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Lógica Jurídica

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1 
 
CONTEÚDO N2 DE LÓGICA JURÍDICA 
I - Lógica Proposional – Tabela da Verdade 
1. PROPOSIÇÕES – FRASES DECLARATIVAS DE SENTENÇAS FECHADAS. 
Já vimos que frases são todos os enunciados que possuem sentido. Existem frases declarativas, interrogativas 
(perguntas), imperativas (ordens) e exclamativas (emoções). Mas apenas frases declarativas podem 
representar proposições e podem ser classificadas em verdadeiras ou falsas, as demais não. 
Proposições são frases declarativas que podem ser classificadas em verdadeiras e falsas. 
Exemplo: Florianópolis é a capital do Brasil. (Não é uma frase verdadeira, mas é declarativa) 
Fernando é engenheiro. (Alguém que conheça o Fernando saberá afirmar se é verdadeira ou falsa) 
Sentenças paradoxais são declarações aparentemente verdadeiras, que leva a uma contradição lógica, ou a 
uma situação que contradiz a intuição comum. Elas não são proposições, porque não consigo dizer se são 
verdadeiras e falsas. 
Exemplo: “A frase dentro destas aspas é mentira.” Só sei que nada sei. 
As sentenças podem ser abertas ou fechadas. Sentenças abertas: São aquelas que possuem algum grau de 
indeterminação. Elas não são proposições. Exemplo: Ele é ex-presidente do Figueirense. Sentenças 
fechadas: São aquelas que não possuem algum grau de indeterminação Exemplo: Adelaide Albergaria é a 
Coordenadora do Curso de Direito da USF de Campi Campinas (sentença fechada e verdadeira) Adelaide 
Albergaria é a Diretora de Campi Campinas (Sentença fechada e falsa). 
Resumindo Apenas frases declarativas de sentenças fechadas são proposições! 
2. CONECTIVOS: são as ligações que existem entre as proposições, quando existe mais de uma 
proposição associada. Podem ser: 
 
a) CONJUNÇÃO: “e” símbolo ^ - associado a intersecção dos conjuntos. 
Exemplo: 
2 é par e 3 é impar. Gisele é advogada e Gisele é professora. 
b) DISJUNÇÃO INCLUSIVA: “ou” símbolo v – associação a operação união de conjuntos: 
Exemplo: 
4 é par ou 5 é impar. Gisele é advogada ou Gisele é professora. 
c) DISJUNÇÃO EXCLUSIVA: “ou”, “ou” símbolo v 
Exemplo: Ou 6 é par ou 7 é impar. Ou Gisele é advogada ou Gisele é professora. 
d) CONDICIONAL: “se” “então” símbolo → 
Exemplo: Se 2 é par então 3 é impar. 
- BICONDICIONAL: “se” e “somente se” símbolo ↔ 
Exemplo: 2 é par se e somente se 7 é ímpar. Se Gisele é formada em Direito e somente se aprovada na OAB 
é advogada. 
e) EQUIVALÊNCIA: igualdade, quanto símbolo p ≡ q 
Não denunciar o crime é tão grave quanto contribuir para a concretização do crime. Atenção! O que importa 
é a fórmula dos conectivos...sempre! 
2 
 
2.1 CONJUNÇÃO: “e” símbolo ^ 
Exemplo: 
Queremos um funcionário que fale inglês e fale espanhol. 
Eleitor precisa ser brasileiro e maior de 16 anos. 
1ª. Proposição p – fale inglês 
2ª. Proposição q – fale espanhol 
CONJUNÇÃO “e” ^ 
P Q P ^ Q 
V V V 
V F F 
F V F 
F F F 
 
Exemplos: 
2 é par e 5 é par = V + F = F 
6 é impar e 4 é par = F + V = F 
5 ≥ 7 e 8 ≤ 6 = V + V = V 
 
2.2. DISJUNÇÃO INCLUSIVA: “ou” símbolo v 
Queremos um funcionário que fale inglês ou fale espanhol. 
Para ser eleitor precisa ser brasileiro ou maior de 16 anos. 
1ª. Proposição p – fale inglês 
2ª. Proposição q – fale espanhol 
 
P Q P v Q 
V V V 
V F V 
F V V 
F F F 
 
Brasil é um país ou a Argentina é uma cidade = V + F = V 
Brasília é a capital do Brasil ou Tóquio é capital do Japão = V + V = V 
Porto Alegre é a Capital de Santa Catarina ou Campinas é a Capital de São Paulo = F + F = F 
 
 
 
3 
 
2.3 DISJUNÇÃO EXCLUSIVA: “ou”, “ou” símbolo v 
Fábio possui R$ 10.000,00 e precisa tomar uma decisão ou trocar de carro ou reformar a casa. 
 
Atenção! Não pode fazer as duas coisas! 
1ª. Proposição p – ou trocar de carro 
2ª. Proposição q – ou reformar a casa. 
P Q P v Q 
 
V V F 
V F V 
F V V 
F F F 
 
2.4. CONDICIONAL: “se” “então” símbolo → 
Se João nasceu em Brasília, então é brasileiro. 
1ª. Proposição p – Se João nasceu em Brasília 
2ª. Proposição q – então é brasileiro 
P Q P →Q 
 
V V V 
V F F** 
F V V* 
F F V* 
* pode acontecer de não nascer em Brasília é ser brasileiro 
**Se você me ama então...Vamos Fazer um Filho 
 
2.5. - BICONDICIONAL: “se” e “somente se” símbolo ↔ 
Vou me casar, se e somente se conseguir emprego. 
Vou me formar, se e somente se eu for aprovado em Lógica. 
1ª. Proposição p – vou me casar se e somente se 
2ª. Proposição q – conseguir emprego. 
P Q P ↔ Q 
 
V V V 
V F F 
F V F 
F F V 
 
É VERDADEIRO QUANDO AS PROPOSIÇÕES SÃO IGUAIS. 
4 
 
2.6 EQUIVALÊNCIA símbolo p ≡ q 
 
P Q P ≡ Q 
V V V 
V F F 
F V F 
F F V 
 
Simbologia 
- CONJUNÇÃO p ^ q 
- DISJUNÇÃO INCLUSIVA: p v q 
- DISJUNÇÃO EXCLUSIVA: p v q. 
- CONDICIONAL ou IMPLICAÇÃO: p → q 
- BICONDICIONAL: p ↔ q 
- EQUIVALÊNCIA: p ≡ q 
 
 
3. NEGAÇÃO DE UMA PROPOSIÇÃO ~ OU ┐ 
 
Sempre que uma proposição p for verdadeira, sua negação será ~ p 
 
P : 2 é par - verdadeira 
Negação : 2 não é par – falsa 
 
Sempre que uma proposição p for falsa, sua negação será ~ p será verdadeira 
P ~P 
V F 
F V 
 
 
Resumindo: como não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo, quando a proposição for verdadeira a 
sua negação é falsa e vice-versa. 
 
 
 
 
 
 
5 
 
LÓGICA JURÍDICA 
 
 
O DIREITO COMO UM SISTEMA LÓGICO 
 
Quando um físico, biólogo ou sociólogo estabelece relação ente dois dados pertinentes ao seu 
objeto de estudos, tomam um deles como causa do outro. Estabelecem assim uma relação de 
causalidade em que um dado, o antecedente, tem o efeito de produzir o do consequente. Eles 
estabelecem uma relação de necessidade ou probabilidade. 
 
O conectivo: a partícula linguística utilizada para conectar, ligar o antecedente ao consequente de 
que se valem esses cientistas é o verbo ser. 
 
Dado o antecedente, será o consequente. (água aquecida,) 
 
Os estudiosos das normas jurídicas não estabelecem uma relação de causalidade entre os dados 
emergentes de seu objeto, mas uma relação de natureza diversa. Para eles o dado que figura como 
antecedente não pode ser considerado causa do dado consequente. 
Os estudiosos das normas formulam proposições em que o antecedente é ligado ao consequente por 
um conectivo diferente: o verbo composto dever ser. A relação estabelecida não é de causalidade, 
mas de imputação. (homicídio – pena de reclusão, aborto, a punição não é causada pelo crime). 
 
Em termos estruturais, dado o antecedente, deverá ser o consequente. 
 
Para eles o dado que figura como antecedente não pode ser considerado causa do dado consequente. 
Diferença fundamental entre os cientistas de causas e de normas. 
 
P – antecedente 
 
Q - consequente 
 
O pensamento formulado pelos cientistas causais é p segue q (implicação causal) 
 
Relação no campo dos enunciados verbais possíveis de serem falsos ou verdadeiros) 
 
O pensamento formulado pelos estudiosos das normas é q deve seguir p (imputativa – atribuição) 
Relação no campo do saber deôntico. 
 
O verbo composto dever ser é, assim, o conectivo deôntico, que serve de ligação entre o 
antecedente e o consequente de uma relação imputativa. 
 
A natureza do dever ser é complexa,(fato empírico da vontade, expressão, etc) então existe uma 
lógica no Direito? Se é diversa deveria existir um lógica especificamente deôntica? 
 
A palavra deôntico tem sua origem na palavra grega DEON (o que é obrigatório). Deôntico se 
refere ao princípio da obrigação e da permissão. A natureza do dever ser é complexa. Porque 
deontologia envolve escolhas moralmente necessárias, proibidasou permitidas. Elas orientam 
nossas escolhas sobre o que deve ser feito. 
 
O ordenamento jurídico tem caráter deôntico. Vamos analisar se o Direito é lógico. Existe 
logicidade no Direito? 
 
6 
 
 
MODAIS DEÔNTICOS 
 
As normas podem ser: 
 
1. Costumeiras (reflete uma conduta) 
 
2. Morais (conduta e mudança interior) 
 
3. Jurídicas (pressão social a partir do Direito, com penalidade civil aplicável as pessoas ou ao ato – 
relação de imputação). É um comando dirigido as ações dos indivíduos, é uma regra que serve para 
regular as ações ou comportamentos de alguém em suas relações sociais. 
 
A norma jurídica opera com três modais deônticos (modelo de moral – dever-ser): 
 
Modal de Proibição (V) - Modal de Obrigatoriedade (O) - Modal de Permissão (P) 
 
Para enunciados que vedam, proíbem determinado comportamento é V(p). Normas de “é proibido 
fumar.... 
 
Para enunciados que obrigam determinado comportamento é O(p). Normas de “é obrigatório... uso 
de trajes. 
 
Para enunciados que permitem comportamento é P (p). Normas de “ é facultado.... 
 
Então teremos modais deônticos (V,O, P). 
 
O símbolo ~ significa negação (~O) não-obrigar, (~ V) não vedar (~P) não permitir. 
 
As normas jurídicas para um mesmo fato podem ser aplicados todos os modais deônticos. Exemplo: 
 
Clara pode se casar – Permissão. 
É obrigatório que Clara seja maior de idade para se casar, ou que tenha autorização. – Obrigação 
É proibido que Clara se case com o seu irmão – Proibição. 
 
E isto porque OBRIGAR a uma conduta é o mesmo que PROIBIR a conduta oposta. 
 
Veja, obrigar o pagamento de uma taxa é o mesmo que proibir não pagar a taxa, e assim por diante. 
Por isso os modais apresentam equivalências, com a seguinte simbologia: 
 
 
Vejam a ligação entre esses modais, as equivalências. 
 
O (p) Obrigar a fazer = V (~p) Proibir não fazer =~P (~p) Não permitir não fazer 
V (p) Proibir de fazer = O (~p) Obrigar não fazer = ~P (p) Não permitir fazer 
P (p) Permitir fazer = ~O (~p) Não obrigar a não fazer = ~V (p) Não proibir fazer 
P (~p) Permitir não fazer = ~O (p) Não obrigar fazer = ~V (~p) Não proibir não fazer. 
 
 
Assim: 
 
Permitir o comportamento equivale a não obrigar o mesmo comportamento. 
7 
 
 
No quadro de oposição lógica-deôntica, na posição A, encontra-se a prescrição afirmativa universal 
(TODOS DEVEM FAZER P) – OBRIGATORIEDADE DE COMPORTAMENTO – O (p) 
 
Na posição E a prescrição de universal negativa (TODOS DEVEM NÃO FAZER P, ou melhor 
NINGUÉM DEVE FAZER P) – PROIBIÇÕ DE COMPORTAMENTO O (~p) 
 
Na posição I de afirmativa particular (NEM TODOS DEVEM FAZER P) – FORMA DE 
PERMISSÃO ~O (~p). 
 
Na posição O negativa particular (NEM TODOS NÃO DEVEM FAZER P) – FORMA DE 
PERMISSÃO.~O (p). 
 
QUADRO DE OPOSIÇÃO LÓGICA DEÔNTICA 
 
 
 
 
A SUPERAÇÃO DAS ANTINOMIAS 
 
Para Bobbio, haverá antinomia quando duas proposições não puderem ser válidas simultaneamente, 
havendo incompatibilidade entre comandos. Para Maria Helena Diniz a antinomia é a presença de 
duas normas conflitantes, sem que se possa saber qual delas deverá ser aplicada ao caso singular. 
 
Há antinomias, então, em três situações: 
 
1) Quando uma norma obriga certo ato e outra proíbe(normas contrárias). Lembre-se! Normas 
contrárias não podem ser ambas verdadeiras, mas podem ser ambas falsas. 
 
2) Quando uma norma obriga certo ato e outra permite a sua abstenção(normas contraditórias). 
Lembre-se! Normas contraditórias não podem ser verdadeiras e falsas ao mesmo tempo. 
 
3) Quando uma norma proíbe certo ato e outra permite(normas contraditórias) 
 
Adotando o critério formal de incompatibilidade proposto por Bobbio na obra Teoria do 
Ordenamento Jurídico, duas proposições representadas no quadro estarão em conflito quando não 
puderem ser ambas verdadeiras. Vale dizer, a verdade de uma requer a falsidade de uma e vice-
versa. Se não há possibilidade de duas proposições jurídicas serem simultaneamente verdadeiras, 
quer dizer que são incompatíveis entre si. Aceitando-se que a incompatibilidade entre proposições 
8 
 
jurídicas reflete a incompatibilidade entre as normas descritas, nos casos em que houve 
impossibilidade de existirem duas proposições verdadeiras estarão indicando, reflexamente, os 
casos de antinomia. 
 
 
Tabela: CONTRÁRIAS 
 
O (p) 
OBRIGATÓRIO 
 
V (p) 
PROIBIDO 
V 
 
F 
F 
 
V ou F 
 
Tabela: CONTRADITÓRIAS 
 
 
 
O (p) 
OBRIGATÓRIO 
 
~O (p) 
NÃO- OBRIGATÓRIO 
 
V 
 
F 
F 
 
V 
 
 
 
V (p) 
PROIBIDO 
P(p) 
PERMITIDO 
 
V 
 
 
F 
 
F 
 
 
V 
 
 
Três critérios são aceitos para eliminação das antinomias aparentes: 
 
 a) Critério Cronológico: norma posterior prevalece sobre norma anterior. 
 b) Critério Hierárquico: norma superior prevalece sobre norma inferior. 
 c) Critério da Especialidade: Norma especial prevalece sobre norma geral. 
 
ATENÇÃO e quando os critérios forem insuficientes? 
 
Antinomias de Segundo Grau: Ocorre quando a incompatibilidade existe não somente entre 
normas, mas também entre critérios de superação. 
 
9 
 
No conflito entre critério cronológico e hierárquico prevalece o hierárquico (exemplo A). No 
conflito entre o critério cronológico e o da especialidade, prevalece o da especialidade (exemplo B). 
No conflito entre o critério da hierarquia e o da especialidade, não existe meio seguro para a solução 
do conflito (exemplo C). O critério da hierarquia decorre do valor segurança e o da especialidade é 
imposição da justiça. 
 
Exemplo A: norma A posterior e inferior x norma B anterior e superior 
 
Exemplo B: norma A posterior e geral x norma B anterior e especial. 
 
Exemplo C: norma A inferior e especial x norma B superior e geral. 
 
 
 
E no caso de “ANTINOMIA REAL” que é o conflito entre duas normas, editadas ao mesmo tempo, 
de mesma hierarquia e mesmo âmbito de incidência → as duas serão igualmente válidos, podendo 
se optar por qualquer delas. 
 
A questão é como eliminar a incompatibilidade? Diferentemente do que ocorre com os critérios de 
superação das antinomias aparentes, não há uma ordem de prevalência entre eliminar uma das 
normas conflitantes e aplicar o restante, eliminar todas as normas e não aplicar nenhuma delas ou, 
por fim, criar uma terceira norma (que no Brasil é proibido). Ficará ao encargo do intérprete a tarefa 
de indicar qual o melhor rumo a se tomar de acordo com as peculiaridades da situação concreta. 
 
 
Obs.: A Constituição sempre prevalece, no caso de soluções de conflitos entre critérios. 
 
Exemplos de Antinomias reais 
 
 
J-SP - Agravo de Instrumento AI 01058534720138260000 SP 0105853-47.2013.8.26.0000 (TJ-SP) 
Data de publicação: 05/12/2013 
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO Pretensão de que o agravado retire vídeo postado no portal youtube 
e em sua página no facebook, fazendo referências supostamente injuriosas ao agravante, como Presidente 
da Câmara Municipal da localidade - Indeferimento da liminar Confirmação Antinomia real entre princípios 
constitucionais de direitos de personalidade e liberdade de manifestação e expressão, com preponderância, 
por ora, da liberdade de manifestação do agravado - Excessos que, se efetivamente verificados, poderão 
ser resolvidos em perdas e danos Recurso não provido. 
 
TJ-PE - Agravo AGV 2978441 PE (TJ-PE) 
Data de publicação: 06/03/2014 
Ementa: DIREITO CIVIL. LEI 8.078 /1990. RECURSO DE AGRAVO. DANO MATERIAL E MORAL. 
DIÁLOGO DAS FONTES - ART. 734 , CC/02 C/C ART. 14 , CDC 
. ANTINOMIAJURÍDICA. NORMAS CONFLITANTES. CÓDIGO AERONÁUTICO BRASILEIRO ESBARRA 
NA LEI 8.078 /1990. PREVALÊNCIA DA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA - COMPETENTE PARA O CASO 
EM EXAME. ENTENDIMENTO CONSOLIDADO PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DANO 
MORAL. VALOR PROPORCIONAL E RAZOÁVEL. RECURSO IMPROVIDO. 1 - Decisão de piso condenou 
a empresa aérea recorrente a pagar à autora/agravada, a título de danos materiais a quantia de R$ 
16.422,00 (dezesseis mil quatrocentos e vinte dois reais), e a título de danos morais o valor de R$ 
10.000,00 (dez mil reais); 2 - Em sede de Apelação fora negado seguimento ao recurso, tendo em vista se 
encontrar em dissonância ao entendimento pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça; 3 - Recurso de 
10 
 
Agravo atacando todos os pontos da decisão terminativa, trazendo entendimento de que necessário se faz 
aplicar o Código Aeronáutico Brasileiro. Todavia, é cristalino que há uma relação de consumo entre 
passageiro e empresa aérea, aplicando-se, pois, a Lei 8.078 /1990, em seu art. 6º , VI e VIII , o qual 
consagra o princípio da reparação integral de danos, pelo qual tem direito o consumidor ao ressarcimento 
integral pelos prejuízos materiais e morais causados pelo fornecimento de produtos, prestação de serviços 
ou má informação a eles relacionados, devendo ser facilitada a tutela dos seus direitos. 4 - Através do 
Diálogo das fontes entre o Código Civil e Código de Defesa do Consumidor , necessário se faz transcrever a 
exegese dos arts. 734, e seu par. único c/c art. 14 , do CDC . "art. 734. O transportador responde pelos 
danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula 
qualquer cláusula excludente da responsabilidade" ; "art. 734, par. único. É lícito ao transportador exigir a 
declaração do valor da bagagem a fim de fixar o limite da indenização" ; "Art. 14. O fornecedor de serviços 
responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou 
inadequadas sobre sua fruição e riscos."; 5 - Indenização arbitrada conforme os princípios da 
proporcionalidade e razoabilidade; 6 - Ausência de argumento novo capaz de afastar os fundamentos 
defendidos na decisão terminativa agravada; 5 - Recurso improvido. À unanimidade.. 
 
STF - HABEAS CORPUS HC 68793 RJ (STF) 
Data de publicação: 06/06/1997 
Ementa: - "Habeas corpus". Crime de quadrilha ou bando. Interpretação dos artigos 8º e 10 da Lei nº 8.072 , de 25 de 
julho de 1990. - Quando há choque entre dois dispositivos de uma mesma lei, a antinomia não pode ser resolvida pelos 
critérios da hierarquia ou da sucessividade no tempo, porque esses critérios pressupõem a existência de duas leis 
diversas, uma hierarquicamente superior à outra, ou esta posterior à primeira. Nesse caso, que é o de mais difícil 
solução, o que é preciso verificar é se a antinomia entre os dois textos da mesma hierarquia e vigentes ao mesmo tempo 
é uma antinomia aparente, e, portanto, solúvel, ou se é uma antinomia real, e, conseqüentemente, insolúvel. 
A antinomia aparente é aquela que permite a conciliação entre os dispositivos antinômicos, ainda que pelo que se 
denomina "interpretação corretiva", ao passo que a antinomia real é aquela que, de forma alguma, permite essa 
conciliação, daí decorrendo a necessidade de se adotar a chamada "interpretação abrogante", pela qual ou o intérprete 
elimina uma das normas contraditórias (ab-rogação simples) ou elimina as duas normas contrárias (ab-rogação dupla). 
Dessas três soluções, a que deve ser preferida - só sendo afastável quando de forma alguma possa ser utilizada - é a 
interpretação corretiva, que conserva ambas as normas incompatíveis por meio de interpretação que se ajuste ao espírito 
da lei e que corrija a incompatibilidade, eliminando-a pela introdução de leve ou de parcial modificação no texto da lei. 
No caso, a interpretação corretiva é perfeitamente aplicável. Com efeito, atendendo-se a que o artigo 8º da Lei nº 8.072 
/90 se dirige à pena e a que o artigo 10 dessa mesma Lei tem inequivocamente como em vigor o tipo delituoso previsto 
no artigo 14 da Lei nº 6.368 /76, a forma de afastar-se a interpretação ab-rogante - que só deve ser utilizada no caso 
extremo de inconciliabilidade absoluta - será a da conciliação sistemática, mediante a interpretação restritiva de ambos 
os dispositivos, deixando ao primeiro a fixação da pena inclusive para a quadrilha que se forma para a prática de crime 
de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e ao segundo a especialização do tipo do crime de quadrilha com essa 
finalidade. "Habeas corpus" indeferido.... 
 
 
 
PARA CONSTITUIR UM SISTEMA JURÍDICO LÓGICO 
 
A lógica não é um instrumento de ampliação do conhecimento, mas de organização do raciocínio, 
ligação de ideias um como premissas das outras, com estrita observância de determinadas regras 
estabelecidas pela própria lógica (o princípio da identidade, do terceiro excluído, as regra de 
validade do silogismo, etc). 
 
O Sistema Jurídico será lógico se obedece aos princípios da identidade, da não contradição e 
do terceiro excluído, ou seja, deve ser unitário, consistente e completo. 
 
11 
 
Será unitário se for fiel aos seus conceitos: o que é, é – Princípio da Identidade. 
 
Será consistente se possui proposição compatível entre si, sem antinomias, dentro do mesmo 
sistema – Princípio da não contradição. 
 
Antinomia é o conflito entre normas do mesmo ordenamento 
 
Será completo se o sistema for integrado ou por uma proposição ou pela sua contraditória, 
pois a ausência de ambas tornará os sistemas lacunosos, incompletos – Princípio do Terceiro 
Excluído. 
 
 
LACUNAS 
 
Significa a ausência de uma regra determinada, que seria de se esperar no contexto global daquele 
sistema jurídico. As lacunas são definidas como a ausência de lei para um caso concreto. Os 
legisladores não podem prever todas as condutas, como resolver os casos não previstos? Exemplo 
dos crimes de informática? 
 
O Brasil consagra a regra da analogia, apelos aos costumes e aos princípios gerais de direito como 
forma de decidir pendências para as quais inexistia norma específica (art. 4 da Lei de Introdução do 
Código Civil) 
 
“Art. 4º do Decreto-Lei 4.657/42 (LICC) – Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os 
costumes e os princípios gerais de direito” 
“Art. 126 do CPC. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No 
julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos 
princípios gerais de direito” 
 
Mas a possibilidade de ter lacunas compromete o caráter lógico, porque transgrediu princípio do 
terceiro excluído (deve conter o enunciado ou seu contraditório, uma norma que sancione ou não 
sancione) V (p) ou P (p). 
 
Para Fábio Ulhôa Coelho, na obra Roteiro de Lógica Jurídica, existem maneiras de resolver isso: 
 
1. progressividade do processo legislativo, aperfeiçoamento da técnica legislativa. 
 
2. condições lógicas do direito, que é inafastável a imprevisibilidade relativa das ações 
humanas, sempre haverá uma margem de casos não previstos. A corrente que acredita na 
existência das lacunas parte do pressuposto que o direito é um sistema aberto, em constante 
adaptação, sendo que o legislador não tem condições de prever tudo o que pode acontecer. 
Uma ordem jurídica completa e exaustiva seria pura quimera. 
 
Estudiosa no assunto, Maria Helena Diniz (2002) afirma que a existência de lacunas no direito é 
uma realidade inquestionável. 
 
 
3. negar a existência de lacunas noordenamento jurídico, destacam-se a escola da exegese e o 
positivismo jurídico, como Hans Kelsen. Para Kelsen defender a logicidade e completude do 
Direito ele nega a existência de lacunas, afirmava ser a lacuna uma ficção jurídica. 
12 
 
Explicava o doutrinador que, se determinada queixa não encontrava resposta num preceito 
do ordenamento, isto significava que, a priori, tal questão era irrelevante ao direito, uma vez 
que via este como um todo ordenado, fechado e completo. 
 
Kelsen foi um grande e importante filósofo austríaco e pensador jurídico do século XX, responsável 
pela obra “Teoria Pura do Direito” que não permitia o estudo das relações entre normas jurídicas e 
os valores sociais. A Ciência do Direito não deveria considerar qualquer tipo de valor, ou mesmo de 
Justiça, com grande preocupação com a lógica do Direito. 
 
A norma jurídica pode ser válida ou inválida, não verdadeira ou falsa. Para Kelsen a validade 
está condicionada a dois fatores: eficácia e autoridade competente. Ele não se importa com o 
conteúdo. 
 
Dizia Kelsen que o juiz, ao recusar a demanda sob a alegação de que não havia norma aplicável, de 
fato aplicava o direito vigente, pois ninguém deve se sentir obrigado a proceder conforme 
determinada conduta se esta não lhe é exigida pelo direito posto. Ou seja, haveria uma regra, 
negativa, afirmando ser a pretensão juridicamente irrelevante. 
 
Entretanto, admitia Kelsen que o juiz, ao se deparar com uma lide cuja solução não fora prevista 
pelo ordenamento, podia considerar que simplesmente ignorá-la o faria compactuar com uma 
situação injusta, quando acreditasse na pertinência do pedido. 
 
Assim, reconhecia ao juiz a premissa de agir como legislador para o caso concreto quando a lei 
fosse omissa, sem que com isso estivesse reconhecendo a incompletude do ordenamento. Na 
verdade, tratar-se-ia de um acréscimo ao direito efetivamente válido, uma vez que a norma criada 
para o caso concreto não encontraria correspondente genérica. Todavia, deve-se frisar que o juiz 
poderia se ater ao direito positivo e recusar a demanda porque ele vai encontrar a norma e vai 
encontrar uma solução e dar a decisão. Exemplo da barriga de aluguel o contrato é nulo. 
 
Portanto, a decisão de estipular nova norma para o caso in concreto, segundo Kelsen reputava-se 
uma decisão política, fruto da inadequação da solução jurídica proposta pelo ordenamento vigente 
(qual seja, a ignorância do fato). Dessa forma, seria sempre possível discutir qual a resposta mais 
justo dada certo conflito, mas este diálogo teria lugar fora do âmbito da ciência jurídica, estando 
reservado à política do direito. 
 
 
O SISTEMA JURÍDICO E A CRÍTICA AO PENSAMENTO KELSIANO 
 
Fábio Ulhôa Coelho critica o pensamento kelsiano. Para Kelsen as normas são formulações das 
autoridades competentes, a lei se encontraria na vontade do legislador que a aprovou. 
 
Para Ulhôa as normas jurídicas residem na cabeça da “comunidade jurídica” e não somente na 
cabeça do legislador. 
 
– “Comunidade jurídica” são todos aqueles que conhecem o conteúdo da norma e não somente 
o profissional do direito. 
 
– Norma jurídica, desta forma, é tudo aquilo o que pensam sobre ela, devendo, assim, ser 
superada a diferença entre norma e proposição, porque as proposições estão sendo colocadas dentro 
dos códigos. 
 
Ulhôa na verdade destaca a construção do entendimento jurídico pelas doutrinas. 
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O PAPEL DA LÓGICA NO DIREITO 
 
A Congruência Pseudológica do Direito 
 
– A possibilidade de antinomias reais (não-contradição) e de lacunas(terceiro excluído), fazem 
com que o Direito não seja lógico, porém, deve-se admitir que também não seja aleatório. 
 
– O Direito possui natureza diversa: é pseudológico. Lógico na aparência. 
 
Se existe antinomia (conflitos entre normas – o não respeito ao princípio da contradição) e lacunas 
(inexistência de lei – o não respeito ao princípio do terceiro excluído), o Direito é lógico? 
Não... é pseudológico! Por que ele vai se valer da retórica e do convencimento jurídico. 
 
I ) DIREITO E RETÓRICA 
 
– Chain Perelman recuperar o pensamento Aristotélico, ao dizer que o raciocínio jurídico tem 
natureza argumentativa, pois suas premissas não são dadas, mas sim escolhidas pelo orador, que as 
elege, procurando compartilhá-las com o auditório, usando a retórica. Retórica é 
escolha(argumentos). 
– Retórico é conjunto de técnicas comunicativas, pelos quais se busca o convencimento ao 
interlocutor. 
– O interlocutor do advogado, ao promotor e do procurador é o juiz. O interlocutor do juiz é a 
sociedade, que busca segurança nas suas decisões. O interlocutor do doutrinador é a Comunidade 
Jurídica. 
 
II) O CONVENCIMENTO JURÍDICO 
 
– É uma interação comunicativa que une orador e interlocutor através de uma mensagem. 
 
– É o interlocutor passa a compartilhar da mensagem emanada do orador, não se limitando a 
entender ou aceitar, mas adotando a mensagem como se fosse sua. 
 
– O processo de convencimento pode ser desdobrado em três: a)Identidade ideológica; 
b)Mobilização das emoções; c) Intercâmbio intelectual. 
 
II.a) A IDENTIDADE IDEOLÓGICA 
 
– “IDEOLOGIA” é um sistema de ideias sobre a sociedade, a maneira pela qual a pessoa 
entende a relação entre os homens, sua visão do mundo, seus valores. 
 
– “Identidade Ideológica” é o processo pelo qual o orador transmite ao interlocutor a 
informação de que a sua mensagem não incompatibiliza com a ideologia deste último. 
 
– Se o interlocutor se perceber ideologicamente identificado com o orador, isto é, se ambos 
compartilham da mesma visão do mundo ( no que diz respeito aquela mensagem), será mais 
receptivo ao discurso. Ao contrario, será menos receptivo, menos aberto ao discurso. 
 
ATENÇÃO: O profissional do Direito não deve renunciar aos seus valores, adulterando a sua 
ideologia para convencer o interlocutor. Deve sopesar o quanto falta de identidade ideológica e 
procurar compensar esse desequilíbrio com outros recursos retóricos. Por isso, é conveniente 
sopesar em que terreno se trava o embate argumentativo. 
 
14 
 
ATENÇÃO II: Nenhuma ideologia se sustenta sem um substrato pseudológico, pois mesmo que 
não seja verdadeira, deve ser dotada de coerência interna, “foi assim com o nazismo, com o aparteid 
ou com Jim Jhones”. 
 
ATENÇÃO III: Nenhum profissional do Direito deve deixar explicitado o desenrolar do processo 
de identificação ideológica, sob pena de frustrar o seu convencimento. 
 
II.b) A MOBILIZAÇÃO DAS EMOÇÕES 
 
– O homem não é um ser puramente racional. As suas ações, o seu comportamento não se 
definem exclusivamente a partir da razão. 
 
– A decisão jurídica, proferida por juízes e administradores humanos, também é largamente 
influenciada pelas emoções. 
 
– O interlocutor é sempre um ser humano, suas decisões são motivas não apenas pela sua 
capacidade intelectual, mas também por sua história psicológica, seus sentimentos, sua postura 
perante a vida, sua autoestima. 
 
O Corpo Retórico 
 
– Progressivamente o estudante de direito vem experimentando mudanças em seu corpo: o seu 
jeito de vestir, de cortar os cabelos, de cumprimentar os outros, de se sentar, acaba se moldando a 
um padrão: é o chamado “corpo retórico”. 
 
– A aparência, por si só, não é garantia de nada, mas não pode ser ignorada, porque é fator que 
interfere em diferentes graus do convencimento jurídico. 
- cuidado para as falácias! 
 
II.c) O INTERCÂMBIO INTELECTUAL: 
 
- O consequente sempre decorrerá do antecedente, através de conexões lógicas, de argumentos 
lógicos, de provas irrefutáveis. 
 
– Embora seja possível o convencimento apenas baseado na identidadeideológica ou na 
mobilização das emoções, o processo de convencimento por excelência é realizado através do 
intercâmbio intelectual. 
 
– Intercâmbio intelectual é o convencimento através da lógica jurídica, que o consequente 
sempre decorrerá do antecedente de modo irrefutável. 
 
– O domínio da lógica acaba se revelando o mais importante dos recursos retóricos. O 
profissional do Direito que articula com rigor lógico o seu discurso, tem em mãos os argumentos 
mais convincentes. 
 
– O intercâmbio intelectual fala à razão, diferente da mobilização das emoções fala à emoção. 
 
CONCLUSÃO 
 
– O Direito é lógico?! O direito não obedece ao princípio da não contradição (antinomias), do 
terceiro excluído (lacunas), e da identidade (flexibilização). O direito é pseudológico para Ulhôa. 
 
15 
 
TIPOS DE ARGUMENTOS: 
 
As inferência mediatas podem ser argumentos dedutivos, indutivos ou por analogia. 
 
ARGUMENTOS DEDUTIVOS 
 
A dedução é a forma mais rigorosa de raciocínio. A dedução é uma forma segura de se poder extrair 
conclusões das premissas, através dela podemos ter certeza de estarmos corretos em nosso 
raciocínio. 
A dedução é o mesmo princípio utilizado nas ciências naturais, no Direito e na Administração. 
 
Características do argumento dedutivo: 
– do geral para o particular; 
 
– premissas verdadeiras garantem uma conclusão verdadeira; 
 
– não ampliam o conhecimento. Toda a informação ou conteúdo contida na conclusão já estava 
contida nas premissas, mesmo implicitamente. 
 
Os carbonos são condutores elétricos. 
Os carbonos são corpos simples. 
Logo alguns corpos simples são condutores elétricos. 
Somente um argumento dedutivo envolve a pretensão de que suas premissas fornecem uma prova 
conclusiva. No caso de argumentos dedutivos, os termos técnicos “válido” e “inválido” são usados 
no lugar de “correto” ou “incorreto”. 
Um raciocínio dedutivo é válido quando suas premissas se verdadeiras, fornecem provas 
convincentes para sua conclusão, isto é, quando as premissas e as conclusões estão de tal modo 
relacionadas que é absolutamente impossível as premissas serem verdadeiras se a conclusão 
tampouco for verdadeira. 
Todo raciocínio ou argumento dedutivo é válido ou inválido; a tarefa da lógica dedutiva é esclarecer 
a natureza da relação entre as premissas e a conclusão em argumentos válidos, e assim, nos permitir 
que discriminemos os argumentos válidos dos inválidos. 
Em um argumento dedutivo correto a conclusão é inferida necessariamente das premissas. 
Nos exemplos a seguir, a primeira dedução parte de premissas gerais e chega a uma conclusão 
também geral; no segundo caso, a conclusão é particular: 
 
Todo brasileiro é sul-americano. 
Todo paulista é brasileiro. 
Todo paulista é sul-americano. 
 
 
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Todo brasileiro é sul-americano. 
Algum brasileiro é índio. 
Algum índio é sul-americano 
 
Todo metal é dilatado pelo calor. (Premissa maior) 
 Ora, a prata é um metal. (Premissa menor) 
 Logo, a prata é dilatada pelo calor. (Conclusão) 
 
Assim, a dedução organiza e especifica o conhecimento que já temos. Ela tem como ponto de 
partida o plano do inteligível, ou seja, da verdade geral, já estabelecida. 
É importante notar que a dedução não traz conhecimento novo, uma vez que a conclusão sempre se 
apresenta como um caso particular da lei geral. 
 
ARGUMENTO INDUTIVO 
 
Indutivo é o raciocínio que, após considerar um número suficiente de casos particulares, 
conclui uma verdade geral. A indução, ao contrário da dedução, parte da experiência sensível, 
dos dados particulares. Próprio das ciências naturais também aparece na Matemática através da 
Estatística. Envolve pretensão. Suas premissas não precisam proporcionar provas 
convincentes da verdade de sua conclusão, mas de que somente forneçam algumas provas 
disso. 
Características do raciocínio indutivo: 
– do particular para o geral; 
– premissas verdadeiras não garantem uma conclusão verdadeira; 
– ampliam o conhecimento. 
 
Os argumentos indutivos não são “válidos ou inválidos” no sentido em que estes termos se 
aplicam aos argumentos dedutivos. Os raciocínios indutivos podem, é claro, ser avaliados como 
melhores ou piores, segundo o grau de verossimilhança ou probabilidade que as premissas confiram 
às respectivas conclusões. 
A indução por enumeração é uma argumentação pela qual, a partir de diversos dados singulares 
constatados, chegamos a proposições universais. Nesse tipo de argumento ocorre uma generalização 
indutiva. Enquanto na dedução a conclusão deriva de proposições universais já conhecidas, a 
indução, ao contrário, chega à conclusão a partir de evidências parciais. 
Exemplos: Esta porção de água ferve a cem graus, e esta outra, e esta outra ... ; logo, a água ferve a 
cem graus. 
O cobre é condutor de eletricidade, e o ouro, e o ferro, e o zinco, e a prata também ... ; 
logo, o metal (isto é, todo metal) é condutor de eletricidade. 
Diferentemente do argumento dedutivo, o conteúdo da conclusão da indução excede o das 
premissas. Enquanto a conclusão da dedução está contida nas premissas, e retira daí a prova 
de sua verdade, a conclusão da indução tem apenas probabilidade de ser correta. Apesar da 
17 
 
aparente fragilidade da indução, que não alcança o rigor do raciocínio dedutivo, trata-se de uma 
forma muito fecunda de pensar, responsável pela fundamentação de grande parte dos nossos 
conhecimentos na vida diária e de grande valia nas ciências experimentais. Além disso, todas as 
nossas previsões têm base na indução, ou seja, no raciocínio que, partindo de alguns casos da 
experiência presente, nos faz inferir que o mesmo poderá ocorrer mais tarde. 
Cabe ao lógico especificar as condições sob as quais devemos tomar a indução como correta. 
 
Diferença entre argumentos Dedutivos e Indutivos. 
Se chove molha a rua. Está chovendo. A rua está molhada. 
DEDUTIVO. – do geral para o particular; – premissas verdadeiras garantem uma conclusão 
verdadeira; – não ampliam o conhecimento. 
Se chove molha a rua. A rua está molhada. Está chovendo. 
INDUTIVO. – do particular para o geral; – premissas verdadeiras não garantem uma conclusão 
verdadeira; – ampliam o conhecimento. 
 
ARGUMENTO POR ANALOGIA 
 
 Neste tipo de argumentos parte-se da semelhança entre duas coisas, para se concluir que a 
propriedade de uma é a mesma que podemos encontrar na outra. 
As diferenças específicas são ignoradas. Quando se argumenta que duas coisas que são similares 
sob certos aspectos são também similares sob outros aspectos, utiliza-se indução analógica. 
– A Terra tem ar, água e vida. Marte tem ar e água, logo deve ter vida. 
• A conclusão tem apenas certa probabilidade de estar correta; quanto maiores as similaridades, 
maior a probabilidade. 
• A água de Marte está congelada nos pólos e a atmosfera é muito menos densa do que a da Terra. 
• Mas no passado Marte foi mais semelhante à Terra hoje, então é mais provável que Marte tenha 
tido vida no passado. 
 
Outros exemplos: teste de remédios em animais, sistema de precedente legal americano. 
Exemplo: Marte é um astro como a Terra. A Terra é habitada. Logo, Marte é também habitado. 
 
Como dissemos, a analogia é um caso de indução, mas vamos analisá-la separadamente por ter 
algumas características específicas. 
Analogia (ou raciocínio por semelhança) é uma indução parcial ou imperfeita, na qual passamos de 
um ou de alguns fatos singulares não a uma conclusão universal, mas a uma outra enunciação 
singular ou particular, inferida em virtude da comparação entre objetos que, embora diferentes, 
apresentam pontos de semelhança: 
Paulosarou de suas dores de cabeça com este remédio. 
Logo, João há de sarar de suas dores de cabeça com este mesmo remédio. 
18 
 
É claro que o raciocínio por semelhança fornece apenas probabilidade, e não certeza, mas 
desempenha papel importante na descoberta ou na invenção. 
 
Grande parte de nossas conclusões diárias baseia-se na analogia. Se lermos um bom livro de 
Graciliano Ramos, provavelmente compraremos outro do mesmo autor, na suposição de que deverá 
ser bom também. Se formos bem atendidos numa loja, voltaremos da próxima vez, na expectativa 
de tratamento semelhante. Da mesma forma, se mal atendidos, evitaremos retornar. Quando as 
explicações de determinado fato nos parecem complexas, costumamos recorrer a comparações, que 
na verdade são analogias: 
 "Quem não está habituado a ler, sofre como um nadador iniciante, engole água e perde o fôlego". 
Do mesmo modo, o texto literário é enriquecido pela metáfora, que é uma forma de estabelecer 
semelhança: "Amor é fogo que arde sem se ver" (Camões). 
A ciência também se vale de analogias. O médico britânico Alexander Fleming estava cultivando 
colônias de bactérias e observou que elas morriam em torno de uma mancha de bolor que tinha sido 
formada casualmente. Investigando o novo fato, reconheceu os fungos do gênero Penicillium. Por 
analogia, supôs que, se o bolor destruía as bactérias na cultura in vitro, poderia ser usado como 
medicamento para curar doenças em organismos ou seres mais complexos. 
As analogias podem ser fracas ou fortes, dependendo da relevância das semelhanças 
estabelecidas entre objetos diferentes. Embora a fisiologia dos seres humanos não seja idêntica à 
das cobaias, em experiências biológicas podem ser feitas comparações que tornam a analogia 
adequada e fecunda. Se o biólogo constatar determinados efeitos de uma droga ministrada em 
cobaias, é possível sustentar que os efeitos provocados em humanos sejam semelhantes. 
No entanto, convém observar que tipo de diferentes objetos comparamos para chegar a uma 
conclusão e qual é o critério de relevância que estamos usando. Assim, será fraca a analogia em 
que, embora a conclusão se baseie em diversas considerações, todas são irrelevantes. Por exemplo, 
se desejo comprar um carro que tenha o mesmo rendimento do carro do meu amigo, a analogia será 
fraca se eu levar em conta as semelhanças de cor, estofamento, recursos do painel e aquisição por 
meio da mesma agência de automóveis. A analogia será forte se, ao contrário, considerar a marca, o 
modelo, a potência, o número de cilindros, o peso da carroceria. 
 
FALÁCIAS 
Também conhecidas como Sofismas, as Falácias são argumentos errôneos que tentam justificar uma 
afirmação. Alguns estudiosos consideram que o Sofisma é uma falácia intencional, de má-fé, tendo 
a deliberada intenção de enganar, enquanto a Falácia pura e simples é apenas um erro que pode 
ocorrer por descuido, mau-hábito ou ingenuidade. 
O Sofismo é um raciocínio falso, mas com aparência lógica. Exemplo: 
As galinhas tem dois pés, homens tem dois pés, logo homens são galinhas. 
Os nazistas eram nacionalistas, norte-americanos são nacionalistas, logo norte-americanos são 
nazistas. 
Uma falácia pode ser: 
• involuntária (um erro lógico não intencional) e chama-se paralogismo 
• ou voluntária (um erro lógico intencional, visando enganar o interlocutor) e chama-se sofisma 
 
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Falácias FORMAIS são aquelas onde o erro está na Forma do argumento, em geral uma violação 
das regras do silogismo. 
Nas falácias formais, o argumento não atende às regras da inferência válida, daremos apenas alguns 
exemplos. 
Enfim, para se provar (demonstrar) a verdade da conclusão é preciso: a) partir de premissas 
verdadeiras; b) utilizar um argumento válido que induza a essa conclusão. 
Estamos perante uma falácia formal (uma falácia devida à FORMA), quando se pretende que um 
raciocínio seja dedutivamente válido, mas não o é. Quando o erro no raciocínio é outro, estamos 
perante uma falácia informal (NÃO é devida à FORMA). 
 
Falácias NÃO-FORMAIS, ou INFORMAIS, são aquelas em que o erro não está na forma em si, 
mas sim na matéria sobre a qual o argumento se aplica, normalmente premissas falsas. 
Existem, portanto, duas formas primárias de gerar argumentos incorretos. Cometendo erros de 
raciocínio com informações verdadeiras, erro FORMAL, ou raciocinando corretamente com 
informações falsas, erro INFORMAL, ou MATERIAL. E, é claro, é possível também raciocinar 
erroneamente com informações falsas. 
Em contrapartida, se o raciocínio e as informações forem corretos, as conclusões inevitavelmente 
serão corretas. 
Falácias INFORMAIS falácias cujas premissas: - não são relevantes para a conclusão. - não 
fornecem dados suficientes para garantir a conclusão; estão formuladas com linguagem ambígua. 
A capacidade persuasiva desses argumentos está frequentemente no impacto psicológico sobre o 
público. 
Comecemos pelas falácias não-formais, bastante comuns na vida diária. Muitas falácias decorrem 
do fato de algumas premissas serem irrelevantes para a aceitação da conclusão, mas são usadas com 
a função psicológica de convencer, mobilizando emoções como medo, entusiasmo, hostilidade ou 
reverência. 
Por exemplo, o argumento de autoridade é um tipo de indução aceitável, desde que a autoridade 
seja um especialista, tornando-se irrelevante se, por exemplo, recorrermos à autoridade do cientista 
Einstein para justificar posições religiosas ou ao jogador Pelé para avaliar política. 
Trata-se de recurso desviante, em que é usado o prestígio da autoridade para outro setor que não é 
da sua competência. Isso é muito comum na propaganda, quando artistas famosos "vendem" desde 
sabonetes até ideias, quando, por exemplo, apoiam um candidato às eleições. 
Há ainda o argumento de autoridade "às avessas", no sentido de ser pejorativo e ofensivo, 
conhecido como argumento contra o homem. Ocorre quando consideramos errada uma conclusão 
porque parte de alguém por nós depreciado. Ao refutar a verdade, atacamos quem fez a afirmação: 
por exemplo, desvalorizar a filosofia de Francis Bacon porque ele perdeu seu cargo de Chanceler da 
Inglaterra depois de serem constatados atos de desonestidade; ou ainda desmerecer o valor musical 
de Wagner a partir de sua adesão aos movimentos anti-semitas. 
Na falácia de acidente, considera-se essencial algo que não passa de acidente como, por exemplo, 
concluir que a medicina é inútil por causa do erro de um médico. Ou quando se aplica o que é 
válido como regra geral em circunstâncias particulares e "acidentais" em que a regra é inaplicável. 
É o caso de pessoas excessivamente moralistas ou legalistas, que julgam a partir da letra fria das 
normas e das leis, independentemente da análise cuidadosa das circunstâncias específicas dos 
acontecimentos. 
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A falácia de ignorância da questão consiste em se afastar da questão, desviando a discussão. Um 
advogado habilidoso, que não tem como negar o crime do réu, enfatiza que ele é bom filho, bom 
marido, trabalhador etc.; um vereador acusado de ter gasto sem a autorização da Câmara põe em 
relevo a importância e urgência dos gastos; ou, ainda, o deputado que defende o governo acusado de 
corrupção em comissão de inquérito não se detém para avaliar os fatos devidamente comprovados, 
mas discute questões formais do relatório da comissão ou enfatiza o pretenso revanchismo dos 
deputados oposicionistas. 
Há também falácias como a petição de princípio, ou círculo vicioso, que consiste em supor já 
conhecido o que é objeto da questão. Por exemplo: "Por que o ópio faz dormir? Porque tem uma 
virtude dormitiva" ou "Tal ação é injusta porque é condenável; e é condenável porque é injusta". 
Nessascitações é fácil perceber o erro, mas nem sempre se descobre à primeira vista que a 
afirmação da conclusão está presente entre as premissas, como no exemplo relatado por Irving 
Copi: "Permitir a todos os homens uma liberdade ilimitada de expressão deve ser sempre, de um 
modo geral, vantajoso para o Estado; pois é altamente propício aos interesses da comunidade que 
cada indivíduo desfrute de liberdade, perfeitamente ilimitada, para expressar os seus sentimentos". 
Outras vezes, as falácias não-formais decorrem de ambiguidades e falta de clareza, quando 
conceitos ou frases não são suficientemente esclarecidos ou são empregados com sentidos 
diferentes nas diversas etapas da argumentação. Trata-¬se de equívoco usarmos a palavra fim em 
dois sentidos diferentes como se fosse o mesmo: "O fim de uma coisa é a sua perfeição; a morte é o 
fim da vida; logo a morte é a perfeição da vida". 
 
 INVOLUNTÁRIAS (PARALOGISMO) 
 
 
 
FALÁCIAS 
 
 FORMAIS 
 VOLUNTÁRIAS 
 (SOFISMAS) 
 
 INFORMAIS

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