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Corrupção e Omissão Estatal no Brasil

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FACULDADES UNIFICADAS DOCTUM DE TEÓFILO OTONI
CURSO DE DIREITO
Brasil Praeter Legem
Corrupção
Estado Omisso -------------------------------------------------------------------------------- 
Relação entre cultura nacional e cultura organizacional --------------------------- 
A liberdade da corrupção, frente a omissão estatal --------------------------------- 
Controle de constitucionalidade?--------------------------------------------------------- 
“Anomia” um fenômeno social ------------------------------------------------------------ 
A dificuldade da interpretação das normas -------------------------------------------- 
A omissão inconstitucional ---------------------------------------------------------------- 
A construção de um paradigma moral e ético ---------------------------------------- 
Referencias bibliográficas ------------------------------------------------------------------
ESTADO OMISSO
Na última década, a reforma do Estado adquiriu um caráter central na agenda política brasileira. Procuram-se adequar as políticas estatais aos objetivos de uma economia globalizada. Nesse sentido, as medidas para inserir o país na dinâmica da globalização foram à desregulamentação da economia, a flexibilização da legislação, a diminuição dos gastos públicos, a privatização das estatais, e a abertura do mercado aos investimentos transnacionais, dentre outras medidas. O modelo de Estado Social-Liberal proposto teve como objetivo estimular e preparar a sociedade e o país para a competição generalizada através da privatização, da publicização e da terceirização. Nesse modelo, distinguem-se as atividades exclusivas do Estado, dos serviços sociais e científicos, e da produção de bens e serviços para o mercado. 
As atividades exclusivas do Estado ficaram circunscritas as funções de legislar, regular, julgar, policiar, fiscalizar e definir políticas sociais, entretanto, a temática atinente a omissão inconstitucional vem sendo nos últimos anos, alvo de muita discussão na doutrina nacional, principalmente ante a ineficácia dos seus instrumentos de controle no sentido de implementar a aplicabilidade da norma constitucional, que, passou a uma interpretação tanto informal quanto eventual, e baseado em critérios de eficiência e de apresentação de resultados. É patente a importância desta problemática na seara jurídica, tanto no aspecto da concretização da Constituição, considerando que a situação de inércia gera a erosão da própria consciência constitucional, quanto no aspecto da realização dos direitos individuais eventualmente violados diante da inércia legiferante. Neste último aspecto, é que reside a discussão acerca da responsabilidade do Estado pelos danos causados aos particulares em razão da conduta omissiva inconstitucional. Nesse contexto que se inseriram as denúncias de corrupção. Tais denúncias, ao alcançarem visibilidade na mídia, evidenciaram a debilidade da fiscalização no processo de aplicação da justiça uma vez que a mesma prevalece sobre a lei.
 A função dos órgãos regulamentadores foi amplamente questionada em estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle e aplicação de sanções paliativas e não educativas demonstrando características de omissão frente a problemas reais; A política de cortes nos gastos públicos e os processos de privatização fizeram aflorar uma realidade que ao longo dos anos não foi bem observada. Embora a liberdade tenha sido reconhecida como direito de todos e dever do Estado, o qual tem favorecido ao longo dos anos uma política cuja característica remete à ideia de sua omissão para com procedimentos que lesam os seus cidadãos nos seus direitos básicos. 
Relação entre cultura nacional e cultura organizacional
Entender ações organizacionais a partir de uma perspectiva cultural implica analisá-las para além dos aspectos formais e objetivos, certamente presentes nos processos que desencadeiam tais ações. As estratégias formais, as limitações estruturais e financeiras, além de dimensões internas e externas são importantes fatores que delimitam as possibilidades que se oferecem a qualquer organização em face das inúmeras e diversas circunstâncias do cotidiano empresarial. Contudo, abordagens que se limitem a tais dimensões podem ser induzidas pela expectativa de uma extrema racionalidade e linearidade nos processos organizacionais com resultados incompletos, quando não ilusórios. Nesse sentido, a perspectiva cultural significa, entre outras possibilidades, resgatar aspectos subjetivos que se mostrem significativos na formulação das respostas oferecidas pela organização (ou, mais apropriadamente, por seus membros) para os problemas operacionais e institucionais com que se defronta. 
A cultura e os aspectos a ela vinculados, como o silêncio ou omissão, são resultados de construções. As identidades deles resultantes, segundo observações de estudiosos como Hall (1998), não são coisas com as quais nós nascemos, mas são formadas e reformadas no interior da representação. Assim, a relação entre cultura nacional e cultura organizacional, evidencia exatamente um processo de construção e reconstrução simbólica, Por um lado percebe-se uma tendência histórica do Estado em ausentar-se de questões consideradas fundamentais, o que remonta ao Brasil colônia (Schwartz, 1999; DaMATTA, 1983). Por outro, percebe-se que a sociedade no momento de estabelecer relações, desenvolve uma espécie de apreensão funcional de valores e procedimentos sociais intrínsecos à cultura brasileira. É, nesse último caso, a não existência de uma identidade autêntica, mas sim de uma pluralidade de identidades e faces culturais, as quais, muitas vezes, inserem-se em um esforço de comunicação para além de aparentes paradoxos estruturais e culturais (Mooij, 1998; Ortiz, 1986). 
Uma luz no fim do túnel, não obstante, pode ser ilustrada por meio da observação de Pinsky e Eluf (1993), em meio a comentários sobre vários aspectos do cotidiano brasileiro que atentam contra os direitos do cidadão: é questionável essa suposta índole de que o brasileiro seja preguiçoso e de que as leis existem no Brasil exatamente para não serem cumpridas. Ou será que sim, desde que seja por quem de “direito” ou por quem tenha “condições” de não cumpri-las? Como pôde ser visto neste ensaio, a análise da cultura brasileira, vinculada à cultura organizacional de empresas que aqui desenvolvem suas atividades, contribui para entender tal questão, sobretudo quando características como a aversão ao conflito e a distância do poder facilitam a disseminação de crenças quanto a um determinado caráter nacional e permitem a institucionalização de processos administrativos. A abordagem de tais aspectos, embora aqui realizada nos limites de um ensaio teórico, contribui no sentido de melhor entender como a cultura brasileira se expressa e é revelada nas organizações brasileiras, ao mesmo tempo em que molda os seus processos administrativos.
A impessoalidade das relações sociais nesses processos resulta principalmente da necessidade de subjugar as emoções ao controle racional, conduz à predominância de relações calcadas no interesse comum, em que a base não é afetiva, mas racional em função de interesses.
A Liberdade da Corrupção Frente a Omissão Estatal
O não recolhimento de impostos e os empregos que deixarão de ser criados, por exemplo, entram nesta conta. Embora não seja possível mensurar exatamente qual é o prejuízo total causado pela corrupção, os fatores multiplicadores não podem ser ignorados, outro efeito que pode ser percebido é a “contaminação” de honestos por corruptos. Agentes públicos que antes exerciam suas funções corretamente podem passar a agir pensando em benefício próprio ao perceberem as vantagens que os colegas desonestos obtêm. No mínimo, sentirá um grande desestímulo na profissão. Se não por ganância, essa “contaminação” também pode acontecer por pressão: muitas vezes os honestos são ameaçados caso não concordem em fazer parte do esquema vigente em sua área. Para alguns,a “vacina” contra esse problema é a adoção de medidas severas de punição, más o indiferentismo dos métodos controladores demonstram características de omissão frente ao excesso de burocracia que também pode fazer parte do ciclo vicioso da corrupção. “A ineficiência alimenta a corrupção e a corrupção alimenta a ineficiência”, diz Abdenur. Isso cria uma cultura de leniência com as transgressões. “O cidadão pode pensar: ‘se o político rouba e não acontece nada, então também vou deixar de pagar meus impostos”, diz. O cidadão elege o político, más o político não representa o cidadão, “Existe muito descrédito aos políticos e por consequência aos partidos e instituições. À perversão ou vício que provoca corrosão moral, geralmente materializada pela aceitação ou oferta de um suborno ou de determinada vantagem, imediata ou não, em que o agente beneficiário do ato subverte, explicita ou implicitamente, seus princípios socialmente mais exigíveis denominamos corrupção. portanto, na ocorrência do tipo, como elemento nuclear, a intencionalidade do indivíduo que, conscientemente, aceita o risco da atingibilidade moral com o intuito da clara vantagem pessoal, sobrepondo-se a interesses altruísticos ou coletivos. Quando analisado com superficialidade imediatista, um ato corruptivo parece gerar efeitos de amplitude moderada. Erro. Na verdade, os desdobramentos da prática – extremamente comuns no setor Público – alcançam uma nocividade que não conhece fronteiras, pois conduz à inevitável subversão dos destinos da aplicabilidade legal daqueles recursos que, desviados de sua função, sancionam setores essenciais de uma sociedade, como é o caso da saúde, da educação e da segurança pública. Exemplos, aos montes, se têm na história do País – alguns emblemáticos e provas irrefutáveis desta nocividade. A aplicabilidade defectiva da CPMF, sepultada em 2008, serve como ilustração: em quatorze anos de arrecadação, o equivalente a R$ 540 bilhões gerou uma Nação de doentes, mortos e abandonados à própria sorte, dentre crianças, idosos, adolescentes, indígenas, homens e mulheres. E onde foram parar os recursos? Igual questionamento é: cabível ao eterno rombo da Previdência Social, Escolas a ponto de desabar, carentes de tudo; desvios de recursos da merenda escolar; obras superfaturadas; laranjas; caixa dois; formação de quadrilha dentro do serviço público; desvios de função, sobretudo em setores essenciais. Ao que parece, a ética e o cuidado com o dinheiro público padecem a olhos vistos nos mais diversos Segmentos e níveis funcionais de nossa sociedade, dando a impressão de incurabilidade, gerando fundado temor nas pessoas de bem, que felizmente são a maioria, de que nenhuma esperança deve ser nutrida no sentido de que algum dia esse grave mal político-social terá fim. não existem problemas sociais ou econômicos que entravem nosso desenvolvimento, mas tão somente políticos e institucionais – cânceres cujos tumores representados pelos corruptos, se devidamente extirpados, removerão toda a secreção purulenta da indignidade que macula a vida das pessoas simples e sérias deste País.
De fato, a cultura da corrupção no Brasil parece que, se não foi nascida, pelo menos foi difundida pela classe dos "homens públicos". Políticos e administradores públicos desrespeitam a lei tranquilamente, praticam sucessivos atos de improbidade, e a sociedade, historicamente, não os assistiu serem punidos nem na esfera administrativa nem na esfera judicial criminal ou civil.
Controle de constitucionalidade?
A Constituição representa a base de todo ordenamento jurídico. É norma orientadora dos poderes constituídos. Para garantir essa função basilar e orientadora, ou seja, para assegurar que essa norma seja respeitada, surge o Sistema de Controle de Constitucionalidade. 
Controle de constitucionalidade caracteriza-se, em princípio, como um mecanismo de correção presente em determinado ordenamento jurídico, consistindo em um sistema de verificação da conformidade de um ato (lei, decreto, etc.) em relação à Constituição Não se admite que um ato, hierarquicamente, inferior à Constituição confronte suas premissas, caso em que não haveria harmonia das próprias normas, gerando insegurança jurídica para os destinatários do sistema jurídico.
Para que um sistema jurídico funcione, pressupõe-se sua ordem e unidade, devendo as partes agir de maneira harmoniosa. O mecanismo de Controle de Constitucionalidade procura restabelecer a unidade ameaçada, considerando a supremacia e a rigidez das disposições constitucionais. Conforme ensina o jurista Calil Simão, o Sistema de Controle de Constitucionalidade destina-se a analisar a lesão dos direitos e garantias previstos na Constituição de um país, objetivando assegurar a observância das normas constitucionais, consequentemente, a sua estabilidade e preservação. 
A definição de Controle de Constitucionalidade não é única. No sentido estrito, a definição sempre implica reconhecer o afastamento, anulação, eliminação ou neutralização das normas contrárias à Constituição, sem possibilidade do ato incompatível ser preservado. Desta forma, uma definição ampla, sem vinculação necessária com as consequências da aplicação do Controle de Constitucionalidade pode ser alternativa mais interessante à classificação do termo, entendendo este como o juízo relacional que procura estabelecer uma comparação valorativamente relevante entre dois elementos, tendo como parâmetro a Constituição e como objeto a lei (sentido amplíssimo), os fatos do processo legislativo (regulamento procedimental) ou a omissão da fonte de produção do direito. A inconstitucionalidade por omissão refere-se à falta de ato que deixa de seguir norma programática estabelecida na Constituição, ou seja, não pode o Poder Executivo deixar de cumprir com determinadas prestações positivas que foram estipuladas constitucionalmente, no entanto, ainda prevalece no Brasil a apatia. É possível que a classe política e burocrática do Brasil, em si, bem como a própria sociedade como um todo esta; Devido à sua conformidade com a corrupção, estejam sofrendo de um mal que, em Sociologia, já foi diagnosticado como estado de “anomia”. 
“Anomia” um fenômeno social
Merton (1968, p. 236 –237) afirma que a anomia, do ponto de vista sociológico, é uma ruptura na estrutura cultural, ocorrendo, particularmente, quando há uma disjunção aguda entre as normas e metas culturais e as capacidades socialmente estruturadas dos membros do grupo de agir de acordo com as primeiras. Quando as estruturas: social e cultural estão mal integradas, a primeira exigindo um comportamento que a outra dificulta, há uma tendência rumo ao rompimento das normas ou ao seu completo desprezo.
Políbio (apud Wallis, 2004) acreditava ser possível prevenir a corrupção com governos balanceados, que misturassem elementos de três tipos puros. Maquiavel (2004) preocupava-se com a estabilidade política, e qualquer fator que afetasse o equilíbrio constitucional seria tecnicamente corrupção, seja resultante ou não de uma conduta individual moralmente corrompida. Montesquieu (2004) afirmava que “a corrupção de cada governo começa quase sempre pela corrupção dos princípios (p. 124).” Klitgaard (apud Pereira, 2004) oferece uma definição de corrupção: “corrupção é o comportamento que se desvia dos deveres formais de uma função pública devido a interesses privados (pessoais, familiares, de grupo fechado) de natureza pecuniária ou para melhorar o status, ou que viola regras contra o exercício de certos tipos de comportamento ligados a interesses privados.” 
Durkhein (1930, p. 188-221), analisando as causas que conduzem as pessoas a cometerem suicídio, ao incluir a anomia como uma das daquelas causas, fornece clara noção. Ele evidencia que cada sociedade, em um dado momento histórico, tem uma consciência moral daquilo que cabe a cada membro, em termos de serviços sociais, remuneração, conforto que convém à média dos trabalhadores de cada profissão. As diferentes funções são como que hierarquizadas na opinião pública, e certocoeficiente de bem-estar é atribuído a cada um segundo o lugar que ocupa na hierarquia.
Um exemplo marcante dado por Durkhein (op. cit., p. 188 – 189) é o de quando ocorrem catástrofes econômicas. Elas podem jogar indivíduos bruscamente em uma situação inferior à que ocupavam até então, impõe que eles restrinjam suas exigências, limitem-se em suas necessidades, enfim, que aprendam a se conter mais. Todos os frutos daquela consciência social refreadora de das condutas ficam perdidos no que se referem a tais pessoas, ou seja, elas têm que refazer sua educação moral. E não será de um momento para o outro que a sociedade as há de dobrar a essa nova vida e lhes ensinar a exercer sobre si mesmos essa contenção a mais a que não estão acostumados. Resulta disso que dificilmente conseguem se ajustar à condição imposta e a própria perspectiva dessa condição se lhes torna intolerável, advindo daí os sofrimentos que os desprendem de uma existência diminuída antes mesmo que a tenham experimentado.
O mesmo pode se dar quando ocorre brusco aumento de poder e riqueza. Bruscamente tornados ricos, os indivíduos já não sabem mais o que é possível ou o que não é o que é justo ou injusto, que reivindicações não serão mais legítimas e quais as que ultrapassam a medida. Consequentemente, nada há mais a que não se tenha pretensões. Nessas circunstâncias, as normas tradicionais perdem a sua autoridade e surge um estado de desregramento, ou seja, de anomia, o que se reforça pelo fato de que as paixões se tornam menos disciplinadas exatamente no momento em que teriam necessidade de uma disciplina mais rígida.
Os exemplos ministrados por Durkhein são para mostrar que a falta do "freio" que é representado pela moral social faz com que as pessoas queiram sempre mais e, quando não alcançam o objeto desejado, a frustração é muito maior, podendo-as conduzir até ao suicídio. Numa situação de normalidade, ao revés, nossa impotência - com a qual somos naturalmente conformados - nos obriga à moderação, a ela nos habituamos de uma maneira tal que não se torna muito doloroso se eventualmente falhamos em realizar uma meta a mais que desejávamos atingir. Prova disso são as estatísticas que revelam, nos países pobres, a singular imunidade das pessoas ao suicídio.
A Dificuldade da Interpretação das Normas
Em si mesma considerada independentemente do intérprete, a lei nada significa. É o intérprete é quem atribui (confere, agrega) sentido ou significado à lei. O intérprete produz, não apenas reproduz.
A produção da interpretação conforme a constituição constitui princípio hermenêutico que encontra sua raiz no princípio da supremacia da Constituição. A ordem jurídica como um todo retira sua validade do texto constitucional, produto do poder constituinte
Daí a sua preeminência, da qual decorre a exigência incontornável de conformação do texto legal ao texto constitucional. Como consequência, um dispositivo de lei ordinária será considerado inválido se estiver em contradição com a Constituição; Todavia, é possível e frequente que um texto legal comporte mais de uma interpretação razoável. O ato de interpretar já traz, em si, naturalmente, a possibilidade de obtenção de mais de um sentido, seja qual for à técnica de redação do texto, estejam ou não presentes termos jurídicos indeterminados. Diante de textos objetivos e (aparentemente) claros, muitas vezes, mais de uma interpretação se afigura igualmente razoável ou admissível.
Ferrara: “Aplica-se a interpretação a todas as leis, sejam claras, ou obscuras, pois não se deve confundir a interpretação com a dificuldade da interpretação.” 
Lenio Streck, com propriedade, observa que: “As palavras da lei são constituídas de vaguezas, ambiguidades, enfim, de incertezas significativas. São, pois, plurívocas. Não há possibilidade de buscar/recolher o sentido fundante, originário, primevo, objetificante, unívoco ou correto de um texto jurídico.” O sentido extraído de qualquer texto dependerá, sempre, do contexto jurídico, cultural, social e econômico no qual o texto interpretado esteja inserido e, principalmente, da pessoa que efetua a interpretação. 
Canotilho assinala que “o princípio da interpretação conforme a constituição é um instrumento hermenêutico de conhecimento das normas constitucionais que impõe o recurso a estas para determinar e apreciar o conteúdo intrínseco da lei.”
A finalidade da interpretação conforme a constituição é bem definida por Paulo 
Bonavides: “Em rigor não se trata de um princípio de interpretação da Constituição, mas de um princípio de interpretação da lei ordinária de acordo com a Constituição.”
Com a percuciência que lhe é característica, Jorge Miranda observa que a incapacidade da lei ordinária para fixar uma interpretação autêntica da Constituição está presente mesmo quando o texto constitucional comete à lei a regulação de alguma matéria: 
É assim ainda quando a própria Constituição prescreva o exercício de certo direito ou o tratamento de certo instituto nos termos da lei’, pois não há aqui desconstitucionalização e, muito menos, delegação de poder constituinte no poder legislativo. Essa lei deve conformar-se com os parâmetros da Constituição e está sujeita, como qualquer outra, ao juízo de constitucionalidade (e à interpretação que este juízo pressupõe).
Por paradoxal que possa parecer, essa forma invertida de interpretação da constituição conforme a lei pode resultar ou derivar do emprego distorcido ou imperfeito do método da interpretação conforme a constituição. Isso porque é entendimento corrente, que a interpretação em conformidade com a constituição traz implícito, o princípio do favor legis, pelo qual, em caso de dúvida, deve ser dada à lei uma interpretação que dê pela sua constitucionalidade, corre-se, muita vez, o risco de que aplicações deturpadas, artificiosas ou ardilosas do método possam fazer subsistir no ordenamento jurídico normas inconstitucionais.
É lição corrente da doutrina a de que a interpretação em conformidade com a 
Constituição não permite a criação de um sentido que não decorra razoavelmente do texto legal. A tarefa interpretativa, apesar do subjetivismo que encerra, encontra limites incontornáveis no texto interpretado. Não pode o intérprete, a guisa de buscar harmonização com a Constituição, retirar consequência jurídica evidentemente não emanável da lei interpretada. 
Por isso, segundo Canotilho, a interpretação conforme a constituição traz ínsito o princípio da exclusão da interpretação conforme a constituição, mas ‘contra legem’, pelo qual “o aplicador de uma norma não pode contrariar a letra e o sentido dessa norma através de uma interpretação conforme a constituição, mesmo [que] através desta interpretação consiga uma concordância entre a norma infraconstitucional e as normas constitucionais”.
 Lenio Streck aborda, com propriedade, a ultrapassada discussão doutrinária a 
envolver a denominada voluntas legis (doutrina objetivista) em contraposição à voluntas legislatoris (doutrina subjetivista). Se a busca da vontade do legislador (qual?), como se viu, é infrutífera, a busca da vontade ou do espírito da lei constitui exercício fantasioso ou imaginário. O intérprete insista-se, não descobre o sentido do texto normativo; antes, cria-o, concebe-o. A lei não tem um sentido em si mesmo.
A Omissão Inconstitucional
O estudo da omissão inconstitucional encontra-se atualmente no epicentro da moderna hermenêutica constitucional. A omissão para ser reputada inconstitucional, não basta ser tida como um eventual não fazer que torne a norma constitucional sem aplicabilidade, mas em uma omissão que decorra da inércia do Estado, de um dever de agir, que além de não atender uma norma de eficácia limitada, não atende os preceitos da própria Constituição, sob esta premissa, explicita Miranda (1983, p. 273-411) que a configuração da omissão inconstitucional sua será determinada quando:
“a)(... o não cumprimento da Constituição deriva da violação de certa e determinada norma; b)... se trate de norma constitucional não-exeqüívelpor si mesma; c)... nas circunstâncias concretas da prática legislativa, faltem as medidas necessárias para tornar exequível aquela norma.”
Outrossim, para que se configure a omissão inconstitucional deve-se, considerando o princípio da máxima efetividade, buscar nas possíveis formas de interpretações aquela que considere como aplicável a norma constitucional. Assim, tão só quando não seja possível essa almejada aplicabilidade, é que se ter-se-á uma possível omissão inconstitucional. 
Acerca da importância do estudo da omissão inconstitucional, adverte Mendes (2008, pág. 1177):
“Todos os que, tópica ou sistematicamente, já se depararam com uma ou outra questão atinente à omissão inconstitucional, hão de ter percebido que a problemática é de transcendental importância não apenas para a realização de diferenciadas e legítimas pretensões individuais. Ela é fundamental, sobretudo para a concretização da Constituição como um todo, isto é, para a realização do próprio Estado de Direito democrático, fundado na soberania, na cidadania, na dignidade da pessoa humana, nos valores sociais do trabalho, da iniciativa privada, e no pluralismo político, tal como estabelecido no art. 1º da Carta Magna. Assinale-se, outrossim, que o estudo da omissão inconstitucional é indissolúvel do estudo sobre a força normativa da Constituição.”
Noutro vetor, explicita-se que no campo do controle abstrato de constitucionalidade, dentre as omissões, sobrepõem o estudo da omissão na edição de atos normativos. Nesta análise, reconhece-se que é possível alargar a sua abrangência tanto com relação à omissão imputável ao Poder Legislativo, na edição de normas primárias, quanto com relação à omissão administrativa-normativa, imputável ao Poder Executivo, no que toca ao poder-dever da Administração em editar atos administrativos normativos gerais e abstratos necessários à concretização das normas constitucionais. Noutra via, registra-se também, a possibilidade do controle de eventuais inércias normativas do Poder Judiciário, nas situações em que a Constituição lhe imponha a respectiva competência, como ocorre na edição dos regimentos internos de Tribunais, consoante dispõem o art. 96, I, a, da Constituição (BARROSO, 2006).
Assim, caso o órgão constitucionalmente designado como competente para efetivar normas da Constituição não cumpra com o seu papel de regulamentar as normas de eficácia limitada, ou seja, caso haja a omissão inconstitucional de normas constitucionais, forma negativa de violação da Lei Maior, faculta-se a interposição de ADI por omissão no Supremo Tribunal Federal.
Quanto aos tipos de omissão inconstitucional, há um variado leque de classificações no tocante as espécies de omissão, dentre as quais passamos ao estudo das mais relevantes.
Nestes passos, em uma primeira classificação, as espécies de omissão podem variar conforme seja o grau de descumprimento da ordem constitucional de legislar, ou seja, a violação omissiva da Constituição pode ser total ou parcial.
Deste modo, caso não haja nenhuma providência no sentido de implementar a aplicabilidade da norma constitucional, a omissão inconstitucional será total. Nesse caso, o poder constituído omite-se diante de sua obrigação constitucional. Tem-se como exemplo o direito de greve dos servidores públicos previsto no art. 37, VII, da Constituição, que ainda não fora regulamentado por lei.
Por outro lado, caso haja uma atuação insuficiente ou deficiente quanto à obrigação em atender à norma constitucional, a omissão será parcial. Tem-se, aqui, um atendimento insatisfatório ou incompleto do dever constitucional de superação da omissão inconstitucional (MENDES, 2008). Tem-se como exemplo, a lei que institui o salário mínimo, cujo valor é insuficiente para satisfazer os mandamentos impostos pelo art. 7º, IV, da Constituição.
Nesta toada, acerca do instituto da omissão total e parcial, dispõem Piovesan (2003, p. 96): “a inconstitucionalidade por omissão quando total corresponde à inércia completa do legislador; quando parcial corresponde à deficiência ou insuficiência da atividade legislativa.”
Destarte, acerca da classificação, a omissão pode ser reputada ainda em seu sentido formal e em seu sentido material.
A omissão em sentido formal é aquela que se extrai da mera ausência da edição de ato que afaste a omissão estabelecida. Nesse sentido, explicita Clève (2000, p. 328), que: “... a expressão omissão formal é utilizada para indicar a falha (‘falta’) no discurso normativo decorrente do não desencadear do processo de formação da lei de integração.”
Já a omissão em sentido material se extrai da existência do ato integrativo, porém eivado do vício da inconstitucionalidade quanto ao seu conteúdo. Neste aspecto, leciona Clève (2000, p. 328), que: “Ao contrário, a expressão omissão material é aproveitada para indicar a falta processualmente satisfeita, mas de modo ofensivo ao conteúdo da Constituição, especialmente ao princípio da isonomia.”
Em sequência, quanto às espécies de classificação, a omissão pode se dar por órgão que não esteja obrigado a atuar pela implementação constitucional. Sob este aspecto, a omissão pode ser absoluta ou relativa.
A omissão absoluta ocorre quando não há o exercício da competência estabelecida pela Constituição ao poder constituído. Já a omissão relativa, ocorre sempre que o ato normativo, desrespeitando o postulado da isonomia constitucional, concede à outorga de benefícios a determinada categoria de pessoas, em detrimento de outras que igualmente deveriam ter sido contempladas. Tem-se como exemplo, a concessão de reajustes a servidores militares, sem concedê-los aos civis, em época anterior a EC 19/98, cujo tratamento era paritário.
Alinhando os principais pontos da temática proposta inerente a omissão inconstitucional e a responsabilidade do estado legislador, evidencia-se: 
a) A omissão para ser reputada inconstitucional, não basta ser tida como um eventual não fazer que torne a norma constitucional sem aplicabilidade, mas em uma omissão que decorra da inércia do estado, de um dever de agir, que além de não atender uma norma de eficácia limitada, não atende os preceitos da própria Constituição. 
b) No combate a omissão inconstitucional, a Constituição Federal de 1988, confere além da ADI por omissão, outro instrumento no combate à síndrome de inefetividade das normas constitucionais, trata-se do mandado de injunção, consoante o que estabelece o art. 5º, LXXI, da Constituição Federal.
c) Cumprindo com o objetivo proposto por este trabalho, traz-se um importante ponto atrelado à omissão inconstitucional, no entanto, pouco enfrentado pela doutrina, trata-se da responsabilidade do Estado legislador perante a sua omissão inconstitucional.
d) Sob esta ótica, aprofundando a temática da responsabilização do Estado por omissão inconstitucional legiferante, dividido em duas situações: 1) A responsabilidade direta do Estado quando o legislador descumpre uma imposição legislativa do constituinte, estabelecida com prazo certo; e 2) A responsabilidade do Estado quando o legislador descumpre uma imposição legislativa do constituinte, estabelecida sem prazo certo.
e) No ponto, em linhas gerais, embora havendo divergência na segunda hipótese, restou demonstrado, com escólio na doutrina, a possibilidade da responsabilidade civil do Estado, nos respectivos casos. Por outro lado, frisa-se que, embora se verifique a plausibilidade da possibilidade da aludida responsabilização estatal, a jurisprudência majoritária, inclusive do STF, vem entendendo pelo seu não cabimento.
f) Por fim, considerando o dever de agir constitucionalmente estabelecido ao Estado legislador, em nítido caráter de garantidor, cuja responsabilidade é a de elaborar a norma, constatou-se que, caso haja o descumprimento de seu desiderato, via conduta comissivo-omissiva, responderá o Estado objetivamente pelos danos causados.
A Construção de Um Paradigma Moral e Ético 
Ética, é uma característica atribuída às ações humanas e, por esta razão, um elemento essencial na produçãoda realidade social. Os seres humanos possuem um senso ético, uma espécie de "consciência moral", estando constantemente avaliando e julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas. Embora relacionados com o agir individuais, essas classificações sempre têm relação com as origens culturais que prevalecem em determinadas sociedades e contextos históricos, os quais são definidores de nossa realidade. Em realidade como demonstra Larissa Freitas Carlos, 2000, p. 01 “não há como se dissociar concretamente moral e direito, porquanto este reflete implicitamente os ideais de conduta vigentes na sociedade, de acordo com seus valores genéricos de certo e errado.”
No âmbito do direito administrativo, há um especial comprometimento com a necessidade de desenvolver a ética e a moral na sociedade a partir do exercício do Poder Público, ao conceituar a moralidade administrativa como o conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior da administração, que implica a distinção entre o honesto e o desonesto. E quando se fala em qualquer tema que envolva o direito público, a maior preocupação é a respeito da moralidade, que deve ganhar maiores colocações, haja vista, que estão a versar sobre erário, supremacia do interesse público, coisa pública, interesses da coletividade.
O reconhecimento valorativo da Ética e sua importância perante a Constituição e a sociedade como um todo é de fundamental importância para a consistência dos alicerces imprescindíveis da lei maior que rege a nossa sociedade. Ética e Moral caminhando contíguas para a construção de um Direito justo e ancorado na equidade da coletividade. Para isso, é necessário entender o percurso histórico no universo jurídico, seus fatos positivos e os que também se mostraram negativos em épocas pontuais.
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