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MODULO 1. O Direito Constitucional
 Antes de tudo, é necessário situar o Direito Constitucional no âmbito da Ciência do Direito, definir seu objeto e as suas várias vertentes sob as quais analisa o seu objeto.
 O Professor José Afonso da Silva (2007, p. 34) define o Direito Constitucional como “o ramo do Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado”.
Como adiante veremos, a Constituição de um Estado traça a organização fundamental de uma sociedade, suas estruturas básicas de poder, os Direitos Fundamentais e os órgãos de poder, logo, a disciplina do Direito que tem por objeto o estudo dessas normas fundamentais acaba por categorizá-lo, também, como Direito Público Fundamental.  Dentro da grande divisão das disciplinas do Direito, o Direito Constitucional se insere dentro do Direito Público.
O Direito Privado disciplina as relações jurídicas entre particulares, nas quais predomina a autonomia da vontade, ou seja, o que as partes convencionaram é o que prevalece, se não houver lei proibindo.
 Já no Direito Público, nas relações jurídicas, prepondera a vontade da lei e não das partes, geralmente são relações de subordinação do interesse privado ao interesse público, seu conteúdo visa um interesse geral e não particular.
Outra questão importante é saber que o Direito Constitucional estuda o seu objeto, a Constituição, sob pelo menos três prismas, como bem informa o professor José Afonso da Silva:
a)  Direito Constitucional Positivo: que tem por objeto o estudo específico de uma determinada constituição de um determinado estado;
b)  Direito Constitucional Comparado: que tem por objeto o estudo comparado de duas ou mais constituições, vigentes ou não, de dois ou mais Estados; e,
c)  Direito Constitucional Geral: que tem por objeto a sistematização dos estudos a respeito de uma teoria geral do Direito Constitucional, seus institutos próprios, a identificação das categorias gerais, comuns, às diversas constituições.
1.1 Constituição: conceito, classificação e elementos.
A pergunta essencial: o que é uma constituição? Pode não ser tão simples de se responder como incialmente possa parecer, pois na doutrina, há tratados profundos sobre o tema e pontos de vistas distintos.
O próprio nome pode ser variável, ou seja, vários signos podem ter o mesmo sentido. Por exemplo, é comum vermos na doutrina as expressões: texto constitucional, carta suprema, carta fundamental, carta magna, lei das leis, entre outras, significando, todos eles, a mesma coisa.
Outro ponto importante é que “o que é uma constituição” tem também o seu sentido variável no tempo, quanto maior o recorrido histórico que se faça, mais sentidos e conceitos do que é uma constituição se terá, de maneira que é impossível convir a um único conceito definitivo.
 Todavia, por uma questão didática e sem ter a pretensão de exaurir o conceito e o sentido da expressão, de uma maneira geral, compreende-se que uma constituição é a norma suprema, a mais importante que está em vigor em um determinado Estado ou sociedade politicamente organizada.
Sem sombra de dúvidas, essa é uma noção exclusivamente jurídica, mas uma constituição é muito mais que uma norma jurídica. Logo adiante veremos alguns conceitos do que é uma constituição, de forma que o candidato ao exame de ordem possa ter, sinteticamente, uma noção, a mais completa possível, do que é uma constituição.
1.1.1 Conceito:
 Constituição é o conjunto de normas, da mais alta hierarquia, que organiza os elementos constitutivos do Estado (Povo, Território, Finalidade e Soberania), é a Lei Fundamental de uma determinada sociedade organizada politicamente. Como afirma Bulos (2007. p.28), “as constituições revelam a particular maneira de ser do Estado.”. Se desejamos saber como uma sociedade (Estado) está organizada, devemos iniciar nosso estudo por sua constituição.
A constituição regula a Forma de Estado, a Forma de Governo, o modo, aquisição e exercício do poder, estabelece ainda órgãos, direitos fundamentais e suas garantias.
 Acima dissemos que constituição não é apenas uma norma jurídica, ou que, não existe apenas um conceito ou acepção do que é uma constituição, agora, vamos ver em quais sentidos podemos entender o que é uma constituição. Todas essas acepções completam-se no explicar o que é uma constituição.
1.1.2 Concepções
A constituição, então, pode ser entendida de várias maneiras:
a) Sentido Sociológico: é a somatória dos fatores reais do poder operantes dentro de uma sociedade. Este sentido está relacionado à legitimidade de uma constituição, a sociedade tem vários núcleos de poder como os sindicatos, os partidos, as igrejas, os militares, o poder econômico, etc. A Constituição legítima é aquela que representa a maior parcela da sociedade. Esta concepção aponta um valor atual da Constituição, pois o seu conteúdo não pode ficar estagnado no tempo, pois a sociedade muda. Assim, é necessário que a constituição seja adequada a cada momento histórico de uma dada sociedade, o que pode ser feito com ou sem alteração de texto (emendas constitucionais ou interpretação do texto). A ideia de Constituição Sociológica é de Ferdinand Lassalle.
b) Sentido Político: constituição só se refere à decisão política fundamental, ou seja, modo, forma do Estado e direitos fundamentais. Tudo que estiver no texto da constituição, mas que não disser respeito à decisão política fundamental (organização do Estado, dos poderes e direitos e garantias fundamentais), não é, propriamente, constituição, mas lei constitucional. Assim, como explica a doutina, analisando os textos de Carl Schmitt, se faz uma distinção entre constituição (decisão fundamental) e leis constitucionais (quaisquer outros assuntos que não sejam decisão fundamental).
c) Sentido Material: importa o conteúdo da norma. Pode haver norma constitucional fora da constituição. Sob o aspecto material, qualquer norma que trate de questões relativas à organização fundamental do Estado é constituição, não importando que esteja em um texto solene ou não.
d) Sentido Formal: já no sentido formal interessa a forma de nascimento da norma, se foi produzida como um documento solene, diferenciado em relação aos demais, indicando o peculiar modo de ser de um Estado e tudo o mais que a decisão política fundamental entendeu por bem inserir nesse mesmo texto. Nesse sentido, não importa o teor da norma, o seu conteúdo, mas simplesmente o fato de constar de um texto solene chamado de constituição. Ex.: Colégio D. Pedro II do RJ (art. 242, § 2º). Não há nada de fundamental neste texto, mas por constar no texto da constituição brasileira de 1988 é norma constitucional, portanto, faz parte da constituição, e somente pode ser alterado por emenda constitucional.
e) Sentido Jurídico: Constituição é mundo do “dever ser”, norma pura, sem conexão sociológica, política ou filosófica, como pensava Hans Kelsen. A constituição é um ato de vontade de seus criadores, simples imposição coercitiva que organiza o Estado. Há uma hierarquia lógica da constituição, fundada na ideia de que existe uma norma fundamental hipotética (que diz que devemos obedecer à constituição e que dá validade à constituição jurídico-positiva), esta sendo a norma positiva suprema, a mais alta norma do Estado.
Sob a concepção jurídica, em sentido lógico-jurídico, constituição é uma norma hipotética fundamental, uma norma superior à própria constituição vigente que lhe fundamento de validade.
Ainda sob o prisma jurídico, a constituição também pode ser entendida como jurídico-positiva: a norma escrita, suprema, de uma determinada sociedade.
 f) Sentido Culturalista: a constituição é produto de um fato cultural, produzido pela sociedade que influenciou o seu texto, mas que também por ela é influenciada.
1.1.3 Classificação
 A classificação das constituições não é exaustiva, procura atender com maior proximidade ao que é exigido nos concursos e exame de ordem, além do que, não existe propriamente umaclassificação certa ou errada, mas busca-se com as classificações compreender um pouco mais do objeto de estudo, observando-o da forma mais analítica possível e sob os mais diversos pontos de vista.
Assim, as classificações que se estabelecem a seguir são aquelas que mais têm sido exigidas nos concursos e exame de ordem e que, certamente, irá ajudar o aluno a melhor fixar o entendimento do que é uma constituição. Vejamos:
Quanto à origem:
a) Outorgadas: são aquelas impostas unilateralmente por uma pessoa ou grupo de pessoa, sem consulta ao povo. Ex. Constituição brasileira de 1967.
b) Promulgada: é a constituição democrática, votada ou popular – são constituições cuja origem se dá numa assembleia constituinte, escolhida pelo povo, que elabora a constituição. Ex. Constituição brasileira de 1988.
c) Cesarista – constitui-se em projeto prévio elaborado por uma pessoa e aprovado por referendo (consulta popular) – Constituição do Chile de Pinochet.
d) Pactuadas: são aquelas em que mais de um titular do poder originário realizam um pacto para estabelecer uma constituição, geralmente entre realeza e legislativo. Ex. Magna Carta de 1215 João Sem Terra e Barões.
Quanto à forma:
 a) escritas: são aquelas formadas por um único texto ou documento solene. Ex. Constituição dos Estados Unidos da América e do Brasil.
b) costumeiras: suas regras se encontram em mais de um texto, não solene nem codificado, formadas através dos usos e costumes. Ex. Constituição da Inglaterra.
Quanto à extensão:
a) sintéticas ou enxutas: são veiculadoras apenas de princípios fundamentais e estruturais do Estado, sem quaisquer outras disposições inúteis ou que não tratem de decisão fundamental. Ex. Constituição dos Estados Unidos da América.
b) analíticas ou prolixas: são constituições minuciosas, todo assunto que foi tido por fundamental foi inserido no texto, normalmente são repetitivas. Ex. Constituição do Brasil.
Quanto ao conteúdo:
a) material: materialmente constitucional será aquele texto que contiver as normas fundamentais à estrutura do Estado, organização, direito e garantias fundamentais;
b) formal: é aquela constituição que elege como critério o processo de formação e não o conteúdo da norma, tudo o que nela estiver contido é constitucional.
Quanto ao modo de elaboração:
a) dogmáticas: são sempre escritas, consubstanciam dogmas estruturais do estado, feita por um órgão constituinte. Ex. Constituição do Brasil.
b) históricas: formadas através de um lento e contínuo processo de formação. Ex. Constituição da Inglaterra.
Quanto à alterabilidade ou estabilidade:
a) rígidas: são aquelas que exigem um processo de alteração solene, mais rígido que para as normas em geral. O quórum de votação e provação é maior, as etapas de discussão mais amplas.
b) flexíveis ou plásticas: são aquelas que o processo de alteração é igual ao das leis ordinárias ou infraconstitucionais, ou seja, o texto constitucional pode ser alterado de maneira mais simples.
c) semi-rígidas: são aquelas que algumas matérias exigem processo solene de alteração (rígida), e outras não (flexíveis).
d) imutáveis: são constituições inalteráveis.
 e) super-rígida: em alguns pontos é rígida, pode ser alterada, mas exige um procedimento solene, em outros é imutável, ou seja, não pode ser alterada.
Quanto à essência:
a) Normativas: são aquelas que formadas a partir de sua conexão com o fato social, ou seja, produzidas de acordo com a vontade do povo;
b) nominais: são aquelas que se constituem num projeto voltado para o futuro, a ser realizada em outro momento histórico;
c) semântica: são constituições idealizadas para proteger e beneficiar aqueles que detêm o poder econômico, social ou de força.
Quanto à ideologia:
a) ortodoxa: são aquelas elaboradas com base em uma única ideologia, como a da China Marxista e da Soviética de 1977.
b) eclética: são aquelas que consagram diversas ideologias, buscando conciliá-las.
Fala-se, ainda, em:
a) Constituição heterônoma: constituição que foi decretada fora do Estado, por outro Estado ou um Organismo Internacional (Constituição Japonesa de 1946);
b) Constituição autônoma: aquela produzida pelo próprio Estado;
c) Constituição Dirigente: é aquela que estabelece um plano de governo, uma direção, não importando o partido que exerce o governo no momento;
d) Constituição garantia: é aquela que prioriza a defesa e a garantia das liberdades;
e) Constituição balanço: é a constituição que registra um estágio da sociedade, reflete o grau de evolução social.
           
A partir desse estudo, podemos, então, classificar a Constituição Brasileira de 1988 em:
a) Promulgada;
b) escrita;
c) analítica;
d) formal;
e) dogmática;
f) rígida ou super rígida;
g) normativa;
h) eclética;
i) autônoma;
j) dirigente;
1.1.4 Objeto e Conteúdo
Conforme ensina José Afonso da Silva, o objeto da constituição é estabelecer a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos, o modo de aquisição do poder e a forma de seu exercício, limites de sua atuação, assegurar os direitos e garantias dos indivíduos, fixar o regime político e disciplinar os fins socioeconômicos do estado, bem como os fundamentos dos direitos econômicos, sociais e culturais.
Afirma, ainda que o conteúdo das constituições venha se alterando historicamente, pois o que é considerado fundamental como integrante de seu texto tem mudado de tempos em tempos, de maneira que o que hoje é considerado como conteúdo básico para um documento ser intitulado de constituição, em épocas passadas não o era, ao menos de forma tão extensa como é atualmente.
1.1.5 Elementos
Alguns doutrinadores nomeiam-nos de elementos mínimo-irredutíveis das constituições e outros de elementos das constituições, com isso querendo dizer que se trata de conteúdos mínimos e não passíveis de redução que devem existir dentro do texto da constituição para que assim seja, então, considerada. Se não existirem, não podemos falar propriamente de constituição.
São eles:
a) Orgânicos: são normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder, por exemplo: art. 1º, art. 18, art. 25, 29, 44 e ss., 76, 77, 92 da Constituição do Brasil.
b)  Limitativos: são normas que compõem o elenco de direitos e garantias fundamentais, impondo um limite a atuação estatal: art. 5º a 17, 153 da CF/88.
c) Socioideológicos: constitui-se das normas que revelam a opção do Estado Individualista ou Social, os fins sociais e econômicos, que realizam ou não a justiça social: arts. 3º, 6º, 170 da CF/88.
d) De Estabilização Social: são normas destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da constituição, do estado, das instituições democráticas objetivando a paz: arts. 34 a 37 e 136, 137 da CF/88.
e) Formais de Aplicabilidade: são normas que estabelecem regras de aplicação das normas das constituições e de formação das normas em geral que a ela darão aplicabilidade e eficácia: art. 24, § 1º a 4º, art. 59 a 69 da CF/88.
f)  De transição constitucional: são aqueles constituídos de normas transitórias, cuja aplicação se exaure no tempo, esgotando sua aplicabilidade. Ex. as normas que compõem o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
1.2 Históricos das Constituições Brasileiras.
Nossa história constitucional é bastante prolixa e reflete bem as variações políticas profundas porque passamos ao longo de pouco mais de um século e meio (1824 a 1988). De Estado Ditatorial a Estado Democrático e em sentido inverso, não foram poucas as vezes que assim ocorreu.
Podemos afirmar que tivemos sete constituições e uma Emenda Constitucional equivalente a uma nova constituição (Emenda nº 1/69), sendo que destas as 1824, 1937, 1967 e Emenda nº 01/69, podem ser consideradas outorgadas e, portanto, totalitárias, e tivemos as de 1891, 1934, 1946 e 1988 que foram promulgadas e, portanto, democráticas.
Vejamos, a seguir, sucintamente, os principais pontos de cada uma dessas constituições.1.2.1 Constituição de 1824
Foi a primeira constituição brasileira e que surgiu logo após a independência ocorrida em 1822.
A Constituição do Império foi jurada em 25 de março de 1824 e elaborada por um conselho nomeado pelo Imperador D. Pedro I.
O texto da nova constituição estabeleceu a forma unitária de Estado, cujas capitanias hereditárias foram transformadas em províncias (art. 2º), e a forma monárquica de governo, que era hereditário, constitucional e representativo (art. 3º). Estabeleceu a religião oficial como sendo a Católica Apostólica Romana, admitindo, todavia, os cultos domésticos de outras religiões.
Estabeleceu-se a forma quadripartite de divisão de funções de poder, criada por Benjamin Constant, influenciado por ClermontTonerre.
O Poder Legislativo correspondia à Assembleia Geral, formada por Câmara de Deputados e Câmara de Senadores, estes eleitos após escolha em lista tríplice indicada pelo Imperador.
O Poder Executivo era exercido pelos Ministros de Estado e chefiado pelo Imperador.
O Poder Judiciário era exercido por Juízes e Jurados, garantindo-se aos primeiros a vitaliciedade. O órgão de cúpula era o Supremo Tribunal de Justiça.
O Poder Moderador era a “chave” do sistema de poder do Império e da constituição. Era exercido pelo Imperador, Chefe Supremo da Nação e Primeiro Representante, sendo sua figura sagrada e inviolável, não respondendo por qualquer ato. Como Poder equilibrador das demais funções, podia: dissolver a Câmara dos Deputados, nomear Senadores, suspender magistrados, nomear e demitir livremente Ministros de Estado, entre outras formas absolutas de poder.
O voto era censitário e indireto, com base na riqueza. Havia um rol de direitos fundamentais, mas se mantinha a escravidão. Era uma constituição semirrígida, pois, na parte que não era essencialmente norma fundamental, podia ser alterada livremente, sem o processo solene de emenda à constituição.
1.2.2 Constituição de 1891
Com a proclamação da República houve a necessidade de se elaborar uma nova constituição, o que ocorreu em 24 de fevereiro de 1891.
A nova Constituição estabeleceu a forma federativa de Estado, a forma republicana de governo, tendo ainda transformado as antigas províncias do Império em Estados federados. O Município do Rio de Janeiro transformou-se em Distrito Federal.
Estabeleceu a forma tripartite de poder: Poder Legislativo, exercido pelo Congresso Nacional, formado por Câmara de Deputados e Senado Federal, o Poder Executivo, exercido pelo Presidente da República, eleito diretamente e o Poder Judiciário, cujo órgão de cúpula passou a ser o Supremo Tribunal Federal.
Houve ampliação da declaração de direitos, com inclusão do “habeas corpus”, e profunda separação entre a Igreja e o Estado.
1.2.3 Constituição de 1934
A terceira constituição brasileira, promulgada em 16 de julho de 1934, manteve a estrutura básica da constituição anterior, como a tripartição de poderes, alterando o Poder legislativo, que passou a funcionar basicamente pela Câmara dos Deputados.
Estabeleceu o voto feminino quando estas exercessem função pública, instituiu o mandado de segurança e ação popular.
O Poder Judiciário passou a ser composto pela Corte Suprema (antigo Supremo Tribunal Federal), Justiça Federal, Justiça Militar e Justiça Eleitoral.
Estabeleceu, ainda, a ordem econômica e social.
1.2.4 Constituição de 1937
Conhecida como constituição polaca, tratou-se de um retrocesso, instituindo uma verdadeira ditadura sob todos os sentidos, já que praticamente instituiu um federalismo nominal, sem efeitos concretos, pois o Presidente da república concentrava extremos poderes.
Outorgada por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937 instalou o denominado “Estado Novo”, com a redução dos direitos fundamentais, desconstitucionalização do mandado de segurança e da ação popular, criou os decretos-leis, pelos quais o Presidente da República praticamente exercia todo o poder, legislando e aplicando as leis.
1.2.5 Constituição de 1946
Após o final da segunda guerra mundial, ocorre a redemocratização do Brasil, pois a nova constituição foi promulgada por uma assembleia constituinte em 18 de setembro de 1946.
Mantém-se a tripartição de poderes, institui-se a Justiça do Trabalho e o Tribunal Federal de Recursos, alçou novamente ao texto constitucional o mandado de segurança e a ação popular.
Praticamente restabeleceu os textos de 1891 e 1934, não avançando muito, além disso.
No início da década de 60, do século passado, graves crises institucionais abalam a estruturas políticas, de maneira que após o golpe militar a constituição de 1946 não mais resistiu.
1.2.6 Constituição de 1967
Antes da constituição de 1967, com a deposição do Presidente Jânio Quadros, pelos militares, estabelece-se a ordem constitucional mediante um Ato Institucional que mantém a Constituição de 1946, com várias restrições a direitos, seguidamente publicam-se novos Atos Institucionais, até ser promulgada em 24 de janeiro de 1967.
Basicamente ela estabeleceu a política de “segurança nacional” (usada como instrumento de repressão política).
O Presidente da república é eleito de forma indireta, por um Colégio Eleitoral.
Estabelece-se uma extensiva política de suspensão dos direitos individuais em inúmeras situações de perigo duvidoso.
1.2.7 Constituição de 1969, Emenda Constitucional nº 1.
A Emenda Constitucional nº 01, de 1969, foi o instrumento de outorga de uma nova constituição, que teve por objeto ser mais totalitária que a anterior, de 1967, pois suprimiu as garantias dos parlamentares, ampliou a censura às publicações, estabeleceu eleições indiretas para os governadores.
Uma parte da doutrina entende que não se trata de uma nova constituição, mas a grande maioria entende que a Emenda foi apenas uma forma anômala de outorgar uma constituição, já que o novo texto, inclusive, alterou o nome do Estado.
 A Constituição sofreu várias Emendas, sendo que a de número 26, de 27 de novembro de 1985, convocou uma Assembleia Nacional Constituinte, que foi instalada em 1º de janeiro de 1987.
1.2.8 Constituição de 1988
 A nova constituição, promulgada em 05 de outubro de 1988, foi nomeada por Ulysses Guimarães, Presidente da Assembleia Nacional Constituinte, como “Constituição Cidadã”, pois estabelece uma Nova República, cunhada nos sonhos democráticos, na consagração das liberdades públicas, nos direitos sociais e na participação política de toda a sociedade na vida do Estado.
A nova constituição possui nove títulos, consagrando uma extensa declaração de direitos e garantias fundamentais, um rol de direitos sociais, direitos políticos, uma ordem econômica e social fundadas nos valores da justiça social e da função social da propriedade e da primazia do trabalho.
 Inúmeros diretos coletivos e difusos são estabelecidos e mecanismos de sua proteção são criados.
O Ministério Público passa a ter algumas funções fundamentais na proteção da ordem democrática, da cidadania e da proteção da lei e da ordem democrática.
Essa nova Constituição previu um momento de revisão de seus termos, o que ocorreu em 1993, com seis novas Emendas de Revisão, e pelo Poder Constituinte Derivado Reformador foi alterada, até o momento por 70 Emendas Constitucionais.
1.3 Constitucionalismo
É um movimento social, político e jurídico, cujo principal objetivo é limitar o poder do Estado por meio de uma constituição.
1.3.1 Antecedentes históricos do constitucionalismo
Parte da doutrina reconhece demonstrações de Constitucionalismo na antiguidade, denominado Constitucionalismo antigo (século V). Karl Loewenstein reconheceu manifestações Constitucionalistas do povo Hebreu, na conduta dos profetas – os profetas tinham a função de controlar/fiscalizar os atos do poder público. Há demonstrações, também na Grécia Antiga, principalmente em Atenas, da existência de normas superiores, como na ação chamada “grapheparanomon” que fiscalizava os atos normativos, é o antecedente mais remoto do controlede constitucionalidade.
Na idade média em 1215 é outorgada a Magna Carta Libertatun do Rei João I (“João Sem Terra”), que definia uma série de direitos ao povo Inglês. “João Sem Terra” teve este apelido porque de todos os herdeiros foi o único que não recebeu uma parcela de terra do seu pai. Foi um tirano, um dos reis que mais instituiu impostos, contudo foi forçado pelos barões ingleses a assinar tal documento (na prática o documento não teve grande aplicabilidade, mas deixou grande legado histórico para as futuras gerações). Foi escrita em latim propositadamente para que ninguém a compreendesse. É uma constituição pactuada ou dualista, pois foi fruto de duas forças políticas (Rei da Inglaterra x Barões Ingleses). Inobstante a ausência de consequências práticas, a Magna Carta é a origem mais remota do habeas corpus e do devido processo legal. O habeas corpus não era tratado com esse nome, recebia a nomenclatura de liberdade de locomoção. O devido processo legal era tratado como a Lei da Terra, per legemterrae ou “lawoftheland”.
No século XVII, na Inglaterra, foram editadas leis para concretizar os direitos originariamente previstos na Magna Carta. Ex: Bill of rights (1689), petition of rights (1628) e habeas corpus act (1679). Paralelamente também tivemos os pactos, forais ou cartas de franquias voltadas para proteção dos direitos individuais.
 Nascimento do constitucionalismo moderno no final do Século XVIII surgiu a constituição Norte Americana de 1787 e a constituição Francesa de 1791. Com o advento dessas duas constituições, o constitucionalismo se espalha pelo mundo ex.: Espanha 1812 (constituição de Cádiz), Portugal 1822 (feita à revelia do rei, uma vez que ele estava no Brasil), Brasil 1824.
1.3.2 Modalidades de constitucionalismo:
a) Constitucionalismo Social – é a previsão constitucional dos direitos sociais (direitos de segunda dimensão – são aqueles que o Estado tem o dever de fazer, de agir. Ex: saúde, educação, moradia, alimentação). A primeira constituição a trazer essa nomenclatura foi a do México em 1917. A segunda e mais importante, foi a constituição alemã de 1919 (Constituição de Weimar). No Brasil surgiu na constituição de 1934.
 b) Constitucionalismo do Futuro ou “por vir” – introduzido pelo argentino José Roberto Dromi – É uma tentativa de prever o constitucionalismo das próximas gerações. Segundo ele as futuras constituições devem ser pautadas por alguns valores, tais como: Veracidade – as próximas constituições não podem fazer promessas irrealizáveis, que seguramente não serão cumpridas. Solidariedade - trata-se da colaboração recíproca, não só das pessoas, mas também dos países (solidariedade internacional). Consenso – A constituição do futuro deve ser fruto de consenso democrático. Continuidade – A constituição futura não pode deixar de levar em conta os avanços conquistados. Participação – diz respeito à efetiva participação dos corpos intermediários da sociedade. Integração – previsão de órgãos supranacionais para implementar a integração entre os povos. Universalização – Consagração dos direitos fundamentais internacionais nas constituições futuras. A constituição de 1988 diz que um dos objetivos da república é construir uma sociedade solidária. Por essa razão, Carlos Ayres Brito defende que o direito constitucional brasileiro é traduzido por um constitucionalismo solidário, previsto no art. 3º da CF:
 “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;”
c) Transconstitucionalismo – foi criada por Marcelo Neves e segundo ele é a relação entre o direito interno e o direito internacional para melhor tutela dos direitos fundamentais. Ex.: o princípio pelo qual ninguém será obrigado a produzir prova contra si mesmo não está expressamente contido na constituição de 1988, mas está expresso no art. 8º do pacto de San Jose da Costa Rica. “Nemo tenetur se detegere”. Duplo grau de jurisdição previsto no Pacto de San Jose da Costa Rica deve ser aplicado até mesmo aos réus que são julgados em superior instância
d) Constitucionalismo Transnacional – possibilidade de uma criação de uma só constituição para vários países ex.: na Europa houve uma proposta para elaboração de uma constituição única, na ocasião, Holanda e França votaram contra esta elaboração.
e) Constitucionalismo Whig ou Termidoriano: é aquele que defende mudanças constitucionais mais lentas e historicamente graduais. Termidoriano é expressão originária da revolução francesa, o ano termidor que foi o ano da calmaria, após severas batalhas sangrentas. Whig, por sua vez, era um partido conservador inglês.
f) Neoconstitucionalismo: surgiu após a segunda guerra mundial (marco histórico), segundo o pós-positivismo (marco filosófico), tendo como marco teórico a força normativa da constituição e como principal objetivo buscar maior eficácia da constituição – impor deveres e alterar a realidade –, principalmente dos direitos fundamentais.
1.3.2.1 Consequências práticas do Neoconstitucionalismo:
- Maior importância dos princípios constitucionais;
- Aumento da jurisdição constitucional;
- Surgimento da hermenêutica constitucional – a ciência da interpretação da constituição;
- Aumento da eficácia dos direitos fundamentais; ex.: direitos sociais, mandado de injunção;
- Maior ativismo jurisdicional.
1.3.3 Constitucionalismo no Brasil
A evolução histórica do constitucionalismo no Brasil coincide com as transformações substanciais e históricas do próprio Estado, o que nos permite dizer que o constitucionalismo no Brasil pode ser dividido em seis fases.
Primeira fase – Império. Constituição de 1824 previa a existência de um Poder Moderador, tal poder poderia ser utilizado como forma de limitação do Poder.
Segunda fase – República. Constituição de 1891. Previsão da concessão de habeas corpus e controle de constitucionalidade.
Terceira fase - Constituição de 1937. Autoritatismo. Período em que se desenvolvem as ideias contrárias a um constitucionalismo.
Quarta fase - Constituições de 1946. Foi caracterizada pela diversidade e pluralismo no tocante à Assembleia Constituinte, valorizou o trabalho e a livre iniciativa. Adotou o bicameralismo. Surgem então os primórdios do postulado da justiça social e o aparecimento das linhas iniciais do Estado de Direito Social.
Quinta fase - Constituição de 1967. Perda de força do constitucionalismo, pois tal constituição conduziu ao fortalecimento do Poder Executivo, sobretudo, por propiciar mecanismo mais célere de elaboração legislativa, tornando a função do Congresso Nacional secundária.
A Constituição de 1988 - No que se refere à Constituição de 1988, destaque-se a influência direta no seu texto, do jurista português J. J. Gomes Canotilho. Na atual Constituição é clara a consagração de novo Estado Social de Direito, não mais admite a edição de decretos-leis pelo Presidente da República, etc.
EXERCICIOS:
1. Com base no critério da estabilidade, a Constituição Federal de 1988 pode ser classificada como:E. rígida, pois só é alterável mediante a observância de processos mais rigorosos e complexos do que os vistos na elaboração de leis comuns.
2. Hans Kelsen sempre defendeu que o estudo dos fatores sociais em uma dada sociedade não compete ao jurista e que a Constituição é considerada norma pura, puro dever-ser. Com base na classificação das constituições, é correto afirmar que Hans Kelsen está associado à teoria da constituição em seu sentido:B. jurídico.
3. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF) caracteriza-se por ser:C. escrita e rígida
4. A Constituição que é votada por uma Assembleia composta de representantes do povo e que admite ser modificada, exigindo, porém, um processo legislativo mais solene e dificultoso do que aquele seguido para a edição de leis ordinárias é chamada de:A. Constituição promulgada e rígida.
5. O Constitucionalismo do Estado Novo, no Brasil, apresentou como características:B. A outorga de uma Constituição,em 1937, que dava amplos poderes ao Presidente da República para fechar ou manter sem funcionamento o Congresso Nacional e pela via dos decretos-leis, governar como única fonte de poder legislativo.
6. Sobre a evolução histórica do constitucionalismo no Brasil, é INCORRETO afirmar:D. De acordo com a Constituição de 1967, a administração pública federal era representada em juízo pela Consultoria Geral da União
MODULO 2. Origem
Instalada a Assembleia Nacional Constituinte em 01.02.87. Não havia um projeto prévio já elaborado, assim não havia diretrizes fundamentais. Dessa forma os trabalhos foram desenvolvidos da seguinte maneira:
- Formaram 24 subcomissões
- 8 Comissões temáticas com Anteprojetos à Comissão de Sistematização - Projeto ‘Cabral’ (5.615 emendas);
- Fase de apresentação de novas emendas: Projeto com 20.790 emendas de plenário e 122 populares;
- Novo Substitutivo (‘Cabral 1’) c/ 374 artigos;
-  Início das votações pela Comissão de Sistematização;
- Surge o CENTRÃO – grupo de parlamentares interpartidários contrário aos critérios regimentais, que excluía o grosso dos parlamentares do efetivo processo decisório.
- 27.01.88 – Reúne-se o plenário para dar início às votações;
- Julho/88 – Início do segundo turno das votações;
- Outubro/88 – Promulgação.
 
2.1 Resultado dos trabalhos
A atual Constituição Federal do Brasil, chamada de “Constituição Cidadã”, foi promulgada no dia 5 de outubro de 1988. A Constituição é a lei maior, a Carta Magna, que organiza o Estado brasileiro.
Na Constituição Federal do Brasil, são definidos os direitos dos cidadãos, sejam eles individuais, coletivos, sociais ou políticos; e são estabelecidos limites para o poder dos governantes.
Após o fim do Regime Militar, em todos os segmentos da sociedade, era unânime a necessidade de uma nova Carta, pois a anterior havia sido promulgada em 1967, em plena Ditadura Militar, além de ter sido modificada várias vezes com emendas arbitrarias (por exemplo, AI-5).
Dessa forma, em 1º de fevereiro de 1987, foi instalada a Assembleia Nacional Constituinte, composta por 559 congressistas (senadores e deputados federais, eleitos no ano anterior), e presidida pelo deputado Ulysses Guimarães, do Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Representando um avanço em direção à democracia, a sociedade, em seus diversos setores, foi estimulada a contribuir por meio de propostas. As propostas formuladas por cidadãos brasileiros só seriam válidas se representadas por alguma entidade (associação, sindicatos, etc.) e se fosse assinada por, no mínimo, trinta mil pessoas. Os setores da sociedade, compostos por grupos que procuravam defender seus interesses, fizeram pressão por meio de lobbies (grupo de pressão, que exercem influência).
Em relação às Constituições anteriores, a Constituição de 1988 representa um avanço. As modificações mais significativas foram:
 - Direito de voto para os analfabetos;
- Voto facultativo para jovens entre 16 e 18 anos;
- Redução do mandato do presidente de 5 para 4 anos;
- Eleições em dois turnos (para os cargos de presidente, governadores e prefeitos de cidades com mais de 200 mil habitantes);
 - Os direitos trabalhistas passaram a ser aplicados, além de aos trabalhadores urbanos e rurais, também aos domésticos;
- Direito a greve;
- Liberdade sindical;
- Diminuição da jornada de trabalho de 48 para 44 horas semanais;
- Licença maternidade de 120 dias (sendo atualmente discutida a ampliação).
- Licença paternidade de 5 dias;
- Abono de férias;
- Décimo terceiro salário para os aposentados;
- Seguro desemprego;
- Férias remuneradas com acréscimo de 1/3 do salário.
Modificações no texto da Constituição só podem ser realizadas por meio de Emenda Constitucional, sendo que as condições para uma emenda modificar a Carta estão previstas na própria Constituição, em seu artigo 60.
2.2 Divisão da constituição
Nossa Constituição Federal de 1988 tem 3 partes:
a) Preâmbulo – define os pressupostos, a orientação e os valores do sistema.
b) Parte Dogmática – é um texto articulado da Constituição que dispõe sobre os direitos subjetivos públicos, políticos, civis, econômicos e sociais.
c) Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – é o repositório de normas integrativas entre duas ordens constitucionais. Integra a velha ordem à nova ordem constitucional.
2.3       Preâmbulo Constitucional e ADCT
A Constituição Federal de 1988 está organizada em um preâmbulo, que antecede o texto principal, o texto principal, que é constituído por títulos, capítulos, seções, subseções, e estes por artigos, incisos, parágrafos e alíneas, e, ao final, o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT.
Costumeiramente, nossas constituições têm sido iniciadas por um preâmbulo, que é um pequeno trecho de texto que contém diretrizes gerais quanto à origem e informações sobre os valores que guiaram a elaboração da mesma.
O Supremo Tribunal Federal já decidiu que o preâmbulo não tem valor normativo por si mesmo, ou seja, não se pode invocar o seu texto para conceder ou exigir direitos, pois sua relevância é indireta, e, por não fazer parte do bloco de constitucionalidade, não provoca inconstitucionalidade.
Diferentemente do que ocorre com o preâmbulo, o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT é parte integrante da Constituição Federal e que se encontra localizadono seu final.
A função do ADCT é trazer alguma regra que excepciona o texto principal, normas que tendem a ter vigência temporária ou regras de transição entre a antiga constituição e a nova, como ocorreram com o artigo 34 do ADCT, que determinou a continuidade da vigência das normas constitucionais anteriores relativas ao Sistema Tributário por quatro meses após a promulgação da nova constituição.
2.4 Dos Princípios Constitucionais Fundamentais.
Princípios são verdades fundantes, convencionadas ou identificadas de um sistema, que tem a função de dar coesão a este. São enunciações normativas genéricas, mais abstratas, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para sua aplicação quer para sua integração, quer ainda para elaboração de novas normas.
Os artigos 1º a 4º da Constituição Federal são as normas mais básicas que estruturam tudo o que vem a seguir. É a partir dessas premissas que toda a constituição é organizada.
2.4.1 Princípios Fundamentais do artigo 1º:
Os princípios do artigo 1º estabelecem as premissas básicas de organização do Estado: a forma de Estado, a forma de Governo e o sistema político.
a) Forma de Estado:
A forma de estado aponta a maneira como o poder está distribuído territorialmente. Se há apenas um único centro de poder, que é exercido sobre todo o território nacional, temos um Estado Unitário. Se há vários centros de poder, que são exercidos ao mesmo tempo sobre parcelas coincidentes do território, temos a Forma de Estado Federada.
A Constituição Federal de 1988 adotou a forma federativa, pois expressamente estabelece no artigo primeiro ao nomear o Estado de “República Federativa do Brasil”. Tal assertiva é confirmada novamente no artigo 18 da Constituição.
A Federação brasileira é formada pela União, Estados, Distrito Federal e municípios, todosautônomos. Observe-se que o Estado brasileiro não é a União, que é apenas um ente que compõe a federação brasileira. O estado brasileiro é formado pelos quatro entes: União, Estados, Distrito Federal e municípios, todos integram a República Federativa do Brasil.
A forma federativa de estado tem sua origem nas 13 colônias inglesas na América, que formaram primeiramente uma confederação (que se organiza através de um tratado entre estados independentes e soberanos) e depois uma federação (que se organiza através de uma Constituição).
São características de uma federação:
- A união de vários Estados faz nascer um novo Estado e, concomitantemente, aqueles que aderiram à federação perdem a condição de Estados parase tronarem membros da federação;
- A base jurídica do Estado Federal é uma Constituição, não um tratado.
- Na federação não existe direito de secessão (de separação). É, inclusive, cláusula pétrea da Constituição Federal de 1988, no artigo 60, § 4º, inciso I, não podendo sofrer emenda constitucional;
- Só o Estado Federal tem soberania, os entes que compõem a Federação tem autonomia. Veremos a distinção quando tratarmos da organização do estado brasileiro mais à frente;
- No Estado Federal as atribuições da União e das unidades federadas são fixadas na Constituição, por meio de uma distribuição de competências;
- A cada esfera de competências se atribui renda própria (tributos);
- O poder político é compartilhado pela União e pelas unidades federadas;
- Os cidadãos do Estado que adere à federação adquirem a cidadania do estado Federal e perdem a anterior;
- Existência de um órgão para dirimir conflitos constitucionais, geralmente um Tribunal Supremo.
- Instrumentos de intervenção para manutenção do pacto (como a intervenção federal e estadual).
b) Forma de Governo:
República: é forma institucional de governo, caracterizada pela responsabilidade, temporariedade e eletividade de quem exerce o governo, e pela necessária prestação de contas e publicidade dos atos do Estado, pois a Coisa (o Estado) é do povo; quem governa, governa para o povo, exerce um mandato, cuida do que não é seu, mas de outrem.
A forma de governo diz respeito a como se exerce o poder, quem pode exercer e a relação do povo com quem exerce o poder e como se dá a instituição do poder.
A república contrasta com a monarquia, pois nesta, o rei ou imperador, não se responsabiliza por seus atos. O poder é exercido de maneira perpétua, não há mandado, e se transmite de forma hereditária, e não por eleição. O povo não escolhe seus governantes.
c) Sistema político:
De acordo com o artigo 1º da Constituição Federal, o Brasil é um Estado Democrático de Direito, o que significa dizer que há uma primazia pela lei e a Constituição, pela preservação das liberdades e igualdade de direitos, não é somente legalidade, é direito democrático, significando que democracia qualifica o Estado e, por conseguinte, permeia o Direito produzido por este Estado.
O parágrafo único do artigo 1º afirma, peremptoriamente: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”, ou seja, somos um Estado democrático, no qual a titularidade do poder se encontra no povo, que pode exercê-lo diretamente ou, como é mais comum, por intermédio de representantes eleitos.
d) Soberania:
A soberania consiste em um poder incontrastável na ordem interna, de estabelecer comportamentos obrigatórios, incondicionais ao quais todos tem que se submeter.
Soberania é um poder que se manifesta internamente, no território do Estado. Já, independência se manifesta na ordem externa ou nas relações com os demais Estados estrangeiros.
A independência é uma relação de igualdade no tratamento entre os diversos Estados, já que nenhum deve se submeter ao outro. Na ordem internacional os Estados se relacionam em condições de igualdade, assumindo compromissos e obrigações recíprocas, nãopodendo, de forma normal, um submeter o outro.
e) Cidadania:
Cidadão é o titular de direitos, aquele que está apto a participar da vida política e da promoção de meios para realizar esses direitos.
O cidadão tratado neste dispositivo se difere daquele tratado no artigo 14 da Constituição Federal (eleitor).
No artigo primeiro, tem-se uma condição, um status mais amplo. Não é apenas o direito de votar e ser votado, é mais. Compreende-se, aqui, o direito de, mesmo que não seja eleitor, exigir certos direitos e lutar por eles, como o respeito à liberdade, a intimidade, à probidade administrativa, como pode acontecer com um menor de 16 anos, que, mesmo não podendo votar, pode participar de um evento público pedindo a saída de um administrador corrupto.
Cidadania aqui tem o sentido de respeito do Estado pelo povo.
f) Dignidade da pessoa humana:
O ser humano tem um valor em si mesmo, que está a exigir certas realizações. Não é apenas evitar o tratamento desumano, mas, também dar acesso à vida, saúde, educação, cultura, e outros direitos sociais para que o cidadão consiga existir com um mínimo de realização pessoal e felicidade. Engloba em si, todos os direitos individuais e coletivos e é o fundamento de validade de todos os demais direitos do cidadão que se encontram na Constituição.
g) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa:
São valores antagônicos, mas que devem ser conciliados para assegurar a todos existência digna.
O trabalho é um valor e um direito consagrado no texto constitucional que tem por objetivo permitir ao cidadão o acesso aos bens econômicos da vida. É pelo trabalho que o ser humano se desenvolve e produz, para si e para a sociedade, os bens que irão satisfazer os mais diversos interesses coletivos e individuais. Logo, não pode ser objeto de exploração.
A livre iniciativa aponta a opção político-econômica do Estado.
A economia de mercado, o liberalismo econômico está fundado na livre iniciativa, ou seja, os meios de produção são privados e os particulares são livres para desenvolver qualquer atividade econômica a fim de promoverem a sua riqueza.
Todavia, esta busca pela riqueza não pode se basear na exploração do trabalho, pois, de acordo com o artigo 170 da Constituição Federal, a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. Assim, o desenvolvimento econômico deve promover desenvolvimento social.
h) Pluralismo político:
Significa a coexistência de pluralidade de concepções religiosas, ideológicas, de cores, raças e origens.
 O princípio do pluralismo aponta para a existência de uma sociedade reconhecidamente desigual, sobre vários aspectos, e, por isso, mesmo, não se admite uma única forma de pensar, sobre que aspecto seja. Se vivem aqui pessoas das mais diversas origens, todo tem direito e liberdade de viver e pensar de acordo com a sua procedência.
Assim, não se admite partido político único, sindicato único, religião oficial, etc.
2.4.2    Princípios do artigo 2º - separação de poderes, funções
O artigo 2º da Constituição Federal consagra o princípio da separação e poderes, o qual não pode ser tocado por emenda constitucional, de acordo com o artigo 60, § 4º, inciso III.
Trata-se de uma viga mestra do sistema político da República Federativa do Brasil, e uma garantia para os cidadãos de que não haverá órgão ou pessoa que concentre poderes e, assim, se torne um senhor absoluto, um ditador.
No passado remoto das sociedades, a concentração e poderes em uma única pessoa não eram visto necessariamente como ruim, pois, isso concorria para uma melhor unificação e solidificação dessa sociedade. Com o passar dos anos, percebeu-se que a concentração de poderes era um mal para a sociedade, para os cidadãos, que viam sua liberdade e seus bens espoliados pela vontade de uma só pessoa, que era quem fazia as leis, que aplicava as leis e também que julgava os conflitos decorrentes do descumprimento das leis.
A partir de estudos de Aristóteles, ficou identificado que o poder político se manifestava de três formas: produzir leis que impõem obrigações aos cidadãos (função legislativa), determinar ou fazer executar essas leis de ofício (função executiva) e determinar o cumprimento da lei quando existente um conflito (função judiciária).
Com Montesquieu, em seu livro “O Espírito das Leis”, consagrou-se definitivamente a doutrina da separação e poderes como fórmula política contra o arbítrio e o desrespeito aos direitos dos cidadãos.
Não obstante o poder seja único, indecomponível, pode-se dizer que ele se manifesta, então, nessas três funções, legislar, executar as leis de ofício e julgar os conflitosdecorrentes da aplicação da lei quando provocado.
Diz a Constituição Federal que os poderes são independentes e harmônicos.
Independência significa não interferência de um poder do outro, o que se consegue delimitando na Constituição o que compete a cada um fazer, e, harmonia tem o significado de cortesia no tratamento.
Todavia, essa separação de poderes não é tão inflexível assim.
Dizemos que, quando o Poder Legislativo elabora uma lei, ele está exercendo sua função típica, que é legislar. Todavia, quando está julgando, por exemplo, o Presidente da República, no crime de responsabilidade, está exercendo uma função que não é própria dele, mas do Poder Judiciário. Neste caso, o Poder Legislativo está exercendo uma função atípica.
Isso acontece com todos os poderes. Podemos afirmar que isso não fere a cláusula de indelegabilidade do poder, pois foi o próprio constituinte originário quem assim estabeleceu.
 Importante, por fim, observar que, mais recentemente a teoria da tripartição de poderes, com sua afirmação de independência entre poderes, ganhou outros contornos com a inclusão da teoria dos freios e contrapesos.
Por essa teoria, os poderes devem agir dentro do seu núcleo de atribuições sem avançar sobre as dos outros poderes, e devem agir em colaboração na busca dos fins do Estado.
Caso um dos poderes venha a abusar do exercício do seu poder ou interferir indevidamente nas atribuições dos outros, a Constituição estabelece certos mecanismos de contenção que visam coibir esses excessos e abusos.
São vários os mecanismos de controle estabelecidos na Constituição, tais como, o julgamento do Presidente da República, pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilidade (art. 86 da CF), a declaração de inconstitucionalidade das leis feitas pelo Supremo Tribunal Federal, a sustação pelo Congresso Nacional dos atos do Presidente da República que exorbitem do poder regulamentar ou da delegação legislativa (art. 49, V da CF/88), a nomeação dos ministros do Supremo Tribunal Federal pelo Presidente da República (art. 101, parágrafo único da CF/88), entre outros.
2.4.3 Objetivos fundamentais (art. 3º)
Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil se constituem nas finalidades para as quais o Estado Brasileiro foi criado.
De uma maneira geral, dizemos que o Estado foi criado para se alcançar o bem comum, que é a satisfação das necessidades essenciais de uma dada sociedade, tornando-a segura, estável e feliz.
Sob este prisma, o artigo 3º da Constituição Federal de 1988 estabeleceu que o Estado Brasileiro busca:
a) construir uma sociedade livre, justa e solidária:
É o absoluto esposamento dos ideais da Revolução Francesa, no sentido de que a liberdade, a justiça e a solidariedade ou fraternidade devem permear as ações do Estado e dos cidadãos, não se admitindo qualquer forma de obstáculo ao alcance desses princípios.
A solidariedade permite, por exemplo, que o Estado cobre mais tributos de quem tem maior capacidade econômica para financiar programas sociais dirigidas à população mais carente que não tem como se manter.
b) garantir o desenvolvimento nacional:
A sociedade se desenvolve, cresce populacionalmente e o Estado deve estar atento a essas modificações sociais para garantir o desenvolvimento econômico que assegure, no futuro, a existência digna de seus cidadãos.
Esse princípio justifica e exige a existência de leis que estabeleçam planos econômicos ou diretrizes para a economia, como aquelas citadas no artigo 174 da Constituição Federal.
Assim, o Estado deve planejar, por exemplo, o consumo de energia elétrica para garantir o abastecimento das indústrias e residências, evitando-se apagões ou impossibilidade da indústria se desenvolver por falta de energia disponível.
c) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais:
 A pobreza é um dos fatores que promovem a marginalização e a profunda desigualdade econômica e social, impedindo o acesso à saúde, educação, moradia, entre os direitos fundamentais.
Com a erradicação da pobreza teremos uma sociedade mais justa, menos desigual e mais desenvolvida.
Para atingir esse objetivo, foi criado o Fundo de Erradicação da Pobreza, por meio da Emenda Constitucional nº31/2000, depois prorrogado por tempo indeterminado pela Emenda Constitucional nº 67/2010 com o objetivo de viabilizar a todos os brasileiros acesso a níveis dignos de subsistência, cujos recursos serão aplicados em ações suplementares de nutrição, habitação, educação, saúde, reforço de renda familiar e outros programas de relevante interesse sociais voltados para melhoria da qualidade de vida.
d) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação:
Como visto anteriormente, somo uma sociedade plural, caracterizada por origens diversas. Não temos uma cor, religião, cultura única, mas bastante diferentes.
Na busca pela realização plena dessa sociedade brasileira, não se admitirá qualquer forma de preconceito que possa impedir o acesso de maneira igual, aos bens da vida, a qualquer cidadão.
Não importa o sexo, coro, origem, se dos estados do norte ou do sul, todos são brasileiros e merecem tratamento digno, sem discriminação.
Foi com fundamento neste princípio que o Supremo Tribunal Federal pôde reconhecer à união estável e à união homoafetiva, os mesmos efeitos do casamento.
2.4.4    Princípios das relações internacionais (art. 4º)
O artigo 4º estabelece os princípios que devem orientar o Brasil quando se relacionar com outros Estados na ordem internacional, por exemplo, quando for realizar um tratado internacional, quando for tratar nos organismos internacionais sobre guerras, terrorismo, entre outras questões.
a) Independência nacional:
Significa dizer que o Brasil não se submete à vontade externa, pois, internamente, exerce a sua soberania, que é o poder máximo, incontrastável de decidir.
b) Prevalência dos Direitos Humanos:
Nas relações em que o Estado Brasileiro participar, não poderá existir atentado contra os direitos humanos e, em uma situação de conflito, se manifestará pelas prerrogativas da condição de ser humano, não se admitindo transigir sobre esse pressuposto.
c) Autodeterminação dos povos:
O Brasil reconhece que o povo dos demais Estados é quem deve determinar a sua peculiar maneira de se organizar e viver, respeitando, assim, os demais povos que compõem a comunidade internacional.
d) Igualdade entre os Estados:
Nas relações internacionais, todos os Estados se relacionam em condição de igualdade, não se admitindo, por conta do poder econômico uma relação de prevalência de um Estadosobre o outro, não se admite sujeição econômica.
e) Defesa da paz:
É um princípio que deve nortear as relações do Brasil com outros Estados e bem como orientar a sua ordem interna a sempre buscar a paz.
Assim, não se admite que o Brasil busque desenfreadamente desenvolver uma corrida armamentista e o enfretamento contínuo mediante ações bélicas com outros Estados, salvo se for para sua própria defesa.
f) Solução pacífica dos conflitos:
Intimamente ligado ao princípio acima, indica que o Brasil não deve orientar a sua conduta pela solução bélica, mas, antes, buscar alcançar a solução dos conflitos entre as nações por meios diplomáticos.
g) Repúdio ao terrorismo e ao racismo:
O terrorismo, como forma de fazer prevalecer a opinião política, religiosa ou filosófica, não é admitida pelo Brasil. Em face do que já foi acima exposto, deve-se sempre privilegiar as tratativas amistosas em busca da solução de conflitos. Em face disso, o artigo 5º, XLIII, da CF/88, estabelece que a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática do terrorismo, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
Igualmente o racismo não coaduna com os demais princípios internos da República Federativa do Brasil, que é umasociedade pluralista, de maneira que o artigo 5º da CF/88, em seu inciso XLII, estabelece que a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.
h) Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade:
Vivemos em uma grande comunidade internacional, que, a par de suas diferenças, secompletam e devem contribuir, mutuamente, para o seu desenvolvimento.
Muitas das necessidades de um Estado já foram resolvidas por outros e, a comunhão de objetivos e de soluções pode minimizar as dificuldades porque passam outros Estados.
i) Concessão de asilo político:
O asilo político é o acolhimento de um estrangeiro por outro Estado, que não o seu, em função de perseguição política, delitos de opinião ou crimes relacionados com a segurança do Estado.
Não se admite o asilo político quando o estrangeiro busca o acolhimento por ter cometido crime comum, os quais encontram reprimenda em caráter geral em todos os demais Estados.
A concessão do asilo político é uma decisão de natureza política e discricionária do Estado.
j) Integração dos Povos da América Latina:
Os Estados que compõem a América Latina têm muitas coisas em comum em face da sua origem, de sua colonização realizada de forma exclusivamente exploradora.  Assim, muitos dos problemas enfrentados pelos Estados que a compõem, são iguais, e a busca por soluções de desenvolvimento é comum.
A formação de uma comunidade latino-americana facilitará o intercâmbio de informações, tecnologias, língua, costumes e desenvolvimento econômico e social.
Dessa forma, o Brasil participou ativamente para a criação do MERCOSUL, Mercado Comum do Sul, formado incialmente por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, em 26 de março de 1991, por meio do Tratado de Assunção.
EXERCICIOS
1. A Constituição Federal estabelece que, em determinadas situações, projetos de lei aprovados pelo legislativo devem ser ratificados pela vontade popular. Essas normas realizam o princípio fundamental da:B. democracia.
2. Sobre os fundamentos da República Federativa do Brasil é incorreto afirmar que:B. Todos os preceitos que identificam o regime adotado como democrático são bens reveladores da ideia de Direito ou da ordem de valores acolhida na constituição, refletindo-se, contudo, apenas indiretamente nas normas atributivas de direitos e, portanto, não se impondo diretamente ao intérprete e aplicador das normas constitucionais e legais;
3. Considerando o que dispõe a Constituição Federal de 1988 (CF) acerca de princípios fundamentais, assinale a opção correta:E. Constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil, expresso no texto constitucional, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
4. Em relação à República Federativa do Brasil, considere:Está correto o que se afirma APENAS em:I. A dignidade da pessoa humana é um dos seus fundamentos; II. A promoção do bem de todos - sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação - constitui um de seus objetivos fundamentais; III. O repúdio ao racismo deverá reger as suas relações internacionais.
5. Em relação à República Federativa do Brasil, considere:Está correto o que se afirma APENAS em: I. É formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal.II. Constitui - se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos, dentre outros, a soberania, a cidadania e a dignidade da pessoa humana.III. Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição Federal.
6. A República Federativa do Brasil, formada pela união indis­solúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos os que estão elencados no artigo 1.º da Constituição Federal. Dentre os referidos fundamentos, é correto citar a:A. independência nacional e a não intervenção.
MÓDULO 3 – Estrutura e Organização do Estado Brasileiro
3. Divisão Espacial do Poder.
Divisão espacial do Poder tem o significado de informar como está organizado territorialmente o estado Brasileiro, ou seja, como que o Poder está dividido territorialmente, quais são as realidades políticas territoriais gerais, regionais e locais.
3.1       Tipos ou formas de Estado:
A forma de Estado aponta a maneira como o poder encontra-se distribuído dentro do território do Estado. Temos duas formas principais de tipos de Estado, o unitário e o federal.
No Estado unitário há um poder central que é o núcleo e a cúpula do poder, o qual é exercido sobre todo o território nacional.
O Estado federal, ao contrário, conjugam-se vários centros de poder políticos autônomos, de maneira que há um poder central, exercido sobre todo o território nacional e também poderes regionais, exercidos ao mesmo tempo e sobre base territorial menor que o poder central.
Recentemente tem-se falado em Estado Regional, que seria menos centralizador que o Estado unitário e não tão descentralizado quanto o Estado federal.
De acordo com o artigo 1º da Constituição Federal o Brasil é um Estado Federal, cuja organização político-administrativa compreende a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, todos autônomos nos termos da Constituição, de acordo com o artigo 18 desta.
Assim, neste capítulo, passaremos ao estudo da organização federativa brasileira, que compreende, além dos entes que a compõe, as vedações impostas a estes, a intervenção federal e estadual. As disposições que tratam da administração pública serão vistos em capítulo próprio, por comportarem estudo específico.
3.2 Vedações Constitucionais
Estando o Estado Brasileiro organizado sob a forma de federação, o que implica dizer que todos os entes que a compõem são autônomos, não pode existir uma primazia excessiva de um sobre o outro, sob pena de se descaracterizar a forma de estado federal, transformando-o em estado unitário.
Assim, o artigo 19 da Constituição estabelece algumas limitações ou vedações aos entes que compõem a federação, quais sejam:
a) laicidade do Estado:
Dispõe o inciso I do artigo 19 que é vedado estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes, relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.
Perceba-se que o texto constitucional não estabeleceu religião oficial para o Brasil, ao mesmo tempo em que assegurou a liberdade religiosa, de maneira que o Estado Brasileiro não pode privilegiar nenhuma religião ou culto e nem prejudica-lo, o que não significa que não possa, no interesse coletivo, apoiar ações e colaborar com elas, quando isso for útil à sociedade.
b) credibilidade de documentos públicos:
Dispõe o inciso II que é vedado recusar fé aos documentos públicos, ou seja, os documentos produzidos pelos entes que compõem a federação valem em relação aos demais, não podendo ser recusado pelos outros. Assim, por exemplo, uma certidão expedida pelo órgão municipal não pode ser recusada pelo órgão estadual ou federal, formal e materialmente.
c) igualdade entre brasileiros:
Não obstante sejamos uma federação, cujas regiões sejam bastante diferentes, o cidadão que nasceu em um Estado do Sul é tão brasileiro quanto o que nasceu em um Estado do Norte. Sendo assim, inadmissível que um Estado ou a União, ou mesmo um Município, trate de maneira diferente um brasileiro por causa de pertencer a este ou aquele Estado ou Município. Prevalece a nacionalidade.
3.3 União
A União é uma ordem central com função Interna e Internacional (art. 21, I a IV). Não devemos confundir a União com a República Federativa do Brasil.
A União não corresponde ao ajuntamento do todo, mas é mais um dos entes políticos que compõem a República Federativa do Brasil, esta sim, formada, como afirma o artigo 18 da Constituição Federal pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
De todos os entesque formam a federação brasileira, a União é a mais abrangente, pois tem seu território de atuação igual ao território nacional. Suas competências também abrangem todos que se encontram sobre o território nacional.
Por determinação constitucional, a União passou a representar a própria República Federativa do Brasil na ordem internacional. Assim, os tratados de que a Federação participa são assinados pela União.
A Capital Federal é Brasília, centro político e administrativo da União, local onde está sediada e onde se instalam o centro de poder político e administrativo.
Perceba que a sede do Poder Executivo Federal (Palácio do Planalto), do Poder Legislativo (Congresso Nacional) e Judiciário (Supremo Tribunal federal), localiza-se em Brasília, Capital Federal e do Estado Brasileiro, não obstante, também seja sede do Governo do Distrito Federal.
Brasília não é município, é apenas uma cidade administrativa. Não tem prefeito e nem Poder Legislativo, assim como nenhuma cidade do Distrito Federal, como veremos adiante, é município.
3.3.1 Bens da União: art. 20 da CF/88
Como pessoa jurídica de Direito Público, a União possui bens, ou seja, é titular de direitos patrimoniais, como qualquer outra pessoa jurídica ou física.
 A Constituição Federal, no artigo 20, arrola os bens que pertencem à União, da seguinte forma:
“Art. 20. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.
§ 2º - A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.”
 
-  Terras devolutas: historicamente, a origem da terra é pública, pois a colônia pertencia a Portugal, e, portanto, à Coroa. O Estado foi, então, aos poucos, entregando parcela dessas terras aos particulares, e, após a República, aos Estados e esses aos municípios. De fato, toda terra que não possuir o domínio atribuído ao particular e nem se identificar especificamente a um ente público é chamada de terra devoluta, que como regra geral, pertence aos Estados (art. 26, IV da CF/88), salvo aquelas pertencentes à União, que compreende, de acordo com o artigo 20, II da Carta Federal, aquelas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei.
-  Mar territorial: compreende uma faixa de doze milhas marítima de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil (art. 1º da Lei nº 8.617/93).
-  Terrenos de marinha: estão definidos nos artigos 2º do Decreto-lei nº 9.760/46 como sendo os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés, os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a influência das marés, em uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831.
- Terras tradicionalmente ocupadas pelos índios: o artigo 231 da CF/88 descreve como sendo as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. Tem os índios sobre tais parcelas de terra a posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
3.3.2    Distribuição de Competências – Predominância dos Interesses
A distribuição de competências é uma técnica utilizada especialmente nos estados federados, a fim de definir o que compete a cada ente componente da federação fazer e sobre o que legislar.
No Estado Federal, como visto anteriormente, cada ente político que o compõe tem a sua autonomia para poder organizar os seus serviços e produzir suas leis. Se não houvesse uma distribuição de competências entre os entes, realizada pela Constituição, cada ente poderia organizar os serviços que desejasse, da forma como bem quisesse e também produzir leis sobre quaisquer assuntos. Isso seria um caos!
Para evitar essa confusão, promove-se a distribuição de competências, o que significa dizer que a Constituição Federal definiu quais os serviços públicos que compete a cada ente da federação, sobre quais temas pode legislar e como cada um vai organizar os seus serviços. Veja, autonomia, não soberania, é liberdade de atuar dentro do núcleo de competências.
A técnica utilizada pela Constituição foi de definir o que compete a cada ente em face da preponderância dos interesses, o que está relacionado diretamente ao território de atuação do ente político.
União – Geral
Estados: Regional
Municípios: Local
Distrito Federal: Regional e Local
Competência Material: competência para estruturação de serviços públicos e administrativos;
- Exclusiva (art. 21), aplicável somente à União, e comum (art. 23) aplicável à União, Estados, Distrito federal e municípios;
- Competência Legislativa: para produção de leis que disciplinam condutas gerais.
Privativa (art. 22) – aplicável somente à União, porém, pode ser delegada por lei complementar em pontos específicos aos estados) e, Concorrente (art. 24), aplicável à União, estados e Distrito Federal. Neste caso da competência concorrente, devem ser observados os §§ 1º a 4º do artigo 24, que diz:
“§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ “4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.”
3.3.2.1 Regiões Administrativas – Lei Complementar (art. 43)
As Regiões Administrativas não são entes políticos, com autonomia, mas apenas uma divisão administrativa da União para melhor gestão social, econômica e de desenvolvimento.
3.4 Estados – entes federadosAutonomia = tríplice capacidade;
- Auto-organização e normatização própria (art. 25, “caput” - Princípios);
- Autogoverno (Legislativo, Executivo e Judiciário; povo elege seus membros);
- Autoadministração (competências legislativas e administrativas próprias).
3.4.1 Formação dos Estados (art. 18, § 3º)
Requisitos:
Plebiscito – população interessada é condição prévia;
Propositura do Projeto de Lei Complementar – Congresso, qualquer das casas;
Audiência das Assembleias Legislativas – não é vinculativo;
Aprovação do Congresso Nacional – maioria absoluta;
Modo de Formação:
Incorporação entre si;
Subdivisão;
Desmembramento para anexarem-se a outros ou formar novo estado.
3.4.2 Bens dos Estados Membros (art. 26)
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
3.4.3 Competências
Material/Administrativa: comum (art. 23) ou residual (art. 25, § 1º);
Legislativa: Residual (art. 25, §1º), Delegada (art. 22), Concorrente (art. 24), Tributária (art. 155);
Exploração de Serviços de Gás canalizado: diretamente ou concessão (art. 25, § 2º), porém as jazidas são monopólio da União (art. 177).
3.4.3.1 Regiões Metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões (art. 25, § 3º)
São divisões administrativas dos Estados, que para serem criadas exigem:
Lei Complementar;
Municípios Limítrofes;
Não tem personalidade;
Espécies:
a) Região Metropolitana – conjunto de municípios limítrofes, com continuidade urbana, reunidos em torno de um município pólo (Região Metropolitana de Campinas, São Paulo, Baixada Santista);
b) Microrregião – constituída por municípios limítrofes, sem continuidade urbana, mas com problemas comuns e homogeneidade (existem 64 no Estado de São Paulo).
c) Aglomerações urbanas: áreas urbanas de municípios limítrofes, sem um polo e com grande densidade urbana (Jundiaí, Piracicaba).
3.5 Municípios – entes federados
Tem autonomia = tríplice capacidade
a) Auto-organização e normatização própria (art. 29, “caput” – Lei Orgânica, votada em dois turnos, interstício de 10 dias e quórum de 2/3, e deve obedecer a Princípios da CF e CE);
b) Autogoverno (Legislativo e Executivo próprios; povo elege seus membros);
c) Autoadministração (competências legislativas e administrativas).
3.5.1 Formação dos Municípios (art. 18, § 4º)
Requisitos:
Lei Complementar Federal: estabelece prazo para criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios;
Estudo de viabilidade municipal: deverá ser publicado através de lei federal;
Plebiscito: consulta prévia às populações dos Municípios envolvidos;
Lei estadual: cria o município
3.5.2 Competências Municipais:
- Materiais:
a) Comum (art.23);
b) Privativa: art. 30, III a IX;
- Legislativa:
a) Interesse local: art.30, I;
b) Suplementar: art.30, II;
c) Tributária: art. 156;
d) Plano Diretor: define a política urbana do Município - art. 182 (obrigatório para municípios com mais de 20.000 habitantes);
3.6 Distrito Federal – art. 32
Não pode se dividir em municípios, sendo   regido por lei orgânica, votada em dois turnos, interstício de 10 dias e quórum de 2/3.
Tem as mesmas competências dos Estados e Municípios e sua autonomia é parcialmente tutelada pela União.
 O Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Polícia e corpo de bombeiros mantidos pela União (arts. 21, XIII e XIV e art. 22 XVII), por meio do Fundo de Serviços Públicos.
Possui Câmara Legislativa composta por Deputados Distritais.
3.7 Territórios
Não são entes federados, são autarquias territoriais que integram a União. No momento não existe nenhum território criado, pois, aqueles que existiam à época da CF/88, foram extintos e transformados em Estados, exceto Fernando de Noronha, que foi integrado ao território do estado de Pernambuco.
Formação
Lei Complementar;
Plebiscito pela população diretamente interessada;
Organiza-se por lei federal, podendo dividir-se em Municípios. O governador é nomeado pelo Presidente (art. 84, XIV), tem o controle das contas realizado pelo Congresso Nacional e o Tribunal de Contas da União.
Organização do Judiciário, Ministério Público e Defensores pela União, quando mais de cem mil habitantes, com órgãos de 1ª e 2ª instância.
O Poder Legislativo, se existir, será disciplinado por Lei Federal, que disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência.
3.8 Intervenção
Autonomia é a existência de governo próprio e posse de competência exclusiva (competência para agir dentro de um círculo preestabelecido).
Natureza: a intervenção é ato político, contrapõe-se a autonomia. É medida excepcional e temporária que somente ocorrerá nos casos taxativamente elencados na Constituição.
3.8.1 Intervenção Federal nos Estados e no Distrito Federal
Pressupostos Materiais: (situações em que se autoriza a intervenção)
a) Defesa do Estado: 34, I e II;
b) Defesa do Princípio Federativo: 34, II, III e IV;
c) Defesa das Finanças estaduais: 34, V;
d) Defesa da Ordem Constitucional: 34, VI e VII;
 Pressupostos Formais: (limites, requisitos e modo)
Efetiva-se por Decreto do Presidente da República, que especificará prazo, amplitude e condições de execução e nomeará interventor. A natureza dos atos do interventor poderá ser federal ou estadual e tem ele responsabilidade civil por seus atos assim como responde o ente político interventor e o que sofre a intervenção.
Pode ser de iniciativa:
a: espontânea: para defesa da unidade nacional, ordem pública e finanças públicas (discricionária);
b: provocada, por solicitação dos poderes executivo e legislativo locais ou requisição, quando for coação contra o Poder Judiciário (STF), para cumprimento de ordem ou decisão judicial (STF, STE e STJ), para execução de lei federal (STF) – ação de execução, e ADIN interventiva - STF (vinculante);
Controle Político e Jurisdicional:
a) O decreto deve ser remetido em 24 horas ao Congresso Nacional, que será, inclusive, convocado extraordinariamente (não haverá apreciação do Congresso quando se tratar de representação do PGR);
b) Aprova ou suspende – 49, IV – através de Decreto Legislativo.
c) O Poder Judiciário não pode apreciar o ato quanto ao mérito, apenas se este não cumprir os requisitos constitucionais.
3.8.2 Intervenção Estadual e Federal nos Municípios de Território: (art. 35)
Poderá ocorrer nos seguintes casos (pressupostos materiais):
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
IV - o Tribunal de Justiça der provimento à representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
3.8.3 Questões gerais
Dívida Fundada: compromisso de investimento (obras e serviços públicos) ou despesas para recompor o desequilíbrio orçamentário cujo prazo exceda há 12 meses (Lei nº 4.320/67, art. 98).
Precatórios: para a intervenção exige-se atuação dolosa e deliberada de preterir. Conjugação dos princípios constitucionais da continuação do serviço público, proporcionalidade e relação de precedência. IF 2772/SP.
EXERCICIOS 
1. Na Constituição Federal de 1988, o Município é uma pessoa jurídica de direito público interno, que possui autonomia, caracterizada por sua capacidade de:C. auto-organização, autogoverno, autoadministração e autolegislação.

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