se objetar que a definição de direitos humanos como faculdades que correspondem às necessidades dos seres humanos está se tornando uma tautologia. Agora, a referência imediata aos valores dessas faculdades constitui uma concretização e a insistência No caráter histórico com o qual é realizado, são dados que contribuem para a determinação do significado desses direitos. Há dias que julgamos serem muito importantes, especialmente no nível econômico e social, que nem sequer foram intuídos pelos autores das declarações do XVIII. b) Por outro lado, o apelo aos valores de dignidade, liberdade e igualdade pode ser entendido como uma clara incidência desta proposta de definição no campo das chamadas "definições teleológicas", isto é, referem-se a valores de conteúdo impreciso. A dignidade humana tem sido na história e, no presente, é o ponto de referência de todas as faculdades que são direcionadas para o reconhecimento e a afirmação da dimensão moral da pessoa. Sua importância na gênese da teoria moderna dos direitos humanos é inegável. Basta lembrar-se da idéia de dignitas humanas, como sendo eticamente livre, parte todo o sistema de direitos humanos de Samuel Pufendorf, que, por sua vez, foi o fermento inspirador das declarações americanas (p.49). A liberdade constitui; sempre foi o princípio aglutinador da luta pelos direitos humanos, até o ponto em que, durante muito tempo, a idéia de liberdade em suas diversas manifestações foi identificada com a própria noção de direitos humanos. É significativo que, mesmo em um dia, em um estudo interessante sobre a existência de direitos naturais desenvolvidos dentro de um dos movimentos mais decididos da crítica radical da tradição metafísica, a liberdade foi reconhecida como o único direito natural. É a análise lógica realizada por Herbert Hart, que limitou a possibilidade da existência de direitos naturais a um único direito: "a igualdade direito de todos os homens serem livres ". No que se refere à igualdade, deve ser lembrado, como evidenciado pela referência à experiência informática do Instituto Internacional de Direitos Humanos de Estrasburgo, que é o direito humano mais importante em nosso tempo, sendo consideradocomo um postulado que apóia toda a construção teórica e jurídica positiva dos direitos sociais (p. 49-50). Finalmente, pode-se considerar que, ao se referir à necessidade de afirmação deste conjunto de poderes, uma abordagem formalista estava sendo tomada na ausência de menção expressa da realização efetiva dos direitos humanos. Por conseguinte, deve notar-se que o reconhecimento positivo de tais direitos são entendidos aqui no sentido mais amplo, que inclui os mesmos instrumentos normativos de positividade que as técnicas de proteção e garantia. A definição proposta busca combinar as duas grandes dimensões que compõem a noção geral de direitos humanos, isto é, o requisito naturalista para sua fundação e as técnicas de positivação e proteção que dão a medida do seu exercício. É claro que com isso A proposta de definição não se destina a dar uma resposta satisfatória a toda a série de problemas que, como já vimos, envolvem qualquer tentativa definitiva de direitos humanos. Mas através da análise dos principais usos linguísticos da expressão, procurou-se esclarecer o alcance em que o mesmo pode ser usado com sentido; pelo menos esse propósito orientou as reflexões anteriores (p.51). DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 1. CAPÍTULO 2- O PROCESSO DE POSITIVAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. 1. APROXIMAÇÃO: SENTIDOS EM QUE SE PODE ENTENDER A POSITIVAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. Quando nos referimos ao problema da positivação dos direitos fundamentais, podemos referir-se a duas questões de natureza diferente e, portanto, são diversas. O problema da intervenção é menos complexo quando é abordado a partir de sua dimensão institucional perito legal. Desse ponto de vista do que não é mais uma questão de raciocínio sobre como a positivação deve ser entendida, mas de consignar as instituições jurídico-políticas através das quais foi realizada; e é sempre menos arriscado tentar descrever um processo a ser avaliado ou fundamentado. Em qualquer caso, essas perspectivas de abordagem, embora independentes no plano lógico, estão intimamente ligadas ao seu desenvolvimento histórico. Assim, ao desenhar uma abordagem doutrinária para o processo de positivação de os direitos fundamentais já prevêem um ponto de referência para o estudo da sua dimensão institucional (p. 52-53). 2. PERSPECTIVAS DOUTRINÁRIAS PARA A POSITIVAÇÃO. Se a luta pelo reconhecimento da dignidade da pessoa humana pode ser considerada como uma constante na evolução da filosofia jurídica e política humanística, a tendência para a positivização das faculdades que essa dignidade implica pode ser considerada como uma preocupação intimamente ligada a as abordagens doutrinais atuais. Em qualquer caso, se se levar em conta que as principais tendências filosóficas defendem ou trazem uma visão definitiva dos direitos fundamentais, a necessidade de elaborar um quadro seletivo que, sem pretensões de exaustão, será entendido; reflete os principais pontos de vista sobre a positivização desses direitos. Já está que uma enumeração das diferentes opiniões doutrinais na questão, além de ser muito difícil, dificilmente esclareceria. Portanto, parece mais conveniente reduzir a exposição aos endereços que contribuíram mais fortemente para elevar teoricamente o problema da positivação, agrupando-os convencionalmente de acordo com três grandes posições doutrinais: o natural, o positivista e o realista (p.53-54). 2.1. TESES JUSNATURALISTAS. Sob a bandeira da lei natural, uma série de doutrinas muito heterogêneas e até contraditórias historicamente foram agrupadas, que serviram para defender e fundamentar a existência do direito natural. Os diferentes concepções naturalistas se coincidirem de alguma forma tem sido afirmar a existência de postulados anteriores de juridicidade e justificação de direito positivo. Por este motivo, a Battaglia nos lembra que: a declaração que existem alguns direitos essenciais do homem como tal em sua qualidade ou essência absolutamente humana, não podem ser separados do reconhecimento prévio e necessário de um direito natural, natural, diferente do positivo e, por sua vez, preliminar e fundamental em relação a este. Para a lei natural, o termo "direito" não coincide com o de direito positivo e, portanto, defende a existência de direitos naturais do indivíduo, originários e inalienáveis, segundo os quais o Estado surge. A atitude naturalista em relação ao problema da positivação encontrou uma certa síntese no pensamento de Maritain, que afirmou "a existência de direitos naturalmente inerentes ao ser humano, anteriores e superiores às leis escritas e acordos entre governos, direitos que Não é para a comunidade civil conceder, mas para reconhecer e sancionar (p.54-55). Nas principais declarações do XVII I, como resultado da lista inspiradora iusnatura, também se nota o significado declarativo que implica a positivização dos direitos fundamentais. Assim, no primeiro parágrafo do a Declaração dos Direitos do Bem-Povo da Virgínia em 1776 afirma que todos os homens são, por natureza, igualmente livres e independentes, e têm certos direitos inerentes, dos quais, quando entram em estado da sociedade, não pode, por qualquer acordo, privar ou tirar sua posteridade. Na mesma linha proclamou o segundo artigo da Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 que o objetivo de toda associação política residia na "conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem (p.55). 2.2 - TESES POSITIVISTAS. Radicalmente diferente é neste aspecto a posição apoiada pelos defensores do positivismo jurídico. Do seu ponto de vista, a legalidade é identificada com a noção de direito positivo, com normas legais positivamente estabelecidas. Este endereço tem um dos seus expoentes mais representativos em Bentham, que, em seu famoso folheto Anárquico Fallacies; O ser e o exame da Declaração de Direitos emitida durante a Revolução Francesa, destacaram a incongruência legal que implicava a demanda por direitos anteriores ao Estado. Na sua opinião, onde não há leis ou estados positivistas, não há direito, e afirmá-lo envolve uma metáfora perigosa cuja falácia é revelada antes da necessidade de recorrer à lei escrita para definir os chamados "direitos naturais do homem" (p.56). As razões pelas quais você quer que esses direitos existam não constituem, por si mesmas, direitos, assim como a fome não cria pão. Portanto, a expressão "direitos naturais" não tem sentido. Agora, é um sentido retórico que produz resultados sérios no nível jurídico e político. Com efeito, aqueles que os defendem sustentam que esses direitos chamados têm valor legal e que, portanto, o governo deve respeitá-los na sua totalidade. Isso leva a uma situação de anarquia jurídica e política, uma vez que, em última instância, a teoria dos direitos naturais "excita e mantém um espíritode resistência a todas as leis do espírito de insurreição contra todos os governos". Qual é a natureza dos direitos do homem para a concepção positivista? Austin, outro dos principais representantes do positivismo jurídico na Inglaterra, desenvolverá neste momento a doutrina de Bentham. Na sua opinião, os direitos naturais são apenas um setor das regras que integram a moralidade positiva em sua teoria: um conjunto de normas sociais que emanam das opiniões e sentimentos coletivos que influenciam a lei, mas que não são leis (p.56-57). O descrédito progressivo da teoria dos direitos naturais na ciência jurídica alemã do final do século XIX e início do século XX, motivado em grande parte pela crítica do positivismo jurídico, determinou o surgimento de uma nova categoria: direitos públicos subjetivos. Na verdade, a nova categoria será apresentada como uma tentativa de oferecer uma configuração legal-positiva do requisito mantido pela teoria dos direitos naturais para afirmar as liberdades do indivíduo contra a autoridade do Estado. Os direitos públicos subjetivos surgiram como uma alternativa supostamente técnica e asséptica à noção de direitos naturais que, como já foi dito, foram consideradas pelo positivismo jurídico como uma categoria abertamente ideológica. Que tal alternativa não estava isenta de conotações políticas é comprovada quando se percebe que era um mecanismo fundamental colocado ao serviço do funcionamento do Rechtsstaat, do estado de direito burguês, criando, por sua vez, a mesma dogma alemã de direito público. Afirma nela que a positividade dos direitos fundamentais não têm caráter de mera declaração do direito natural, mas tem valor constitutivo. Não se trata, portanto, de ratificar os postulados da lei natural, mas de dar vida no âmbito de uma ordem a um conjunto de normas legais (p. 57-59). 2.3 TESES REALISTAS. Diante das posições delineadas até agora, existe um grande setor doutrinal que mantém, com importantes peculiaridades e de diversas perspectivas, uma atitude que convencionalmente pode ser chamada de realista. correntes realistas acusam de abstração o mesmo para os Jusnaturalistas iluministas para colocar o problema concreto de positivación dos direitos fundamentais no domínio dos ideais eternos e metafísicos, que os positivistas que consideram resolvido sua implementação em normas formalmente válido, mas muitas vezes são formas puras desprovidas de conteúdo. Não está lá, dizem os realistas, temos de colocar o problema da positivación, mas em termos de condições económicas e sociais para o efetivo gozo desses direitos, que não são ideais atemporais ou fórmulas retóricas, mas o produto das exigências sociais do homem histórico. Portanto, os autores estimam prática realista dos direitos fundamentais não deve ser procurado somente na Constituição, mas nas relações de poder que servem de suporte ou obedece certas condições sociais econômicas e culturais (p.59-60). A realização dos direitos humanos exigiu, segundo Marx, uma emancipação humana que ocorre quando o homem e o cidadão se fundem; isso implica o reconhecimento e organização de suas próprias forças como forças sociais e, portanto, não separar de si mesmos a força social sob a forma de força política. Esse processo de emancipação contribui para afirmar uma liberdade real, baseada em condições materiais e tangíveis e, portanto, da liberdade abstrata que é o produto da emancipação na teoria pura. Com base nessa abordagem, os autores marxistas consideram que o problema da positividade dos direitos fundamentais não pode ser separado das condições reais que permitem seu gozo efetivo. A positividade é considerada a partir desta abordagem como um instrumento que permite definir e especificar melhor o alcance desses direitos; Mas, em qualquer caso, são condições sociais que determinam o verdadeiro significado dos direitos e liberdades, uma vez que sua proteção e proteção dependem deles (p.60-61). Às vezes, a demanda pela garantia dos direitos fundamentais foi formulada a partir de atitudes sociológicas. Tal é o caso de Luhmann, para quem o processo geral de positivação supõe uma resposta à pergunta: << wie cine Gesellschaft auf der Ebene ihrer Normen strukturelle VariabiliUit erreichen und sicherstellen kann ». Por conseguinte, do ponto de vista sociológico, o problema da positivação dos direitos fundamentais não está ligado na opinião de Luhmann à consagração dos direitos humanos eternos, mas no desenvolvimento da sociedade industrial e burocrática moderna, estes são Através da sua incorporação, eles realizam instituições sociais. Os direitos fundamentais, portanto, perdem sua reivindicação, dimensão emancipatória e até mesmo legitimatória. Sua função é relegada ao papel dos subsistemas sociais, que são interpretados como garantias da diferenciação existente no próprio sistema (p.61). Na sociedade complexa do nosso tempo Luhmann entende que o processo de positivação dos direitos fundamentais não se refere a critérios de inspiração fixo, mas parâmetros flexíveis projetados para atender às demandas de uma sociedade em mudança. Resumindo o acima pode ser visto que, enquanto a lei natural coloca o problema dos direitos humanos positivación filosófica e positivismo em legal, para o realismo é inserido na arena política, mas também, como vimos , dão uma importância decisiva às garantias jurídico-processuais de tais direitos. É evidente que, no nível prático, essas três instâncias se condicionam, todas as quais são necessárias para o desenvolvimento positivo dos direitos fundamentais. Que, ao estudar o processo de vation positi deve insistir mais em seu significado legal não significa que nele não estão gravitando certos conceitos filosóficos que, finalmente, formam o seu apoio ideológico; nem que o problema da positivação possa ser totalmente desconectado dos fatores sociais e das técnicas legais que determinam sua garantia. Portanto, as páginas ainda estão colocando, por precisão metódica o problema da positivación na sua dimensão jurídica não exibirá mais a co-implicação existente entre estas três perspectivas (p.61-62). 3. MARCO INSTITUCIONAL DA POSITIVAÇÃO. Até agora, estamos estudando o problema da afirmação dos direitos fundamentais através de sua abordagem de várias abordagens doutrinárias, mas, como eu disse, juntamente com esse nível de consideração, é essencial ter em mente a sua expressão em várias instituições e normas legais-positivas. . É conveniente lembrar que os direitos humanos fundamentais não constituem um conjunto de elementos independentes que poderiam ser objeto de consideração isolada, respondem historicamente a certos estímulos e foram moldados em fórmulas que refletem os princípios organizacionais comuns. Os problemas técnico-jurídicos que implicam a positivação dos direitos fundamentais serão analisados em primeiro lugar de forma"síncrona", para então "diacronicamente" com o desenvolvimento histórico em que essas técnicas positivas se refletiram (p. 62). 3.1 ANÁLISE SINCRÔNICA. O objetivo da análise sincrônica da positivação de tais direitos é estudar as técnicas através das quais este fenômeno foi realizado nos diferentes sistemas jurídicos. Eles se refletiram em vários níveis institucionais e, dentro deles, com vários procedimentos regulatórios. Por esse motivo, a análise sincrônica nos permite oferecer os principais recursos definidores do sistema de direitos fundamentais (p. 63). 3.1.1 QUESTÕES DE MÉTODO. O problema técnico-jurídico da promoção dos direitos fundamentais sugere, em primeiro lugar, algumas questões de natureza metodológica que podem ser consideradas antes da consideração dos mecanismos através dos quais essa positivação é realizada. Foi escrito, por exemplo, que a formulação dos direitos humanos implica uma tarefa dupla: por um lado, supõe um problema de linguagem jurídica, uma vez que trata de enunciar esses direitos de maneira clara, unívoca e precisa; por outro, levanta uma questão de ordem sistemática, uma vez que, como já foi observado, exige estabelecer e manter em mente os nexos que relacionam os direitos com os outros e sua formulação deve responder a um certo princípio de ordem; Ou seja, que sejam promulgados como um catálogo cuja estrutura é coerente (p. 63). De forma especial, deve oferecer uma proposta de solução aos problemas colocados pela colisão dos direitos fundamentais, estabelecendo uma relação hierárquica que responda ao sistema de valores da comunidade em que são formulados. Esta tarefa ultrapassa, na opinião de um setor amplo, o arcabouço teórico da dogmática para interessar à sociologia jurídica. Esta tese parece vir da construção de Luhmann, para quem a técnica de positivação dos direitos fundamentais. ter que refletir a incorporação destas nas instituições sociais, não pode ignorar sua dimensão sociológica. Uma vez que essas instituições implicam, em sua opinião, uma representação objetiva e social de expectativas de comportamento generalizadas, que, assim, mostram a estrutura do sistema social. Embora a suposta orientação sociológica da abordagem de Luhmann tenha sido desafiada, enfatiza-se que as instituições sociais acabam identificando-se com normas positivas em sua construção analítica (p. 64). 3.1.2 NÍVEIS DE POSITIVAÇÃO. Além desses detalhes metódicos, a abordagem técnica para a promoção dos direitos fundamentais é desenvolvida através de um processo normativo que afeta diferentes níveis de experiência jurídica, pois é o produto das ações dos grandes poderes jurídico-políticos clássicos. Para eles, como os maiores depositários do poder regulatório, eles têm a competência para contribuir para a elaboração, cada uma em sua própria esfera, do regime positivo dos direitos fundamentais (p. 65). 3.1.2.1 CONSTITUCIONAL. Em primeiro lugar, deve-se notar que dois sistemas de positividade foram utilizados no plano constitucional. A doutrina alemã distinguiu o sistema de positivação através do / ex generalis, isto é, da enunciação de grandes princípios como liberdade, igualdade, dignidade humana; do sistema de leis especiais que proclamam liberdades ou direitos mais específicos, como liberdade de pensamento, imprensa, consciência. Uma classificação tripartite também foi apontada considerando a possibilidade de sistemas de positivação por: cláusulas gerais (Generalklausel), equivalentes ao método do / ex generalis; casuística (kasuistisch Katalog), que corresponderia ao sistema de leis especiais; e misturado, sistema utilizado nas constituições que, após a enunciação dos grandes princípios ou postulados sobre os direitos fundamentais, geralmente realizados no preâmbulo do texto constitucional, detalham no texto articulado da constituição o catálogo sistematizado dos principais direitos dos cidadãos. Em qualquer caso, o problema da formulação constitucional positiva dos direitos fundamentais tem sido elevado por causa de seu tratamento peculiar no texto espanhol, uma questão de interesse prioritário para uma teoria e prática que tendem a garantir a máxima perfeição legal. no nível técnico e a maior virtualidade democrática no sistema político (p. 65-71). 3.1.2.1.1 VALOR POSITIVO DAS DECLARAÇÕES DOS DIREITOS E PREÂMBULOS CONSTITUCIONAIS. Este assunto foi especialmente debatido pela doutrina francesa do direito público, cujas obras, embora tenham se concentrado em sua própria experiência constitucional, oferecem diretrizes teóricas que podem ser usadas para uma abordagem geral da questão. Note-se que, para os fins desta investigação, as declarações de direitos e os preâmbulos têm um significado similar. Em ambos os casos, é uma questão de enunciar, por parte do constituinte, os grandes princípios orientadores da vida política. Assim, pode-se afirmar que a diferença mais notável reside na supra natureza constitucional supra-constitucional, concedida por algum setor da doutrina às declarações, e na tendência que é notada hoje, no coração do constitucionalismo comparativo, para uma maior utilização dos preâmbulos para a formulação desses princípios. A) Tese negativa. Na França, um grande grupo de anunciantes, entre os quais deve ser citado Esmein e Carré de Malberg, negam valor jurídico aos princípios contidos nas declarações. Para o primeiro, estes são textos que contêm meros expostos de dogmas políticos sem força legal ou, se preferir, uma soma dos preceitos da lei natural. Eles constituem um novo evangile, formado por princípios tão gerais e abstratos que não podem ser aplicados, como se fossem normas precisas de direito positivo. Tais princípios, que não têm status legal, não são executáveis: apenas são adquiridos positivamente quando estão incluídos nas normas constitucionais ou legislativas (p.71). B) Tese positiva. O argumento apresentado por Mignon sobre a alegada falta de intencionalidade legal nos autores do Preâmbulo da Constituição de 46 foi defendido por Laferriere em relação à Declaração revolucionária de 1789. Por esta razão, não é surpreendente que aqueles que afirmam o caráter jurídico desses textos, começam a partir de uma análise historiográfica para fundar sua tese. Neste sentido, deve-se notar que aqueles que admitem, em princípio, a natureza positiva das declarações e preâmbulos não estão de acordo para determinar o alcance do seu significado legal. O exame sucessivo dessas posições permitirá delinear o fundamento teórico desses argumentos. a) Valor supraconstitucional. Foi escrito que votar para uma assembléia constituinte de uma declaração de direitos supõe a manifestação de que existem três categorias principais de normas hierárquicas em todas as sociedades políticas: os princípios fundamentais (incluídos nas declarações), que todos os constituintes ou constituído deve respeitar; as regras que dizem respeito à organizaçãode poderes públicos (ou leis constitucionais próprias); e as regras promulgadas pelos órgãos constituídos (leis, regulamentos, decretos). Agora, o problema consiste em verificar até que ponto as normas contidas nas declarações e preâmbulos constituem uma categoria específica (p. 72-73). b) Valor constitucional. Um dos principais obstáculos enfrentados pela tese de Duguit foi a possibilidade de subsistir as declarações e preâmbulos, uma vez que o quadro constitucional em que foram promulgadas foi revogado. Esta situação ocorreu em várias alternativas da vida política francesa e, com respeito a elas, Duguit manteve a sobrevivência dos princípios supra-constitucionais contidos nas declarações. Anos mais tarde, esta tese foi aplicada por Duverger e Pelloux aos preâmbulos constitucionais, que, na sua opinião, vinculam o legislador e em um duplo sentido: impondo a obrigação de não violar seus princípios e orientar seu trabalho legislativo na formulação do estatuto dos direitos fundamentais. De qualquer forma, esses autores consideram que o preâmbulo é parte integrante da constituição. e) Valor legislativo. Dadas as dificuldades envolvidas na consideração constitucional desses textos, parte da doutrina optou por considerá-los como meras disposições legais (p. 74). A principal dificuldade teórica com a qual essa tese é enfrentada é que, embora seja correto oferecer uma explicação legal do comportamento dos corpos que devem aplicar as declarações ou preâmbulos. não fornece uma resposta satisfatória ao problema da natureza jurídica destas disposições. d) Valor dos princípios gerais. A controvérsia sobre a natureza jurídica dos direitos fundamentais reconhecidos nestes textos levou ao surgimento de cargos que os qualificaram como costumes constitucionais e princípios gerais de direito. e) Valor do material. As dificuldades que, para a precisão da natureza jurídica das declarações e preâmbulos, suscitam a adoção de um critério estritamente formal levaram a doutrina a considerar o problema do seu significado, tendo também em conta os critérios materiais já apontados nas questões de método. Assim, ao examinar o conteúdo das disposições que compõem esses textos, enfatizou-se que eles são formados por dois tipos de postulados: por um lado, por regras de direito positivo que podem ser interpretadas com uma certa margem de objetividade; por outro lado, por uma série de princípios filosóficos, morais e políticos de caráter programático que determinam genericamente os objetivos da atividade estatal (p.75-76). Como um resumo do exposto, parece que a tese pode inferir que todas as disposições sobre direitos fundamentais contidas em um texto constitucional, seja em seus artigos, ou em seu preâmbulo, ou em uma declaração independente de igualdade de classificação, são manifestações positivas de legalidade. O critério material determinará, em cada caso, se a positivação tem o caráter de um preceito ou o de um princípio de direito geral e fundamental (p.76). 3.1.2.1.2. A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS DA ONU. As controvérsias doutrinais sobre o valor positivo das declarações e preâmbulos no direito interno foram reproduzidas internacionalmente ao considerar o significado legal que a atividade das Nações Unidas a favor dos direitos humanos tem implicado. A Declaração consiste em 30 artigos de significância muito diferente. Os dois primeiros e os últimos três são de natureza geral e se aplicam a todos os outros direitos contidos na Declaração. A maior parte disso é dedicada a duas grandes categorias de direitos: pessoais, civis e políticas (artigos 3 a 21), que possuem a herança natural e liberal da defesa da pessoa contra os abusos de poder; e os econômicos, sociais e culturais (artigos 22 a 27), fruto das reivindicações que surgiram no século XIX, visando alcançar condições que possibilitaram o gozo efetivo e pleno da liberdade e da igualdade (p. 77-78). Entendo que o processo de direitos humanos realizado pelo O.N.U. Deve ser assumido organicamente. Nesse sentido, a Declaração Universal não pode ser entendida como um elemento isolado, mas como um marco em um processo mais amplo no qual se encontra seu significado autêntico: o dos esforços das Nações Unidas para transferir a defesa dos direitos humanos da dos princípios gerais de direito reconhecidos pelos seus membros (no sentido postulado pelo artigo 38, 1.c, do Estatuto da Corte Internacional de Justiça) e consagrados nos princípios da Declaração ao do direito internacional convencional, através de de regras expressamente reconhecidas e ratificadas pelos Estados membros da organização em Acordos e Convênios (de acordo com o espírito do artigo 38, lb, do referido Estatuto) (p. 82). 3.1.2.1.3. OS DIREITOS ECONÔMICOS E SOCIAIS. Outro dos principais problemas levantados pela positivação dos direitos fundamentais ao nível constitucional é, sem dúvida, que diz respeito ao valor jurídico dos chamados direitos econômicos e sociais estabelecidas internacionalmente e nos sistemas domésticos na maior parte do Constituições promulgadas após a Segunda Guerra Mundial. Ao longo do século XIX, os conflitos de classes foram traduzidos em uma série de demandas socioeconômicas, que ressaltaram a inadequação dos direitos individuais se a democracia política também não fosse convertida em social-democracia. Ele deve, em primeiro lugar, notar que o termo "Qerechos social não tem um meio cados unívocos e que os mesmos requisitos regulamentares dos sistemas que hospedam-los, que a doutrina engloba sob sua bandeira de categorias muito heterogêneas, cujo único ponto em comum de referência é dada pela sua rivalidade para detalhar as demandas que decorrem do princípio da igualdade. O surgimento dos direitos sociais significou uma variante notável no conteúdo dos direitos fundamentais. Os princípios originalmente orientados para limitar o desempenho do Estado tornaram-se normas que exigem sua gestão na ordem econômica e social; As garantias concebidas para a defesa da individualidade são agora regras em que o interesse coletivo ocupa o primeiro lugar; declarações muito precisas sobre as faculdades que foram consideradas essenciais e perenes deram lugar a normas que defendem bens múltiplos e circunstanciais (p. 82-83). Em várias seções deste trabalho criticou esta abordagem de fratura, bem como os pressupostos ideológicos a que responde. Assim, uma boa chance de ter dado um grau constitucional a uma concepção dos direitos fundamentais, entendida como uma superposição dialética das liberdades individuais bipartidas - direitos sociais, como compartimentos mutuamente exclusivos, foi perdida. Outro aspecto importante que pode ser controverso em nosso sistema de positivação de direitos sociais é o da remissão constitucional contínua das leis orgânicas para imitar seu escopo. Isso implica uma práticaconstitucional dos interesses coletivos reconhecidos no texto articulado como fundamental, mas relegada, em termos de fixação de seu conteúdo, ao legislador ou ao editor; isto é. à opinião das maiorias parlamentares (p.96). De qualquer forma, a estreita dependência dos direitos sociais nas estruturas socioeconômicas nas quais são construídas pode servir como uma explicação para as ambigüidades da formulação constitucional positiva. Não se deve esquecer que a persistência em nosso país do método de produção neo-capitalista condiciona, sem dúvida, o conteúdo do nosso sistema de direitos econômicos, sociais e culturais. Mas, mesmo assim, deve-se sustentar que mesmo os direitos sociais timidamente reconhecidos na Constituição como "princípios orientadores da política social e econômica" não têm o caráter de postulados programáticos ideais, mas são princípios autênticos constitucional como tal, envolvem esferas de normatividade legal positiva que adquirirão eficácia progressiva na medida em que o desenvolvimento e a transformação das condições econômicas permitam completar a democracia política com democracia econômica e parceira(p.96-97). 3.1.2.2. LEGISLATIVO. O quadro principal para a avaliação positiva dos direitos fundamentais é o institucional; No entanto, o legislador também desempenha um papel muito importante na supressão positiva desses direitos, sendo em muitos sistemas legais o responsável pelo desenvolvimento e o estabelecimento da garantia. A) Princípio da legalidade e dos direitos fundamentais. pensamento liberal em sua luta contra o absolutismo tinha assumido que seria perfeitamente garantida a liberdade como as pessoas de fora irá realizar o exercício do poder por meio da lei, entendida como uma expressão da vontade geral. Assim, surgiu na práxis política constitucional o requisito de garantir direitos fundamentais contra o poder discricionário do legislador, através do desenvolvimento progressivo, já estudado, das técnicas de aprimoramento constitucional dos direitos fundamentais que mantinham uma classificação mais elevada do que a da normas legislativas. B) Competência legislativa na promoção de direitos fundamentais. No entanto, esse processo significou um controle em vez de uma negação da competência da legislatura em termos de promoção de direitos fundamentais. Seria um erro grave ignorar o papel que corresponde ao legislador na realização e desenvolvimento dos direitos fundamentais, ao ponto que, às vezes, como no caso da Terceira República Francesa, foi até mesmo relegado ao fundo a rota constitucional (p. 97-98). Em termos gerais, a competência legislativa nesta matéria é geralmente exercida em dois casos: a) Nos casos em que, como na Constituição italiana de 1 948 e Grundgesetz de Bonn de 1949, a Constituição prevê o desenvolvimento de maneira legal de alguns direitos fundamentais enunciados nele. Nesses casos, o legislador deve fazer referência expressa ao direito fundamental constitucional que desenvolve, específica ou garante, sem de modo algum violar seu conteúdo essencial. Em qualquer caso, o encaminhamento às leis orgânicas pode envolver um atraso considerável na implementação de certos direitos e instituições fundamentais. A experiência de outras democracias mostra com eloqüência como o retorno ao legislador do status positivo dos direitos fundamentais às vezes entrou em conflito com os interesses de certos partidos importantes que atrasaram deliberadamente seu desempenho total (p. 98-100). 3.1.2.3. EXECUTIVO. De onde é que você conhece o significado político e o direito jurídico dentro do qual se desenvolve a concorrência regulamentar. A idéia de Montesquieu halló fiel reflejo no artigo 16 da Declaração Francesa de 1 789, que expressamente proclama: «Toda a sociedade na demanda da garantia dos direitos não são assegurados, a separação dos poderes determinados, não foi a Constituição ». Los constituyentes revolucionários dieron gran importancia a este princípio, já é o que é o momento, o executivo era todavia monárquico e sinto como um prudente representando uma forma de volta ao absolutismo. Por exemplo, execute o envenenamento dos sistemas parlamentares no que é o executivo não tem o seu lugar imediato no sufrágio popular, enquanto está no regime presidencial a separação de poderes conserva mayor nitidez. Estabeleceu a concepção predominante em países sociais, em que os direitos fundamentais se definem pelas relações socialistas de produção e refletem a vontade da classe trabalhadora, que detenta o mecanismo do Estado. A actitud de los teóricos socialistas é contrária ao princípio da separação de poderes, que, segundo o pensamento de Vychinsky, na história da sociedade política burguesa só ha servido para enmascarar o prédio real do executivo, que caracteriza a organização de poderes públicos estatales en los países capitalistas (p.100-102). 3.1.2.4. JUDICIAL. Nesta parte parece oportuno insistir em que, como regra, a positivação dos direitos fundamentais compita ao constituyente e ao legislativo, e que, por tanto, o exercício de tal competência pelo executivo o judiciário deve, como princípio, estima se subsidiaria y hallarse encaminada a colmar las lagunas que se anunciam no sistema de direitos fundamentais, mas são sempre como guia os princípios enunciados nas disposições de rango constitucional ou legal (p. 108). 3.2. SINTESE. O análise das instituições e técnicas por meio de uma série de ações, bem como a implementação de uma base de dados fundamentais, agora é abordada, de forma ordenada, a consideração de genética de tal processo. De este modo existe advertir a prevalência em cada época de determinadas fórmulas de positivação, bem como o estudo histórico, longe de ser um mero repertório cronológico de efemérides relacionados à definição de direitos humanos, deviene su marco explicativo. Por ello, nos parágrafos que continua sem se ha pretendido trazar uma. História da evolução dos direitos humanos fundamentais, ni tan siquiera um quadro exaustivo de formulações positivas; se ha querido apenas oferece uma panorâmica das economias mais significativas que determinam o passo de uns sistemas em outros no processo de positivação destes direitos, assim como a referência dos principais atos normativos em que tal processo se concreta (p.108). 3.2.1. O DESCOBRIMENTO DA LIBERDADE. Se os direitos fundamentais são entendidos em um sentido muito amplo, todas as normas legais que reconhecem certas prerrogativas aos indivíduos, o processo de sua positividade pode ser rastreado até os mais distantes testemunhos de sistemas legais positivos. Toda ordem jurídica determina a esfera de ação dos indivíduos e, ao fazê-lo, estabelece, junto com determinados deveres, um conjunto mais ou menos amplo de faculdades. Agora, no mundo antigo, a existência de uma autêntica subjetividade jurídica, como a entendemos hoje, émuito questionável, e ainda menos podemos falar de autênticas formulações positivas de direitos humanos. Para falar sobre os direitos humanos, não é suficiente reconhecer as faculdades acabadas do indivíduo, mas é necessário que o mesmo faça referência direta e imediata à sua própria qualidade como ser humano e que sejam essenciais para o desenvolvimento do ser humano. atividade pessoal e social. É por isso que a positivação dos direitos fundamentais é o produto de uma dialética constante entre o desenvolvimento progressivo no campo técnico dos sistemas de positivação e a afirmação gradual no teor ideológico das idéias de liberdade e dignidade humana (p. 108-109). 3.2.2. A FORMULAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS EM PACTOS. O processo do processo de positivação dos direitos fundamentais começa na Idade Média. É neste momento que encontramos os primeiros documentos legais em que, embora fragmentário e com significado equívoco. certos direitos fundamentais são coletados. Foi possível escrever, com bom motivo, que o remanescente do liberalismo antigo dos pactos medievais foi o fermento para o liberalismo moderno e que este processo evolutivo encontrou sua expressão mais plena na experiência política inglesa que se prolonga, de forma especialmente relevante para a progresso das liberdades públicas, nas colônias americanas, sob diferentes condições. Desde a revolução dos colonos ingleses em madura no tronco de uma árvore velha da liberdade América, e as declarações de direitos, eles proclamaram, mostrar melhor do que qualquer outro documento a evolução da consciência política moderna das formulações das libertações medievais, sendo um mérito de Inglaterra ter conhecido guardado, aumentá-los e renová-los (p.111-114). 3.2.3. A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. Com as declarações americanas, uma nova etapa é aberta no processo de promoção de direitos fundamentais. No decorrer da Idade Moderna aparece uma série de textos em que não se trata mais de atribuir certas prerrogativas a barões ou cidadãos através de pactos ou leis gerais que emanam do Parlamento, mas tendem a consagrar princípios que é considerado preceder a ordem positiva do próprio Estado, e que, em vez de criados, são reconhecidos pelo poder constituinte. Tal reconhecimento é entendido que deve ser parte da constituição, como um instrumento fundamental de coexistência política. A constitucionalização dos direitos fundamentais supõe uma mutação importante em relação aos personagens que conhecem seu processo de positivação na Idade Média (p. 114-115). 1. Assim, no plano das fundações haverá um abandono gradual da justificação habitual e histórica das liberdades, ao mesmo tempo em que sua legitimação do direito natural é reforçada, embora agora de natureza claramente racional. As declarações modernas de direitos não insistem em afirmar a tradição imemorial dos direitos reconhecidos neles, mas pelo simples fato de que a razão os considera inerentes à própria natureza humana. 2. No que diz respeito à propriedade, tais direitos perdem sua conexão com certas categorias ou grupos de pessoas, para serem apresentados como direitos de todos os cidadãos de um Estado ou de todos os homens, porque são assim. As declarações modernas não enumeram em detalhes as diferentes categorias de sujeitos ativos das liberdades, proclamando-as em grande amplitude. 3. Finalmente, em relação à natureza jurídica dos novos documentos de positivação, deve-se notar que eles têm maior perfeição legal formal do que os médios, uma vez que os direitos fundamentais formam um conjunto orgânico em que são proclamadas as liberdades e os direitos bem articulados. Por outro lado, as declarações modernas de direitos não são formuladas como contratos de direito privado, mas como instrumentos fundamentais de direito público (p.115). 3.2.3.1. A FASE DAS LIBERDADES INDIVIDUAIS. A reivindicação de direito natural dos direitos humanos, como vimos, tem suas raízes mais remotas no pensamento clássico; Agora, apenas no século XVI e de forma mais decisiva no século XVII, a concepção dos direitos naturais é claramente delineada como uma transposição para o plano de subjetividade dos postulados objetivos da Lei natural. Embora formalmente, essas declarações se assemelham às da tradição inglesa, que sem dúvida inspirou, seu significado legal é novo, porque são apresentados como uma base constitucional dos novos Estados que se tornam independentes. Em qualquer caso, as declarações e constituições dos XVIII e XIX, com excepção dos franceses de 1 793 e 1 848, a que se aludirá, são o resultado de pressupostos ideológicos muito específicos. É evidente que, em todos eles, há um fosso profundo entre o suposto caráter absoluto, universal e atemporal dos direitos fundamentais proclamados nele, e as condições e interesses históricos que os motivaram e que, no final, determinarão seu alcance. Nesse sentido, é sabido que os direitos do homem que esses documentos coletam com tanta generosidade e formalidade não são os direitos de todos os homens - lembre-se de que a maioria das constituições deste período estabelece o sufrágio do recenseamento, mas os do homem burguês, para quem o direito de propriedade tem o caráter inviolável do sacrilégio, como postulado no artigo 17 da Declaração de 1789 (p. 115-120). 3.2.3.2. A FASE DOS DIREITOS ECONÔMICOS E SOCIAIS. Os direitos do homem e do cidadão proclamados na maioria das declarações e constituições mencionadas foram considerados como patrimônio do indivíduo em sua condição pré social. Liberdade, igualdade formal, propriedade, segurança, resistência à opressão, foram consideradas como faculdades "naturais e inalienáveis", evidenciando sua inspiração filosófica marcadamente individualista. É necessário ressaltar, devido às repercussões de qualquer ordem que isso possa ter no futuro, a crescente apreciação das liberdades públicas nos países socialistas, especialmente desde o início da desestalinização. Neste ou seja, deve-se notar que, após a reforma constitucional de 1956 que se seguiu ao XX Congresso do Partido Comunista da URSS, o legislador soviético reafirmou os princípios da legalidade socialista, das liberdades pessoais e do humanismo marxista, com a denúncia do stalinismo que representou a trágica negação e o desprezo desses princípios e liberdades (p. 120-125). 3.2.4. A INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. O processo de formulação positiva dos direitos humanos excedeu, nos nossos dias, o escopo do direito interno a ser considerado também como um requisito do direito internacional. O fenômeno está intimamente ligado ao reconhecimento da subjetividade jurídica do indivíduo pelo direito internacional. Na verdade, é somente quando a possibilidade é concebida que a comunidade internacional e seus órgãos podem compreender questões que afetam tanto
Compartilhar