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Artigo hemangiossarcoma

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HEMANGIOSSARCOMA ESPLÊNICO EM CÃO 
DA RAÇA COCKER SPANIEL INGLÊS: RELATO 
DE CASO.
Fernando Jorge Rodrigues Magalhães1, Nathalia Ianatoni Camargo2, José Cecílio Martins Neto3, Eduardo de Oliveira 
Costa Neto3, Tito Alves Santiago3, Hélio Cordeiro Manso Filho4 Aurea Wischral4

________________
1. Médico Veterinário, Mestrando, Pós-Graduação em Ciência Veterinária - UFRPE. Rua Dom Manuel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife, PE. 
Email: nando_magalhaes@hotmail.com 
2. Medica Veterinária, Residente de Radiologia, HOVET-DMV/UFRPE.
3. Médico Veterinário, Mestrando, Pós-Graduação em Ciência Veterinária – UFRPE.
4. Professor Adjunto do DMV/UFRPE.
Introdução
 O hemangiossarcoma (HSA) é um tumor de células 
mesenquimais, proveniente de alterações de 
crescimento maligno de células endoteliais. Este tumor 
pode se iniciar em qualquer tecido vascularizado, no 
entanto as maiores incidências primárias são em: baço, 
átrio direito, tecido subcutâneo e fígado, sendo o baço 
o órgão mais acometido pelo HSA [2]. De etiologia 
desconhecida, a forte incidência em determinadas raças 
sugere uma predisposição familiar ou hereditária [5], 
sendo a raça Pastor Alemão a mais predisposta [7]. 
Pode ocorrer em cão mais freqüentemente do que em 
qualquer outra espécie, na maioria das vezes acomete 
cães mais velhos, com idade média entre oito e treze 
anos [4]. 
Os sinais clínicos são inespecíficos e variam de 
acordo com a localização do tumor. A manifestação 
mais grave é a morte súbita decorrente de hemorragias 
severas na cavidade torácica ou abdominal provindas 
da ruptura do tumor. Os nódulos de HSA podem 
apresentar tamanhos variados, de coloração cinza 
pálida a vermelho escuro, forma nodular e mole. É 
comum serem encontradas áreas hemorrágicas e de 
necrose. Caracterizam-se também, por serem pouco
circunscritos, não encapsulados, e freqüentemente 
aderidos a órgãos adjacentes [3].
As avaliações radiográficas e ultra-sonográficas podem 
ser úteis à identificação de massas e/ou efusões 
cavitárias. A citologia aspirativa é considerada uma
técnica pouco útil ao diagnóstico de HSA, devido à 
abundante presença de sangue no material e ao risco de 
se provocar hemorragia durante punções esplênicas. O 
diagnóstico definitivo pode ser obtido através de 
avaliação histopatológica e é recomendável que se 
proceda a biópsia excisional da massa, por ser esta uma 
medida ao mesmo tempo diagnóstica e terapêutica [8].
 A cirurgia é a principal medida de tratamento do 
hemangiossarcoma, e a ressecção deve ser tão
agressiva quanto possível. Contudo, devido à
freqüência de metástase e aos pobres resultados
obtidos com a terapia cirúrgica, indica-se quimioterapia 
adjuvante em todos os casos, exceto para tumores cutâneos 
pequenos e não invasivos [9]. A respeito das possibilidades 
de tratamento paliativo (cirurgia agressiva, quimioterapia 
ou radioterapia), a perspectiva média de sobrevida é curta 
para os cães com hemangiossarcoma, sendo que menos de 
10% atingem um ano de sobrevida [2,8]. 
 Objetivo do presente trabalho é relatar um 
hemangiossarcoma esplênico em cão da raça Cocker 
Spaniel Inglês.
Material e métodos
 Foi atendido, em uma Clínica Veterinária Particular, 
localizada na Região Metropolitana do Recife, um macho 
da espécie canina, da raça Cocker Spaniel Inglês, pesando 
15,5 kg, com 10 anos de idade. Na anamnese o proprietário 
relatou que o paciente encontrava-se muito prostrado, mas 
continuava a se alimentar. Ao exame clínico as mucosas 
ocular, oral e peniana estavam hipocoradas (cor porcelana), 
temperatura corporal 38,4°C. apresentava carrapatos e 
apatia. Colheu-se amostra sanguínea para hemograma e o 
resultado apresentado foi de 2,7 milhões/mm3 de hemácias, 
17% de hematócrito, leucocitose (17.300 mil/mm3) e 
positivo para Erlichia platys na pesquisa de hematozoários, 
sendo realizada transfusão sanguínea de emergência. Após 
o término da transfusão, o paciente ficou em observação 
durante 24 horas e foi liberado por apresentar-se ativo e 
com mucosas mais coradas, instituiu-se antibioticoterapia 
com doxiciclina (10mg/kg, por via oral, BID, durante 21 
dias). 
 Após cinco dias o paciente retornou a mesma clínica, em 
estado de choque hipovolêmico, mucosas ictéricas, ascite, 
dispnéia e hipotermia. Colheu-se nova amostra sanguínea e 
realizou-se outra transfusão sanguínea de emergência. O 
resultado do hemograma apresentou a série vermelha com 
valores aproximados ao anterior, mas o número de 
leucócitos encontrava-se bastante elevado (41.600 
mil/mm3). 
 O paciente foi encaminhado ao setor de diagnóstico 
para realização de uma ultra-sonografia abdominal. Foi 
realizada ampla tricotomia do abdômen ventral entre a 
região epigástrica e a região hipogástrica, área 
compreendida entre o apêndice xifóide e os dois 
últimos pares de glândulas mamárias, estendendo-se
lateralmente, aos dois últimos pares de costelas do lado 
direito e esquerdo. Após a tricotomia foi aplicado gel 
sobre a pele. O exame da cavidade abdominal foi 
realizado em decúbito dorsal, com aparelho de ultra-
som LOGIQ 100 PRO®, transdutor linear de 7,5 MHz e 
convexo de 5,0MHz. Durante a realização do exame foi 
observado grande quantidade de líquido livre na 
cavidade abdominal. No pólo caudal do baço havia 
uma massa, medindo cerca de 5,5 cm de comprimento 
e 5,4 cm de largura, de textura heterogênea e 
ecogenicidade mista. 
 O paciente veio a óbito 1 hora após a realização do
exame ultra – sonográfico e encaminhado para 
necropsia. Durante a realização da necropsia foi 
retirado fragmentos da massa tumoral para exame 
histopatológico. O paciente apresentava grande 
quantidade de sangue na cavidade abdominal, na massa 
tumoral havia uma área cavitária onde um grande 
coágulo estava aderido, demonstrando que 
provavelmente o tumor havia rompido. Não havia 
alterações macroscópicas nos demais órgãos da 
cavidade abdominal e torácica. Os fragmentos foram 
colocados em recipientes contendo formol a 10% e 
encaminhados para o Laboratório de Patologia Animal 
da UFRPE para a realização do exame histopatológico. 
Durante a leitura da lâmina com corte histológico do 
tumor no baço, através do microscópio óptico, 
visualizou-se massa constituída por células altamente 
pleomórficas, variando de fusiformes a poliédricas, 
com núcleo grande e hipercromático, apresentando 
anisocariose e multinucleação, muitas mitoses, 
arranjadas de forma irregular, algumas áreas com 
aspecto de túneis, outras áreas sólidas e espaços 
acelulares, hialinos e eosinofílicos, com hemorragias. O 
diagnóstico histopatológico foi hemangiossarcoma.
Resultados e Discussão
 Segundo IWASAKI et al [5], o hemangiossarcoma 
esplênico é uma neoplasia altamente maligna, cujos 
sinais de metástase já são evidentes no momento de sua 
apresentação clínica, porém não foi observado sinal de 
metástase no presente relato. Os cães com 
hemangiossarcoma apresentam sinais clínicos de 
acordo com localização da neoplasia, assim são 
freqüentes a falência cardíaca, insuficiência respiratória 
grave, hemotórax, hemoperitônio e colapso vascular 
agudo, sendo freqüente a ocorrência de morte súbita 
[1].
 FERRAZ et al [3] descreve a possibilidade de morte 
súbita como conseqüência da ruptura de um ou vários 
tumores, que leva o animal a óbito por choque 
hipovolêmico, concordando com o caso descrito.
 MEDEIROS JÚNIOR & CORDOVANI [6] citam como 
tratamento de escolha a ressecção cirúrgica do
hemangiossarcoma, devendo ser realizado para trazer 
benefícios para a qualidade de vida do animal, que em 
geral é idoso, aumentando um pouco sua expectativa de 
vida.
 Através do presente relato, pode-se concluir que o 
hemangiossarcoma é uma neoplasia altamente maligna e de 
evolução rápida. Só o exame clínico não é suficiente para 
elucidar o diagnóstico. Sendo necessários outrosexames 
complementares para investigar a possível massa tumoral, 
como radiografia e ultra-sonografia, onde este último foi 
importante para detecção da massa. Só é possível 
classificar o tipo de neoplasia através do exame 
histopatológico.
Referências
[1] BITTENCOURT, E.; MOURA, V. M. B. D.; BANDARRA, E. P. 
Hemangiossarcoma cardiaco em cão: relato de caso. Revista Nosso 
Clínico. v. 6, n. 34, p. 16 – 18, Jul/Ago, 2003. 
[2] BROWN, N.; PANTNAIK, A.; MACEWEN, E. G. Canine 
hemangiosarcoma: retrospective analysis of 104 cases. Journal of 
the American Veterinary Medical Association. v. 186, p.56 – 58, 
1985.
[3] FERRAZ, J. R. S.; ROZA, M. R.; CAETANO JÚNIOR, J.; COSTA, 
A. C. Hemangiossarcoma canino: revisão de literatura. Jornal 
Brasileiro de Ciência Animal. v. 1, n. 1, p.35 – 48, 2008.
[4] FINAMOR, S.; CENTENO, R. N.; TELLES, E. A.; BELLO, F. L. 
C. Estudo retrospectivo e classificação das neoplasias em pequenos 
animais diagnosticadas no laboratório de histopatologia 
veterinária/ULBRA. Revista Veterinária em Foco. Canoas, v. 1, n. 
2, p. 73 – 80, Nov. 2003/Abr. 2004. 
[5] IWASAKI, M.; FRÓES, T. R.; CASTRO, P. F.; GALEAZZI, V. S.; 
TORRES, L. N.; CORTOPASSI, S. R. G.; GUERRA, J. L. Aspectos 
ultra-sonográficos modo B e doppler colorido nas alterações 
esplênicas focais e/ou multifocais de cães com suspeita de processos 
neoplásicos não linfóides. Revista Clínica Veterinária. v. 10, n. 
55, p. 38 – 46, Mar/Abr, 2005.
[6] MEDEIROS JÚNIOR, L. C. & CORDOVANI, P. Diagnóstico por 
imagem na pesquisa de metástases de neoplasias mamárias. Revista 
Nosso Clínico. v. 9, n. 50, p. 20 – 28, Mar/Abr, 2006.
[7] PINTO, A. C. B. C. F.; FERRIGNO, C. R. A.; MATERA, J. M.; 
TORRES, L. N.; SINHORINI, I. L.; CORTOPASSI, S. R. G.; 
HAGE, M. C. F. N. S. Aspectos radiográficos de hemangiossarcoma 
de meninges causando síndrome da cauda eqüina em um pastor 
alemão. Revista Ciência Rural. Santa Maria, v. 37, n. 2, p. 575 –
577, Mar/Abr, 2007.
[8] SMITH, A. N. Hemangiosarcoma in dogs and cats. Veterinary 
Clinics of Small Animal Practice. v. 33, n. 3, p. 533 – 552, 2003.
[9] THAMM, D. H. Miscellaneous tumors – hemangiosarcoma. In: 
WITHRO, W. S. J. & VAIL, D. V. Small Animal Clinical 
Oncology. 4 ed. Philadelphia: Saunders, p. 785 – 795, 2007.

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