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Disciplina 
Introdução à Linguística 
 
 
Coordenador da Disciplina 
Profª. Marlene Gonçalves Mattes 
 
 
 
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá 
ser reproduzida, transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por 
escrito, dos autores. 
Créditos desta disciplina 
Coordenação 
Coordenador do Curso 
Prof. Yvanowik Dantas Valério 
Coordenador de Tutoria 
Profª. Dra. Claudete Lima 
Coordenador da Disciplina 
Profª. Marlene Gonçalves Mattes 
Conteúdo 
Autor da Disciplina 
Profª. Marlene Gonçalves Mattes 
Colaborador 
Ms.Klébia do Nascimento e Silva 
Especialista Meyssa Maria Bezerra Cavalcante dos Santos 
Dra. Mônica de Souza Serafim 
Dr. Ricardo Leite 
Dra. Rose Maria Leite de Oliveira 
Núcleo de Tecnologia da Informação 
Coordenação Geral 
Prof. Henrique Sérgio 
Centro de Produção I - (Material Didático) 
Gerente: Nídia Maria Barone 
Transição Didática 
Equipe Pedagógica 
Elicélia Gomes 
Karla Colares 
Maria de Fátima Silva 
Ofélia Pessoa 
Rafaelli Monteiro 
Formatação 
Allan Santos 
José Almir da S. Costa Filho 
José André Loureiro 
Tiago Lima Venâncio 
Publicação 
Marcelo Goulart 
Design, Impressão e 
Modelagem 3D 
Subgerente 
Márllon Lima 
Equipe 
Afonsina Soares 
Andrei Bosco 
Eduardo Ferreira 
Fred Lima 
Iranilson Pereira 
Audiovisual 
Subgerente 
Ismael Furtado 
Equipe 
Andrea Pinheiro 
Otacílio Vieira 
 
 
Centro de Produção II - (Desenvolvimento) 
Gerente: Wellington Wagner Sarmento 
Programadores 
Bianca Stephani 
Bruno Neves 
Cleber Sena 
Diego Barbosa 
George Gomes 
Glaudiney Moreira 
Humberto Osório 
John Cordeiro 
Lucas Abreu 
Patrícia Paula 
Paulo André Lima 
Rafael Costa 
Ricardo Palácio 
 
 
Equipe de Suporte 
Gerente: Paulo de Tarso Cavalcante 
Equipe de Suporte 
Alex Ramos Davi Linhares Hellânio Costa 
 
 
Sumário 
 
Aula 01: Línguistica como Ciência ............................................................................................................ 1 
Tópico 01: Ciência, língua, linguagem ..................................................................................................... 1 
Tópico 02: Teoria dos signos .................................................................................................................... 6 
Tópico 03: Classificação das línguas ........................................................................................................ 8 
Tópico 04: Sistemas de escrita ................................................................................................................ 11 
Aula 02: História da Linguística .............................................................................................................. 27 
Tópico 01: Grécia .................................................................................................................................... 27 
Tópico 02: Roma ..................................................................................................................................... 32 
Tópico 03: Idade Média e Renascimento ................................................................................................ 35 
Tópico 04: A Linguística no século XIX – O método comparativo ....................................................... 38 
Aula 03: Linguística do século XX – Estruturalismo e Gerativismo .................................................... 42 
Tópico 01: Estruturalismo europeu – Ferdinand de Saussure ................................................................. 42 
Tópico 02: Estruturalismo Norte-americano ........................................................................................... 44 
Tópico 03: Considerações finais ............................................................................................................. 46 
Tópico 04: Gerativismo - Obras principais e conceitos .......................................................................... 49 
Tópico 05: Análise sintática e esquema arbóreo ..................................................................................... 53 
Aula 04: Funcionalismo e Linguística de Texto ..................................................................................... 58 
Tópico 01: Funcionalismo - Círculos linguísticos .................................................................................. 58 
Tópico 02 Trabalhos funcionalistas ........................................................................................................ 62 
Tópico 03: Linguística de Texto – Noções Gerais .................................................................................. 63 
Tópico 04: Precursores da Linguística de texto ...................................................................................... 64 
Tópico 05: Categorias Textuais ............................................................................................................... 67 
Aula 05: Psicolinguística e Sociolinguística ............................................................................................ 68 
Tópico 01: Psicolinguística - Definições, breve resumo histórico e campos de atuação ........................ 68 
Tópico 02: Psicoliguística e aquisição da linguagem .............................................................................. 70 
Tópico 03: Sociolinguística - Relação entre linguagem e sociedade ...................................................... 71 
Tópico 04: Evolução histórica ................................................................................................................. 73 
Tópico 05: Variedade Linguística ........................................................................................................... 74 
Aula 06: Revisão geral .............................................................................................................................. 81 
Tópico 01: Atividades ............................................................................................................................. 81 
 
 
 
 
 
 
1 
Introdução à Linguística 
Aula 01: Línguistica como Ciência 
Tópico 01: Ciência, língua, linguagem 
 
A disciplina contará com seis aulas, cujos assuntos obedecem a seguinte ordenação: 
 
 
“Tudo o que alguém, em alguma parte do mundo, pensou uma vez, fatalmente será pensado 
de novo, por outra pessoa, ou em outro lugar, mais cedo ou mais tarde. Essa regra que foi formulada no 
princípio do século, pela geração de jovens físicos teóricos que imaginaram a física nuclear, aplica-se 
também à sabedoria popular,(...) 
Marx escreveu ser o senso comum a filosofia do homem de rua. O provérbio pode ser 
considerado a essência dessa filosofia, sintética na sua formulação e universal no seu uso.” 
Márcio Moreira Alves 
 
 
 
2 
Introdução à Linguística 
Referência: SOUZA, Josué de. Provérbios e Máximas em 7 idiomas. Rio de Janeiro: Lucerna, 
1999. 
 
 
 
Observação 
Cada aula iniciará com um pensamento (provérbio ou máxima ) em 7 idiomas – 
português, latim, alemão, espanhol, italiano, francês,inglês. 
 
 
 
 
 
3 
Introdução à Linguística 
Referências das imagens 
http://www.brasil-fotos.com/images/bandeiras/bandeira-dobrasil.gif 
http://www.acidigital.com/imagespp/ppbanderavaticana110708.jpg 
http://4.bp.blogspot.com/_V8cJZnaYAdI/So8f-
NxuPiI/AAAAAAAAArQ/ime6sawuqT0/s400/Bandeira+de+Espanha.jpg 
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/inglaterra/imagens/bandeira-da-inglaterra-2.gif 
http://1.bp.blogspot.com/_kGxjR3vlh1A/R8Qq-hrE35I/AAAAAAAAAAY/hDxyWie-M1g/S1600-
R/Fran%C3%A7aaa+haahhaah.gif 
http://1.bp.blogspot.com/_8dhyeUPsCD0/Sb6U7Rrv-
CI/AAAAAAAAAAU/3VpEA3PjfDM/S269/BANDEIRA_ITALIA.jpghttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/bandeira/internacional/alemanha.jpg 
 
Por que estudar língua? 
A resposta a esta pergunta parece óbvia. Se todos falamos, nos comunicamos, interagimos 
com nosso interlocutor naturalmente, qual é a necessidade – então – de estudarmos língua, se já fazemos 
uso dela a priori sem problemas. 
Pois bem, a priori! 
Nas situações de comunicação em que nos encontramos, já ouvimos de alguém: O que é 
mesmo que queres dizer? Ou nós próprios falamos: Não foi bem isto que eu quis dizer. Entendeste mal. 
Ora, tal fato denota que pode haver problemas em nossa forma de expressar as ideias. Nosso desempenho 
está condicionado ao domínio que podemos ter do idioma através do qual nos comunicamos. 
Outras perguntas surgem e poderão ser respondidas, no todo ou em parte, através de estudos 
de língua e de linguagem. Vejamos os exemplos a seguir. Quando uma criança começa a falar, o que será 
que acontece em sua mente? Quando alguém aprende duas línguas ao mesmo tempo, será que consegue 
dominar as duas? Quando alguém sofre um acidente e tem problemas no funcionamento do seu cérebro, 
afetando a linguagem, será que poderá recuperar sua fala? Por que os falantes de uma mesma língua 
podem falar com sotaques diversos? 
O que nos permite entender uma mensagem, sem que dominemos “perfeitamente” o código 
linguístico? Por que um texto bem escrito pode resultar incoerente? Como é possível entender imagens 
sem texto e texto sem imagens? Por que nosso interlocutor nos entende, mesmo se nos expressamos, 
incorrendo em falhas? Por que trememos a voz sob forte emoção? Por que atropelamos as palavras em 
algumas situações? 
Estes e muitos outros questionamentos poderão ser respondidos certamente, se conhecermos 
os mecanismos de funcionamento da própria língua. A vida em sociedade requer uma compreensão dos 
processos que envolvem a linguagem de modo geral e a língua de modo específico. Somente com este 
conhecimento nos será possível compreender situações de comunicação as mais diversas, bem como 
solucionar problemas de origem linguística, visando ao bem estar do homem na sociedade. 
Quando ouvimos uma música, somos capazes de reconhecer a língua estrangeira na qual ela é 
cantada. Como isto é possível? Ouça músicas em língua estrangeira e faça você mesmo o teste, você as 
reconhece? 
A identificação da língua em que cada música é apresentada torna-se possível devido ao nosso 
conhecimento de mundo em primeiro lugar, caso não dominemos as línguas estrangeiras em questão. 
Quem de nós nunca ouviu japonês? Por certo, todos já ouviram alguma vez, música árabe e 
música alemã. Como as reconhecemos? Naturalmente o ritmo se torna inconfundível em se tratando, por 
exemplo, de música tocada por uma banda alemã. E o canto gregoriano? A cultura geral nos permite 
reconhecer vozes de monges entoando orações sem acompanhamento de instrumentos musicais. Como 
tudo isto é possível? 
 
4 
Introdução à Linguística 
Somos observadores na vida em sociedade, e já a atenção espontânea nos alerta para tudo o 
que ouvimos. Nossa memória registra tudo o que para nós passa a ter algum significado. Fazemos 
associações com o que já conhecemos. Aliamos os novos conhecimentos às informações resultantes de 
leituras anteriores. A tudo somamos nossa experiência de vida. 
Assim, constatamos o quanto estudos em linguagem, entre outros fatores, considerando 
também a interdisciplinaridade, nos permitirão uma compreensão maior dos próprios fatos da vida, 
permitindo-nos uma interação cada vez mais significativa com o outro. Oportunamente trataremos do 
fato, especificamente, ao estudarmos a abordagem global de textos. 
Iniciamos, a partir de tais questionamentos, nossa incursão pelo mundo da ciência que tem a 
língua como seu objeto de estudo, a Linguística. 
O campo da Linguística é “dividido por meio de três dicotomias: sincronia vs. diacronia; 
teórica vs. prática e micro- vs. macrolinguística” (WEEDWOOD, Bárbara. História concisa da 
Linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2002). 
Por microlinguística se compreende o estudo da língua em si mesma, a sua fonética, 
fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e lexicologia. A macrolinguística se ocupa de estudos de língua 
sob uma visão ampla, isto é, verificando o que acontece com a língua nas suas relações na sociedade de 
modo geral. A macrolinguística inclui estudos em Linguística de Texto, Análise da Conversação, 
Pragmática, Sociolinguística, Psicolinguística, Análise do Discurso, Neurolinguística, Linguística 
Histórica. 
 
Observe a figura que representa a micro e a macrolinguística. 
 
 
 
 
5 
Introdução à Linguística 
 
Observação 
Oportunamente estudaremos, em Fonologia, os sons produzidos pelo aparelho fonador, os 
quais podem ser representados através de um alfabeto fonético. A fim de que os 
pesquisadores disponham de uma mesma referência, isto é, representem os sons segundo 
os mesmos fonemas, criou-se o Alfabeto Fonético Internacional 
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfabeto_fonético_internacional) Nos textos elaborados para 
nossas aulas, você perceberá o quanto este alfabeto fonético é importante na medida em 
que permite que se ilustrem os fatos de língua. Você pode encontrá-lo nas gramáticas de 
língua portuguesa ou em obras sobre Linguística em geral. 
 
 
Fórum 01 
Ao ler o texto “A Linguística como ciência" (acesse esse conteúdo na aula pelo ambiente 
SOLAR) você vai encontrar que a linguística é definida como o estudo científico da 
linguagem ou ainda como “o estudo científico e desinteressado dos fenômenos 
linguísticos” (Câmara Jr, 1985). 
Continue a leitura do texto e explique com suas palavras a seguinte afirmação: “A função 
do linguista é estudar qualquer expressão linguística como um fenômeno digno de ser 
descrito e explicado”. 
Em seguida disponibilize sua resposta no Fórum “Aula 1- A Linguística como ciência” 
para discutir com seus colegas. 
 
 
 
 
 
6 
Introdução à Linguística 
Aula 01: Línguistica como Ciência 
Tópico 02: Teoria dos signos 
 
 
Parada Obrigatória 
Antes mesmo de falarmos sobre teoria dos signos leia o texto que traz a distinção de 
alguns termos que podem ocasionar alguma confusão na compreensão dessa temática. 
Teoria dos signos (acesse o conteúdo na aula pelo ambiente SOLAR). 
 
A relação entre os signos: a noção de valor 
 
 
 
O signo linguístico deve ser considerado, segundo Saussure, conforme seu
contexto, isto é, suas relações com os outros signos, tendo-se desta forma a noção de 
valor1. 
 
Os signos não se definem individualmente, mas em função do sistema do qual fazem parte. 
 
Segundo Hjelmslev, linguista dinamarquês, o signo é a união de um plano do
conteúdo a um plano da expressão, cada plano compreende dois níveis: a forma e a 
substância. A forma é para Saussure o valor, ou seja, conjunto de diferenças. Para que
sons e sentidos sejam definidos, devem-se estabelecer oposições entre eles por traços. 
Exemplificando: os sons: f/v opõem-se, por que o primeiro apresenta o traço surdo e o 
segundo, sonoro. Mas ambos os sons são fricativas, isto é, labiodentais, há, por
conseguinte, uma identidade. As duas formas – da expressão e do conteúdo – geram duas 
substâncias, uma da expressão (sons) e uma do conteúdo (conceitos). A forma da
expressão são diferenças fônicas e suas regras combinatórias; a forma do conteúdo são
diferenças semânticas e suas regras 
 
 
 
 
 
 
1 Por valor entendemos as diferenças existentes entre conceitos e sons. Por exemplo: em português a palavra programa 
significa tanto um programa de televisão quanto o programa de um evento; em alemão, há duas palavras: a primeira 
Programm, designando a programação de um evento e Sendung, o programa de televisão. Outro exemplo:em português temos 
expressões de cortesia específicas, em japonês há um morfema designativo de cortesia: -ka. Assim, o importante é considerar 
que o signo é o que os outros não são. 
 
7 
Introdução à Linguística 
 
 
Olhando de perto 
Reveja o conceito de signo 
A palavra signo pode ser entendida segundo várias acepções. Além da acepção signo 
linguístico, consideremos outras duas (Dubois, 1978): 
1. O signo pode ser empregado como equivalente de sinal, imediatamente perceptível 
“que permite conhecer qualquer coisa em relação a outro fato não imediatamente 
perceptível” sob duas condições: 
a. produzido com uma intenção deliberada; 
b. é voluntário, convencional e explícito. Combinado com outros sinais da 
mesma natureza forma um sistema de signos ou código. 
Podem ser de diferentes formas em um mesmo código: gráfica - letras, sinais de 
trânsito, etc.; sonora – sons emitidos pelo aparelho vocal de um indivíduo 
considerado como emissor de uma mensagem; visual – sinais gestuais. 
2. Equivalente de símbolo, é mais frequentemente uma forma visual (e mesmo 
gráfica) figurativa. O signo símbolo é o signo figurativo de uma coisa que não tem 
aquele sentido; por exemplo, signo figurativo que representa uma balança é o 
signo símbolo da ideia abstrata de justiça. 
 
 
 
 
8 
Introdução à Linguística 
Aula 01: Línguistica como Ciência 
Tópico 03: Classificação das línguas 
 
Parada Obrigatória 
Para um maior aprofundamento sobre a classificação das línguas, leia o texto: 
classificação das línguas (acesse esse conteúdo na aula pelo ambiente SOLAR) 
Árvore genealógica 
 
 
 
9 
Introdução à Linguística 
Uma das possibilidades de exemplificarmos as famílias de línguas é através de uma árvore 
genealógica. Segundo Bárbara Weedwood (2002), no ano de 1872, Johannes Schmidt, linguista alemão, 
apresentou uma crítica à teoria da árvore genealógica e sugeriu a “teoria da onda”. Continua a autora que, 
segundo tal teoria, “as diferentes mudanças linguísticas se difundirão, como ondas, a partir de um centro 
política, comercial ou culturalmente importante, ao longo das principais vias de comunicação, mas as 
sucessivas inovações não cobrirão necessariamente a mesma área de maneira exata. Portanto, não haverá 
distinção nítida entre dialetos contíguos, mas, em geral, quanto mais distantes forem duas comunidades 
de fala, mais traços linguísticos haverá distinguindo-as”. 
Referência 
Acerca do tema: Classificação das línguas, sugerimos a leitura dos capítulos 27 e 28: A classificação das 
línguas e Algumas famílias linguísticas respectivamente. 
Referência: GLEASON Jr.Introdução à Linguística Descritiva, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 
1978. 
 
Família de línguas: o indo-europeu 
Na obra em língua alemã: Schrift und Sprache (Escrita e língua), de Berthold Riese (Hrsg.) temos a 
exemplificação de uma árvore genealógica. Embora conste em língua alemã, mesmo aqueles que não a 
dominam, poderão entender quais as famílias que ali estão exemplificadas: grega, eslava, germânica, 
românica, celta, etc. Observe que a família de línguas românicas exemplificadas na obra não inclui 
necessariamente todas as línguas que a compõem. Referência: RIESE, Berthold (Hrsg.) Schrift und 
Sprache. Heidelberg/Berlin/ Oxford: Spektrum. Akademischer Verlag, 1994. 
 
 
Desafio 01 
1. A realidade só tem existência para o homem, quando é nomeada. 
2. O objeto não designa tudo o que uma língua pode expressar. 
3. A atividade linguística é uma atividade simbólica. 
4. Os homens criam categorias e nelas põem os seres. 
5. O significado não é a realidade que ele designa, mas a sua representação. 
 
Para vencer o desafio 1, leia o texto: Teoria dos signos, página 55, do livro Introdução à 
Linguística de José Luiz Fiorin. 
FIORIN, José Luiz (org.) Introdução à Linguística.( 
http://www.planetanews.com/produto/L/32943/introducao-a-linguistica-ii--principios-de-
analise-jose-luiz-fiorin.html) I. Objetivos teóricos. São Paulo: Contexto, 2002. 
 
 
 
 
 
10 
Introdução à Linguística 
 
Dicas 
A propósito do latim: 
1. Podemos afirmar que ele “ainda” é bem vivo em nossa vida hodierna. Por 
exemplo, nas horas vagas, poderemos, como opção de lazer, como opção de uma 
aprazível leitura: história em quadrinhos, e, por que não(?) em latim!! GOSCINNY 
e UDERZO. Asterix Gladiator. Stuttgart: Delta Verlag, 1978. 
Quidam Gallorum (acesse esse conteúdo na aula pelo ambiente SOLAR) 
 
2. Além de tudo, o latim desenvolve o raciocínio! 
Piiila...sustineeete! (acesse esse conteúdo na aula pelo ambiente SOLAR) 
 
 
 
 
11 
Introdução à Linguística 
Aula 01: Línguistica como Ciência 
Tópico 04: Sistemas de escrita 
 
Sistemas de escrita 
Considerações iniciais 
“A escrita é uma das maiores descobertas da História, talvez a maior, exatamente porque é ela 
que torna possível a História” (Robinson, 1995). 
Normalmente automatizamos de tal forma o ato da leitura no seu primeiro estágio, isto é, na 
decifração do código, que sequer questionamos a nossa própria competência linguística. Só podemos ler, 
porque somos capazes de decifrar determinados códigos escritos. Logo, um texto em uma língua 
estrangeira, a qual não dominamos, causa-nos estranhamento, e até mesmo pensar em um «milagre » 
(idem, 1995). 
Robinson apresenta os seguintes questionamentos, por exemplo, a partir dos hieróglifos 
egípcios (http://pt.wikipedia.org/wiki/Hieróglifo#Hier.C3.B3glifos_eg.C3.ADpcios) como estes pioneiros 
da escrita aprenderam sua arte no período compreendido entre os anos 4 000 e 5 000 ? Como 
representaram a língua e pensamentos com símbolos ? Como foram decifrados após séculos de silêncio ? 
Será que as escritas atuais diferem das antigas ? Será que os hieróglifos chineses e japoneses se 
assemelham aos hieróglifos egípcios ? Finalmente, que tipos de homens foram os primeiros escribas, e 
que informações, ideias e sentimentos eternizaram ? 
Tais reflexões procedem, se considerarmos as implicações do processo de escrita nas mais 
diversas perspectivas. 
Dubois et al. (1973) conceituam escrita como « uma representação da língua falada por meio 
de signos gráficos. Trata-se de um código de comunicação de segundo grau com relação à linguagem, que 
por sua vez é um código de comunicação de primeiro grau. A fala se desenrola no tempo e desaparece; a 
escrita tem como suporte o espaço que a conserva ». 
Anteriormente mencionamos que dependemos da escrita para conhecermos a própria História. 
Enfatizamos, pois, que somente através da oralidade não nos seria possível conhecer determinadas 
culturas, quando elas não dispuserem do registro escrito, isto é, quando se tratar de comunidades ágrafas. 
Pensemos nas comunidades indígenas. Como preservar a cultura, se a maioria das comunidades restantes 
(já que a maioria foi extinta) é ágrafa? Esforços precisam ser envidados, sob pena de se perderem valores 
culturais ímpares. 
Dubois et al. (1978) consideram sistemas de escrita: 
1) Pictogramas 
Sem fazer referência a um enunciado falado, fixam o conteúdo da mensagem através de 
desenho. Esta escrita era produzida por indígenas da América, esquimós siberianos, africanos e oceânicos, 
é considerada a primeira grande invenção do homem no domínio da escrita. Cagliari (1997) exemplifica 
pictogramas com a língua dos astecas. 
 
 
 
12 
Introdução à Linguística 
a) Zapotecas 
Os Zapotecas constituíam uma tribo do sul do México e pertencem às mais antigas culturas 
mexicanas. Através de inscrições em monumentos de pedras dos anos 500 a.C. a 700 d.C. podemos ter 
acesso a um relato da criação e destruição do Estado Zapoteca. Os monumentos de pedra foram 
encontrados na capital zapoteca Monte Alban e no vale de Oaxaca no sudoeste mexicano. 
 
O mapa mostra a região Santiago deGuevea, o qual foi pintado em 1540 sob ordem do 
explorador espanhol. No centro do mapa encontra-se o “Senhor” de Santiago de Guevea sentado em um 
templo. Os limites de seu poderio são demarcados no mapa através de topônimos, ao lado dos quais se 
encontram os nomes zapoteca, para cujo significado se lê a tradução em espanhol. Esta é apenas uma 
parte do mapa. 
 
 
b) Escrita Maia 
Os Sacerdotes e famílias reais ocupavam-se da escrita na sociedade maia, a qual ligava-se aos 
cultos religiosos. Supõe-se que a maioria dos textos maia correspondam a relatos, pois necessitavam 
anotar os acontecimentos recorrentes, já que tinham uma concepção cíclica do tempo . Era uma escrita 
pictoideográfica, « formada de signos análogos aos hieróglifos egípcios : todos são iguais em altura e em 
largura ; estão dispostos em grandes quadros ou retângulos, paralelamente aos lados, mas não se sabe em 
que sentido devem ser lidos » (Dubois et al., 1978). 
 
13 
Introdução à Linguística 
 
 
 
A opção entre logogramas e sílabas proporcionava ao escriba Maia possibilidades de variação 
na criação do texto. Um logograma é um desenho para uma palavra completa. Aqui vêem-se justapostas 
formas de escrita logográfica e silábica para as palavras Maia respectivamente: ahaw (príncipe), pakal 
(escudo) e wits (colina). (As traduções da Legenda: Marlene Mattes) 
2) Ideogramas 
Segundo este sistema, cada desenho representa um único significado, o que não é econômico. 
Tal fato provoca uma evolução no sistema, acarretando símbolos polissêmicos. Em Cagliari (1997) lemos 
que os ideogramas, ao longo de sua evolução, perderam alguns traços representativos das figuras 
retratadas. 
As escritas ideográficas mais importantes são a egípcia, a mesopotâmica (suméria), as escritas 
da região do mar Egeu (por ex. a cretense) e a chinesa (da qual deriva o japonês). 
a) Escrita do Egito antigo 
Existem três tipos : a hieroglífica, a mais antiga e descoberta nos monumentos ; a cursiva, sendo a mais 
antiga a hierática e a demótica, mais simplificada que a hierática, utilizada pela administração . A escrita 
hieroglífica egípcia deu um grande passo, empregando símbolos fonéticos, ou fonogramas, junto aos 
signos ideográficos, ou signos-palavras. 
 
Champollion no ano 1822 decifrou os hieróglifos. No trabalho de fortificação militar no Forte 
São Juliano, em Rossete, no Delta, um soldado desconhecido encontrou uma pedra de basalto preto, da 
qual foi polido um lado e tornaram-se visíveis as inscrições. Em três colunas apresentava diferentes 
símbolos/linhas: hieróglifo, demótico e grego. A tradução do texto grego desvendou uma dedicatória dos 
sacerdotes de Memphis a Ptolomeu V. (196 a.C.). Trabalho árduo seguiu-se por outros pesquisadores à 
identificação dos demais símbolos. Atribui-se a Champollion a descoberta dos hieróglifos. 
 
14 
Introdução à Linguística 
 
b) Escrita japonesa 
O japonês utiliza simultaneamente três diferentes sistemas de escrita: o hiragana, o katakana e o kanji . 
Hiragana: silabário composto por 46 letras básicas. Através delas, podem-se grafar todos os sons da 
língua japonesa. 
 
 
 
15 
Introdução à Linguística 
Katakana: silabário composto por 46 letras básicas e correspondentes ao hiragana, só que utilizado 
principalmente para a transcrição de nomes de pessoas e localidades estrangeiras, termos de origem 
estrangeira e onomatopéias. 
 
 
 
16 
Introdução à Linguística 
Kanji: caracteres chineses em número de 1850, introduzidos no Japão por volta do século V. Possui 
significado próprio e apresenta mais de uma possibilidade de leitura. 
 
Além destes três sistemas de escrita, o Japão utiliza também o alfabeto romano. Há também a 
romanização da escrita japonesa, conhecida como sistema Hepburn, adotado oficialmente pelo governo 
japonês e que segue a leitura inglesa do alfabeto. Esta última forma é denominada romaji (três formas). 
 
 
 
17 
Introdução à Linguística 
c) Escrita chinesa 
A escrita ainda em uso data do século IV. É uma escrita cursiva, traçada a pincel. Os 
caracteres são separados, inscritos dentro de um quadrado ideal, dispostos em colunas lidas de alto a 
baixo, a começar pela direita. O signo é uma figuração despojada , não realista do objeto. O chinês é 
monossilábico, cada desenho representa uma palavra e uma sílaba simultaneamente ; cada palavra dispõe 
de um signo. O chinês moderno é dotado de forma mais simplificada. 
 
Imagem 
 
 
 
18 
Introdução à Linguística 
3) Escrita silábica e alfabética 
As línguas evoluem e o que se verifica em um estágio final é a necessidade de se procederem 
a anotações de sons finalmente. Os alfabetos podem ser silábicos ou fonéticos. 
Exemplos de escritas : sânscrito (Índia), escrita fenícia, grega. 
Escrita fenícia 
Na cidade de Urak, na Mesopotâmia – hoje grande cidade no sul do Iraque – foram 
encontrados, em data anterior a 1912, mais de 4000 placas de argila com os mais antigos testemunhos do 
desenvolvimento da escrita. 
A escrita cuneiforme caracteriza-se por seus elementos em forma de cunhas, ou cravos, que 
representam a impressão que deixou o caniço talhado dos escribas da Mesopotâmia em tabuinhas de 
argila fresca. Herdada do sumério, foi sobretudo utilizada para transcrever o Arcádio e depois o hitita. 
O quadro anexo constitui o início de uma lista de nomes de funcionários públicos e 
profissões, em três escritas, em diferentes épocas. Enquanto os símbolos são ordenados sempre na mesma 
sequência, muda sua forma: eles aparecem cada vez mais fortemente como abstrações. A partir desta lista 
é possível deduzir-se o desenvolvimento das formas dos símbolos. Simultaneamente constituem o meio 
mais importante na ordenação e significação dos antigos símbolos. 
 
Imagem 
 
19 
Introdução à Linguística 
 
 
20 
Introdução à Linguística 
Legenda: (Tradução: colunas) 
1. Linha 
2. cerca de 3000 a.C. (Uruk III) 
3. cerca de 2500 a.C. (Fará) 
4. cerca de 2000 a. C. (Ur III/aB) 
 
Há distinção entre som e letra, não significando o mesmo empregar uma escrita alfabética ou 
um alfabeto fonético. A escrita alfabética poderá grafar um som de várias formas, enquanto que o alfabeto 
fonético é preciso, permitindo que cada som seja representado especificamente. 
Outros alfabetos: 
Alfabeto Grego 
 
 
 
 
21 
Introdução à Linguística 
Alfabeto Russo 
 
 
 
 
22 
Introdução à Linguística 
Alfabeto Árabe: 
 
 
23 
Introdução à Linguística 
Alfabeto árabe – Constitui-se de 28 consoantes, as quais apresentam quatro formas diferentes, segundo 
sua posição na palavra. As vogais curtas não são escritas. As vogais longas [observar o quadro abaixo] 
são representadas segundo 3 sinais diferentes. A escrita se dá da direita para a esquerda. 
 
Comparação de Alfabetos : 
Parte 1: 
 
 
Parte 2: 
 
 
 
24 
Introdução à Linguística 
Parte 3: 
 
 
Curiosidade: Asterix em língua alemã! 
 
25 
Introdução à Linguística 
 
 
 
26 
Introdução à Linguística 
 
Leitura complementar 
Leia o texto: Breve ensaio sobre a origem das escritas (acesse esse conteúdo na aula pelo 
ambiente SOLAR). 
BRAGA, Emanuel. Breve ensaio sobre a história da escrita. In: MATTES, Marlene (Org). 
Linguagens. As expressões do múltiplo. Fortaleza: Premius, 2006. 
Leia mais em DUBOIS et al. Dicionário de Lingüística. São Paulo: Cultrix, 1978 e em 
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Lingüística. São Paulo: Scipione, 1997. 
 
 
Atividade de Portfólio 
Leia o tópico 4 da aula 1 e responda as questões abaixo (máximo 20 linhas) em um 
documento com o nome. Envie a sua atividade para seu portfólio (Área privada). 
1. Apresente comentários acerca da importânciada escrita para a cultura. 
Exemplifique. 
2. Considerando sua resposta à questão anterior, avalie a situação das minorias 
indígenas em nosso país. 
3. A partir do fato de que o Brasil é um país de miscigenação racial, as línguas de 
origem africana também marcam presença em nosso mapa lingüístico. Comente 
sobre as manifestações de línguas africanas em nossa cultura. Naturalmente, você 
lembrará também do sincretismo religioso. 
 
Referências 
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguística. São Paulo: Scipione, 1997. RIESE, Berthold 
(Hrsg.) Schrift und Sprache. Heidelberg/Berlin/Oxford: Spektrum. Akademischer Verlag.1994. 
 
 
 
27 
Introdução à Linguística 
Aula 02: História da Linguística 
Tópico 01: Grécia 
 
Referências das figuras 
http://www.brasil-fotos.com/images/bandeiras/bandeira-dobrasil.gif 
http://www.acidigital.com/imagespp/ppbanderavaticana110708.jpg 
http://4.bp.blogspot.com/_V8cJZnaYAdI/So8f-
NxuPiI/AAAAAAAAArQ/ime6sawuqT0/s400/Bandeira+de+Espanha.jpg 
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/inglaterra/imagens/bandeira-da-inglaterra-2.gif 
http://1.bp.blogspot.com/_kGxjR3vlh1A/R8Qq-hrE35I/AAAAAAAAAAY/hDxyWie-M1g/S1600-
R/Fran%C3%A7aaa+haahhaah.gif 
http://1.bp.blogspot.com/_8dhyeUPsCD0/Sb6U7Rrv-
CI/AAAAAAAAAAU/3VpEA3PjfDM/S269/BANDEIRA_ITALIA.jpg 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/bandeira/internacional/alemanha.jpg 
 
 
28 
Introdução à Linguística 
 
Vishnu com ornamentos divinos 
 
As primeiras preocupações com língua ocorreram entre os hindus. Com respeito à religião, os 
textos sagrados deveriam ser lidos sem prejuízo da pronúncia correta das palavras em sânscrito. Esta 
primeira manifestação de um cuidado especial em relação à língua não implicava emprego de método 
científico, pois a língua ainda não havia sido instituída como objeto de estudo de uma ciência, a 
Linguística. 
Devemos aos filósofos gregos os primeiros questionamentos voltados à língua. O primeiro 
pensador a pesquisar sobre a linguagem foi Platão (427 – 437 a.C ). 
A grande pergunta: 
A língua tem algum vínculo direto e essencial com a realidade espiritual ou física, ou é 
puramente arbitrária? Em outras palavras: a conexão entre as palavras e aquilo que denotavam 
provinha da natureza phýsei ou era imposta pela convenção thései? 
 
Desta questão surgem dois pontos: 
1. A natureza da atual relação entre as palavras e seus denotata. 
2. A origem das palavras surge desta relação. 
Platão 
 
Platão, a fim de discutir esta questão, escreve um diálogo: Crátilo. 
Os personagens principais são: Crátilo, Hermógenes e Sócrates. Para Crátilo, a língua espelha o mundo ; 
para Hermógenes, é arbitrária e, finalmente, Sócrates considera uma instância intermediária. 
 
29 
Introdução à Linguística 
Na evolução do diálogo, Sócrates contesta Hermógenes, já que este questionava a correção natural dos 
nomes. Sócrates apresentou etimologias baseadas em associação semântica. 
Anexo: Platão (acesse esse conteúdo na aula pelo ambiente SOLAR) 
 
Sócrates 
 
Como alguns nomes não são passíveis de análise semântica, Sócrates propõe uma análise que os 
considere pelo simbolismo sonoro, ou seja, uma análise das palavras originais (prota onómata) . 
Exemplo : /l/ deslizar, resvalar - significa deslizamento Considere-se liparón (liso) : glyký (doce) ; 
glískeron (viscoso) 
Em contrapartida, sklérótés significa dureza, portanto há um equívoco. Assim é provável que alguns 
nomes tenham sido atribuídos de modo errado desde o princípio. Platão sugere que o nomoteta tenha tido 
acesso ao conhecimento direto da realidade, as formas platônicas, mas tenha apreendido incorretamente 
esta realidade. 
 
Aristóteles 
 
Aristóteles (384 – 322 a.C.), na obra Perì hermeneias, (De interpretatione) delineou um processo em três 
etapas : signos escritos = signos falados; signos falados = impressões na alma; impressões na alma = as 
aparências das coisas reais = são as mesmas para todos, o que muda são as interpretações. O esquema 
apresenta, no entanto, um certo grau de dificuldade. 
 
30 
Introdução à Linguística 
Entre a recepção e a fala, os estóicos (III a.C.) e outros acrescentam uma etapa : o conceito (em grego: 
lektón, em latim: dicibile). 
 
Diógenes 
 
Os conceitos, representados na fala, diferem. No enunciado constituem o lógos. Para Diógenes (III a.C.), 
lógos (com significado) constituía um enunciado significativo , cuja substância física era phoné = voz; e 
representado na escrita pela léxis (sem significado, só forma). 
Resultam de tais considerações as partes do discurso. 
 
Você sabe o que é ónoma e rhema?2 
 
Observação 
Restou o dilema: partes do discurso determinadas pelo significado ou pela forma? Hoje há 
o equilíbrio. 
Em Apolônio Díscolo temos a ênfase ao aspecto semântico. Escreveu um tratado sobre a 
sintaxe grega, Sintaxe (peri syntáxeos). Traça um paralelo entre os diferentes níveis de linguagem / as 
mesmas regras de organização se aplicam às unidades sonoras mínimas, as sílabas, às palavras e, de fato; 
aos enunciados completos. Afirma: « o significado que subsiste em cada forma de palavra e, num certo 
sentido, a unidade mínima da frase ». O estudo da sintaxe ajuda a recuperar a estrutura de uma frase 
defeituosa. Procurou mostrar princípios racionais, a regularidade inerente, que subjazem à sintaxe da frase 
grega. 
A doutrina de Apolônio entrou no latim por Prisciano (c. 500) com a obra Institutiones 
Grammaticae. Também os romanos filtraram estudos gregos sobre morfologia. A gramática grega foi 
definitivamente decodificada na Gramática de autoria de Dionísio Trácio (séc. II a.C.). 
Especialmente importante é a constatação de que um equívoco de tradução tenha repercutido 
negativamente no processo de ensino e de aprendizagem de línguas. Trata-se da expressão grega: 
autotelos logos: expressão auto-suficiente, isto é, elementos semânticos + função na situação 
comunicativa. Em latim traduziu-se por completo, perfeito. 
Consequência: estudos de língua centrados na frase. 
 
 
2 Os conceitos ónoma e rhema respectivamente passam a constituir « vocabulário conceitual », pois se fazia necessário 
localizar, no enunciado, a verdade ou a falsidade da proposição. Assim se consideram função e significado (ónoma=sujeito ; 
rhema= predicado) e não a forma. 
 
31 
Introdução à Linguística 
Linguística moderna: estudos de língua centrados no texto. 
Segundo Castelar de Carvalho (1997), os estudos da linguagem em uma perspectiva filosófica 
estenderam-se também a outros ramos como: Etimologia3, Semântica4, Retórica5, Morfologia6, 
Fonologia7, Filologia8 e Sintaxe9. Tais estudos tomam por base as ideias de Aristóteles, isto é, a corrente 
dos analogistas e dos eruditos estóicos, a corrente dos anomalistas. 
Os gregos são indubitavelmente os precursores no que tange às reflexões sobre linguagem. 
Contudo, o estudo científico só ocorre mais tarde, quando da instituição de língua como objeto de estudo 
da Linguística. 
Referências 
O estudo que desenvolveremos tomará por base, predominantemente, a obra História concisa da 
Linguística, de Barbara Weedwood ( 2002). 
PLATÃO. Crátilo. Diálogo sobre a justeza dos nomes. Lisboa: Livraria Editora Sá da Costa. 1963. 
Versão do grego por Pe. Dias Palmeira. 
 
 
 
 
 
3 http://pt.wikipedia.org/wiki/Etimologia 
4 http://pt.wikipedia.org/wiki/Sem%C3%A2ntica 
5 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ret%C3%B3rica 
6 http://pt.wikipedia.org/wiki/Morfologia_%28ling%C3%BC%C3%ADstica%29 
7 http://pt.wikipedia.org/wiki/Fonologia 
8 http://pt.wikipedia.org/wiki/Filologia 
9 http://pt.wikipedia.org/wiki/Sintaxe 
 
32 
Introdução à Linguística 
Aula 02: Históriada Linguística 
Tópico 02: Roma 
 
 
É inegável a influência dos gregos sobre os romanos, na arte, na literatura, em todos os 
âmbitos. Tanto a cultura quanto os métodos gregos de educação foram adotados em Roma. 
Segundo Lyons (1979), os romanos organizaram uma gramática padrão em três partes: 
1. Tratava das letras e das sílabas. A arte de falar com correção e de compreender os poetas 
era o conceito para gramática. 
2. Tratava das partes do discurso e das suas variações em gênero, número, caso, tempo, etc. 
3. Tratava de estilo, advertia contra ‘erros’ e ‘barbarismos’. 
 
Como a língua grega e a latina eram muito semelhantes, os romanos entendiam que as 
categorias eram categorias linguísticas universais e necessárias. Posteriormente, também na Idade Média, 
se manteve tal crença. 
Assim como na Grécia, também em Roma havia escolas e se processava o desenvolvimento 
do ensino e da aprendizagem da leitura e da escrita. A ‘ ciência das letras ‘ (grammatike techne) 
correspondia a este ensino, cujo professor era denominado de grammatistes, na Grécia. 
À techne grega corresponde, em latim, a ars grammatica, entendida como a ciência dos 
textos. Como gramática teórica latina no século I a.C. havia trabalhos sobre correção, sendo o mais 
conservado A analogia, de César, escrito em 54 ou 52, manifestando o seu gosto pelo ‘alinhamento’ e 
pela regularidade. César era um orador, logo não era um gramático, mas um estadista romano orador. 
César escreveu De Bello Gallico, tratando das lutas na Gália. Cícero escreveu vasta obra e o estilo de suas 
orações serviu de modelo a toda retórica latina. 
Marcos Terêncio Varrão10, o qual não se interessou somente por um tema, escreveu sobre 
história, filosofia, poesia, etc. Seu tema preferido era gramática, embora não fosse um grammaticus. 
Dentre suas obras temos: 
A lingua latina e A origem da lingua latina 
De lingua latina não é um estudo da forma, mas do sentido, o qual é explicado em três etapas, três partes 
do exposto : « a relação das palavras consideradas individualmente, com as coisas que significam ; a 
relação ‘vertical’ das palavras que se geram umas das outras para obter em uma diversidade de formas 
 
 
10 http://pt.wikipedia.org/wiki/Marco_Ter%C3%AAncio_Varr%C3%A3o )(116/27 d.C. 
 
33 
Introdução à Linguística 
correspondentes dos diferentes aspectos das coisas ou dos diferentes pontos de vista dos locutores, enfim 
a relação ‘horizontal’ das palavras entre si e a ‘produção de um sentido completo na ligação racional das 
palavras’ »(DEBORDES, Françoise. Concepções sobre a escrita na Roma antiga.São Paulo: Editora 
Ática, 1995) 
De sua vasta obra em número de setenta, resta apenas De lingua latina da qual dispomos de apenas dois 
livros. 
 
De seus estudos destacam-se duas dicotomias: A influência da natureza e significado das 
palavras. 
A primeira acerca da influência da natureza e o uso da convenção na origem e significado das 
palavras, no processo de formação das palavras, e a ideia de analogia e anomalia para regular o discurso. 
Como constatou que, com o tempo, as palavras podem sofrer alterações, gerando mudança de significado, 
a relação natural entre as palavras e as coisas – sua grande preocupação, pois acreditava na relação com a 
natureza, assim como Platão – só poderia ser identificada pela etimologia, a qual pode ajudar a recuperar 
o significado original, através de uma explicação semântica. A etimologia não teria seu fundamento na 
fonologia, como conhecemos hoje. Analogia e anomalia decorriam do uso. Seu entendimento por 
etimologia era semântico e não fonético. Estabelece uma distinção entre a natureza original da linguagem 
e o uso. E entre os usos descritivo e prescritivo da analogia. 
Afirma que a flexão das palavras, declinatio naturalis (morfologia flexional: declinações de 
nomes e flexões verbais) relacionava-se à analogia; e a declinatio voluntaria (morfologia derivacional: 
formação de novas palavras a partir das já existentes por acréscimo ou supressão de certos elementos), 
derivação, estava ligada à arbitrariedade das palavras. 
As gramáticas romanas compreendiam dois tipos : 
01 - Schulgrammatik (gramática escolar) 
Apresentavam um sistema de categorias gramaticais exemplificadas em latim. Era empregada no ensino 
do latim11, como manuais. 
A GRAMATICA ESCOLAR expunha sistematicamente as categorias gramaticais exemplificadas em 
latim. Ex.: Ars maior, de Donato(c. 380 d.C.). 
 
02 - Regulae (gramática de regras) 
E a segunda gramática, de regras (regulae (c. 380 d.C.), obra de referência, auxiliando na identificação 
das formas do latim. 
É nesta fase que os textos literários começam a perder espaço na sua relação com o ensino de latim, o 
qual passa a preocupar-se mais com a gramática em si. 
Ainda entre os romanos é que se desenvolvem duas correntes : a teoria da littera e a etimologia. 
 
 
11 http://pt.wikipedia.org/wiki/Latim 
 
34 
Introdução à Linguística 
Somente no final da Idade Média é que os pensadores ocidentais voltaram seu interesse para a parte física 
da fala assim como passaram a levar mais a sério as manifestações físicas do mundo natural. O ímpeto 
veio de fora: durante o Renascimento, do mundo semita, mais tarde (c. 1800), da Índia. 
 
 
Fórum 02 
No Fórum “Aula 2 – Vertente grega da gramática ocidental”, explique com suas 
próprias palavras o que compreende acerca da vertente grega da gramática ocidental. 
 
 
Atividade de Portfólio 
As categorias gramaticais tiveram sua origem nos estudos dos clássicos. Organize um 
quadro com as atuais dez categorias (classes gramaticais) e, considerando que 
estabelecem relações com outras palavras em um dado contexto, apresente também as 
suas respectivas funções sintáticas. Tal quadro, futuramente, servirá de base a estudos 
também em outras disciplinas do curso. 
 
 
Leitura Complementar 
Latim é língua morta? 
Na Alemanha, estudantes universitários de latim se reúnem nas horas vagas e 
desenvolvem conversação em latim. 
Obra sobre conversação em latim. 
Referência 1: CAPELLANUS, Georg. Sprechen Sie Lateinisch? Moderne Konversation in 
lateinischer Sprache. Bonn: Ferd. Dummlers Verlag, 1990. 
Até há pouco tempo, na escola, também na Alemanha, as crianças optam pelo estudo de 
uma língua clássica: grego ou latim. 
A propósito, há livros publicados para o ensino destas línguas para crianças. 
Referência 2: KITTEL, Wolfgang e REICHEL, Bernd. Grammatik mit Spass. ubungen zu 
Deklination, Konjugation und Syntax fur die ersten Lateinjahre. Munchen: Mentor 
Verlag, 1994. 
Referência 3: METZGER, Gerhard e REHN, Hedwig. Latein fur das 3. und 4. Lernjahr. 
Vollständige Satzlehre – Syntax. Munchen: Mentor Verlag, 1988. 
 
 
 
 
35 
Introdução à Linguística 
Aula 02: História da Linguística 
Tópico 03: Idade Média e Renascimento 
Idade Média 
A hegemonia da língua latina já é registrada na própria História da Humanidade, era a língua 
da diplomacia, da erudição e da cultura, além do fato de a Igreja constituir o centro e o poder na 
sociedade medieval (Lyons, 1979). 
O ensino do latim acontecia na perspectiva do ensino de uma língua estrangeira. Houve a 
necessidade e a consequente criação de gramáticas para este fim. O ponto de partida foram as gramáticas 
de Donato e Prisciano, as quais progrediram na análise do latim. Grande importância se atribui aos 
pressupostos filosóficos por eles introduzidos no estudo da língua. 
As obras de Prisciano12 deram origem às gramáticas analíticas, isto é, escritas na forma de 
perguntas e respostas. 
 
Exemplo: 
Que parte do discurso é a palavra codex? 
Um nome. 
Como sabes? 
Porque denota algo identificável e tem flexão de caso. 
É próprio ou comum?Comum. 
Por quê? 
Porque existem muitos códices. 
As gramáticas analíticas substituíram as gramáticas elementares baseadas na forma, estudadas 
nas escolas monásticas das ilhas britânicas nos séculos VII e VIII. 
A gramática surge na Idade Média (século XII) dividida em quatro partes: 
 
Gramáticos chamados de modistas: Destacaram-se os gramáticos chamados de modistas, pois se 
inspiravam nas idéias escolásticos da ciência como busca das causas universais e invariantes, eles 
deliberadamente procuraram derivar as categorias gramaticais das categorias da Lógica, da Epistemologia 
e da Metafísica ; ou melhor, derivar as categorias dessas quatro ciências partindo dos mesmos princípios 
gerais. 
 
 
12 Dentre as obras de Prisciano destacam-se: Institutio de nomine et pronomine et verbo, Partitiones, Institutiones gramaticae. 
E as obras: Ars Minor, tratando de uma breve introdução à gramática e Ars Maior, dividida em três livros, são de autoria de 
Donato. Deste último, o primeiro livro tratava do som, da letra, sílaba e acentos; o segundo, das partes do discurso: nome, 
pronome e verbo; e o terceiro, apresentava os barbarismos (erros na forma das palavras). 
 
36 
Introdução à Linguística 
As gramáticas especulativas: As gramáticas especulativas (do latim speculum – espelho) desta fase 
eram assim denominadas, pois era crença que a língua espelhava a realidade subjacente aos fenômenos do 
mundo físico. Aos gramáticos modistas associam-se os conceitos dictiones, modi significandi, res 
significata. 
As gramáticas vernáculas medievais: As gramáticas vernáculas medievais surgiram quando a leitura na 
língua materna se tornou um hábito. Em 1336 o tratado sobre poética e gramática: Leys d’Amores, 
constitui-se na primeira descrição detalhada de uma língua vernácula medieval. 
Renascimento 
O ideal escolástico foi criticado pelos humanistas da renascença, os quais tomaram Cícero 
como exemplo de estilo latino. Sustentando que a literatura da Antiguidade clássica era a fonte de todos 
os valores ‘civilizados’, eles concentraram suas energias na reunião e publicação de textos de autores 
clássicos ; especialmente depois da invenção da imprensa no fim do século XV, que tornou possível a 
larga e rápida distribuição de textos acurados (Lyons, 1979.) 
Outros nomes que se destacam são: Erasmo13, Aelfric14 e Dante 15 
A gramática especulativa teve seus ideais contemplados na Grammaire générale et raisonée, 
de Arnauld et Lancelot. 
Grammaire générale et raisonée 
(http://books.google.com.br/books?id=ezX8MVKpe7QC&dq=Grammaire+g%C3%A9n%C3%A9rale+et+raisonn%C3%A9e,
&pg=PP1&ots=yr6TSZKhKm&sig=GvDGqlMDtDIpD5908vEyAR7I6Ek&prev=http://www.google.com.br/search%3Fhl%3
Dpt-BR%26sa%3DX%26oi%3Dspell%26resnum%3D0%26ct%3Dresult%26cd%3D1%26q%3DGrammaire%2Bg% 
25C3%25A9n%25C3%25A9rale%2Bet%2Braisonn%25C3%25A9e,%26spell%3D1&sa=X&oi=print&ct=title#v= 
onepage&q=&f=false) 
O objetivo da referida gramática, segundo Lyons: 
”demonstrar que a estrutura da língua é um produto da razão, e que as diferentes línguas são apenas 
variedades de um sistema lógico e racional mais geral”. Segue, afirmando: “Os verdadeiros sucessores 
dos gramáticos clássicos e escolásticos não são os que procuram preservar intacto o arcabouço da 
gramática clássica, mas são antes aqueles que realizam investigações pessoais e objetivas sobre a função e 
a natureza da língua dentro da orientação e do pensamento científico moderno, e com o conhecimento 
mais amplo que hoje se pode obter das línguas e das culturas”. 
 
A forma 
A preocupação com a forma neste período deve-se à descoberta da classificação hebraica 
tradicional dos sons da língua, segundo seu ponto de articulação, em: guturais, palatais, linguais, dentais e 
labiais. 
 
 
 
13 Erasmo, em 1513, publicou uma sintaxe latina com base em Donato. Neste momento também o grego é objeto de estudos, 
mais tarde o hebraico. Desta forma as três culturas: grega, latina e hebraica são dadas a conhecer. 
14 Aelfric compara, no século X, o grego e o anglo-saxônico. 
15 E, com De vulgari eloquentia, Dante já anunciava a Renascença, momento em que surgiram tantas gramáticas vernáculas na 
Europa: irlandesa, islandesa, provençal. O texto literário, aos poucos, deixará de ser a concepção de língua que vigorava, 
dando espaço a outros textos, não representativos do cânone de então, isto é, de Alexandria e da Renascença. 
 
37 
Introdução à Linguística 
 
A morfologia 
No que diz respeito à Morfologia, até então a palavra era tomada 
como unidade semântica, não havia atenção especial à forma, logo não havia 
regras de derivação. Somente com Antonio de Nebrija, em 1492, é que a 
formação dos tempos verbais passa a ser referência para os estudos das formas 
verbais. 
O conceito de raiz 
O conceito de raiz, entendido como “um núcleo consonantal 
invariável com um conteúdo semântico básico estável”, surge no século X. Com o 
avanço dos estudos até este momento, percebeu-se que as línguas são diferentes, 
logo seria preciso um cuidado maior ao se pensar a relação entre elas. 
De modo resumido se pode afirmar que a Linguística ocidental centra-
se em duas abordagens: a universal e a particular. A língua passa a ser estudada 
em sua forma física, sistematizada. Até então a perspectiva dos estudos era 
semântica, agora passa a se concentrar na forma, possibilitando estudos mais apurados no âmbito da 
fonologia e da morfologia. 
 
 
 
 
 
16 http://es.wikipedia.org/wiki/Antonio_de_Nebrija 
 
Fonte16 
 
38 
Introdução à Linguística 
Aula 02: História da Linguística 
Tópico 04: A Linguística no século XIX – O método comparativo 
No século XIX, considerando-se o fato de que as línguas mudam com o tempo, o interesse da 
Linguística se volta para o modo como acontecem tais mudanças. Não se constitui mais o foco o 
conhecimento do universal em linguagem, como até então. Interessa compreender como ocorrem as 
mudanças, em que níveis e que implicações trazem para o conhecimento da ciência que tem a língua 
como seu objeto de estudo, para a Linguística Histórica especificamente. 
“Devemos observar igualmente que as palavras podem não apenas mudar de significado com 
o tempo, mas também, por vários motivos, cair em desuso e ser substituídas” (Lyons, 1982). 
O método comparativo 
O evento de suma importância para os estudos diacrônicos vem a ser a 
criação do método comparativo, por Humboldt. Com o surgimento anterior das 
gramáticas particulares , como do islandês, do irlandês e de outras línguas, começou-
se a perceber as diferenças e semelhanças entre elas. Franz Bopp admirou-se ao 
constatar que havia muitas semelhanças entre o sânscrito , o latim e o grego. 
O método comparativo permite a reconstrução de uma língua antiga, ou de 
estágios de uma língua, com base na comparação das palavras e expressões 
aparentadas em diferentes línguas ou dialetos dela derivados. Ao se aplicar o método 
comparativo, é possível chegar à formação de conjuntos de correspondências 
fonológicas a partir das formas cognatas encontradas. 
 
 
Gramática comparativa 
Franz Bopp escreveu uma gramática comparativa intitulada: Vergleichende Grammatik des Sanskrit, 
Zend, Griechischen, Lateinischen, Litthauischen, Gotischen und Deutschen (Berlin, 1833-54). O objetivo 
da obra, segundo Weedwood (2002), é “uma investigação das suas leis físicas e mecânicas e da origem 
das formas que indicam relações gramaticais”. Esta obra tem uma importância singular e Bopp é 
considerado então o fundador da Linguística Histórica (Orlandi, 1986). 
 
A forma 
O sentido, centro de interesse em tempos anteriores, finalmente dava lugar à forma. Essa 
preocupação reflete os avanços da sociedade da época, istoé, quando a obra de Darwin, por exemplo, A 
origem das espécies (1859), provocava reações até mesmo de linguistas como August Schleicher: “Traçar 
o desenvolvimento de novas formas com base em formas anteriores é muito mais fácil, e pode ser 
realizado em escala bem maior, no campo da língua do que nos organismos das plantas e dos animais”. 
Até se chegar à constatação de que há uma língua que possa ter originado várias outras, foi 
necessário trilhar um caminho específico, ou seja, empregar-se o método de comparação. 
O fundamento do método comparativo 
O método comparativo tem como fundamento o fato de que todas as mudanças do sistema 
fônico de uma língua, enquanto esta se desenvolvia ao longo do tempo, estavam sujeitas à operação de 
leis fonéticas regulares. 
 
39 
Introdução à Linguística 
Assim, através das comparações entre as línguas, especialmente através da constatação da 
semelhança entre o sânscrito o grego e o latim, é que se pôde partir para o desenvolvimento da filologia 
comparativa. 
Dos estudos comparativos resulta a constatação de que, havendo semelhanças entre línguas, é 
possível se chegar à língua que dá origem a elas. O conhecimento da origem das línguas torna-se possível 
a partir da instituição de um método comparativo, isto é, a partir da aplicação de mecanismos de análise 
principalmente sob o ponto de vista gramatical e sonoro que denunciam o seu parentesco, permitindo 
agrupar, em uma mesma família, línguas genealogicamente aparentadas. 
O indo-europeu é a língua mãe das línguas européias 
Jacob Grimm, linguista alemão, comparou os sons do grego, do 
latim e do sânscrito com o alemão. Observe: 
 
 
Resultado: aspiradas originais do proto-indo-europeu (bh, gh, dh, 
h) tornam-se oclusivas sonoras não-aspiradas (bh tornou-se b); oclusivas 
sonoras não-aspiradas originais (b,d,g) se tornam surdas (b,t,k) e as oclusivas 
surdas originais (não-aspiradas) (p,t,k) se tornam aspiradas (f, ,h ).Ø 
 
 
 
 
Dicas 
Consulte o Alfabético Fonético Internacional (http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Ipa-
chart-all-1000px.png) mencionado anteriormente. Se você ainda não verificou nenhum, 
segue uma referência como sugestão de onde encontrá-lo. Símbolos do IPA (International 
Phonetics Association) (Alfabeto Fonético Internacional) Referência: MUSSALIM, 
Fernanda e BENTES, Anna Christina. Introdução à Linguística 1. Domínios e fronteiras. 
São Paulo: Cortez, 2001. 
 
Neogramáticos e as leis para mudanças na língua 
Em alemão Junggrammatiker, ou neogramáticos ou ainda jovens gramáticos, constituíam um 
grupo de linguistas, os quais preconizavam que leis fonéticas regulares impunham-se às mudanças 
operadas na língua com o passar do tempo. Deste modo tornou-se possível a reconstituição de línguas que 
deram origem a suas derivadas. Formas reconstruídas são marcadas convencionalmente com asterisco (*). 
Exemplo: A palavra dez, após a análise, resulta na palavra reconstruída *DERM: 
 
 
 
 
40 
Introdução à Linguística 
Quadro comparativo (Anexo 1) - 
Algumas correspondências sistemáticas formais no latim e três línguas românticas. 
 Latim (L) Francês (F) Italiano (I) Espanhol (E) 
(1) "coisa" causa chose cosa cosa 
"cabeça" caput chef capo cabo 
"cavalo" caballus cheval cavallo caballo 
"cantar" cantare chanter cantare cantar 
"cachorro" canis chien cane 
"cabra" capra chèvre capra cabra 
 
(2) "planta" planta plante pianta llanta 
"chave" clavis clef chiave llave 
"chuva" pluvia pluie pioggia lluvia 
 
(3) "oito" octo huit otto ocho 
"noite" nox/noctis nuit notte noche 
"fato" factum fait fatto hecho 
"leite" lacte lait latte leche 
 
(4) "filha" filia fille figlia hija 
"formosa" formosus hermoso 
 
 
Eis mais um exemplo de quadro demonstrativo de algumas correspondências sistemáticas 
entre quatro línguas românicas: latim, francês, italiano e espanhol. 
Referências 
LYONS, John. Linguagem e Linguística. Uma introdução. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982. 
 
 
 
 
41 
Introdução à Linguística 
A analogia e o empréstimo 
Dois são os fatores explicativos para as mudanças: a analogia e o empréstimo. 
Consideraremos aqui a analogia. 
Analogia, do grego “caráter de regularidade atribuído à língua”, servindo para explicar a 
mutação linguística, opondo-se à norma (Dubois, 1978). Tomemos como exemplo a classificação dos 
verbos em alemão e em inglês em fortes e fracos: 
Quadro 1: Verbos fracos: 
 
Quadro 2: Verbos fortes: 
 
No quadro 1, os verbos fracos formam o passado pelo acréscimo de um sufixo ao radical do 
presente; os fortes, quadro 2, apresentam uma diferença nas vogais dos radicais correspondentes do 
presente e do passado e geralmente não apresentam o sufixo do passado característico dos verbos fracos. 
Tais verbos do alemão e do inglês, assim como tantos outros, apresentam o mesmo fenômeno de 
alternância vocálica, o que favorece a hipótese de que as duas línguas sejam geneticamente relacionadas. 
Outros exemplos: 
 
 
 
 
 
42 
Introdução à Linguística 
 
Aula 03: Linguística do século XX – Estruturalismo e Gerativismo 
Tópico 01: Estruturalismo europeu – Ferdinand de Saussure 
 
 
Referências das figuras 
http://www.brasil-fotos.com/images/bandeiras/bandeira-dobrasil.gif 
http://www.acidigital.com/imagespp/ppbanderavaticana110708.jpg 
http://4.bp.blogspot.com/_V8cJZnaYAdI/So8f-
NxuPiI/AAAAAAAAArQ/ime6sawuqT0/s400/Bandeira+de+Espanha.jpg 
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/inglaterra/imagens/bandeira-da-inglaterra-2.gif 
http://1.bp.blogspot.com/_kGxjR3vlh1A/R8Qq-hrE35I/AAAAAAAAAAY/hDxyWie-M1g/S1600-
R/Fran%C3%A7aaa+haahhaah.gif 
http://1.bp.blogspot.com/_8dhyeUPsCD0/Sb6U7Rrv-
CI/AAAAAAAAAAU/3VpEA3PjfDM/S269/BANDEIRA_ITALIA.jpg 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/bandeira/internacional/alemanha.jpg 
 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferdinand_de_Saussure 
 
 
Olhando de Perto 
Leia o texto LINGUISTICA DO SÉC. XX: AS CONTRIBUIÇÕES DE FERDINAND 
DE SAUSSURE (acesse o ambiente SOLAR) observando as características do signo 
linguístico (http://pt.wikipedia.org/wiki/Signo_ling%C3%BC%C3%ADstico), das 
dicotomias (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferdinand_de_Saussure) e das línguas naturais 
(http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_natural) humanas. 
 
 
 
 
 
43 
Introdução à Linguística 
 
Atividade de Portfólio 
Para podermos estabelecer as relações entre signo-mundo na obra de Ferdinand Saussure, 
precisamos nos inteirar de sua teoria linguística. Saussure começou a elaborar suas 
considerações sobre a linguística, pois estava insatisfeito com as teorias existentes em 
sua época, não vendo em nenhuma delas um objeto de estudo definido. Sua primeira 
missão, na construção de uma nova teoria, foi definir tal objeto de estudo. De sua 
definição, podemos entender que o objeto de estudo da linguística é a língua, que junto 
com a fala, forma a linguagem. A linguagem, por sua vez, é um sistema de signos, onde 
um som só pode ser considerado como linguagem se estiver expressando ideias. 
Sendo assim, responda as perguntas e poste em seu portfólio individual no SOLAR. O 
arquivo deverá se chamar "Aula03_Topico1_texto2.doc" 
1. O que é signo linguístico na visão de Saussure? Qual a relação do signo 
linguístico com a língua? 
2. Quais as principais características do signo linguístico? Exemplifique. 
3. Em sua teoria, Saussure considera diversas dicotomias no estudo da linguagem. 
Que relações dicotômicas são essas e como são definidas? 
 
 
 
 
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Introdução à Linguística 
Aula 03: Linguística do século XX – Estruturalismo e Gerativismo 
Tópico 02: Estruturalismo Norte-americano 
Edward Sapir e Leonard Bloomfield são linguistas norte-americanos que se destacaram emseus estudos sobre o estruturalismo. O primeiro, pela relação que estabeleceu entre linguagem, 
pensamento e cultura; o segundo, pela descrição minuciosa do sistema linguístico e por ter tentado 
estabelecer um conjunto de princípios que sustentassem a ciência linguística. 
Consideraremos nesta aula o texto produzido por José María Gil, da Argentina. (Introducción 
a las teorías linguísticas del siglo XX. Mar del Plata: Editorial Melusina, 1999). Assim iremos conhecer 
mais sobre as ideias e contribuições dos dois estudiosos do estruturalismo. 
 
http://www.civilization.ca/tresors/ethno/elem/img/et0924b.jpg 
As contribuições de Edward Sapir 
Conforme Sapir(1921), a sociedade determina a aquisição da linguagem pelo indivíduo: 
"Eliminemos a sociedade e haverá todas as razões para se crer que se aprenderá a caminhar, pressupondo-
se sobreviver. Mas é também certo que nunca se aprenderá a falar, isto é, a comunicar ideias segundo o 
sistema tradicional de uma sociedade determinada". Naturalmente a linguagem não é considerada uma 
atividade orgânica como caminhar, mas uma função adquirida, determinada pela cultura. 
O autor, contudo, concorda que a linguagem seja uma função biológica, pois, em certa 
medida, o indivíduo está destinado a falar. Também como Saussure, ele crê que a linguagem é um sistema 
convencional de signos. O indivíduo fala, ele se comunica em sociedade, pois compartilha do mesmo 
sistema de signos, convive em um meio cultural específico. Assim, a cultura deve ser considerada, 
influindo necessariamente no conceito de linguagem. 
A linguagem, em seu entender, se relaciona especialmente com pensamento. Acredita que 
pensamento e linguagem não coexistem, pois há "manifestações linguísticas que não expressam 
pensamento". Para ele o pensamento é determinado pela linguagem . 
Sapir e um de seus discípulos, Whorf, lançaram uma hipótese, conhecida como a hipótese 
Sapir-Whorf. A referida hipótese projeta justamente a preocupação referente à relatividade linguística, 
isto é, a estrutura de uma língua particular incide no modo de pensamento de seus falantes. A Linguística 
moderna admite que a estrutura de uma língua particular condiciona, mas não determina o modo de 
pensar dos falantes. Habilidades linguísticas dos falantes é que propiciariam certos tipos de pensamento. 
Tal fato caracteriza uma predisposição do falante, mas não a sua capacidade mental. 
 
 
45 
Introdução à Linguística 
 
 
http://www.unc.edu/~melchert/hjelmslev.jpg 
 
As contribuições de Leonard Bloomfield 
Na continuidade de sua exposição, José María Gil apresenta o contributo de Bloomfield à 
Linguística, considerando os estudos das manifestações da linguagem, a descrição da estrutura linguística 
e, do que iremos tratar a seguir, da aquisição da linguagem. 
Do mesmo modo como Sapir, também Bloomfield considera que a comunidade de fala 
determina o processo de aquisição da linguagem pelo indivíduo. Entende-se aqui comunidade como 
"grupo de pessoas que usam o mesmo sistema de signos linguísticos para comunicar-se". No 
entendimento de Bloomfield, a aquisição da linguagem se dá na medida em que a criança recebe o input, 
isto é, na mesma dimensão em que ouve algo e procede a sua repetição. Pela imitação, pelos estímulos 
recebidos, a fala vai se aperfeiçoando e, com base neste esquema de estímulo-resposta, no fortalecimento 
da repetição correta se efetiva a aquisição da linguagem. 
 
 
 
Fórum 03 
Imagine-se em aula de língua portuguesa. Você é o professor. Um aluno pergunta o que é 
gramática tradicional. Explique o que você diria ao aluno. Apresente a fundamentação 
teórica para sua explicação. 
Em seguida disponibilize sua resposta no Fórum “Aula 3 - Gramática Tradicional” 
para discussão com seus colegas. 
Referências 
BOUQUET, Simon. Introdução à Leitura de Saussure. São Paulo : Cultrix, 1997. 
CARVALHO, Castelar de. Para compreender Saussure. Rio de Janeiro : Vozes, 1997. 
LYONS, John. As ideias de Chomsky. São Paulo : Cultrix,1983. Capítulo 3 : Os Bloomfieldianos. 
 
 
 
 
46 
Introdução à Linguística 
Aula 03: Linguística do século XX – Estruturalismo e Gerativismo 
Tópico 03: Considerações finais 
O Curso de Linguística Geral de Saussure é o marco inicial do Estruturalismo, pois ao definir 
que a língua possui uma organização interna, a que ele chama de sistema, ele acaba por considerar que os 
elementos que formam este sistema, representam, pois, uma estrutura. 
A língua é, pois, considerada uma estrutura constituída por uma rede de elementos, em que 
cada elemento tem um valor funcional determinado. A teoria da análise linguística desenvolvida a partir 
das postulações de Saussure ficou, assim, denominada de Estruturalismo. Os princípios teórico-
metodológicos dessa teoria ultrapassaram as fronteiras da Linguística e a tornou uma ciência autônoma 
dentre as demais ciências humanas, até o momento em que se tornou mais contundente a crítica ao caráter 
excessivamente formal e distante da realidade social da metodologia estruturalista desenvolvida pela 
Linguística. O fato é que, inicialmente, com a noção de estrutura, procurou-se valorizar a ideia de que 
cada elemento da língua só adquire um valor na medida em que se relaciona com o todo de que faz parte. 
Assim, qualquer unidade linguística também se define pela posição que ocupa na rede de 
relações que constitui o sistema total da língua. O método que analisa a língua assim é o método estrutural 
e dá à Linguística a posição de ciência-piloto das Ciências Humanas. 
A essência do pensamento saussuriano constitui, portanto, em considerar que a língua é, 
assim, um “sistema de valores”, sendo os fonemas, os morfemas, as palavras, as frases, o texto, enfim, 
todas as formas linguísticas são valores que se opõem entre si, formando as mais variadas estruturas da 
língua. 
Saussure é, por suas postulações, desse modo, considerado o pai do Estruturalismo. Na 
perspectiva do autor, a língua é um organismo supra-individual cujas peças se dispõem em inter-relações, 
por isso é uma estrutura ou sistema de transformações que comporta leis. 
Paralelo à vertente estruturalista européia fundada por Saussure surge o estruturalismo norte-
americano, sendo seus principais representantes Edward Sapir e Leonard Bloomfield. O estruturalismo 
defendido por estes e outros autores americanos apresentou um caráter prático e utilitarista já que a 
principal preocupação deles fora descrever as línguas indígenas do território americano. Na verdade, 
Bloomfield propõe uma teoria geral da linguagem que tem muitos pontos em comum com a reflexão 
européia. Esta teoria, também estrutural, foi desenvolvida e sistematizada pelos seus alunos como 
distribucionismo. Tomando posição contra explicações da linguagem que fizessem recurso 
“interioridade” do homem, Bloomfield propõe uma explicação comportamental (behaviorista) dos fatos 
linguísticos, fundada no esquema estímulo/resposta. Pondo em prática sua primeira etapa de projeto 
linguístico, a descrição, ele pressupõe que para estudar a língua deve-se reunir um conjunto de enunciados 
efetivamente emetidos pelos falantes em um certo momento – o que se chama corpus – e, sem questionar 
seu significado, procurar encontrar seu modo de organização, sua regularidade. Essas regularidades são 
encontradas, só pela análise da distribuição das unidades nos contextos linguísticos em que aparecem. 
Para Bloomfield, a distribuição pode ser verificada em todos os níveis da linguagem: fonológico, sintático 
e mesmo semântico. 
Mais tarde, posteriores a estes estudos, surgiram algumas obras notáveis de análise 
linguística, como a obra do próprio Bloomfield (1933), Language, considerada também um marco na 
evolução da Linguística. Embora tenham se preocupado com a descrição das línguas, os estruturalistas 
americanos não forma simplesmente descritivistas, como os gregose os latinos. Na verdade, a noção de 
estrutura foi fundamental para a caracterização da escola estruturalista defendida por estes estudiosos. 
 
47 
Introdução à Linguística 
Assim, com o intuito de descrever as línguas, os estruturalistas chegaram ao conceito de 
MORFEMA, que definiram como “a menor unidade significativa da palavra”, sendo que passaram a 
desenvolver com bastante rigor técnicas de depreensão dos morfemas das palavras e essa foi a sua 
preocupação como movimento linguístico. 
É a partir da ideia de morfema que, para os estruturalistas, na palavra infeliz temos duas 
unidades mínimas, in+feliz; em salmista, salm+ista, etc. 
Em suma, o estruturalismo preocupou-se em fazer e lidar com a segmentação dos elementos 
linguísticos, bem como proceder a sua classificação. Na visão de Rocha (1998:28-29), um balanço do 
estruturalismo poderá ressaltar os seguintes aspectos positivos da escola: 
a. O caráter científico do movimento, que partiu para um trabalho experimental, com 
gravações nos diversos campi de pesquisa, resultando daí uma atitude destituída de 
preconceitos, em que uma língua indígena – e mais tarde, qualquer modalidade de língua – 
passava a adquirir o mesmo status ou o mesmo interesse científico de línguas clássicas ou 
oficiais, como o latim e o inglês por exemplo. 
b. Como decorrência do item a, chegou-se à conclusão de que a língua é um sistema de 
valores, de oposições e de elementos que formam uma estrutura, e que essa estrutura é 
válida em si mesma, ou seja, pode se constituir em um objeto da ciência 
independentemente de sua origem, de sua história e mesmo de seus sujeitos falantes. Desse 
modo, o sincronismo linguístico, ou seja, o estudo da língua num momento dado, em vez 
de destronar o diacronismo, passou a ter existência paralela a ele e independente dele, 
permitindo que as línguas sejam estudadas por duas perspectivas autônomas: a descritiva e 
a histórica. 
c. Com relação ao nosso campo de interesse, pode-se dizer que a morfologia alcançou um 
progresso notável no estruturalismo. Preocupados com a segmentação e a classificação dos 
morfemas, os linguístas americanos levaram essa técnica ao extremo, o que, sem dúvida, 
apesar de exageros, veio beneficiar o estudo da morfologia. A preocupação com essa 
técnica era tão grande, que outros componentes linguísticos, como a sintaxe e a semântica, 
foram deixados de lado, tendo sido pouco estudados neste período. 
Com toda a evolução do pensamento linguístico, ao final da década de 50, a “escola” 
estruturalista já demonstrava alguns sinais de esgotamento quando o norte-americano Noam Chomsky 
lançou as bases da Gramática Gerativo Transformacional, uma nova visão estrutural dos estudos da 
linguagem, com o livro Syntatic Structures (Chomsky, 1957). As postulações de tal estudioso serão 
objeto de estudo das próximas aulas. 
 
Exercitando 
PROPOSTA DE EXERCÍCIOS 
1. Quais as contribuições da vertente estruturalista nos estudos da linguagem? 
2. Por que os seguidores do Estruturalismo consideraram a língua enquanto um “sistema 
de valores” ? 
3. Por que a noção de morfema foi tão importante para a vertente estruturalista? 
4. O que propôs Bloomfield para o estudo distibucionalista da língua? 
5. Pesquise em outras fontes e discorra sobre a análise e tratamento dado pelos 
estudiosos do estruturalismo aos demais componentes da gramática (a fonologia, a 
sintaxe e a semântica), já que à morfologia fora dada, em princípio, uma grande 
relevância. 
 
 
48 
Introdução à Linguística 
Referências 
BORBA, Francisco da Silva. Introdução aos estudos linguísticos. Campinas: Pontes, 1991. 
LOPES, Edward. Fundamentos da linguística contemporânea. São Paulo: Cultrix, 1991. 
LYONS, John. Linguagem e Linguística. Uma introdução. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987. 
ORLANDI, Eni Puccinelli. O que é Linguística? 4ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1990. 
ROCHA, Luiz Carlos de Assis. Estruturas morfológicas do Português. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 
1998. 
SAUSSURE, Ferdinad de. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix/Edusp, 1969. 
 
 
 
 
 
 
49 
Introdução à Linguística 
Aula 03: Linguística do século XX – Estruturalismo e Gerativismo 
Tópico 04: Gerativismo - Obras principais e conceitos 
Gerativismo 
Os seres humanos nascem com a faculdade da linguagem. Esta é a chave da lingüística 
gerativa, a resposta teórica ao problema de Platão (o problema de como os seres humanos sabe tanto a 
partir de uma experiência tão curta). Esta é uma postura inatista (ou racionalista) e propõe que a espécie 
humana está dotada de uma capacidade fundamental, a “faculdade da linguagem” ou a “ gramática 
universal” (GU). Segundo esta teoria de Noam Chomsky, todo ser humano nasce com esta GU, que é um 
conjunto de regras suficientemente amplo e restrito, permitindo que uma criança aprenda seu idioma (ou 
qualquer idioma) em um curto período de tempo, submetida necessariamente aos estímulos da sua língua 
materna, os quais são imprescindíveis a sua aprendizagem, embora secundários. A gramática universal 
explica, portanto, como é possível que qualquer ser humano seja capaz de aprender a falar qualquer 
idioma, confirmando-se a idéia de Sapir e de Saussure de que não há línguas superiores nem línguas 
“mais difíceis”. 
Adaptado de:GIL, José María. Introducción a las teorias lingüísticas del siglo 
XX. Mar Del Plata: Melusina, 1999. 
 
Gerativismo corresponde à teoria da linguagem desenvolvida por Chomsky. Seu objetivo é 
verificar em que medida é útil e viável descrever línguas humanas por meio de gramáticas gerativas de 
um tipo ou de outro (Lyons, 1982). 
Aquisição da linguagem 
 
 Contrariamente a Bloomfield17, Chomsky não acredita que a aquisição da 
linguagem se dê a partir de um esquema estímulo-resposta. Se assim o fosse, como 
explicar a possibilidade de entendermos e produzirmos enunciados que nunca tenhamos 
ouvido antes? 
O que Chomsky18 entende é que nós, seres humanos, nascemos com 
uma capacidade inata para adquirirmos linguagem. Postula que o ser 
humano seja dotado de uma faculdade de linguagem, ou de uma 
gramática universal (GU), caracterizando sua postura como inatista. Assim, todas as 
pessoas são capazes de aprender qualquer língua em particular. 
 
 
 
17 http://pt.wikipedia.org/wiki/Leonard_Bloomfield 
18 http://pt.wikipedia.org/wiki/Noam_Chomsky 
 
50 
Introdução à Linguística 
As três obras principais 
Em três obras, Chomsky resume a sua teoria da Gramática Universal (GU). A primeira delas: 
1. Estruturas sintáticas (modelo 57) 
Aqui o autor apresenta três modelos de estrutura linguística, a fim de identificar a melhor 
gramática para o inglês : teoria da comunicação, regras de estrutura de frase e o modelo transformacional. 
(Gil, 1999). Sua hipótese é de que os falantes de uma dada língua têm um conhecimento intuitivo das 
orações gramaticais de sua língua, sendo a intuição do falante o critério para determinar a gramaticalidade 
das orações. 
 
 
2. Aspectos da teoria da sintaxe (modelo 65) 
A segunda obra, intitulada « Aspectos da teoria da sintaxe » apresenta o conceito de gerativo, 
desenvolvendo um modelo teórico. É neste momento que é tratado o problema: gramaticalidade vs. 
aceitabilidade. 
A obra de referência para o Gerativismo de Chomsky, portanto, Aspects of the Theory of 
Syntax (1965), esta segunda obra trata da teoria-padrão, teoria standar, ou modelo-aspects. 
A primeira, teoria-padrão, apresenta um modelo com três componentes : sintático, o 
semântico e o fonológico, respectivamente um central e os dois últimos, interpretativos. 
O primeiro modelo, o modelo sintático é o centro da teoria de Chomsky, pois a autonomia da 
sintaxe é o peso maior da teoria. Constitui um sistema de regras a partir das quais se criam os

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