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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA CIVIL ADENSAMENTO - RECALQUES Aula 3 RENATO CABRAL GUIMARÃES MECÂNICA DOS SOLOS II 2 1. Introdução • A deformação dos solos, como dos demais materiais estruturais (concreto, madeira, aço), depende dos esforços aplicados e é função das características tensão–deformação. • A maioria dos solos apresenta deformações superiores aos materiais estruturais e muitas vezes, esta deformação não se produz imediatamente e sim ao longo do tempo. • Caso não seja prevista as deformações do solo pelo calculista, a estrutura pode apresentar trincas e fissuras após vários anos de sua construção. 3 1. Introdução • Um dos aspectos de maior interesse para a engenharia geotécnica é a determinação das deformações devidas a carregamentos verticais na superfície do terreno ou em cotas próximas à superfície, ou seja, os recalques das edificações com fundações superficiais (sapatas ou radies) ou aterros construídos sobre os terrenos. • As deformações (recalques) são causadas por: a) deformação das partículas de solo; b) deslocamento de partículas de solo; c) expulsão da água ou do ar dos espaços vazios. 4 1. Introdução • Estas deformações podem ser de dois tipos (após a aplicação de carga/construção): a) rápidas: comum em solos arenosos e argilosos não saturados; b) lentas: comuns em solos argilosos (drenagem lenta). • Os recalques devem ser previstos nos projetos geotécnicos a) adequado fator de segurança quanto à ruptura; b) recalques mantidos dentro de limites de tolerância: - Estado limite de ruptura; - Estado limite de utilização. 5 1. Introdução • PROBLEMAS a) aparência visual; b) serviços; c) estabilidade e dano estrutural. Pequeno número de publicações técnicas sobre assunto que relacionem medidas de recalque e tipos de danos; recalques admissíveis não são regras rígidas nas orientações de projetos; Algumas edificações e edifícios restringem deslocamentos limites: pontes rolantes, elevadores, equipamentos de precisão. 6 1. Introdução • Recalque depende do projeto Fonte: Veloso e Lopes 7 1. Introdução • Recalque depende do projeto Fonte: Veloso e Lopes 8 1. Introdução • Recalque depende do projeto Fonte: Veloso e Lopes 9 1. Introdução • O recalque total devido a carga vertical pode ser dividido em três categorias: a) Recalque elástico ou imediato (Se): ocorre principalmente devido à deformação elástica de solos não saturados e de solos saturados sem alteração do teor de umidade (mudança de forma sem variação de volume); b) Recalque por adensamento primário (Sc): resultado de uma alteração volumétrica em solos coesivos saturados por causa da expulsão da água que ocupa os espaços vazios; c) Recalque por compressão secundária (Ss): observado em solos coesivos saturados e resultado do ajuste plástico do tecido do solo. SCeT SSSS 10 2. Recalque Elástico (Se) • O recalque elástico ocorre diretamente após a aplicação de uma carga sem alteração do teor de umidade do solo. • Estes recalques não costumam criar problemas para a obra, pois ocorrem concomitante com o carregamento. • A magnitude do recalque depende da flexibilidade da fundação e do tipo de material no qual está apoiada. Fundação Flexível Fundação Rígida Argila 11 2. Recalque Elástico (Se) • O recalque elástico ocorre diretamente após a aplicação de uma carga sem alteração do teor de umidade do solo. • Estes recalques não costumam criar problemas para a obra, pois ocorrem concomitante com o carregamento. • A magnitude do recalque depende da flexibilidade da fundação e do tipo de material no qual está apoiada. Fundação Flexível Fundação Rígida Areia 12 2. Recalque Elástico (Se) • O cálculo do recalque elástico é feito a partir de fórmulas empíricas ou com base em equações derivadas da teoria da elasticidade. • Considerando uma fundação apoiada em material elástico de espessura infinita, pode-se utilizar equações derivadas da teoria da elasticidade: I E BS s s e 21 - = Acréscimo de tensão; - B = Largura da fundação; - s = coeficinete de Poisson do solo; - Es = Módulo de elasticidade do solo; - I = Fator de influência da fundação. 13 2. Recalque Elástico (Se) Forma m1 I Fundação Flexível Fundação Rígida Centro Canto Circular - 1,00 0,64 0,79 Retangular 1 1,12 0,56 0,88 1,5 1,36 0,68 1,07 2 1,53 0,77 1,21 3 1,78 0,89 1,42 5 2,10 1,05 1,70 10 2,54 1,27 2,10 20 2,99 1,49 2,46 50 3,57 1,8 3,00 100 4,01 2,0 3,43 - m1 = comprimento da fundação dividido pela largura da fundação. 14 2. Recalque Elástico (Se) Exemplo 1: Para a construção da fundação de uma edificação foi utilizado um bloco retangular com dimensões iguais a 1 m x 2 m (em planta). A fundação foi apoiada em uma camada de areia que se estende a uma grande profundidade (camada uniforme). A edificação causou um acréscimo de tensão igual a 96 kN/m2. Estime o recalque elástico em mm. Considere que a fundação é rígida e que foram obtidos os seguintes parâmetros da camada de areia: Es = 14.000 kPa e s = 0,4. 15 3. Recalque por Adensamento Primário (Sc) • É resultado de uma alteração volumétrica em solos coesivos saturados por causa da expulsão da água que ocupa os espaços vazios. • Estes recalques requerem atenção especial em casos de solos argilosos, pois ocorrem ao longo de um tempo que pode ser bastante grande, podendo provocar o aparecimento de solicitações estruturais que não tinham sido previstas. 16 3. Recalque por Adensamento Primário (Sc) • Considere a situação idealizada de uma amostra de solo mostrada na Figura a seguir, que sofreu um recalque devido a um carregamento qualquer. Água Sólidos Água Sólidos H0 ei 1 Vv Vs e H e1 e S e1 e i c i 17 3. Recalque por Adensamento Primário (Sc) • Nas argilas normalmente adensadas o recalque ocorre totalmente no trecho virgem. 0 0 ' '' log Cce 0 0 i c ' '' logCc e1 H S 18 3. Recalque por Adensamento Primário (Sc) • Somente se a sobrecarga ultrapassar a tensão de pré- adensamento é que se atinge o trecho virgem. • Nas argilas pré-adensadas o recalque depende do acréscimo de tensões. A 0 0 A i P' '' logCc ' P' logCs e1 H Sc 19 3. Recalque por Adensamento Primário (Sc) Exemplo 2: Um depósito com fundação em radier flexível de 12 x 30 m com uma sobrecarga uniformemente distribuída de 110 kPa, será construído sobre o perfil a seguir. Calcule o recalque no centro do edifício devido ao adensamento primário da camada argilosa, considerando: a) A camada argilosa normalmente adensada. b) A camada argilosa pré-adensada com ’Pa = ’0 + 47 kPa. 0 m nat = 17,6 kN/m 3 3 m nat = 18,5 kN/m 3 6 m sat = 19,2 kN/m 3 , e0 = 0,78; Cc = 0,45 e Cs = 0,03 18 m N.A AREIA ARGILA 20 4. Recalque por Adensamento Secundário (Ss) • É observado em solos coesivos saturados e resultado do ajuste plásticodo tecido do solo. • Em solos orgânicos esta parcela de recalque pode se relevante, no entanto a maioria das estruturas consegue se adaptar a estes recalques, pois acostumam ocorrem em períodos muito longo de tempo. • Segundo Santos Neto (1994) um auditório de Chicago sofreu um recalque de 45 cm devido ao adensamento primário em um período de 8 anos e um recalque de 24 cm devido à compressão secundária em um período de 50 anos. 21 4. Recalque por Adensamento Secundário (Ss) 1 2log' t t HCSs pe c c 1 ' 22 4. Recalque por Adensamento Secundário (Ss) Exemplo 3: Uma edificação foi construída sobre uma camada de argila normalmente adensada de 2,6 m e transmitiu um acréscimo de tensão igual a 970 kPa. Sabendo que pressão efetiva média na camada de argila é igual a 2650 kPa e que o recalque primário terminou 1,5 anos após a construção, estime o recalque total (primário + secundário) dessa camada cinco anos após o término do recalque por adensamento primário. Os dados obtidos nas amostras de argila são: - e0 = 0,8; Cc = 0,28; C = 0,02.
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