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FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO 1 FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO Graduação FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO 13 U N ID A D E 1 A BASE LEGAL DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL Nesta primeira Unidade, discutiremos o papel da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e como funciona o sistema educacional brasileiro. OBJETIVO DA UNIDADE: • Compreender o funcionamento do sistema educacional brasileiro a partir das disposições constitucionais e da LDB. PLANO DA UNIDADE: • A LDB como fator de unidade nacional e de atendimento às diversidades regionais. • Organização e funcionamento dos sistemas de ensino no Brasil. Bons estudos! UNIDADE 1 - A BASE LEGAL DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL 14 1. A LDB COMO FATOR DE UNIDADE NACIONAL E DE ATENDIMENTO ÀS DIVERSIDADES REGIONAIS A Constituição do Brasil, também chamada de Carta Magna, é a base da organização da sociedade brasileira em todos os seus aspectos. Assim, todos os direitos e deveres do cidadão estão contidos na nossa Constituição. Somos uma república federativa, formada pela união indissolúvel dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. O que a Constituição Federal determina não pode ser alterado nem desobedecido pelas Constituições Estaduais, nem pela Lei Orgânica dos Municípios, nem tampouco pela Lei Orgânica do Distrito Federal. O que a Constituição Brasileira, promulgada em 1988, estabelece em relação à educação nacional? Estabelece direitos e deveres do cidadão. Esses direitos e deveres estão explicitados no artigo 205 da Constituição Federal. O que diz o artigo? “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” Percebeu que a educação é um processo solidário? Não adianta só o Estado brasileiro querer. Há que haver cumplicidade entre o poder federal, o estadual, o municipal e o do Distrito Federal. Mas isso não é o suficiente. É necessário, também, que a família se faça presente, que os diversos segmentos da sociedade também colaborem, participando, ajudando, reivindicando etc. Além dos direitos e deveres do cidadão quanto à educação, a Carta Magna, em seu artigo 206, estabelece os princípios em que o ensino deve basear-se. Conhecer e pôr em prática esses princípios é de vital importância para você, que é ou será, um profissional da educação. E mais que isso. Esses princípios também precisam ser conhecidos e respeitados pelos responsáveis pela formulação e execução das políticas públicas para a educação, ou seja, os membros do Poder Executivo (Presidente, Ministros de Estado, Governadores, Secretários, Prefeitos, Diretores de Escolas, etc.). Quais são esses princípios? “I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO 15 IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; (Redação dada pela Emenda Constitucional n° 19, de 1998); VI - gestão democrática do ensino público na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade; VIII - Piso salarial profissional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos da lei federal.” Parágrafo Único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Pela leitura do texto da Constituição, vimos como são abrangentes os princípios que devem nortear a educação nacional. Em outras palavras, eles estabelecem que a educação deve ser igualitária: igualdade de oportunidade para todos. Todos têm o direito de acesso à educação e de ser amparados por programas que os mantenham na escola; o processo educativo deve ser um laboratório de idéias, em que todas as correntes doutrinárias e os métodos pedagógicos possam ser discutidos, as inovações tecnológicas tenham o seu lugar; o professor possa desenvolver experiências que despertem no aluno o interesse por descobrir, participar da construção do saber etc. Os princípios constitucionais para a educação asseguram a co-existência pacífica de escolas públicas e privadas, sendo que as públicas têm que oferecer um ensino gratuito, ou seja, sem cobranças, pois, na verdade, elas são mantidas pelos impostos dos cidadãos. Os profissionais da educação devem ser valorizados, admitidos por concurso público e amparados por um plano de carreira específico para o magistério; as políticas públicas devem estabelecer os padrões de qualidade que cada escola deve procurar atingir. A gestão democrática da escola é uma exigência constitucional. Mas o que isso significa? Para alguns, é a eleição direta do diretor da escola, dispensando a exigência da prova de conhecimentos; para outros, é o concurso público para diretores, tendo estes um plano de carreira próprio; para um terceiro grupo, a seleção do diretor deve se dar por meio de prova de conhecimento e IMPORTANTE! UNIDADE 1 - A BASE LEGAL DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL 16 de voto pelo Conselho Escolar. Por que tantas dúvidas e tantas posições diferentes? Por uma razão simples: cabe aos estados, aos municípios, ao Distrito Federal e à própria União aprovarem leis específicas sobre o assunto, dizendo como se dará a escolha dos diretores de suas escolas. É o que diz a Constituição, no artigo 206, inciso VI: “Gestão democrática do ensino público, na forma da lei”. Qual lei? A Estadual, a Municipal, a Distrital e a Federal, valendo cada uma delas para suas respectivas escolas. Cada Estado, cada Município e o DF podem criar seus modelos de gestão democrática, visando a uma gestão participativa. Você deve reler o Capítulo III da Constituição Federal, principalmente a Seção I – Da Educação, que começa no artigo 205 e vai até o artigo 214, pois ele é que fundamenta as matérias tratadas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, mais conhecida como LDB. LEITURA COMPLEMENTAR CONCEITO DE LDB SOUZA, Paulo Nathanael e SILVA, Eurides Brito Os princípios que regem a educação nacional, enunciados no texto constitucional devem ser ajustados, na sua aplicação, a situações reais, que envolvem: o funcionamento das redes escolares, a formação dos especialistas e docentes, as condições de matrícula, aproveitamento da aprendizagem e promoção de alunos, os recursos financeiros, materiais, técnicos e humanos para o desenvolvimento do ensino, a participação do poder público e da iniciativa particular no esforço educacional, a superior administração dos sistemas de ensino, as peculiaridades que caracterizam a ação didática nas diversas regiões do país, etc. São esses ajustamentos, essas diretrizes nascidas das bases inscritas na Carta Magna, que se constituem matéria-prima de uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Da ação conjunta do texto constitucional e do contexto da Lei de Diretrizes e Bases nascem a política e o planejamento educacionais, e depende o dia-a- dia do funcionamento das redes escolares de todos os graus de ensino. Ambos esses códigos legais funcionam harmônica e interdependentemente,como cara e coroa da mesma moeda, que, no caso é a educação nacional. “Essa integração normativa com a Constituição gera, para a Lei de Diretrizes e Bases, algumas limitações e características, que serão destacadas a seguir: DICA! FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO 17 1) A LDB não pode divergir filosófica e doutrinariamente do que estatui a Constituição, no que diz respeito aos princípios reguladores da educação brasileira. 2) A LDB não pode, nem acrescentar, nem omitir, no seu texto, algo não consagrado expressamente na Constituição. 3) A LDB não pode conter minúcias, nem normas de regulamentação casuísta, devendo sua linguagem primar pela clareza, pela generalidade e pela síntese. Não fora ela uma lei de diretrizes! Sendo, como é, uma lei de âmbito nacional e compondo-se, como se compõe o Brasil, de uma variedade incontestável de situações as mais diversas e contrastantes, se não for genérica e abrangente nas regras que contém, não servirá a todos os sistemas de ensino do País, como é do seu dever. Ademais, estando a educação sujeita, o tempo todo, a mutações dinâmicas e sucessivas, se o texto de sua lei básica não for sintético e amplo, com vistas à estabilidade normativa, a lei de hoje poderá ser inútil amanhã.”¹ 4) A LDB deve regular a vida das redes escolares, no que diz respeito ao ensino formal, ficando fora de seu alcance todas as manifestações livres e aquele tipo de curso que não funciona sob a supervisão de outros órgãos, que não os da administração superior dos sistemas de ensino. Como você pôde ver, para um país com a dimensão do Brasil, uma lei nacional da educação é importante, imprescindível, até mesmo para assegurar a identidade nacional de Norte a Sul, de Leste a Oeste deste país que, por sua imensa extensão territorial, é chamado de país-continente. A LDB trata das diretrizes e bases gerais da educação brasileira, deixando aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal, detalhamentos que protegerão as peculiaridades regionais e locais. 2. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL Antes de entrarmos no estudo da legislação educacional brasileira, sobre sistemas de ensino, vamos ler o texto, a seguir, e fazer algumas reflexões em torno de seu conteúdo: O ÚLTIMO DA CLASSE Eurides Brito da Silva A oferta de educação básica para todos, que é dever constitucional, deve ser entendida não como uma dádiva do Estado, mas sim como um instrumento necessário à sua própria soberania. Privar, por exemplo, a criança de entrar na escola, no devido UNIDADE 1 - A BASE LEGAL DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL 18 tempo, é prejudicá-la no seu desenvolvimento mental, é contribuir para fortalecer a divisão entre os “nossos filhos” e os “filhos dos outros” como dizia Valnir Chagas. É incentivar a perpetuação das figuras do senhor e do escravo; é a forma mais eficaz de entravar o desenvolvimento econômico do Brasil, a distribuição de riquezas; é a consolidação às avessas do princípio da igualdade de oportunidades. Analisando o cenário mundial das nações desenvolvidas, vê-se que nenhuma delas ingressou nesse “clube de sócios restritos”, sem que tivesse eliminado a chaga do analfabetismo. E o Brasil, por exemplo, apesar dos programas que vem implantando, principalmente a partir da década de 70 do século passado, ainda apresenta um quadro desalentador. Segundo os últimos dados do IBGE, ainda existem no universo da população brasileira, que é estimada em 180 milhões de habitantes, 13% de analfabetos. Não basta, todavia, perseguir a quantidade de matrículas na educação. A ação é meritória mas precisa estar ligada, como irmã siamesa, à qualidade do ensino. Nos últimos meses, muito se tem escrito e divulgado sobre a qualidade do ensino no Brasil em comparação com a de outros países. O quadro não nos é nada favorável. Matéria recente da Revista EXAME, sob o título “O Preço da Ignorância”, e assinada por Alexa Salomão, destaca que em “plena era do conhecimento, a baixa qualidade do ensino tornou-se uma ameaça à competitividade das empresas e uma trava ao crescimento do país”. Com base em estudos realizados pelo Banco Mundial, a matéria comenta uma pesquisa por amostragem feita por esse organismo e diz que o sistema de ensino brasileiro levou uma surra – foi o pior colocado em toda a amostra realizada, que inclui China, Índia, México e Rússia. O coordenador do estudo, Alberto Rodriguez, especialista em educação, diz textualmente: “Com a pesquisa, ficou claro que essas deficiências também provocam a perda de competitividade do país em relação às economias com as quais disputa o mercado global”. E comenta, Alexa Salomão, autora da matéria da Revista Exame: “enquanto a educação brasileira não der um salto qualitativo, o país continuará patinando – e comendo poeira dos rivais”. O PAC da Educação, lançado pelo Governo Federal, precisa dar certo por todos os motivos. Depois de longo tempo, o Ministério da Educação acordou para a importância da fixação de metas, da exigência de resultados, do estabelecimento de incentivos para os que alcançarem mais e do amparo aos que estão mais longe das metas. Ter o aluno como foco é uma redescoberta fundamental. Se a escola não tiver alunos aprendendo, não serve para nada. Isso já estava escrito no manifesto dos Pioneiros em 1932. A qualidade do ensino superior, não podemos esquecer, tem ligação direta com o que acontece no ensino médio. E os resultados apontados pelas pesquisas em nada diferem dos do ensino médio, quando comparados a países com equivalentes estágios de desenvolvimento. O economista americano Edward Glaeser, professor da Universidade Harvard e estudioso dos efeitos da educação sobre o desenvolvimento das sociedades diz: “A educação é um dos motores do crescimento e, no Brasil esse motor funciona mal”. Não bastasse a questão da qualidade do ensino, nos defrontamos com outro problema de igual magnitude, também apontado pela excelente matéria da Revista Exame 0877, de setembro de 2006, mostrando que, atualmente, “60% dos 4 milhões de universitários brasileiros estão matriculados em não mais que dez cursos, FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO 19 voltados para carreiras saturadas, como administração, direito e psicologia”. Tais dados respondem o porquê de faltar profissionais especializados para a expansão de diversos setores da indústria nacional. E a situação não é mais grave porque a própria iniciativa privada, tanto a acadêmica quanto a empresarial, vem investindo em programas de preparação de mão-de-obra para atender às necessidades de seu meio. Do contrário, a situação seria bem pior. O que fazer para que a educação no Brasil acompanhe de fato, no ritmo, na qualidade e na quantidade as necessidades do Brasil de hoje e do amanhã e com inserção na sociedade globalizada? A resposta não é difícil. Passar do discurso à prática nos planos educacionais. Entender que tais planos são do Estado e não dos Governos ocasionais. Chamar a sociedade para a discussão dos problemas da educação. O que precisa mudar para que a educação não seja uma frágil base, mas sim a sólida base do desenvolvimento nacional. O que não pode continuar é o Brasil aparecer no cenário mundial, com dados incontestáveis, como o último da classe. Como você percebeu, qualidade e quantidade na educação são indissociáveis. Todos têm direito à educação. E educação de qualidade. O desenvolvimento do país e a conseqüente melhoria da qualidade de vida do brasileiro passam pelo cumprimento da obrigatoriedade escolar. Do contrário, estaremos sempre “patinando”, e não sairemos do rótulo de “país em desenvolvimento”. Como nesta unidade vamos estudar sobre “Sistemas de Ensino”, é muito importante que você tenha a convicçãode que, para mudar o quadro da educação brasileira, é necessário haver uma ação conjugada entre União, Estados, Municípios e Distrito Federal, com políticas públicas bem definidas para a educação. É isto o que a Constituição Brasileira quer atingir, com a distribuição de competências entre os sistemas de ensino e dando à União a competência de “elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.” O termo “Sistema de Ensino” começou a figurar no texto de nossas Constituições, a partir de 1946 e, desde então, tem aparecido nas sucessivas leis que fixam as diretrizes e bases da educação nacional, a saber: • Lei 4.024, de 21 de dezembro de 1961, (Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). • Lei 5.540, de 28 de novembro de 1968 (reformulou a anterior, apenas no tocante ao ensino superior). • Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971 (reformulou a 4.024/61 nos assuntos concernentes ao ensino primário e médio, incluindo a formação de professores e a formação para trabalho). Extinguiu os ensinos primário e médio e criou o ensino de 1° grau (com o mínimo de 8 anos de duração) e o ensino de 2° grau (três anos de duração ou, excepcionalmente, quatro anos). UNIDADE 1 - A BASE LEGAL DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL 20 • Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (esta lei, que é a vigente, trocou a nomenclatura dos ensinos de 1° e 2° graus para ensinos fundamental e médio e fez alterações nos programas de formação de professores, introduziu diversas inovações entre as quais a modalidade do ensino a distância). Como que para acentuar o caráter de república federativa que é o Brasil e, portanto, da interdependência entre União, Estados, Municípios e o Distrito Federal, os legisladores passaram a usar a expressão sistema de ensino. Todavia, alguns constitucionalistas deram grande contribuição à conceituação de sistema de ensino. Vejamos: Sampaio Dória disse que: “Sistema de Ensino é a coordenação das partes que o componham, num todo orgânico, se confunde com as Diretrizes e Bases, a que os sistemas de ensino hão de subordinar-se, para respeitarem a Constituição”. Gustavo Capanema, que foi um notório Ministro da Educação e que tinha uma concepção nitidamente centralista da educação nacional, assim definiu Sistema: “Sistema de Ensino é a organização de serviço público constituída pelas atividades de instituições educativas de cada Estado ou do Distrito Federal. A Constituição quer que, em cada unidade federativa, exista e funcione, consoante às exigências locais da educação, um adequado sistema de repartições e estabelecimentos de ensino, sob a gestão, o controle e a assistência do respectivo governo”. Tal conceituação sofreu muitas críticas, pois, como dizia o grande educador Almeida Jr., o conceito de Sistema de Ensino “não pode ser reduzido a uma simples criação ou disposição de órgãos”. A educadora e jurista Esther de Figueiredo Ferraz, ex-Ministra da Educação, sugere que se desenvolva o conceito “identificando-lhe e agrupando- lhe os elementos ou componentes essenciais, encontrando assim as quatro causas tratadas na filosofia de Aristóteles: Causa Material – A matéria de que é feito o sistema (pessoas, coisas, recursos). Causa Formal – As normas (leis, decretos e outros atos legais). Causa Eficiente – O órgão do Poder Público ao qual incumba dar organização ao sistema. Causa Final – Os fins ou valores (éticos, políticos, religiosos, econômicos, pedagógicos, etc.) em vista dos quais o sistema se organiza.” FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO 21 Ela conclui dizendo que o Sistema de Ensino é “uma realidade educacional complexa e, muitas vezes, ao extremo diversificada, que adquire unidade, coerência e sentido na medida em que trabalha pelas normas traçadas pelas autoridades competentes. Se deixa conduzir em direção aos fins que esse país julga dever atingir pela educação”. O quadro abaixo representa um sistema de ensino, a partir da identificação de seus principais componentes: Já vimos, anteriormente, que a expressão “sistema de ensino” começou a aparecer em nossa legislação a partir da Constituição Brasileira de 1946. Vamos, agora, às referências que a atual Constituição faz sobre a matéria? “Artigo 211. “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. IMPORTANTE! UNIDADE 1 - A BASE LEGAL DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL 22 § 1°. A união organizará o sistema federal de ensino público federal e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir a equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino, mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. § 2°. Os Municípios atuarão, prioritariamente, no ensino fundamental e na educação infantil. § 3°. Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio. § 4°. Na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório. § 5°. A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular.” Mais uma vez verificamos que não existe, no texto constitucional, uma definição para sistemas de ensino. Todavia, é nítida a preocupação do legislador em que haja entrosamento, articulação, cooperação, colaboração entre União, Estados, Municípios e o Distrito Federal. E a novidade que traz a atual Constituição, promulgada em 1988, é a referência a “sistemas municipais de ensino”, e de pronto diz que os Municípios devem atuar prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil (art. 211, § 2°). A LDB (Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996), em seu título IV, trata da Organização da Educação Nacional. Embora, como as anteriores, ela também fuja à conceituação de sistema de ensino, deixa implícito, todavia, que ao tratar da organização da educação, está tratando de sistema. E, como vimos anteriormente, essa matéria inovou em relação às demais, usando pela primeira vez a expressão sistema municipal. Estude diretamente o capítulo II da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e aprenda sobre as competências e a intercomplementaridade da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em matéria de educação. EM SÍNTESE, VOCÊ VERÁ QUE: 1. Os sistemas municipais de ensino assumem várias competências, antes pertencentes aos sistemas estaduais, as DICA! FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO 23 quais não mais precisarão ser delegadas pelo sistema estadual, eis que já pertencem, de direito, aos Municípios. 2. A maior fonte de jurisprudência sobre a educação nacional, que antes era o Conselho Federal de Educação, passa a ser o Ministério da Educação (MEC), com a colaboração do Conselho Nacional de Educação, órgão a ele vinculado. 3. Os órgãos dos sistemas de ensino não mais se subdividem, necessariamente, em colegiados normativos e autoridades executivas. Como cabe agora ao sistema estruturar livremente os seus órgãos, poderá haver aqueles que venham a dispensar a existência de Conselhos de Educação, por exemplo (não é o caso dos Estados cuja Constituição Estadual consagra a existência do Conselho). A tendência, contudo, foi a de manter os Conselhos. 4. A prestação de assistência financeira aos Estados e Municípios passa a ser feita, na área da educação, pelo MEC. 5. O MEC assumiu foros de órgão nacional, com competências maiores sobre Estados e Municípios. Antes, ele era mais federal que nacional. Para você entender melhor a questão, vamos dar um exemplo: a avaliação do desempenhodas escolas era de competência dos respectivos sistemas. Hoje, cabe à União “assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior”. (Art. 9°, inciso VI da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Na LDB anterior, à União caberia conduzir a avaliação do ensino superior, tão-somente. 6. De acordo com o texto legal, o sistema federal de ensino compreende: as instituições de ensino mantidas pela União (Universidades, Escolas Técnicas Federais ou CEFETs, Colégio Pedro II, Colégios Agrícolas, etc.); as instituições de ensino superior da iniciativa privada e os órgãos federais de educação (MEC, Conselho Nacional de Educação e os estabelecimentos a ele subordinados). 7. O sistema estadual e o do Distrito Federal compreendem: as instituições de ensino de todos os níveis mantidas pelo Poder Público Estadual e pelo Governo do Distrito Federal; as instituições de ensino superior mantidas por Municípios; as escolas de ensino fundamental e médio criadas e mantidas pela iniciativa privada e os órgãos administrativos de educação estaduais e do Distrito Federal. As instituições de educação infantil, em funcionamento no Distrito Federal, mantidas pela iniciativa privada, integram seu sistema de ensino. 8. E os sistemas municipais? Abrangem as instituições de ensino médio, fundamental e de educação infantil, mantidas pelo Poder Público local, bem como as de educação infantil particulares e, ainda, os órgãos municipais de administração do sistema local. Note-se que quaisquer instituições de ensino superior mantidas pelo Município UNIDADE 1 - A BASE LEGAL DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL 24 integram o respectivo sistema estadual. Mas as instituições de ensino superior privadas que existem nos Municípios pertencem ao Sistema Federal de Ensino. Eis a pergunta que muitos fazem: e o que é o Sistema Educacional Brasileiro, expressão freqüentemente usada? A forma mais simples de responder é que ele é um “nome-fantasia” para o somatório dos sistemas federal, estadual, do Distrito Federal e dos Municípios. Por que nome-fantasia? Porque essa expressão não existe na Constituição do Brasil e nem na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96). Nota importante: Sempre que necessário, consulte o que diz a nossa Constituição, bem como a LDB, sobre o assunto que você está estudando. O site do Ministério da Educação, bem como o do Conselho Nacional de Educação, são fontes indispensáveis para quem deseja estudar a legislação educacional brasileira. É HORA DE SE AVALIAR! Lembre-se de realizar as atividades desta Unidade de Estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois acesse o nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA) e envie suas respostas. Interaja conosco! Agora sim, chegamos ao final da primeira Unidade. Acredito que você tenha entendido que o sistema escolar é um sistema aberto que tem por objetivo proporcionar a educação e a escolarização. Espero que tenha tirado um bom proveito do conteúdo, visto que esta Unidade é muito importante para que entenda a seguinte. IMPORTANTE!
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