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UNIVERSIDADE CEUMA CURSO DE FONOAUDIOLOGIA RELATÓRIO: AFASIA SÃO LUÍS 2017 ELAINE LEITE FERREIRA JÚLIA MUNIZ SOUSA SANTOS MARIANNA COSTA SILVA RELATÓRIO: AFASIA Relatório apresentado à disciplina de Distúrbios da Fala e da Linguagem Oral, ministrada pela docente Mabile Francine , para o btenção parcial de nota para o 2 º bimestre. SÃO LUÍS 2017 AFASIA DEFINIÇÃO Segundo Damásio (1992), afasia é o prejuízo da compreensão e formulação da linguagem causado por uma disfunção em regiões específicas do cérebro. Segundo Fuller (2014), refere-se à deficiência de linguagem como resultado de dano encefálico no hemisfério dominante para a linguagem, onde geralmente é o hemisfério esquerdo. Pode ser decorrente de um AVE (Acidente Vascular Encefálico) isquêmico, ou de alguma lesão que afeta a região perissilviana, caracterizada como zona de linguagem. A afasia pode provocar alterações nos processos fonológicos, morfológicos e sintáticos, representados pela forma, no semântico (conteúdo) e nos processos cognitivos subjacentes. A única função de linguagem que não é alterada em indivíduos com afasia é o uso da linguagem (pragmática), pois as habilidades que governam e regulam esse uso estão alojadas no hemisfério direito do encéfalo. Essas alterações são caracterizadas por redução e disfunção, que se manifestam tanto no aspecto expressivo quanto no receptivo da linguagem moral e escrita. CARACTERÍSTICAS As afasias são classificadas em fluentes e não fluentes. As fluentes caracterizam-se por possuir uma linha melódica adequada, extensão do enunciado normal ou estendido, gramática adequada, podendo haver erros no uso, articulação sem esforço, dificuldades com a recuperação de palavra e melhor expressão do que compreensão. Dentre as afasias fluentes estão a afasia de Wernick, afasia transcortical sensorial, afasia de condução e afasia anômica. Afasia de Wernick Ocorre uma lesão no giro temporal posterior superior do hemisfério dominante para linguagem, causando produções verbais fluentes e vazias com substituições de palavras involuntárias, chamadas de parafasias verbais ou semânticas, podendo ou não estar relacionadas à palavra principal. O indivíduo com este tipo de afasia pode produzir neologismos, palavras não encontradas na sua língua, e jargões, uma junção do uso inadequado das palavras reais e neologismos. Apresenta déficit de compreensão, ou seja, tem dificuldade em traduzir os pensamentos e palavras e sente que há algo errado com sua fala, mas não tem certeza qual é o problema. Afasia transcortical sensorial É decorrente de uma lesão no setor do giro temporal médio e no giro angular, ou na substância branca subjacente. Apresenta fluência, porém vazia com variação na fala, parafasias verbais, ecolalia, compreensão auditiva comprometida, assim como a leitura e escrita também. Afasia de condução É ocasionada por uma lesão que rompe o fascículo longitudinal superior, que conecta as áreas de Wernicke e Broca. Apresenta fluência verbal, mas pode ocorrer parafasias literais ou fonêmicas, que é quando há substituições involuntárias dos fonemas na palavra-alvo ou transposições dos fonemas na palavra-alvo. Caracteriza-se também pela dificuldade que o paciente apresenta em repetir palavras, principalmente as palavras sem significado, embora haja compreensão e produção de fala e linguagem adequadas. Afasia anômica Ela pode ser causada por locais de lesão distantes um do outro como o lobo frontal, o giro angular ou o giro temporal inferior, resultando em versões levemente diferentes de anomia. É caracterizada por fluência verbal, mas apresenta parafasias verbais evidentes e também uma dificuldade primária na recuperação de palavras, que pode aparecer na escrita também. A repetição e a compreensão são regulares em relação à expressão verbal. Há também as afasias não-fluentes, caracterizadas pela diminuição da linha melódica e da extensão do enunciado, fala em mensagem de texto, articulação com esforço, dificuldades com a recuperação de palavra e melhor compreensão do que expressão. Dentre elas estão afasia de Broca, afasia transcortical motora e afasia global. Afasia de Broca É decorrente de uma lesão na parte inferior da terceira circunvolução frontal do hemisfério esquerdo e caracteriza-se por apresentar disfluência verbal e agramatical, e fala com esforço e hesitante. Apresenta regularidade na recuperação da palavra, mas tem frequência mascarada pela dificuldade de fala. A repetição de fala é marcada pela fala hesitante e desarticulada. Pode ter comprometimento nas habilidades de escrita e apresenta compreensão auditiva e leitora regular em relação às habilidades expressivas. Afasia transcortical motora É decorrente de uma lesão na área cerebral anterior esquerda envolvendo a área motora suplementar. Possui disfluência que carece de iniciação, fala espontânea severamente prejudicada, habilidades de fala e de recuperação variáveis e de repetição são fortes. A compreensão é boa em relação à expressão. Afasia global Ocorre devido a uma lesão na zona perissilviana da linguagem. Caracteriza-se pela disfluência e esteriótipos verbais, frases aprendidas ou automáticas ou palavrões. A escrita é extremamente limitada, a recuperação e a repetição da palavra são insatisfatórias e possui uma deficiência na compreensão. TRATAMENTO O tratamento fonoaudiológico é constituído de avaliações e terapia. A avaliação busca identificar os sintomas linguísticos presentes e aspectos da qualidade de vida para obter um diagnóstico, e a terapia busca auxiliar na superação das dificuldades de comunicação, tornando-a funcional. A terapia tem entre as metas, manter o paciente verbalmente ativo, administrar estratégias para melhorar a linguagem e orientar a família a comunicar-se com o paciente, dando o apoio psicológico necessário. As medidas terapêuticas devem iniciar precocemente, no sentido de evitar maiores dificuldades de socialização. É importante planejar com antecipação as sessões levando em conta a idade do paciente, o grau de instrução e suas preferências pessoais. O tempo de duração de tratamento irá depender do prognóstico inicial realizado após uma avaliação. Alguns pacientes afásicos recuperam-se em tempo relativamente curto enquanto outros podem recuperar-se totalmente. As variáveis envolvidas na recuperação da afasia devem ser consideradas, e vão desde aspectos clínicos até aspectos psicossociais. Estes interagem com aspectos cognitivos e emocionais, tendo alta influência sobre a reabilitação. A extensão da lesão parece é o que mais influi negativamente no prognóstico de recuperação da afasia. REFERÊNCIAS FULLER, D.R; PIMENTEL, J.T; PEREGOY, B.M. Anatomia e fisiologia aplicadas à fonoaudiologia. Editora Manole. São Paulo, p.93-96, 2014. FONTOURA, D.R.da; RODRIGUES, J.C.; FONSECA, R.P; PARENTE, M.A.M.P.; SALLES, J.F.de. Adaptação do Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve NEUPSILIN para avaliar pacientes com afasia expressiva: NEUPSILIN-Af. Ciências & Cognição. Porto Alegre, v.16, n.3, p. 78-94, 2011. PRESTES, V.M.M. Afasia e plasticidade cerebral. Rev. CEFAC. São Paulo, 1998. KUNST, L.R; OLIVEIRA, L.D; COSTA, V.P; WIETHAN, F.M; MOTA, H.B. Eficácia da fonoterapia em um caso de afasia expressiva decorrente de acidente vascular encefálico. Rev. CEFAC. São Paulo, 2012.
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