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A Teoria do Direito De Scott Shapiro

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SCOTT SHAPIRO
A teoria de Shapiro se concentra no livro Legality. Baseia-se em planos. Defende o positivismo exclusivo. 
Cap 1 – descreve como a teoria do direito trabalha.
A TEORIA DO DIREITO – não é uma parte muito importante mas é inicial
- é analítica e conceitual porque analisa conceitos; metafisica por que quer determinar a natureza do direito; descritiva pois fala do direito que é e descreve-o tal como se apresenta
- assume certas verdades evidentes (truismos) ex: tem que ser obrigatório; não está sujeito a vontade e a opinião de cada um; que há uma multiplicidade de normas que são relacionadas umas com as outras
- parte de características necessárias do direito, se você quer descrever o direito em geral, deve descrever caracteristicas que todas as normas tem, inevitavelmente, pois são inseparável do direito.
- recorre a experimentos mentais para propor/testar, vem de imaginar um cenário hipotético e ver o comportamento nesse caso, se uma certa caracteristica é mesmo inevitável e necessária ao direito
- tenta desenvolver uma teoria de explicação completa sobre o que é o direito
DESAFIOS EXPLICATIVOS
1- Autoridade e norma: ovo e a galinha, qual dos dois veio antes? Autoridade ou norma?
Alguém só é uma autoridade SE HOUVER UMA norma que dê autoridade a essa pessoa. Que diz que aquela pessoa tem poder e é dotada de autoridade. E pra haver uma norma válida é preciso de uma autoridade que a crie. Uma autoridade legitima que a crie. O problema de qual dos dois veio antes é justamente a codependência entre eles.
Toda teoria do direito tem que tentar resolver esse desafio. Hart e Austin tentaram resolver apelando pra fatos sociais
Austin: o fato do hábito de obediência faz surgir a autoridade do soberano, autoridade primeiro
Hart: o fato aqui é o da aceitação social de uma regra de reconhecimento que criou a norma fundamental, que dá origem a todas as outras, portanto a norma veio antes
2- Conseguir ser abrangente pra explicar as formas do direito sem violar a lei de Hume
OBS: LEI DE HUME: ideia de que de algo que é descritivo ou factual, não se pode tirar uma conclusão prescritiva ou normativa. Do ser você não pode extrair o dever ser. Ex: uma porta estar aberta não quer dizer que ela deve estar aberta. Não se pode fundamentar o dever ser pelo ser. Um fato sozinho não fundamenta a norma. Não pode se passar diretamente do factual para o normativo. 
O positivismo quando tenta fundamentar o direito em fatos sociais acaba violando a lei de Hume, pois diz que o direito é obrigatório porque certos fatos aconteceram, isso é passar do fato social pro obrigatório, do factual pro normativo. A regra de reconhecimento ser aceita é um fato e isso não a torna obrigatória. Pula da aceitação pra obrigatoriedade, da mesma maneira como no caso de habito de obediência de Austin, o soberano é habitualmente obedecido, mas isso é um fato e não quer dizer que ela deve ser obedecido. 
O jusnaturalismo tenta fundamentar a norma na moral, então não passa do ser pro dever ser, porque a moral já é normativa, então se passa do dever ser moral pro dever ser jurídico, se passa do normativo pro normativo. O problema aqui é que ele só consegue explicar os sistemas jurídicos moralmente corretos, o direito só seria obrigatório se fosse moralmente correto, e não consegue explicar a autoridade de sistemas moralmente injustos. Não consegue ser abrangente o suficiente para explicar os sistemas injustos.
AUSTIN
- Austin dá prioridade pra autoridade, e diz que o que fundamenta a autoridade é o habito de obediência do povo com o soberano. A autoridade não é constituída por uma norma, mas por um fato social.
- Explica as normas como ordens do soberano com base em ameaças de imposição de força.
- Deixa de fora várias normas que não são assim, que permitem e autorizam e que se aplicam aos seus próprios criadores ou não tem criadores determinados. 
- Funda a autoridade num fato social que é um habito de obediência, se passa do geralmente é obedecida pro deve ser, do fato pra norma. Então viola a lei de Hume
HART
- Dá prioridade a norma, fundamenta elas na aceitação social da sociedade, portanto de novo em um fato. Quem veio primeiro foi a norma porque há uma norma primeira que dá origem a todas as outras.
- A norma primeira é a regra de reconhecimento que não é criada por nenhuma autoridade e é simplesmente um fato social. Baseia essa norma primeira em aceitação social.
- Confunde o conceito normativo com o empírico (engloba a crítica de Raz à Hart)
- Fundamenta a norma em um fato social então viola a lei de Hume.
SOLUÇÃO DE SHAPIRO
Proposição da teoria do direito como planos. As normas jurídicas são planos. Que não violam a lei de Hume ao pular pra normas, pois os planos são normativos desde o início. São obrigatórios em função do propósito e não do conteúdo e nem pelo seu mérito (se é bom ou mau). Explica a obrigatoriedade dos planos apenas na perspectiva de quem aceita o ponto de vista jurídico. Se você adota o ponto de vista jurídico, o plano é obrigatório e não há violação da lei de Hume.
PLANOS 
Noção
São certas decisões que tomamos de antemão, antecipadas, que nós sabemos de antemão que no futuro vamos enfrentar certo problema, o motivo pelo qual resolvemos antes é por causa da complexidade e da incerteza e desacordos sobre o assunto. Não se pode deixar pra cima da hora. Tentamos nos vincular a decisão tomada de antemão. Uma decisão sobre como se lidará com uma situação no futuro.
EX: um grupo de amigos de muito tempo mas o tempo passou e seguiram com a sua vida, eles continuam amigos mas não se veem mais cotidianamente, tem agendas complexas e distintas, resolvem ter um dia fixo da semana toda semana pra saírem juntos, esse dia é sexta feira daqui por diante. Esse é o primeiro plano. Ele já resolve um problema que era complexo por conciliar agendas, incerto pois não se sabia o melhor dia da semana, e haveria desacordo, pois, cada um diria um dia diferente. 
Pra onde ir agora? Surge um segundo problema de não saber pra onde ir, pois cada um prefere um lugar diferente, e isso leva a meia hora de discussão e sempre deixa alguns insatisfeitos, então eles adotam uma estratégia de rotatividade, onde a cada sexta, um deles indica o local pra onde ir, e todos terão que aceitar esse local, pra que quando chegue a sua vez todo mundo vá também. 
► Há planos simples e planos complexos.
Simples – resolve um problema prático, mas quando se tenta aplicar um plano simples, eles acarretam em outros problemas, que são os complexos. (o dia de se reunir)
Complexo – resolvem os problemas surgidos pelos planos simples. (o local da reunião)
► Essa é a noção geral de como os planos funcionam. De acordo com isso, não faz sentido que na hora de aplicar o plano haja discussão sobre se o plano é bom ou ruim. O motivo pelo qual existe uma decisão tomada de antemão é para que não haja essa discussão, pois isso gera complexidade, incerteza e desacordo.
Se as normas são planos, não faz sentido discutir – na hora que seriam aplicadas – se elas são boas ou não. Elas têm que ser aplicadas exatamente do jeito que foram estabelecidas. A única interpretação possível é a de revisão dos planos, e não de aplicação. Essa função é do legislativo e não judiciário.
Shapiro é tão formalista, que considera que no caso Elmer, o herdeiro poderia receber a herança, pois não havia nenhuma norma dizendo que o assassino não poderia receber o dinheiro, é um mau plano, mas não cabe ao judiciário rever essa norma na hora que foi aplicada, cabe ao legislativo prever todas as situações possíveis antes de criar uma norma. 
Conceito
Plano é uma entidade proposicional abstrata (enunciados). São enunciados linguísticos que requerem, permitem ou autorizam que certos sujeitos ajam ou não de certas maneiras sob certas condições. Isso cobre basicamente todas as normas que conhecemos.
Enunciados→Requer, Permite, Autoriza→Certos sujeitos→Agir ou não→Certos modos→Certas condições.
Ex: Homicídio, imposto de renda. Na verdade descreve qualquernorma jurídica, planos são basicamente normas ou pelo menos um tipo especial de normas. (as que são definidas de antemão)
CARACTERÍSTICAS
1- Parciais:
Nunca cobre todos os aspectos de uma atividade, apenas partes, deixando outros abertos, sempre deixa de cobrir alguns. No entanto, a compensação disso vem na característica seguinte. São parciais, mas possuem a capacidade de se combinar mutualmente para formar um plano maior
2- Aninhados (nested):
São capazes de formar um ninho, se unir uns aos outros em uma figura de um triângulo grande que contem vários menores dentro dele. Um plano maior pode ser formado de vários subplanos cobrindo aspectos menores da mesma atividade, a tal ponto que com esse plano maior nós tenhamos uma atividade muito mais regulada, objetiva e certa.
3- Consistentes entre si:
Não conflitantes entre si. Não contraditório. Devem contribuir uns com os outros para formar o ninho. 
4- Consistentes com o mundo
Para serem eficazes, não podem contradizer as circunstâncias do mundo., deve ser minimamente consistente com o mundo e bem adaptado com as suas circunstancias, para que sejam eficazes.
5- Resistentes 
Permanecem os mesmos desde sua criação atá a sua aplicação à situação visada. Nesse período tem que permanecer intacto porque na hora da aplicação tem que ser aplicado do jeito que foi criado.
6- Revisáveis
Está sempre disponível que se crie um novo plano novo e diferente daquele, mas até que seja, os antigos seguem valendo e intactos. O que revisa o plano antigo não é uma mudança no antigo (porque eles são resistentes e não mudam), mas sim uma criação de um novo plano.
Obs: só quem pode revisar planos dentro do direito é o legislativo, o judiciário apenas aplica o plano exatamente como ele foi criado, e ele está sujeito à resistência, portanto enquanto a lei for aquela, precisa que seja aplicada como ela é, não pode revisar o plano no momento da sua aplicação (porque eles são resistentes)
7- Possuem Preempção
Mesmo sentido de raz. Um plano cancela razões de primeira ordem e determina sozinho o que se deve fazer. Uma vez que o plano esteja fixado, você está obrigado a deixar a sua opinião de lado e seguir o plano. O plano possui preempção sobre suas razões e cancela razões de primeira ordem e determina sozinho o que se deve fazer. Fecha um debate. Não pode ser reaberto na hora de sua aplicação. A decisão do plano decorre de discussão e quando é definido, fecha o debate de vez. 
SCOTT SHAPIRO AULA 2 
TIPOS DE PLANOS
3 tipos de planos
1- Quanto a abertura: se você planejasse fazer um jantar pra si mesmo, esse plano poderia ser feito de duas formas: De uma maneira que todos os passos já estejam estipulados e eu só precise executá-los (plano fechado, top-bottom). De outra forma seria ter apenas uma ideia vaga e ir se adaptando às condições da execução, com apenas algumas ideias estabelecidas, mas nada certamente concreto, esse plano tem certas linhas gerais mas ainda esta amplamente aberto para ser complementado por decisões e informações (plano aberto, bottom-top)
Essa distinção é importante pois Shapiro estabelece que há planos abertos e fechados, não existem só os planos fechados, quanto mais complexos são os planos e quanto mais pessoas são envolvidas, mais inviável vai ficando que se mantenha um plano aberto, pois esse plano acabaria dependendo da decisão e conhecimento de várias pessoas que poderiam tomar boas ou más decisões que se contradizeriam e frustrariam a realização do plano. Planos abertos funcionam melhor com poucas pessoas em casos simples e pessoais, pois dependeria de uma pessoa só. 
2- Quanto a complexidade: simples, complexos ou mestre.
Simples: são aqueles que eu formulo para realizar uma certa atividade, um plano de como realiza-la, esse plano responde diretamente a um problema prático, de como se realizar alguma coisa envolvendo uma ou mais pessoas, tem uma relação direta com a atividade. Quando se introduz um plano simples ele pode criar novos problemas, requerendo outros planos, se o simples se ver difícil de realizar sozinho (jantar – comprar ingredientes que faltam), eu precisaria de um plano complementar que 
Complexo: resolve os problemas de outro plano, resolve a complexidade que só surgiu com os problemas de um plano simples, ele coordena o plano simples e resolve os seus problemas, estabelece condições para que os planos simples se realizem.
Plano-Mestre: responde ao nível mais alto de complexidade, raramente ele é necessário, só quando você já tem uma coletividade de indivíduos em que já existem planos, portanto o plano mestre apenas fixa condições gerais para quem pode aplicar os planos e quem pode modifica-los, se aplicam a todos os planos. Coordena todos os demais planos estabelecendo condições gerais a eles. É o maior nível de abrangência de complexidade, se faz necessário em uma sociedade grande que já utiliza o funcionamento de planos e precisa de um plano mestre para coordená-los. 
3- Quanto ao compartilhamento ou abrangência 
Individuais: só uma pessoa que abrange todas as tarefas, não precisa lidar com desacordos, nem com alienação (que só ocorre quando a pessoa que planeja e a que obedece são distintas). Faz sentido planos individuais serem abertos. Não tem que lidar com divisão de tarefas.
Coletivos: envolvem desde duas pessoas até um número de pessoas indeterminado, mas que podem comunicar-se entre si (não muito grande). Dividem tarefas, lidam com desacordos, mas não com alienação (pois as pessoas planejam o plano para si e participaram da confecção do plano). Deve-se lidar com assimetria, e isso deve ser levado em conta na hora de dividir as tarefas e resolver os desacordos. Quanto maior o número de pessoas envolvidas no plano, é necessário que o plano vá se tornando mais fechado que aberto, assim como também é preciso adotar planos complexos para cobrir as lacunas do plano simples
Em massa: um número tão grande de indivíduos que ultrapassa a capacidade de todos se conhecerem e se comunicarem, há um alto grau de desacordo e incerteza entre as pessoas, não há possibilidade de deixar os planos em aberto. A pessoa que cumpre o plano não participou da sua confecção. Isso faz com que o plano seja muito mais fechado, o número de pessoas é tão grande que não tem como todas se conhecerem e dialogarem entre si, assim você tem planejadores e executores, fazendo com que exista o fenômeno da alienação. 
A alienação cria um problema de motivação de obediência, é o problema de obedecer uma ordem que diz respeito a alguém mas que ela não fez parte da sua confecção. É uma decisão para mim que eu não tomei, eu não tenho a mesma motivação de obedecer que eu teria se fosse uma decisão própria minha, é um caso de déficit de motivação. Nesse caso, deve ter um incentivo extra de por que obedecer ao plano. Ex: donos e empregados da empresa capitalista, a motivação dos empregados não é a mesma dos donos, há o incentivo extra do salário, é como se o salário fosse uma compensação por você não ter participado do planejamento, não há interesse de manter a empresa, mas apenas de receber o salário, faz com que a motivação de obediência seja um incentivo como uma compensação adicional. 
OBS: No caso do direito há um incentivo negativo, que é a sanção, quem não cumprir a lei, sofre a sanção, é um tipo de incentivo que compensa o fato da alienação, o déficit motivacional que surge com o fenômeno da alienação. Não houve participação na criação do direito, então você tenta ao máximo seguir a lei para não sofrer sanção.
Além disso, são planos meta pessoais, precisam continuar existindo mesmo que as pessoas que planejaram não estejam lá ou morram, não depende da pessoa no cargo de planejador.
EXPERIMENTO MENTAL: COOKS ISLAND
As pessoas se juntam para abrir uma empresa de cozinha. Onde há os donos e os empregados. Essas pessoas vão para uma ilha deserta e tentam coordenar suas atividades por meio de planos.
Em um primeiro momento, só precisariam de planos simples, viveriam apenas do que a natureza fornece, iriam pescar, caçar,colher frutos (que não plantaram), só precisariam saber quem faria o que. Uma série de planos simples resolveria esse problema.
1ª dificuldade: quando chegasse o inverno pela primeira vez, os lagos congelariam, os animais fugiriam ou hibernariam, boa parte dos frutos agora secaram, há um momento de escassez. Daí há uma tomada de decisão: estocar alimentos para conseguir passar pelo inverno, de forma a não ter que lidar com a escassez de novo. 
Transição para agricultura e pecuária: produzem o próprio alimento, para que seja possível a estocagem, agora todos terão que se dedicar a essas atividades, mas em um primeiro momento, as terras ainda são de todos, todos trabalham na mesma terra e recebem os frutos, todos se beneficiam de tudo. (aqui nesse momento já se estabeleceu um plano complexo)
2º problema: paradoxo dos incentivos: Se no fim das contas, quer eu trabalhe mais ou menos eu recebo o mesmo, eu não tenho porque trabalhar mais se posso trabalhar menos e ganhar o mesmo, não há mais o incentivo de produtividade. Todos trabalhariam menos, logo embora todos estejam trabalhando juntos, não haverá produtividade suficiente para superar a escassez. 
As pessoas trabalham mais se a porção for proporcional ao esforço feito, pra isso, há necessidade de separar as porções de terra e gado para cada pessoa. De modo que eles só consomem o que eles produzem, deve-se incentivá-los a alcançar a produtividade máxima, quanto mais produtivo, mais você vai receber, mas para isso eu tive que criar outro plano complexo, para resolver o paradoxo dos incentivos, e agora tem propriedade privada. Com esse plano há novos problemas. 
3º problema: Como farei com que as pessoas não invadam as propriedades alheias? Se houver algum dano com a propriedade de alguém, quem resolverá isso? Chegaria a um grau de dificuldade que não seria mais possível que houvessem apenas planos complexos. 
Esse problema se resolve com o estabelecimento de poucas pessoas que decidiriam quem aplicará e planejará os planos e quem os decidirá, só alguns poucos cuidariam dessa parte e os outros só vão obedecer, aqui agora há o problema da alienação, onde pessoas obedecem mas não planejam, com isso há menos motivação de obedecer. Para lidar com isso devem-se criar sanções como objetivos extras de obediência, aqui agora há um sistema complexo de planos, que é o Direito. Isso mostra que a criação de uma comunidade regida por planos passa pela criação de planos simples a complexos até que se chega a possibilidade um plano mestre, com aplicadores e elaboradores de planos. Mostra também que nessa sociedade se passa todas as características do direito, com o crescimento da complexidade de planos, portanto o direito pode ser considerado um sistema planejativo complexo que envolve um plano mestre e que cria incentivos contra a alienação por meio da sanção.
TESE 1
1- Circunstâncias da legalidade (da necessidade de direito): há 3 circunstancias que tornam necessárias a noção de planos: complexidade das questões, incerteza da resposta certa, desacordos entre os integrantes.
Isso define que haja um estabelecimento de antemão. Quanto maior e mais intensas forem essas circunstancias, mais complexos seriam os planos, a tal ponto que se a sociedade chegue a um nível máximo onde não haveriam planos simples, não haveria mais direito. De certa forma, são essas circunstancias dos planos que criam o direito, pois ele deve corrigir esses defeitos morais que resultam disso, determinando de antemão o que deve ser feito, fixando respostas prévias que são falíveis.
Essas circunstancias provocam certos defeitos morais (o fato de não sabermos o que fazer), onde o propósito do direito é corrigir esses defeitos morais.
2- Proposito moral do direito: corrigir defeitos morais resultantes das circunstancias da legalidade, Corrigir esses defeitos morais é a finalidade do direito.
Determina de antemão o que deve ser feito, respostas fixadas de antemão, falíveis, temporárias, revisáveis e vinculantes. Fixa respostas prévias que são falíveis, não são finais nem absolutas, são apenas respostas temporárias e passiveis de erro, enquanto elas estiverem valendo, elas são vinculantes. 
TESE 2
3- Ponto de vista jurídico: de quem presume que todas as normas jurídicas são legitimas e obrigatórias, de quem aceita que as normas são planos e devem ser tratadas como planos. As normas são planos, o que implica que elas devem ser tratadas como planos, isso muda que se uma norma deve ser aplicada como um plano, não faz sentido rediscutir uma norma na hora da sua aplicação. Isso permite que a teoria do direito crie enunciados perspectivos. 
As normas são preemptivas, e passam a adquirir todas as características de planos.
4- Enunciados perspectivos (o que é aceitável para alguém, não do que é obrigatório em si)
“P é obrigatório” é um enunciado normativo, está recomendando P, dizendo que P deve ser obedecido, pois trata do que é aceitável ou não
“para S, P é obrigatório” (S sendo alguém que adota o ponto de vista jurídico), aqui não é normativo, pois se diz que na opinião de S, tal como S vê, P é obrigatório para S, isso é um enunciado descritivo. Diz que para um certo individuo, na sua opinião, P é obrigatório, isso é um enunciado descritivo
EX: como descrevemos culturas exteriores à nossa, se você diz que comer carne humana é aceitável, este é um enunciado normativo moral, em que você diz que na sua opinião é aceitável. E se você diz que para uma tribo antropófaga comer carne humana é aceitável, no primeiro enunciado é normativo, pois você diz que é aceitável para você, no segundo caso, não é normativo, você não está falando o que é aceitável, você está falando o que aquela tribo pensa em particular, este é um enunciado perspectivo, você fala o que é obrigatório na perspectiva de alguém.
Utilizando isso, agora é possível fornecer uma explicação que não viola a lei de Hume, se eu disser que para S, P é obrigatório, e como fundamento disso o fato de que p é obedecido, isso são dois fatos e enunciados descritivos, não se passa do descritivo pro normativo, mas do descritivo pro descritivo. Shapiro diz que a ideia do direito é de que ele não formula fatos normativos, então para ele a teoria do direito não fala do que é obrigatório em si, e sim do que é obrigatório para quem adota a teoria do direito. Para certos sujeitos que adotam certos pontos de vista ao saber sobre o ponto de vista juridico; então os enunciados são enunciados descritivos e não normativos, são perspectivos, e isso permite a teoria não violar a lei de Hume - ela não passa abruptamente do normativo para o descritivo pois ele nunca é normativo na verdade.
A ideia de Shapiro é que o direito não seja obrigatório em si, mas para certos sujeitos que adotam o ponto de vista jurídico. 
TESE 3
Lógica simples dos planos: A existência e conteúdo de um plano não pode depender dos fatos que ele visa estabelecer, se um plano visa estabelecer quais são as penas aceitáveis, se é essa a finalidade dele, eu não posso já ter que saber quais penas são aceitáveis para ele saber o conteúdo desse plano, não se pode depender do que ele quer responder para só aí entender a resposta que ele está dando, isso frustraria o objetivo dos planos, pois não pode haver incerteza, ele estaria tentando eliminar o problema da incerteza recorrendo a um critério que em si é incerto, entra em contradição com a finalidade dos planos, pois deve substituir o desacordo pelo consenso, o incerto pelo determinado, o complexo pelo simples. 
Na prática: Não pode incorporar critérios morais, pois reproduziria o mesmo problema. Nega a tese da incorporação, favorece o positivismo exclusivo. As normas não podem incorporar critérios morais pois entra em contradição de como planos funcionam e pra que eles servem. Os critérios morais são complexos, incertos e controversos, então afasta-se essa incorporação, o direito não pode incluir os problemas que ele tenta resolver
TESE 4
Logica geral dos planos: a interpretação de um plano não pode depender de fatos que elevisa estabelecer, ele não pode ser interpretado à luz de critérios morais, não posso AO INTERPRETAR um plano, me perguntar se ele é correto ou justo, os planos funcionam de modo que devo chegar na aplicação já sabendo o que fazer, sem qualquer consideração sobre seu mérito de conteúdo, fazendo exatamente o que esteja previsto no plano independente do que eu acho, pois eu sou um mero reprodutor do que o plano diz (formalismo jurídico).
Na prática: devo interpretá-lo de modo a aplicar exatamente o que está previsto nele, que corresponde ao formalismo jurídico, devo ser um mero reprodutor do que o plano diz (ao contrário de Raz). Shapiro diz que os planos devem ser aplicados exatamente do jeito que está previsto, se não há a hipótese de exclusão no caso Elmer, eu não posso excluí-lo. Isso faz com que hajam decisões ruins? Sim, mas não cabe ao judiciário reformar o plano, e sim ao legislativo. As decisões não são ruins por causa da pessoa que aplicou o plano, mas sim por causa do plano em si que era ruim.
TESE 5 
Economia da confiança: a democracia, no seu desenho institucional, prevê a existência de um poder legislativo e um judiciário. Onde um é criador dos planos e um é aplicador. Um poder eleito e um poder não eleito que toma decisões com base no direito. Atribui muito mais confiança ao legislativo do que ao judiciário, se dá mais poder a ele por isso. Se confia menos no judiciário e nas decisões que ele vai tomar. Cada vez que se distribuem tarefas, se distribui confiança, isso se chama economia da confiança. É essa distribuição da confiança que se tem dentro do desenho institucional da democracia. Quando se tem uma teoria do direito, de como juízes devem decidir, essa teoria não pode atribuir muito mais poder ao judiciário do que o desenho dá pra ele. Ele acha que é isso que acontece com a teoria de Dworkin que inverte a relação de confiança. 
Uma teoria do direito não pode distribuir confiança de modo diverso do desenho institucional do sistema. Não pode atribuir muito mais confiança do que o desenho institucional das democracias constitucionais deu a ele. Ele diz que isso aconteceu na teoria de Dworkin, que faz com que os juízes façam muito mais do que deveriam, a teoria interpretativa de Dworkin desconfia do legislativo e coloca mais poder no judiciário. Segundo Shapiro isso não deve ser feito pois não segue o desenho institucional, a teoria não pode desconfiar e mudar o poder, isso trai a teoria da confiança, então a interpretação jurídica deve ser textualista e formalista (Teoria meta-interpretativa). Uma teoria do Direito não pode estabelecer a confiança de modo diverso do que foi feito no desenho constitucional.
Teoria meta-interpretativa: sobre qual a forma adequada de interpretação. Deve se atribuir aos juízes um padrão que esteja em conformidade com a economia da confiança.
Dworkin, segundo Shapiro, permite que você faça uma interpretação construtiva sobre exemplos que não estão citados em lugar nenhum, para chegar a uma conclusão moral (utilização dos princípios). Isso coloca uma enorme responsabilidade sobre os juízes, assim, inverte a economia da confiança. Para Shapiro, o juíz deve apenas reproduzir o que está nas normas, tornando menos complexo, mais fácil de ser fiscalizado, corresponde a economia da confiança, dando menos confiança ao judiciário do que ao legislativo, sendo a função do judiciário menor e menos complexa.
	Legislativo
	Judiciário
	Criador
	Aplicador
	Eleito
	Não eleito
	Mais confiança
	Menos confiança
	Mais poder
	Menos poder

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