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MANICOMIOS JUDICIARIO HISTORIA E ATUALIDADE

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INSTITUTO ESPERANÇA DE ENSINO SUPERIOR
BACHARELADO EM PSICOLOGIA
HARNON GABRIEL FIGUEIREDO FERREIRA
MARIA ALINNY NASCIMENTO SARAFIM
SÚSANE MIRANDA DE SOUZA
THIAGO SOUSA SOARES
MANICÔMIOS JUDICIÁRIOS: história e atualidade
SANTARÉM - PARÁ
2017
INSTITUTO ESPERANÇA DE ENSINO SUPERIOR
BACHARELADO EM PSICOLOGIA
HARNON GABRIEL FIGUEIREDO FERREIRA  
MARIA ALINNY NASCIMENTO SARAFIM
SÚSANE MIRANDA DE SOUZA
THIAGO SOUSA SOARES
MANICÔMIOS JUDICIÁRIOS: história e atualidade
O artigo manicômios judiciários, desenvolvidos na matéria de Psicologia Institucional no Esperança de Ensino Superior orientado pela docente Mestra Lívia Cristinne Arrelias Costa.
SANTARÉM - PARÁ
2017
INSTITUTO ESPERANÇA DE ENSINO SUPERIOR
BACHARELADO EM PSICOLOGIA
HARNON GABRIEL FIGUEIREDO FERREIRA  
MARIA ALINNY NASCIMENTO SARAFIM
SÚSANE MIRANDA DE SOUZA
THIAGO SOUSA SOARES
MANICÔMIOS JUDICIÁRIOS: história e atualidade
Avaliado por:
_________________________________________________
Lívia Cristinne Arrelias Costa
Data: _____/____/____
SANTARÉM - PARÁ
2017
RESUMO
Este artigo de revisão bibliográfica objetivou discutir o processo histórico e atual dos manicômios judiciários, em alguns países pessoas que cometem crimes e são consideradas inimputável devido à presença de algum tipo doença ou perturbação mental são condenadas a viver em hospitais psiquiátricos, em outros eram colocadas em anexos de presídios, no caso do Brasil, o Código Penal de 1890 apenas dizia que eram penalmente irresponsáveis, eram entregues aos seus familiares, os mesmos eram responsabilizados de cuidar dessas pessoas ou colocá-las em hospitais. O Dec.1132 de 22/12/ 1903, vem para estabelecer que cada estado deveria promover a implantação e construção de manicômios judiciários, afins de abrigar e tratar os “criminosos loucos” assim considerados pela sociedade. Com a Declaração de Caracas em 1990, estabelece então a reforma psiquiátrica, a partir de um processo longo de movimentos de trabalhadores da aria da saúde mental, resultando na Lei nº 9.867, de 10 de novembro de 1999, Lei essa que permite o desenvolvimento de programas de suporte psicossocial para os pacientes psiquiátricos em acompanhamento nos serviços comunitários. Atualmente propõe-se a implementação do CAPSj, e o já implantado PAI-PJ em Minas Gerais para atender essas pessoas, lhes proporcionando novos meios de assistência em saúde mental, assim como seus familiares que também estão sujeitos a o adoecimento psíquico devido o contesto em que estão inseridos. Bleger quando fala de psicologia institucional que é uma pratica que vai para além dos limites de um consultório, nos traz também a necessidade da psicologia se inserir no contesto social em que essas pessoas se encontram, promovendo a psico – higiene, onde a mesma tem como objetivo a promoção da saúde e do bem – estar dos grupos da instituição. Esse trabalho justificou-se pela necessidade de analisar a trajetória dos manicômios judiciários e a partir disso propor um olhar mais humanizado para esses seres humanos que são jogadas a margem da sociedade, e nos levando a pensar em práticas que venham assegurar a integridade dessas pessoas. 
Palavras-Chave: Manicômio Judiciário, “Criminosos Loucos”, Psicologia Institucional.
INTRODUÇÃO
Os Manicômios Judiciários do Brasil tem sido uma temática de estudos e debates entre pesquisadores e estudiosos que visam abranger o conhecimento em torno de como essas instituições tem sido manejadas e designadas em prol desses loucos/infratores, assim descrito pelo poder judiciário e médico-psiquiátrico. Por muito tempo, inclusive até os dias atuais vem sendo discutido e criticado a forma de tratamento desses internos, que durante anos são reclusos nesse espaço sendo de suma importância trazer à tona a real vivência desses indivíduos.
O presente artigo tem como objetivo analisar e fazer um resgate sócio histórico dos Manicômios Judiciário constituído anteriormente e atualmente, na busca por essas informações tendo o intuito de explanar como se dá o processo institucionalizam-te dentro desse determinado ambiente. Assim, nos embasaremos teoricamente na história dos manicômios judiciários com materiais de possível acesso acadêmico dentro dos seus contextos históricos, agregando um saber histórico a respeito do tema, possibilitando a incorporação de novas discussões e conhecimento sobre o mesmo. 
O âmbito que compreende a extensão ou amplitude particular em que os fenômenos são abarcados para seu estudo ou para a atividade profissional, é, na psicologia institucional por certo a instituição. Psicologia institucional abarca, então, o conjunto de organismos de existência física concreta, que têm certo grau de permanência em algum campo ou setor específico da atividade ou vida humana, para estudar neles todos os fenômenos humanos que se dão em relação com a estrutura, a dinâmica, funções e objetivos da instituição.
Elencaremos sobre os órgãos protetores que são disponibilizados a esse público que são destinados aos manicômios judiciários, caracterizados como louco-criminoso/infrator que e descrito como incapazes de conviver em ambiente social. PAI-PJ (Programa de Atenção Integral ao Paciente Judiciário), age como um dispositivo conector, demonstra a possibilidade de promoção da ampliação dos laços de sociabilidade dos loucos infratores e o CAPSj ( Centro Atenção Psicossocial Judicial), visa atender os usuários internos em hospitais de custódia, manicômios judiciários ou alas de tratamento psiquiátrico de presídios.
Por fim abordar sobre esse tema se tornou relevante para assim fazer se um balaço ou um apanhado geral de como tem se estruturado esses sistemas prisionais destinados a esses indivíduos infratores, de como tem ocorrido essas práticas desse órgão que tem como responsabilidade reinserir esse sujeito em sociedade novamente, e não o deixar recluso e trancafiado e esquecido como ocorreu durante anos.
PSICOLOGIA INSTITUCIONAL 
A psicologia institucional caracteriza-se pelo âmbito, em outras palavras, as instituições e por seus modelos conceituais; dentro de sua estratégia inclui-se, como parte fundamental, o enquadramento da tarefa e administração de recursos. Para o autor, o âmbito que compreende a extensão ou amplitude particular em que os fenômenos são abarcados para seu estudo ou para a atividade profissional, é, na psicologia institucional por certo a instituição. Este termo tem diversos sentidos que requerem ser, aqui, superficialmente examinados (BLEGER, 1984).
Psicologia institucional abarca, então, o conjunto de organismos de existência física concreta, que têm um certo grau de permanência em algum campo ou setor específico da atividade ou vida humana, para estudar neles todos os fenômenos humanos que se dão em relação com a estrutura, a dinâmica, funções e objetivos da instituição. Com está definição, sublinha-se que a psicologia institucional não correspondem, por exemplo, as leis enquanto instituições e sim os organismos em que concretamente se aplicam ou funcionam como por exemplo, tribunais, prisões, etc. ditas leis em sua forma específica (BLEGER, 1984).
Segundo Guirado (2010), o trabalho analítico é uma organização da realidade no pensamento. Ele será, portanto, a atribuição de uma determinada ordem ao real. A primeira ordenação se dá quando, conforme dissemos, pensa-se este real a partir de ângulos ou planos que guardam uma especificidade e que permitam o abandono do mito de uma análise que reproduza uma totalidade, ou que a “capte” como tal. Devemos ter clareza que este é um dos planos da realidade institucional e com ele não podemos afirmar que a instituição seja isto o aquilo. Ela será isto ou aquilo na reordenação que dela faz o trabalho analítico.
A análise assume, dessa forma, inevitavelmente, uma prática teórica que conhece ou reconhece partes doreal, na maneira mesma como são produzidas. Com isso Guilhon verbera que a Análise Institucional pode fazer parte de dois momentos primíssimos, a primeira é como disciplina, onde se aborda procedimento ideológicos e de poder, tendo em vista essas instituições concretas, a segunda é a política, é um braço que intervém na área psicossocial em instituições, organizações e grupos, e movimentos que estão destinado a planejar doutrinas “institucionalista” e modifica a realidade.
Através das teorias de Guilhon de Albuquerque em um alto grau de técnica dos seus estudos sobre a Metáfora da Desordem e Instituições de poder deixando o leitor impressionado e confuso pela complexidade de suas pesquisas. Sendo de grande importância obter uma leitura e busca mais aprofundado sobre suas obras, para se ter um embasamento sobre a Análise das Instituições Concretas o qual demonstra de forma exponencial a mesma. É uma obra excelente para os que gostam dos textos de Guilhon e sobre o respectivo tema citado, porém é uma linguagem rebuscada e cansativa usada em vários momentos em suas teorias (GUIRADO, 2010).
Lapassade (1971) define a análise institucional como um método de análise da realidade social, bem como um método de intervenção, em quanto método, redefinindo o conceito de instituição, permitindo compreender o que se passa nos grupos e nas organizações como sobre determinado pelas instituições de uma sociedade, permite ainda compreender a experiência cotidiana como estando aprisionada num sistema institucional.
INSTITUIÇÕES TOTAIS
Em sua totalidade, as Instituições, conquistam uma parte do tempo e interesses de seus integrantes e em troca disso, dar-se-á algo de seu mundo, em um contexto geral, Goffman fala que toda Instituição tem tendencialmente ideias de “fechamento”. Com isso toda Instituição da nossa sociedade de modo geral está inumerada em cinco agrupamentos, os quais podem ser pilares para o funcionamento dessas Instituições (GOFFMAN, 1974).
A primeira, são Instituições que são criadas para cuidar de pessoas que ao ver no senso comum, são incapazes ou inofensiva de mais para cuidar de si mesma, neste olhar são incluídas os lugares de que tem como público alvo, os(as) idosos, órfãs e órfãos, cegos e indigentes. A segunda, são lugares que cuidam de pessoas considerada incapazes de cuidar de si mesmas assim como a primeira, contudo, essa supostas pessoas possam vir ameaçar a sociedade de maneira intencional, como por exemplo, os hospitais, sanatórios para tuberculosos, hospitais para doentes mentais e leprosos (GOFFMAN, 1974).
O terceiro modelo de Instituição é organizado para proteger a sociedade e/ou comunidade contra pessoas com potencial de periculosidade, assim, isolam esse ser humano, trancafiando em um local o qual agrava a sua situação, ou resolvendo a problemática. Exemplo disso, são os presídios, penitenciarias. A quarto, está estabelecida adequada para realizar tarefas de trabalho e que justificam através de tais fundamentos instrumentais, como os navios, quarteis, campo de trabalho, colônias dentre outras (GOFFMAN, 1974).
E por último, e não menos importante, são Instituições que estão destinadas a servir de refúgio do mundo, pessoas que de certa forma não estão sendo aceita socialmente, no entanto, esses tipos de Instituições tiveram outros fins, foram locais de instrução para pessoas religiosas. Exemplo de instituições assim, são os conventos, abadias, mosteiros e dentre outros. Esta classificação de Instituições Totais não é aparentemente esclarecedora, e nem uso analítico imediato, mas dar-se-á uma definição essencialmente denotativa como um ponto de pratica concreta (GOFFMAN, 1974).
A partir dos estudos, pode-se notar que existe um controle dentro da Instituições, deve haver esta necessidade, pois variando de cada contexto, as mesmas se mantem desta forma, para o seu funcionamento. Segundo Goffman (1974, p. 18) “O controle de multas necessidades humanas pela organização burocrática de grupos completos de pessoas; seja ou não urna necessidade ou meio eficiente de organização social nas circunstâncias; é o fato básico das instituições totais [...]”.
Nas Instituições Totais, existe uma básica divisão de um extenso grupo que é controlado, ele pode ser denominado como grupo dos internados, e uma micro equipe de supervisão. Normalmente o grupo de internados vivem na Instituição e tem uma barreira que o impede ter contato com o mundo externo, já o outro grupo trabalho oito horas, e tem a liberdade ter contato com o mundo externo. O autor afirma que “cada agrupamento tende a conceber o outro através de estereótipos limitados e hostis”. Com isso a equipe acaba tendo uma visão erronia dos internados, e fazendo com que não haja uma confiança (GOFFMAN, 1974).
Quando se passa a discutir sobre o funcionamento do mundo interno da Instituições Totais, percebe-se que elas não são substituídas por algo formado culturalmente, pois ela é algo mais limitado que o processo de desenvolvimento cultural ou de assimilação. Caso haja uma mudança no contexto cultural dessa sociedade, essas Instituições Totais podem ou não ausentar tais comportamentos e alguns fracasso para meramente acompanhar as mudanças feita no social externo (GOFFMAN, 1974).
Neste sentido a pessoa que está internamente, não consegue se socializar novamente no mundo externo, não é pelo fato que são incapazes, mas porque não são orientados. As Instituições Totais, são resistentes a mudanças com isso seu funcionamento fica parado e perdido no tempo e leva consigo todos(as) aqueles que fazem parte, como Goffman (1974, p. 24) verbera, “[...] as instituições totais realmente não procuram urna vitória cultural. Criam e mantém um tipo específico de tensão entre o mundo doméstico e o mundo institucional [...]”.
Quando a pessoa entra dentro de Instituições totais como essa, eles são humilhados, rebaixados, dilacerando a forma do seu eu. Esse processo de mortificação do seu eu nada mais é uma forma de padronização das Instituições Totais. Assim, segundo Goffman (1974, p. 24), essa análise do procedimento “nos auxiliar a ver as disposições que os estabelecimentos comuns devem garantir, a fim de que seus membros possam preservar seu eu civil”.
Voltando-se a essa pessoas as quais são dependentes destas Instituições Totais, Foucault (2010) traz uma perspectiva sobre a forma que se é controlado esses corpos. No entanto, deve-se compreender o conceito que o autor traz sobre docilização dos corpos. Para ele, o corpo é um objeto autoritário e emergente; em todas as sociedades, o corpo está interligado com o poder, que lhe impõe limitações, proibindo aquilo que não é aceito dentro do contexto (FOUCAULT, 2010).
Para o autor, “[...] não se trata de cuidar do corpo, em massa, grosso modo, como se fosse uma unidade indissociável, mas de trabalhá-lo detalhadamente; [...]” (FOUCAULT, 2010, p. 132). Ele expressa uma massificação que é realizado dentro das Instituições, a padronização desses comportamentos para que haja um “melhor” manejo com essas pessoas, invisibilizando essa pessoa em sua essência, não tendo um olhar e/ou planejamento individual.
Então, é formado uma política de repressão trabalhando sobre esse corpo, uma manipulação estratégica seus elementos, gestos, comportamentos, para que haja controle sobre o outro, esse controle leva ao poder, o poder traz a repressão desses pessoas as quais se encontram em uma estado de vulnerabilidade, essa opressão desestrutura, deixando-os sem chão, em outras palavras, estraçalham as pessoas psicossocialmente (FOUCAULT, 2010).
MANICÔMIOS JUDICIÁRIOS
Segundo Carrara (2010), o processo histórico dos manicômios judiciários em alguns países, ocorre com os indivíduos que cometem crimes e são considerados irresponsáveis devido à presença de algum tipo de doença ou perturbação mental são enviados a setores especiais de hospitais psiquiátricos. Em outros, são enviados para setores especiais das prisões. A Inglaterra e o primeiro país a erigir um estabelecimentoparticularmente destinado para os delinquentes alienados, a prisão especial de Broadmoor, em 1863.
 Segundo a autora também, antes dela tanto na França quanto nos Estados Unidos havia apenas anexos especiais a alguns presídios para a reclusão e tratamento dos delinquentes loucos ou dos condenados que enlouqueciam nas prisões. No Brasil, quanto aos chamados “criminosos loucos”, o Código Penal de 1890 apenas dizia que eram penalmente irresponsáveis e deviam ser entregues a suas famílias ou internados nos hospícios públicos se assim “exigisse” a segurança dos cidadãos. Nesse processo em 1903, a lei especial para a organização da assistência médico legal a alienados no Distrito Federal, modelo para a organização desses serviços nos diversos estados da União (Dec.1132 de 22/12/ 1903), estabeleceu que cada estado deveria reunir recursos para a construção de manicômios judiciários e que, enquanto tais estabelecimentos não existissem, deviam ser construídos anexos especiais aos asilos públicos para o seu recolhimento (CARRARA, 2010).
 A partir da legislação de 1903, no bojo das reformas introduzidas no Hospício Nacional de Alienados, localizado no Rio de Janeiro, cria-se uma seção especial para abrigar os “loucos criminosos”. Significativamente, a seção foi batizada de “Seção Lombroso”, em homenagem ao psiquiatra e antropólogo criminal italiano César Lombroso que, em finais do século XIX. Somente em 1920 seria lançada a pedra fundamental da nova instituição, oficialmente inaugurada em 1921 (Dec. 14831 de 25/5/ 1921). Surgia então o Manicômio Judiciário do Rio de Janeiro, primeira instituição do gênero no Brasil. Essas instituições desse tipo que são mantidos, através de medidas de segurança, os indivíduos que, por sofrerem algum tipo de doença ou distúrbio psíquico, são considerados penalmente irresponsáveis por algum crime ou delito, onde também vão os presos que enlouquecem nas prisões (CARRARA, 2010).
A autora fomenta que os manicômios judiciários são instituições complexas, que conseguem articular, de um lado, duas das realidades mais deprimentes das sociedades modernas - o asilo de alienados e a prisão e, de outro, dois dos fantasmas mais trágicos que “perseguem” a todos: o criminoso e o louco. O contexto de manicômios judiciários em meados dos anos 1980, momento em que na seara das ciências sociais ou históricas nada havia sobre o assunto. O período entre final do século XIX e início do século passado apresenta como marca característica o surgimento, em vários países ocidentais, de uma ampla e sistemática reflexão em torno do crime e dos criminosos que não se continha apenas nos limites do chamado “mundo científico” (CARRARA, 2010).
Entretanto segundo a autora, para além das tensões sociais inerentes a um acelerado processo de urbanização e industrialização, as grandes cidades do final do século XIX assistem ainda à emergência de outro fenômeno social que não pode ser desprezado e que se apresenta como efeito da formação de um meio delinquencial fechado, recortado principalmente entre infratores das classes populares urbanas (CARRARA, 2010).
No Brasil segundo Carrara (2010) citado por Schwarz (1977), apesar de negarem frontalmente o clientelismo e a lógica do favor que caracterizavam as relações sócio-políticas tradicionais, os princípios liberais que foram mais fortemente incorporados às instituições nacionais com o advento da República de 1889, em vez de destruí-los, a eles se incorporaram em uma espécie de “coexistência estabilizada”. Tal coexistência, como sabemos, deu origem a “instituições” tão peculiares quanto o voto de cabresto ou o uso da lei como momento supremo de arbítrio.
 Entretanto, se o liberalismo assumiu entre nós uma “cor local”, ele ainda nos chegou acompanhado de uma “bula” que apontava seus vários “efeitos colaterais” e “contraindicações”. As instituições liberais nasceram, entre nós, sob o fogo cerrado de “positivistas”, “evolucionistas” e “socialistas” de vários matizes. Ao longo do século XIX, a psiquiatria expandiu suas categorias nosológicas e, consequentemente, abarcou nos quadros da alienação mental um número crescente de comportamentos desviantes, que até então tinham sido apenas objeto da moral, da ética, da lei (CARRARA, 2010 apud SCHWARZ, 1977)
Nesse contexto Carrara (2010) citado por Schwarz (1977) acrescenta que asilos e prisões se mostravam incapazes de recebê-los porque tais delinquentes eram percebidos ora como habitantes de uma região intermediária entre a sanidade e a loucura ou entre a irresponsabilidade e a responsabilidade moral, ora como habitantes de uma região em que tais termos não faziam mais qualquer sentido. É desse ponto de vista que podemos pensar a estrutura ambígua dos manicômios judiciários como a “solução final” de um conflito histórico nota-se que, a partir de determinado momento, muitos psiquiatras passaram a considerar o manicômio como uma instituição que não deveria mais se dedicar à contenção daqueles para os quais ela fora criada.
No contexto ainda de Brasil, segundo Berlinck, Magtaz e Teixeira (2008) a reforma Psiquiátrica Brasileira é um movimento sociopolítico ocorrendo no âmbito da saúde pública que, do ponto de vista da gestão políticas públicas, consubstancia-se em uma legislação em saúde mental iniciada em 1990, com a Declaração de Caracas. O Brasil é aderente a essa Declaração, e a ela se articula com um longo e conturbado movimento de trabalhadores de saúde mental que resultou na Lei nº 9.867, de 10 de novembro de 1999. Tal lei permite o desenvolvimento de programas de suporte psicossocial para os pacientes psiquiátricos em acompanhamento nos serviços comunitários.
Segundo Barros (2011), a partir da Declaração de Caracas a preocupação com portadores de transtorno mental que praticam crimes pode parecer inusitada. Afinal são pessoas que sequer se costuma lembrar que existem, até porque não tem organização mínima para reivindicar seja lá o que for e tampouco há quem fale por elas. Sabe-se que a sociedade precisa marginalizar para manter ocultas suas próprias contradições, nessa realidade só será alterada quando a Lei n. 10.216/01 for aplicada na sua integralidade, ou seja, se estender aos loucos que praticam crimes. A lei da reforma psiquiátrica, estabelece novo paradigma do que tange aos direitos dos portadores de doença mental e substitui a segregação pela desintitucionalização e humanização do tratamento. 
Carrara (2010) acrescenta que hoje, nos encontramos frente a um semi-hospício ou semi prisão que recebe indivíduos considerados doentes mentais. Por fazer parte do sistema penitenciário, não é de surpreender que manicômios judiciários sejam um dos espaços mais impermeáveis às transformações pautadas na defesa dos direitos humanos dos pacientes e na sua des-hospitalização. Nesse caso, colocar-se ao lado dos pacientes é defender a própria extinção desse tipo de instituição e uma profunda reforma da legislação que a suporta, pois, como há três décadas escrevia um dos expoentes da antipsiquiatria.
Oliveira e Arraes (2011), a criação do CAPSj, ocupará a lacuna da promoção da melhor assistência em saúde para esse grupo de pacientes, pelo simples fato de dinamizar o atendimento por meio de atividades reabilitadoras, terapêuticas e educativas, servindo ainda para encaminhamento ao CAPS de saúde mental ou de álcool e drogas, redesenhando a porta de saída do manicômio e da doença. Segundo a autora CAPSj se calca na reformulação do atendimento psiquiátrico para os internos em penitenciarias e hospitais de custodia, juntamente com o suporte as famílias, muitas vezes também adoecidas. É a ampliação de rede de assistência em saúde mental aos encarcerados, auxiliado o próprio sistema penitenciário a se reerguer de suas imensas dificuldades pela promoção e prevenção.
 	A proposta do PAI-PJ segundo Brisset (2010), através da portaria conjunta nº 25/2001 do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. O programa firmou-se através de uma parceria permanente com o Projeto de Saúde Mental do Município de Belo Horizonte, o Ministério Público,o Centro Universitário Newton Paiva e os diversos recursos institucionais, esse conceito de instituição traz em sua composição equipe interdisciplinar do programa é composta de psicólogos judiciais, assistentes sociais judiciais dentre outros disponíveis na cidade demonstrar que as soluções de sociabilidade só podem ser alcançadas quando o portador de sofrimento mental conta com a secretaria de um programa complexo e multifacetado, que não se constrói a poucas mãos, nem em pouco tempo. É preciso estar atento às soluções de sujeito e suas conexões às contribuições dos mais diversos segmentos, na promoção da ampliação dos laços de sociabilidade dos loucos infratores nos interstícios e nas vias principais de suas relações de convivência.
SÍNTESE INTEGRATIVA
Os manicômios tiveram uma grande força no século XIX, neste momento pessoas que ingeria as leis ou feriam a integridade de uma pessoas a qual faz parte da sua sociedade e tendo em vista que a mesma não tinha como assumir suas ações era encaminhada para este local para ser “reeducado”. No entanto, não era isso que ocorria, elas era jogadas como um depósito de pessoas que precisavam ser retiradas desta sociedade (CARRARA, 2010).
Se estrutura alguma e sem apoio familiar, elas iam vivendo seus piores pesadelos e cada vez mais deixando de ser humanos, e sendo tratadas de formas desumanas, isso mostrou que este método não era eficaz e com isso pessoas que se sensibilizaram com a causa foram a luta pelos diretos destas pessoas que não tinham voz e nem forças para reagir com essas situações que ocorriam com eles mesmos, e assim, os manicômios judiciários foram perdendo força (CARRARA, 2010).
Um desses estudiosos que estudaram esse tipo de instituições foi Goffman (1974), em um de seus conceitos, pode-se ver que ele fala de cinco tipo de instituições totais, isso no contexto bem geral. Através desse conceito podemos ver que os manicômios judiciários se encaixam no segundo tipo de instituições totais, que são pessoas que não são capazes de cuidar de si mesmo, contudo essas pessoas acabam machucando esta sociedade.
Assim elas são mandadas a este lugar, o que Goffman (1974) menciona é a forma de como tudo funciona e se organiza dentro dos manicômio judiciários. Existe dois grupos um usuários que são dependente deste lugar e necessitam para poder serem trabalhado e reintegrado à sociedade, leva-se em consideração que esse grupo não tem acesso ao mundo externo, ou seja, o único mundo que os mesmo tem contato é o interno e assim não sabem como o externo está funcionando, com isso dificulta-se a integração dos mesmo.
O segundo é um micro grupo de supervisores, como é dito, é um grupo pequeno de pessoas ditas normais e capacitadas para esta neste ambiente auxiliando o grupo de usuários em sua inserção a sociedade, mas não é isto que ocorre, o segundo grupo não convive integramente como o primeiro grupo, eles cumprem um determinada carga horaria de trabalho e depois retornam ao mundo externo e tendo essa relação constante entre esse mundo externo e interno (GOFFMAN, 1974).
Os trabalhadores tinha como função auxiliar os usuários para ter um bom convívio socialmente e por fim retornar a sua sociedade novamente, mas esta visão nunca foi tida como prioridade dentro dos manicômios judiciários, os trabalhadores desenvolvia estereótipos que quebravam esse vínculo, sendo hostis e violentos com essas pessoas, maltratando e humilhando, e assim não havia nem uma forma de reeducação, esta atitudes hostis apenas transformavam o grupo controlado mais violento e desumanizando os mesmo (GOFFMAN, 1974).
Retornando ao primeiro grupo, esses usuários quando chegam neste ambiente, Goffman (1974), verbaliza que eles são humilhados, são dilacerados, destruindo toda a forma do seu eu, para a instituição isso era necessários pois deveria haver uma padronização conforme o autor diz. Eram criado conceito sobre os menos e bloqueando todo e qualquer vínculo ou relação sobre o mesmo, isolando e sua única forma de relacionamento era os demais integrante que também estavam presos.
Foucault (2010), é outro autor que desenvolveu conceito que trabalham com essas perspectivas, o mesmo fala sobre o controle dos corpos. Dentro dos manicômios judiciários, pode-se perceber que quando essas pessoas com transtornos mentais eram colocadas dentro desse órgão, eles não tinham mais domínios sobre eles mesmo, com isso passavam a ser controlados, dominados. Esse controle leva ao poder, neste contexto os funcionários passavam a exercer o poder sobre os usuários, determinando o que eles podiam fazer o não.
Isso ocorria pois queria massificar esses comportamentos, pois desta forma, seria mais viável trabalhar com o primeiro grupo. Neste sentido os trabalhadores ou micro grupo de supervisão criavam uma forma de política de repressão como Foucault fala. Esta política de reprimia os corpos desta pessoas, controlando comportamentos, gestos. Tudo isso, era para que houvesse nenhum tipo de rebelião ou algo do tipo, quanto mais poder, menos autonomia destas pessoas (FOUCAULT, 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo faz um recorte sócio histórico dos manicômios judiciários, e apresenta propostas para solução ao sério pelo qual passam os infratores portadores de sofrimento psíquico e que estão cumprindo medida de segurança, traz como possibilidades de solução o CAPSj (Centro de Atenção Psicossocial judiciário) e o programa implantado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais através da portaria conjunta nº 25/2001 PAI-PJ (Programa de Atenção Integral ao Paciente Judiciário). Eles sofrem dupla discriminação por estarem confinados ao cárcere e por possuírem um transtorno mental.
 Levando em consideração as instalações dos hospitais de custódia e como atualmente vem sendo renomeado os manicômios judiciários, que ainda mesmo que camuflados não oferecem as oportunidades de um serviço substitutivo e acabam por reproduzir o manicômio que se quer banir do País. Isso acaba por influenciar na melhora por impor barreiras ao resgate do convívio social e ao melhor tratamento disponível.
 A indefinição do tempo máximo de internação nos manicômios judiciários, pode ser devidamente contornada na medida em que o CAPSj e PAI-PJ, enquanto instituições que visam prestar serviços adequadamente sistematizados em saúde mental, Nesse contexto ainda deve-se colocar em questão a atuação doo psicólogo junto a outros profissionais realizem atendimentos sistemáticos individuais e em grupo, realize oficinas terapêuticas, promova ações de reabilitação psicossocial tendo contato direto com a família. 
Em razão dos sérios problemas enfrentados pelo sistema prisional, uma resposta adequada deve ser considerada, e essa resposta já foi dada pelo SUS na medida em que cria serviços que visam a substituir o modelo anacrônico, que provou ser ineficiente e precário. A criação da nova modalidade de CAPS – o CAPSj – e o já implantado PAI-PJ auxiliará a justiça brasileira a abordar com eficiência e prontidão parte de suas limitações com indivíduos infratores. Além disso, oferece as condições para tratamento sistemático de portadores de transtornos mentais em contexto prisionais.
REFERÊNCIA
BARROS. Fernanda Otoni de. Um Programa de Atenção ao Louco Infrator In: Revista do Conselho de Criminologia e Política Criminal. Belo Horizonte. V.5. p. 1 a 162. Dez/ 2002.
BERLINCK Manoel Tosta: MAGTAZ Ana Cecília TEIXEIRA Mônica. A Reforma Psiquiátrica Brasileira: perspectivas e problemas. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, v. 11, n. 1, p. 21-27, março 2008.
BLEGER, José. Psico-Higiene e Psicologia Institucional. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul. 1984.
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