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O desenvolvimento do conceito de cultura - tópicos de história da antropologia

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O DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE CULTURA: TÓPICOS DE HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA
Século XVII: exclusão das figuras de anormalidade (louco, criança, selvagem).
Século XVIII: Segundo Michel Foucault representa o ingresso no Ocidente na Modernidade. A constituição das Ciências do Homem passa a ser o grande projeto da intelectualidade européia.
Projeto de constituição de uma Antropologia supõe:
Contrução de um certo número de conceitos, principalmente o de homem (pela primeira vez entendido como sujeito e objeto ao mesmo tempo).
Constituição de um saber que não seja apenas de reflexão, e sim de observação. Aponta-se para a positividade de um saber empírico sobre o homem enquanto: ser vivo (biologia), que trabalha (economia), pensa (psicologia), fala (linguística). Busca da ciência da Sociedade (Montesquieu/ Saint Simon).
Uma problemática essencial: a da diferença.
Um método de observação e análise: o método indutivo. Era vigente o Naturalismo, concepção que compreende os grupos sociais como organismos vivos. Assim, haveria uma “moral natural”, um “direito natural”, uma “religião natural”.
O que mudou entre os séculos XVI e XVIII?
Natureza dos objetos observados: o que inicia como busca cosmográfica torna-se pesquisa etnográfica. No século XVI, observava-se sobretudo a natureza, considerava-se o homem físico.
O destaque se desloca do objeto de estudo para a atividade epistemológica. Não basta observar, é preciso processar a observação. Nasce a etnologia.
No século XVIII há uma cisão entre o trabalho do viajante e do filósofo. Não basta apenas observar: é necessário tambem realizar a “viagem filosófica”, pois a observação deve ser esclarecida. Sintomático disso é a discussão travada entre Rousseau (filósofo) e Bougainville (viajante), parcialmente transcrita abaixo:
Rousseau: “Suponhamos um Montesquieu, um Buffon, um Diderot, um d’Alembert, um Condillac, ou homens de igual capacidade, viajando para instruir seus compatriotas, observando como sabem fazê-lo a Turquia, o Egito, a Bavária... Suponhamos que esses novos Hércules, de volta de suas andanças memoráveis, fizessem seguir a história natural, moral e política do que teriam visto, veríamos nascer de seus escritos um mundo novo, e aprenderíamos assim a conhecer o nosso...” (Suplemento à viagem de Bougainville)
Bougainville: “Sou viajante e marinheiro, isto é, um mentiroso e um imbecil aos olhos dessa classe de escritores preguiçosos e soberbos que, na sombra do seu gabinete, filosofam sem fim sobre o mundo e seus habitantes, e submetem imperiosamente a natureza a suas imaginações. Modos bastante singulares e inconcebíveis da parte de pessoas que, não tendo observado nada por si próprias, só escrevem e dogmatizam a partir de observações tomadas desses mesmos viajantes aos quais recusam a faculdade de ver e pensar.” (Viagem ao redor do mundo)
Século XIX: pioneiros (pesquisadores-eruditos)
A Antropologia surge enquanto disciplina autônoma: a ciência das sociedades primitivas em todas as suas dimensões (biológica, técnica, econômica, religiosa...).
Contexto geopolítico:Tratado de Berlim (1885), rege a partilha da África entre os estados europeus. O antropólogo acompanha os passos do colono. O selvagem (como era chamado sobretudo no século XVI) torna-se “primitivo”. Antropologia estuda as origens: como, de formas simples, as sociedades evoluíram para formas complexas.
Antropologia evolucionista: 
	Morgan (Ancient Society):
Três estágios da evolução da humanidade: selvageria – barbárie – civilização (povos primitivos remetem à infância da humanidade, então o trabalho antropológico consistia em comparar para verificar a direção e o sentido da evolução).
Objetos de pesquisa:
Aborígines australianos: os mais “primitivos” e “atrasados”, viviam na Idade da Pedra, sem metalurgia, sem cerâmica, sem tecelagem, sem criação de animais.
Parentesco: anterioridade dos sistemas de filiação matrilinear sobre o patrilinear.
Religião: boa parte desses pensadores era imbuída de espírito anti-religioso. Para Frazer (O Ramo de Ouro) a religião seria a base, o potencial que fez emergir a Ciência, expressão máxima da civilização.
Críticas ao pensamento evolucionista:
A sociedade Ocidental é a medida do “atraso” das demais culturas. O acesso à civilização se define em função dos valores da época: produção econômica, religião monoteísta, propriedade privada, família monogâmica, moral vitoriana.
O Evolucionismo justifica teoricamente o colonialismo, que pretendia levar a civilização aos primitivos, que precisavam de tutela.
Méritos dos pesquisadores-eruditos:
Eles foram os responsáveis pela definição do principal problemada Antropologia: explicar a universalidade e a diversidade de técnicas. Eles possuíam a ambição de explicar a unidade da espécia humana (por isso sempre se referem à “cultura”, no singular). A diversidade era apontada como resultado de elementos técnicos e econômicos (e não congênitos), o que permite concluir que o evolucionismo antropológico é, sobretudo, anti-racista.

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