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Edulcorantes - Sucralose

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Edulcorantes - Sucralose
Processos Orgânicos
EQO - 475
Professora Maria José 
Alunos: 
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2017
1. Edulcorantes
1.1 Definição e características
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), edulcorantes são substâncias orgânicas, não glicídicas, capazes de conferir gosto doce a alimentos e bebidas industrializadas, sendo, portanto, um aditivo com o objetivo de substituir total ou parcialmente o uso de açúcar (sacarose). Diante de um intenso poder adoçante e baixo valor energético, são indicados para atender categorias de alimentos que visam o controle de peso e dietas com ingestão controlada ou restrição de açúcares. Devido a essa aplicação, os edulcorantes são aditivos muito utilizados em produtos que, primeiramente, eram destinados à população diabética. Porém, seu consumo foi estendido para aqueles que buscam hábitos alimentares com menor teor de açúcar. 
A descoberta de alguns edulcorantes artificiais ocorreu de forma inesperada. Em 1879, em um laboratório de uma universidade americana, um estudante acidentalmente derrubou uma substância em suas mãos e notou um sabor adocicado ao experimentá-la. Percebendo a relevância de tal substância e tendo desenvolvido sua rota de produção, decidiu patenteá-la em 1885, chamando-a de sacarina. O ciclamato e o aspartame também foram descobertos ao acaso.
Embora sejam dispensáveis no tratamento da diabetes, alimentos que contêm edulcorantes têm alta representatividade no convívio social dos indivíduos acometidos pela doença, facilitando a adoção de uma dieta isenta de sacarose. Além disso, o aumento da parcela da população com obesidade e sobrepeso, mais a relação entre o consumo de alimentos açucarados e o desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes, justifica a importância da utilização desse aditivo, sobretudo em produtos industrializados, para diminuir a ingestão de açúcar da população.
Os limites máximos por porção são regulados pela Anvisa, baseados na Ingestão Diária Aceitável (IDA) de cada edulcorante, isto é, um valor numérico, medido em mg/kg, que determina a quantidade máxima de uma substância que pode ser ingerida por quilograma de massa corporal. Esse controle é essencial em virtude do risco à saúde que alguns edulcorantes apresentam quando ingeridos em excesso. Outro ponto a se destacar é a utilização em conjunto dos edulcorantes, buscando balancear as vantagens e desvantagens de cada um. Um exemplo clássico é a Coca-Cola Zero, que apresenta aspartame, ciclamato e sacarina como adoçantes.
De uma forma geral, busca-se as seguintes características em um determinado composto: poder adoçante igual ou superior ao da sacarose, com calorias reduzidas ou isento de valor energético, necessitando de uma menor adição de produto para o mesmo resultado organoléptico; ser de fácil solubilidade e estável a altas temperaturas, apresentando aplicabilidade em processos industriais; e baixa toxicidade, principalmente em relação a efeitos cancerígenos, além de efeitos anti-cariogênicos.
A obtenção de edulcorantes pode ser feita através de vias sintéticas ou naturais, sendo estas últimas extraídas de plantas ou mel. Abaixo, encontra-se uma tabela reunindo as principais características de alguns edulcorantes: 
	Edulcorantes e suas Características
	Nome do
Edulcorante
	Característica de cada
Edulcorante
	Sabor
	Poder Adoçante
	Kcal/g
	Tipo
	Ingestão
Máxima/dia
	Acessulfame K
	Estável em altas
temperaturas, é muito
utilizado em bebidas,
chocolates, geleias, produtos
lácteos, gomas de mascar e
panificação
	Sem sabor
residual, apresenta
doçura de
fácil
percepção
	200 vezes maior
que a sacarose
(açúcar)
	zero
	Artificial, derivado
de ácido acético
	9 a 15 mg/kg
	Aspartame
	Não pode ir ao fogo porque
perde o poder adoçante. Apresenta boa
dissolução em líquidos
quentes
	É o mais
parecido com
o açúcar
	200 vezes maior
que a sacarose
(açúcar)
	4
	Artificial. Combinação dos aminoácidos
fenilalanina e ácido
aspártico
	40 mg/kg
	Ciclamato
	Mantém o poder adoçante quando submetido a temperaturas elevadas, podendo ir ao fogo
	Possui sabor
residual agridoce
	40 vezes maior
que o açúcar
	zero
	Artificial. Derivado
do petróleo
	11 mg/kg
	Sacarina
	Mantém o poder adoçante quando submetido a temperaturas elevadas, podendo ir ao fogo
	Deixa gosto
residual doce
metálico
	300 vezes maior
que o açúcar
	zero
	Artificial. Derivado
do petróleo
	5 mg/kg
	Stévia
	Pode ir ao fogo e realça o
sabor dos alimentos
	Sabor residual
semelhante ao
do alcaçuz
	300 vezes maior
que o açúcar
	zero
	Natural. Extraído de
planta
	5,5 mg/kg
	Frutose
	Derrete quando submetida a temperaturas elevadas, porém mantém o
poder adoçante. Carameliza
junto com outros adoçantes e
pode dar corpo à receita
	Sabor
semelhante ao
açúcar, porém
um pouco
mais doce
	170 vezes maior
que o açúcar
	4
	Natural das frutas e
mel
	Não
estabelecida
	Lactose
	É utilizado para reduzir a
potencialização de outros adoçantes. Não
adoça quando vai ao fogo
	Parecido com o
açúcar, porém um
pouco mais doce
	0,15 vez
maior que o
açúcar
	4
	Natural. Extraído do
leite
	Não estabelecida
	Manitol
	Estável em altas temperaturas.
Apresentação somente em uso industrial,
geralmente associado ao
sorbitol em bebidas, biscoitos,
balas e chocolates
	Sabor levemente
refrescante
	0,45 vez
menor que o
açúcar
	2,4
	Natural. Encontrado
em frutas e algas
marinhas
	50 a 150 mg/kg
	Sorbitol
	Não adoça quando vai ao
fogo. É misturado a outros
adoçantes para dar brilho e
viscosidade a certas receitas
	Sabor levemente
refrescante,
semelhante ao açúcar, porém um pouco mais
doce
	0,5 vezes
menor que o
açúcar
	4
	Natural. Extraído das
frutas
	Não estabelecida
	Xilitol
	É utilizado por indústrias na
fabricação de produtos
dietéticos e de goma de mascar
	 Sabor semelhante ao açúcar
	Praticamente equivalente ao açúcar 
	4
	Natural.
Extraído da xilose
	Não estabelecida
	Sucralose
	Apresenta alta resistência a altas
temperaturas
	Parecido com
açúcar, não deixa
gosto residual
	600 a 800
vezes maior
que o açúcar
	zero
	Artificial. Feito a
partir de molécula do
açúcar de cana
modificado em
laboratório
	15 mg/kg
	Maltodextrina
	Não adoça quando vai ao fogo.
Misturado a outros adoçantes dá
corpo à receita
	Parecido com o
açúcar, porém levemente mais doce
	1,5 vez
maior que o
açúcar
	4
	Natural. Extraído do
milho
	Não estabelecida
Tabela 1: Propriedades dos principais edulcorantes (Fonte:United States Recommended Daily Allowance (USRDA))
1.2 Mercado de edulcorantes e principais produtores
Uma fração considerável da população global está propensa a substituir cada vez mais o açúcar refinado de suas dietas. Assim, o cenário é extremamente favorável e promissor para o mercado de edulcorantes. Uma pesquisa feita por cientistas de diversas universidades americanas mostrou que, em uma década, o consumo de adoçantes nos Estados Unidos, entre os adultos, cresceu cerca de 50%. Entre crianças e adolescentes, foram atingidas taxas de crescimento próximas a 200%. Esses dados ressaltam a importância de adoçantes como substitutos do açúcar. No Brasil, apesar de não haver informações oficiais, estima-se um aumento significativo no consumo.
Dentre os adoçantes citados, a sucralose e a estévia demonstram ser os mais expressivos. A primeira, artificial, vem ganhando espaço em cima de outros adoçantes de mesma natureza, como o aspartame, que tem recebido uma publicidade extremamente negativa nos últimos anos, apesar dos estudos ainda serem inconclusivos. Já a segunda, natural, emerge como uma alternativa àqueles que acreditam que adoçantes desse tipo sejam mais saudáveis, evitando os artificiais.
A maior produtora global de sucralose é a Tate & Lyle, uma multinacional que monopolizou o mercado até o fim dos anos 2000, quando a empresa acusou distribuidores americanos e produtores chinesesde fabricarem sucralose usando seu processo patenteado. A International Trade Commission (ITC) julgou o caso e determinou que não houve infração, acirrando a competição no mercado. As empresas chinesas Guangdong Food Industry Institute/L&P Food Ingredient (GFII/L&P), Niutang Sucralose e JK Sucralose rapidamente expandiram sua produção, como consequência da decisão da ITC, e hoje são as principais produtoras globais ao lado da Tate & Lyle. No Brasil, a sucralose é comercializada majoritariamente pela Linea, que importa a sucralose Splenda, marca americana da Tate & Lyle.
A estévia é extraída das folhas da planta Stevia rebaudiana, encontrada, por exemplo, na fronteira entre Brasil e Paraguai. A indústria paranaense Stevia Soul é a maior produtora brasileira, mas a grande concentração de indústrias que extraem a estévia se localiza na China e no Japão.
2. Sucralose
A sucralose é um composto organoclorado cíclico, obtido através da cloração seletiva das hidroxilas 4, 1’ e 6’ da sacarose. Em sua estrutura, estão presentes algumas funções como haleto orgânico, álcool e éter. Segundo a IUPAC, seu nome oficial é 4,1’,6’-tricloro-4,1’,6’-trideoxigalactofrutose. 
Figura 1: molécula de sucralose
Sua descoberta deu-se por acaso em 1976, no Reino Unido, quando um grupo de pesquisadores buscava meios de utilizar a sacarose e seus derivados sintéticos na indústria. Durante um experimento, notou-se que o produto halogenado da sacarose possuía uma doçura extremamente superior à da sacarose. Alguns anos mais tarde, após análises realizadas por Leslie Hough e Khan, confirmou-se que açúcares halogenados em geral são mais doces que o açúcar normal (sacarose). Chegando a 600 vezes, no caso da sucralose.
A sucralose é um dos edulcorantes mais disseminados no Brasil, sendo frequentemente usada como adoçante de mesa e em formulações secas, como sobremesas instantâneas. Isso se deve a sua alta estabilidade quando armazenada ou submetida a variações de pH e temperatura. Na tabela a seguir, a sucralose é comparada a outros edulcorantes comercializados no Brasil:
Tabela 2: Características dos principais edulcorantes no mercado
É fácil notar o motivo da sucralose ter se tornado tão presente na mesa dos brasileiros: além dos pontos citados anteriormente, ela não deixa sabor residual, como é característica de muitos adoçantes; apesar de ser feita a partir da sacarose, ela não é reconhecida pelo organismo como hidrato de carbono, ou seja, ela pode ser utilizada em dietas de restrição de sacarose; em relação a seu metabolismo, a sucralose sofre processo de hidrólise no organismo, resultando em dois metabólitos: 4-deoxigalactose (4-GC) e 1,6-dicloro-1,6-dideoxifrutose (1,6-DCF), ambos excretados pela urina sem qualquer modificação, tendo, portanto, zero calorias; não provoca problemas dentários, afirmação sustentada por vários estudos que demonstram que a sucralose não é usada como alimento pelas bactérias orais que causam a cárie dentária; e não é considerada cancerígena.
Contudo, um artigo científico publicado por pesquisadores da Unicamp alerta para os riscos do uso do adoçante sucralose, especificamente, em alimentos e sobremesas quentes, como chás, cafés, bolos e tortas. Os principais resultados do estudo indicam que, quando aquecido, o adoçante torna-se quimicamente instável, liberando compostos potencialmente tóxicos e cumulativos no organismo humano. Segundo o docente da Unicamp que acompanhou as pesquisas, o estudo é o primeiro, em nível mundial, a relatar o comportamento térmico da sucralose, abrangendo uma vasta gama de abordagens analíticas, como análises térmicas, espectroscopia no infravermelho e espectrometria de massas. Sendo também a única fonte que contradiz a alta estabilidade da sucralose.
3. Processo de produção 
3.1. Da sacarose à sucralose
A sacarose é um dissacarídeo de glicose e frutose, unidas por uma ligação glicosídica, obtida a partir do caldo de cana-de-açúcar. Possui oito grupos hidroxila na sua estrutura, podendo ser classificada como poliol, sendo 3 hidroxilas primárias (6, 1’ e 6’), e cinco secundárias.
Figura 2: Molécula de sacarose
A reatividade relativa das hidroxilas da molécula de sacarose é a grande dificuldade para processos da sucroquímica, como a produção de sucralose. As hidroxilas mais reativas são as ligadas aos carbonos 6’, 6 e 1’, por serem primárias, e as ligadas aos carbonos 2 e 3’, por fazerem ligação de hidrogênio entre si, em caso de solvente orgânico, ou incorporando uma molécula de água em casa do meio aquoso. Por poder fazer ligação de hidrogênio com as hidroxilas 1’ e 3’, a hidroxila 2 é a mais reativa de todas. Como a produção da sucralose envolve a cloração seletiva da sacarose, substituindo as hidroxilas 4, 1’ e 6’ por átomos de cloro, o processo precisa conter etapas que priorizem a substituição nas posições de interesse, em detrimento daquelas com maior reatividade em casos sem estas etapas, tornando o processo extremamente complexo e com várias etapas e intermediários.
3.2 Processo com sacarose-6-acetil como intermediário
As diferentes rotas sintéticas desenvolvidas para preparação da sucralose envolvem, primeiramente, o bloqueio do grupo hidroxila mais reativo, na posição 6, por um grupo éster. Assim, as hidroxilas nas posições 4, 1’ e 6’ são priorizadas para o processo de cloração. Em seguida, uma reação de hidrólise ocorre com o intuito de promover a remoção do substituinte éster, produzindo, assim, a sucralose. Portanto, no geral, o processo de obtenção da sucralose pode ser dividido em basicamente 3 etapas: 
Preparação da Sacarose:
Essa etapa consiste na reação entre a sacarose e 1,3-di(hydrocarbyloxy)-1,1,3,3-tetra(hydrocarbyl)distannoxane para produzir 1,3-di-(6-O-sucrose)-1,1,3,3-tetra(hydrocarbyl)distannoxane que posteriormente poderá reagir com um agente acetil para produzir a sacarose-6-éster. 
O reagente 1,3-di(hydrocarbyloxy)-1,1,3,3-tetra(hydrocarbyl)distannoxane pode ser produzido pela reação do di(hydrocarbyl)tin oxide com um álcool ou fenol.
 
 
 
 Sacarose-6-éster
Cloração Seletiva:
O processo de cloração da sacarose-6-ester para produção de 6’,4,1’-triclorosacarose-6-éster consiste em basicamente 3 subetapas:
Reação de Ácido clorídrico com a mistura contendo a sacarose-6-éster e amida terciária (normalmente Dimetilformamida) para formar um sal (Cloreto de Clorofórmio) que irá formar um complexo com os grupos hidroxila da sacarose-6-éster.
Submetendo a mistura da etapa anterior à uma temperatura elevada, menor que 85°C, por um período suficiente de tempo, ocorrerá a produção de uma mistura clorada de sacarose-6-éster contendo essencialmente 6’-clorosacarose-6-éster, 4,6’-diclorosacarose-6-éster e 1’,6’-diclorosacarose-6-éster. 
Submetendo as mistura da etapa anterior à condições elevadas de temperatura, não maior que 125°C, por um período suficiente de tempo, teremos a produção de produtos clorados consistindo essencialmente de 1’,4,6’-triclorosacarose-6-éster. 
Recuperação da sucralose:
Após a reação de cloração o 1’,4,6’-triclorosacarose-6-éster é resgatado da mistura por extração utilizando solvente orgânico (como Etil acetato) e é então desacetilado, por hidrólise alcalina, para formar a Sucralose que será purificada por cristalização. A amida terciária e as impurezas são retiradas por destilação.
A seguir, temos um fluxograma simplificado do processo:
	
Equipamentos: 1, 2, 3, 4, 6 - CSTR
5 - Decantador/separador
7 - Coluna de destilação
Correntes: (a) - Sacarose
(b) - Reagente
(c) - Intermediário
(d) - Agente acetil
(e) - Sacarose-6-éster
(f) - HCl
(g) - Amina terciária
(h) - Mistura clorada de sacarose-6-éster
(i) - 1’,4,6’-Triclorosacarose-6-éster + impurezas
(j) - Etil acetato 
(k) - 1’,4,6’-Triclorosacarose-6-éster
(l) - MeOH e NaOMe
3.3. Processo com 6-PAS como intermediário
Este processo para obtenção de sucralose, também a partir da sacarose, consiste em cinco etapasprincipais:
A primeira etapa consiste na obtenção, a partir da sacarose, do intermediário 2,3,3’,4,4’-penta-O-acetil-1’,6,6’-tri-O-viniltritilsacarose (PATVS, ou na sigla em inglês, TRISPA). Este intermediário pode ser obtido reagindo sacarose com o trifenil clorometano, reagente seletivo para hidroxilas primárias, e acetilando as hidroxilas secundárias do produto desta reação com anidrido acético. Esta etapa é realizada em meio básico, em presença de piridina, para facilitar a remoção dos hidrogênios ácidos das hidroxilas. O PATVS é preparado sob aquecimento e agitação de um meio com pridina como solvente contendo sacarose e trifenil clorometano, a baixas temperaturas - 40ºC a 50ºC -, durante longos períodos (algumas patentes falam um mínimo de 5 horas, outras dizem de 16 a 20 horas) para substituição das hidroxilas primárias pelos grupos trifenil metil; por destilação a vácuo, remove-se a piridina, e o produto com os grupos trifenil metil é acetilado com anidrido acético à temperatura ambiente, acetilando as cinco hidroxilas residuais, obtendo o PATVS, que é precipitado com a adição de água destilada e metanol, filtrado e lavado com água e metanol para retirada de sais inorgânicos, para seguir para a próxima etapa.
Figura 3: Primeira etapa do processo de obtenção de sucralose
Também foi encontrado, em um artigo, que esta etapa pode ser realizada com suporte polimérico de estireno com divinilbenzeno, no qual se utiliza o cloreto de 4-vinilfenil-di-fenilmetila para bloqueio das hidroxilas primárias, que se ligam ao suporte polimérico pelo radical vinil.
A segunda etapa consiste na remoção dos radicais trifenil metil, liberando as hidroxilas primárias e obtendo o 2,3,4,3’,4’-penta-O-acetilsacarose (4-PAS), por clivagem ácida, reagindo o PATVS obtido na etapa anterior com gás de ácido clorídrico, regenerando assim o trifenil clorometano utilizado na primeira etapa. O PATVS é diluído em tolueno em condições anidras, resfriado a baixas temperaturas (0ºC a -15ºC), e a solução reage com ácido clorídrico gasoso, obtendo precipitados de 4-PAS, que são filtrados e lavados. O 4-PAS também pode ser separado do tolueno pela adição de uma fase aquosa de bicarbonato de sódio, sendo possível separá-lo da fase orgânica contendo o trifenil clorometano, e recuperar o 4-PAS por destilação.
Figura 4: Segunda etapa do processo de obtenção de sucralose
Com a isomerização do 4-PAS em 2,3,6,3’,4’-penta-O-acetil sacarose (6-PAS), apenas as hidroxilas 4, 1’ e 6’, ou seja, as de interesse para coloração nos processo, estão desprotegidas por ligações éster com grupos acila. Esta isomerização pode ocorrer com o refluxo de um solvente de alto ponto de ebulição, como metiletilcetona, sobre presença de ácido acético, ou utilizando t-butilamina como catalisador básico utilizando acetato de etila como solvente, este último procedimento pode ser realizado sob condições mais brandas.
Figura 5: Terceira etapa do processo de obtenção de sucralose
O 6-PAS é então clorado, utilizando o cloreto de tionila (SOCl2) como agente clorante, sob refluxo de uma solução de uma amina quaternária clorada com benzeno, que também pode clorar o composto, obtendo-se assim um alto rendimento. A sucralose é então obtida pela desacetilação das cinco ligações ésteres residuais, através de uma hidrólise alcalina na presença de metóxido de sódio (NaOMe) dissolvido em metanol. A sucralose é então precipitada pela adição de acetato de etila, filtrada, lavada e secada.
Figura 6: Quarta e quinta etapas do processo de obtenção de sucralose
Esta rota de produção necessita de uma etapa de coloração menos seletiva, pois só tem as hidroxilas de interesse livres para a reação, porém, apresenta várias desvantagens quando se aplica em escala industrial, devido às muitas etapas de processo, cada uma utilizando solventes diferentes, e com purificação de vários intermediários. O que se observa na literatura e patentes é a busca por soluções e alternativas que diminuam o custo da rota e torne o processo mais atrativo para a escala industrial.
A seguir, temos um fluxograma simplificado do processo:
	
Equipamentos: 1, 3, 7, 10 - CSTR 
2 - Coluna de destilação
6, 9 - Decantador 
4 - Secagem
5 - Reator gás/líquido
8 - Reator com refluxo
Correntes: (a) - Sacarose + trifenil clorometano
(b) - Piridina
(c) - Anidrido Acético
(d) - PATVS
(e) - Tolueno
(f) - HCl(g)
(g) - NaHCO3(aquoso)
(h) - 4-PAS
(i) - Terc-butilamina + EtOAc
(j) - 6-PAS
(k) - SOCl2
(l) - Benzeno + BETEC
(m) - Composto triclorado
(n) - NaOMe + MetOH
(o) - EtOAc
3.4 Processo de purificação
Por se tratar de um produto de alto valor agregado da química fina, e especialmente por ser utilizada na indústria de alimentos, a sucralose deve apresentar altos percentuais de pureza em seu processo de produção. O método de purificação mais observado é cristalização seguida de recristalizações, obtendo assim altíssimas purezas. A purificação visa, principalmente, a retirada de outros compostos clorados derivados do açúcar, que podem afetar seriamente o gosto da sucralose mesmo em quantidades mínimas, comprometendo a qualidade principal do produto.
Um dos maiores desafios da purificação da sucralose por cristalização é que a sucralose cristaliza muito lentamente em relação à sucralose, e a presença de outros clorados interferem ainda mais na formação do cristal, cristalizando junto à sacarose; outro grande desafio é que a maior parte da sucralose permanece na solução-mãe, diminuindo drasticamente o rendimento do processo, pois são feitas cristalizações sucessivas, sendo a última a que obtém a sucralose de mais alta pureza e em menor quantidade. Assim, a grande dificuldade relatada no processo de purificação não se trata da pureza obtida, mas no rendimento que ele proporciona.
A Patente No US 6,998,480 B2, da própria Tate & Lyle relata um processo de purificação para obter sucralose de alta pureza e alto rendimento, composto de primeiramente um processo de extração sem cristalização, que remove parte das impurezas, seguido de uma ou sequência de cristalizações, com subsequentes recristalizações; o diferencial do processo é que pelo menos uma parte da solução-mãe de pelo menos uma etapa de cristalização é recirculada para uma etapa anterior de cristalização, ou para antes da etapa de extração. A melhora do rendimento e da eficiência é justificada pois a solução-mãe de cada cristalização subsequente contém menos impurezas que as soluções de sucralose empregadas anteriormente, resultando em cristalizações mais rápidas e cristais mais puros do que obtidos sem a recirculação. Além disso, a etapa de extração remove impurezas diferentes daquelas removidas na cristalização, e a recirculação da solução-mãe para antes desta etapa aumenta a pureza da sucralose. Ao aliar esses dois procedimentos, obtém-se um processo com maior rendimento. Abaixo se encontra o fluxograma de uma das configurações de recirculação sugeridas pela patente, obtida diretamente do documento:
Figura 7:Processo de purificação da sucralose
 
4. Referências bibliográficas
4.1 Figuras
1 - Molécula de sucralose, disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/30/Haworth_projection_of_sucralose.svg/1200px-Haworth_projection_of_sucralose.svg.png
2 - Molécula de sacarose, disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA1tYAH/identificacao-acucares
3 a 6 - Etapas da obtenção de sucralose, disponíveis na patente: WO 2008096928 A1
7 - Processo de purificação da sucralose, disponível na patente: US 6998480 B2
4.2 Tabelas
1 - Tabela reunindo as diferentes propriedades dos edulcorantes mais importantes, adaptada de: http://www.usp.br/espacoaberto/arquivo/2008/espaco96out/tabela.htm
2 - Tabela comparativa entre os principais edulcorantes no mercado, disponível em: http://bromatopesquisas-ufrj.blogspot.com.br/2014/06/acucar-vs-adocante-quem-e-o-vilao.html
4.3 Fontes
ALVES, G. , Consumo de adoçante dispara nos EUA e preocupa especialistas, janeiro de 2017, Folha de S.Paulo, <http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2017/01/1849396-consumo-de-adocante-dispara-nos-eua-e-preocupa-especialistas.shtml>,Data de acesso: 12/11/2017
SCOTT-THOMAS, C., Sucralose supply set to expand as Tate & Lyle loses patent case, abril de 2009, atualizado em julho de 2013. <https://www.foodnavigator-asia.com/Article/2009/04/07/Sucralose-supply-set-to-expand-as-Tate-Lyle-loses-patent-case> Data de acesso: 12/11/2017
de Oliveira, D.N., de Menezes, M. & Catharino, R.R., Thermal degradation of sucralose: a combination of analytical methods to determine stability and chlorinated byproducts. Sci. Rep. 5, 9598; DOI:10.1038/ srep09598 (2015). <https://www.nature.com/articles/srep09598>, Data de acesso: 11/11/2017
Porfírio, D., Oliveira, E., A química dos adoçantes, Conselho regional de química - IV região, julho de 2006, <http://www.crq4.org.br/?p=texto.php&c=quimica_viva__a_quimica_dos_adocantes>, Data de acesso: 12/11/2017
NUNES, J., GINANI, J., Uso de edulcorantes em alimentos: regulamentação e implicações para a saúde humana, Pontifícia Universidade Católica de Goiás
BUSCOLO, M., Sucroquímica: Síntese e potencialidades de aplicações de alguns derivados químicos de sacarose, Química Nova, Vol. 26, No. 6, 906-912, 2003, São José do Rio Preto, SP
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