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4. Historia Do Cinema

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História do Cinema 
 ORIGEM - Indícios históricos e arqueológicos comprovam que é antiga a preocupação do 
homem com o registro do movimento. O desenho e a pintura foram as primeiras formas de 
representar os aspectos dinâmicos da vida humana e da natureza, produzindo narrativas 
através de figuras. O jogo de sombras do teatro de marionetes oriental é considerado um dos 
mais remotos precursores do cinema. Experiências posteriores como a câmara escura e a 
lanterna mágica constituem os fundamentos da ciência óptica, que torna possível a realidade 
cinematográfica. 
Jogos de sombras – Surge na China, por volta de 5.000 a.C. É a projeção, sobre paredes ou telas de 
linho, de figuras humanas, animais ou objetos recortados e manipulados. O operador narra a ação, 
quase sempre envolvendo príncipes, guerreiros e dragões. 
Câmara escura – Seu princípio é enunciado por Leonardo da Vinci, no século XV. O invento é 
desenvolvido pelo físico napolitano Giambattista Della Porta, no século XVI, que projeta uma caixa 
fechada, com um pequeno orifício coberto por uma lente. Através dele penetram e se cruzam os 
raios refletidos pelos objetos exteriores. A imagem, invertida, inscreve-se na face do fundo, no 
interior da caixa. 
Lanterna mágica – Criada pelo alemão Athanasius Kirchner, na metade do século XVII, baseia-se no 
processo inverso da câmara escura. É composta por uma caixa cilíndrica iluminada a vela, que projeta as 
imagens desenhadas em uma lâmina de vidro. 
 PRIMEIROS APARELHOS - Para captar e reproduzir a imagem do movimento, são 
construídos vários aparelhos baseados no fenômeno da persistência retiniana (fração de 
segundo em que a imagem permanece na retina), descoberto pelo inglês Peter Mark Roger, 
em 1826. A fotografia, desenvolvida simultaneamente por Louis-Jacques Daguerre e Joseph 
Nicéphore Niepce, e as pesquisas de captação e análise do movimento representam um 
avanço decisivo na direção do cinematógrafo. 
Fenacistoscópio - O físico belga Joseph-Antoine Plateau é o primeiro a medir o tempo da persistência 
retiniana. Para que uma série de imagens fixas dêem a ilusão de movimento, é necessário que se 
sucedam à razão de dez por segundo. Em 1832, Plateau inventa um aparelho formado por um disco 
com várias figuras desenhadas em posições diferentes. Ao girar o disco, elas adquirem movimento. 
A idéia era apresentar uma rápida sucessão de desenhos de diferentes estágios de uma ação, 
criando a ilusão de que um único desenho se movimentava. 
Praxinoscópio – Aparelho que projeta na tela imagens desenhadas sobre fitas transparentes, 
inventado pelo francês Émile Reynaud (1877). A princípio uma máquina primitiva, composta por 
uma caixa de biscoitos e um único espelho, o praxinoscópio é aperfeiçoado com um sistema 
complexo de espelhos que permite efeitos de relevo. A multiplicação das figuras desenhadas e a 
adaptação de uma lanterna de projeção possibilitam a realização de truques que dão a ilusão de 
movimento. 
Fuzil fotográfico – Em 1878 o fisiologista francês Étienne-Jules Marey desenvolve o fuzil fotográfico: 
um tambor forrado por dentro com uma chapa fotográfica circular. Seus estudos se baseiam na 
experiência desenvolvida, em 1872, pelo inglês Edward Muybridge, que decompõe o movimento do 
galope de um cavalo. Muybridge instala 24 máquinas fotográficas em intervalos regulares ao longo 
de uma pista de corrida e liga a cada máquina fios que atravessam a pista. Com a passagem do 
cavalo, os fios são rompidos, desencadeando o disparo sucessivo dos obturadores, que produzem 24 
poses consecutivas. 
Cronofotografia – Pesquisas posteriores sobre o andar do homem ou o vôo dos pássaros levam 
Étienne-Jules Marey, em 1887, ao desenvolvimento da cronofotografia a fixação fotográfica de 
várias fases de um corpo em movimento, que é a própria base do cinema. 
Cinetoscópio – O norte-americano Thomas Alva Edison inventa o filme perfurado. E, em 1890, roda 
uma série de pequenos filmes em seu estúdio, o Black Maria, primeiro da história do cinema. Esses 
filmes não são projetados em uma tela, mas no interior de uma máquina, o cinetoscópio – também 
inventado por Edison um ano depois. Mas as imagens só podem ser vistas por um espectador de 
cada vez. 
Cinematógrafo – A partir do aperfeiçoamento do cinetoscópio, os irmãos Auguste e Louis Lumière 
idealizam o cinematógrafo em 1895. O aparelho – uma espécie de ancestral da filmadora – é movido 
a manivela e utiliza negativos perfurados, substituindo a ação de várias máquinas fotográficas para 
registrar o movimento. O cinematógrafo torna possível, também, a projeção das imagens para o 
público. O nome do aparelho passou a identificar, em todas as línguas, a nova arte (ciné, cinema, 
kino etc.). 
Auguste Lumière (1862-1954) e Louis Lumière (1864-1948) nascem em Besançon, na França. Filhos de 
um fotógrafo e proprietário de indústria de filmes e papéis fotográficos, eram praticamente desconhecidos 
no campo das pesquisas fotográficas até 1890. Após freqüentarem a escola técnica, realizam uma série de 
estudos sobre os processos fotográficos, na fábrica do pai, até chegarem ao cinematógrafo. Louis Lumière 
é o primeiro cineasta realizador de documentários curtos. Seu irmão Auguste participa das primeiras 
descobertas, dedicando-se posteriormente à medicina. 
 CINEMA MUDO - A apresentação pública do cinematógrafo marca oficialmente o início da 
história do cinema. O som vem três décadas depois, no final dos anos 20. 
A primeira exibição pública das produções dos irmãos Lumière ocorre em 28 de dezembro de 1895, no 
Grand Café, em Paris. A saída dos operários das usinas Lumière, A chegada do trem na estação, O 
almoço do bebê e O mar são alguns dos filmes apresentados. As produções são rudimentares, em geral 
documentários curtos sobre a vida cotidiana, com cerca de dois minutos de projeção, filmados ao ar livre. 
 PRIMEIROS FILMES - Pequenos documentários e ficções são os primeiros gêneros do 
cinema. A linguagem cinematográfica se desenvolve, criando estruturas narrativas. Na 
França, na primeira década do século XX, são filmadas peças de teatro, com grandes nomes 
do palco, como Sarah Bernhardt. Em 1913 surgem, com Max Linder – que mais tarde 
inspiraria Chaplin –, o primeiro tipo cômico e, com o Fantômas, de Louis Feuillade, o primeiro 
seriado policial. A produção de comédias se intensifica nos Estados Unidos e chega à 
Inglaterra e Rússia. Na Itália, Giovanni Pastrone realiza superproduções épicas e históricas, 
como Cabíria, de 1914. 
DOCUMENTÁRIO - Em 1896 os Lumière equipam alguns fotógrafos com aparelhos cinematográficos 
e os enviam para vários países, com a incumbência de trazer novas imagens e também exibir as que 
levam de Paris. Os caçadores de imagens, como são chamados, colocam suas câmeras fixas num 
determinado lugar e registram o que está na frente. A Inglaterra, O México, Veneza, A cidade dos 
Doges passam a integrar o repertório dos Lumière. Coroação do Czar Nicolau II, filmado em Moscou, 
é considerado a primeira reportagem cinematográfica. 
FICÇÃO - Os rudimentos da narração e da montagem artística são desenvolvidos pelo americano 
Edwin Porter, em 1902, em Vida de um bombeiro americano, e consolidados, um ano mais tarde, 
com O grande roubo do trem, o primeiro grande clássico do cinema americano. O filme inaugura o 
western e marca o começo da indústria cinematográfica. Despontam, então, dois grandes nomes 
dos primórdios do cinema: Georges Méliès e David Griffith. 
Georges Méliès (1861-1938), diretor, ator, produtor, fotógrafo e figurinista, é considerado o pai da 
arte do cinema. Nasce na França e passa parte da juventude desenvolvendo números de mágica e 
truques de ilusionismo. Depois de assistir à primeira apresentação dos Lumière, decide-se pelo 
cinema. Pioneiro na utilização de figurinos, atores, cenários e maquiagens, opõe-se ao estilo 
documentarista. Realiza os primeiros filmesde ficção – Viagem À Lua (Voyage dans la lune, Le / 
Voyage to the Moon - 1902) e A Conquista do Pólo (Conquête du pôle, La / Conquest of the Pole - 
1912) – e desenvolve diversas técnicas: fusão, exposição múltipla, uso de maquetes e truques 
ópticos, precursores dos efeitos especiais. 
David W. Griffith (1875-1948), nascido nos Estados Unidos, é considerado o criador da linguagem 
cinematográfica. Antes de chegar ao cinema, trabalha como jornalista e balconista em lojas e livrarias. 
Admirador de Edgar Allan Poe, também escreve poesias. No cinema, é o primeiro a utilizar 
dramaticamente o close, a montagem paralela, o suspense e os movimentos de câmera. Em 1915, com 
Nascimento de Uma Nação (The Birth of a Nation), realiza o primeiro longa-metragem americano, tido 
como a base da criação da indústria cinematográfica de Hollywood. Com Intolerância (Intolerance), de 
1916, faz uma ousada experiência, com montagens e histórias paralelas. 
 ASCENSÃO DE HOLLYWOOD - Com o recesso do cinema europeu durante a 1a Guerra 
Mundial, a produção de filmes concentra-se em Hollywood, na Califórnia, onde surgem os 
primeiros grandes estúdios. Em 1912, Mack Sennett, o maior produtor de comédias do 
cinema mudo, que descobriu Charles Chaplin e Buster Keaton, instala a sua Keystone 
Company. No mesmo ano, surge a Famous Players (futura Paramount) e, em 1915, a Fox 
Films Corporation. Para enfrentar os altos salários e custos de produção, exibidores e 
distribuidores reúnem-se em conglomerados autônomos, como a United Artists, fundada em 
1919. A década de 20 consolida a indústria cinematográfica americana e os grandes gêneros 
– western, policial, musical e, principalmente, a comédia –, todos ligados diretamente ao 
estrelismo. 
Star system – O desenvolvimento dos grandes estúdios proporciona o surgimento do star system, o 
sistema de "fabricação" de estrelas que encantam as platéias. Mary Pickford, a "noivinha da 
América", Theda Bara, Tom Mix, Douglas Fairbanks e Rodolfo Valentino são alguns dos nomes mais 
expressivos. Com o êxito alcançado, os filmes passam dos 20 minutos iniciais a, pelo menos, 90 
minutos de projeção. O ídolo é chamado a encarnar papéis fixos e repetir atuações que o tenham 
consagrado, como Rosita, de 1923, com Mary Pickford. 
COMÉDIA - Baseada na sátira de pequenas cenas do cotidiano, a comédia americana dos anos 20 
privilegia lugares, situações e objetos que retratam a vida urbana e a "civilização das máquinas". 
Recorre com freqüência ao "pastelão" e ganha impulso com o produtor e diretor americano Mack 
Sennett. Destacam-se os tipos desenvolvidos por Ben Turpin, Buster Keaton, Harold Lloyd e Charles 
Chaplin. 
Charles Chaplin (1889-1977), diretor, produtor e ator, passa uma infância miserável em orfanatos, 
na Inglaterra. Emprega-se nos music halls em 1908 e adquire algum sucesso como mímico. 
Contratado por um empresário norte-americano, vai para os Estados Unidos em 1913 e, um ano 
depois, realiza seu primeiro filme - Carlitos Repórter (Making a Living - 1914). Seu personagem, 
Carlitos, o vagabundo com bengala, chapéu-coco e calças largas, torna-se o tipo mais famoso do 
cinema. Entre seus principais filmes estão O Garoto (Kid, The - 1921), Em Busca do Ouro (The Gold 
Rush - 1925), Luzes da Cidade (City Lights - 1931), Tempos Modernos (Modern Times - 1936) e O 
Grande Ditador (The Great Dictator - 1940). 
Buster Keaton (1895-1966), Joseph Francis Keaton nasce nos Estados Unidos e estréia no palco aos 3 
anos, acompanhado de seus pais, num número de acrobacia. Recebe o apelido de Buster (demolidor) por 
sua resistência aos tombos. Em 1917 começa no cinema, fazendo pontas. Três anos depois, passa à 
direção. Torna-se famoso com a criação de um tipo inesquecível - o cômico que nunca ri - consagrado em 
A General (The General - 1927) e Marinheiro de Encomenda (Steamboat Bill, Jr. - 1928), entre outros. É 
considerado um dos maiores nomes do cinema humorístico, comparável a Chaplin. 
 CINEMA FALADO - O advento do som, nos Estados Unidos, revoluciona a produção 
cinematográfica mundial. Os anos 30 consolidam os grandes estúdios e consagram astros e 
estrelas em Hollywood. Os gêneros se multiplicam e o musical ganha destaque. A partir de 
1945, com o fim da 2a Guerra, há um renascimento das produções nacionais – os chamados 
cinemas novos. 
PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS - As primeiras experiências de sonorização, feitas por Thomas Edison, 
em 1889, são seguidas pelo grafonoscópio de Auguste Baron (1896) e pelo cronógrafo de Henri Joly 
(1900), sistemas ainda falhos de sincronização imagem-som. O aparelho do americano Lee de 
Forest, de gravação magnética em película (1907), que permite a reprodução simultânea de 
imagens e sons, é comprado em 1926 pela Warner Brothers. A companhia produz o primeiro filme 
com música e efeitos sonoros sincronizados - "Don Juan" (Don Juan - 1926), de Alan Crosland, o 
primeiro com passagens faladas e cantadas - "O Cantor de Jazz" (The Jazz Singer - 1927), também 
de Crosland, com Al Jolson, grande nome da Broadway, e o primeiro inteiramente falado - "Luzes de 
Nova York", de Brian Foy (Lights of New York - 1928). 
CONSOLIDAÇÃO - Em 1929 o cinema falado representa 51% da produção norte-americana. Outros 
centros industriais, como França, Alemanha, Suécia e Inglaterra, começam a explorar o som. A 
partir de 1930, Rússia, Japão, Índia e países da América Latina recorrem à nova descoberta. 
A adesão de quase todas as produtoras ao novo sistema abala convicções, causa a inadaptação de 
atores, roteiristas e diretores e reformula os fundamentos da linguagem cinematográfica. Diretores 
como Charles Chaplin e René Clair estão entre os que resistem à novidade, mas acabam aderindo. 
"Alvorada do Amor" (The Love Parade - 1929), de Ernst Lubitsch, "O Anjo Azul" (Der Blaue Engel / 
The Blue Angel - 1930), de Joseph von Sternberg, e "M, o Vampiro de Dusseldorf" (M - 1931), de 
Fritz Lang, são alguns dos primeiros grandes títulos. 
Dos anos 30 até a 2a Guerra, apesar de Hollywood concentrar a maior parte da produção 
cinematográfica mundial, alguns centros europeus como França, Alemanha e Rússia produzem obras 
que merecem destaque. 
França – O realismo poético, com melodramas policiais de fundo trágico, de Jean Renoir de "A 
Grande Ilusão" (La Grande illusion / The Grand Illusion - 1937) e "A Besta Humana" (La Bête 
Humaine / The Human Beast - 1938), Marcel Carné de "Cais das Sombras" (Quai des Brumes / Port 
of Shadows - 1938), Julien Duvivier de "Um Carnê de Baile" (Un Carnet de Bal - 1937) e Jean Vigo 
de "Atalante" (L' Atalante -1934) fornecem uma perspectiva lírica dos problemas sociais. Com a 
invasão nazista, eles são exilados. 
Rússia – "A Nova Babilônia" (Novyj Vavilon / The New Babylon - 1929), de Grigori Kozintsev; 
"Volga-Volga" (Volga-Volga - 1938), de Grigori Aleksandrov; "Ivan, o Terrível" (Ivan Groznyj / Ivan 
the Terrible - ), de Sergei M. Eisenstein; e a "Trilogia de Máximo Gorki" (Detstvo Gorkogo / 
Childhood of Maxim Gorky - 1938), de Mark Donskoi, merecem destaque em um período dominado 
por filmes de propaganda sobre os planos qüinqüenais, impostos por Stalin. 
Alemanha – A Alemanha nazista também descobre, com "O Triunfo da Vontade" (Triumph des Willens / 
Dokument vom Reichsparteitag - 1934), de Leni Riefenstahl, e "O Judeu Suss" (Jud Süß / Jew Süss - 
1940), de Veidt Harlan, o cinema como instrumento de propaganda do regime. 
 ANOS DOURADOS DE HOLLYWOOD - Nos Estados Unidos, após a Depressão, a indústria 
recupera-se. Hollywood vive os seus anos de ouro em 1938 e 1939. Surgem superproduções 
como A Dama das Camélias, ...E o Vento Levou, O Morro dos Ventos Uivantes e Casablanca. 
Novos recursos técnicos possibilitam o desenvolvimento pleno de todos os gêneros. 
Desafiando o esquema dos grandes estúdios hollywoodianos, Orson Welles lança, em 1941, 
Cidadão Kane, filme que revoluciona a estética do cinema. 
Orson Welles(1915-1985), diretor, ator e roteirista, nasce nos Estados Unidos e estuda pintura no 
Chicago Arts Institute. Como ator teatral funda, em 1936, o Mercury Theatre, em Nova York. Dois 
anos mais tarde passa a trabalhar no rádio, onde faz em 30 de outubro de 1938 uma emissão 
dramatizada da Guerra dos Mundos, de H.G. Wells, na qual anuncia a invasão da Terra por 
marcianos. Causa pânico na população e ganha notoriedade nacional. Em 1941 lança O Cidadão 
Kane, onde subverte a narrativa cronológica, com um enredo não-linear, ousadia na profundidade 
de campo e iluminação inspirada no expressionismo. Cria depois outras obras, como It's All True 
(interrompida e concluída postumamente em 1993), e Macbeth (Macbeth - 1948) e Othello (Tragedy 
of Othello: The Moor of Venice, The - 1952), de inspiração shakesperiana. 
• MUSICAL - Surge em Hollywood na década de 30 e se caracteriza por roteiros musicais que 
mesclam danças, cantos e músicas. No início dos filmes falados, os musicais sofrem grande 
influência do teatro. O filme que definitivamente estabelece o gênero é Melodia da Broadway 
(Broadway Melody - 1929), de Harry Beaumont. Seu êxito provoca uma onda de filmes que 
rapidamente se tornam populares, como Caçadoras de Ouro (Gold Diggers of 1933 - 1933), 
A Canção do Deserto ( - 1933) e O Rei do Jazz ( - 1933). Voando Para o Rio (Flying Down to 
Rio - 1933), projeta Fred Astaire e Ginger Rogers. Gene Kelly por Diário de Um Homem 
Casado (A Guide for the Married Man - 1967), Rita Hayworth por O Protegido do Papai (The 
Lady In Question - 1940) e Judy Garland por O Mágico de Oz (Wizard of Oz, The - 1939) 
também ganham notoriedade. 
• COMÉDIA - Gênero consolidado na década de 20, a comédia incorpora novos nomes. Os 
irmãos Marx brilham com seus diálogos absurdos e graças de picadeiro em "No Hotel da 
Fuzarca" (The Cocoanuts - 1929), "Diabo a Quatro" (Duck Soup - 1933) e Uma Noite Na 
Ópera (A Night At The Opera - 1935). Os atores Oliver Hardy e Stan Laurel notabilizam a 
dupla O Gordo e o Magro em "Fra Diavolo" (The Devil's Brother / Fra Diavolo - 1933) e 
"Filhos do Deserto" (Sons of the Desert / Fraternally Yours - 1933). W.C. Fields, que surgiu 
no cinema por volta de 1915, destaca-se na década de 30, com "No Tempo do Onça" e "A 
Filha do Saltimbanco". O prestígio de Chaplin mantém-se em filmes como "Luzes da Cidade" 
(City Lights - 1931) e "Tempos Modernos" (Modern Times - 1936), que adquirem dimensão 
política. A combinação de ousadias eróticas e certa dose de crítica do cotidiano resulta na 
comédia de costumes, que domina o cinema americano. O alemão Ernst Lubitsch desenvolve 
o estilo em filmes como "Ladrão de Alcova" (Trouble in Paradise - 1932) e "Ninotchka" 
(Ninotchka - 1939), este com Greta Garbo. Outros representantes: George Cukor por "Uma 
Hora Contigo" (One Hour With You - 1932), William Wellman por "Nada É Sagrado" (Nothing 
Sacred - 1937), Leo McCarey por "Cupido É Moleque Travesso" (The Awful Truth - 1937), 
Howard Hawks por "Levada da Breca" (Bringing Up Baby - 1938) e um dos maiores nomes 
das décadas de 30/50, o diretor Frank Capra. 
Frank Capra (1897-1991) nasce na Sicília e emigra para os Estados Unidos, em 1903. Na juventude 
estuda química e matemática. Começa no cinema como argumentista dos cômicos Laurel e Hardy (O 
Gordo e o Magro). Na direção, desenvolve uma obra de conteúdo social, otimista e confiante na 
democracia americana, que acerta em cheio, nos anos difíceis da Depressão. "Aconteceu Naquela 
Noite" (It Happened One Night - 1934), ganha os principais Oscars do ano. "Do Mundo Nada Se 
Leva" (You Can't Take It with You - 1938), "A Mulher Faz o Homem" (Mr Smith Goes to Washington 
- 1939) e Adorável Vagabundo (Meet John Doe - 1941) são seus principais sucessos. 
• WESTERN - Gênero específico americano, o western (faroeste) explora marcos históricos, 
como a Conquista do Oeste, a Guerra de Secessão e o combate contra os índios. Cenas de 
ação e aventura envolvem caubóis e xerifes. Em 1932 inicia-se uma grande produção de 
westerns, onde o caubói é também cantor, como Gene Autry e Roy Rogers. Cecil B. de Mille 
produz Jornadas Heróicas (The Plainsman - 1937). Em 1939, com No Tempo das Diligências 
(Stagecoach - 1939), John Ford abre o ciclo de produções com grandes diretores e astros, 
onde se destacam também King Vidor por Duelo ao Sol (Duel in the Sun - 1946) e Henry 
King por Jesse James (Jesse James - 1939). 
John Ford (1895-1973), diretor americano nascido no Maine, filho de irlandeses, é um dos cineastas 
mais premiados do mundo. Depois de se formar no ensino médio, vai para Hollywood, em 1914. 
Começa trabalhando como ator, contra-regra e assistente nos filmes de seu irmão, Francis Ford, 
diretor e roteirista da Universal. Em 1917 estréia na direção, fazendo pequenos westerns. Seus 
filmes possuem orçamentos modestos, poucos atores, e alternam dramas com trechos de comédias. 
Sangue de Herói (Fort Apache - 1948) e O Céu Mandou Alguém (The Three Godfathers - 1948), 
estão entre os westerns mais importantes da década de 40. 
• TERROR - São várias as tendências dos filmes de terror, que têm em comum o desequilíbrio 
e a transgressão do real. Em 1931, Drácula (Dracula - 1931) e Frankenstein (Frankenstein - 
1931) entram em cena. Um ano depois, é a vez de O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll and Mr. 
Hyde - 1932), baseado no romance de Robert Louis Stevenson. Em 1933, o gorila King Kong 
(King Kong - 1933) assusta as platéias do mundo inteiro. 
• POLICIAL - O filme policial surge na França, no começo do século, mas é nos Estados Unidos, a 
partir da década de 30, que o gênero se firma. Cenários sombrios e escuros, neblina, cenas de 
crimes e violência envolvem detetives, policiais, aristocratas e belas mulheres. O filme noir - 
como os franceses o denominaram - logo se impõe como um grande gênero. Destacam-se Howard 
Hawks por Scarface - (Scarface - 1932) e John Huston por Relíquia Macabra / Falcão Maltês (The 
Maltese Falcon - 1941). 
 NEO-REALISMO ITALIANO - Os traumas do pós-guerra levam cineastas e críticos italianos 
a assumirem posição mais crítica em relação aos problemas sociais e reagirem contra os 
esquemas tradicionais de produção. Surge assim, na Itália, o movimento neo-realista. A 
renovação ocorre na temática, na linguagem e na relação com o público. A experiência neo-
realista tem duração relativamente curta mas causa enorme impacto sobre as demais 
cinematografias e se expressa de diferentes formas em outros países. 
Com poucos recursos, linguagem mais simples, temáticas contestadoras, atores não-profissionais e 
tomadas ao ar livre os filmes retratam o dia-a-dia de proletários, camponeses e pequena burguesia. 
"Obsessão" (Ossessione - 1943), de Luchino Visconti, é considerada a obra inaugural do neo-
realismo. A trilogia de Roberto Rosselini, Roma, "Cidade Aberta" (Roma, città aperta / Rome, Open 
City - 1945), "Paisà" (Paisà - 1946) e "Alemanha, Ano Zero" (Germania Anno Zero / Germany Year 
Zero - 1947), ao lado de "Ladrões de Bicicleta" (Ladri di Biciclette / The Bicycle Thief - 1948) e 
"Umberto D" (Umberto D - 1952), de Vittorio De Sica, constituem os grandes marcos do movimento. 
Destacam-se também "A Romana" (La Romana / Woman of Rome - 1954), de Luigi Zampa, "O 
Capote" (Il Cappotto / The Overcoat - 1952), de Alberto Lattuada, "O Ferroviário" (Il Ferroviere / 
Man of Iron / The Railroad Man - 1956), de Pietro Germi, e "A Terra Treme" (La Terra trema / The 
Earth Trembles - 1948), de Visconti. 
Vittorio De Sica (1902-1974), diretor e ator italiano, estréia no cinema em 1922. Na década de 30, 
torna-se o galã popular nas comédias ligeiras do diretor Mario Camerini. A partir de 1940 passa a 
dirigir, trabalhando em parceria com o roteirista Cesare Zavattini. Juntos, realizam as maiores obras 
do neo-realismo: "Milagre em Milão" (Miracolo a Milano / Miracle in Milan - 1950) e "O Teto" (Il Tetto 
/ The Roof / Le Toit - 1956). Recebetrês Oscars de filme estrangeiro por "Ontem, Hoje e Amanhã" 
(Ieri, Oggi e Domani / Yesterday, Today and Tomorrow - 1963), "Casamento à Italiana" (Matrimonio 
all'Italiana / Marriage Italian-Style - 1964) e "O Jardim dos Finzi Contini" (Il Giardino dei Finzi-
Contini / The Garden of the Finzi-Continis - 1971). 
Roberto Rosselini (1906-1977), nasce na Itália, em uma família rica, e se interessa por cinema 
influenciado pelo avô, proprietário de uma casa de espetáculos. Após realizar curtas amadores ingressa na 
indústria cinematográfica, durante o fascismo, como assistente de direção. Trabalha como supervisor de 
diversos filmes, como "L'Invasore" (L' Invasore / Invader, The - 1943), de Nino Giannini, e "Benito 
Mussolini" (Benito Mussolini / Blood on the Balcony - 1961), de Pasquale Prunas. Em 1963 escreve o 
roteiro de "Tempo de Guerra" (Les Carabiniers / The Riflemen / The Soldiers - 1963), de Godard. Na 
década de 60, depois de um romance turbulento com a atriz Ingrid Bergman, Rosselini ingressa na 
televisão educativa, para a qual faz seus últimos trabalhos. 
 TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS - A multiplicidade de estilos e influências marcam as 
produções cinematográficas contemporâneas. A Itália inicia a década de 60 com um cinema mais 
intimista. A França vive a nouvelle vague. Nos EUA, destaca-se a Escola de Nova York e, no 
Reino Unido, o free cinema. A partir do neo-realismo italiano o cinema se renova em várias partes 
do mundo: Alemanha, Hungria, Iugoslávia, Polônia, Canadá e em países da Ásia e América 
Latina, como Brasil e Argentina. Além disso começam a despontar as produções cinematográficas 
de países subdesenvolvidos, em processo de descolonização. 
 ITÁLIA - Já no final da década de 50 e início dos anos 60, o cinema italiano inclina-se para a 
investigação psicológica, retratando uma sociedade em crise: Michelangelo Antonioni e 
Federico Fellini fazem reflexões morais sobre a condição humana. Luchino Visconti, em 
"Rocco e Seus Irmãos" (Rocco e i suoi Fratelli / Rocco and His Brothers - 1960), mostra a 
vida dos imigrantes do sul da Itália. Pier Paolo Pasolini em "Teorema" (Teorema / Theorem - 
1968) discute a sexualidade como meio de auto-conhecimento e transformação. 
Nos anos 70 retoma-se a discussão política ou existencial com Ettore Scola, herdeiro da comédia 
italiana surgida no pós-guerra, Francesco Rosi de "O Caso Mattei" (Il Caso Mattei / The Mattei Affair 
- 1972), Mario Monicelli por "Meus Caros Amigos" (Amici Miei / My Friends - 1975), Elio Petri por "A 
Classe Operária Vai ao Paraíso" (La Classe operaia va in paradiso / Lulu the Tool / The Working Class 
Goes to Heaven - 1971), Gillo Pontecorvo por "Queimada" (Queimada / Burn! / Mercenary, The - 
1969), Valério Zurlini por "A Primeira Noite de Tranqüilidade" (La Prima Notte di Quiete / Il 
Professore - 1972), Dino Risi por "Perfume de Mulher" (Profumo di donna / Scent of a Woman / 
Sweet Smell of Woman / That Female Scent - 1974), Mauro Bolognini por "A Grande Burguesia" 
(Fatti di gente per bene / Drama of the Rich / La Grande Bourgeoise / The Murri Affair - 1974), 
Marco Ferreri por "A Comilança" (La Grande Bouffe / Blow-Out / The Grande Bouffe / La Grande 
abbuffata - 1973), Marco Bellocchio por "De Punhos Cerrados" (I Pugni in Tasca / Fist in His Pocket / 
Fists in the Pocket - 1965) e Bernardo Bertolucci por "O Último Tango Em Paris" (Ultimo tango a 
Parigi / Last Tango in Paris / Lê Dernier Tango à Paris - 1972). 
Na década de 80, toda a força e originalidade do cinema mediterrâneo continua presente nos irmãos 
Vittorio e Paolo Taviani (Pai patrão), Lina Wertmuller (Camorra), Ermano Olmi (A árvore dos 
tamancos) e Ettore Scola (O baile). 
Os anos 90 trazem Giuseppe Tornatore (Cinema paradiso), Maurizio Nicheti (Ladrões de sabonete), 
Gabriele Salvatore (Mediterrâneo), Daniele Luchetti (O senhor ministro), Nanni Moretti (A missa 
acabou), Gianni Amelio (Ladrão de crianças) e, novamente, Monicelli (Parente é serpente), Scola (A 
viagem do capitão Tornado) e Fellini (A voz da lua). 
Michelangelo Antonioni (1912-) nasce em Ferrara, na Itália, forma-se em economia e comércio em 
Bolonha, mas prefere exercer o jornalismo. Trabalha como crítico de cinema, assistente de direção 
de Marcel Carné e roteirista de Federico Fellini. A solidão é um dos temas centrais de sua obra. São 
famosos os seus planos longos e fixos, demonstrando domínio total da imagem. Sua trilogia da 
incomunicabilidade – A aventura (1959), A noite (1960) e O eclipse (1961) – obtém limitado 
sucesso comercial. O reconhecimento do público vem com Blow-up, em 1967, filmado em Londres. 
Nos EUA, dirige Zabriskie point (1970), no qual faz uma autópsia da sociedade de consumo norte-
americana, e O passageiro (1975). Seu último filme é Identificação de uma mulher (1982). 
Federico Fellini (1920-1993), nasce em Rimini, Itália, e trabalha como jornalista e caricaturista. 
Começa no cinema aos 19 anos, como roteirista de comédias. Considerado o maior gênio do cinema 
contemporâneo, Fellini cria em suas obras um universo extremamente rico e complexo. Busca 
inspiração em suas experiências pessoais, desenvolvendo um estilo fantástico e surreal. Em 1943 
casa-se com a atriz Giulietta Masina, com quem fica até a morte. Entre suas obras-primas estão Os 
boas-vidas (1953) e Amarcord (1973), que retratam sua juventude, As noites de Cabíria (1957), 
com Giulietta Masina, A doce vida (1960), um perfil desiludido da burguesia italiana, Fellini oito e 
meio (1963), uma grande autobiografia, e E la nave va (1985), um de seus últimos sucessos. 
Ettore Scola (1931- ) nasce na província italiana de Avelino, muda-se mais tarde para Roma. Inicia curso 
de direito, mas acaba se dedicando ao jornalismo, como diagramador de um periódico humorístico. É 
contratado por roteiristas para escrever piadas para o cinema, passando, gradualmente, a atuar como 
diretor. Considerado o maior gênio do cinema italiano dos anos 70/80. Sempre esteve ligado ao Partido 
Comunista Italiano e suas obras são marcadas pela temática social e política. Seu primeiro sucesso, 
Ciúme à italiana (1970), inicia a sátira política. Realiza grandes filmes como Nós que nos amávamos 
tanto (1974), Feios, sujos e malvados (1975), Um dia muito especial (1977), Casanova e a revolução 
(1982), Maccaroni (1985) e A família (1986). 
 FRANÇA - Até o final da década de 50, persiste um cinema tradicional e acadêmico. Claude 
Autant-Lara (Adúltera), André Cayatte (Somos todos assassinos) e Henri Clouzot (O salário 
do medo) fazem filmes politizados e pessimistas. Os católicos Robert Bresson (Um condenado 
à morte escapou) e Jean Delannoy (Deus necessita de homens) reagem ao materialismo 
existencialista e Jacques Tati renova a comédia com Meu tio. Em 1957, um grupo de jovens 
provenientes da crítica reage contra o academicismo do cinema francês e inicia um 
movimento que renova a linguagem cinematográfica, a nouvelle vague. 
Nouvelle vague – Seus integrantes – críticos do Cahiers du Cinéma – propõem um cinema de autor, 
criticam as produções comerciais francesas e realizam obras de baixo custo em que rejeitam o 
cinema de estúdio e as regras narrativas. Diferentemente do movimento neo-realista, a nouvelle 
vague volta-se menos para a situação social e política do país e se interessa mais pelas questões 
existenciais de seus personagens. Seus representantes, Jean-Luc Godard (Acossado), François 
Truffaut (Os incompreendidos), Claude Chabrol (Os primos), Alain Resnais (Hiroshima, meu amor ), 
Louis Malle (Trinta anos esta noite) e Agnès Varda (Cleo das 5 às 7) seguirão, no futuro, caminhos 
individuais divergentes. 
Jean-Luc Godard (1930- ), diretor e crítico francês, nasce em Paris, onde estuda etnologia e 
jornalismo. Um dos fundadores da nouvelle vague, é também um dos formuladores da "política de 
autor", em que o diretor é considerado o único autor na produção de uma fita. Como crítico, 
colaborano Cahiers du Cinéma e outras revistas especializadas. Seu primeiro longa-metragem é 
Acossado (1959). Entre suas obras, merecem destaque O pequeno soldado (1960), Uma mulher 
casada (1964) e A chinesa (1967). Je vous salue Marie, de 1985, é considerado herege pelo papa 
João Paulo II. Em 1993, lança Infelizmente para mim. 
François Truffaut (1932-1984), diretor francês, participa do Cahiers du Cinéma e da política de 
autores. Considerado o poeta da nouvelle vague, faz críticas de cinema durante vários anos e 
escreve livros sobre o tema, dos quais o principal é sobre a série de entrevistas que realizou com 
Alfred Hitchcock, seu cineasta preferido. Foi assistente de Rosselini e escreveu o roteiro de 
Acossado, de Godard. Dentro de sua produção ganham destaque os filmes Fareinheit 451 (1966), A 
noiva estava de preto (1967) e A história de Adele H (1975). 
Produções recentes – Após a década de 60, predomina um cinema intimista voltado para o retrato do 
cotidiano: Bertrand Blier (Meu marido de batom), Eric Rohmer (Amor à tarde), Bertrand Tavernier (Por 
volta de meia-noite), Patrice Leconte (O marido da cabeleireira), Yves Robert (A glória de meu pai), 
Michel Deville (Uma leitora bem particular). Jean-Jacques Beineix (Betty Blue, A lua na sarjeta) e Luc 
Besson (Nikita) revigoram o filme noir. Superproduções de sucesso são realizadas por Jean-Jacques 
Annaud (O amante), Leos Carax (Os amantes da Pont-Neuf), Maurice Pialat (Van Gogh), Régis Wargnier 
(Indochina), Jean-Paul Rappeneau (Cyrano de Bergerac), Louis Malle (Perdas e danos), Jacques Rivette 
(A bela intrigante) e Alain Corneau (Todas as manhãs do mundo). 
 ESTADOS UNIDOS - Após a 2a Guerra, o macarthismo instaura um clima de intolerância e 
perseguições que favorece a proliferação de musicais – Cantando na chuva, de Gene Kelly, 
Sinfonia em Paris, de Vincente Minnelli, Cinderela em Paris, de Stanley Donen –, comédias 
românticas e sofisticadas – A princesa e o plebeu, de William Wyler – ou superproduções: Os 
dez mandamentos, de Cecil B. de Mille. Nos estúdios trabalham diretores de grande talento: 
Alfred Hitchcock (Disque M para matar), Billy Wilder (Farrapo humano), John Huston (O 
tesouro de Sierra Madre), Fred Zinnemann (Matar ou morrer), George Stevens (Os brutos 
também amam), Douglas Sirk (Palavras ao vento), George Cukor (Nasce uma estrela) e 
Roger Corman (Obsessão macabra). 
Alfred Hitchcock (1899-1980) é considerado o mestre do suspense. Nasce em Londres, filho de pais 
católicos, e recebe formação jesuítica. Começa a escrever roteiros em 1923, na Inglaterra. Muda-se 
para os Estados Unidos, em 1939, levado pelo produtor David Selznick, e filma Rebecca um ano 
depois. Influencia muitos diretores e faz grandes filmes de sucesso: O homem que sabia demais 
(1934), Interlúdio (1946), Festim diabólico (1948), Janela indiscreta (1954), Um corpo que cai 
(1958), Psicose (1960) e Os pássaros (1963). 
Billy Wilder (1906- ), nasce em Viena, na Áustria. Trabalha como jornalista e crítico de arte. Muda-
se para a Alemanha, onde passa a escrever roteiros de cinema. A partir de 1933 vai para Hollywood 
e torna-se roteirista de diretores como Lubitsch e Howard Hawks. Sofisticado nas comédias e 
dramas, seus filmes marcam época e se tornam clássicos, como Crepúsculo dos deuses (1950), A 
montanha dos sete abutres (1951), uma crítica à imprensa marrom, e O pecado mora ao lado 
(1955), com a atriz Marilyn Monroe. 
Escola de Nova York – A partir de 1955, a reação ao sistema de estúdio vem com a Escola de Nova 
York, influenciada pelo neo-realismo italiano – Delbert Mann (Vidas separadas) e Martin Ritt 
(Despedida de solteiro) – e os jovens cineastas saídos da TV: Sidney Lumet (O homem do prego) e 
Arthur Penn (Um de nós morrerá). Surge um cinema inconformista, que aborda temas polêmicos: o 
conflito de gerações em Juventude transviada, de Nicholas Ray; a guerra em O julgamento de 
Nüremberg, de Stanley Kramer; injustiça social em Sindicato de ladrões, de Elia Kazan; sexo e 
intolerância moral em Clamor do sexo, de Kazan, ou Gata em teto de zinco quente, de Richard 
Brooks. 
Décadas de 60/70 – Nos anos 60, Stanley Kubrick (O Dr. Fantástico), John Frankenheimer (Sob o 
domínio do mal) e Sidney Pollack (A noite dos desesperados) continuam voltados para a crítica 
social e os problemas humanos. Na década de 70 Francis Ford Coppola (O poderoso chefão, 
Apocalypse now), Martin Scorsese (Taxi driver) e Robert Altman (Mash) dissecam aspectos 
traumáticos da sociedade americana, enquanto a tradição do musical é renovada por Bob Fosse 
(Cabaré) e a do cinema de humor por Woody Allen (Noivo neurótico, noiva nervosa), Mel Brooks (O 
jovem Frankenstein) e Blake Edwards (S.O.B.). Emigrados do Leste europeu, o tcheco Milos Forman 
(Um estranho no ninho) e o polonês Roman Polanski (Chinatown) aclimatam-se aos EUA. A era das 
superproduções renasce com Steven Spielberg (Encurralado) e George Lucas (Guerra nas estrelas). 
As bilheterias registram fenômenos de público, como Rocky, o lutador, que lança o ator e diretor 
Sylvester Stallone. 
Woody Allen (1935- ), Alan Stewart Konigsberg, ator, roteirista e diretor americano. Filho de um 
chofer de táxi e uma vendedora de floricultura, nasce em Manhattan, cenário de grande parte de 
seus filmes. Sempre tímido, descobre no humor uma forma de conquistar amizades. Inicia a carreira 
escrevendo piadas para um programa humorístico da NBC. Posteriormente, comanda shows em 
boates, quando, em 1965, Shirley McLaine e o produtor Charles Feldman o contratam como ator e 
roteirista do filme O que é que há gatinha? Um ano depois, estréia como diretor e seu humor 
inteligente e refinado produz grandes sucessos como Interiores (1978), A rosa púrpura do Cairo 
(1985), Hannah e suas irmãs (1986), Maridos e esposas (1992) e Um misterioso assassinato em 
Manhattan (1993). No final de 1991, se envolve num escândalo ao manter um romance com Soon-
YI, filha adotiva de Mia Farrow. 
Década de 80 – Esse período traz visões contestadoras da vida social nos filmes de Michael Cimino 
(O Franco-Atirador), Philip Kaufman (Os eleitos), David Lynch (Veludo azul), Brian de Palma (Carrie, 
a estranha), seguidor de Hitchcock; de roteiristas que passam à direção, como Lawrence Kasdan 
(Corpos ardentes) e Oliver Stone (Platoon); de jovens e competentes artesãos, como John Landis (O 
lobisomem americano em Londres) ou John Carpenter (Fuga de Nova York). Os independentes 
nova-iorquinos Jim Jarmusch (Daunbailó) e John Sayles (Lianna) fazem filmes baratos, influenciados 
pelo neo-realismo. Como já acontecera na época da 2a Guerra, a indústria importa diretores de 
outros países: os australianos Peter Weir (A testemunha) e George Miller (As bruxas de Eastwick), o 
argentino Luís Puenzo (Gringo velho), o brasileiro Hector Babenco (Ironweed), o francês Barbet 
Schroeder (Barfly) e o holandês Paul Verhoeven (Robocop). 
Produções recentes – Spike Lee (Malcolm X), Joel Coen (Barton Fink - delírios de Hollywood, A roda 
da fortuna), Steven Soderbergh (Sexo, mentiras e videoteipe), Hal Hartley (Confiança), o ator e 
diretor Tim Robbins (Bob Roberts), Jonathan Demme (O silêncio dos inocentes), Robert Rodriguez 
(El mariachi) e Tony Scott (Amor à queima-roupa) surgem como uma promessa de sangue novo 
para o cinema americano, ao lado de nomes já conhecidos: Scorsese (Cabo do medo, A época da 
inocência), Coppola (Drácula), Oliver Stone (JFK, a pergunta que não quer calar), Woody Allen 
(Neblinas e sombras) e Robert Altman (Short cuts - cenas da vida). 
REINO UNIDO - Depois dos documentaristas, a década de 60 assiste ao surgimento de 
uma nova tendência. 
Free cinema – A inquietação dos young angry men, os "jovens irados", vindos do teatro, cria o free 
cinema, "cinema livre", que rompe com as fórmulas tradicionais do realismo e o superficialismo de 
produções como os filmes de terror dos estúdios Hammer. Os cineastas procuram criar um cinemasocial de características nacionais, no qual não faltam humor, irreverência e um sentido poético: 
Tony Richardson (Odeio essa mulher), Karel Reisz (Tudo começou no sábado), Richard Lester (A 
bossa da conquista) e Jonh Schlesinger (Domingo maldito). 
Anos 80/90 – A década de 80, depois de uma fase de recesso, traz o humor irreverente do grupo Monty 
Python (A vida de Brian), do qual saem Terry Gilliam (Brazil) e Terry Jones (O sentido da vida). 
Aparecem bons artesãos logo envolvidos com grandes projetos: Alan Parker (O expresso da meia-noite), 
Roland Joffé (A missão), Ridley Scott (Blade Runner). Se muitos desses ingleses filmam nos EUA, há 
também americanos, como Joseph Losey (O mensageiro) ou James Ivory (Vestígios do dia), que rodam 
seus filmes na Grã-Bretanha. Saída da tevê, uma nova geração destaca-se por sua temática ousada e suas 
posturas acidamente críticas: Stephen Frears (Relações perigosas), Derek Jarman (Caravaggio), Neil 
Jordan (Traídos pelo desejo), Peter Greenaway (O cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante, A última 
tempestade), Michael Radford (1984) e Jim Sheridan (Meu pé esquerdo, Em nome do Pai). Já Kenneth 
Branagh tem raízes teatrais, que revela em Henrique V e Muito barulho por nada, adaptados de 
Shakespeare. 
 ALEMANHA - As décadas de 40 e 50 são marcadas pela estagnação. Nos anos 60 e 70, 
brilha o cinema novo alemão com os filmes amargurados de Rainer Fassbinder (As lágrimas 
amargas de Petra von Kant), o lirismo de Werner Herzog (O enigma de Kaspar Hauser), as 
experiências de Werner Schroeter (Macbeth) com a linguagem teatral e as felizes adaptações 
literárias de Volker Schloendorff (O jovem Törless, O tambor). 
Os anos 80 começam com a visão do universo feminino de Margarethe von Trotta (Os anos de 
chumbo), a adaptação da ópera Parsifal, de Wagner, por Hans-Jürlegen Syberberg, e a obra muito 
particular de Wim Wenders (Paris, Texas, Asas do desejo), considerado seguidor de Antonioni. O 
cinema alemão revela ainda Wolfgang Petersen (História sem fim), Robert Van Ackeren (Armadilha 
para Vênus), Rudolf Thome (O filósofo), Michael Verhoeven (Uma cidade sem passado), Doris Dorrie 
(Homens) e Percy Adlon (Bagdá Café). 
Werner Herzog (1942- ), diretor alemão, forma com Rainer Fassbinder e Win Wenders o trio central 
do novo cinema alemão. De família pobre, estuda história e literatura em sua cidade natal, Munique. 
Aos 15 anos, escreve o seu primeiro roteiro. Mais tarde, recebe uma bolsa para estudar nos Estados 
Unidos. Faz filmes e documentários em diversos países, como Aguirre, a cólera dos Deuses (1972) e 
Fitzcarraldo (1981), no Brasil e Peru, Fata Morgana (1969), na África, Coração de cristal (1976), na 
Irlanda, e Nosferatu e Woyzeck (1978), na Holanda e Tchecoslováquia. Trabalha para a tevê e 
publica todos os roteiros de seus filmes. 
Rainer Fassbinder (1945-1982) nasce na Baviera, deixa os estudos aos 19 anos e passa a integrar um 
grupo de teatro, em Munique. Posteriormente, trabalha como ator, roteirista e diretor no teatro, rádio, 
cinema e televisão. Influenciado pelos diretores Howards Hawks e Fritz Lang, encontra também no teatro 
de Brecht uma fonte de inspiração. Em 1968, dirige o seu primeiro longa-metragem. Em seus filmes, 
como Querelle (1982) e a trilogia O casamento de Maria Braun (1978), Lili Marlene (1980) e Lola 
(1981), estão sempre presentes temas relativos ao sexo, violência e degeneração. 
 PAÍSES NÓRDICOS - A crise sueca dos anos 20 só é contornada com o aparecimento de 
Ingmar Bergman (Morangos Silvestres), grande influência sobre cineastas de seu país – Alf 
Sjöberg (Senhorita Júlia), Vilgot Sjöman (Tabu), Lasse Hallström (Minha vida de cachorro) – 
e do mundo inteiro. Nos anos 80, prêmios internacionais fazem descobrir o novo cinema 
dinamarquês: Bille August (Pelle, o conquistador, A casa dos espíritos), Gabriel Axel (A festa 
de Babette), Lars von Trier (O elemento do crime), Kaspar Rostrup (Dançando pela vida) e 
Stellan Olsson (O grande dia na praia). Na Finlândia, destacam-se os filmes de tom irônico 
dos irmãos Aki (Os caubóis de Leningrado vão para a América) 
Ingmar Bergman (1918- ), cineasta e diretor teatral sueco, é um dos maiores nomes do cinema moderno. 
Filho de pastor protestante, desde a infância se dedica ao cinema e ao teatro. Seus primeiros filmes são 
influenciados pelo realismo poético francês, especialmente pelo diretor Marcel Carné. Depois, torna-se 
um renovador do cinema, com uma abordagem especial de seus temas principais: a incomunicabilidade, a 
ausência de Deus e o absurdo da condição humana. Seus principais filmes são O sétimo selo (1956), A 
hora do lobo (1968), Gritos e sussurros (1973), A flauta mágica (1975), O ovo da serpente (1979) e Fanny 
e Alexandre (1982), sua última e mais ambiciosa produção. 
 RÚSSIA - Para lembrar o vigésimo aniversário da malograda insurreição de 1905 contra o 
Czar Nicolau II, Sergei Eisenstein filmou O Encouraçado Potemkin, limitando a ação ao 
episódio do motim do navio e ao massacre civil nas escadarias da cidade de Odessa. Apesar 
do tom de documentário, o filme foi cuidadosamente construido em todos os níveis. A teoria 
da montagem final de Eisenstein, segundo ele próprio explicava, baseou-se na dialética 
marxista – que envolve a superação da tese e da antítese produzindo uma síntese – e, com a 
justaposição de técnicos (luz, ângulo da câmara e movimento), criou significados. A idéia do 
diretor era construir um herói coletivo, no caso as massas russas, representados pelos 
amotinados do encouraçado, o povo de Odessa (simpatizantes da causa) e insurrectos de 
outros navios criava assim, dois personagens coletivos e coerentes: o encouraçado e a 
cidade; o drama se construía com o diálogo e união de ambos. Além disso, Eisenstein 
introduziu no cinema o uso de atores não profissionais. Considerado no início como 
formalista, Eisenstein foi pouco a pouco quebrando a resistência do ortodoxo modelo artístico 
do realismo socialista e ganhando expressão dentro e fora de seu país. O Encouraçado 
Potemkin é hoje considerado um dos filmes que mais revolucionaram a história do cinema. 
A doutrina do realismo socialista, criada na década de 20, produz filmes de estilo conservador, fiéis 
à estética oficial: Quando voam as cegonhas, de Mikhail Kalatósov, e A balada do soldado, de Grigori 
Tchukhrai. Uma obra original é a de Andrei Tarkovski (Solaris). 
Com a perestroika, a partir de meados da década de 80, há maior liberdade na escolha de temas e 
na discussão de problemas políticos e sociais: Elem Klimov (Agonia), Tenguiz Abduladze (O 
arrependimento), Karen Tchakhnazarov (Cidade zero), Pavel Lounguine (Taxi blues), Serguei 
Paradjanov (Os cavalos de fogo) e Vassíli Pitchul, cujo Pequena Vera é o primeiro filme a abordar a 
insatisfação dos jovens com a falta de perspectivas para o futuro, ignorada pelo cinema oficial. 
Andrei Tarkovski (1932-1986) nasce no distrito de Ivanov, na Rússia, e cresce em uma vila de artistas 
próxima de Moscou. Filho de poeta, estuda desde cedo os mais diversos assuntos – música, pintura, 
escultura, árabe e geologia. Em 1954, cursa a Escola de Cinema de Moscou e realiza seu primeiro longa-
metragem, A infância de Ivan, na década de 60. Seu filme Andrei Rublev (1966) é considerado 
antinacionalista e fica retido durante cinco anos na URSS. Sua obra é marcada por longos planos e ritmo 
lento, como em Stalker (1979), Nostalgia (1982) e O sacrifício (1986). 
 JAPÃO - A premiação de Rashomon, de Akira Kurosawa, no Festival de Veneza de 1951, faz 
o Ocidente descobrir uma produção de extrema originalidade, que enfoca tanto temáticas 
tradicionais quanto assuntos contemporâneos. Kenzo Mizoguchi (Contos da lua vaga), 
Teinosuke Kinugasa (As portas do inferno), Kaneto Shindo (A ilha nua), Masaki Kobayashi 
(Harakiri), Hiroshi Teshigahara (Mulher da areia), Yasuhiro Ozu (Dia de outono) e Shohei 
Imamura (A balada de Narayama)são alguns de seus grandes nomes. 
Na nova geração, destacam-se Nagisa Oshima (O império dos sentidos), questionado no Japão como 
muito ocidentalizado, Juzo Itami (Tampopo), Katsuhiro Otomo (Akira), Mitsuo Kurotsuchi 
(Engarrafamento), Kazuo Hara (O exército nu do imperador) e Kohei Oguri (O ferrão da morte). 
Akira Kurosawa (1910- ) é o nome mais importante do cinema no Japão. Trabalha como pintor e 
ilustrador de revistas em anúncios publicitários. No cinema, começa como assistente de direção. É o 
responsável pela projeção internacional da cinematografia de seu país, a partir do êxito comercial de 
Rashomon (1950) e Os sete samurais (1954). Recupera-se de séria crise pessoal, em que tenta o suicídio 
em meados dos anos 70, e dirige Dersu Uzala (1975), na União Soviética, que entra como co-produtora. 
Com a ajuda do cineasta norte-americano Francis Ford Coppola, faz um retorno aos temas do Japão 
medieval em Kagemusha (1980). Em 1985, com Ran, realiza uma adaptação de O rei Lear, de 
Shakespeare. Na década de 90, filma Sonhos, Rapsódia em agosto e Madadayo. 
 CHINA - A primeira classe formada pela Academia de Cinema chinesa, após sua reabertura 
na década de 70 – conhecida como quinta geração –, revela grandes nomes, como Zhang 
Yimou (Lanternas vermelhas, Ju Dou - amor e sedução, A história de Qiu Ju), premiado no 
Festival de Veneza de 1991, e Chen Kaige, ganhador da Palma de Ouro do Festival de Cannes 
de 1993 com Adeus minha concubina. Ao contrário de Yimou, um inovador da linguagem, 
Kaige retrata a Revolução Cultural de seu país com sarcasmo, usando cacoetes do cinema 
ocidental. 
 CINEMA NO BRASIL - Em quase 100 anos de existência, o cinema brasileiro produz cerca de 2 
mil filmes e conquista mais de 50 prêmios internacionais, mas encontra dificuldades em se 
estabelecer como indústria. Com a chanchada, nos anos 30, começa a se formar um mercado 
consumidor. Na produção, o investimento mais ousado é a inauguração, em 1949, dos estúdios da 
Vera Cruz, que fracassa cinco anos depois. A partir dos anos 50 e 60 o cinema novo introduz 
temáticas e linguagens nacionais. A criação da Embrafilme, organismo estatal que financia, co-
produz e distribui filmes, em 1969, cria condições para que a produção nacional se multiplique, e 
o país chega nos anos 80 ao auge do cinema comercial, produzindo até 100 filmes em um ano. No 
final da década o modelo estatal entra em crise, que tem seu ápice com a extinção da Embrafilme, 
em 1990. Alguns sinais de vitalidade são notados, a partir de 1993, na forma de uma produção 
limitada, mas de boa qualidade. 
 ORIGEM - Em 8/7/1896, apenas sete meses depois da histórica exibição dos filmes dos irmãos 
Lumière em Paris, realiza-se, no Rio de Janeiro, a primeira sessão de cinema no país. Um ano 
depois, Paschoal Segreto e José Roberto Cunha Salles inauguram, na rua do Ouvidor, uma sala 
permanente. Em 1898, Afonso Segreto roda o primeiro filme brasileiro: algumas cenas da baía de 
Guanabara. Seguem-se pequenos filmes sobre o cotidiano carioca e filmagens de pontos 
importantes da cidade, como o Largo do Machado e a Igreja da Candelária, no estilo dos 
documentários franceses do início do século. 
 PRIMEIROS FILMES - Durante dez anos o cinema brasileiro praticamente inexiste devido à 
precariedade no fornecimento de energia elétrica. A partir de 1907, com a inauguração da 
usina de Ribeirão das Lages, mais de uma dezena de salas de exibição são abertas no Rio de 
Janeiro e em São Paulo. A comercialização de filmes estrangeiros é seguida por uma 
promissora produção nacional. Documentários em curta-metragem abrem caminho para 
filmes de ficção cada vez mais longos. Os estranguladores (1908), de Antônio Leal, baseado 
em fato policial verídico, com cerca de 40 minutos de projeção, é considerado o primeiro 
filme de ficção brasileiro, tendo sido exibido mais de 800 vezes. Esse filão é exaustivamente 
explorado, e outros crimes da época são reconstituídos em Noivado de sangue, Um drama na 
Tijuca e A mala sinistra. 
FORMAÇÃO DOS GÊNEROS - Forma-se, entre 1908 e 1911, um centro carioca de produção de 
curtas que, além da ficção policial, desenvolve vários gêneros: melodramas tradicionais (A cabana 
do Pai Tomás), dramas históricos (A república portuguesa), patrióticos (A vida do barão do Rio 
Branco), religiosos (Os milagres de Nossa Senhora da Penha), carnavalescos (Pela vitória dos 
clubes) e comédias (Pega na chaleira, As aventuras de Zé Caipora). A maior parte é realizada por 
Antônio Leal e José Labanca, na Photo Cinematographia Brasileira. Essa produção variada sofre uma 
sensível redução nos anos seguintes, sob o impacto da concorrência estrangeira. Há um êxodo dos 
profissionais da área para atividades comercialmente mais viáveis. Outros sobrevivem fazendo 
"cinema de cavação" (documentários sob encomenda). Dentro desse quadro, há manifestações 
isoladas: Luiz de Barros (Perdida), no Rio de Janeiro, José Medina (Exemplo regenerador), em São 
Paulo, e Francisco Santos (O crime dos banhados), em Pelotas (RS). A partir de 1915 é produzido 
um grande número de fitas inspiradas na nossa literatura, em especial na romântica Inocência, A 
Moreninha, O Guarani e Iracema. O italiano Vittorio Capellaro é o cineasta que mais se dedica a essa 
temática. 
Filme cantado – Paralelamente, Cristóvão Guilherme Auler e Francisco Serrador realizam os chamados 
filmes cantados ou falados, em que os artistas se escondem atrás das telas e acompanham com a voz a 
movimentação das imagens. Algumas dessas fitas são apresentadas centenas de vezes, como A viúva 
alegre, em três versões realizadas por Antônio Leal, Cristóvão Auler e Francisco Serrador. Dentro desse 
estilo, destaca-se Paz e amor (1910), produzido por Auler e filmado por Alberto Botelho, o primeiro no 
gênero de filme-revista, que focaliza figuras e acontecimentos político-sociais da época. 
 CICLOS REGIONAIS - Em 1923 a produção – que se limitava ao Rio de Janeiro e São Paulo 
– estende-se a Campinas (SP), Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. 
Na cidade mineira de Cataguases, o fotógrafo italiano Pedro Comello inicia experiências 
cinematográficas com o jovem Humberto Mauro e, juntos, produzem Os três irmãos (1925) e Na 
primavera da vida (1926). O movimento gaúcho, de menor expressão, destaca Amor que redime 
(1928), um melodrama urbano, moralista e sentimental, de Eduardo Abelim e Eugênio Kerrigan. Em 
Campinas, Amilar Alves ganha prestígio com o drama regional João da Mata (1923). 
O ciclo pernambucano, com Edson Chagas e Gentil Roiz, é o que mais produz. Os primeiros filmes, 
de 1925, Retribuição e Jurando vingar, são de aventuras, que contam até com personagens que 
lembram caubóis. Os temas regionais aparecem com os jangadeiros de Aitaré da praia, com os 
coronéis de Reveses e Sangue de irmão, ou com o cangaceiro de Filho sem mãe. 
Em São Paulo, José Medina, acompanhado do cinegrafista Gilberto Rossi, dirige o longa Fragmentos 
da vida, em 1929. No mesmo ano, é lançado o primeiro filme nacional inteiramente sonorizado: 
Acabaram-se os otários, de Luiz de Barros. No Rio de Janeiro, em 1930, Mário Peixoto realiza o 
vanguardista Limite, influenciado pelo cinema europeu. 
Humberto Mauro (1897-1983) é considerado o primeiro grande cineasta revelado pelo cinema brasileiro. 
Nasce em Volta Grande (MG), mudando-se ainda na infância para Cataguases, onde atua no teatro 
amador. Cursa o primeiro ano de engenharia em Belo Horizonte, enquanto trabalha no Minas Gerais, o 
diário oficial do Estado. Na década de 20, conhece o fotógrafo Pedro Comello, com quem faz os 
primeiros filmes. Na primavera da vida, Tesouro perdido (1927), Brasa dormida (1928) e Sangue mineiro 
(1929) formam a fase de Cataguases. Em 1930 vai para o Rio e produz filmes pela Cinédia. Em 1933, 
realiza Ganga bruta, sua maior obra-prima. Em 1937, produz documentários para o Instituto Nacional de 
Cinema Educativo (INCE). Seuúltimo filme, Carro de boi (1974), trata de temas da infância e juventude. 
 HOLLYWOOD BRASILEIRA - A partir de 1930, a infra-estrutura para a produção de filmes 
se sofistica com a instalação do primeiro estúdio cinematográfico no país, o da companhia 
Cinédia, no Rio de Janeiro. Em 1941 é criada a Atlântida, que centraliza a produção de 
chanchadas cariocas. A reação paulista acontece mais tarde com o ambicioso estúdio da Vera 
Cruz, em São Bernardo do Campo. 
CINÉDIA - Adhemar Gonzaga idealiza a Cinédia, que se dedica a produzir dramas populares e 
comédias musicais, que ficam conhecidas pela denominação genérica de chanchadas. Humberto 
Mauro assina o primeiro filme da companhia, Lábios sem beijos. Em 1933, dirige, com Adhemar 
Gonzaga, A voz do carnaval, com a cantora Carmen Miranda. A Cinédia, com a comédia musical – 
como Alô, alô, Brasil, alô, alô, Carnaval e Onde estás, felicidade? –, lança atores como Oscarito e 
Grande Otelo. 
ATLÂNTIDA - Fundada em 1941 por Moacir Fenelon, Alinor Azevedo e José Carlos Burle, estréia 
com Moleque Tião, filme que já dá o tom das primeiras produções: a procura de temas brasileiros. 
Logo, porém, predomina a chanchada, com baixo custo e com grande apelo popular, como Nem 
Sansão nem Dalila, de Carlos Manga, e Aviso aos navegantes, de Watson Macedo, com Anselmo 
Duarte no elenco. Esse gênero domina o mercado até meados de 1950, promovendo comediantes 
como Oscarito, Zé Trindade, Grande Otelo e Dercy Gonçalves. 
Anselmo Duarte (1920- ), nascido em Salto (SP), muda-se para o Rio de Janeiro nos anos 40. 
Trabalha como ator em diversas produções – Pinguinho de gente, pela Cinédia, Terra violenta, na 
Atlântida, Sinhá Moça, pela Vera Cruz – e conquista o título de maior galã do cinema nacional. 
Começa a trabalhar como argumentista e assistente de direção com Watson Macedo, que considera 
seu mestre. Dirige curtas e estréia na direção, em 1957, com Absolutamente certo. Em 1962 dirige 
O pagador de promessas, filme premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Prossegue na 
direção com Vereda da salvação (1964), O descarte (1973) e Os trombadinhas (1978), entre outros. 
VERA CRUZ - Empreendimento grandioso, a Companhia Vera Cruz surge em São Paulo, em 1949. 
Renegando a chanchada, contrata técnicos estrangeiros e ambiciona produções mais aprimoradas, 
como: Floradas na serra, do italiano Luciano Salce, Tico-tico no fubá, de Adolfo Celli, e O canto do 
mar, de Alberto Cavalcanti, que volta da Europa para dirigir a Vera Cruz. O cangaceiro (1953), de 
Lima Barreto, faz sucesso internacional, iniciando o ciclo de filmes sobre cangaço. Amácio Mazzaropi 
é um dos grandes salários da companhia, vivendo o personagem caipira mais bem-sucedido do 
cinema nacional. A ausência de um esquema viável de distribuição é apontada como a principal 
causa do fracasso da Vera Cruz. 
Amácio Mazzaropi (1912-1981) nasce em São Paulo. De família pobre, aos 14 anos foge de casa 
para ser ajudante de faquir, em uma trupe ambulante. Adquire sucesso fazendo números cômicos. 
Trabalha na Rádio Tupi, onde faz um programa em que conversa com os caipiras de São Paulo. Em 
1952, é contratado pela Vera Cruz e realiza Sai da frente (1952), Nadando em dinheiro (1953) e 
Candinho (1954). O fim da companhia não interrompe sua carreira. Filma a seguir A carrocinha 
(1955), O gato da madame (1956) e consagra-se com o caipira de Jeca Tatu (1959). Na década de 
70, continua produzindo: Um caipira em Bariloche (1971) e A banda das velhas virgens (1979). 
 
 IDENTIDADE NACIONAL - Em meados da década de 50, começa a surgir uma estética 
nacional. Nesta época são produzidos Agulha no palheiro (1953), de Alex Viany, Rio 40 graus 
(1955), de Nelson Pereira dos Santos, e O grande momento (1958), de Roberto Santos, 
inspirados no neo-realismo italiano. A temática e os personagens começam a expressar uma 
identidade nacional e lançam a semente do Cinema Novo. Paralelamente, destaca-se o 
cinema de Anselmo Duarte, premiado em Cannes, em 1962, com O pagador de promessas, e 
dos diretores Walther Hugo Khouri, Roberto Farias (Assalto ao trem pagador) e Luís Sérgio 
Person (São Paulo S.A.). 
Nelson Pereira dos Santos (1928- ), nasce em São Paulo e, no final da década de 40, freqüenta 
cineclubes e já faz curtas de 16 mm. Em 1953 muda-se para o Rio de Janeiro, onde trabalha como 
jornalista a partir de 1957. Faz também assistência de direção, montagem, produção e trabalha 
também como ator. Na direção, seu filme de estréia, Rio 40 graus (1954), marca uma nova fase no 
cinema brasileiro, de busca da identidade nacional, seguido por Rio Zona Norte (1957), Vidas secas 
(1963), Amuleto de Ogum (1974), Memórias do cárcere (1983), Jubiabá (1985) e A terceira 
margem do rio (1994). No centenário do cinema, em 1995, é convidado pelo British Film Institute 
para dirigir um filme comemorativo, ao lado de diretores como Martin Scorsese e Bernardo 
Bertolucci. 
Roberto Santos (1928-1987), nasce em São Paulo e, em 1950, cursa o Seminário de Cinema. 
Trabalha nos estúdios da Multifilmes e Vera Cruz, como continuista e assistente de direção. A partir 
de 1966 leciona cinema e roteiro na Escola Superior de São Luís e na ECA-USP. Posteriormente, 
realiza alguns documentários, Retrospectivas e Judas na passarela, na década de 70. O grande 
momento, de 1958, seu filme de estréia, aproxima-se do neo-realismo e reflete os problemas sociais 
brasileiros. Seguem, entre outros, A hora e a vez de Augusto Matraga (1965), Um anjo mau (1971) 
e Quincas Borbas (1986). 
Walter Hugo Khouri (1929- ), paulista, produz e dirige teleteatros para a TV Record, na década de 
50. Trabalha como crítico de cinema e jornalista. Nos estúdios da Vera Cruz, começa fazendo 
preparação de produção e, em 1964, passa à frente da companhia. Influenciado por Bergman, sua 
produção enfoca os problemas existenciais, com trilha sonora refinada, diálogos inteligentes e 
mulheres sensuais. Autor completo de seus filmes, faz roteiro, direção, orienta a montagem e a 
fotografia. Depois de O gigante de pedra (1952), seu primeiro filme, seguem-se Noite vazia (1964), 
O anjo da noite (1974), Amor estranho amor (1982), Eu (1986) e Forever (1988), entre outros. 
CINEMA NOVO - "Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça" é o lema de cineastas que, nos 
anos 60, se propõem a realizar filmes de autor, baratos, com preocupações sociais e enraizados na 
cultura brasileira. Vidas secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos, é o precursor. Deus e o diabo 
na terra do sol, de Glauber Rocha, e Os fuzis, de Rui Guerra, também pertencem à primeira fase, 
concentrada na temática rural, que aborda problemas básicos da sociedade brasileira, como a 
miséria dos camponeses nordestinos. Após o golpe de 64, a abordagem centraliza-se na classe 
média urbana, como em A falecida, de Leon Hirszman, O desafio, de Paulo César Sarraceni, e A 
grande cidade, de Carlos Diegues, que imprimem nova dimensão ao cinema nacional. 
Com Terra em transe (1967), de Glauber Rocha, o Cinema Novo evolui para formas alegóricas, 
como meio de contornar a censura do Regime Militar. Dessa fase, destacam-se Macunaíma, de 
Joaquim Pedro de Andrade, Brasil ano 2000, de Walter Lima Jr., O bravo guerreiro, de Gustavo 
Dahl, e Pindorama, de Arnaldo Jabor. 
Glauber Rocha (1939-1981) é o grande nome do cinema brasileiro. Nasce em Vitória da Conquista, 
Bahia, e inicia a carreira em Salvador, como crítico de cinema e documentarista, realizando O pátio 
(1959) e Uma cruz na praça (1960). Com Barravento (1961), é premiado no Festival de Karlovy 
Vary, na Tchecoslováquia. Deus e o diabo na terra do sol (1964), Terra em transe (1967) e O 
dragão da maldade contra o santo guerreiro (1969) ganham prêmios no exterior e projetam o 
Cinema Novo. Nesses filmes predomina uma linguagem nacional e de caráter popular, que se 
distingue daquela do cinema comercial americano, presente em seus últimos filmes, como Cabeçascortadas (1970), filmado na Espanha, e A idade da terra (1980). 
Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988) nasce no Rio de Janeiro e cursa a UFRJ. Recebe influências 
do professor do cinema mudo e fundador do primerio cineclube brasileiro, Plínio Sussekind Rocha. 
Na primeira experiência profissional, trabalha como assistente de direção. No final da década de 50, 
dirige seus primeiros curtas – Poeta do castelo e O mestre de Apipucos – com os quais consegue 
uma bolsa para estudar cinema na França e em Londres. De volta ao Brasil, participa do Cinema 
Novo e dirige importantes obras, como Cinco vezes favela – 4o episódio: Couro de gato – (1961), 
Garrincha, alegria do povo (1963), O padre e a moça (1965), Macunaíma (1969) e Os inconfidentes 
(1971). 
CINEMA MARGINAL - No final da década de 60, jovens diretores ligados de início ao Cinema Novo 
vão, aos poucos, rompendo com a antiga tendência, em busca de novos padrões estéticos. O 
bandido da luz vermelha, de Rogério Sganzerla, e Matou a família e foi ao cinema, de Júlio 
Bressane, são os filmes-chave dessa corrente underground alinhada com o movimento mundial de 
contracultura e com a explosão do tropicalismo na MPB. 
Dois autores têm, em São Paulo, suas obras consideradas como inspiradoras do cinema marginal: 
Ozualdo Candeias (A margem) e o diretor, ator e roteirista José Mojica Marins (No auge do desespero, À 
meia-noite levarei sua alma), mais conhecido como Zé do Caixão. 
 TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS - Em 1966 o Instituto Nacional de Cinema (INC) 
substitui o INCE, e a Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme) é criada em 1969 para 
financiar, co-produzir e distribuir os filmes brasileiros. Há então uma produção diversificada 
que atinge o auge em meados dos anos 80 e, gradativamente, começa a declinar. Alguns 
sinais de recuperação são notados em 1993. 
DÉCADA DE 70 - Remanescentes do Cinema Novo ou cineastas estreantes, em busca de um estilo 
de maior comunicação popular, produzem obras significativas São Bernardo, de Leon Hirszman; 
Lição de amor, de Eduardo Escorel; Dona Flor e seus dois maridos, de Bruno Barreto; Pixote, de 
Hector Babenco; Tudo bem e Toda a nudez será castigada, de Arnaldo Jabor; Como era gostoso o 
meu francês, de Nelson Pereira dos Santos; A dama do lotação, de Neville d'Almeida; Os 
inconfidentes, de Joaquim Pedro de Andrade, e Bye, bye, Brasil, de Cacá Diegues, que reflete as 
transformações e contradições da realidade nacional. 
Pedro Rovai (Ainda agarro essa vizinha) e Luís Sérgio Person (Cassy Jones, o magnífico sedutor) 
renovam a comédia de costumes numa linha seguida por Denoy de Oliveira (Amante muito louca) e 
Hugo Carvana (Vai trabalhar, vagabundo). 
Arnaldo Jabor (1940- ), carioca, começa escrevendo críticas de teatro. Em 1962 edita a revista 
Movimento e freqüenta o cineclube da PUC-RJ. Dois anos depois faz o curso de cinema Itamaraty-
Unesco. Participa do movimento do Cinema Novo. Faz curtas – O circo e Os saltimbancos – e estréia 
no longa-metragem com o documentário Opinião pública (1967). Realiza, em seguida, Pindorama 
(1970). Adapta dois textos de Nelson Rodrigues: Toda nudez será castigada (1973) e O casamento 
(1975). Prossegue com Tudo bem (1978), Eu te amo (1980) e Eu sei que vou te amar (1984). 
Carlos Diegues (1940- ), alagoano, muda-se ainda na infância para o Rio de Janeiro. Cacá Diegues 
dirige filmes experimentais aos 17 anos. Faz críticas de cinema e desenvolve atividades como 
jornalista e poeta. Nos anos 60, passa 40 dias na cinemateca de Paris, assistindo a vários clássicos. 
Posteriormente, dirige curtas e trabalha como argumentista e roteirista. Um dos fundadores do 
Cinema Novo, realiza Ganga Zumba (1963), Quando o carnaval chegar (1972), Joana Francesa 
(1973), Xica da Silva (1975), Bye, bye Brasil (1979) e Quilombo (1983), entre outros. 
Hector Eduardo Babenco (1946- ), produtor, diretor e roteirista, nasce em Buenos Aires. 
Naturalizado brasileiro, passa a viver em São Paulo, a partir de 1969. Inicia no cinema como 
figurante no filme Caradura, de Dino Risi, filmado na Argentina, em 1963. Na Europa, trabalha como 
assistente de direção. Em 1972, já no Brasil, funda a HB Filmes e dirige curtas como Carnaval da 
vitória e Museu de Arte de São Paulo. No ano seguinte, faz o documentário O fabuloso Fittipaldi. Seu 
primeiro longa-metragem, O rei da noite (1975), retrata a trajetória de um boêmio paulistano. 
Seguem Lúcio Flávio, o passageiro da agonia (1977), Pixote, a lei do mais fraco (1980), O beijo da 
mulher aranha (1985) e Brincando nos campos do senhor (1990). 
Pornochanchada – No esforço para reconquistar o público perdido, a "Boca do Lixo" paulista produz 
"pornochanchadas". Influência de filmes italianos em episódios, retomada de títulos chamativos e 
eróticos, e reinserção da tradição carioca na comédia popular urbana, marcam uma produção que, 
com poucos recursos, consegue uma boa aproximação com o público, como Memórias de um gigolô, 
Lua-de-mel e amendoim e A viúva virgem. No início dos anos 80, evoluem para filmes de sexo 
explícito, de vida efêmera. 
DÉCADA DE 80 - A abertura política favorece a discussão de temas antes proibidos, como em Eles 
não usam black-tie, de Leon Hirszman, e Pra frente, Brasil, de Roberto Farias, que é o primeiro a 
discutir a questão da tortura. Jango e Os anos JK, de Silvio Tendler, relatam a História recente e 
Rádio auriverde, de Silvio Back, dá uma visão polêmica da atuação da FEB na 2a Guerra. Arnaldo 
Jabor faz Eu te amo e Eu sei que vou te amar. Surgem novos diretores – Lael Rodrigues (Bete 
Balanço), André Klotzel (Marvada carne e Susana Amaral (A hora da estrela). No final da década, a 
retração do público interno e a atribuição de prêmios estrangeiros a filmes brasileiros fazem surgir 
uma produção voltada para a exibição no exterior: O beijo da mulher aranha, de Hector Babenco, e 
Memórias do cárcere, de Nelson Pereira dos Santos. As funções da Embrafilme, já sem verbas, 
começam a esvaziar-se, em 1988, com a criação da Fundação do Cinema Brasileiro. 
DÉCADA DE 90 - A extinção da Lei Sarney e da Embrafilme e o fim da reserva de mercado para o 
filme brasileiro fazem a produção cair quase a zero. A tentativa de privatização da produção esbarra 
na inexistência de público num quadro onde é forte a concorrência do filme estrangeiro, da tevê e 
do vídeo. Uma das saídas é a internacionalização, como em A grande arte, de Walter Salles Jr., co-
produzida com os EUA. O 25o Festival de Brasília (1992) é adiado por falta de filmes concorrentes. 
No de Gramado, internacionalizado para poder sobreviver, só se inscrevem, em 1993, dois filmes 
brasileiros: Capitalismo selvagem, de André Klotzel, e Forever, de Walter Hugo Khouri, rodado com 
financiamento italiano. 
A partir de 1993 há uma retomada da produção, através do Programa Banespa de Incentivo à 
Indústria Cinematográfica e do Prêmio Resgate Cinema Brasileiro, instituído pelo Ministério da 
Cultura. Diretores recebem financiamentos para a produção, finalização e comercialização dos 
filmes. Aos poucos, as produções vão aparecendo, como A terceira margem do rio, de Nelson 
Pereira dos Santos, Alma corsária, de Carlos Reichenbach, Lamarca, de Sérgio Rezende, Vagas para 
moças de fino trato, de Paulo Thiago, Não quero falar sobre isso agora, de Mauro Farias, Barrela – 
escola de crimes, de Marco Antônio Cury, O Beijo 2348/72, de Walter Rogério, e A Causa Secreta, 
de Sérgio Bianchi. A parceria entre televisão e cinema se realiza em Veja esta canção, dirigida por 
Carlos Diegues e produzida pela TV Cultura e pelo Banco Nacional. 
Em 1994, novas produções, em preparação ou mesmo finalizadas, apontam: Era uma vez, de Arturo 
Uranga, Perfume de gardênia, de Guilherme de Almeida Prado, O corpo, de José Antonio Garcia, Mil 
e uma, de Susana Moraes, Sábado, de Ugo Giorgetti, As feras, de Walter Hugo Khouri, Foolish heart, 
de Hector Babenco, Um grito de amor, de Tizuka Yamasaki,e O cangaceiro, de Carlos Coimbra, um 
remake do filme de Lima Barreto.

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