Buscar

CITAÇÃO E INTIMAÇÃO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

UFRRJ
INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
Trabalho de Direito Processual Penal:
ANALISE DA CITAÇÃO E INTIMAÇÃO NO PROCESSO PENAL
Ana Clara Arruda de Carvalho
2017
I - INTRODUÇÃO
	Neste trabalho será tratado o entendimento da comunicação dos atos processuais de acordo com a análise dos excelentes professores Nestor Távora e Fernando Capez.
	Para começarmos, Távora identifica citação como: “Citação é o ato pelo qual o réu toma ciência dos termos da acusação, sendo chamado a respondê-la e a comparecer aos atos do processo, a começar, via de regra, pela resposta preliminar à acusação.” Capez entende citação como: “É o ato oficial pelo qual, ao início da ação, dá-se ciência ao acusado de que, contra ele, se movimenta esta ação, chamando-o a vir a juízo, para se ver processar e fazer a sua defesa.”
	Távora ainda diz: “A citação é providência essencial à validade do processo, e sendo ela deficiente ou incompleta, por sua vez, acarreta nulidade relativa. Uma vez realizada validamente, a citação tem o efeito de completar a instância, com a formação efetiva da relação jurídica processual.” Sobre esse mesmo sentido, Capez:“A citação do acusado no processo penal é indispensável, mesmo que tenha ele conhecimento do processo por outro motivo e sua falta é causa de nulidade absoluta do processo, porque afronta os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.”
II- Especie de citações
	Para ambos os tipos de citação está dividido em: real (pessoal) ou ficta (presumida). No processo penal, a citação real ocorre através de oficial de justiça (por mandado, precatória requisição, rogatória ou carta de ordem), enquanto a citação ficta pode ser tanto a editalícia quanto a por hora certa. �
MANDADO:
	Mandado é a ordem escrita, corporificada em um instrumento e emitida pela autoridade competente para o cumprimento de determinado ato. Quando a ordem for proveniente do juiz, denominar-se-á mandado judicial, que, conforme sua finalidade, apresenta várias designações: mandado de citação, mandado de busca e apreensão etc. Destina-se à citação do réu em local certo e sabido, dentro do território do juízo processante. Lugar certo diz respeito ao país, estado e cidade; lugar sabido refere-se ao bairro, rua e número. O mandado de citação é cumprido pelo oficial de justiça. �
	Requisitos intrínsecos da citação por mandado: o nome do juiz e a indicação do juízo; se a ação for iniciada por meio de queixa, o nome do querelante; o nome do réu ou, se desconhecido, os seus sinais identificadores; os endereços do acusado, se conhecidos; o fim para que é feita a citação; o juízo, o lugar, a data e a hora em que o réu deverá comparecer; a subscrição pelo escrivão e a rubrica do juiz. Já os requisitos extrínsecos da citação por mandado são as formalidades externas ao mandado, que devem cercar a realização do ato de citação, como: leitura do mandado ao citando; entrega da contrafé (cópia de inteiro teor do mandado e da acusação) ao citando; certificação no verso ou ao pé do mandado, pelo oficial, acerca do cumprimento das duas formalidades anteriores. Somente o descumprimento do segundo requisito implica nulidade. Nos demais casos, mera irregularidade. 
	A citação pode ser realizada a qualquer tempo, dia e hora, inclusive domingos e feriados, durante o dia ou à noite. Se o oficial de justiça não encontrar o citando no endereço constante do mandado, mas obtiver informações quanto ao seu paradeiro, deverá procurá-lo nos limites territoriais da circunscrição do juízo processante. �
CARTA PRECATÓRIA:
	Destina-se à citação do acusado que estiver no território nacional, em lugar certo e sabido, porém fora da comarca do juízo processante, pressupõe-se que os juízos sejam da mesma instância, pois se trata de mera solicitação, e não de determinação. Tal pedido é remetido por meio de uma carta, daí o nome de “carta precatória” (: carta, porque tem forma de carta; precatória, porque contém um pedido. 
	Requisitos intrínsecos da citação por carta precatória, além dos requisitos exigidos na citação por mandado, a carta precatória deverá conter a indicação do juiz deprecante (o que depreca, o que pede) e a do juiz deprecado (aquele a quem se pede), bem como a sede de um e de outro. Na hipótese de o citando se encontrar em outra comarca, distinta da do juízo deprecado, este encaminhará a carta precatória diretamente ao novo local. É a chamada “precatória itinerante”. Essa característica é muito útil no caso de réu que muda constantemente de endereço, como, por exemplo, empregado de circo. �
CITAÇÕES DIFERENCIADAS:
	A citação do militar dar-se-á “por intermédio do chefe do respectivo serviço”, devendo o militar ser requisitado quando estiver fora de sua sede. Isso se deve em homenagem à hierarquia militar e a inviolabilidade do quartel. Se o acusado estiver preso, a sua citação será feita pessoalmente, com a comunicação da audiência ao diretor do estabelecimento prisional. Por sua vez, o funcionário público deve ser citado pessoalmente, por mandado, com a comunicação ao chefe da repartição. Esta comunicação só é plausível, se o rito comungado conta com a realização inicial de interrogatório, onde o funcionário teria que se ausentar do serviço para comparecer à audiência. O seu superior, em homenagem à continuidade do serviço público, providenciaria a substituição do funcionário faltante.�
CARTA ROGATÓRIA:
	O réu no estrangeiro ou em legação estrangeira, em lugar sabido, será citado por carta rogatória, com a suspensão do prazo prescricional até o seu efetivo cumprimento, seguindo-se as vias diplomáticas�
CARTA DE ORDEM:
	São as citações determinadas pelos tribunais nos processos de sua competência originária, vale dizer, o tribunal determina ao magistrado de primeira instância que cite o acusado residente em sua comarca e que goze de prerrogativa de foro. São também as determinações de tribunais superiores para tribunais de segundo grau. �
EDITAL:
	A citação por edital é de natureza ficta e deve ocorrer em situações excepcionais, decorrentes da impossibilidade de encontrar o réu. O Código de Processo Penal, após a reforma dada pela Lei nº 11.719/2008 e a propósito da citação editalícia, reza que ela será realizada quando o acusado não for encontrado.. Entrementes, a presunção de que o acusado está ciente da acusação, com a citação editalícia, foi desfeita pelas alterações supervenientes do Código. O sistema processual penal brasileiro não presume a ciência da imputação pelo acusado citado por edital.�
	O edital, em suma, deve ser o mais completo possível, de preferência com a transcrição da narrativa da denúncia. Todavia, a jurisprudência tem se contentado com a simples indicação do tipo penal no qual se encontra incurso o acusado, dispensada menção à síntese fática da peça acusatória. Nos Juizados Especiais, por sua vez, não é admitida citação por edital, pois esta é incompatível com a ideia de celeridade do procedimento. Se o infrator não for encontrado para ser citado pessoalmente, ou se o ato não é realizado no próprio juizado, os autos serão remetidos ao juízo comum.�
HORA CERTA:
	O legislador da reforma processual penal realizada pela Lei nº 11.719/2008,inaugurou a possibilidade de citação com hora certa no processo penal, reduzindo os casos de citação por edital que, não raras vezes, ensejam crise de instância. O Novo Código modificou o procedimento da citação com hora certa. O CPC/1973 prevê que ela será realizada quando o oficial procurar o citando sem êxito por três vezes. O Novo CPC exige apenas duas tentativas, após o que estará autorizado a proceder à citação com hora certa. A novidade maior fica por conta do parágrafo único, do mesmo art. 252, do Novo CPC. Pensamos que sua aplicação deve ser cercada de cautelas indispensáveis ao processo penal, a fim de não retirar a credibilidade do ato de comunicação processual. O aludidotexto preconiza que nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com
controle de acesso, será válida a “intimação” do art. 252, caput, do NCPC, feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência.�
III- INTIMAÇÃO E NOTIFICAÇÃO
	Capez traz a diferença de notificação de forma latente: “Intimação é a ciência dada à parte, no processo, da prática de um ato, despacho ou sentença. Portanto, refere-se a intimação a um ato já passado, já praticado. Já, a notificação é a comunicação à parte, ou outra pessoa, do dia, lugar e hora de um ato processual a que deva comparecer ou praticar. Diferenciam-se, por conseguinte, porquanto refere-se a um ato futuro, enquanto esta alude a ato já praticado, ato passado.” 
Já Távora, faz uma diferenciação bem mais doutrinaria: “A ciência da prática de um ato processual nos autos é dada à parte através de uma intimação. Intimação, assim, pressupõe fato processual já consumado e cuja ciência ao interessado é reclamada para o fito de serem produzidos validamente seus efeitos legais. A notificação, distintamente, é a ciência que é dada ao interessado de seu dever ou de seu ônus de praticar um ato processual ou de adotar determinada conduta, pressupondo um fazer, um comportamento positivo, tal como ocorre com a comunicação de designação de ato processual a que deva a parte comparecer.”
	A intimação e a notificação têm em comum com a citação a característica de servir de comunicação processual. A falta de intimação da prática de algum ato processual pode dar azo à nulidade, com a impetração de habeas corpus ou de mandado de segurança (este se ao crime não for cominada pena privativa de liberdade). Contudo, o CPP seguiu a orientação da instrumentalidade das formas, buscando sempre prestigiar a conservação dos atos processuais, de molde que não haverá nulidade se o ato atingiu seu fim, bem como se não houve prejuízo para a parte interessada, nem alegação oportuna.�
	A Lei n. 9.271, de 17-4-1996, instituiu nova redação aos §§ 1º e 2º do art. 370 do CPP: 
“§ 1º A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais na comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado.
 § 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo”. 
	Essa intimação só pode ser realizada por meio de publicação no Diário da Justiça (órgão oficial) e somente diz respeito aos advogados que atuam no processo, não cabendo para réus e testemunhas, para os quais persiste a obrigatoriedade da intimação pessoal. Da mesma forma, o órgão do Ministério Público e o defensor nomeado, os quais também deverão ser intimados pessoalmente �
	Releva fazer menção ao verbete nº 310, da súmula do STF, por esclarecer a efetivação de intimações em dias não úteis, ao dizer que “quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir”. Nota-se que o texto desse enunciado se coaduna com o fim comunicativo da intimação, fazendo prevalecer a presunção de que em dias não forenses não há efetiva ciência do ato processual pela parte interessada.�
	Vale frisar que o Código de Processo Penal e a legislação especial correlata têm regras próprias de contagem de prazos. O texto da referida Súmula 710, STF, é inclusive expressa ao dizer que os prazos no processo penal são contados da intimação, diversamente dos prazos processuais civis, que têm como termo inicial a data de juntada do respectivo mandado ou carta aos autos. O princípio da especialidade afasta, no ponto, a incidência das regras do Novo CPC.
	Durante o curso do processo penal, a praxe – que se alia ao princípio da economia
processual – é a de que as partes saiam cientes das audiências do ato processual praticado, bem como da designação do ato subsequente. Evitam-se, assim, custos com as intimações por oficial de justiça e pela imprensa. Com a reforma processual penal (Lei nº 11.719/2008), que sufragou o princípio da concentração dos atos em audiência (uma única audiência para oitiva de todos os envolvidos no processo penal: ofendido, testemunhas, peritos e acusado), reduziu-se a possibilidade de atrasos pela não observância do art. 372, CPP, em prestígio aos princípios da celeridade e da economia processual. 
	É de ver que a reforma processual penal vem sendo reputada, em muitos de seusaspectos, como fiel ao princípio inquisitivo, na esteira do sistema inquisitório com origem no Código Rocco. A intimação ficta em processo penal pode se revelar demasiadamente gravosa ao acusado de modo a ofender o princípio da proporcionalidade, não devendo se admitir, por exemplo, que se intime o acusado da sentença condenatória por edital ou por hora certa�
IV- REFERÊNCIAS
CAPEZ, Fernando Curso de processo penal / Fernando Capez. – 19. ed. – São Paulo : Saraiva, 2012. 
TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 11ª ed. Salvador, Bahia. Edições JusPODIVM. 2016. 
�	TÁVORA, pag. 1450
�	CAPEZ, pag. 573
�	CAPEZ pag. 574
�	CAPEZ, pag. 576
�	TÁVORA, pags 1451 e 1542
�	TÁVORA, pag 1453
�	CAPEZ, pag 579
�	TÁVORA, pag 1454
�	TÁVORA, pag 1457
�	TÁVORA, pags 1458 a 1460
�	TÁVORA, pag 1462
�	CAPEZ, pag 589
�	TÁVORA, pag 1463
�	 TÁVORA, pag. 1464

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes