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23/10/2017 1 Profa. Dra. Betânia Lucena Domingues Hatzlhofer Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências da Saúde Departamento de Ciências Farmacêuticas Disciplina de Hematologia Clínica betanialucena@yahoo.com.br O sistema hemostático é o equilíbrio entre mecanismos pró-coagulantes e anticoagulantes aliado a um processo de reparo tecidual. HEMOSTASIA É um fenômeno fisiológico dinâmico, cuja função é manter o sangue fluido dentro do vaso, sem coagular e nem tão pouco extravasar. O sistema hemostático é composto por uma sequência de eventos integrados que envolvem cinco principais componentes: Vasos Sanguíneos Plaquetas Proteínas do Sistema da Coagulação Proteínas do Sistema Fibrinolítico Proteínas Inibidoras Circulação normal Lesão vascular Vasoconstrição 23/10/2017 2 Hemorragia Plaquetas agregadas Fibrina Formação do tampão Plaquetário prof. Wilson Melo Cruvinel Coágulo Reparação - Identificação do sítio de sangramento; - Parada do sangramento pela formação de coágulo estável; - Reparo tecidual. A hemostasia é um processo amplo, que inclui: 23/10/2017 3 A Hemostasia Primária engloba componentes do endotélio vascular e plaquetas, resultando na formação do tampão plaquetário, cujo efeito hemostático é temporário; Em seguida, as proteínas da coagulação formarão fibrina, que reforçará este trombo primário (Hemostasia Secundária); Finalmente o sistema fibrinolítico irá dissolver o trombo gradualmente, a fim de restaurar o fluxo sanguíneo normal (Fibrinólise – lise do coágulo) MECANISMOS DA HEMOSTASIA Lesão Hemostasia Secundária -Ativação dos fatores da coagulação -Formação de fibrina (minutos) - Anticoagulantes Naturais Fibrinólise -Ativação da fibrinólise (minutos) - Lise do coágulo (horas) Hemostasia Primária -Vasoconstricção (imediata) - Adesão plaquetária (segundos) - Agregação plaquetária (minutos) MECANISMOS DA HEMOSTASIA Hemostasia Primária Vasoconstrição Primeiramente o vaso lesado se contrai Adesão Ativação Plaquetária Agregação Plaquetária As plaquetas se agregam uma às outras, formando o tampão plaquetário Mudança da forma das plaquetas e liberação dos conteúdos dos seus grânulos no plasma Inicia-se quando as plaquetas se aderem ao endotélio vascular. Essa ligação é mediada pelo fator de von Willebrand Fragmentos citoplasmáticos de megacariócitos anucleados Contagem normal: 150.000- 450.000/mm3 Sobrevida Média: 8-10 dias PLAQUETAS 23/10/2017 4 FvW Estresse de cisalhamento I GPIIbIIIa GPIb GPIIbIIIa GPIb FvW Colágeno GPIb GPIb GPIIbIIIaGPIIbIIIa I ADESÃO Colágeno GPIb GPIb GPIIbIIIaGPIIbIIIa I I a FP4, bTG FvW, fatores ADP, serotonina SECREÇÃO GPIb GPIIbIIIa GPIb GPIIbIIIa GPIIbIIIa FvW Colágeno GPIb GPIb GPIIbIIIa I GPIIbIIIa GPIb GPIIbIIIa GPIb I AGREGAÇÃO GPIb GPIb GPIIbIIIa GPIIbIIIa GPIIbIIIa FvW Colágeno GPIb GPIb GPIIbIIIa I I I GPIb GPIb GPIIbIIIa GPIIbIIIa I GPIb fat ore s FIBRINA ATIVIDADE PRÓ-COAGULANTE I I Fator de von Willebrand • Sintetizado por células endoteliais e megacariócitos • É armazenado nos corpúsculos de Weibel Palade e nos grânulos α (multímeros grandes) • Pode ser liberado sob a influência de estresse, exercícios, adrenalina, desmopressina (DDAVP) • Após liberados são clivados em multímeros menores pela metaloprotease ADAMS-13 23/10/2017 5 Avaliação Laboratorial O objetivo da avaliação laboratorial da hemostasia é: Identificar as causas e definir a intensidade do defeito da hemostasia responsável tanto por doenças hemorrágicas como trombóticas; Ser útil na monitorização de terapêutica Ela é realizada in vitro, o que torna distante do processo fisiológico, mas útil do ponto de vista prático. A exatidão do diagnóstico depende da qualidade do laboratório que realiza os exames. Avaliação da Hemostasia primária Avaliação da Hemostasia primária Contagem de plaquetas • Feita em geral com sangue total anticoagulado com EDTA, usando-se contadores automático de células. Também avalia a distribuição do volume plaquetário. • Método de Fônio menor precisão, mas permite análise da morfologia plaquetária. A observação da lâmina também permite descartar a falsa trombocitopenia. 1. Colher o sangue com os cuidados recomendados em tubo com anticoagulante (EDTA); 2. Fazer a extensão e a coloração do modo habitual; 3. Com a objetiva de imersão contar as plaquetas existentes em, no mínimo, 5 a 10 campos (que contenham aproximadamente 200 eritrócitos/campo); 4. Contar o número de eritrócitos/mm3 de sangue (contagem global); 5. A seguir, fazer o cálculo relacionando o número de plaquetas contado, com o número de eritrócitos. 23/10/2017 6 Eritrócitos da contagem do estiraço plaquetas da contagem do estiraço Eritrócitos mm3 plaquetas mm3 X X Exemplo: em 10 campos de aproximadamente 200 eritrócitos (portando em 2.000 eritrócitos) contaram-se 75 plaquetas. O número de eritrócitos do paciente era de 5.000.000/mm3, assim o número de plaquetas/mm3 será: 2.000 75 5.000.000 mm3 plaquetas mm3 Plaquetas = 187.500 mm3 Satelitismo Plaquetário Agregação Pseudotrombocitopenia induzida pelo EDTA – Prováveis auto-anticorpos que em presença de EDTA se ligam a GPIIb promovendo agregação Macroplaquetas Plaquetas gigantes Tempo de sangramento (TS) Conceito: Tempo transcorrido para estancar o sangramento decorrente de uma lesão padronizada na pele Princípio: Avalia a Hemostasia primária, envolvendo endotélio e plaquetas (medida da função plaquetária in vivo) Método de DUKE Método de IVY Tempo de sangramento (TS) TS alterado: Plaquetopenia Doença de von Willebrand Plaquetopatias Uso de medicamento anti-agregante (AAS) Teste utilizado para avaliar a função plaquetária (agregação) Princípio: Medida da formação de agregados de plaquetas após sua exposição a um agente agregante ADP Colágeno Adrenalina Ácido araquidônico Ristocetina Resultado: laudo qualitativo ou porcentagem de agregação (formação de agregados) Teste de agregação plaquetária Agregômetro Turbidimetria (Born, 1962 23/10/2017 7 PRP Doença das plaquetas Adrenalina ADP Ác. Aracq. Colágeno Ristocetina Síndrome de Bernard- Soulier normal normal normal normal ↓ Trombastenia de Glanzmann ↓ ↓ ↓ ↓ ± Efeito de AAS normal ou ↓ normal ou ↓ ↓ ↓ - Doença dos grânulos plaquetários normal ou ↓ normal ou ↓ normal ou ↓ ↓ ± Doença de von Willebrand normal normal normal normal ↓ Interpretação Quadro Clínico das Doenças hemorrágicas relacionadas à Hemostasia Primária PÚRPURAS – Sangramentos de pele e mucosas Pele- Petéquias (1mm), púrpuras (1mm - 1cm) e equimoses (> 1cm) Mucosas – epistaxe, gengivorragia, sangramento de trato gastrointestinal, Hematúria e menorragia Doença de Von Willebrand Adquirida Forma rara, secundária a doenças auto-imunes,doenças linfo e mieloproliferativas, causas idiopáticas Hereditária Mutações no gene que codifica o FVW. Caráterautossômico dominante Sadler, 1993 23/10/2017 8 Os antifibrinolíticos são bastante eficazes para controlar sangramento na mucosa oral, epistaxes, menorragias e após extração dentária. Podem ser associados à desmopressina ou ao concentrado de fator, para sangramentos mais graves em pré e pós-operatório. Tratamento Diagnóstico da DVW Trombocitopenias Contagem de Plaquetas < 150.000/mm3 Leve (>50mil), Moderada (20-50mil) ou grave (<20mil) • Aumento do consumo – Causa Imunológica (PTI, PTT), drogas (Heparina, quinidina,rifampicina, sulfas, cocaína) • Hiperesplenismo – LMC, linfomas, • Perda dilucional – transfusão maciça • Diminuição da Produção – Insuficiência da MO - Aplasia Medular - Mielodisplasias - Drogas - Infecções Virais - Deficiência de vit B12 e Folato Púrpura Trombocitopênica Idiopática - PTI • Doença hemorrágica frequente, adquirida e geralmente benigna, causa desconhecida, caracterizada por trombocitopenia. PTI clássica ou crônica – Afeta mulheres adultas, persiste por mais de 12 meses, raras remissões espontâneas. PTI aguda – Infantil, ambos os sexos, precedida de infecção ou vacinação, recuperação em até 6 meses. PTI associada a outras doenças – Semelhante a PTI crônica, autoimune ou neoplásica. Fisiopatologia - PTI • Caracteriza-se pela produção de autoanticorpos IgG dirigidos contra glicoproteínas da membrana plaquetária, principalmente a GPIIb/IIIa, promovem opsonização e remoção pelo sistema fagocítico (baço). Plaqueta: 10 dias = poucas horas Púrpura Trombocitopênica Idiopática - PTI • A maioria das crianças acometidas (cerca de 70%) apresenta a forma Aguda da doença, definida como a recuperação das contagens de plaquetas (> 150.000/mm3) em até 6 meses, mesmo na ausência de tratamento específico • Considerada Crônica quando a plaquetopenia persistir por mais de 12 meses. • Na população adulta, as remissões espontâneas são infrequentes, ocorrendo em menos de 10% dos casos. É frequente em mulheres entre 15-50 anos. 23/10/2017 9 Púrpura Trombocitopênica Idiopática - PTI Diagnóstico: – Presença de trombocitopenia isolada (<100.000/mm3), sem alterações nas outras séries do hemograma (anemia, leucopenia, leucocitose). – Exclusão de outras plaquetopenias: infecções (HIV, HCV, CMV), doenças autoimunes, neoplasias, hiperesplenismo, mielodisplasia, PTT, CIVD, efeito adverso de medicamentos. – Presença de plaquetas gigantes – MO: massa de megacariócitos normais ou aumentados Plaquetopatias Hereditárias Grupo Heterogêneo de doenças, decorrentes de alterações funcionais e/ou quantitativas, de ocorrência familiar, que levam a síndromes hemorrágicas de diferentes graus de severidade. Desordens granulares: • Síndrome da plaqueta cinza (grânulos alfa) • Doença do pool plaquetário (grânulos densos); Desordens nos receptores de membranas: • Síndrome de Bernard-Soulier • Trombastenia de Glanzmann
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