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Disciplina Introdução à Linguística Coordenador da Disciplina Profª. Marlene Gonçalves Mattes Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores. Créditos desta disciplina Coordenação Coordenador do Curso Prof. Yvanowik Dantas Valério Coordenador de Tutoria Profª. Dra. Claudete Lima Coordenador da Disciplina Profª. Marlene Gonçalves Mattes Conteúdo Autor da Disciplina Profª. Marlene Gonçalves Mattes Colaborador Ms.Klébia do Nascimento e Silva Especialista Meyssa Maria Bezerra Cavalcante dos Santos Dra. Mônica de Souza Serafim Dr. Ricardo Leite Dra. Rose Maria Leite de Oliveira Núcleo de Tecnologia da Informação Coordenação Geral Prof. Henrique Sérgio Centro de Produção I - (Material Didático) Gerente: Nídia Maria Barone Transição Didática Equipe Pedagógica Elicélia Gomes Karla Colares Maria de Fátima Silva Ofélia Pessoa Rafaelli Monteiro Formatação Allan Santos José Almir da S. Costa Filho José André Loureiro Tiago Lima Venâncio Publicação Marcelo Goulart Design, Impressão e Modelagem 3D Subgerente Márllon Lima Equipe Afonsina Soares Andrei Bosco Eduardo Ferreira Fred Lima Iranilson Pereira Audiovisual Subgerente Ismael Furtado Equipe Andrea Pinheiro Otacílio Vieira Centro de Produção II - (Desenvolvimento) Gerente: Wellington Wagner Sarmento Programadores Bianca Stephani Bruno Neves Cleber Sena Diego Barbosa George Gomes Glaudiney Moreira Humberto Osório John Cordeiro Lucas Abreu Patrícia Paula Paulo André Lima Rafael Costa Ricardo Palácio Equipe de Suporte Gerente: Paulo de Tarso Cavalcante Equipe de Suporte Alex Ramos Davi Linhares Hellânio Costa Sumário Aula 01: Línguistica como Ciência ............................................................................................................ 1 Tópico 01: Ciência, língua, linguagem ..................................................................................................... 1 Tópico 02: Teoria dos signos .................................................................................................................... 6 Tópico 03: Classificação das línguas ........................................................................................................ 8 Tópico 04: Sistemas de escrita ................................................................................................................ 11 Aula 02: História da Linguística .............................................................................................................. 27 Tópico 01: Grécia .................................................................................................................................... 27 Tópico 02: Roma ..................................................................................................................................... 32 Tópico 03: Idade Média e Renascimento ................................................................................................ 35 Tópico 04: A Linguística no século XIX – O método comparativo ....................................................... 38 Aula 03: Linguística do século XX – Estruturalismo e Gerativismo .................................................... 42 Tópico 01: Estruturalismo europeu – Ferdinand de Saussure ................................................................. 42 Tópico 02: Estruturalismo Norte-americano ........................................................................................... 44 Tópico 03: Considerações finais ............................................................................................................. 46 Tópico 04: Gerativismo - Obras principais e conceitos .......................................................................... 49 Tópico 05: Análise sintática e esquema arbóreo ..................................................................................... 53 Aula 04: Funcionalismo e Linguística de Texto ..................................................................................... 58 Tópico 01: Funcionalismo - Círculos linguísticos .................................................................................. 58 Tópico 02 Trabalhos funcionalistas ........................................................................................................ 62 Tópico 03: Linguística de Texto – Noções Gerais .................................................................................. 63 Tópico 04: Precursores da Linguística de texto ...................................................................................... 64 Tópico 05: Categorias Textuais ............................................................................................................... 67 Aula 05: Psicolinguística e Sociolinguística ............................................................................................ 68 Tópico 01: Psicolinguística - Definições, breve resumo histórico e campos de atuação ........................ 68 Tópico 02: Psicoliguística e aquisição da linguagem .............................................................................. 70 Tópico 03: Sociolinguística - Relação entre linguagem e sociedade ...................................................... 71 Tópico 04: Evolução histórica ................................................................................................................. 73 Tópico 05: Variedade Linguística ........................................................................................................... 74 Aula 06: Revisão geral .............................................................................................................................. 81 Tópico 01: Atividades ............................................................................................................................. 81 1 Introdução à Linguística Aula 01: Línguistica como Ciência Tópico 01: Ciência, língua, linguagem A disciplina contará com seis aulas, cujos assuntos obedecem a seguinte ordenação: “Tudo o que alguém, em alguma parte do mundo, pensou uma vez, fatalmente será pensado de novo, por outra pessoa, ou em outro lugar, mais cedo ou mais tarde. Essa regra que foi formulada no princípio do século, pela geração de jovens físicos teóricos que imaginaram a física nuclear, aplica-se também à sabedoria popular,(...) Marx escreveu ser o senso comum a filosofia do homem de rua. O provérbio pode ser considerado a essência dessa filosofia, sintética na sua formulação e universal no seu uso.” Márcio Moreira Alves 2 Introdução à Linguística Referência: SOUZA, Josué de. Provérbios e Máximas em 7 idiomas. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999. Observação Cada aula iniciará com um pensamento (provérbio ou máxima ) em 7 idiomas – português, latim, alemão, espanhol, italiano, francês,inglês. 3 Introdução à Linguística Referências das imagens http://www.brasil-fotos.com/images/bandeiras/bandeira-dobrasil.gif http://www.acidigital.com/imagespp/ppbanderavaticana110708.jpg http://4.bp.blogspot.com/_V8cJZnaYAdI/So8f- NxuPiI/AAAAAAAAArQ/ime6sawuqT0/s400/Bandeira+de+Espanha.jpg http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/inglaterra/imagens/bandeira-da-inglaterra-2.gif http://1.bp.blogspot.com/_kGxjR3vlh1A/R8Qq-hrE35I/AAAAAAAAAAY/hDxyWie-M1g/S1600- R/Fran%C3%A7aaa+haahhaah.gif http://1.bp.blogspot.com/_8dhyeUPsCD0/Sb6U7Rrv- CI/AAAAAAAAAAU/3VpEA3PjfDM/S269/BANDEIRA_ITALIA.jpghttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/bandeira/internacional/alemanha.jpg Por que estudar língua? A resposta a esta pergunta parece óbvia. Se todos falamos, nos comunicamos, interagimos com nosso interlocutor naturalmente, qual é a necessidade – então – de estudarmos língua, se já fazemos uso dela a priori sem problemas. Pois bem, a priori! Nas situações de comunicação em que nos encontramos, já ouvimos de alguém: O que é mesmo que queres dizer? Ou nós próprios falamos: Não foi bem isto que eu quis dizer. Entendeste mal. Ora, tal fato denota que pode haver problemas em nossa forma de expressar as ideias. Nosso desempenho está condicionado ao domínio que podemos ter do idioma através do qual nos comunicamos. Outras perguntas surgem e poderão ser respondidas, no todo ou em parte, através de estudos de língua e de linguagem. Vejamos os exemplos a seguir. Quando uma criança começa a falar, o que será que acontece em sua mente? Quando alguém aprende duas línguas ao mesmo tempo, será que consegue dominar as duas? Quando alguém sofre um acidente e tem problemas no funcionamento do seu cérebro, afetando a linguagem, será que poderá recuperar sua fala? Por que os falantes de uma mesma língua podem falar com sotaques diversos? O que nos permite entender uma mensagem, sem que dominemos “perfeitamente” o código linguístico? Por que um texto bem escrito pode resultar incoerente? Como é possível entender imagens sem texto e texto sem imagens? Por que nosso interlocutor nos entende, mesmo se nos expressamos, incorrendo em falhas? Por que trememos a voz sob forte emoção? Por que atropelamos as palavras em algumas situações? Estes e muitos outros questionamentos poderão ser respondidos certamente, se conhecermos os mecanismos de funcionamento da própria língua. A vida em sociedade requer uma compreensão dos processos que envolvem a linguagem de modo geral e a língua de modo específico. Somente com este conhecimento nos será possível compreender situações de comunicação as mais diversas, bem como solucionar problemas de origem linguística, visando ao bem estar do homem na sociedade. Quando ouvimos uma música, somos capazes de reconhecer a língua estrangeira na qual ela é cantada. Como isto é possível? Ouça músicas em língua estrangeira e faça você mesmo o teste, você as reconhece? A identificação da língua em que cada música é apresentada torna-se possível devido ao nosso conhecimento de mundo em primeiro lugar, caso não dominemos as línguas estrangeiras em questão. Quem de nós nunca ouviu japonês? Por certo, todos já ouviram alguma vez, música árabe e música alemã. Como as reconhecemos? Naturalmente o ritmo se torna inconfundível em se tratando, por exemplo, de música tocada por uma banda alemã. E o canto gregoriano? A cultura geral nos permite reconhecer vozes de monges entoando orações sem acompanhamento de instrumentos musicais. Como tudo isto é possível? 4 Introdução à Linguística Somos observadores na vida em sociedade, e já a atenção espontânea nos alerta para tudo o que ouvimos. Nossa memória registra tudo o que para nós passa a ter algum significado. Fazemos associações com o que já conhecemos. Aliamos os novos conhecimentos às informações resultantes de leituras anteriores. A tudo somamos nossa experiência de vida. Assim, constatamos o quanto estudos em linguagem, entre outros fatores, considerando também a interdisciplinaridade, nos permitirão uma compreensão maior dos próprios fatos da vida, permitindo-nos uma interação cada vez mais significativa com o outro. Oportunamente trataremos do fato, especificamente, ao estudarmos a abordagem global de textos. Iniciamos, a partir de tais questionamentos, nossa incursão pelo mundo da ciência que tem a língua como seu objeto de estudo, a Linguística. O campo da Linguística é “dividido por meio de três dicotomias: sincronia vs. diacronia; teórica vs. prática e micro- vs. macrolinguística” (WEEDWOOD, Bárbara. História concisa da Linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2002). Por microlinguística se compreende o estudo da língua em si mesma, a sua fonética, fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e lexicologia. A macrolinguística se ocupa de estudos de língua sob uma visão ampla, isto é, verificando o que acontece com a língua nas suas relações na sociedade de modo geral. A macrolinguística inclui estudos em Linguística de Texto, Análise da Conversação, Pragmática, Sociolinguística, Psicolinguística, Análise do Discurso, Neurolinguística, Linguística Histórica. Observe a figura que representa a micro e a macrolinguística. 5 Introdução à Linguística Observação Oportunamente estudaremos, em Fonologia, os sons produzidos pelo aparelho fonador, os quais podem ser representados através de um alfabeto fonético. A fim de que os pesquisadores disponham de uma mesma referência, isto é, representem os sons segundo os mesmos fonemas, criou-se o Alfabeto Fonético Internacional (http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfabeto_fonético_internacional) Nos textos elaborados para nossas aulas, você perceberá o quanto este alfabeto fonético é importante na medida em que permite que se ilustrem os fatos de língua. Você pode encontrá-lo nas gramáticas de língua portuguesa ou em obras sobre Linguística em geral. Fórum 01 Ao ler o texto “A Linguística como ciência" (acesse esse conteúdo na aula pelo ambiente SOLAR) você vai encontrar que a linguística é definida como o estudo científico da linguagem ou ainda como “o estudo científico e desinteressado dos fenômenos linguísticos” (Câmara Jr, 1985). Continue a leitura do texto e explique com suas palavras a seguinte afirmação: “A função do linguista é estudar qualquer expressão linguística como um fenômeno digno de ser descrito e explicado”. Em seguida disponibilize sua resposta no Fórum “Aula 1- A Linguística como ciência” para discutir com seus colegas. 6 Introdução à Linguística Aula 01: Línguistica como Ciência Tópico 02: Teoria dos signos Parada Obrigatória Antes mesmo de falarmos sobre teoria dos signos leia o texto que traz a distinção de alguns termos que podem ocasionar alguma confusão na compreensão dessa temática. Teoria dos signos (acesse o conteúdo na aula pelo ambiente SOLAR). A relação entre os signos: a noção de valor O signo linguístico deve ser considerado, segundo Saussure, conforme seu contexto, isto é, suas relações com os outros signos, tendo-se desta forma a noção de valor1. Os signos não se definem individualmente, mas em função do sistema do qual fazem parte. Segundo Hjelmslev, linguista dinamarquês, o signo é a união de um plano do conteúdo a um plano da expressão, cada plano compreende dois níveis: a forma e a substância. A forma é para Saussure o valor, ou seja, conjunto de diferenças. Para que sons e sentidos sejam definidos, devem-se estabelecer oposições entre eles por traços. Exemplificando: os sons: f/v opõem-se, por que o primeiro apresenta o traço surdo e o segundo, sonoro. Mas ambos os sons são fricativas, isto é, labiodentais, há, por conseguinte, uma identidade. As duas formas – da expressão e do conteúdo – geram duas substâncias, uma da expressão (sons) e uma do conteúdo (conceitos). A forma da expressão são diferenças fônicas e suas regras combinatórias; a forma do conteúdo são diferenças semânticas e suas regras 1 Por valor entendemos as diferenças existentes entre conceitos e sons. Por exemplo: em português a palavra programa significa tanto um programa de televisão quanto o programa de um evento; em alemão, há duas palavras: a primeira Programm, designando a programação de um evento e Sendung, o programa de televisão. Outro exemplo:em português temos expressões de cortesia específicas, em japonês há um morfema designativo de cortesia: -ka. Assim, o importante é considerar que o signo é o que os outros não são. 7 Introdução à Linguística Olhando de perto Reveja o conceito de signo A palavra signo pode ser entendida segundo várias acepções. Além da acepção signo linguístico, consideremos outras duas (Dubois, 1978): 1. O signo pode ser empregado como equivalente de sinal, imediatamente perceptível “que permite conhecer qualquer coisa em relação a outro fato não imediatamente perceptível” sob duas condições: a. produzido com uma intenção deliberada; b. é voluntário, convencional e explícito. Combinado com outros sinais da mesma natureza forma um sistema de signos ou código. Podem ser de diferentes formas em um mesmo código: gráfica - letras, sinais de trânsito, etc.; sonora – sons emitidos pelo aparelho vocal de um indivíduo considerado como emissor de uma mensagem; visual – sinais gestuais. 2. Equivalente de símbolo, é mais frequentemente uma forma visual (e mesmo gráfica) figurativa. O signo símbolo é o signo figurativo de uma coisa que não tem aquele sentido; por exemplo, signo figurativo que representa uma balança é o signo símbolo da ideia abstrata de justiça. 8 Introdução à Linguística Aula 01: Línguistica como Ciência Tópico 03: Classificação das línguas Parada Obrigatória Para um maior aprofundamento sobre a classificação das línguas, leia o texto: classificação das línguas (acesse esse conteúdo na aula pelo ambiente SOLAR) Árvore genealógica 9 Introdução à Linguística Uma das possibilidades de exemplificarmos as famílias de línguas é através de uma árvore genealógica. Segundo Bárbara Weedwood (2002), no ano de 1872, Johannes Schmidt, linguista alemão, apresentou uma crítica à teoria da árvore genealógica e sugeriu a “teoria da onda”. Continua a autora que, segundo tal teoria, “as diferentes mudanças linguísticas se difundirão, como ondas, a partir de um centro política, comercial ou culturalmente importante, ao longo das principais vias de comunicação, mas as sucessivas inovações não cobrirão necessariamente a mesma área de maneira exata. Portanto, não haverá distinção nítida entre dialetos contíguos, mas, em geral, quanto mais distantes forem duas comunidades de fala, mais traços linguísticos haverá distinguindo-as”. Referência Acerca do tema: Classificação das línguas, sugerimos a leitura dos capítulos 27 e 28: A classificação das línguas e Algumas famílias linguísticas respectivamente. Referência: GLEASON Jr.Introdução à Linguística Descritiva, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1978. Família de línguas: o indo-europeu Na obra em língua alemã: Schrift und Sprache (Escrita e língua), de Berthold Riese (Hrsg.) temos a exemplificação de uma árvore genealógica. Embora conste em língua alemã, mesmo aqueles que não a dominam, poderão entender quais as famílias que ali estão exemplificadas: grega, eslava, germânica, românica, celta, etc. Observe que a família de línguas românicas exemplificadas na obra não inclui necessariamente todas as línguas que a compõem. Referência: RIESE, Berthold (Hrsg.) Schrift und Sprache. Heidelberg/Berlin/ Oxford: Spektrum. Akademischer Verlag, 1994. Desafio 01 1. A realidade só tem existência para o homem, quando é nomeada. 2. O objeto não designa tudo o que uma língua pode expressar. 3. A atividade linguística é uma atividade simbólica. 4. Os homens criam categorias e nelas põem os seres. 5. O significado não é a realidade que ele designa, mas a sua representação. Para vencer o desafio 1, leia o texto: Teoria dos signos, página 55, do livro Introdução à Linguística de José Luiz Fiorin. FIORIN, José Luiz (org.) Introdução à Linguística.( http://www.planetanews.com/produto/L/32943/introducao-a-linguistica-ii--principios-de- analise-jose-luiz-fiorin.html) I. Objetivos teóricos. São Paulo: Contexto, 2002. 10 Introdução à Linguística Dicas A propósito do latim: 1. Podemos afirmar que ele “ainda” é bem vivo em nossa vida hodierna. Por exemplo, nas horas vagas, poderemos, como opção de lazer, como opção de uma aprazível leitura: história em quadrinhos, e, por que não(?) em latim!! GOSCINNY e UDERZO. Asterix Gladiator. Stuttgart: Delta Verlag, 1978. Quidam Gallorum (acesse esse conteúdo na aula pelo ambiente SOLAR) 2. Além de tudo, o latim desenvolve o raciocínio! Piiila...sustineeete! (acesse esse conteúdo na aula pelo ambiente SOLAR) 11 Introdução à Linguística Aula 01: Línguistica como Ciência Tópico 04: Sistemas de escrita Sistemas de escrita Considerações iniciais “A escrita é uma das maiores descobertas da História, talvez a maior, exatamente porque é ela que torna possível a História” (Robinson, 1995). Normalmente automatizamos de tal forma o ato da leitura no seu primeiro estágio, isto é, na decifração do código, que sequer questionamos a nossa própria competência linguística. Só podemos ler, porque somos capazes de decifrar determinados códigos escritos. Logo, um texto em uma língua estrangeira, a qual não dominamos, causa-nos estranhamento, e até mesmo pensar em um «milagre » (idem, 1995). Robinson apresenta os seguintes questionamentos, por exemplo, a partir dos hieróglifos egípcios (http://pt.wikipedia.org/wiki/Hieróglifo#Hier.C3.B3glifos_eg.C3.ADpcios) como estes pioneiros da escrita aprenderam sua arte no período compreendido entre os anos 4 000 e 5 000 ? Como representaram a língua e pensamentos com símbolos ? Como foram decifrados após séculos de silêncio ? Será que as escritas atuais diferem das antigas ? Será que os hieróglifos chineses e japoneses se assemelham aos hieróglifos egípcios ? Finalmente, que tipos de homens foram os primeiros escribas, e que informações, ideias e sentimentos eternizaram ? Tais reflexões procedem, se considerarmos as implicações do processo de escrita nas mais diversas perspectivas. Dubois et al. (1973) conceituam escrita como « uma representação da língua falada por meio de signos gráficos. Trata-se de um código de comunicação de segundo grau com relação à linguagem, que por sua vez é um código de comunicação de primeiro grau. A fala se desenrola no tempo e desaparece; a escrita tem como suporte o espaço que a conserva ». Anteriormente mencionamos que dependemos da escrita para conhecermos a própria História. Enfatizamos, pois, que somente através da oralidade não nos seria possível conhecer determinadas culturas, quando elas não dispuserem do registro escrito, isto é, quando se tratar de comunidades ágrafas. Pensemos nas comunidades indígenas. Como preservar a cultura, se a maioria das comunidades restantes (já que a maioria foi extinta) é ágrafa? Esforços precisam ser envidados, sob pena de se perderem valores culturais ímpares. Dubois et al. (1978) consideram sistemas de escrita: 1) Pictogramas Sem fazer referência a um enunciado falado, fixam o conteúdo da mensagem através de desenho. Esta escrita era produzida por indígenas da América, esquimós siberianos, africanos e oceânicos, é considerada a primeira grande invenção do homem no domínio da escrita. Cagliari (1997) exemplifica pictogramas com a língua dos astecas. 12 Introdução à Linguística a) Zapotecas Os Zapotecas constituíam uma tribo do sul do México e pertencem às mais antigas culturas mexicanas. Através de inscrições em monumentos de pedras dos anos 500 a.C. a 700 d.C. podemos ter acesso a um relato da criação e destruição do Estado Zapoteca. Os monumentos de pedra foram encontrados na capital zapoteca Monte Alban e no vale de Oaxaca no sudoeste mexicano. O mapa mostra a região Santiago deGuevea, o qual foi pintado em 1540 sob ordem do explorador espanhol. No centro do mapa encontra-se o “Senhor” de Santiago de Guevea sentado em um templo. Os limites de seu poderio são demarcados no mapa através de topônimos, ao lado dos quais se encontram os nomes zapoteca, para cujo significado se lê a tradução em espanhol. Esta é apenas uma parte do mapa. b) Escrita Maia Os Sacerdotes e famílias reais ocupavam-se da escrita na sociedade maia, a qual ligava-se aos cultos religiosos. Supõe-se que a maioria dos textos maia correspondam a relatos, pois necessitavam anotar os acontecimentos recorrentes, já que tinham uma concepção cíclica do tempo . Era uma escrita pictoideográfica, « formada de signos análogos aos hieróglifos egípcios : todos são iguais em altura e em largura ; estão dispostos em grandes quadros ou retângulos, paralelamente aos lados, mas não se sabe em que sentido devem ser lidos » (Dubois et al., 1978). 13 Introdução à Linguística A opção entre logogramas e sílabas proporcionava ao escriba Maia possibilidades de variação na criação do texto. Um logograma é um desenho para uma palavra completa. Aqui vêem-se justapostas formas de escrita logográfica e silábica para as palavras Maia respectivamente: ahaw (príncipe), pakal (escudo) e wits (colina). (As traduções da Legenda: Marlene Mattes) 2) Ideogramas Segundo este sistema, cada desenho representa um único significado, o que não é econômico. Tal fato provoca uma evolução no sistema, acarretando símbolos polissêmicos. Em Cagliari (1997) lemos que os ideogramas, ao longo de sua evolução, perderam alguns traços representativos das figuras retratadas. As escritas ideográficas mais importantes são a egípcia, a mesopotâmica (suméria), as escritas da região do mar Egeu (por ex. a cretense) e a chinesa (da qual deriva o japonês). a) Escrita do Egito antigo Existem três tipos : a hieroglífica, a mais antiga e descoberta nos monumentos ; a cursiva, sendo a mais antiga a hierática e a demótica, mais simplificada que a hierática, utilizada pela administração . A escrita hieroglífica egípcia deu um grande passo, empregando símbolos fonéticos, ou fonogramas, junto aos signos ideográficos, ou signos-palavras. Champollion no ano 1822 decifrou os hieróglifos. No trabalho de fortificação militar no Forte São Juliano, em Rossete, no Delta, um soldado desconhecido encontrou uma pedra de basalto preto, da qual foi polido um lado e tornaram-se visíveis as inscrições. Em três colunas apresentava diferentes símbolos/linhas: hieróglifo, demótico e grego. A tradução do texto grego desvendou uma dedicatória dos sacerdotes de Memphis a Ptolomeu V. (196 a.C.). Trabalho árduo seguiu-se por outros pesquisadores à identificação dos demais símbolos. Atribui-se a Champollion a descoberta dos hieróglifos. 14 Introdução à Linguística b) Escrita japonesa O japonês utiliza simultaneamente três diferentes sistemas de escrita: o hiragana, o katakana e o kanji . Hiragana: silabário composto por 46 letras básicas. Através delas, podem-se grafar todos os sons da língua japonesa. 15 Introdução à Linguística Katakana: silabário composto por 46 letras básicas e correspondentes ao hiragana, só que utilizado principalmente para a transcrição de nomes de pessoas e localidades estrangeiras, termos de origem estrangeira e onomatopéias. 16 Introdução à Linguística Kanji: caracteres chineses em número de 1850, introduzidos no Japão por volta do século V. Possui significado próprio e apresenta mais de uma possibilidade de leitura. Além destes três sistemas de escrita, o Japão utiliza também o alfabeto romano. Há também a romanização da escrita japonesa, conhecida como sistema Hepburn, adotado oficialmente pelo governo japonês e que segue a leitura inglesa do alfabeto. Esta última forma é denominada romaji (três formas). 17 Introdução à Linguística c) Escrita chinesa A escrita ainda em uso data do século IV. É uma escrita cursiva, traçada a pincel. Os caracteres são separados, inscritos dentro de um quadrado ideal, dispostos em colunas lidas de alto a baixo, a começar pela direita. O signo é uma figuração despojada , não realista do objeto. O chinês é monossilábico, cada desenho representa uma palavra e uma sílaba simultaneamente ; cada palavra dispõe de um signo. O chinês moderno é dotado de forma mais simplificada. Imagem 18 Introdução à Linguística 3) Escrita silábica e alfabética As línguas evoluem e o que se verifica em um estágio final é a necessidade de se procederem a anotações de sons finalmente. Os alfabetos podem ser silábicos ou fonéticos. Exemplos de escritas : sânscrito (Índia), escrita fenícia, grega. Escrita fenícia Na cidade de Urak, na Mesopotâmia – hoje grande cidade no sul do Iraque – foram encontrados, em data anterior a 1912, mais de 4000 placas de argila com os mais antigos testemunhos do desenvolvimento da escrita. A escrita cuneiforme caracteriza-se por seus elementos em forma de cunhas, ou cravos, que representam a impressão que deixou o caniço talhado dos escribas da Mesopotâmia em tabuinhas de argila fresca. Herdada do sumério, foi sobretudo utilizada para transcrever o Arcádio e depois o hitita. O quadro anexo constitui o início de uma lista de nomes de funcionários públicos e profissões, em três escritas, em diferentes épocas. Enquanto os símbolos são ordenados sempre na mesma sequência, muda sua forma: eles aparecem cada vez mais fortemente como abstrações. A partir desta lista é possível deduzir-se o desenvolvimento das formas dos símbolos. Simultaneamente constituem o meio mais importante na ordenação e significação dos antigos símbolos. Imagem 19 Introdução à Linguística 20 Introdução à Linguística Legenda: (Tradução: colunas) 1. Linha 2. cerca de 3000 a.C. (Uruk III) 3. cerca de 2500 a.C. (Fará) 4. cerca de 2000 a. C. (Ur III/aB) Há distinção entre som e letra, não significando o mesmo empregar uma escrita alfabética ou um alfabeto fonético. A escrita alfabética poderá grafar um som de várias formas, enquanto que o alfabeto fonético é preciso, permitindo que cada som seja representado especificamente. Outros alfabetos: Alfabeto Grego 21 Introdução à Linguística Alfabeto Russo 22 Introdução à Linguística Alfabeto Árabe: 23 Introdução à Linguística Alfabeto árabe – Constitui-se de 28 consoantes, as quais apresentam quatro formas diferentes, segundo sua posição na palavra. As vogais curtas não são escritas. As vogais longas [observar o quadro abaixo] são representadas segundo 3 sinais diferentes. A escrita se dá da direita para a esquerda. Comparação de Alfabetos : Parte 1: Parte 2: 24 Introdução à Linguística Parte 3: Curiosidade: Asterix em língua alemã! 25 Introdução à Linguística 26 Introdução à Linguística Leitura complementar Leia o texto: Breve ensaio sobre a origem das escritas (acesse esse conteúdo na aula pelo ambiente SOLAR). BRAGA, Emanuel. Breve ensaio sobre a história da escrita. In: MATTES, Marlene (Org). Linguagens. As expressões do múltiplo. Fortaleza: Premius, 2006. Leia mais em DUBOIS et al. Dicionário de Lingüística. São Paulo: Cultrix, 1978 e em CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Lingüística. São Paulo: Scipione, 1997. Atividade de Portfólio Leia o tópico 4 da aula 1 e responda as questões abaixo (máximo 20 linhas) em um documento com o nome. Envie a sua atividade para seu portfólio (Área privada). 1. Apresente comentários acerca da importânciada escrita para a cultura. Exemplifique. 2. Considerando sua resposta à questão anterior, avalie a situação das minorias indígenas em nosso país. 3. A partir do fato de que o Brasil é um país de miscigenação racial, as línguas de origem africana também marcam presença em nosso mapa lingüístico. Comente sobre as manifestações de línguas africanas em nossa cultura. Naturalmente, você lembrará também do sincretismo religioso. Referências CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguística. São Paulo: Scipione, 1997. RIESE, Berthold (Hrsg.) Schrift und Sprache. Heidelberg/Berlin/Oxford: Spektrum. Akademischer Verlag.1994. 27 Introdução à Linguística Aula 02: História da Linguística Tópico 01: Grécia Referências das figuras http://www.brasil-fotos.com/images/bandeiras/bandeira-dobrasil.gif http://www.acidigital.com/imagespp/ppbanderavaticana110708.jpg http://4.bp.blogspot.com/_V8cJZnaYAdI/So8f- NxuPiI/AAAAAAAAArQ/ime6sawuqT0/s400/Bandeira+de+Espanha.jpg http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/inglaterra/imagens/bandeira-da-inglaterra-2.gif http://1.bp.blogspot.com/_kGxjR3vlh1A/R8Qq-hrE35I/AAAAAAAAAAY/hDxyWie-M1g/S1600- R/Fran%C3%A7aaa+haahhaah.gif http://1.bp.blogspot.com/_8dhyeUPsCD0/Sb6U7Rrv- CI/AAAAAAAAAAU/3VpEA3PjfDM/S269/BANDEIRA_ITALIA.jpg http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/bandeira/internacional/alemanha.jpg 28 Introdução à Linguística Vishnu com ornamentos divinos As primeiras preocupações com língua ocorreram entre os hindus. Com respeito à religião, os textos sagrados deveriam ser lidos sem prejuízo da pronúncia correta das palavras em sânscrito. Esta primeira manifestação de um cuidado especial em relação à língua não implicava emprego de método científico, pois a língua ainda não havia sido instituída como objeto de estudo de uma ciência, a Linguística. Devemos aos filósofos gregos os primeiros questionamentos voltados à língua. O primeiro pensador a pesquisar sobre a linguagem foi Platão (427 – 437 a.C ). A grande pergunta: A língua tem algum vínculo direto e essencial com a realidade espiritual ou física, ou é puramente arbitrária? Em outras palavras: a conexão entre as palavras e aquilo que denotavam provinha da natureza phýsei ou era imposta pela convenção thései? Desta questão surgem dois pontos: 1. A natureza da atual relação entre as palavras e seus denotata. 2. A origem das palavras surge desta relação. Platão Platão, a fim de discutir esta questão, escreve um diálogo: Crátilo. Os personagens principais são: Crátilo, Hermógenes e Sócrates. Para Crátilo, a língua espelha o mundo ; para Hermógenes, é arbitrária e, finalmente, Sócrates considera uma instância intermediária. 29 Introdução à Linguística Na evolução do diálogo, Sócrates contesta Hermógenes, já que este questionava a correção natural dos nomes. Sócrates apresentou etimologias baseadas em associação semântica. Anexo: Platão (acesse esse conteúdo na aula pelo ambiente SOLAR) Sócrates Como alguns nomes não são passíveis de análise semântica, Sócrates propõe uma análise que os considere pelo simbolismo sonoro, ou seja, uma análise das palavras originais (prota onómata) . Exemplo : /l/ deslizar, resvalar - significa deslizamento Considere-se liparón (liso) : glyký (doce) ; glískeron (viscoso) Em contrapartida, sklérótés significa dureza, portanto há um equívoco. Assim é provável que alguns nomes tenham sido atribuídos de modo errado desde o princípio. Platão sugere que o nomoteta tenha tido acesso ao conhecimento direto da realidade, as formas platônicas, mas tenha apreendido incorretamente esta realidade. Aristóteles Aristóteles (384 – 322 a.C.), na obra Perì hermeneias, (De interpretatione) delineou um processo em três etapas : signos escritos = signos falados; signos falados = impressões na alma; impressões na alma = as aparências das coisas reais = são as mesmas para todos, o que muda são as interpretações. O esquema apresenta, no entanto, um certo grau de dificuldade. 30 Introdução à Linguística Entre a recepção e a fala, os estóicos (III a.C.) e outros acrescentam uma etapa : o conceito (em grego: lektón, em latim: dicibile). Diógenes Os conceitos, representados na fala, diferem. No enunciado constituem o lógos. Para Diógenes (III a.C.), lógos (com significado) constituía um enunciado significativo , cuja substância física era phoné = voz; e representado na escrita pela léxis (sem significado, só forma). Resultam de tais considerações as partes do discurso. Você sabe o que é ónoma e rhema?2 Observação Restou o dilema: partes do discurso determinadas pelo significado ou pela forma? Hoje há o equilíbrio. Em Apolônio Díscolo temos a ênfase ao aspecto semântico. Escreveu um tratado sobre a sintaxe grega, Sintaxe (peri syntáxeos). Traça um paralelo entre os diferentes níveis de linguagem / as mesmas regras de organização se aplicam às unidades sonoras mínimas, as sílabas, às palavras e, de fato; aos enunciados completos. Afirma: « o significado que subsiste em cada forma de palavra e, num certo sentido, a unidade mínima da frase ». O estudo da sintaxe ajuda a recuperar a estrutura de uma frase defeituosa. Procurou mostrar princípios racionais, a regularidade inerente, que subjazem à sintaxe da frase grega. A doutrina de Apolônio entrou no latim por Prisciano (c. 500) com a obra Institutiones Grammaticae. Também os romanos filtraram estudos gregos sobre morfologia. A gramática grega foi definitivamente decodificada na Gramática de autoria de Dionísio Trácio (séc. II a.C.). Especialmente importante é a constatação de que um equívoco de tradução tenha repercutido negativamente no processo de ensino e de aprendizagem de línguas. Trata-se da expressão grega: autotelos logos: expressão auto-suficiente, isto é, elementos semânticos + função na situação comunicativa. Em latim traduziu-se por completo, perfeito. Consequência: estudos de língua centrados na frase. 2 Os conceitos ónoma e rhema respectivamente passam a constituir « vocabulário conceitual », pois se fazia necessário localizar, no enunciado, a verdade ou a falsidade da proposição. Assim se consideram função e significado (ónoma=sujeito ; rhema= predicado) e não a forma. 31 Introdução à Linguística Linguística moderna: estudos de língua centrados no texto. Segundo Castelar de Carvalho (1997), os estudos da linguagem em uma perspectiva filosófica estenderam-se também a outros ramos como: Etimologia3, Semântica4, Retórica5, Morfologia6, Fonologia7, Filologia8 e Sintaxe9. Tais estudos tomam por base as ideias de Aristóteles, isto é, a corrente dos analogistas e dos eruditos estóicos, a corrente dos anomalistas. Os gregos são indubitavelmente os precursores no que tange às reflexões sobre linguagem. Contudo, o estudo científico só ocorre mais tarde, quando da instituição de língua como objeto de estudo da Linguística. Referências O estudo que desenvolveremos tomará por base, predominantemente, a obra História concisa da Linguística, de Barbara Weedwood ( 2002). PLATÃO. Crátilo. Diálogo sobre a justeza dos nomes. Lisboa: Livraria Editora Sá da Costa. 1963. Versão do grego por Pe. Dias Palmeira. 3 http://pt.wikipedia.org/wiki/Etimologia 4 http://pt.wikipedia.org/wiki/Sem%C3%A2ntica 5 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ret%C3%B3rica 6 http://pt.wikipedia.org/wiki/Morfologia_%28ling%C3%BC%C3%ADstica%29 7 http://pt.wikipedia.org/wiki/Fonologia 8 http://pt.wikipedia.org/wiki/Filologia 9 http://pt.wikipedia.org/wiki/Sintaxe 32 Introdução à Linguística Aula 02: Históriada Linguística Tópico 02: Roma É inegável a influência dos gregos sobre os romanos, na arte, na literatura, em todos os âmbitos. Tanto a cultura quanto os métodos gregos de educação foram adotados em Roma. Segundo Lyons (1979), os romanos organizaram uma gramática padrão em três partes: 1. Tratava das letras e das sílabas. A arte de falar com correção e de compreender os poetas era o conceito para gramática. 2. Tratava das partes do discurso e das suas variações em gênero, número, caso, tempo, etc. 3. Tratava de estilo, advertia contra ‘erros’ e ‘barbarismos’. Como a língua grega e a latina eram muito semelhantes, os romanos entendiam que as categorias eram categorias linguísticas universais e necessárias. Posteriormente, também na Idade Média, se manteve tal crença. Assim como na Grécia, também em Roma havia escolas e se processava o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem da leitura e da escrita. A ‘ ciência das letras ‘ (grammatike techne) correspondia a este ensino, cujo professor era denominado de grammatistes, na Grécia. À techne grega corresponde, em latim, a ars grammatica, entendida como a ciência dos textos. Como gramática teórica latina no século I a.C. havia trabalhos sobre correção, sendo o mais conservado A analogia, de César, escrito em 54 ou 52, manifestando o seu gosto pelo ‘alinhamento’ e pela regularidade. César era um orador, logo não era um gramático, mas um estadista romano orador. César escreveu De Bello Gallico, tratando das lutas na Gália. Cícero escreveu vasta obra e o estilo de suas orações serviu de modelo a toda retórica latina. Marcos Terêncio Varrão10, o qual não se interessou somente por um tema, escreveu sobre história, filosofia, poesia, etc. Seu tema preferido era gramática, embora não fosse um grammaticus. Dentre suas obras temos: A lingua latina e A origem da lingua latina De lingua latina não é um estudo da forma, mas do sentido, o qual é explicado em três etapas, três partes do exposto : « a relação das palavras consideradas individualmente, com as coisas que significam ; a relação ‘vertical’ das palavras que se geram umas das outras para obter em uma diversidade de formas 10 http://pt.wikipedia.org/wiki/Marco_Ter%C3%AAncio_Varr%C3%A3o )(116/27 d.C. 33 Introdução à Linguística correspondentes dos diferentes aspectos das coisas ou dos diferentes pontos de vista dos locutores, enfim a relação ‘horizontal’ das palavras entre si e a ‘produção de um sentido completo na ligação racional das palavras’ »(DEBORDES, Françoise. Concepções sobre a escrita na Roma antiga.São Paulo: Editora Ática, 1995) De sua vasta obra em número de setenta, resta apenas De lingua latina da qual dispomos de apenas dois livros. De seus estudos destacam-se duas dicotomias: A influência da natureza e significado das palavras. A primeira acerca da influência da natureza e o uso da convenção na origem e significado das palavras, no processo de formação das palavras, e a ideia de analogia e anomalia para regular o discurso. Como constatou que, com o tempo, as palavras podem sofrer alterações, gerando mudança de significado, a relação natural entre as palavras e as coisas – sua grande preocupação, pois acreditava na relação com a natureza, assim como Platão – só poderia ser identificada pela etimologia, a qual pode ajudar a recuperar o significado original, através de uma explicação semântica. A etimologia não teria seu fundamento na fonologia, como conhecemos hoje. Analogia e anomalia decorriam do uso. Seu entendimento por etimologia era semântico e não fonético. Estabelece uma distinção entre a natureza original da linguagem e o uso. E entre os usos descritivo e prescritivo da analogia. Afirma que a flexão das palavras, declinatio naturalis (morfologia flexional: declinações de nomes e flexões verbais) relacionava-se à analogia; e a declinatio voluntaria (morfologia derivacional: formação de novas palavras a partir das já existentes por acréscimo ou supressão de certos elementos), derivação, estava ligada à arbitrariedade das palavras. As gramáticas romanas compreendiam dois tipos : 01 - Schulgrammatik (gramática escolar) Apresentavam um sistema de categorias gramaticais exemplificadas em latim. Era empregada no ensino do latim11, como manuais. A GRAMATICA ESCOLAR expunha sistematicamente as categorias gramaticais exemplificadas em latim. Ex.: Ars maior, de Donato(c. 380 d.C.). 02 - Regulae (gramática de regras) E a segunda gramática, de regras (regulae (c. 380 d.C.), obra de referência, auxiliando na identificação das formas do latim. É nesta fase que os textos literários começam a perder espaço na sua relação com o ensino de latim, o qual passa a preocupar-se mais com a gramática em si. Ainda entre os romanos é que se desenvolvem duas correntes : a teoria da littera e a etimologia. 11 http://pt.wikipedia.org/wiki/Latim 34 Introdução à Linguística Somente no final da Idade Média é que os pensadores ocidentais voltaram seu interesse para a parte física da fala assim como passaram a levar mais a sério as manifestações físicas do mundo natural. O ímpeto veio de fora: durante o Renascimento, do mundo semita, mais tarde (c. 1800), da Índia. Fórum 02 No Fórum “Aula 2 – Vertente grega da gramática ocidental”, explique com suas próprias palavras o que compreende acerca da vertente grega da gramática ocidental. Atividade de Portfólio As categorias gramaticais tiveram sua origem nos estudos dos clássicos. Organize um quadro com as atuais dez categorias (classes gramaticais) e, considerando que estabelecem relações com outras palavras em um dado contexto, apresente também as suas respectivas funções sintáticas. Tal quadro, futuramente, servirá de base a estudos também em outras disciplinas do curso. Leitura Complementar Latim é língua morta? Na Alemanha, estudantes universitários de latim se reúnem nas horas vagas e desenvolvem conversação em latim. Obra sobre conversação em latim. Referência 1: CAPELLANUS, Georg. Sprechen Sie Lateinisch? Moderne Konversation in lateinischer Sprache. Bonn: Ferd. Dummlers Verlag, 1990. Até há pouco tempo, na escola, também na Alemanha, as crianças optam pelo estudo de uma língua clássica: grego ou latim. A propósito, há livros publicados para o ensino destas línguas para crianças. Referência 2: KITTEL, Wolfgang e REICHEL, Bernd. Grammatik mit Spass. ubungen zu Deklination, Konjugation und Syntax fur die ersten Lateinjahre. Munchen: Mentor Verlag, 1994. Referência 3: METZGER, Gerhard e REHN, Hedwig. Latein fur das 3. und 4. Lernjahr. Vollständige Satzlehre – Syntax. Munchen: Mentor Verlag, 1988. 35 Introdução à Linguística Aula 02: História da Linguística Tópico 03: Idade Média e Renascimento Idade Média A hegemonia da língua latina já é registrada na própria História da Humanidade, era a língua da diplomacia, da erudição e da cultura, além do fato de a Igreja constituir o centro e o poder na sociedade medieval (Lyons, 1979). O ensino do latim acontecia na perspectiva do ensino de uma língua estrangeira. Houve a necessidade e a consequente criação de gramáticas para este fim. O ponto de partida foram as gramáticas de Donato e Prisciano, as quais progrediram na análise do latim. Grande importância se atribui aos pressupostos filosóficos por eles introduzidos no estudo da língua. As obras de Prisciano12 deram origem às gramáticas analíticas, isto é, escritas na forma de perguntas e respostas. Exemplo: Que parte do discurso é a palavra codex? Um nome. Como sabes? Porque denota algo identificável e tem flexão de caso. É próprio ou comum?Comum. Por quê? Porque existem muitos códices. As gramáticas analíticas substituíram as gramáticas elementares baseadas na forma, estudadas nas escolas monásticas das ilhas britânicas nos séculos VII e VIII. A gramática surge na Idade Média (século XII) dividida em quatro partes: Gramáticos chamados de modistas: Destacaram-se os gramáticos chamados de modistas, pois se inspiravam nas idéias escolásticos da ciência como busca das causas universais e invariantes, eles deliberadamente procuraram derivar as categorias gramaticais das categorias da Lógica, da Epistemologia e da Metafísica ; ou melhor, derivar as categorias dessas quatro ciências partindo dos mesmos princípios gerais. 12 Dentre as obras de Prisciano destacam-se: Institutio de nomine et pronomine et verbo, Partitiones, Institutiones gramaticae. E as obras: Ars Minor, tratando de uma breve introdução à gramática e Ars Maior, dividida em três livros, são de autoria de Donato. Deste último, o primeiro livro tratava do som, da letra, sílaba e acentos; o segundo, das partes do discurso: nome, pronome e verbo; e o terceiro, apresentava os barbarismos (erros na forma das palavras). 36 Introdução à Linguística As gramáticas especulativas: As gramáticas especulativas (do latim speculum – espelho) desta fase eram assim denominadas, pois era crença que a língua espelhava a realidade subjacente aos fenômenos do mundo físico. Aos gramáticos modistas associam-se os conceitos dictiones, modi significandi, res significata. As gramáticas vernáculas medievais: As gramáticas vernáculas medievais surgiram quando a leitura na língua materna se tornou um hábito. Em 1336 o tratado sobre poética e gramática: Leys d’Amores, constitui-se na primeira descrição detalhada de uma língua vernácula medieval. Renascimento O ideal escolástico foi criticado pelos humanistas da renascença, os quais tomaram Cícero como exemplo de estilo latino. Sustentando que a literatura da Antiguidade clássica era a fonte de todos os valores ‘civilizados’, eles concentraram suas energias na reunião e publicação de textos de autores clássicos ; especialmente depois da invenção da imprensa no fim do século XV, que tornou possível a larga e rápida distribuição de textos acurados (Lyons, 1979.) Outros nomes que se destacam são: Erasmo13, Aelfric14 e Dante 15 A gramática especulativa teve seus ideais contemplados na Grammaire générale et raisonée, de Arnauld et Lancelot. Grammaire générale et raisonée (http://books.google.com.br/books?id=ezX8MVKpe7QC&dq=Grammaire+g%C3%A9n%C3%A9rale+et+raisonn%C3%A9e, &pg=PP1&ots=yr6TSZKhKm&sig=GvDGqlMDtDIpD5908vEyAR7I6Ek&prev=http://www.google.com.br/search%3Fhl%3 Dpt-BR%26sa%3DX%26oi%3Dspell%26resnum%3D0%26ct%3Dresult%26cd%3D1%26q%3DGrammaire%2Bg% 25C3%25A9n%25C3%25A9rale%2Bet%2Braisonn%25C3%25A9e,%26spell%3D1&sa=X&oi=print&ct=title#v= onepage&q=&f=false) O objetivo da referida gramática, segundo Lyons: ”demonstrar que a estrutura da língua é um produto da razão, e que as diferentes línguas são apenas variedades de um sistema lógico e racional mais geral”. Segue, afirmando: “Os verdadeiros sucessores dos gramáticos clássicos e escolásticos não são os que procuram preservar intacto o arcabouço da gramática clássica, mas são antes aqueles que realizam investigações pessoais e objetivas sobre a função e a natureza da língua dentro da orientação e do pensamento científico moderno, e com o conhecimento mais amplo que hoje se pode obter das línguas e das culturas”. A forma A preocupação com a forma neste período deve-se à descoberta da classificação hebraica tradicional dos sons da língua, segundo seu ponto de articulação, em: guturais, palatais, linguais, dentais e labiais. 13 Erasmo, em 1513, publicou uma sintaxe latina com base em Donato. Neste momento também o grego é objeto de estudos, mais tarde o hebraico. Desta forma as três culturas: grega, latina e hebraica são dadas a conhecer. 14 Aelfric compara, no século X, o grego e o anglo-saxônico. 15 E, com De vulgari eloquentia, Dante já anunciava a Renascença, momento em que surgiram tantas gramáticas vernáculas na Europa: irlandesa, islandesa, provençal. O texto literário, aos poucos, deixará de ser a concepção de língua que vigorava, dando espaço a outros textos, não representativos do cânone de então, isto é, de Alexandria e da Renascença. 37 Introdução à Linguística A morfologia No que diz respeito à Morfologia, até então a palavra era tomada como unidade semântica, não havia atenção especial à forma, logo não havia regras de derivação. Somente com Antonio de Nebrija, em 1492, é que a formação dos tempos verbais passa a ser referência para os estudos das formas verbais. O conceito de raiz O conceito de raiz, entendido como “um núcleo consonantal invariável com um conteúdo semântico básico estável”, surge no século X. Com o avanço dos estudos até este momento, percebeu-se que as línguas são diferentes, logo seria preciso um cuidado maior ao se pensar a relação entre elas. De modo resumido se pode afirmar que a Linguística ocidental centra- se em duas abordagens: a universal e a particular. A língua passa a ser estudada em sua forma física, sistematizada. Até então a perspectiva dos estudos era semântica, agora passa a se concentrar na forma, possibilitando estudos mais apurados no âmbito da fonologia e da morfologia. 16 http://es.wikipedia.org/wiki/Antonio_de_Nebrija Fonte16 38 Introdução à Linguística Aula 02: História da Linguística Tópico 04: A Linguística no século XIX – O método comparativo No século XIX, considerando-se o fato de que as línguas mudam com o tempo, o interesse da Linguística se volta para o modo como acontecem tais mudanças. Não se constitui mais o foco o conhecimento do universal em linguagem, como até então. Interessa compreender como ocorrem as mudanças, em que níveis e que implicações trazem para o conhecimento da ciência que tem a língua como seu objeto de estudo, para a Linguística Histórica especificamente. “Devemos observar igualmente que as palavras podem não apenas mudar de significado com o tempo, mas também, por vários motivos, cair em desuso e ser substituídas” (Lyons, 1982). O método comparativo O evento de suma importância para os estudos diacrônicos vem a ser a criação do método comparativo, por Humboldt. Com o surgimento anterior das gramáticas particulares , como do islandês, do irlandês e de outras línguas, começou- se a perceber as diferenças e semelhanças entre elas. Franz Bopp admirou-se ao constatar que havia muitas semelhanças entre o sânscrito , o latim e o grego. O método comparativo permite a reconstrução de uma língua antiga, ou de estágios de uma língua, com base na comparação das palavras e expressões aparentadas em diferentes línguas ou dialetos dela derivados. Ao se aplicar o método comparativo, é possível chegar à formação de conjuntos de correspondências fonológicas a partir das formas cognatas encontradas. Gramática comparativa Franz Bopp escreveu uma gramática comparativa intitulada: Vergleichende Grammatik des Sanskrit, Zend, Griechischen, Lateinischen, Litthauischen, Gotischen und Deutschen (Berlin, 1833-54). O objetivo da obra, segundo Weedwood (2002), é “uma investigação das suas leis físicas e mecânicas e da origem das formas que indicam relações gramaticais”. Esta obra tem uma importância singular e Bopp é considerado então o fundador da Linguística Histórica (Orlandi, 1986). A forma O sentido, centro de interesse em tempos anteriores, finalmente dava lugar à forma. Essa preocupação reflete os avanços da sociedade da época, istoé, quando a obra de Darwin, por exemplo, A origem das espécies (1859), provocava reações até mesmo de linguistas como August Schleicher: “Traçar o desenvolvimento de novas formas com base em formas anteriores é muito mais fácil, e pode ser realizado em escala bem maior, no campo da língua do que nos organismos das plantas e dos animais”. Até se chegar à constatação de que há uma língua que possa ter originado várias outras, foi necessário trilhar um caminho específico, ou seja, empregar-se o método de comparação. O fundamento do método comparativo O método comparativo tem como fundamento o fato de que todas as mudanças do sistema fônico de uma língua, enquanto esta se desenvolvia ao longo do tempo, estavam sujeitas à operação de leis fonéticas regulares. 39 Introdução à Linguística Assim, através das comparações entre as línguas, especialmente através da constatação da semelhança entre o sânscrito o grego e o latim, é que se pôde partir para o desenvolvimento da filologia comparativa. Dos estudos comparativos resulta a constatação de que, havendo semelhanças entre línguas, é possível se chegar à língua que dá origem a elas. O conhecimento da origem das línguas torna-se possível a partir da instituição de um método comparativo, isto é, a partir da aplicação de mecanismos de análise principalmente sob o ponto de vista gramatical e sonoro que denunciam o seu parentesco, permitindo agrupar, em uma mesma família, línguas genealogicamente aparentadas. O indo-europeu é a língua mãe das línguas européias Jacob Grimm, linguista alemão, comparou os sons do grego, do latim e do sânscrito com o alemão. Observe: Resultado: aspiradas originais do proto-indo-europeu (bh, gh, dh, h) tornam-se oclusivas sonoras não-aspiradas (bh tornou-se b); oclusivas sonoras não-aspiradas originais (b,d,g) se tornam surdas (b,t,k) e as oclusivas surdas originais (não-aspiradas) (p,t,k) se tornam aspiradas (f, ,h ).Ø Dicas Consulte o Alfabético Fonético Internacional (http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Ipa- chart-all-1000px.png) mencionado anteriormente. Se você ainda não verificou nenhum, segue uma referência como sugestão de onde encontrá-lo. Símbolos do IPA (International Phonetics Association) (Alfabeto Fonético Internacional) Referência: MUSSALIM, Fernanda e BENTES, Anna Christina. Introdução à Linguística 1. Domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. Neogramáticos e as leis para mudanças na língua Em alemão Junggrammatiker, ou neogramáticos ou ainda jovens gramáticos, constituíam um grupo de linguistas, os quais preconizavam que leis fonéticas regulares impunham-se às mudanças operadas na língua com o passar do tempo. Deste modo tornou-se possível a reconstituição de línguas que deram origem a suas derivadas. Formas reconstruídas são marcadas convencionalmente com asterisco (*). Exemplo: A palavra dez, após a análise, resulta na palavra reconstruída *DERM: 40 Introdução à Linguística Quadro comparativo (Anexo 1) - Algumas correspondências sistemáticas formais no latim e três línguas românticas. Latim (L) Francês (F) Italiano (I) Espanhol (E) (1) "coisa" causa chose cosa cosa "cabeça" caput chef capo cabo "cavalo" caballus cheval cavallo caballo "cantar" cantare chanter cantare cantar "cachorro" canis chien cane "cabra" capra chèvre capra cabra (2) "planta" planta plante pianta llanta "chave" clavis clef chiave llave "chuva" pluvia pluie pioggia lluvia (3) "oito" octo huit otto ocho "noite" nox/noctis nuit notte noche "fato" factum fait fatto hecho "leite" lacte lait latte leche (4) "filha" filia fille figlia hija "formosa" formosus hermoso Eis mais um exemplo de quadro demonstrativo de algumas correspondências sistemáticas entre quatro línguas românicas: latim, francês, italiano e espanhol. Referências LYONS, John. Linguagem e Linguística. Uma introdução. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982. 41 Introdução à Linguística A analogia e o empréstimo Dois são os fatores explicativos para as mudanças: a analogia e o empréstimo. Consideraremos aqui a analogia. Analogia, do grego “caráter de regularidade atribuído à língua”, servindo para explicar a mutação linguística, opondo-se à norma (Dubois, 1978). Tomemos como exemplo a classificação dos verbos em alemão e em inglês em fortes e fracos: Quadro 1: Verbos fracos: Quadro 2: Verbos fortes: No quadro 1, os verbos fracos formam o passado pelo acréscimo de um sufixo ao radical do presente; os fortes, quadro 2, apresentam uma diferença nas vogais dos radicais correspondentes do presente e do passado e geralmente não apresentam o sufixo do passado característico dos verbos fracos. Tais verbos do alemão e do inglês, assim como tantos outros, apresentam o mesmo fenômeno de alternância vocálica, o que favorece a hipótese de que as duas línguas sejam geneticamente relacionadas. Outros exemplos: 42 Introdução à Linguística Aula 03: Linguística do século XX – Estruturalismo e Gerativismo Tópico 01: Estruturalismo europeu – Ferdinand de Saussure Referências das figuras http://www.brasil-fotos.com/images/bandeiras/bandeira-dobrasil.gif http://www.acidigital.com/imagespp/ppbanderavaticana110708.jpg http://4.bp.blogspot.com/_V8cJZnaYAdI/So8f- NxuPiI/AAAAAAAAArQ/ime6sawuqT0/s400/Bandeira+de+Espanha.jpg http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/inglaterra/imagens/bandeira-da-inglaterra-2.gif http://1.bp.blogspot.com/_kGxjR3vlh1A/R8Qq-hrE35I/AAAAAAAAAAY/hDxyWie-M1g/S1600- R/Fran%C3%A7aaa+haahhaah.gif http://1.bp.blogspot.com/_8dhyeUPsCD0/Sb6U7Rrv- CI/AAAAAAAAAAU/3VpEA3PjfDM/S269/BANDEIRA_ITALIA.jpg http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/bandeira/internacional/alemanha.jpg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferdinand_de_Saussure Olhando de Perto Leia o texto LINGUISTICA DO SÉC. XX: AS CONTRIBUIÇÕES DE FERDINAND DE SAUSSURE (acesse o ambiente SOLAR) observando as características do signo linguístico (http://pt.wikipedia.org/wiki/Signo_ling%C3%BC%C3%ADstico), das dicotomias (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferdinand_de_Saussure) e das línguas naturais (http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_natural) humanas. 43 Introdução à Linguística Atividade de Portfólio Para podermos estabelecer as relações entre signo-mundo na obra de Ferdinand Saussure, precisamos nos inteirar de sua teoria linguística. Saussure começou a elaborar suas considerações sobre a linguística, pois estava insatisfeito com as teorias existentes em sua época, não vendo em nenhuma delas um objeto de estudo definido. Sua primeira missão, na construção de uma nova teoria, foi definir tal objeto de estudo. De sua definição, podemos entender que o objeto de estudo da linguística é a língua, que junto com a fala, forma a linguagem. A linguagem, por sua vez, é um sistema de signos, onde um som só pode ser considerado como linguagem se estiver expressando ideias. Sendo assim, responda as perguntas e poste em seu portfólio individual no SOLAR. O arquivo deverá se chamar "Aula03_Topico1_texto2.doc" 1. O que é signo linguístico na visão de Saussure? Qual a relação do signo linguístico com a língua? 2. Quais as principais características do signo linguístico? Exemplifique. 3. Em sua teoria, Saussure considera diversas dicotomias no estudo da linguagem. Que relações dicotômicas são essas e como são definidas? 44 Introdução à Linguística Aula 03: Linguística do século XX – Estruturalismo e Gerativismo Tópico 02: Estruturalismo Norte-americano Edward Sapir e Leonard Bloomfield são linguistas norte-americanos que se destacaram emseus estudos sobre o estruturalismo. O primeiro, pela relação que estabeleceu entre linguagem, pensamento e cultura; o segundo, pela descrição minuciosa do sistema linguístico e por ter tentado estabelecer um conjunto de princípios que sustentassem a ciência linguística. Consideraremos nesta aula o texto produzido por José María Gil, da Argentina. (Introducción a las teorías linguísticas del siglo XX. Mar del Plata: Editorial Melusina, 1999). Assim iremos conhecer mais sobre as ideias e contribuições dos dois estudiosos do estruturalismo. http://www.civilization.ca/tresors/ethno/elem/img/et0924b.jpg As contribuições de Edward Sapir Conforme Sapir(1921), a sociedade determina a aquisição da linguagem pelo indivíduo: "Eliminemos a sociedade e haverá todas as razões para se crer que se aprenderá a caminhar, pressupondo- se sobreviver. Mas é também certo que nunca se aprenderá a falar, isto é, a comunicar ideias segundo o sistema tradicional de uma sociedade determinada". Naturalmente a linguagem não é considerada uma atividade orgânica como caminhar, mas uma função adquirida, determinada pela cultura. O autor, contudo, concorda que a linguagem seja uma função biológica, pois, em certa medida, o indivíduo está destinado a falar. Também como Saussure, ele crê que a linguagem é um sistema convencional de signos. O indivíduo fala, ele se comunica em sociedade, pois compartilha do mesmo sistema de signos, convive em um meio cultural específico. Assim, a cultura deve ser considerada, influindo necessariamente no conceito de linguagem. A linguagem, em seu entender, se relaciona especialmente com pensamento. Acredita que pensamento e linguagem não coexistem, pois há "manifestações linguísticas que não expressam pensamento". Para ele o pensamento é determinado pela linguagem . Sapir e um de seus discípulos, Whorf, lançaram uma hipótese, conhecida como a hipótese Sapir-Whorf. A referida hipótese projeta justamente a preocupação referente à relatividade linguística, isto é, a estrutura de uma língua particular incide no modo de pensamento de seus falantes. A Linguística moderna admite que a estrutura de uma língua particular condiciona, mas não determina o modo de pensar dos falantes. Habilidades linguísticas dos falantes é que propiciariam certos tipos de pensamento. Tal fato caracteriza uma predisposição do falante, mas não a sua capacidade mental. 45 Introdução à Linguística http://www.unc.edu/~melchert/hjelmslev.jpg As contribuições de Leonard Bloomfield Na continuidade de sua exposição, José María Gil apresenta o contributo de Bloomfield à Linguística, considerando os estudos das manifestações da linguagem, a descrição da estrutura linguística e, do que iremos tratar a seguir, da aquisição da linguagem. Do mesmo modo como Sapir, também Bloomfield considera que a comunidade de fala determina o processo de aquisição da linguagem pelo indivíduo. Entende-se aqui comunidade como "grupo de pessoas que usam o mesmo sistema de signos linguísticos para comunicar-se". No entendimento de Bloomfield, a aquisição da linguagem se dá na medida em que a criança recebe o input, isto é, na mesma dimensão em que ouve algo e procede a sua repetição. Pela imitação, pelos estímulos recebidos, a fala vai se aperfeiçoando e, com base neste esquema de estímulo-resposta, no fortalecimento da repetição correta se efetiva a aquisição da linguagem. Fórum 03 Imagine-se em aula de língua portuguesa. Você é o professor. Um aluno pergunta o que é gramática tradicional. Explique o que você diria ao aluno. Apresente a fundamentação teórica para sua explicação. Em seguida disponibilize sua resposta no Fórum “Aula 3 - Gramática Tradicional” para discussão com seus colegas. Referências BOUQUET, Simon. Introdução à Leitura de Saussure. São Paulo : Cultrix, 1997. CARVALHO, Castelar de. Para compreender Saussure. Rio de Janeiro : Vozes, 1997. LYONS, John. As ideias de Chomsky. São Paulo : Cultrix,1983. Capítulo 3 : Os Bloomfieldianos. 46 Introdução à Linguística Aula 03: Linguística do século XX – Estruturalismo e Gerativismo Tópico 03: Considerações finais O Curso de Linguística Geral de Saussure é o marco inicial do Estruturalismo, pois ao definir que a língua possui uma organização interna, a que ele chama de sistema, ele acaba por considerar que os elementos que formam este sistema, representam, pois, uma estrutura. A língua é, pois, considerada uma estrutura constituída por uma rede de elementos, em que cada elemento tem um valor funcional determinado. A teoria da análise linguística desenvolvida a partir das postulações de Saussure ficou, assim, denominada de Estruturalismo. Os princípios teórico- metodológicos dessa teoria ultrapassaram as fronteiras da Linguística e a tornou uma ciência autônoma dentre as demais ciências humanas, até o momento em que se tornou mais contundente a crítica ao caráter excessivamente formal e distante da realidade social da metodologia estruturalista desenvolvida pela Linguística. O fato é que, inicialmente, com a noção de estrutura, procurou-se valorizar a ideia de que cada elemento da língua só adquire um valor na medida em que se relaciona com o todo de que faz parte. Assim, qualquer unidade linguística também se define pela posição que ocupa na rede de relações que constitui o sistema total da língua. O método que analisa a língua assim é o método estrutural e dá à Linguística a posição de ciência-piloto das Ciências Humanas. A essência do pensamento saussuriano constitui, portanto, em considerar que a língua é, assim, um “sistema de valores”, sendo os fonemas, os morfemas, as palavras, as frases, o texto, enfim, todas as formas linguísticas são valores que se opõem entre si, formando as mais variadas estruturas da língua. Saussure é, por suas postulações, desse modo, considerado o pai do Estruturalismo. Na perspectiva do autor, a língua é um organismo supra-individual cujas peças se dispõem em inter-relações, por isso é uma estrutura ou sistema de transformações que comporta leis. Paralelo à vertente estruturalista européia fundada por Saussure surge o estruturalismo norte- americano, sendo seus principais representantes Edward Sapir e Leonard Bloomfield. O estruturalismo defendido por estes e outros autores americanos apresentou um caráter prático e utilitarista já que a principal preocupação deles fora descrever as línguas indígenas do território americano. Na verdade, Bloomfield propõe uma teoria geral da linguagem que tem muitos pontos em comum com a reflexão européia. Esta teoria, também estrutural, foi desenvolvida e sistematizada pelos seus alunos como distribucionismo. Tomando posição contra explicações da linguagem que fizessem recurso “interioridade” do homem, Bloomfield propõe uma explicação comportamental (behaviorista) dos fatos linguísticos, fundada no esquema estímulo/resposta. Pondo em prática sua primeira etapa de projeto linguístico, a descrição, ele pressupõe que para estudar a língua deve-se reunir um conjunto de enunciados efetivamente emetidos pelos falantes em um certo momento – o que se chama corpus – e, sem questionar seu significado, procurar encontrar seu modo de organização, sua regularidade. Essas regularidades são encontradas, só pela análise da distribuição das unidades nos contextos linguísticos em que aparecem. Para Bloomfield, a distribuição pode ser verificada em todos os níveis da linguagem: fonológico, sintático e mesmo semântico. Mais tarde, posteriores a estes estudos, surgiram algumas obras notáveis de análise linguística, como a obra do próprio Bloomfield (1933), Language, considerada também um marco na evolução da Linguística. Embora tenham se preocupado com a descrição das línguas, os estruturalistas americanos não forma simplesmente descritivistas, como os gregose os latinos. Na verdade, a noção de estrutura foi fundamental para a caracterização da escola estruturalista defendida por estes estudiosos. 47 Introdução à Linguística Assim, com o intuito de descrever as línguas, os estruturalistas chegaram ao conceito de MORFEMA, que definiram como “a menor unidade significativa da palavra”, sendo que passaram a desenvolver com bastante rigor técnicas de depreensão dos morfemas das palavras e essa foi a sua preocupação como movimento linguístico. É a partir da ideia de morfema que, para os estruturalistas, na palavra infeliz temos duas unidades mínimas, in+feliz; em salmista, salm+ista, etc. Em suma, o estruturalismo preocupou-se em fazer e lidar com a segmentação dos elementos linguísticos, bem como proceder a sua classificação. Na visão de Rocha (1998:28-29), um balanço do estruturalismo poderá ressaltar os seguintes aspectos positivos da escola: a. O caráter científico do movimento, que partiu para um trabalho experimental, com gravações nos diversos campi de pesquisa, resultando daí uma atitude destituída de preconceitos, em que uma língua indígena – e mais tarde, qualquer modalidade de língua – passava a adquirir o mesmo status ou o mesmo interesse científico de línguas clássicas ou oficiais, como o latim e o inglês por exemplo. b. Como decorrência do item a, chegou-se à conclusão de que a língua é um sistema de valores, de oposições e de elementos que formam uma estrutura, e que essa estrutura é válida em si mesma, ou seja, pode se constituir em um objeto da ciência independentemente de sua origem, de sua história e mesmo de seus sujeitos falantes. Desse modo, o sincronismo linguístico, ou seja, o estudo da língua num momento dado, em vez de destronar o diacronismo, passou a ter existência paralela a ele e independente dele, permitindo que as línguas sejam estudadas por duas perspectivas autônomas: a descritiva e a histórica. c. Com relação ao nosso campo de interesse, pode-se dizer que a morfologia alcançou um progresso notável no estruturalismo. Preocupados com a segmentação e a classificação dos morfemas, os linguístas americanos levaram essa técnica ao extremo, o que, sem dúvida, apesar de exageros, veio beneficiar o estudo da morfologia. A preocupação com essa técnica era tão grande, que outros componentes linguísticos, como a sintaxe e a semântica, foram deixados de lado, tendo sido pouco estudados neste período. Com toda a evolução do pensamento linguístico, ao final da década de 50, a “escola” estruturalista já demonstrava alguns sinais de esgotamento quando o norte-americano Noam Chomsky lançou as bases da Gramática Gerativo Transformacional, uma nova visão estrutural dos estudos da linguagem, com o livro Syntatic Structures (Chomsky, 1957). As postulações de tal estudioso serão objeto de estudo das próximas aulas. Exercitando PROPOSTA DE EXERCÍCIOS 1. Quais as contribuições da vertente estruturalista nos estudos da linguagem? 2. Por que os seguidores do Estruturalismo consideraram a língua enquanto um “sistema de valores” ? 3. Por que a noção de morfema foi tão importante para a vertente estruturalista? 4. O que propôs Bloomfield para o estudo distibucionalista da língua? 5. Pesquise em outras fontes e discorra sobre a análise e tratamento dado pelos estudiosos do estruturalismo aos demais componentes da gramática (a fonologia, a sintaxe e a semântica), já que à morfologia fora dada, em princípio, uma grande relevância. 48 Introdução à Linguística Referências BORBA, Francisco da Silva. Introdução aos estudos linguísticos. Campinas: Pontes, 1991. LOPES, Edward. Fundamentos da linguística contemporânea. São Paulo: Cultrix, 1991. LYONS, John. Linguagem e Linguística. Uma introdução. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987. ORLANDI, Eni Puccinelli. O que é Linguística? 4ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1990. ROCHA, Luiz Carlos de Assis. Estruturas morfológicas do Português. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. SAUSSURE, Ferdinad de. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix/Edusp, 1969. 49 Introdução à Linguística Aula 03: Linguística do século XX – Estruturalismo e Gerativismo Tópico 04: Gerativismo - Obras principais e conceitos Gerativismo Os seres humanos nascem com a faculdade da linguagem. Esta é a chave da lingüística gerativa, a resposta teórica ao problema de Platão (o problema de como os seres humanos sabe tanto a partir de uma experiência tão curta). Esta é uma postura inatista (ou racionalista) e propõe que a espécie humana está dotada de uma capacidade fundamental, a “faculdade da linguagem” ou a “ gramática universal” (GU). Segundo esta teoria de Noam Chomsky, todo ser humano nasce com esta GU, que é um conjunto de regras suficientemente amplo e restrito, permitindo que uma criança aprenda seu idioma (ou qualquer idioma) em um curto período de tempo, submetida necessariamente aos estímulos da sua língua materna, os quais são imprescindíveis a sua aprendizagem, embora secundários. A gramática universal explica, portanto, como é possível que qualquer ser humano seja capaz de aprender a falar qualquer idioma, confirmando-se a idéia de Sapir e de Saussure de que não há línguas superiores nem línguas “mais difíceis”. Adaptado de:GIL, José María. Introducción a las teorias lingüísticas del siglo XX. Mar Del Plata: Melusina, 1999. Gerativismo corresponde à teoria da linguagem desenvolvida por Chomsky. Seu objetivo é verificar em que medida é útil e viável descrever línguas humanas por meio de gramáticas gerativas de um tipo ou de outro (Lyons, 1982). Aquisição da linguagem Contrariamente a Bloomfield17, Chomsky não acredita que a aquisição da linguagem se dê a partir de um esquema estímulo-resposta. Se assim o fosse, como explicar a possibilidade de entendermos e produzirmos enunciados que nunca tenhamos ouvido antes? O que Chomsky18 entende é que nós, seres humanos, nascemos com uma capacidade inata para adquirirmos linguagem. Postula que o ser humano seja dotado de uma faculdade de linguagem, ou de uma gramática universal (GU), caracterizando sua postura como inatista. Assim, todas as pessoas são capazes de aprender qualquer língua em particular. 17 http://pt.wikipedia.org/wiki/Leonard_Bloomfield 18 http://pt.wikipedia.org/wiki/Noam_Chomsky 50 Introdução à Linguística As três obras principais Em três obras, Chomsky resume a sua teoria da Gramática Universal (GU). A primeira delas: 1. Estruturas sintáticas (modelo 57) Aqui o autor apresenta três modelos de estrutura linguística, a fim de identificar a melhor gramática para o inglês : teoria da comunicação, regras de estrutura de frase e o modelo transformacional. (Gil, 1999). Sua hipótese é de que os falantes de uma dada língua têm um conhecimento intuitivo das orações gramaticais de sua língua, sendo a intuição do falante o critério para determinar a gramaticalidade das orações. 2. Aspectos da teoria da sintaxe (modelo 65) A segunda obra, intitulada « Aspectos da teoria da sintaxe » apresenta o conceito de gerativo, desenvolvendo um modelo teórico. É neste momento que é tratado o problema: gramaticalidade vs. aceitabilidade. A obra de referência para o Gerativismo de Chomsky, portanto, Aspects of the Theory of Syntax (1965), esta segunda obra trata da teoria-padrão, teoria standar, ou modelo-aspects. A primeira, teoria-padrão, apresenta um modelo com três componentes : sintático, o semântico e o fonológico, respectivamente um central e os dois últimos, interpretativos. O primeiro modelo, o modelo sintático é o centro da teoria de Chomsky, pois a autonomia da sintaxe é o peso maior da teoria. Constitui um sistema de regras a partir das quais se criam os
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