Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Brasília-DF. Contabilidade avançada Elaboração Jailton Fernandes de Azevedo Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS ............................................................................................................. 9 CAPÍTULO 1 INVESTIMENTOS EM OUTRAS SOCIEDADES, PROPRIEDADES PARA INVESTIMENTO E DEMAIS INVESTIMENTOS .................................................................................. 9 CAPÍTULO 2 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ...................................................................................................... 17 UNIDADE II EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL ............................................................................................................... 22 CAPÍTULO 1 MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL .............................................................................. 22 CAPÍTULO 2 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS CONSOLIDADAS ..................................................................... 37 UNIDADE III TRANSAÇÕES EM MOEDA ESTRANGEIRA E OPERAÇÕES NO EXTERIOR ................................................. 44 CAPÍTULO 1 TAXAS DE CÂMBIO E CONVERSÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ................................... 44 CAPÍTULO 2 APRESENTAÇÃO DE TRANSAÇÃO EM MOEDA ESTRANGEIRA NA MOEDA FUNCIONAL .............. 53 CAPÍTULO 3 CONVERSÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA MOEDA DIFERENTE DA MOEDA FUNCIONAL ........................................................................................................................... 59 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 66 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico- tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 6 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução Nesse módulo, buscaremos transmitir os assuntos considerados por boa parte da doutrina como os mais avançados da contabilidade, visando desenvolver no corpo discente habilidades com as práticas contábeis contemporâneas. A Contabilidade, como ciência, exerce papel importante na sociedade. Deixou de ser considerada apenas um instrumento de escrituração fiscal e é reconhecida como uma ferramenta que atua diretamente nas decisões das empresas e de outros segmentos da sociedade, como investidores, sindicatos, bancos, servidores. O profissional de Contabilidade deve, diante da evolução da competitividade dos mercados, estar sempre atento, interagindo com as inovações tecnológicas, filtrando informações e se preparando constantemente para o exercício de sua função gerencial. Esta disciplina se propõe, portanto, a levantar tópicos importantes sobre a Contabilidade Avançada, distribuída em três temas principais: » Avaliação de Investimentos. » Equivalência Patrimonial. » Transações em moeda estrangeira e operações no exterior. Com isso, pretendo propiciar-lhe algumas horas de estudo, com ênfase na avaliação de investimentos em coligadas e controladas, no método de equivalência patrimonial, no processo de conversão das demonstrações contábeis para moeda estrangeira e na identificação de transações em moeda estrangeira. Objetivos » Identificar e avaliar os componentes do subgrupo Investimentos do Balanço Patrimonial. » Aprofundar o conhecimento sobre a avaliação em participações societárias permanentes, com ênfase no método de equivalência patrimonial. » Conhecer o processo de conversão das demonstrações contábeis para moeda estrangeira. 8 » Identificar transações em moeda estrangeira. 9 UNIDADE IAVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS CAPÍTULO 1 Investimentos em outras Sociedades, Propriedades para Investimento e demais Investimentos Conceitos iniciais A Lei 6.404/1976, alterada pelas Leis 11.638/2007 e 11.941/2009, modificou a estrutura do Balanço Patrimonial, criando a figura do Ativo Não Circulante,um novo grupo que reuniu o Realizável a Longo Prazo e o Ativo Permanente. O Ativo Não Circulante, atualmente, é composto pelo ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. Tais alterações fazem parte do processo de convergência contábil que visa à harmonização dos procedimentos contábeis brasileiros (inclusive a estrutura das demonstrações contábeis, como o Balanço Patrimonial) aos padrões internacionais de contabilidade emitidos pelo IASB. Diante do ambiente em constante mudança no qual se encontra inserido o profissional contábil contemporâneo, será necessária uma postura mais dinâmica e proativa por parte desses profissionais. 10 UNIDADE I │AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS Balanço patrimonial Ativo Passivo Circulante Não circulante Realizável a longo prazo Investimentos Imobilizado Intangível Circulante Não circulante Exigível a longo prazo Patrimônio líquido: Capital Reservas Lucros retidos (prejuízos acumulados)1 Em virtude dos objetivos deste módulo, daremos maior atenção ao subgrupo investimentos, que, segundo a Lei 6.404/1976, deve conter as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa. Conforme demonstra o Manual de Contabilidade Societária da FIPECAFI (2013), houve um pequeno lapso na lei, que deveria ter adicionado “e não classificáveis também no Realizável a Longo Prazo” ao texto. Por isso, devemos fazer uma interpretação mais abrangente do texto, pois é necessário entender que os demais investimentos devem ter a característica de permanente, ou seja, não são destinados à venda ou não fazem parte de operações em descontinuidade. No Ativo Não Circulante Investimentos são classificados, portanto, bens de renda. Ou seja, representam aplicações em bens tangíveis e intangíveis não utilizados nas atividades usuais da empresa. São exemplos de itens classificados em investimentos: » Ações de controladas e/ou coligadas. » Imóveis para aluguel. » Terrenos não utilizados. » Imóveis destinados para arrendamento mercantil operacional. Dentre os itens que compõem o subgrupo “Investimentos”, podemos destacar as participações societárias, que derivam de operações nas quais uma empresa – denominada investidora – adquire participação, por meio de quotas de Capital ou ações, em outra sociedade – denominada investida. É importante ressaltar que o CPC 28 destaca no subgrupo Investimentos, dentro do Ativo Não Circulante, propriedades para investimento mantidas para obter rendas 11 AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS│ UNIDADE I ou para valorização do capital ou para ambas (terrenos ou edifícios para obtenção de renda ou apenas valorização). Isso se deve ao fato de uma propriedade para investimento gerar fluxos de caixa altamente independentes dos outros ativos mantidos pela entidade. O que distingue as propriedades para investimento de propriedades ocupadas pelos proprietários. O subgrupo Investimento deve apresentar, portanto, de acordo com o CPC 28, um conjunto de três contas: » Participações permanentes em outras sociedades. » Propriedades de investimento. » Outros investimentos permanentes. Montoto (2012) as resume da seguinte maneira: Participações permanentes em outras sociedades: aplicações de recursos de modo permanente, em quotas de Capital ou ações de outras sociedades. O significado de permanente está associado a investimento, que possui motivação estratégica. Participações societárias permanentes estratégicas ocorrem quando uma empresa (investidora) deseja participar do Capital de outra (investida), porque esta é um fornecedor importante ou estratégico no seu negócio. Propriedades para investimento: são representados basicamente por terrenos ou edifícios para obtenção de renda ou simplesmente valorização. Outros investimentos permanentes: são aplicações de recursos em bens tangíveis e intangíveis não utilizados nas atividades usuais da empresa, como, por exemplo, obras de arte, marcas e direitos em geral não relacionados com o negócio ou para utilização futura neste. Clasificação do investimento em participações societárias Viceconti e das Neves (2013) dividem os investimentos em participações societárias em dois grandes grupos: » Investimentos temporários: são aqueles adquiridos com a intenção de revenda e tendo, geralmente, caráter especulativo. Podem ser 12 UNIDADE I │AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS classificados tanto no Ativo Circulante (AC) quanto no Ativo Realizável a Longo Prazo (ARLP). » Investimentos permanentes: são aqueles adquiridos com a intenção de continuidade, representando, portanto, uma extensão da atividade econômica, devendo ser classificados no Ativo Permanente (AP). É importante ressaltar que o principal ponto distintivo nessa classificação é a intenção de manutenção do investimento por parte da investidora. Métodos de avaliação de participações societárias De acordo com a Lei 6.404/1976 e com os CPCs 38 (R1) (Instrumentos Financeiros) e 18 (Investimento em Coligada e em Controlada), os investimentos permanentes em participação societária devem ser avaliados de maneiras distintas, a depender da importância e do significado do investimento para a investidora. Existem três métodos de avaliação de investimentos em participações societárias permanentes: » Método da Equivalência Patrimonial (MEP). » Método do Valor Justo. » Método do Custo. Conforme detalharemos mais a frente, as empresas cujas participações societárias se classificarem como coligadas ou controladas serão avaliadas pelo método da equivalência patrimonial. Caso não se enquadrem nessas situações, os investimentos devem ser avaliados pelo valor justo e, se não for possível, pelo seu custo de aquisição. MEP e custo de acordo com a Lei 6.404/1976 De acordo com o inc. III da Lei 6.404/1976, os investimentos em participação no capital social de outras sociedades deverão ser avaliados pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa perda estiver comprovada como permanente, e que não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas. 13 AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS│ UNIDADE I Todavia, o mesmo inciso ressalva a aplicação do método aos investimentos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum, que serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial. MEP, Método do Custo e do Valor Justo, segundo o CPC 18 (R1) O CPC 18(R1) determina que um investimento, mesmo quando for avaliado pelo método da equivalência patrimonial, deve ser inicialmente reconhecido pelo custo, e o seu valor contábil será aumentado ou diminuído pelo reconhecimento da participação do investidor nos lucros ou prejuízos do período, gerados pela investida após a aquisição. Ou seja, o custo de aquisição será sempre a referência inicial para contabilização, independentemente do método a ser utilizado posteriormente. Já o CPC 38, em seu item 46, determina que após o reconhecimento inicial, a entidade deve mensurar os ativos financeiros pelo valor justo, incluindo os derivativos que sejam ativos, sem nenhuma dedução dos custos de transação em que possa incorrer na venda ou em outra alienação, salvo algumas exceções apontadas no próprio pronunciamento. Avaliação pelo custo de aquisição A avaliação pelo custo implica considerar os valores efetivamente gastos na aquisição de um Ativo. Nesse custo deverão ser considerados todos os valores incorridos para colocar o Ativo em condições de uso ouno estágio atual, no caso de Ativos em Construção. Além disso, perdas prováveis para recuperação do valor investido no Ativo devem ser consideradas. Por exemplo, ao avaliar uma participação societária, devemos considerar indícios de perda permanente do valor de uma empresa. Avaliação pelo valor justo Considera-se valor justo de um Ativo, seja ele um instrumento financeiro ou qualquer outro tipo, o valor pelo qual um ativo pode ser negociado entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizam uma transação compulsória. 14 UNIDADE I │AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS Avaliar pelo valor justo é considerar a cotação de um mercado ativo ou um valor negociado livremente entre as partes em uma transação sem favorecimentos. Nos casos em que o item patrimonial não puder ser mensurado pelo valor justo, deverá ser aplicado o valor de custo menos as perdas estimadas. Avaliação por equivalência patrimonial Como afirmamos anteriormente, nos termos do CPC 18 (R1), avaliar por equivalência patrimonial significa reconhecer inicialmente um ativo pelo valor de custo e, posteriormente, ajustar seu valor contábil em função do percentual de participação no capital da investida decorrente da variação do Patrimônio Líquido (lucros ou prejuízos) da investida. Isso significa, que quando a investida apurar um lucro líquido no exercício, a investidora reconhecerá em seu resultado um ganho de equivalência patrimonial (GEP) e, por outro lado, quando houver prejuízo líquido por parte da investida a investidora reconhecerá no seu resultado uma perda de equivalência patrimonial (PEP). De acordo com o art. 248 da Lei 6.404/1976, os investimentos em coligadas ou em controladas, constantes do balanço patrimonial de uma companhia ou de outras sociedades, que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum, serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial, nos seguintes termos: » Determinar-se-á o valor do Patrimônio Líquido da coligada ou da controlada de acordo com o Balanço Patrimonial ou Balancete de Verificação levantado, na mesma data, ou até 60 (sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço da companhia; no valor do Patrimônio Líquido não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas, devendo a sociedade coligada, sempre que solicitada pela companhia, elaborar e fornecer o balanço ou balancete de verificação. » Sobre o valor de Patrimônio Líquido referido acima, o valor do investimento será determinado mediante a aplicação da porcentagem de participação no capital da coligada ou controlada. » Somente será registrada como resultado do exercício a diferença entre o valor do investimento e o custo de aquisição corrigido monetariamente: › se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou controlada; 15 AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS│ UNIDADE I › se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou perdas efetivos; › no caso de companhia aberta, com observância das normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários. Importante ressaltar que apesar de o § 1o da Lei das Sociedades Anônimas expressar que na determinação da relevância do investimento serão computados, como parte do custo de aquisição, os saldos de créditos da companhia contra as coligadas e controladas, tal menção possui, atualmente, pouca importância quanto à aplicação do método de equivalência patrimonial depois que o conceito de influência significativa foi introduzido pelas normas da CVM e do CPC: Demonstrações consolidadas A Lei no 6.404/1976, art. 249, diz que “A companhia aberta que tiver mais de 30% (trinta por cento) do valor do seu patrimônio líquido representado por investimento em sociedades controladas deverá elaborar e divulgar, juntamente com suas demonstrações financeiras, demonstrações consolidadas nos termos do artigo 250”. Porém a Instrução no 247/1996 da CVM, art. 21, diz que Ao fim de cada exercício social, demonstrações contábeis consolidadas devem ser elaboradas por: companhia aberta que possuir investimento em sociedades controladas, incluindo as sociedades controladas em conjunto referidas no artigo 32 desta instrução; sociedade de comando de grupo de sociedades que incluam companhia aberta. A companhia deverá elaborar e divulgar as demonstrações consolidadas, juntamente com suas demonstrações financeiras, podendo a Comissão de Valores Mobiliário – CVM: » expedir normas sobre as demonstrações que devam ser abrangidas na consolidação; » determinar a inclusão de sociedades que, embora não controladas, sejam financeira ou administrativamente dependentes da companhia; » autorizar, em casos especiais, a exclusão de uma ou mais sociedades controladas. 16 UNIDADE I │AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS Normas sobre consolidação Seguem abaixo algumas normas sobre demonstrações consolidadas: » das demonstrações financeiras consolidadas serão excluídas: › as participações de uma sociedade em outra; › os saldos de quaisquer contas entre as sociedades; › as parcelas dos resultados do exercício, dos lucros ou prejuízos acumulados e do custo de estoques ou do ativo não circulante que corresponderem a resultados, ainda não realizados, de negócios entre as sociedades. » destacar-se-á, respectivamente, no balanço patrimonial e na demonstração do resultado do exercício, a participação dos acionistas não controladores no patrimônio líquido e no lucro do exercício; » a parcela do custo de aquisição do investimento em controlada, que não for absorvida na consolidação, deverá ser mantida no ativo não circulante, com dedução da provisão adequada para perdas já comprovadas, e será objeto de nota explicativa; » o valor da participação que exceder do custo de aquisição, constituirá parcela destacada dos resultados de exercícios futuros até que fique comprovada a existência de ganho efetivo; » as sociedades controladas, cujo exercício social termine mais de 60 (sessenta) dias antes da data do encerramento do exercício da companhia, elaborarão demonstrações financeiras extraordinárias em data compreendida nesse prazo. 17 CAPÍTULO 2 Critérios de avaliação Avaliação de participações societárias permanentes Conforme mencionado anteriormente, as participações societárias permanentes se referem à aplicação de recursos de modo permanente em outras sociedades, normalmente por meio de participação no capital social por meio de quotas ou ações mantidas pela empresa investidora. De acordo com a legislação em vigor, para fins de elaboração das demonstrações financeiras da entidade investidora, os investimentos em participação no capital de outras sociedades podem ser avaliados por dois critérios distintos, dependendo da existência de influência significativa ou de controle (integral ou compartilhado): » Método de Equivalência Patrimonial: é a base de avaliação dos investimentos em coligadas, controladas e em sociedades que fazem parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum. Consiste em, após o reconhecimento inicial, ajustar o investimento pela parte do investidor em quaisquer mutações do patrimônio líquido da investida. » Método do Custo: é a base de avaliação das demais participações societárias permanentes e consiste em ajustar o investimento após o seu reconhecimento inicial, somente pela ocorrência de perdas por redução do ativo ao valor recuperável. A legislação fiscal estendeu também às Limitadas, a aplicação do método da equivalência patrimonial. Essa segregação, portanto, é válida para as Sociedades Limitadas e outras, e não só para as Sociedades por Ações.Embora a Lei 6.404/1976 exija que outros investimentos devam ser avaliados pelo custo, os pronunciamentos do CPC dispõem de maneira distinta. Por exemplo, o CPC 38, item 46 (c), determina que após o reconhecimento inicial, a entidade deve mensurar os ativos financeiros, incluindo os derivativos que sejam ativos, pelos seus valores justos sem nenhuma dedução dos custos de transação em que possa incorrer na venda ou em outra alienação, exceto investimentos em instrumentos patrimoniais que não tenham preço de mercado cotado em mercado ativo, e cujo valor justo não possa ser confiavelmente medido e derivativos que estejam ligados e 18 UNIDADE I │AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS devam ser liquidados pela entrega desses instrumentos patrimoniais não cotados, os quais devem ser medidos pelo custo. Importante ressaltar que a Lei das Sociedades por Ações, em seu art. 177, § 3o e 5o, estabelece que as demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e que as normas expedidas pela CVM deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários. Assim, as companhias abertas ficam obrigadas a acompanhar as determinações da CVM, e como essa aprovou todos os Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC, tais companhias deverão avaliar, a valor justo, seus investimentos permanentes em outras sociedades que não coligadas ou controladas. Todavia, caso não exista preço de mercado cotado em um mercado ativo ou o valor justo não possa ser mensurado de maneira confiável por outras técnicas de avaliação, é possível a avaliação a custo. Lembrando que o Conselho Federal de Contabilidade – CFC – também aprovou todos os Pronunciamentos Técnicos, Interpretação e Orientações do CPC, e tais regras, portanto, são válidas para as demais sociedades. Avaliação de propriedades para investimento e de outros investimentos De acordo com o CPC 28, propriedade para investimento é a propriedade (terreno ou edifício – ou parte de edifício – ou ambos) mantida para auferir renda (aluguel) ou, simplesmente para valorização do capital ou para ambas, e não para: 1. uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços ou para finalidades administrativas; ou 2. venda no curso ordinário do negócio. Tais ativos são classificados no subgrupo Investimentos, dentro do Ativo Não Circulante, por, além de serem mantidas para obtenção de rendas ou valorização do capital, gerarem fluxos de caixa de maneira independente das atividades usuais realizadas pela entidade. Souza (2012) traz alguns exemplos de propriedade para investimento: a. terrenos mantidos para valorização de capital a longo prazo e não para venda a curto prazo no curso ordinário dos negócios; 19 AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS│ UNIDADE I b. terrenos mantidos para futuro uso correntemente indeterminado (se a entidade não tiver determinado que usará o terreno como propriedade ocupada pelo proprietário ou para venda a curto prazo no curso ordinário do negócio, o terreno é considerado como mantido para valorização do capital); c. edifício que seja propriedade da entidade (ou mantido pela entidade em arrendamento financeiro) e que seja arrendado sob um ou mais arrendamentos operacionais; d. edifício que esteja desocupado, mas mantido para ser arrendado sob um ou mais arrendamentos operacionais; e. propriedade que esteja sendo construída ou desenvolvida para futura utilização como propriedade para investimento. Em alguns casos, a propriedade pode compreender uma parte que é mantida para obter rendimentos ou valorização de capital e outra parte que é mantida ligada ao negócio da empresa. Se essas partes puderem ser vendidas separadamente, a entidade deve contabilizá-las também separadamente. Por outro lado, se as partes não puderem ser vendidas separadamente, a propriedade só será contabilizada como para investimento se apenas uma parte insignificante for mantida para uso na produção de bens ou serviços ou atividades administrativas. No que se refere à avaliação de propriedades mantidas para investimento, a base legal também se encontra no art. 183, só que no inc. IV. Segundo a lei, os demais investimentos serão avaliados pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para atender às perdas prováveis na realização do seu valor, ou para redução do custo de aquisição ao valor de mercado, quando este for inferior. Importante lembrar que são classificados como “demais investimentos permanentes” aquelas aplicações de recursos em bens tangíveis e intangíveis não utilizados no negócio da empresa, como as obras de arte e marcas não relacionadas com a atividade. Como podemos observar, os demais investimentos devem ser avaliados a custo de aquisição e não a valor justo. Como afirmamos anteriormente, a lei societária não indica o tratamento a ser dado para Propriedade para investimento, pois tal figura só foi introduzida a partir da aprovação do Pronunciamento Técnico CPC 28 – Propriedade para Investimento. Antes da Lei 11.638/2007, os imóveis e terrenos mantidos exclusivamente para gerar renda ou valorização de capital eram classificados como outros investimentos, uma vez 20 UNIDADE I │AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS que não estavam sendo usados nas atividades usuais da empresa e nem existia uma definição presente que seriam utilizados no futuro. Para dirimir a questão, é necessário lembrar novamente que a Lei das Sociedades por Ações, em seu art. 177, § 3o e 5o, estabelece que as demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e que as normas expedidas pela CVM deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade, adotados nos principais mercados de valores mobiliários. Lembrando, também, que o Conselho Federal de Contabilidade – CFC – também aprovou todos os Pronunciamentos Técnicos, Interpretação e Orientações do CPC, e tais regras, portanto, são válidas para as demais sociedades. Concluímos, portanto, que as obras de arte de uma entidade devem ser registradas em “outros investimentos permanentes”. Já, as “propriedades para investimentos” devem constar separadamente no Balanço Patrimonial. Diante disso, o Manual da Contabilidade Societária (2013) conclui que “outros investimentos permanentes”, considerando a Lei Societária, são avaliados pelo custo, mas as “propriedades para investimento”, considerando as disposições do Pronunciamento Técnico CPC 28, são avaliadas pelo custo ou valor justo, a critério da empresa que reporta a informação. Apresentamos, a seguir, para melhor visualização da estrutura do subgrupo Investimento, quadro expandindo cada um dos três subconjuntos: Participações societárias PERMANENTES EM outras sociedades Participações em coligadas e controladas (equivalência patrimonial). Participações societárias avaliadas pelo valor justo. Participações societárias avaliadas pelo valor custo. Ágio sobre Ativos Líquidos (mais-valia sobre os Ativos das participações societárias nas investidas). Ágio por expectativa de rentabilidade futura em participações societárias permanentes (goodwill). Perdas estimadas. Propriedades para investimentos Avaliadas pelo valor justo. 21 Avaliados pelo valor de custo. Depreciação acumulada. Perdas estimadas. Demais investimentos Bens tangíveis não utilizados nos negócios (obras de arte). Bens intangíveis não utilizados nos negócios. Perdas estimadas. Fonte: Montoto (2012) adaptado. 22 UNIDADE IIEQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL CAPÍTULO 1 Método da equivalência patrimonial O Pronunciamento Técnico CPC 18 (R1) conceitua o métododa equivalência patrimonial como o método de contabilização por meio do qual o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo e, a partir daí, é ajustado para refletir a alteração pós-aquisição na participação do investidor sobre os ativos líquidos da investida. As receitas ou as despesas do investidor incluem sua participação nos lucros ou prejuízos da investida, e os outros resultados abrangentes do investidor incluem a sua participação em outros resultados abrangentes da investida. A equivalência patrimonial corresponde, portanto, ao valor do investimento determinado mediante a aplicação da percentagem de participação no capital social sobre o patrimônio líquido de cada investida sujeita ao método, localizada no Brasil ou no exterior. Já vimos que o art. 248 da Lei no 6.404/1976 estabelece que os investimentos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial. Coligadas São coligadas, segundo a Lei das Sociedades por Ações, as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa. De maneira quase idêntica, o Pronunciamento Técnico CPC 18 (R1) define coligada como a entidade sobre a qual o investidor tem influência significativa. 23 EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL│ UNIDADE II Influência significativa é, de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 18 (R1), o poder de participar das decisões sobre políticas financeiras e operacionais de uma investida, mas sem que haja o controle individual ou conjunto dessas políticas. Considera-se que há influência significativa quando a investidora detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou operacional da investida, sem controlá-la. A Lei dispõe, ainda, que é presumida a influência significativa quando a investidora for titular de 20% (vinte por cento) ou mais do capital votante da investida, sem controlá-la. É importante salientar que essa presunção de influência significativa é relativa, isto é, pode ocorrer da investidora possuir mais de 20% do capital votante da investida e não ter influência significativa. De outra maneira, a investidora pode ser titular de menos de 20% do capital votante da investida e ter influência significativa. Se o investidor mantém direta ou indiretamente (por meio de controladas, por exemplo), vinte por cento ou mais do poder de voto da investida, presume-se que ele tenha influência significativa, a menos que possa ser claramente demonstrado o contrário. Por outro lado, se o investidor detém, direta ou indiretamente (por meio de controladas, por exemplo), menos de vinte por cento do poder de voto da investida, presume-se que ele não tenha influência significativa, a menos que essa influência possa ser claramente demonstrada. Portanto, a propriedade substancial ou majoritária da investida por outro investidor não necessariamente impede que um investidor tenha influência significativa sobre ela. A existência de influência significativa por investidor geralmente é evidenciada por uma ou mais das seguintes formas: a. representação no conselho de administração ou na diretoria da investida; b. participação nos processos de elaboração de políticas, inclusive em decisões sobre dividendos e outras distribuições; c. operações materiais entre o investidor e a investida; d. intercâmbio de diretores ou gerentes; e. fornecimento de informação técnica essencial. Ainda de acordo com o CPC 18 (R1), a entidade pode ter em seu poder: direitos de subscrição, opções não padronizadas de compras de ações (warrants), opções de compra 24 UNIDADE II │EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL de ações, instrumentos de dívida ou patrimoniais conversíveis em ações ordinárias ou outros instrumentos semelhantes com potencial de, se exercidos ou convertidos, conferir à entidade poder de voto adicional ou reduzir o poder de voto de outra parte sobre as políticas financeiras e operacionais da investida (isto é, potenciais direitos de voto). A existência e a efetivação dos potenciais direitos de voto prontamente exercíveis ou conversíveis, incluindo os potenciais direitos de voto detidos por outras entidades, devem ser consideradas na avaliação de a entidade possuir ou não influência significativa ou controle. Os potenciais direitos de voto não são exercíveis ou conversíveis quando, por exemplo, não podem ser exercidos ou convertidos até uma data futura ou até a ocorrência de evento futuro. O CPC 18 (R1), item 9, lembra que a entidade pode perder a influência significativa sobre a investida quando ela perde o poder de participar nas decisões sobre as políticas financeiras e operacionais daquela investida. A perda da influência significativa pode ocorrer com ou sem mudança no nível de participação acionária absoluta ou relativa. Isso pode ocorrer, por exemplo, como resultado de acordo contratual ou quando uma coligada torna-se sujeita ao controle de governo, tribunal, órgão administrador ou entidade reguladora. Além disso, equiparam-se às coligadas, nos termos da Instrução CVM no 247/1996, as seguintes sociedades: » quando uma participa indiretamente com 10% (dez por cento) ou mais do capital votante da outra, sem controlá-la; » quando uma participa diretamente com 10% (dez por cento) ou mais do capital votante da outra, sem controlá-la, independentemente do percentual da participação no capital total. Controladas Considera-se controlada, conforme § 2o, art. 243, da Lei no 6.404/1976, a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores. Por sua vez, o Manual de Contabilidade Societária (2013) sempre que uma das partes (sócios) tiver preponderância nas deliberações sobre as políticas financeiras e 25 EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL│ UNIDADE II operacionais ou, de outro modo, quando tem poder de dirigir as atividades relevantes da investida e usa esse poder em seu benefício, temos um exemplo de controlada. Já a Instrução CVM no 247/1996 considera controlada a sociedade: » em que a investidora, direta ou indiretamente, seja titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente: › a preponderância nas deliberações sociais; › o poder de eleger ou destituir a maioria dos administradores. » filial, agência, sucursal, dependência ou escritório de representação no exterior, sempre que os respectivos ativos e passivos não estejam incluídos na contabilidade da investidora, por força de normatização específica; » em que os direitos permanentes de sócio, preponderância nas deliberações sociais e poder de eleger ou destituir administradores, estejam sob controle comum ou sejam exercidos mediante a existência de acordo de votos, independentemente do seu percentual de participação no capital votante; e » subsidiária integral, tendo a investidora como única acionista. Se a holding de um determinado conglomerado econômico possuir investimentos em uma controlada que detenha participações em outras empresas controladas por essa holding, esses investimentos devem ser avaliados pelo Método de Equivalência Patrimonial. Para que ocorra o controle, a investidora deve possuir direta ou indiretamente mais de 50% das ações com direito a voto da investida. Além disso, é importante lembrar que o capital social de uma companhia pode ser formado por ações preferenciais (sem direito a voto) e ordinárias (com direito a voto). O controle pode ser exercido de duas maneiras: Controle direto: quando a investidora possui diretamente mais de 50% do capital votante da investida. Controle indireto: quandoa investidora exerce o controle de companhia por meio de outra companhia, que é controlada pela investidora. 26 UNIDADE II │EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL Sociedades integrantes de mesmo grupo Se a investida e a investidora tiverem um controlador comum, o investimento será avaliado pelo MEP, independentemente do percentual de participação da investidora no capital da investida. Sociedades sob controle comum Controle comum (ou controle conjunto) é o compartilhamento do controle por meio de um contrato estabelecido entre as investidoras. Nesse caso, as decisões estratégicas, financeiras ou operacionais sobre as atividades da investida exigem o consentimento unânime das partes que compartilham o controle. Relevância do Investimento em coligadas e controladas É necessário atentar a um fato importante em relação à relevância dos investimentos em coligadas e controladas, pois apesar das alterações promovidas na Lei no 6.404/1976, o parágrafo único, alíneas “a” e “b” do art. 247 considera relevante o investimento quando: » o seu valor contábil em cada coligada for igual ou superior a 10% (dez por cento) do patrimônio líquido da investidora; ou » o seu valor contábil em controladas e coligadas, considerado em seu conjunto, for igual ou superior a 15% (quinze por cento) do patrimônio líquido da investidora. O valor contábil do investimento em coligada e controlada abrange o custo de aquisição mais a equivalência patrimonial e o ágio não amortizado, deduzido do deságio não amortizado e da provisão para perdas. Ao valor contábil do investimento deverá ser adicionado o montante dos créditos da investidora contra suas coligadas e controladas, para determinação dos percentuais determinados. Apesar disso, atualmente, a relevância não possui aplicação prática, pois sempre que a investidora concluir que possui influência significativa sobre outra sociedade, independentemente do percentual de participação no capital, esta atende ao conceito de coligada e, portanto, a investidora deve avaliar – em regra – esse investimento pelo MEP. 27 EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL│ UNIDADE II Procedimentos de avaliação de investimentos pelo método da equivalência patrimonial Qual a essência do método da equivalência patrimonial? Primeira equivalência patrimonial: realizada no momento da aquisição do investimento, visando determinar a existência de ágio ou deságio nessa aquisição, conforme veremos adiante. Demais avaliações pelo MEP: quando do levantamento das Demonstrações Contábeis, normalmente no encerramento do exercício, antes da apuração do Resultado. O valor do investimento será obtido aplicando-se a percentagem de participação no capital social sobre o valor do patrimônio líquido da coligada e da controlada. EXEMPLO % de Participação no Capital da Investida X PL da coligada ou controlada = Participação Efetiva no PL da Investida 40% X 500.000,00 = 200.000,00 Quando o valor apurado for superior ao registrado na contabilidade como participação societária, esta sofrerá uma majoração e a contrapartida será um ganho operacional não tributável pelo Imposto de Renda. EXEMPLO Ganho operacional não tributáve = Participação efetiva no PL (-) Valor registrado na contabilidade 30.000,00 = 200.000,00 (-) 170.000,00 Por outro lado, se o referido total for menor que o valor registrado na contabilidade como participação societária, esta sofrerá uma diminuição a título de perda operacional não dedutível. EXEMPLO Ganho operacional não tributável = Participação efetiva no PL (-) Valor registrado na contabilidade (40.000,00) = 200.000,00 = 240.000,00 Lucros acumulados O ajuste a ser realizado pela investidora na conta de participação societária pelo Método de Equivalência Patrimonial (MEP) refere-se ao cálculo proporcional à sua participação 28 UNIDADE II │EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL percentual no PL da investida sobre o montante do lucro ou do prejuízo contábil por ela apurado no período. Os lucros não destinados nos termos dos arts. 193 a 197 (constituição de reservas de lucros) deverão ser distribuídos como dividendos. Portanto, para calcular a equivalência patrimonial a investidora deverá considerar o valor do PL da investida antes da distribuição de dividendos e, nessa hipótese, realizar, posteriormente, o ajuste da equivalência patrimonial proporcional à distribuição dos dividendos pela investida, conforme veremos adiante. Lucros não realizados Caso existam lucros não realizados em negócios da coligada ou controlada com a investidora ou com outras sociedades controladas por esta última ou a ela coligadas, estes resultados deverão ser excluídos do PL da investida para fins de determinação da Equivalência Patrimonial. Serão considerados lucros não realizados aqueles decorrentes de negócios com a investidora ou com outras coligadas e controladas, quando o lucro estiver incluído no resultado de uma coligada e controlada e correspondido por inclusão no custo de aquisição de ativos de qualquer natureza no balanço patrimonial: » da investidora; ou » de outras coligadas e controladas. Não devem ser eliminados no cálculo da equivalência patrimonial os prejuízos decorrentes de transações com a investidora, coligadas e controladas. Não serão excluídos, para fins de cálculo do valor de investimento, os lucros e os prejuízos, assim como as receitas e as despesas decorrentes de negócios que tenham gerado, simultânea e integralmente, efeitos opostos nas contas de resultado das coligadas e controladas. Exemplo de cálculo: primeiro aplica-se o percentual de participação sobre o patrimônio líquido para, desse montante, subtraírem-se os lucros não realizados. PL da controlada: ................................. R$ 1.200 % de participação: .......................................-60% Lucros não Realizados: ........................... R$ 200 Valor Contábil do Investimento: ............. R$ 500 29 EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL│ UNIDADE II CÁLCULO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL PL ............................................................... 1.200 % participação ..................................60% PL ajustado. .................................................. 720 (-) Lucros não realizados ............................ (200) Total do Investimento .................................. 520 Vr. Cont. Investimento ..................... 500 Res. Equiv. Patrimonial .................................. 20 O patrimônio líquido da coligada e controlada deverá ser determinado com base nas demonstrações contábeis levantadas na mesma data da investidora. Na impossibilidade, admite-se a utilização de demonstrações contábeis da coligada e controlada em um período máximo de defasagem de até 60 (sessenta) dias antes da data das demonstrações contábeis da investidora. O período de abrangência das demonstrações deverá ser idêntico ao da investidora, aceitando-se a utilização de períodos não idênticos, nos casos em que esse fato representar melhoria na qualidade da informação produzida, sendo a mudança evidenciada em nota explicativa. Para determinar o valor da equivalência patrimonial, a investidora deverá: » eliminar os efeitos decorrentes da diversidade de critérios contábeis, inclusive de investimentos no exterior; » excluir o montante correspondente às participações recíprocas; » reconhecer os efeitos decorrentes de: › eventos relevantes ocorridos no período intermediário, no caso de demonstrações contábeis levantadas em datas diversas; › classes de ações com direito preferencial de dividendo fixo, dividendo cumulativo e com diferenciação na participação de lucros. 30 UNIDADE II │EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL Venda da controladora para a controlada A controladora pode realizar operações comerciaiscom a controlada e, com isso, obter lucro. Nesses casos, o lucro deverá ser eliminado por ocasião da equivalência patrimonial, tendo como contrapartida uma conta retificadora da participação societária correspondente (alternativa adotada pelas normas internacionais). De modo alternativo, a controladora poderá registrar essa parcela como resultado diferido (passivo não circulante). Outros fatos contábeis que alteram o PL Outros fatos contábeis que não sejam resultado (lucro ou prejuízo) auferido pela empresa podem alterar o valor do PL da investida, como por exemplo, o aumento ou a redução do capital. Nesses casos pode ocorrer mudança no percentual de participação da investidora na investida, se o valor do investimento não corresponder ao novo valor proporcional atribuível ao investidor pelo aumento ou diminuição no PL da investida, podendo provocar ganhos ou perdas de capital (resultado não operacional). Resultados não abrangentes1 são outros ajustes contábeis no valor do investimento em função de variação do PL da investida. Resultados abrangentes podem decorrer de ajustes de avaliação patrimonial e diferenças de conversão em moeda estrangeira. Nessas situações, a parcela do investimento é reconhecida proporcionalmente em outros resultados abrangentes diretamente no PL da investidora. 1 Resultado abrangente é a mutação que ocorre no patrimônio líquido durante um período que CPC_26_R1 resulta de transações e outros eventos que não sejam derivados de transações com os sócios na sua qualidade de proprietários. Ele compreende todos os componentes da “demonstração do resultado” e da “demonstração dos outros resultados abrangentes”. Outros resultados abrangentes compreendem itens de receita e despesa (incluindo ajustes de reclassificação) que não são reconhecidos na demonstração do resultado como requerido ou permitido pelos Pronunciamentos, Interpretações e Orientações emitidos pelo CPC. Os componentes dos outros resultados abrangentes incluem: (a) variações na reserva de reavaliação, quando permitidas legalmente (ver Pronunciamentos Técnicos CPC 27 – Ativo Imobilizado e CPC 04 – Ativo Intangível); (b) ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefício definido reconhecidos conforme item 93A do Pronunciamento Técnico CPC 33 – Benefícios a Empregados; (c) ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior (ver Pronunciamento Técnico CPC 02 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis); (d) ganhos e perdas na remensuração de ativos financeiros disponíveis para venda (ver Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração); (e) parcela efetiva de ganhos ou perdas advindos de instrumentos de hedge em operação de hedge de fluxo de caixa (ver Pronunciamento Técnico CPC 38). 31 EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL│ UNIDADE II Recebimento de lucros ou dividendos Os resultados, pelo MEP, são reconhecidos no momento de sua geração pela investida, portanto, quando ocorrer a distribuição dos lucros como dividendos, o registro será a crédito da própria conta que registrar a participação societária (redução do saldo do valor patrimonial do investimento) e a débito da conta de disponível (caixa ou bancos, geralmente) ou dividendos a receber, caso o direito ao recebimento estiver estabelecido. Apesar de parecer estranho que o recebimento de dividendos não seja computado como receita pela investidora, o fato é que esses dividendos representam uma realização parcial do investimento, cujo lucro já foi registrado como receita na investidora no momento de seu reconhecimento pelo MEP. Agora, consequentemente, a distribuição de dividendos representa uma redução do PL da investida, que deve ser acompanhada por uma redução proporcional do investimento. Perdas permanentes em investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial A investidora deverá constituir provisão para cobertura de: » Perdas efetivas, em virtude de: › eventos que resultarem em perdas não provisionadas pelas coligadas e controladas em suas demonstrações contábeis; ou › responsabilidade formal ou operacional para cobertura de passivo a descoberto. » Perdas potenciais, estimadas em virtude de: › tendência de perecimento do investimento; › elevado risco de paralisação de operações de coligadas e controladas; › eventos que possam prever perda parcial ou total do valor contábil do investimento ou do montante de créditos contra as coligadas e controladas; ou › cobertura de garantias, avais, fianças, hipotecas ou penhor concedidos, em favor de coligadas e controladas, referentes a obrigações vencidas 32 UNIDADE II │EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL ou vincendas quando caracterizada a incapacidade de pagamentos pela controlada ou coligada. Independentemente de responsabilidade formal ou operacional para cobertura de passivo a descoberto, deve ser constituído, a ainda, provisão para perdas, quando existir passivo a descoberto e houver intenção manifesta da investidora em manter o seu apoio financeiro à investida. A provisão para perdas deverá ser apresentada no ativo permanente por dedução e até o limite do valor contábil do investimento a que se referir, sendo o excedente apresentado em conta específica no passivo. Ágio ou deságio na aquisição de investimento avaliado pelo método da equivalência patrimonial Antes do advento da convergência das normas brasileiras às normas internacionais, a empresa obrigada a avaliar seus investimentos pelo MEP deveria desdobrar os valores resultantes contabilizados em subcontas separadas: » equivalência patrimonial baseada em demonstrações; » ágio ou deságio na aquisição ou na subscrição, representado pela diferença para mais ou para menos, respectivamente, entre o custo de aquisição do investimento e a equivalência patrimonial, devendo ser contabilizado com indicação do fundamento econômico que o determinou, caso a investidora fosse companhia aberta. Eram exemplos de fundamento econômico: » diferença entre o valor de mercado dos bens da investida em relação ao valor contábil; » expectativa de rentabilidade futura; » fundo de comércio; » bens intangíveis; » outras razões, desde que devidamente especificadas.2 O ágio ou deságio, decorrente da diferença entre o valor de mercado de parte ou de todos os bens do ativo da coligada e controlada e o respectivo valor 2 Essas razões deveriam constar em Nota Explicativa. As amortizações seriam efetuadas proporcionalmente a essas razões. 33 EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL│ UNIDADE II contábil, era amortizado na proporção em que o ativo ia sendo realizado na coligada e controlada, por: » depreciação; » amortização; » exaustão; ou » baixa em decorrência de alienação ou perecimento desses bens ou do investimento. Já o ágio ou deságio, decorrente de expectativa de resultado futuro deveria ser no prazo, extensão e proporção dos resultados projetados, ou pela baixa por alienação ou perecimento do investimento, devendo os resultados projetados serem objeto de verificação anual, a fim de que fossem revisados os critérios utilizados para amortização ou registrada a baixa integral do ágio. Por fim, no caso de ágio decorrente do direito de exploração, concessão ou permissão delegadas pelo Poder Público, o ágio deveria ser amortizado no estimado ou contratado de utilização, de vigência ou de perda de substância econômica, ou pela baixa por alienação ou perecimento do investimento. Quando houver deságio não justificado, a sua amortização somente poderá ser contabilizada em caso de baixa por alienação ou perecimento do investimento, devendo ser reconhecido imediatamente como perda, no resultado do exercício, esclarecendo-se em nota explicativaas razões da sua existência. O saldo não amortizado do ágio ou deságio deve ser apresentado no ativo permanente, adicionado ou reduzido, respectivamente, à equivalência patrimonial do investimento a que se referir. Quando havia alteração no percentual de participação em um processo de subscrição de ações, o entendimento era de que a parcela subscrita que ultrapassasse o valor patrimonial das ações constituía uma perda de capital na investidora (e um ganho na empresa cuja participação estava sendo diminuída), e essa perda/ganho deveria ser contabilizada, no resultado não operacional, como variação de percentual de participação. Posteriormente, verificou-se que, quando essa parcela subscrita decorre, por exemplo, da subavaliação no valor contábil dos bens, existe a figura do ágio na investidora, mesmo que não tenha havido uma negociação direta com terceiros. 34 UNIDADE II │EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL Atualmente, todavia, o entendimento tem sido diverso sobre os conceitos de ágio e deságio após as Leis no 11.638/2007, 11.941/2009, Pronunciamentos e Interpretações Técnicas do CPC. O item 18 do CPC 15 (R1), referente à combinação de negócios, afirma que o adquirente deve mensurar os ativos identificáveis adquiridos e os passivos assumidos pelos respectivos valores justos da data da aquisição. Diferença resultante da avaliação baseada no método da equivalência patrimonial A investidora deverá apropriar a diferença no valor do investimento, verificada ao final de cada período, como: » Receita ou despesa operacional, quando corresponder: › a aumento ou diminuição do patrimônio líquido da coligada e controlada, em decorrência da apuração de lucro líquido ou prejuízo no período ou que corresponder a ganhos ou perdas efetivos em decorrência da existência de reservas de capital ou de ajustes de exercícios anteriores; › à variação cambial de investimento em coligada e controlada no exterior. » Receita ou despesa não operacional, quando corresponder a eventos que resultem na variação da porcentagem de participação no capital social da coligada e controlada. » Aplicação na amortização do ágio em decorrência do aumento ocorrido no patrimônio líquido por reavaliação dos ativos que lhe deram origem. » Reserva de reavaliação quando corresponder a aumento ocorrido no patrimônio líquido por reavaliação de ativos na coligada e controlada, ressalvado o disposto no inciso anterior. O resultado negativo da equivalência patrimonial terá como limite o valor contábil do investimento. 35 EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL│ UNIDADE II Reserva de lucros a realizar e dos dividendos e bonificações em ações recebidos pela investidora Em sua constituição somente poderá ser considerado como lucro a realizar o resultado líquido positivo da equivalência patrimonial sobre o conjunto dos investimentos. As bonificações recebidas sem custo pela investidora não devem ser objeto de contabilização na conta do investimento na coligada e controlada. A parcela revertida da reserva de lucros a realizar para a conta de lucros ou prejuízos acumulados, se não absorvida por prejuízos, deverá ser considerada no cálculo, em separado, do dividendo obrigatório no exercício em que for feita a reversão, podendo o excedente ser destinado para: » aumento de capital; » distribuição de dividendo; » constituição de outras reservas de lucros. Notas explicativas As notas explicativas que acompanham as demonstrações contábeis devem conter informações precisas das coligadas e das controladas, indicando, no mínimo: » denominação, número, espécie e classe de ações ou de cotas de capital possuídas pela investidora, o percentual de participação no capital social e no capital votante e o preço de negociação em bolsa de valores, se houver; » patrimônio líquido, lucro líquido ou prejuízo do exercício, assim como o montante dos dividendos propostos ou pagos, relativos ao mesmo período; » créditos e obrigações entre a investidora e as coligadas e controladas, especificando prazos, encargos financeiros e garantias; » avais, garantias, fianças, hipotecas ou penhor concedidos em favor de coligadas ou controladas; » receitas e despesas em operações entre a investidora e as coligadas e controladas; 36 UNIDADE II │EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL » montante individualizado do ajuste, no resultado e patrimônio líquido, decorrente da avaliação do valor contábil do investimento pelo método da equivalência patrimonial, bem como o saldo contábil de cada investimento no final do período; » memória de cálculo do montante individualizado do ajuste, quando este não decorrer somente da aplicação do percentual de participação no capital social sobre os resultados da investida, se relevante; » base e fundamento adotados para constituição e amortização do ágio ou deságio e montantes não amortizados, bem como critérios, taxa de desconto e prazos utilizados na projeção de resultados; » condições estabelecidas em acordo de acionistas com respeito à influência na administração e distribuição de lucros, evidenciando os números relativos aos casos em que a proporção do poder de voto for diferente da proporção de participação no capital social votante, direta ou indiretamente; » participações recíprocas existentes; » efeitos no ativo, passivo, patrimônio líquido e resultado decorrentes de investimentos descontinuados. 37 CAPÍTULO 2 Demonstrações contábeis consolidadas Como vimos anteriormente, a forma de avaliação dos investimentos por participação em capital de outra companhia depende do tipo de relacionamento entre o investidor e a investida: pouca ou nenhuma influência; influência significativa ou controle compartilhado; e controle (direto ou indireto). No último caso, os investimentos são avaliados pelo MEP nos balanços individuais, sendo, contudo, necessária a elaboração de demonstrações consolidadas, que serão, portanto, o objeto de estudo deste capítulo. Objetivo O objetivo da consolidação é apresentar os resultados das operações e a posição patrimonial-financeira da controladora e suas controladas como se fossem uma única empresa, ou seja, como se a controladas fossem filiais ou divisões da sociedade controladora. Isso permite que os usuários da informação contábil, sobretudo acionistas e credores, tenham uma visão mais geral e abrangente e uma melhor compreensão do que a análise das demonstrações isoladas de cada entidade. Importante ressaltar que, de acordo com o art. 22 da IN CVM 247/1996, as demonstrações contábeis consolidadas compreendem: » o balanço patrimonial consolidado; » a demonstração consolidada do resultado do exercício; » a demonstração consolidada das origens e aplicações de recursos, complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos julgados necessários. Obrigatoriedade De acordo com a Lei 6.404/1976 (arts. 249 e 265 a 277), a consolidação é obrigatória para: » companhia aberta que tiver mais de 30% (trinta por cento) do valor do seu patrimônio líquido representado por investimentos em sociedades 38 UNIDADE II │EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL controladas (esse percentual poderá ser reduzido a critério da Comissão de Valores Mobiliários)3. » Grupos de sociedades formalmente constituídos na forma do capítulo XXI da referida Lei, independente de serem ou não companhias abertas (aplicando-se a consolidação mesmo que a sociedade de comando não seja uma sociedade por ações). Apesar disso, o Manual de Contabilidade Societária da FIPECAFI (2013) alerta que como o Pronunciamento Técnico CPC 36 (R3) – Demonstrações Consolidadas, foi aprovado não só pela CVM, mas também pelo CFC, isso significa que todas as demais sociedades, por ações, limitadas e outras estão também obrigadasà consolidação. Abrangncia O item 4 do CPC 36 (R3) estabelece que a entidade que seja controladora deve apresentar demonstrações consolidadas. Essa consolidação se inicia a partir da data em que o investidor obtiver o controle da investida e cessa quando o investidor perder o controle da investida, nos termos do item 20 do referido Pronunciamento Técnico. Ainda de acordo com o item 4 do CPC 36, uma controladora pode vir a ser dispensada da apresentação de demonstrações contábeis consolidadas nos seguintes casos: a. a controladora pode deixar de apresentar as demonstrações consolidadas somente se satisfizer todas as condições a seguir, além do permitido legalmente: › a controladora é ela própria uma controlada (integral ou parcial) de outra entidade, a qual, em conjunto com os demais proprietários, incluindo aqueles sem direito a voto, foram consultados e não fizeram objeção quanto à não apresentação das demonstrações consolidadas pela controladora; › seus instrumentos de dívida ou patrimoniais não são negociados publicamente (bolsa de valores nacional ou estrangeira ou mercado de balcão, incluindo mercados locais e regionais); › ela não tiver arquivado nem estiver em processo de arquivamento de suas demonstrações contábeis junto a uma Comissão de Valores 3 A CVM, no uso de suas atribuições, determinou, através do art. 21 da IN 247/1996, que todas as companhias abertas que possuam investimentos em sociedades controladas, independentemente do percentual que esses investimentos representam do PL da controladora, estão sujeitas à consolidação. 39 EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL│ UNIDADE II Mobiliários ou outro órgão regulador, visando à distribuição pública de qualquer tipo ou classe de instrumento no mercado de capitais; e › a controladora final, ou qualquer controladora intermediária da controladora, disponibiliza ao público suas demonstrações consolidadas em conformidade com os Pronunciamentos do CPC. b. planos de benefícios pós-emprego ou outros planos de benefícios de longo prazo a empregados aos quais seja aplicável o Pronunciamento Técnico CPC 33 – Benefícios a Empregados; c. a entidade de investimento não precisa apresentar demonstrações consolidadas se estiver obrigada, de acordo com o item 31 do próprio Pronunciamento Técnico CPC 36 (R3), a mensurar todas as suas controladas ao valor justo por meio do resultado. Se a controladora final, ou qualquer controladora intermediária da controladora, disponibilizar demonstrações consolidadas em IFRS, como editadas pelo IASB, considera-se cumprido o requisito de disponibilizar ao público suas demonstrações consolidadas em conformidade com os Pronunciamentos do CPC. Essa isenção, todavia, somente pode ser obtida se a controladora final, ou qualquer controladora intermediária da controladora, estiver sujeita à regulamentação brasileira e disponibilizar demonstrações consolidadas no Brasil. Apesar de previstas, o Manual de Contabilidade Societária da FIPECAFI (2013) considera que, atualmente, essas exceções são praticamente impossíveis no Brasil para as companhias abertas. Porém, se for o caso, deverão ser apresentadas demonstrações contábeis separadas, nos termos do Pronunciamento Técnico CPC 35 – Demonstrações Separadas. Controladas excluídas nas demonstrações contábeis consolidadas A IN CVM 247/1996, por sua vez, estabelece que as sociedades controladas que se encontrem nas condições seguintes poderão ser excluídas das demonstrações contábeis consolidadas, sem prévia autorização da CVM: » com efetivas e claras evidências de perda de continuidade e cujo patrimônio seja avaliado, ou não, a valores de liquidação; ou 40 UNIDADE II │EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL » cuja venda por parte da investidora, em futuro próximo, tenha efetiva e clara evidência de realização devidamente formalizada. Poderão ser ainda excluídas da consolidação, em casos especiais justificados, mediante prévia autorização da CVM, as sociedades controladas cuja inclusão não represente alteração relevante na unidade econômica consolidada ou que venha distorcer essa unidade econômica. O valor contábil do investimento na sociedade controlada excluída da consolidação deverá ser avaliado pelo método da equivalência patrimonial. Não será considerada justificável a exclusão de sociedade controlada cujas operações sejam de natureza diversa das operações da investidora ou das demais controladas. Elaboração das demonstrações contábeis consolidadas De acordo com a IN CVM 247/1996, a investidora deverá observar, entre outros, os seguintes procedimentos para a elaboração das demonstrações: » excluir os saldos decorrentes de transações entre as sociedades incluídas na consolidação; » eliminar o lucro não realizado que esteja incluído no resultado ou no patrimônio líquido da controladora e correspondido por inclusão no balanço patrimonial da controlada; » eliminar do resultado os encargos de tributos correspondentes ao lucro não realizado, apresentando-os no ativo circulante/realizável a longo prazo – tributos diferidos, no balanço patrimonial consolidado. Não poderá ser efetuada a compensação de ativos ou passivos pela dedução de outros passivos ou ativos, a não ser que exista um direito de compensação e a compensação represente a expectativa quanto à realização do ativo e à liquidação do passivo. A participação dos acionistas não controladores deverá ser destacada em grupo isolado, no balanço patrimonial consolidado, imediatamente antes do patrimônio líquido. O montante correspondente ao ágio ou deságio proveniente da aquisição/subscrição de sociedade controlada, não excluído na elaboração das demonstrações, deverá ser divulgado quando decorrente da diferença prevista entre o valor: 41 EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL│ UNIDADE II » de mercado de parte ou de todos os bens do ativo da coligada e controlada e o respectivo valor contábil, como adição ou retificação da conta utilizada pela sociedade controlada para registro do ativo especificado; e » pago na aquisição do investimento e o valor de mercado dos ativos e passivos: › em item destacado no ativo permanente, quando representar ágio; › em conta apropriada de resultados de exercícios futuros, quando representar deságio. Quando representar expectativa de conversão em exigibilidade, a parcela correspondente à provisão para perdas constituída na investidora deve ser deduzida do saldo da conta da controlada que tenha dado origem à constituição da provisão, ou apresentada como Passivo Exigível. Para a elaboração da demonstração consolidada do resultado do exercício, a investidora deverá: » incluir os resultados de sociedade controlada, adquirida ou vendida no transcorrer do exercício social, tomando por base a data do respectivo registro ou baixa nos seus investimentos permanentes; » excluir todas as receitas e despesas decorrentes de negócios entre a investidora e as sociedades controladas, bem como entre essas últimas. Notas explicativas às demonstrações contábeis consolidadas As notas explicativas que acompanham as demonstrações contábeis consolidadas, devem conter informações precisas das controladas, indicando: » critérios adotados na consolidação e as razões pelas quais foi realizada a exclusão de determinada controlada; » eventos subsequentes à data de encerramento do exercício social que tenham, ou que possam vir a ter efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros consolidados; » efeitos nos elementos do patrimônio e resultado consolidados, da aquisição ou venda de sociedade controlada, no transcorrer do exercício 42 UNIDADE II │EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL social, assim como da inserção de controlada no processo de consolidação, para fins de comparabilidadedas demonstrações contábeis; » eventos que ocasionaram diferença entre os montantes do patrimônio líquido e lucro líquido ou prejuízo da investidora, em confronto com os correspondentes montantes do patrimônio líquido e do lucro líquido ou prejuízo consolidados. Consolidação das demonstrações contábeis de sociedades controladas em conjunto Os componentes do ativo e passivo, as receitas e as despesas das sociedades controladas em conjunto deverão ser agregados às demonstrações contábeis consolidadas de cada investidora, na proporção da participação destas no seu capital social. Controlada em conjunto é a sociedade em que nenhum acionista exerce, individualmente, os poderes nem mediante a existência de acordo de votos. A controladora final deverá passar a consolidar integralmente os elementos do seu patrimônio, caso uma das sociedades investidoras passe a exercer o controle isolado sobre a sociedade controlada em conjunto. Em nota explicativa às Demonstrações Contábeis Consolidadas, deverão ser divulgados o montante dos principais grupos do ativo, passivo e resultado das sociedades controladas em conjunto, bem como o percentual de participação em cada uma delas. Disposições finais Importante destacar, ainda, que serão objeto de exame e de parecer de auditores independentes as demonstrações contábeis consolidadas e respectivas notas explicativas, devendo incluir o exame das demonstrações contábeis de todas as controladas, abertas ou fechadas, incluídas na consolidação. As demonstrações contábeis consolidadas, assim como as notas explicativas e quadros analíticos, integram, em cada exercício social, as demonstrações contábeis da companhia aberta investidora ou da sociedade de comando de grupo de sociedades que inclua companhia aberta. Os ajustes iniciais, decorrentes das alterações introduzidas na Instrução CVM no 247/1996, deverão ser registrados como receita ou despesa de equivalência patrimonial, 43 EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL│ UNIDADE II no resultado não operacional, com a divulgação do fato e os valores envolvidos em nota explicativa. As companhias abertas deverão manter em boa ordem, pelo prazo de 3 anos e por quaisquer meios adequados, a guarda dos papéis de trabalho e memórias de cálculo relativos à elaboração de suas demonstrações contábeis consolidadas. A Comissão de Valores Mobiliários poderá impor aos infratores das normas da Lei no 6.385/1976, da lei de sociedades por ações, das suas resoluções, bem como de outras normas legais, cujo cumprimento lhe incumba fiscalizar as seguintes penalidades: » advertência; » multa; » suspensão do exercício do cargo de administrador ou de conselheiro fiscal de companhia aberta, de entidade do sistema de distribuição ou de outras entidades que dependam de autorização ou registro na Comissão de Valores Mobiliários; » inabilitação temporária, até o máximo de vinte anos, para o exercício dos cargos referidos no inciso anterior; » suspensão da autorização ou registro para o exercício das atividades contábeis; » cassação de autorização ou registro para o exercício das atividades contábeis; » proibição temporária, até o máximo de 20 anos, de praticar determinadas atividades ou operações, para os integrantes do sistema de distribuição ou de outras entidades que dependam de autorização ou registro na Comissão de Valores Mobiliários; » proibição temporária, até o máximo de dez anos, de atuar, direta ou indiretamente, em uma ou mais modalidades de operação no mercado de valores mobiliários. 44 UNIDADE III TRANSAÇÕES EM MOEDA ESTRANGEIRA E OPERAÇÕES NO EXTERIOR CAPÍTULO 1 Taxas de câmbio e conversão das demonstrações contábeis Objetivos Uma entidade pode manter atividades em moeda estrangeira de duas formas: » Ela pode ter transações em moedas estrangeiras; ou » Possuir operações no exterior. Além disso, a entidade pode apresentar suas demonstrações contábeis em uma moeda estrangeira. O Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2) tem por objetivo orientar acerca de como incluir transações em moeda estrangeira e operações no exterior nas demonstrações contábeis da entidade e como converter demonstrações contábeis para moeda de apresentação. Segundo o referido Pronunciamento, os principais pontos envolvem quais taxas de câmbio devem ser usadas e como reportar os efeitos das mudanças nas taxas de câmbio nas demonstrações contábeis. Definições do CPC 02 (R2) Taxa de fechamento é a taxa de câmbio à vista vigente ao término do período de reporte. 45 TRANSAÇÕES EM MOEDA ESTRANGEIRA E OPERAÇÕES NO EXTERIOR│ UNIDADE III Variação cambial é a diferença resultante da conversão de um número específico de unidades em uma moeda para outra moeda, a diferentes taxas cambiais. Taxa de câmbio é a relação de troca entre duas moedas. Valor justo é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração Moeda estrangeira é qualquer moeda diferente da moeda funcional da entidade. Entidade no exterior é uma entidade que pode ser controlada, coligada, empreendimento controlado em conjunto ou filial, sucursal ou agência de uma entidade que reporta informação, por meio da qual são desenvolvidas atividades que estão baseadas ou são conduzidas em um país ou em moeda diferente daquelas da entidade que reporta a informação. Moeda funcional é a moeda do ambiente econômico principal no qual a entidade opera. Grupo econômico é uma entidade controladora e todas as suas controladas. Itens monetários são unidades de moeda mantidas em caixa e ativos e passivos a serem recebidos ou pagos em um número fixo ou determinado de unidades de moeda. Investimento líquido em entidade no exterior é o montante que representa o interesse (participação na maior parte das vezes) da entidade que reporta a informação nos ativos líquidos dessa entidade. Moeda de apresentação é a moeda na qual as demonstrações contábeis são apresentadas. Taxa de câmbio à vista é a taxa de câmbio normalmente utilizada para liquidação imediata das operações de câmbio; no Brasil, a taxa a ser utilizada é a divulgada pelo Banco Central do Brasil. Alcance do CPC 02 (R2) O Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2) deve ser adotado: a. na contabilização de transações e saldos em moedas estrangeiras, exceto para aquelas transações com derivativos e saldos dentro do alcance do Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: 46 UNIDADE III │TRANSAÇÕES EM MOEDA ESTRANGEIRA E OPERAÇÕES NO EXTERIOR Reconhecimento e Mensuração e da Orientação OCPC 03 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação; b. na conversão de resultados e posição financeira de operações no exterior que são incluídas nas demonstrações contábeis da entidade por meio de consolidação ou pela aplicação do método da equivalência patrimonial; e c. na conversão de resultados e posição financeira de uma entidade para uma moeda de apresentação. Pelo fato do Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração e da Orientação Técnica OCPC 03 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação serem aplicáveis a muitos derivativos em moeda estrangeira, consequentemente, tais instrumentos derivativos estão fora do alcance do Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2). Apesar disso, existem derivativos em moeda estrangeira, como alguns embutidos em outros contratos, que não estão sujeitos ao Pronunciamento Técnico CPC 38 e à Orientação OCPC 03 (exemplo:). Nesses casos, será aplicado o CPC 02 (R2). Além disso, quando a entidade converte saldos relativos a derivativos de sua moeda funcional para a moeda de apresentação,
Compartilhar