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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.a Me. Nilza Maria Coradi de Araújo Revisão Técnica: Prof.a Dr.a Solange de Fatima Azevedo Dias Revisão Textual: Prof.a Dr.a Selma Aparecida Cesarin Políticas Públicas Ambientais • A eficiência dos instrumentos; • Política Pública Ambiental Brasileira; • Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil; • Práticas de Gestão Ambiental; • Ferramentas para a Sustentabilidade; • A produção mais Limpa e a Ecoeficiência; • Considerações Finais. · Tratar das Políticas Públicas Ambientais, de seus instrumentos e da Legislação brasileira envolvida nas questões ambientais e na avalia- ção de impactos ambientais. OBJETIVO DE APRENDIZADO Políticas Públicas Ambientais Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Políticas Públicas Ambientais A Eficiência dos Instrumentos Cada instrumento tem vantagens e desvantagens. Os instrumentos econômicos têm sido apontados como mais eficientes para induzir uma atitude mais dinâmica pelos agentes privados, comparando-os com os de comando e controle, que representam um peso para o Estado, já que sua eficiência depende de um aparato institucional dispendioso. Vários estudos demonstram que os incentivos econômicos são mais eficientes que os instrumentos de controle e comando para alcançar os objetivos ambientais, pois acarretam menores custos para as empresas. Os instrumentos econômicos proporcionam, também, estímulos permanentes para que as empresas deixem de gerar poluição, ao passo que, quanto ao comando e controle, quando são alcançados os níveis estipulados pelas normas, as empresas deixariam de fazer novos esforços para reduzir a poluição de forma contínua. Em relação aos tributos ambientais, a grande vantagem é trazer receita para os governos poderem investir em meio ambiente, fazendo com que os gastos decorrentes da degradação ambiental produzidos por empresas e sociedade sejam socializados. Portanto, podemos dizer que não há como prescindir desses instrumentos, pois uma Política Ambiental deve se valer de todos e estar estar sempre atenta aos efeitos deles sobre a competitividade das organizações, principalmente quando atuam no Mercado externo. No momento, é necessário impedir a degradação ambiental por meio de instrumentos de comando e controle, e os mecanismos econômicos, ao agirem sobre o custo/benefício das empresas, motivam a adoção contínua de busca pelas soluções que envolvem as causas ambientais. Política Pública Ambiental Brasileira Vamos iniciar nossa discussão sobre Políticas Públicas Ambientais brasileiras a partir da Conferência de Estocolmo, em 1972, quando as preocupações ambientais começaram a ficar mais intensas. Os estragos ambientais mais do que evidentes e a discussão desses problemas em nível planetário exigiram uma postura do Governo brasileiro. Em 1973, é criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente e muitos estados criam suas Agên- cias Ambientais Especializadas, como a CETESB, em São Paulo, e a FEEMA, no Rio de Janeiro. Em relação ao meio ambiente, o Brasil seguiu uma tendência observada em outros países, nos quais os problemas ambientais são percebidos e tratados de modo isolado e localizado, dividindo o ambiente em solo, ar e água. 8 9 No início da década de 1980, as questões ambientais passariam a ser tratadas de forma integrada e interdependentes e, portanto, as Políticas também deveriam ser tratadas dessa forma. A Legislação Federal sobre as questões ambientais, nessa fase, procura tratar problemas específicos dentro de uma abordagem segmentada do meio ambiente. Em 1981, o Brasil definiu a Política Nacional do Meio Ambiente, por meio da Lei Federal no. 6.938, de 31.08.1981. E, em 1986, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), por meio da Resolução no. 001/86, definiu como deve ser feita a Avaliação de Impactos Ambientais, criando dois instrumentos novos, o Estudo de Impactos Ambientais (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), definindo em que consiste cada um deles e estabelecendo a relação das atividades para as quais sua exigência é obrigatória (BRAGA, 2005). A partir daí, o licenciamento passou a depender da prévia aprovação do EIA/ RIMA, conforme mostram os textos a seguir: Definição do EIA. Relatório técnico, elaborado por equipe multidisciplinar, independente do empreendedor, profissional e tecnicamente habilitada para analisar os aspectos físico, biológico e socioeconômico do ambiente, que, além de atender aos princípios e objetivos da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, deve obedecer às seguintes diretrizes gerais: I. Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto; II. Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e de operação; III. Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afe- tada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, consi- derando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza; e IV. Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação, na área de influência do projeto e sua compatibilidade (inclusive diretrizes específicas e peculiares ao projeto, adicionais, fi- xadas pelo órgão estadual ou, quando couber, municipal, competente. Conteúdo Mínimo do EIA. I. Informações gerais do empreendedor (identificação, histórico, locali- zação etc.); II. Caracterização do empreendimento (objetivos, porte, etapas de im- plantação etc.); III. Área de influência do empreendimento; IV. Diagnóstico ambiental da área de influência – descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existentes, com os meios Físico, Biológico e Socioeconômico; 9 UNIDADE Políticas Públicas Ambientais V. Análise dos impactos e empreendimentos e de suas alternativas – Iden- tificação, Previsão de Magnitude e Importância(permanência, reversi- bilidade, cumulatividade, sinergismo, distribuição social, dos custos e benefícios etc.) dos Impactos relevantes prováveis; VI. Definição de medidas mitigadoras dos Impactos Negativos; e VII. Definição de Programa de Acompanhamento e Monitoramento dos impactos e das medidas mitigadoras através dos fatores e parâmetros ambientais de interesse. Definição do Rima. Relatório-resumo dos estudos do EIA, em linguagem objetiva e acessível para não técnicos, contendo, no mínimo: I. Objetivos e Justificativas do empreendimento; II. Descrição do empreendimento e das alternativas locacionais e tecnológicas existentes (área de influência, matéria-prima, energia, processo, efluentes, resíduos etc.;). III. Síntese dos resultados do diagnóstico ambiental; IV. Descrição dos Impactos Prováveis; V. Caracterização da qualidade ambiental futura; VI. Efeitos esperados das medidas mitigadoras; VII. Programa de acompanhamento e monitoramento; e VIII. Conclusões e recomendações da alternativa mais favorável. Atividades que dependem do EIA/Rima para licenciamento. Depende da elaboração do EIA/Rima, a ser submetido à aprovação do órgão estadual competente e da Secretaria do Meio Ambiente (SMA – Órgão Federal), em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como: I. Estradas de rodagem com 2 ou mais faixas de rolamento; II. Ferrovias; III. Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; IV. Aeroportos; V. Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; VI. Linhas de transmissão de energia elétrica acima de 230 KW; VII. Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como barragem para quaisquer fins hidrelétricos acima de 10 MW, obras de saneamento ou de irrigação de abertura de canais para nave- gação, drenagem e irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos de água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; 10 11 VIII. Extração de Combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); IX. Extração de minério; X. Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxi- cos ou perigosos; XI. Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, com potência instalada acima de 10 MW; XII. Complexo e Unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos, siderúrgicos, químicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hidróbios; XIII. Distritos Industriais e Zonas estritamente industriais (ZEI); XIV. Exploração econômica de madeira ou de lenha, em área acima de 100 ha ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; XV. Projetos urbanísticos, acima de 100 ha ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; XVI. Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia; XVII. Projetos agropecuários que contemplem áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental. Os procedimentos do Estudo de Impactos Ambientais (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) têm sido cada vez mais detalhados e aprimorados. É sem dúvida notável o progresso para assegurar a qualidade ambiental, fruto do esforço da Educação ambiental e Técnico-ambiental abraçadas pelas Universidades e Associações, embora maior rapidez e aperfeiçoamento sejam necessários. A instituição do EIA/RIMA para Licenciamento Ambiental foi um passo impor- tante para garantir a qualidade ambiental e o desenvolvimento socioeconômico; não fosse assim, estaríamos limitados apenas a uma Legislação Ambiental correti- va, que demandava custos insustentáveis. A Gestão Ambiental por meio do EIA/RIMA criou um Mercado de Trabalho de consultoria, projetos etc., propiciando, ainda, a formação de competências técnicas para sua utilização. Com novos enfoques, as Políticas de Gestão ativas e preventivas colocam em cada setor da Economia, de Produção ou de Serviços responsabilidades na cons- trução de processos de Gestão Ambiental adequados às suas atividades, para que atinjam níveis de qualidade ambientais cada vez melhores. Esses níveis poderão ser estabelecidos a partir de absorção pelo empreendedor público ou privado, de Sistema de Gestão Ambiental, de procedimentos e normas de conduta para a redução de impactos ambientais, correlacionados à produção de serviços e produtos de sua atividade econômica, e orientados para a conservação dos recursos naturais e pela sustentabilidade ambiental (PHILIPPI, 2005). 11 UNIDADE Políticas Públicas Ambientais A avaliação dos impactos faz parte, também, das Normas Internacionais de Qualidade Série ISO 14001, adotadas e reguladas como um instrumento de Certificação Ambiental, um selo de qualidade ambiental das operações, produtos e serviços das empresas que possuem o Certificado. Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil A Avaliação de Impacto Ambiental é um instrumento de Política e Gestão Ambiental caracterizado pela exigência de elaboração do EIA e do RIMA, na fase anterior à implantação do empreendimento, ou seja, na fase de estudos de viabilidade técnica e econômica, utilizando essa nova variável, que é o estudo das questões ambientais, para avaliar pelo enfoque ambiental. O processo todo é iniciado com a definição ou não da necessidade da elaboração do EIA e do RIMA pelo Órgão Ambiental, que poderá ser de nível federal, estadual ou municipal; isso vai depender da abrangência do projeto. Em caso afirmativo, ou seja, verificada a necessidade da elaboração, o empreendedor será responsável pela contratação do Estudo e por todos os custos decorrentes do EIA, inclusive do Licenciamento Ambiental. Como já mencionado, a elaboração do EIA-RIMA foi regulamentada pela Resolução 001/86 do CONAMA, que prevê, no Art. 7º., a elaboração, por equipe multidisciplinar independente, com apresentação ao Órgão Ambiental responsável, para que seja solicitada a Licença Ambiental Prévia do empreendimento. As atividades que exigem o EIA e o RIMA estão elencadas no Art. 2º. do CONAMA 001/86, mas outras atividades podem ser adicionadas, se forem consideradas relevantes. Em relação à definição dos estudos ambientais pertinentes em cada caso, deve ser considerada a Resolução CONAMA 237, de 19/12/1997, que dispõe sobre a descentralização da Gestão Ambiental e estabelece as competências e as atividades, objeto de Licenciamento Ambiental (CONAMA, 1997). Depois de elaborado o EIA-RIMA, os documentos devem ser apresentados ao Órgão Ambiental e divulgada formalmente sua apresentação na Imprensa Oficial, disponibilizando-o para as comunidades interessadas. Após a análise técnica pelo Órgão Ambiental, esse emitirá seu parecer com base nas consultas e avaliações, estabelecendo os condicionantes técnicos e as medidas mitigadoras correspondentes aos impactos detectados e, se a decisão for favorável, determinará a implantação do Empreendimento. Uma parte crucial de todo esse processo se dá por meio da participação das comu- nidades e da sociedade interessada nas consequências ambientais do Empreendimento. 12 13 Portanto, dentro do processo de avaliação de impacto ambiental, é obrigatória a divul- gação pública dos pedidos de Licenciamento Ambiental, com referência à elaboração dos estudos, bem como à disponibilidade do RIMA. O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é um relatório que deve ser elaborado em linguagem adequada para a compreensão de todos, resultado do Estudo de Impacto Ambiental de um determinado Empreendimento, utilizado paradivulgar os impactos do Projeto em estudo, das medidas para a mitigação dos impactos e das condições em que se torna viável do ponto de vista ambiental. No processo de Avaliação de Impacto Ambiental, deve ser considerada, também, a realização de Audiências Públicas antes da tomada de decisão pelo Órgão Ambiental competente, para que as comunidades interessadas no Projeto se posicionem. Essa medida também foi regulamentada pela Resolução CONAMA 009, de 03/12/1987. No Brasil, a análise do EIA é submetida à análise dos Conselhos de Meio Ambiente, que são compostos por representantes governamentais e pela sociedade civil organizada em entidades não governamentais. A análise é submetida antes das decisões oficiais do órgão governamental competente. A deliberação do Conselho pode ter peso jurídico e administrativo, dependendo da Legislação Ambiental específica do estado ou do município envolvido. Sendo a Avaliação de Impacto Ambiental um instrumento de caráter preventivo, que deve ser elaborado na fase de planejamento, apresenta como seus principais objetivos subsidiar a decisão entre a escolha e as possíveis alternativas de um Projeto, incluindo a hipótese de não execução; gerenciar as ações do Projeto em todas as suas fases do ponto de vista ambiental e auxiliar o processo de decisão da viabilização do uso dos Recursos Naturais e Econômicos, promovendo o desenvolvimento sustentável. A Avaliação de Impactos envolve muitas variáveis, como procedimentos técnicos científicos, administrativos, políticos e institucionais. Nos técnicos científicos, são utilizados métodos e técnicas em todas as áreas do conhecimento, principalmente, as do meio físico, biótico, social e econômico. No institucional, métodos de planejamento e gestão e toda a Legislação Ambiental, e no campo político, é solicitada a garantia da participação da sociedade no processo de tomada de decisão sobre a realização de projetos que venham a afetar negativamente o ambiente. Nesta Unidade, abordamos aspectos das Políticas Públicas e da Legislação brasileira na avaliação de impactos ambientais. Os temas abordados podem e devem ser aprofundados a partir da Bibliografia citada e também do Material Complementar indicado. 13 UNIDADE Políticas Públicas Ambientais Cada vez mais a Gestão Ambiental é considerada um componente de um pro- cesso bem mais abrangente, no qual é a sustentabilidade das organizações. A Ges- tão Ambiental está diretamente relacionada às tendências que provocam as empre- sas a buscarem formas novas de gestão. As tendências principais são a Gestão da Sustentabilidade Organizacional e a Responsabilidade Social. As organizações consideradas sustentáveis são as que conseguem atingir um bom desempenho econômico aliado ao bom desempenho ambiental e social. O desafio principal para as organizações atingirem a sustentabilidade é encontrar uma nova forma de gestão. A Gestão da Sustentabilidade acontece por meio da gestão das ações ambientais e sociais, gerando novas oportunidades econômicas; tais ações podem acontecer tanto interna quanto externamente à Organização. As ações internas estão baseadas nas preocupações com o aumento da poluição, com o aumento e as formas de consumo e da produção dos resíduos após consumo e criam mecanismos de combate à poluição, com redução de resíduos e emissões provenientes das operações produtivas. O objetivo é melhorar os índices de ecoeficiência, que reduzem os custos e otimizam a gestão da Organização. Externamente, as ações são motivadas pela resposta da sociedade civil e maior transparência; as empresas procuram desenvolver produtos com menores impac- tos ambientais. Essa nova forma de gestão e desenvolvimento de produtos traz para a Organização a melhoria da sua imagem junto à Sociedade e maior legitimi- dade organizacional. As principais motivações para que uma Organização busque a sustentabilidade é a revolução ambiental, a busca pelas tecnologias limpas e a divulgação das marcas das organizações e da ideia socioambiental. Como contrapartida, as organizações podem se beneficiar, também, com o posicionamento favorável da Organização diante de seus concorrentes. Com a adequada gestão da Organização, as ações internas e externas podem criar um valor da Instituição junto aos investidores, além de gerar situações de melhoria nos resultados ambiental e social. Práticas de Gestão Ambiental As organizações podem estar envolvidas com a Gestão Ambiental de diferentes maneiras e em diferentes níveis. Esses diferentes níveis refletem o grau de comprometimento de uma Organização em relação ao meio ambiente e o grau do seu envolvimento quanto ao planejamento, organização e controle dos instrumentos de Gestão Ambiental. 14 15 As muitas práticas operacionais incluem as mudanças nos produtos e sistemas de produção das organizações, que são vitais no rumo da Gestão Ambiental. Po- demos classificar as práticas ambientais em dois grupos: produtos e processos pro- dutivos (Nogueira ,1999). As práticas relacionadas a produtos têm como foco projetar e desenvolver produtos ambientalmente mais adequados. Isso envolve projetos para reduzir a poluição e a toxidade de matérias-primas, com o objetivo de reduzir a quantidade de recursos e diminuir os desperdícios, aumentando a reutilização e a reciclagem. Algumas maneiras operacionais em relação aos produtos são: mudança de materiais poluentes ou tóxicos; alteração do Projeto dos produtos com foco na diminuição do consumo de Recursos Naturais e a redução dos desperdícios no uso dos produtos; redução da geração de resíduos; reutilização e reciclagem, de acordo com a análise do ciclo de vida dos produtos. O desenvolvimento de Produtos com foco na redução de recursos e desperdícios é uma importante prática de Gestão Ambiental e está direcionado a produtos que consumam menos energia, menos água e menos matéria-prima e que possam ser reciclados e reutilizados. Para tanto, é importante a adoção de práticas focadas na ecoeficiência, buscando a diminuição dos impactos ambientais da área de produção e operação das empresas. Para apresentar produtos melhores do ponto de vista ambiental, é necessária a adoção de práticas chamadas de 3 Rs da Gestão Ambiental: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Ferramentas para a Sustentabilidade A perspectiva de uma Empresa sustentável insere na Organização uma raciona- lidade nos processos de produção com a Economia sendo um meio para buscar a justiça social e a distribuição de renda. O pensamento para a atuação empresarial sustentável deve estar pautado no princípio de que os processos produtivos eficien- tes são os que estão diretamente ligados aos benefícios coletivos e aos valores de cidadania corporativa. Nesse novo princípio, são adotadas as dinâmicas ambientais, sociais e econô- micas, nas quais há o estímulo de hábitos conscientes de consumo e produção de bens que não impactam negativamente o meio natural. De forma mais objetiva, para uma Organização se tornar sustentável, entre outras coisas, é necessário alterar suas formas de gestão, minimizando os impactos ao meio ambiente em função de suas atividades e reduzir o consumo de matéria- -prima e energia ao longo do clico de vida de seus produtos e serviços. 15 UNIDADE Políticas Públicas Ambientais No processo de construção da sua sustentabilidade, a Organização deve estabe- lecer uma política em que em todas as suas ações exista a visão de planejamento e de operação em curto, médio e longo prazo. Existem fatores que são fundamentais para se atingir esse objetivo, um deles é a adoção de ferramentas como a ecoefi- ciência, levando a Empresa a uma melhor e maior produção com menor uso de matéria-prima e recursos naturais, atuando de forma mais responsável socialmente (ALMEIDA, 2002). A produção mais Limpa e a Ecoeficiência Entre os conceitosmais presentes nas organizações, estão os de ecoeficiência e de produção mais limpa, que se relacionam e se complementam, fortalecendo os Sistemas de Gestão Ambiental nas empresas. Os objetivos da ecoeficiência e da pro- dução mais limpa é a sustentabilidade, ou seja, conseguir que os recursos naturais se transformem efetivamente em produtos e não gerem resíduos (DIAS, 2015). Ecoeficiência O Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, no informe chamado “Mudando o Curso”, assim definia as empresas ecoeficientes: [...] aquelas empresas que alcancem de forma contínua maiores níveis de eficiência, evitando a contaminação mediante a substituição de materiais, tecnologias e produtos mais limpos e a busca do uso mais eficiente e a recuperação dos recursos através de uma boa gestão. A partir desse momento, o conceito de ecoeficiência vem sendo desenvolvido pelo WBCSD e demais organizações. No primeiro workshop ampliado de ecoeficiência, em 1993, foi elaborada a seguinte definição: A ecoeficiência atinge-se através da oferta de bens e serviços a preços competitivos, que, por um lado, satisfaçam as necessidades humanas e contribuam para a qualidade de vida e, por outro, reduzam progressivamente o impacto ecológico e a intensidade de utilização de recursos ao longo do ciclo de vida, até atingirem um nível, que pelo menos, respeite a capacidade de sustentação estimada para o planeta (DIAS, 2015 apud WBCSD, 2000). O conceito de ecoeficiência engloba três objetivos principais: · Diminuir o consumo de recursos, incluindo a minimização da utilização de energia, dos materiais, da água e do solo com favorecimento da reciclagem e durabilidade do produto no intuito de fechar o ciclo dos materiais; · Diminuir o impacto na natureza, incluindo a redução das emissões gasosas e líquidas, reduzir desperdícios e dispersão das substâncias tóxicas e promover o incentivo da utilização consciente dos recursos renováveis; 16 17 · Melhorar o valor de serviços e produtos, fornecendo mais benefícios aos clientes, oferecendo mais serviços extras, vendendo necessidades funcionais. A ideia de introduzir práticas ecoeficientes está relacionada à melhoria contínua e, por conta disso, é importante ter em mente a capacidade de um Sistema de resistir a diferentes impactos ambientais. A ecoeficiência se alcança pela entrega de produtos e serviços com preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e melhorem a qualidade de vida, ao mesmo tempo em que seus impactos ecológicos são reduzidos a um nível equivalente à capacidade de carga do Planeta (ALMEIDA, 2002). A ecoeficiência faz a junção do desempenho econômico com o desempenho ambiental, com o intuito de criar valores com um menor impacto ambiental. O uso demasiado dos Recursos Naturais desequilibra o Sistema Econômico e Socioambiental. Uma forma de fazer a avaliação da implantação de sistema de sustentabilidade é avaliando a quantidade de resíduos gerados ao longo da linha de produção e serviços, haja vista que a ecoeficiência promove a mudança dos fluxos de material, como a customização de produtos, reduzindo o desperdício, pois os recursos in- desejados pelo consumidor deixam de ser produzidos. Essa estratégia “verde” de produção alinha naturalmente a Gestão da Qualidade, a Gestão da Sustentabilidade e a Gestão Estratégica Empresarial com a Gestão do Conhecimento, ferramentas fundamentais para o empresariado do século XXI (LEAL, 2009). Para alcançar a ecoeficiência, as empresas precisam traçar estratégias de Gestão Ambiental nas quais aspectos ambientais são considerados no ciclo de vida dos seus produtos e serviços, no sentido de unir a excelência ambiental com a empresarial. Para implantar esse Sistema de Gestão na Empresa, algumas práticas devem ser consideradas, como: reduzir o consumo de energia com bens e serviços; reduzir o consumo de materiais com bens e serviços; reduzir a emissão de substâncias tóxicas; aumentar a reciclagem de materiais; maximizar o uso de recursos renováveis; prolongar a durabilidade dos produtos e agregar valor aos bens e serviços. Figura 1 – Etapas de Ecoe� ciência. Início: Decisão de implan- tação\Diagnóstico Estratégias/ sensibilização & Alinhamento organizacional Plano Estratégico & Indicadores Plano de Ação/ Certicação Gestão dos Indicadores/ Monitoramento Gestão da Ecoeciência Etapas de Ecoeciência Fonte: Adaptada de iStock/Getty Images. 17 UNIDADE Políticas Públicas Ambientais Considerações Finais Dentro do conhecimento apresentado ao longo da Unidade, foram vistos exemplos aplicáveis à área de Avaliação de Impacto Ambiental. Esperamos ter atingido o objetivo para a formação de novos profissionais conscientes e preparados nesse campo tão vasto que é o meio ambiente. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Sacolas Plásticas e Políticas Públicas - Ministério do Meio Ambiente https://youtu.be/AEeENr60upg Politicas Ambientais | DEScomplicando https://youtu.be/ZWWqgOmnTZQ Leitura Sustentabilidade Ambiental das Organizações através da Produção mais limpa ou pela Avaliação do Ciclo de Vida HINZ, R.T.P.; VALENTINA, L.V.D; FRANCO, A.C. Sustentabilidade ambiental das organizações através da produção mais limpa ou pela avaliação do ciclo de vida. Estudos tecnológicos, v.2, n.2, p.91-98, jul/dez. 2006. https://goo.gl/lxaxNb 19 UNIDADE Políticas Públicas Ambientais Referências ALMEIDA, J. A problemática do desenvolvimento sustentável. In: BECKER, Dinizar F. (org.) Desenvolvimento sustentável: necessidade e/ou possibilidade. 3.ed. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2002. BARBIERI, J. C.; CAJAZEIRA, J. E. R. Responsabilidade social e empresarial e empresa sustentável – da teoria à prática. São Paulo: Saraiva, 2012. BRAGA, B. et al. Introdução Engenharia Ambiental. 2.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. BRASIL; CONAMA et al. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução Cona- ma, v. 237, p. 97, 1997. LUTOSA, Maria Cecília J.; YOUNG, Carlos Eduardo F. Política Ambiental. In: KUPFER, David; HASENCLEVER, Lia. Economia Industrial: Fundamentos Teóricos e Práticos no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2002. Cap. 24, p. 569-90. NOGUEIRA, Jorge Madeira; PEREIRA, Romilson R. Critérios e Análise Econômi- cos na Escolha de Politicas Ambientais. Brasília: ECO-NEPAMA, 1999. PEREIRA, A. C.; SILVA, G. Z.; CARBONARI, M. E. E. Sustentabilidade, responsabilidade social e meio ambiente. São Paulo: Saraiva, 2011. PHILLIPHI, A. et. al. Curso de Gestão Ambiental. Barueri: Manole, 2004. SÁNCHEZ, L. E. 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