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AULA 03 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL PORTUGUÊS INSTRUMENTAL – DIREITO AULA 3 O ATO COMUNICATIVO NA ÁREA JURÍDICA Nas aulas anteriores analisamos a estrutura da comunicação e as variedades linguísticas presentes em nosso cotidiano. Agora, o foco será direcionado ao ato comunicativo da área jurídica, verificando as especificidades deste tipo de discurso. Como procede o emissor? Que tipos de questionamentos ele deve levantar antes de escrever um texto? Como o receptor compreende a mensagem? São questões que pretendemos responder ao longo desta aula. O ato comunicativo ocorre quando o emissor possui um pensamento e procura expressá-lo verbalmente. O receptor domina o mesmo tipo de expressão e procura compreender a semântica1 acunhada na mensagem. A linguagem, portanto, faz a representação do pensamento e torna-se mediadora das relações humanas. A pluralidade sociocultural contribui para que essa mediação ocorra de maneira bastante 1 - Semântica: Num sistema linguístico, o componente do sentido das palavras e da interpretação das sentenças e dos enunciados (Dicionário Houaiss). AULA 03 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL diversificada, gerando, por conseguinte, um esforço para estabelecer uma base comum de comunicação, a qual é controlada pelas regras gramaticais. Como o discurso jurídico torna público praticamente tudo aquilo que produz, faz-se necessário dominar com precisão esta base comum, uma vez que a mensagem deve ser compreendida por todos. O Direito é uma ciência que procura disciplinar o comportamento das pessoas e para isso, tendo em vista a variedade cultural e social, utiliza tanto uma linguagem prescritiva (focada na gramática normativa) quanto uma linguagem descritiva (sem preocupações normativas demasiadas). O ato comunicativo, no mundo jurídico, apresenta desdobramentos singulares quando há conflito de interesses ou não-cumprimento das leis. Neste tipo de embate a linguagem persuasiva se faz presente para alcançar o convencimento do julgador. Este, por sua vez, elabora sua decisão (seu discurso) após análise de todos os pontos de vista apresentados e explica o que o motivou à sentença, esclarecendo a decisão e o raciocínio (argumento) utilizado. O discurso, portanto, é o pensamento organizado pelo raciocínio. No Direito, muitas vezes ele surge em estruturas pré-estabelecidas, conhecidas como peças processuais (modelo de petições, processos, contratos, etc). Entretanto, a comunicação jurídica não se enquadra apenas na lógica formal, calcada na razão dedutiva, pois ela possui nuances que a tornam mais complexa, como veremos a seguir. AULA 03 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL Embora o raciocínio através de silogismos2 seja bastante útil, acaba por não apresentar poder de argumentação suficientemente convincentes para eliminar as dúvidas e não permitir uma contra-argumentação. Vejamos um exemplo: Antes de cometerem um crime, todos os bandidos rondam a casa a ser assaltada. João é criminoso e rondou a casa que foi assaltada. Logo, João assaltou a casa. A acusação feita a João é apenas uma suposição apoiada em indícios que não comprovam o delito e que, portanto, não podem condená-lo. O silogismo, neste caso, será utilizado como ferramenta de argumentação, mas será apenas uma parte do processo que visará estabelecer relação entre os supostos motivos e os fatos ocorridos. Nem mesmo se houvesse uma confissão não haveria certeza absoluta, pois como afirma Damião: A “realidade” do raciocínio lógico não pode ser afirmada com certeza absoluta nem mesmo se presente estiver a rainha das provas: a confissão, porque alguém pode ter o animus necandi (a intenção de matar), atirar contra o alvo pretendido e o resultado morte pode não se consequência direta de sua conduta dolosa, exigindo-se prova 2 Silogismo: Raciocínio dedutivo estruturado formalmente a partir de duas proposições (premissas), das quais se obtém por inferência uma terceira (conclusão) [p.ex.: "todos os homens são mortais; os gregos são homens; logo, os gregos são mortais"] (Dicionário Houaiss) AULA 03 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL argumentativa da existência do nexo causal ação/resultado (DAMIÃO, 2009, p. 29) Vejamos um exemplo de uma confissão que ainda não resultou em condenação: Crime no Morro do Boi Pai da estudante acredita que confissão foi armada Para ele, alguém teria entregado a arma do crime para o novo suspeito. A estudante continua afirmando que Juarez é o autor do crime O advogado Lourival Pegorari da Silva, pai da estudante Monik Pegorari de Lima, baleada no dia 31 de janeiro no Morro do Boi, em Matinhos, Litoral do Paraná, questionou, nesta quarta-feira (1º), a confissão do crime feita por Paulo Delci Unfried. Ao assumir o crime, na manhã de terça-feira (30), ele provocou uma reviravolta no caso. O principal suspeito, até então, era Juarez Ferreira Pinto, preso em 17 de fevereiro, que mesmo reconhecido por Monik sempre negou a autoria do crime. Em entrevista ao telejornal ParanáTV 1ª edição, o pai da estudante afirmou que não há hipótese de Unfried tenha cometido o crime. “A Monik reconheceu o Juarez desde a primeira vez e nunca oscilou no reconhecimento”, disse. Ele conta que o reconhecimento foi feito, além das imagens, pela voz. Tragédia em Matinhos O crime aconteceu na tarde do dia 31 de janeiro, quando a jovem Monik Pegorari de Lima e o namorado dela, Osíris Del Corso, estavam em uma trilha no Morro do Boi e tentavam chegar à Praia dos Amores. No caminho, os dois foram baleados. A moça contou aos bombeiros que, chegando à gruta da praia, por volta das 17h30, o agressor tentou abusar sexualmente dela. Na tentativa de defendê-la, o namorado levou um tiro no peito e morreu. A moça foi atingida por um tiro nas costas e ficou caída no local, enquanto o agressor fugiu. Perto das 21 horas, segundo relatos da própria vítima aos bombeiros que a resgataram, o agressor voltou até o local do crime e cometeu AULA 03 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL abuso sexual. Os dois só foram localizados na tarde de domingo (1º). A jovem esperou por 18 horas na mata até ser resgatada. Ainda no hospital, a jovem teria dito ter reconhecido uma camiseta amarela encontrado perto do local do crime. Nunca ficou claro a importância dessa peça para a investigação. Nesta terça, Cartaxo voltou a descartar a camiseta. Disse que ela não caberia em Paulo Delci Unfried. Para o pai, Unfried está assumindo o crime, mesmo sendo inocente. “Cabe a polícia investigar porque que ele está assumindo esse crime e quem passou a arma do crime para ele”, disse o pai da estudante. O advogado Nilton Ribeiro, que defende Juarez, já pediu a liberdade provisória de seu cliente. O pedido está sendo analisado pelo juiz de Matinhos e pela Vara de Inquéritos Penais de Curitiba. O advogado concederia uma entrevista coletiva as 17 horas desta quarta-feira. Reviravolta Cinco meses depois do crime do Morro do Boi, o caso teve uma reviravolta na terça-feira (30). Paulo Delci Unfried, preso na semana passada, confessou ter matado o estudante Osíris Del Corso e baleado Monik Pegorari Lima. Em entrevistacoletiva na tarde de terça-feira (30), o delegado Luiz Alberto Cartaxo de Moura, responsável pelas investigações, negou que tenha havia erro por parte da polícia. "Nem eu, nem a polícia admitimos erro. Se isso aconteceu foi uma conjuntura probatória, pois existiam provas fortes e o reconhecimento da vítima", afirmou o delegado. Paulo Delci Unfried foi preso depois de invadir uma casa e violentar uma mulher, no balneário de Betaras, em Matinhos, na noite de quarta-feira (24). Com ele foram encontradas duas armas, um revólver calibre 38 e uma garrucha calibre 22. A polícia realizou um exame de balística e comprovou que o tiro que matou o estudante partiu da arma apreendida com Unfried. O delegado Cartaxo afirmou que a arma foi comprada legalmente em Cascavel (Oeste) e depois passou pela mão de três pessoas. Nenhuma delas era Juarez Ferreira Pinto. Mesmo com a comprovação de que o tiro que matou o estudante saiu da arma de Unfried, de acordo com o delegado Cartaxo ainda não é possível afirmar que ele é o autor do crime. "Falta o Judiciário se pronunciar se Paulo é o autor", afirmou o delegado. AULA 03 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL (Gazeta do Povo, 01/07/09. Vídeo: http://migre.me/hHyo) Um caso como este deixa bem claro que muita coisa deve ser discutida e analisada para que se consiga chegar a uma conclusão que esteja mais próxima possível da verdade. O ato comunicativo na área de Direito exige a construção de um discurso cuidadoso e muito bem elaborado, para que seja possível convencer o julgador daquilo que se pretende provar. Neste sentido, os princípios da lógica tornam-se importantes aliados no momento de organizar o pensamento. O Emissor Provavelmente você já disse ou ouviu alguém dizer a frase “a ideia está aqui na minha cabeça, mas eu não consigo colocá-la no papel”. Esta é uma das reclamações mais comuns dos alunos durante as aulas de língua portuguesa. O problema ocorre não porque a pessoa não possui criatividade, mas porque não a desenvolve. Há duas maneiras básicas de resolver o problema: − Desenvolver o hábito de Leitura − Escrever sempre, vários tipos de textos, sobre diversos assuntos. AULA 03 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL Ora, é claro que uma pessoa que nunca dispõe de alguns minutos do seu tempo para se dedicar à leitura e à escrita terá dificuldades para desempenhar tais funções. Curioso é que na maioria das vezes a desculpa é a falta de tempo, mas se perguntarmos sobre algo que estava passando na televisão... Um acadêmico que pretende alcançar pelo menos um pouco de prestígio na carreira profissional ou mesmo um desempenho razoável durante a faculdade, deve, no mínimo, rever os seus hábitos quanto à leitura (selecionar livros, revistas, jornais; estabelecer horários, escrever a respeito daquilo que leu, etc), pois sem isso só um milagre poderá ajudá-lo a escrever melhor. Há quem resolva não ler e não esperar o milagre. São aqueles que optam pela ilegalidade e resolvem apelar para a cópia, para o plágio de textos de outros autores. Falaremos disso mais adiante, quando tratarmos de Resumos e Paráfrases. Por enquanto, vejamos um exemplo de como a justiça trata de tais casos: APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 2007.72.02.000744-0/SC RELATORA : Des. Federal MARGA INGE BARTH TESSLER APELANTE : CELSO FERNANDES DE FILTRO e outros ADVOGADO : Cesair Bartolamei e outros APELADO : UNIVERSIDADE COMUNITARIA REGIONAL DE CHAPECO - UNOCHAPECO ADVOGADO : Marylisa Pretto Favaretto EMENTA AULA 03 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL ADMINISTRATIVO. ATOS ADMINISTRATIVOS. LEGALIDADE. CONSTATAÇÃO DE PLÁGIO. 1. As universidades gozam de autonomia didático-científica, não cabendo ao Poder Judiciário dispor em sentido contrário às regras por elas estabelecidas, desde que, é claro, os atos praticados pelos administradores no exercício dessa autonomia não estiverem eivados de inconstitucionalidade ou de ilegalidade. 2. No caso, a impetrada demonstrou que na verdade todos os procedimentos devidos para a avaliação dos acadêmicos impetrantes foram tomadas, tendo a orientadora destes decidido pela reprovação dos alunos em face da constatação de plágio nos trabalhos apresentados. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento ao apelo, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 12 de dezembro de 2007. Desª. Federal MARGA INGE BARTH TESSLER Relatora RELATÓRIO Trata-se de apelo dos impetrantes contra sentença que denegou a segurança para indeferir os pedidos dos impetrantes de serem reconhecidos como aprovados na cadeira de Teoria e Metodologia da Pesquisa no Direito, bem como matriculados na cadeira de Monografia I. Os apelantes alegam que não lhes foi oportunizado novo prazo para reelaboração do projeto, nem a oportunidade de submeterem seus trabalhos a banca de avaliação. Sustentam, entre outras coisas, que não foram bem orientados na elaboração da monografia, de forma que os problemas dos trabalhos não podem ser creditados aos impetrantes. Com contra-razões. O MPF opinou pelo desprovimento do apelo. É o relatório. AULA 03 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL VOTO Inicialmente, esclareço que as universidades gozam de autonomia didático- científica, não cabendo ao Poder Judiciário dispor em sentido contrário às regras por elas estabelecidas, desde que, é claro, os atos praticados pelos administradores no exercício dessa autonomia não estiverem eivados de inconstitucionalidade ou de ilegalidade. Deve ser mantida a sentença. Os impetrantes buscam obter um provimento jurisdicional que lhes possibilitasse efetuar a matrícula na disciplina de Monografia I, do curso de Direito, reconhecendo-os para tanto como aprovados na disciplina de Teoria e Metodologia, pré-requisito, por ser ilegal o ato que determinou a sua reprovação. A impetrada demonstrou que na verdade todos os procedimentos devidos para a avaliação dos acadêmicos impetrantes foram tomadas, tendo a orientadora destes decidido pela reprovação dos alunos em face da constatação de plágio nos trabalhos apresentados. Saliento que a referida decisão foi mantida pela banca examinadora constituída por quatro professores. Compulsando os autos, verifico que o plágio restou devidamente demonstrado nos autos pela impetrada. As cópias dos trabalhos juntadas pela Universidade são indícios fortes no sentido de que realmente houve plágio parcial nos trabalhos entregues pelos impetrantes. Estes alegaram, nos recursos administrativos, que não intencionavam plagiar, apenas não tinham conhecimento de que lhes era vedado copiar páginas inteiras de doutrina sem fazer referência à autoria. Entretanto, como bem mencionou o Douto Representante do MPF, "é inconcebível que um aluno prestes a se graduar no curso de Direito não tenha conhecimento de um norma dessa natureza". Ademais, na cópia da súmula da disciplina juntada pela autoridade impetrada, verifica-se que os alunos foram devidamente informados de que a nota mínima para a aprovação na cadeira era de 7,0 pontos, e não 5,0, como alegadopelos apelantes. Portanto, não há nenhuma evidência de ilegalidade nas avaliações e reprovações dos impetrantes que, na verdade praticaram ato de grande gravidade ao apresentarem trabalhos com a inclusão de textos plagiados de publicações da Internet. Ante o exposto, voto por negar provimento ao apelo. É o voto. AULA 03 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL Desª. Federal MARGA INGE BARTH TESSLER Relatora (Fonte: http://migre.me/hIEA) A mesma internet que disponibiliza material teórico praticamente infinito e que seduz tanto os plagiadores, os quais ingenuamente acreditam ser este um caminho mais fácil, também disponibiliza recursos para identificar o ato ilícito. E fato é que o sujeito que pratica o plágio durante a vida acadêmica, fará a mesma coisa em seu trabalho profisisonal, ou seja, ele será um falsário em praticamente todos os aspectos de sua vida. Portanto é uma imensa bobagem acreditar que ao se apropriar da obra intelectual alheia você estará dando um passo adiante e que que não sofrerá as consequências por isso. Voltando ao Emissor, antes de começar a escrever um texto ou organizar aquilo que pretende falar, em uma situação formal, ele deve se fazer os seguintes questionamentos: *Quem sou eu, emissor? Dependendo do papel social que o sujeito desempenha, a sua linguagem vai sofrer alterações, optando por um vocabulário mais ou menos selecionado. Por exemplo: a linguagem de um advogado de defesa é diferente da utilizada por um Juiz. *Quem é o meu receptor? É imprescindível que pensemos a quem estamos nos dirigindo, pois é o outro que determinará todo o meu discurso. Se quero ser compreendido e quero convencer o ouvinte, então deve adequar minha linguagem à realidade da situação. Por exemplo: um advogado, quando AULA 03 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL redige uma petição, não necessita explicar detalhadamente alguns conceitos do Direito, uma vez que ela será lida por um Juiz (provavelmente ele já domina tais conceitos não é?). Qual será o conteúdo da mensagem? O ponto chave para que exista clareza naquilo que será comunicado é: organização. É necessário organizar as ideias de modo que elas obedeçam o sistema básico de introdução, desenvolvimento e conclusão. Além disso, na área de Direito, é importante valorizar a concisão e a precisão das informações, portanto não é necessário ficar “dando voltas” para dizer uma coisa simples que pode se dita de forma direta. Qual é o meu objetivo? Estabelecer aquilo que se pretende com esta mensagem também influenciará no tipo de linguagem utilizada. Por exemplo: quando queremos explicar algo a alguém, tentamos utilizar um linguagem simples, didática, mas quando querermos “enrolar” ou mentir, não fazemos questão de muita clareza. Qual é o canal? É necessário adequar-se ao meio pelo qual se dá a comunicação. O profissional de Direito, na hora de escrever, deve atentar-se para o uso adequado da variante padrão da língua, compreendendo que ela difere da linguagem utilizada nos tribunais, dotada de mais emoção, visto que busca enfatizar e “enfeitar” a argumentação. AULA 03 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL O Receptor O receptor não só recebe a mensagem como também a avalia. Para que possa entender e fazer esta avaliação é necessário que ele domine o código em que a comunicação foi produzida, daí a importância da adequação do discurso à determinada situação. Segundo Mikhail Bakhtin: Compreender a enunciação de outrem significa orientar-se em relação a ela, encontrar o seu lugar adequado no contexto correspondente. A cada palavra da enunciação que estamos em processo de compreender, fazemos corresponder uma série de palavras nossas, formando uma réplica. Quanto mais numerosas e substanciais forem, mais profunda e real é a nossa compreensão.1 Portanto, quanto mais eu domino o discurso do outro, mais possibilidades tenho para desenvolver o meu discurso. Neste sentido, o ato de compreender é também um processo ativo, uma resposta. Diante de uma informação, nós nos transportamos para o mundo das ideias do outro e interpretamos suas intenções, e para isso levamos conosco as nossas próprias intenções. Como já foi dito, a situação comunicativa deve ser levada em consideração, sendo assim podemos perceber que a compreensão de uma argumentação não depende apenas do conteúdo mas também do portador deste conteúdo, pois a “negociação” do significado é feita com ele e não com a palavra em si. No mundo jurídico, prevalece atualmente o entendimento hermenêutico (conjunto de regras e princípios utilizados na interpretação do texto legal) de que a clareza é um requisito essêncial no ato comunicativo do emissor, que 1 “Sobre a compreensão”. Baktin/Voloshinov. Marxismo e filosofia da linguagem, p. 112. AULA 03 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL não completa a atividade do receptor, pois este, por sua vez, deverá compreender, julgar e avaliar a argumentação utilizada. Só poderá interpretar e julgar aquele que de fato compreender a mensagem. Podemos verificar a importância disto nesta ementa: O Direito Brasileiro tem por base o princípio do livre convencimento do Juiz, o qual determina que o Magistrado decidirá a controvérsia trazida ao Judiciário com base na livre apreciação das provas carreadas aos autos pelas partes, tornando essencial o elemento probatório, segundo o qual incumbe à parte o ônus de produzir a prova dos fatos alegados como existentes, tal como previsto no Código de Processo Civil, art. 333, inciso I, o que não ocorreu in casu. (Fonte: http://columbo2.cjf.jus.br/juris/unificada/Resposta)
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