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Tanatologia Arquivo 2 1 Gysella Carvalho Alterado por Paula Tavares da Cunha Melo Para quê estudar o processo de morrer? • É necessário falarmos sobre o processo de morrer, pois este também se fará presente na prática profissional • Há o que fazer, mesmo quando não há mais possibilidade de cura. – Alívio físico, psicológico, social e espiritual • Aproximação de um assunto que traz desconforto, medo e nos coloca em contato com nossas próprias perdas, nossa finitude. • Com este estudo podemos pensar melhor nossa própria vida. • Podemos aprender sobre as necessidades dos que estão morrendo • “Pacientes terminais ainda estão vivos, têm sentimentos, desejos, necessidades e demandas; fato muitas vezes, ignorado quando só se tem olhos para órgãos e sintomas.” (Kübler-Ross) • “Antes da doença se instalar há uma pessoa com seus valores e necessidades, que devem ser respeitados em todos os momentos de vida, mesmo diante da possibilidade da morte próxima.” Tanatologia Arquivo 2 2 • Edgard Morin: é nas atitudes e crenças diante da morte que o homem exprime o que a sua vida tem de mais fundamental. • A morte é uma experiência humana universal. • Morrer e morte são mais do que eventos biológicos; – eles têm uma dimensão religiosa, social, filosófica, antropológica, espiritual e pedagógica. • Questões sobre o significado da morte e o que acontece quando nós morremos são preocupações centrais para as pessoas em todas as culturas. • A preocupação humana com relação à morte antecede ao período da história escrita. Tanatologia Arquivo 2 3 1) A morte através da história (Ocidente) a) A Morte Domada – IDADE MÉDIA; b) A Morte de si mesmo – segunda metade da Idade Média; c) Vida no cadáver, vida na morte – RENASCIMENTO – Séc XVII/XVIII; d) A Morte do Outro – Séc XIX - ROMANTISMO e) A Morte Invertida – Séc XX f) A Morte escancarada – Séc XX e XXI 2) Concepção de Morte no Oriente Homem de Neanderthal A partir deles foram dadas sepulturas aos mortos. A crença na IMORTALIDADE sempre acompanhou o homem. NENHUM GRUPO ABANDONA SEUS MORTOS. POSIÇÃO FETAL Tanatologia Arquivo 2 4 MORTE DOMADA • Morte presente no cotidiano. • Atitude familiar próxima com a morte. • Morriam na guerra ou de doenças, portanto conheciam a trajetória de sua morte. • As cerimônias eram importantes. MORTE DOMADA: RITOS E CERIMONIAIS • Sabia-se da proximidade da morte. • A morte era esperada no leito (cerimônia pública); • Todos podiam entrar no quarto; era importante que parentes, amigos, vizinhos estivessem presentes. • A tristeza e a dor era manifestada com discrição; • O moribundo tomava suas providências. • Grande temor: morte repentina e morrer só; sem testemunhas ou cerimônia; morte por acidente ou assassinato. (não havia tempo para o arrependimento) Tanatologia Arquivo 2 5 • O local da sepultura na Idade Média, em determinado período, era nas Igrejas. – Proteção dos santos • Divisão entre pobres e ricos. – Ricos ficavam mais próximos dos altares e os pobres longe. • O corpo era abandonado à Igreja • Cemitérios – fora das cidades (enterro dos pagãos) MORTE DOMADA • Os homens temiam a proximidade com os mortos e os mantinham a distância, temendo contaminação e visita dos mortos. • Um dos objetivos dos cultos funerários era impedir que os mortos voltassem para perturbar os vivos. MORTE DOMADA Tanatologia Arquivo 2 6 • Preocupação com a particularidade do indivíduo. • Começo da personalização das sepulturas • A partir do século XIV/XV o homem começa a se preocupar com o que vem depois da morte. • Medo do julgamento: – Céu e inferno. MORTE DE SI MESMO • Surge o Testamento: 2 partes – Cláusulas pias e distribuição de herança • Confissão de fé - reconhecimento dos pecados • Importante deixar para a Igreja também MORTE DE SI MESMO • O corpo passa a ser escondido através de caixões. • Embalsamento continua: conservação da imagem, negação da MORTE. Tanatologia Arquivo 2 7 Morto vivo • VELÓRIOS de até 48hs: confirmação da morte. • Conferência da vida: passando a pena no nariz do morto • Não se chamava um médico para confirmar a morte • Morte Romântica – Morte suave. Morte como repouso. – morte desejada enquanto libertação e possibilidade de reencontro entre os amores. – Morte dos jovens pela tuberculose, com febres e rostos corados. • Estudos sobre morte e comunicação entre os que se foram. • Prevalência da crença da vida futura. MORTE DO OUTRO – séc. XIX Tanatologia Arquivo 2 8 MORTE INVERTIDA/SÉC XX No século XX, a morte se esconde, tem caráter de vergonha, de fracasso. - A morte é negada, banida do discurso cotidiano, ocultada e temida. - a cena pública, da morte domada, é substituída pelo quarto isolado, ou pela enfermaria, onde a morte escapa da publicidade - Adota-se a mentira sistemática, o silêncio - marcada pela negação e interdição. MORTE INVERTIDA/SÉC XX - O homem está desaparelhado para enfrentar a morte como uma contingência, uma vez que vem sempre acompanhada da ideia de fracasso do corpo, do sistema de atenção médica, da sociedade, das relações com Deus e com os homens, etc; Tanatologia Arquivo 2 9 MORTE INVERTIDA/SÉC XX - Imperialismo médico; - Capitalismo X morte; - Poder: - transferido da Igreja para a Medicina; - Hoje, 80% das mortes ocorrem no hospital - Por quê? MORTE ESCANCARADA / fim séc XX - XXI - Morte violenta nas ruas - na frente de quem estiver por perto, sem máscaras - enorme sensação de Vulnerabilidade -Homicídios - Acidentes - tragédias naturais (Tsunami) e artificiais (terrorismo) - guerras - Morte veiculada pelos meios de comunicação - Invade os lares a qualquer hora - Cenas chocantes, repetidas à exaustão - em seguida, notícias sobre amenidades... - desenhos animados: ideia de morte reversível Resultado: Banalização da morte. A vida continua... Tanatologia Arquivo 2 10 MORTE INVERTIDA/SÉC XX -Na IDADE MÉDIA a morte desejada era a esperada. A morte repentina era temida. Hoje, desejamos esta morte, repentina. - Não sofrer? - Ocultar • O momento da Morte vira um acordo feito entre a família e o médico; • Preparação, embelezamento e cuidado com os mortos, são feitos por profissionais e não pelos familiares. CONCEPÇÃO DE MORTE NO OCIDENTE Tanatologia Arquivo 2 11 • A morte é vista como um processo que favorece a evolução do ser humano. – Não há nenhum ser humano que não tenha morrido várias vezes, só que não se recordam delas. – Ensinamentos propiciam crescimento ainda em vida. – O objetivo destes ensinamentos é que as pessoas possam se libertar da roda das reencarnações e chegar à iluminação. • Os budistas e os hindus acreditam que o derradeiro pensamento antes da morte determinará o que será desenvolvido na próxima existência. • A morte representa transição, não finitude. Contraponto à visão ocidental em relação à morte invertida. A partir do livro tibetano dos mortos. • É preciso passar pela morte para que essa experiência seja vivida na sua plenitude. • Enquanto os ocidentais buscam a inconsciência ou não percepção da morte, para os tibetanos a consciência e o alerta são fundamentais. • A morte é um processo iniciático preparativo para uma nova vida. • Morrer não se improvisa. • Necessidade de uma preparação para o processo de morrer, envolvendo o paciente e seus familiares Contraponto à visão ocidental em relação à morte invertida. A partir do livro tibetano dos mortos. Tanatologia Arquivo 2 12 OCIDENTE • fim, • ruptura, • fracasso, • oculta, • vergonhosa, • São procedimentos de ocultamento, vergonha, raiva,injustiça e temor. • Buscam a não percepção da morte • Negação ORIENTE • estado de transição e principalmente de evolução • deve haver um preparo; • a morte é apenas uma iniciação numa outra vida. • Buscam estar conscientes e alertas neste momento • Preparação • “Embora o homem seja o único ser consciente de sua MORTALIDADE e FINITUDE , a sociedade Ocidental com toda sua tecnologia está tornando o homem inconsciente e privado de sua própria morte.” (KÒVACS) • “Na abordagem budista, a vida e a morte são vistas como um todo, onde a morte é o começo de um novo capítulo da vida. A morte é o espelho no qual o inteiro significado da vida é refletido.” (Rinpoche, 1999, p.29)
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