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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 1 Direito Comercial E Tributário Programa e Roteiro de Estudo (Edição 2012) Prof. Carlos Alberto Considera UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 2 Direito Comercial e Tributário Ementa da Disciplina Fundamentos de Direito Comercial e Tributário. Fontes do Direito Comercial. Registro Comercial. Sociedades Comerciais. Contratos Mercantis. Fusões, Incorporações e Cisões de Sociedades. Lei das Sociedades por Ações. Falência e Recuperação da Empresa. Fontes do Direito Tributário. Competência Tributária. Obrigações Tributárias. Código Tributário Nacional, Estadual e Municipal. Programa Prof. Carlos Alberto Considera 1-Fundamentos do estudo de Direito Comercial e Tributário 1.1-Noções gerais sobre as Disciplinas. Características. 1.2-Direito Comercial: conteúdo e objeto. Direito de Empresa. 1.3-A Lei, o Costume e a Jurisprudência como fontes de Direito Comercial e Tributário. 2 – A Atividade Empresarial: natureza e regramento jurídico. 2.1 – O Empresário: qualidade jurídica. Estabelecimento Empresarial e Fundo de Comércio. 2.2 – Sociedades Empresárias: espécies, regime jurídico, constituição, dissolução. 2.3 – Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão de Sociedades. 3 – Falência e Recuperação da Empresa: regime jurídico. 4 – Contratos Mercantis. 5 – Tributação e Gestão Empresarial. 5.1 – A tributação em face dos direitos e deveres da cidadania. 5.2 – Atividade fiscal e extrafiscal do Estado. Parafiscalidade. 6 – O Tributo e o Sistema Tributário Nacional 6.1 – Tributo: conceito, espécies. O exercício da tributação: competência tributária. 6.2 – limitações do poder de tributar: princípios constitucionais. Imunidade Tributária. 6.3 – Impostos componentes do Sistema Tributário Nacional. 6.4 – Regime de Tributação Simplificada. Tributação das microempresas. Regimes Especiais. 7 – Natureza e normatividade das Relações Jurídicas Tributárias. 7.1 – O dever jurídico tributário. 7.2 – Direito Tributário e Legislação Tributária. 8 – Obrigação Tributária e Crédito Tributário. 8.1 – Obrigação Tributária: características, espécies, fato gerador, sujeitos. 8.2 – Responsabilidade Tributária. 8.3 – Crédito tributário: constituição, suspensão de exigibilidade e extinção. Isenção e Anistia. 8.4 – Garantias e privilégios do Crédito Tributário. 9 – Ilícito Tributário. 9.1 – Infrações e penalidades. Evasão tributária e Elisão tributária. 10–Administração Tributária. 10.1–Fiscalização, dívida ativa tributária e certidões negativas. 10.2–Processo Administrativo Tributário: noções gerais =============================================================================== Bibliografia Direito Civil DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro (1º Volume -Teoria Geral do Direito Civil) – Ed. Saraiva – 29ª edição/2012. MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil (Parte Geral – Vol. 1 – atualização de Ana Cristina de Barros Monteiro França Pinto) – Ed. Saraiva – 44ª edição/2012. VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil (Parte Geral - Vol. 1) – Ed. Atlas – 12ª edição/2012. Direito Comercial e de Empresa ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das Sociedades Comerciais (Direito de Empresa) – Ed. Saraiva – 20ª edição/2012 (livro/livro digital) _______________________ Curso de Falência e Recuperação de Empresa – Ed. Saraiva – 26ª edição/2012 (livro/livro digital) UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 3 COELHO, Fábio Ulhôa. Manual de Direito Comercial – Direito de Empresa – Ed. Saraiva – 24ª edição/2012. ___________________. Comentários à Lei de Falência e de Recuperação de Empresas – Ed. Saraiva – 8ª edição/ 2010. FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial – Ed. Atlas – 13ª edição/2012 NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de Empresa – Ed.Saraiva – Vol. 1 – 9ª edição/2012. REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial – Ed. Saraiva (2 vols) – 31ª edição/2012 e 29ª edição/2012. RIZZARDO, Arnaldo – Direito de Empresa – Ed. Forense/GEN – 3ª edição/2009. Direito Tributário ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado – Ed. Método – 6ª edição/2012. AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro – Ed. Saraiva – 16ª edição/2010. COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro – Ed. Forense – 11ª edição/ 2010. HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário – Ed. Atlas – 21ª edição/2012. MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário – Ed. Malheiros – 32ª edição/2011. MACHADO SEGUNDO, Hugo de Brito. Direito Tributário e Financeiro – Série Leituras Jurídicas – Vol. 24 Ed. Atlas – 6ª edição/2011. ROCHA, João Marcelo. Direito Tributário – Ed. Ferreira – 8ª edição/ 2012. SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário – Ed. Saraiva – 4ª edição/2012 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário – Ed. Renovar – 18ª edição/2011. Legislação para Consulta (atualizada para 2012) Constituição Federal Código Comercial e Legislação Complementar Código Civil (Lei nº 10.406, de 10/01/2002 – Livro II – Do Direito de Empresa: artigos 966 a 1195) Código Tributário Nacional e Legislação Complementar. ============================================================================= Direito Comercial e Tributário 1-Fundamentos do estudo de Direito Comercial e Tributário O estudo da disciplina de Direito Comercial e Tributário no contexto do curso de Pós – Graduação / MBA- Controladoria e Finanças, a teor de ementa oficial do respectivo programa, tem por objetivo “conhecer os fundamentos do direito comercial e tributário; identificar as sociedades empresárias e o respectivo registro nos órgãos competentes; adquirir conhecimentos de obrigações tributárias, competência tributária, falência e recuperação de empresas; compreender o funcionamento dos códigos tributários Nacional, Estadual e Municipal”. Em síntese, podemos dizer que nosso objetivo é conhecer, para bem aplicar, as normas que regulam as relações jurídicas empresariais, resultantes das múltiplas atividades desenvolvidas entre si, por empresários e sociedades empresárias, e, entre estes e demais pessoas, físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, e especialmente aquelas que disciplinam as relações que se estabelecem entre a Empresa e o Estado, no exercício de seu poder de tributar. Para tanto, uma noção preliminar do direito, faz-se necessária. 1.1-Noções gerais sobre as Disciplinas. Características. Dentre as diversas divisões apresentadas pela doutrina para o estudo da Ciência Jurídica, destaca-se a clássica divisão do Direito em dois campos principais: Direito Público e Direito Privado, seguindo o critério de avaliação do interesse juridicamente tutelado nas relações a serem disciplinadas – interesse público ou privado, ou ainda da predominância da soberania do Estado nas relações jurídicas por ele estabelecidas. Por este critério de classificação do Direito, vamos encontrar situados no campo do Direito Privado, os ramos da Ciência Jurídica que regulam as relações de natureza privada, como ocorre com o Direito Civil e o Direito Comercial, hoje denominado de “Direito de Empresa”, enquanto que, no campo do Direito Público estarão situados os ramos do Direitoque regulam relações estabelecidas pelo Estado, quando este se apresenta investido de sua soberania, como se verifica, por exemplo, no Direito Constitucional, Administrativo, Penal e também no Direito Tributário. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 4 1.2-Direito Comercial: conteúdo e objeto. Direito de Empresa. De um modo geral, o Direito Comercial pode ser conceituado como o ramo do Direito que regula as atividades comerciais. Nele é que vamos encontrar o conjunto de normas jurídicas disciplinadoras da profissão dos comerciantes e dos atos de natureza mercantil (atos de comércio/mercancia). No entanto, numa concepção mais moderna, encontra-se o Direito Comercial ligado à ideia de “Empresa”, coexistindo, no campo do direito privado, com o Direito Civil, ao qual se encontra integrado, identificando-se modernamente como Direito de Empresa, posto que além de regular o exercício dos atos próprios de mercancia - atos praticados por comerciantes - disciplina os múltiplos interesses direta ou indiretamente relacionados com o exercício de toda a atividade empresarial. 1.3-A Lei,o Costume e a Jurisprudência como fontes de Direito Comercial e Tributário. Como acontece com os demais ramos do direito, a questão das fontes do Direito de Empresa, bem como do Direito Tributário, pode ser examinada resumidamente, sob dois aspectos: material e formal, de modo que as Fontes Materiais correspondem aos fatos, suscetíveis de regramento jurídico, e, portanto, elementos criadores das normas jurídicas. Fontes Formais, como propriamente se denominam, correspondem às formas pelas quais o direito se manifesta. As Leis constituem a primeira e imediata fonte formal do direito. Fontes formais são também os Usos e Costumes, a Doutrina e a Jurisprudência. Não obstante codificado em nosso ordenamento jurídico, o Direito Comercial, já com a nova feição de Direito de Empresa, ostenta ainda hoje uma extensa legislação complementar, reguladora do Registro do Comércio, da Propriedade Industrial, da Emissão e Circulação de Títulos de Crédito, do Mercado de Capitais, da Falência e Recuperação de Empresas, das Sociedades por Ações, dos Contratos mercantis e de inúmeras atividades relacionadas, de forma direta ou indireta, ao âmbito das Empresas Mercantis. O novo Código Civil (Lei 10.406, de 10/01/2002), que entrou em vigor em janeiro/2003, estabelece regras gerais sobre os Títulos de Crédito (artigos 887 a 926) e dedica o Livro II da Parte Especial (artigos 966 a 1195) ao regramento jurídico do Direito de Empresa, revogando expressamente a Parte Primeira do Código Comercial (Lei nº 556,de 25/06/1850),. As atividades comerciais regem-se também por normas consuetudinárias (originadas da consagração de usos e costumes mercantis), cuja compilação encontra-se a cargo das Juntas Comerciais; e bem assim pela Jurisprudência, especialmente aquela já consolidada nas Súmulas editadas pelos Tribunais Superiores (Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça). 2 – A Atividade Empresarial: natureza e regramento jurídico. A atividade empresarial, em moderna concepção jurídica compreende toda a atividade de natureza econômica organizada profissionalmente com o objetivo de promover a produção e a circulação de bens e de serviços. Como acima ficou esclarecido, tal atividade é hoje regulada pelo Código Civil, nos artigos 966 a 1195, que constituem o Livro II daquele diploma legal, dedicado ao Direito de Empresa e, não obstante as disposições contidas em nosso estatuto civil, submete-se ainda a uma extensa legislação complementar, antes aplicável exclusivamente às atividades comerciais. Assim é que em razão desse novo regramento jurídico e também de novos conceitos formulados ao longo de todo o processo de transformação do antigo Direito Comercial, vislumbramos atualmente uma fase de transição entre este ramo da ciência jurídica e a sua versão mais abrangente, o Direito de Empresa, de modo que, tanto no âmbito da doutrina como na jurisprudência, nos deparamos, não raro, com assimilação de conceitos e institutos oriundos do regramento jurídico estritamente comercial, até mesmo utilizando expressões que por vezes se apresentam incompatíveis com a nova disciplina jurídica. Mas esse processo de integração entre o Direito de Empresa e a antiga disciplina do Direito Comercial far-se-á indispensável ainda por um longo tempo, de modo a aprimorar o novo regramento jurídico das relações empresariais. 2.1 – O Empresário: qualidade jurídica. Estabelecimento Empresarial e Fundo de Comércio. Empresário, é uma pessoa física que exerce profissionalmente uma atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. O exercício estritamente pessoal de profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística não caracteriza a figura do empresário. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 5 O antigo Direito Comercial dedicava-se à figura do “comerciante”, considerada hoje uma classe do gênero “empresário”. Diz-se “comerciante” quem exerce a mercancia (prática habitual de atos de comércio). Pode ser uma pessoa física ou jurídica. No primeiro caso, tem-se o Comerciante Individual; no segundo, uma Sociedade Comercial. Em ambos os casos, porém podemos vislumbrar a noção de Empresa. Assim, o Código Civil adotou as expressões “Empresário” e “Sociedade Empresária”, respectivamente para designar as pessoas físicas e jurídicas que exerçam profissionalmente uma atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Em nosso regime jurídico, a qualificação do empresário, assim como sempre ocorreu com a figura do comerciante, se dá exclusivamente pelo exercício habitual da atividade que o caracteriza. A inscrição no órgão de registro de empresa se faz obrigatória tão somente para a regularização do empresário objetivando à proteção jurídica legalmente prevista, que lhe deva ser estendida. Este sempre foi o sistema adotado pelo Código Comercial Brasileiro, que assim se expressava ao dispor sobre a figura do comerciante: Art.1º-Podem comerciar no Brasil: 1-Todas as pessoas que, na conformidade das leis deste Império, se acharem na livre administração de suas pessoas e bens, e não forem expressamente proibidas neste Código. ... Art.4º-Ninguém é reputado comerciante para efeito de gozar da proteção que este Código liberaliza em favor do comércio, sem que se tenha matriculado em algum dos Tribunais do Comércio do Império, e faça da mercancia profissão habitual(art.9º). Como se vê, a teor desses dispositivos, hoje revogados, do Código Comercial de 1850, a prática da mercancia por pessoas dotadas de capacidade jurídica e não submetidas a proibição legal, assegurava às mesmas a qualidade comerciante, sabendo-se, no entanto que a proteção que o código estendia a essas pessoas que assim faziam da mercancia profissão habitual, tinha como pressuposto a condição de estarem estas matriculadas no órgão competente de registro de comércio. Assim sendo, pode se afirmar que o direito brasileiro sempre adotou o critério real para a qualificação do comerciante, porquanto seja o exercício da mercancia que confere à pessoa a qualidade de comerciante. De outro lado, é de se observar o critério formal para distinguir o comerciante regularmente inscrito, daquele que exerce a mercancia irregularmente, sem cumprir esta formalidade. Nota- A matrícula, outrora contemplada como requisito formal para a identificaçãode um comerciante em situação regular, ficou abolida a partir da Lei nº 4.726, de 13/07/65, que disciplinou o Registro do Comércio,(lei esta já revogada pela legislação atualmente em vigor - Lei nº 8.834, de 18/11/94, regulamentada pelo Decreto nº 1.800/96) de forma que hoje não mais existe matrícula do comerciante, e sim inscrição de empresa na Junta Comercial. O novo Código Civil Brasileiro adotou, de um modo geral, o mesmo critério de determinação da qualidade jurídica do Comerciante, agora identificado pela expressão Empresário utilizada de forma genérica para identificar aquele que exercita a atividade empresarial, ou seja, o profissional que exerce “atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. É importante observar que a figura do comerciante, contemplada pelo antigo Direito Comercial, deve corresponder hoje ao empresário comerciante, referido pelo novo Direito de Empresa, uma vez que, no âmbito deste novo regramento jurídico aplicável às empresas em geral, podemos vislumbrar a existência de normas voltadas especificamente para disciplinar relações jurídicas de natureza mercantil, vale dizer: aquelas estabelecidas pelos empresários que se dedicam ao exercício da mercancia. Vejamos, a respeito, alguns dispositivos do novo Código Civil Brasileiro: Livro II DO DIREITO DE EMPRESA Título I Do Empresário CAPÍTULO I DA CARACTERIZAÇÃO E DA INSCRIÇÃO Art.966-Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único-Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 6 Art.967-É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. ... Art.970-A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. CAPÍTULO II DA CAPACIDADE Art.972-Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. ... Art.974-Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor da herança. §1º-Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. ... Art.977-Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. Art.978-O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integram o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. Título IV DOS INSTITUTOS COMPLEMENTARES CAPÍTULO I DO REGISTRO Art. 1.150- O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. CAPÍTULO IV DA ESCRITURAÇÃO Art. 1.179- O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. §1º-Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados. §2º-É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. Art. 1.180- Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. Art. 1.181- Salvo disposição de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro de Empresas Mercantis. Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios. O Estabelecimento Empresarial compreende uma reunião de bens corpóreos (Mercadorias, Instalações, Equipamentos, etc.) e incorpóreos (marcas e patentes, direitos, ponto comercial), necessários ao desenvolvimento da atividade empresarial. Na Constituição Federal, bem como na legislação comercial, civil, penal e administrativa, vamos encontrar normas destinadas à proteção desses bens e especialmente ao denominado “Fundo de Comércio”. Código Civil Livro II – Direito de Empresa Título III DO ESTABELECIMENTO CAPÍTULO ÚNICO DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1.142-Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário ou por sociedade empresária. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 7 Art.1.144-O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. Art.1.145-Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito,em trinta dias a partir de sua notificação. Art.1.146-O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. Art.1.147-Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência. Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato. Art.1.148-Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante. Art.1.149-A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente. O Nome Empresarial éaquele sob o qual a empresa exerce sua atividade e se obriga nos atos a ela pertinentes.O direito contempla duas espécies de nome empresarial: a Firma (individual ou sob Razão Social) e a Denominação Social. Código Civil Livro II – Direito de Empresa Título IV DOS INSTITUTOS COMPLEMENTARES CAPÍTULO II DO NOME EMPRESARIAL Art. 1.155-Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e fundações. Art.1.156- O empresário opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa de sua pessoa ou do gênero de atividade. Art.1.157-A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão “e companhia” ou sua abreviatura. Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações contraídas sob a firma social aqueles que, por seus nomes figurarem na firma da sociedade de que trata este artigo. Art.1.158-Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final “limitada” ou a sua abreviatura. §1º-A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo indicativo da relação social. §2º-A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios. §3º-A omissão da palavra “limitada” determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade. Art.1.159-A sociedade cooperativa funciona sob denominação integrada pelo vocábulo “cooperativa”. Art.1.160-A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões “sociedade anônima” ou “companhia”, por extenso ou abreviadamente. Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 8 Art.1.161-A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar denominação designativa do objeto social, aditada da expressão “comandita por ações”. Art.1.162-A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação. Art.1.163-O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro. Parágrafo único.Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar designação que o distinga. ... Art.1.166-A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado. Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial. 2.2 – Sociedades Empresárias: espécies, regime jurídico, constituição, dissolução. As sociedades, assim como as associações, são pessoas jurídicas de direito privado constituídas pela união de pessoas que se organizam para alcançar um objetivo comum. Distinguem-se, no entanto, pelo fato de ter a Sociedade finalidade econômica, enquanto que a Associação se constitui sempre para fins não econômicos (C.Civ 53). As pessoas jurídicas, como dispunha o código civil anterior (artigo 20) têm existência distinta das dos seus membros, não se confundindo, pois, com as pessoas que as compõem; e esta regra aplica-se também às sociedades empresárias. No direito anterior, não se falava em Sociedade Empresária, mas sim em Sociedade Comercial, que se distinguia da denominada Sociedade Civil, em razão do objeto social, de modo que a sociedade civil assim se caracterizava pelo fato de se destinar à exploração de atividades não mercantis (com ou sem objetivo de lucro), enquanto que a sociedade comercial era definida como a pessoa jurídica de direito privado que tenha por objeto a exploração de atividade comercial ou a forma de sociedade por ações, uma vez que estas, por determinação legal (Lei 6.404/76), possuem sempre a natureza comercial (Leia-se atualmente “empresarial”), qualquer que seja o objeto social. O novo Código Civil trouxe algumas inovações ao regramento do regime societário, de sorte que a matéria então disciplinada pela Parte Primeira (já revogada) do Código Comercial passou a ser tratada segundo uma classificação diferente, especialmente quanto à nomenclatura utilizada pelo legislador. Código Civil Livro II – Direito de Empresa Título II Da Sociedade CAPÍTULO ÚNICO DISPOSIÇÕES GERAIS Art.981-Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. Art.982-Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art.967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. ... Art.985-A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts.45 e 1.150) De início, é importante observar que as Sociedades podem ser personificadas, ou não. Sociedades não personificadas (C.Civ – 986 a 996) são aquelas não regularmente constituídas e bem assim a Sociedade em Conta de Participação, da qual trataremos mais adiante. Sociedades personificadas são aquelas que estejam regularmente constituídas. As sociedades se subdividem ainda em duas categorias: Sociedades Simples e Sociedades Empresárias. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 9 A distinção entre Sociedade Simples e Sociedade Empresária não está ligada ao intuito lucrativo, mas sim ao modo de exploração de seu respectivo objeto, de sorte que a sociedade empresária assim se caracteriza pelo fato de explorar o seu objeto social com o emprego organizado dos fatores de produção (capital, mão-de-obra, insumos e tecnologia), ou seja, com empresarialidade, o que não ocorre com a sociedade simples (F. Ulhoa Coelho, in Manual de Direito Comercial). Importante lembrar que a expressão “Sociedade Empresária” abrange tanto as sociedades comerciais (mercantis), como também as demais sociedades que exerçam outros tipos de atividade econômica. Assim como as sociedades em geral, as Sociedades Empresárias, tal como se dizia quanto às Sociedades Comerciais, nascem do encontro de vontades das pessoas que as compõem. E esta affectio societatis é que será retratada em um instrumento constitutivo da entidade que, dependendo do tipo societário pretendido por seus componentes, poderá ser um Contrato Social ou um Estatuto Social, onde estarão definidas as normas disciplinadoras da atividade da Empresa. As Sociedades Empresárias podem ser classificadas sob diversas modalidades, destacando-se dentre elas: a)Sociedade de Pessoas e Sociedade de Capital; b)Sociedade Contratual e Sociedade Institucional; c)Sociedade Ilimitada,Sociedade Limitada e Sociedade Mista O Direito de Empresa contempla os seguintes tipos societários: Sociedade em Conta de Participação (C/P) – Sociedade de Capital, de natureza contratual, embora não personificada, respondendo pessoalmente o sócio ostensivo pelas obrigações da sociedade (Cciv 991 a 996). Art.991-Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes. Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social. Art.992-A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito. Art.993-O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. ... Sociedade em Nome Coletivo (N/C) – Sociedade de Pessoas, de natureza contratual, onde todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais (CCiv 1039 a 1044). Art.1.039-Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais. Parágrafo único.Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato constitutivo, ou por unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um. ... Art.1.042-A administração da sociedade compete exclusivamente a sócios, sendo o uso da firma, nos limites do contrato, privativo dos que tenham os necessários poderes. ... Sociedade em Comandita Simples (C/S) – Sociedade de Pessoas, de natureza contratual, onde o sócio comanditado responde ilimitadamente pelas obrigações sociais, enquanto que o sócio comanditário responde de forma limitada pelas obrigações sociais (Cciv 1045 a 1051). Art.1.045-Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota. Parágrafo único. O contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários. Art.1.046-Aplicam-se às sociedades em comandita simples as normas da sociedade em nome coletivo, no que forem compatíveis com as deste Capítulo. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 10 Parágrafo único. Aos comanditados cabem os mesmos direitos e obrigações dos sócios da sociedade em nome coletivo. ... Sociedade Limitada (Ltda.) – Tipo societário híbrido, ora se apresentando como Sociedade de Pessoas, ora configurando Sociedade de Capital. Caracteriza-se como Sociedade Contratual, onde os sócios respondem de forma limitada pelas obrigações sociais (Cciv 1052 a 1087). A Sociedade Limitada anteriormente denominada de Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada caracteriza-se por delimitar a responsabilidade subsidiária dos sócios, pelas obrigações sociais, até o montante do capital social, de sorte que, segundo a regra geral prevista na legislação de regência, uma vez integralizado o capital da sociedade, nenhum sócio poderá ser atingido, em seu patrimônio particular, para a satisfação de dívidas da Empresa. A Empresa, quando constituída sob esta forma societária, apresentar-se-á sob uma firma (razão social) ou sob uma denominação social, sempre seguida da expressão limitada. A sociedade empresária constituída sob a forma de sociedade limitada encontra-se hoje disciplinada pelos artigos 1052 a 1087 do Código Civil, e ainda subsidiariamente pelas normas que regem as sociedades simples (Cciv 997 a 1038). Poderá, no entanto, este tipo societário ser regido supletivamente pelas normas da sociedade anônima, contidas na lei 6404/76, caso exista previsão, para tal fim, no contrato social. Trata-se de um tipo societário que, de acordo com o que dispuser o respectivo contrato, poderá se apresentar, ora como Sociedade de Pessoas(onde a cessão de quotas a terceiros depende da anuência dos demais sócios), ora como Sociedade de Capital(onde a cessão de quotas a terceiros não depende da anuência dos demais sócios). Art.1.052-Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. Art.1.053-A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples. Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima. ... Art.1.057-Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social. ... A administração da Sociedade Limitada poderá ser exercida por uma ou mais pessoas, sócias ou não, na forma prevista pelo contrato social ou em ato separado. O Código Civil prevê ainda a criação, para este tipo societário, de uma Assembléia de Sócios, à qual, dentre outras atribuições, compete aprovar anualmente as contas dos administradores. Art.1.060-A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado. Parágrafo único. A administração atribuída no contrato a todos os sócios não se estende de pleno direito aos que posteriormente adquiram essa qualidade. Art.1.061-A designação de administradores não sócios dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver integralizado e de 2/3 (dois terços), no mínimo, após a integralização. ... Art.1.064-O uso da firma ou denominação social é privativo dos administradores que tenham os necessários poderes. Art.1078-A assembléia dos sócios deve realizar-se ao menos uma vez por ano, nos quatro meses seguintes ao término do exercício social, com o objetivo de: I- tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o balanço patrimonial e o de resultado econômico; II- designar administradores, quando for o caso; III-tratar de qualquer outro assunto constante da ordem do dia. Nota-A regra de que a responsabilidade dos sócios é limitada ao total do capital social comporta algumas exceções. No direito anterior, o Decreto 3708/19, estabelecia em seu artigo 10: “os sócios-gerentes ou que derem o nome à firma não respondem pessoalmente pelas obrigações contraídas em nome da sociedade, mas respondem para com esta e para com terceiros solidária e ilimitadamente pelo excesso de mandato e pelos atos praticados com violação do UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 11 contrato ou da lei”. O Código Civil reproduziu tal disposição legal de modo semelhante, estabelecendo que as deliberações infringentes do contrato ou da lei tornam ilimitada a responsabilidade dos que expressamente as aprovaram (art. 1.080). Outras exceções podem ser observadas, tanto na legislação como também no âmbito da jurisprudência, como por exemplo nos casos de responsabilidade tributária (CTN 135, III), bem como em relação à sociedade marital (constituída exclusivamente por marido e mulher), ou ainda em relação a dívidas de natureza trabalhista. Sociedade Anônima (S/A) –Sociedade de Capital, de natureza institucional, onde os acionistas respondem de forma limitada pelas obrigações sociais (Lei 6.404/1976). A Sociedade Anônima ou Companhia é uma espécie de sociedade por ações, de natureza institucional, regulada pela lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, hoje com as alterações determinadas por legislação posterior. O Código Civil (artigo 1.089) dispõe que este tipo societário continuará a ser regulado “... por lei especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições deste Código”. Caracteriza-se como um tipo de sociedade de capital, porque os títulos representativos da participação societária são livremente negociáveis. Pode ser classificada como sociedade aberta ou fechada, conforme tenha, ou não, suas respectivas ações admitidas à negociação em bolsa de valores mobiliários. A Companhia será sempre de natureza empresarial, submetendo-se, pois, ao regime do direito de empresa, qualquer que seja o seu objeto (Cciv 982, parágrafo único). Vejamos alguns dispositivos da referida lei 6.404/76 ( lei das sociedades por ações – LSA). Art.1º-A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas. Art.2º-Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. §1º-Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio. ... Art.3º-A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões “companhia”, ou “sociedade anônima”, expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada a utilização da primeira ao final. §1º-O nome do fundador, acionista, ou pessoa que, por qualquer outro modo tenha concorrido para o êxito da empresa, poderá figurar na denominação. Art.4º-Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários. Para a constituição de uma Sociedade Anônima impõe-se, preliminarmente, a subscrição de todo o capital social, pelo menos, por 2 (duas) pessoas, bem como a realização, como entrada, de 10%, no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro e o respectivo depósito, no Banco do Brasil, ou outro estabelecimento bancário autorizado pela CVM, da parte do capital realizado em dinheiro.A constituição pode ocorrer por subscrição pública ou por subscrição particular, dependendo, ou não, da captação de recursos junto ao público investidor. Art.80-A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares: I-subscrição, pelo menos por duas pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixaxo no estatuto; II-realização, como entrada, de 10%(dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; III-depósito,no Banco do Brasil S.A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro. Parágrafo único. O disposto no n. II não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social. O Capital Social das Sociedades Anônimas é dividido em Ações, que são os títulos representativos da participação societária. Por isso mesmo, os sócios são denominados de Acionistas, sendo a responsabilidade destes limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas, como dispõe o artigo 1º da lei 6.404/76, acima transcrito. O Preço de Emissão corresponde ao preço (valor) efetivamente pago pela ação subscrita ou adquirida, e serve para mensurar a contribuição de cada acionista na formação do Capital Social, bem como o limite de sua responsabilidade em razão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 12 das obrigações contraídas pela Empresa. O preço de emissão de uma ação não se confunde com o seu valor nominal, valor patrimonial ou valor de mercado, que correspondem às diferentes formas de expressar o valor da ação de uma Companhia em razão do critério de avaliação utilizado.Assim, o Valor Nominal de uma ação é aquele que resulta da divisão do montante do Capital Social pelo número de ações emitidas pela Companhia; já o Valor Patrimonial é aquele que expressa o valor da Ação em relação ao patrimônio líquido da Companhia vale dizer: é o valor devido ao acionista, para fim de reembolso do capital por ele empregado na Empresa. Valor de Mercado é o preço que o titular da Ação pode obter na alienação da mesma, compreendendo assim, dentre os fatores econômicos, as perspectivas de rentabilidade. As Ações podem ser ordinárias , preferenciais ou de fruição. Ações Ordinárias são aquelas que conferem aos seus titulares a generalidade dos direitos assegurados por lei a todo acionista; Preferenciais,são as que conferem aos seus titulares direitos diferenciados, sendo assim afetadas por limitações de direitos, o que é compensado por vantagens especiais, como por exemplo a prioridade na distribuição de dividendos e no reembolso do capital. Ações De Fruição são aquelas atribuídas a acionistas cujas ações foram integralmente amortizadas (LSA 44 e §§2º e 5º). Art.44-O estatuto ou a assembléia geral extraordinária pode autorizar a aplicação de lucros ou reservas no resgate ou na amortização de ações, determinando as condições e o modo de proceder à operação. §1º-o resgate consiste no pagamento do valor das ações para retirá-las definitivamente de circulação, com redução ou não do capital social; mantido o mesmo capital, será atribuído, quando for o caso, novo valor nominal às ações remanescentes. §2º-a amortização consiste na distribuição aos acionistas, a título de antecipação e sem redução do capital social, de quantias que lhes poderiam tocar em caso de liquidação da companhia. §3º-A amortização pode ser integral ou parcial e abranger todas as classes de ações ou só uma delas. ... §5º-As ações integralmente amortizadas poderão ser substituídas por ações de fruição, com as restrições fixadas pelo estatuto ou pela assembléia geral que deliberar a amortização; em qualquer caso, ocorrendo liquidação da companhia, as ações amortizadas só concorrerão ao acervo líquido depois de assegurado às ações não amortizadas valor igual ao da amortização, corrigido monetariamente. ... A partir da lei nº 8.021/90 as ações passaram a ser sempre nominativas e, em regra, são documentadas em um certificado emitido segundo requisitos especificados em lei (LSA 24). No entanto, o estatuto poderá permitir ou estabelecer que todas ou algumas ações da companhia sejam mantidas em contas de depósito em nome de seus titulares, em instituição financeira para tanto designada, sem emissão de certificado (LSA 34); são as denominadas “ações escriturais”, cuja circulação se opera por lançamento da operação nos registros próprios da instituição financeira depositária. Além das Ações, pode a Companhia emitir outros títulos representativos de investimentos para obtenção de recursos, sendo dentre esses, os principais, as partes beneficiárias,as debêntures, e os bônus de subscrição. Partes Beneficiárias são títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao Capital Social que conferem aos seus titulares o direito de participação eventual nos lucros anuais da companhia;Debêntures são títulos representativos de um empréstimo tomado pela Companhia; Bônus de Subscrição são títulos que conferem aos seus titulares o direito de subscreverem ações da Companhia, em futuro aumento de capital, que vier a ser procedido pela mesma. Art.46-A companhia podecriar, a qualquer tempo, títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital social, denominados “partes beneficiárias”. §1º-As partes beneficiárias conferirão aos seus titulares direito de crédito eventual contra a companhia, consistente na participação nos lucros anuais (art.190). ... Art.52-A companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos seus titulares direito de crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver, do certificado. ... Art.56-A debênture poderá assegurar ao seu titular juros, fixos ou variáveis, participação no lucro da companhia e prêmio de reembolso. Art.57-A debênture poderá ser conversível em ações nas condições constantes da escritura de emissão, que especificará: ... UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 13 Art.75-A companhia poderá emitir, dento do limite de aumento do capital autorizado no estatuto (art.168), títulos negociáveis denominados “bônus de subscrição”. Parágrafo único. Os bônus de subscrição conferirão aos seus titulares, nas condições constantes do certificado, direito de subscrever ações do capital social, que será exercido mediante apresentação do título à companhia e pagamento do preço de emissão das ações. As deliberações quanto ao desenvolvimento da Companhia, e bem assim a administração e controle da Empresa, ficam a cargo de, pelo menos, quatro órgãos sociais: a Assembléia Geral, o Conselho de Administração, a Diretoria e o Conselho Fiscal. A Assembléia Geral é o órgão máximo da Companhia, com função exclusivamente deliberativa, A Assembléia Geral será Ordinária ou Extraordinária. A Assembléia Geral Ordinária tem competência específica para tratar de certas matérias previstas em lei (LSA 132), devendo ser convocada anualmente. A deliberação dos demais assuntos pertinentes à Companhia ficará a cargo da Assembléia Geral Extraordinária. Art.131-A assembléia geral é ordinária quando tem por objeto as matérias previstas no art. 132, e extraordinária nos demais casos. Parágrafo único. A Assembléia Geral Ordinária e a Assembléia Geral Extraordinária poderão ser, cumulativamente, convocadas e realizadas no mesmo local, data e hora, instrumentadas em ata única. Art.132-Anualmente, nos quatro primeiros meses seguintes ao término do exercício social, deverá haver uma assembléia geral para: I-tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras; II-deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos; III-eleger os administradores e os membros do Conselho Fiscal, quando for o caso; IV-aprovar a correção da expressão monetária do capital social (art.167). O Conselho de Administração é um órgão de deliberação colegiada, constituído de, no mínimo, 3 (três) membros eleitos pela Assembléia Geral e por ela destituíveis a qualquer tempo, com competência definida em lei (LSA 142), voltada para a orientação geral dos negócios da companhia, inclusive para nomeação e destituição de seus diretores. A Diretoria, composta de 2(dois) ou mais diretores é o órgão de representação legal da companhia,cabendo ao mesmo a execução das deliberações da Assembléia Geral e do Conselho de Administração. Os membros do Conselho de Administração devem ser acionistas da companhia, e poderão, até o limite de 1/3, fazer parte da Diretoria. Os Diretores não precisam, necessariamente, ser acionistas. Art.146-Poderão ser eleitas para membros dos órgãos de administração pessoas naturais, devendo os membros do conselho de administração ser acionistas e os diretores residentes no País, acionistas ou não. O Conselho Fiscal é um órgão colegiado com funções de controle dos órgãos de administração da companhia e competência prevista em lei (LSA 163). É composto de, no mínimo 3(três) e no máximo, 5(cinco) membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela Assembléia Geral. Sociedade em Comandita por Ações(C/A) – Sociedade de capital, de natureza institucional, onde os sócios diretores ou gerentes respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, sendo limitada a responsabilidade dos demais acionistas (LSA 280/284 – Cciv 1090 a 1092). Art.280-A sociedade em comandita por ações terá o capital dividido em ações e reger-se-á pelas normas relativas às companhias ou “sociedades anônimas”, sem prejuízo das modificações constantes deste capítulo. Art.281-A sociedade poderá comerciar sob firma ou razão social, da qual só farão parte os nomes dos sócios diretores ou gerentes. Ficam ilimitada e solidariamente responsáveis, nos termos desta lei, pelas obrigações sociais, os que, por seus nomes figurarem na firma ou razão social. Parágrafo único. A denominação ou a firma deve ser seguida das palavras “Comandita por Ações”, por extenso ou abreviadamente. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 14 Art.282-Apenas o sócio ou acionista tem qualidade para administrar ou gerir a sociedade e, como diretor ou gerente, responder subsidiariamente, mas ilimitada solidariamente, pelas obrigações da sociedade. Dissolução de Sociedades O termo Dissolução, para indicar a desconstituição do vínculo societário, pode ser compreendido em sentido amplo, significando o término da personalidade jurídica da sociedade comercial; ou sentido estrito, indicando o ato de desvinculação de um ou mais sócios, do quadro associativo. No primeiro caso, refere-se a doutrina a dissolução total, ou extinção da sociedade; no segundo, configura-se um caso de dissolução parcial da sociedade. A matéria é disciplinada pelos artigos 1033 a 1038 do Código Civil, podendo a dissolução (total ou parcial) da sociedade operar-se por via judicial, ou extrajudicial. O Código Civil assim dispõe sobre as causas de dissolução total da sociedade: Art.1.033-Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: I-o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado; II-o consenso unânime dos sócios; III-a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; IV-a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; V- a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. Art.1.034-A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios, quando: I-anulada a sua constituição; II-exaurido o fim social, ou verificada a sua inexeqüibilidade. Art.1.035-O contrato pode prever outras causas de dissolução, a serem verificadas judicialmente quando contestadas. As causas de dissolução parcial pressupõem uma sociedade constituída por mais de dois sócios, podendo ocorrer o desfazimento do vínculo societário, em relação a um ou mais sócios, tanto pela manifestação de vontade, ou pela morte do sócio, ou ainda pela retirada ou pela exclusão do sócio. O Código Civil dispõe sobre a dissolução parcial das sociedades, sob o título: Da Resolução da Sociedade em Relação a um Sócio (Cciv 1028 a 1032) A dissolução total da sociedade implica em liquidação e partilha, enquanto que a dissolução parcial demanda a apuração de haveres do sócio desligado, falecido, retirante ou excluído. 2.3 – Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão de Sociedades. Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão são procedimentos de reestruturação de empresas regulados, tantopela lei das sociedades por ações (LSA 220 a 234) quando praticados por estas, ou ainda pelo Código Civil (Cciv 1113 a 1122), quando a operação não envolver qualquer empresa constituída por aquele tipo societário. Numa conceituação simples, extraída da legislação que rege a matéria, podemos dizer que Transformação é a operação pela qual a sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro (LSA 220); Incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações (LSA 227); Fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações (LSA 228) e Cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão (LSA 229). 3 – Falência e Recuperação da Empresa: regime jurídico. Com a Promulgação da Lei nº. 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, que regula a recuperação judicial, extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, assumiu o Direito Falimentar uma nova feição na disciplina das situações de crise com as quais eventualmente se deparam as empresas em geral. O regime jurídico-falimentar antes regulado pelo Decreto-Lei nº. 7.661, de 21 de junho de 1945, e aplicável tão somente à figura do comerciante, passou a ser estendido aos empresários em geral, com as exceções previstas na nova lei, que teve sua vigência demarcada para 9 de junho de 2005, ou seja, após o decurso do prazo de 120 dias contados da data de sua publicação. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 15 A Falência configura-se, por definição, como uma situação jurídica que se instaura a partir de uma situação de fato, de regra caracterizada pela insolvência de um empresário, determinando em conseqüência a execução concursal do devedor assim qualificado. Como regime diferenciado de execução concursal, importa, em verdade, num tratamento mais benéfico dispensado ao devedor- empresário, em relação aquele previsto em lei para o devedor civil, não-empresário, ao qual se destina um processo diferente de execução concursal, que é a insolvência civil, esta disciplinada pelo Código de Processo Civil (CPC) – artigos 748 e seguintes. O regime jurídico-falimentar então regulado pelo Decreto-Lei nº. 7.661, de 21 de junho de 1945, já dispunha em seu artigo 1º que “Considera-se falido o comerciante que, sem relevante razão de direito, não paga no vencimento obrigação líquida, constante de título que legitime a ação executiva”. O artigo 2º da mesma lei dispunha ainda sobre outros fatos capazes de caracterizar a falência, de sorte que, por estes dispositivos, já se podia observar que o conceito de “insolvência”, para a instauração do processo falimentar, não se prendia ao aspecto econômico, mas sim ao sentido jurídico estabelecido em lei; e, assim sendo, para que o comerciante ficasse submetido à execução concursal falimentar, não se fazia indispensável a constatação de um estado patrimonial de insolvência, bastando para tanto a ocorrência de um daqueles fatos previstos em lei, capazes de ensejar a declaração de falência, de sorte que a insolvência que a lei considerava como pressuposto falimentar era, em síntese, meramente presumida. Além do mais, a legislação que vigorou até o advento desta nova lei (DL-7.661/45 e leis posteriores), excluía, total ou parcialmente, alguns comerciantes, do regime jurídico falimentar e disciplinava também o regime de concordata, que se caracterizava como um favor legal, voltado para a extinção parcial ou dilação das obrigações do comerciante, visando evitar a falência (concordata preventiva) ou suspender o estado falimentar (concordata suspensiva), de sorte que ao comerciante e somente a este era deferido tal benefício, desde que estivessem preenchidos certos requisitos previstos na então vigente lei de falências (artigos140,156/159, 177/179). Também neste caso, algumas pessoas ou entidades, juridicamente qualificadas como comerciantes eram excluídas desse regime, como por exemplo, as instituições financeiras, as sociedades seguradoras e as empresas que exploram serviços aéreos de qualquer natureza, ou de infra-estrutura aeronáutica. Deferida a concordata, o comerciante concordatário não perdia, como ocorria com o falido, a administração e a disponibilidade de seus bens, continuando assim a administrá-los sob fiscalização de um Comissário, nomeado pelo Juiz. Ainda segundo a legislação anterior, o processo de falência compreendia três etapas distintas: a etapa pré-falencial, a etapa falencial e a etapa de reabilitação, iniciando-se a primeira com o pedido de falência, sendo estendida até a respectiva sentença declaratória e nomeação do Síndico, a quem cabia a administração da massa falida; já a segunda etapa, compreendendo duas fases de procedimentos: a fase de conhecimento e apuração do patrimônio(ativo e passivo) do falido, e dos fatos que ensejaram a instauração do estado falimentar; e a fase de liquidação, com a realização do ativo e conseqüente satisfação do passivo. Na terceira etapa (reabilitação) é que se tratava da extinção das responsabilidades civis e penais do falido. A nova legislação manteve, em linhas gerais, os mesmos fatos caracterizadores da falência, inclusive a noção jurídica de insolvência que ainda se configura também pela impontualidade injustificada do devedor, agora com uma limitação da dívida a um valor pelo menos equivalente a 40 salários mínimos. Por outro lado, extinguiu-se o regime de Concordata, hoje substituída pelo novo regime de Recuperação Judicial ou mesmo pelo regime especial de Recuperação Extrajudicial, desaparecendo ainda as figuras do Síndico e do Comissário, que foram substituídas pela figura do Administrador Judicial. A doutrina especializada tem se manifestado, em regra, favoravelmente ao novo regime falimentar implementado a partir da lei 11.101/2005, sendo comuns os argumentos de que a nova lei cria mecanismos muito bem-vindos à recuperação da empresa. No entanto, alguns de seus dispositivos geram situações polêmicas e geram críticas, como por exemplo a limitação de garantia dos créditos trabalhistas e manutenção da grande maioria dos privilégios atribuídos aos créditos fazendários. Vejamos alguns aspectos relevantes da lei de falências atualmente em vigor: O regime falencial e de recuperação judicial ou extrajudicial se estende a todos os empresários e sociedades empresárias (LF 1º), com as exceções previstas pelo artigo 2º da própria lei, quais sejam: a)empresas públicas e sociedades de economia mista; UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 16 b)instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores Os motivos para decretação da Falência (artigo 94) são semelhantes àqueles que se encontravam previstos na lei anterior. Assim sendo, cabe a decretação de falência do devedor que: a)sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida constante de título(s) executivo(s) cujo montante ultrapasse a 40 salários-mínimos; b)executadopor qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia á penhora, bens suficientes para garantir a dívida dentro do prazo legal; c)pratica atos de falência, assim entendidos aqueles descritos em lei (Art.94,III) como capazes de criar gravame para o patrimônio da empresa; Em substituição à extinta concordata preventiva, foi criado o regime de Recuperação Judicial, disciplinado no Capítulo III, dispondo o artigo 47 que “A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica”; A nova lei regulamenta ainda a então denominada “concordata branca”(antes rejeitada pelo regime jurídico falimentar), instituindo a Recuperação Extrajudicial, disciplinada no Capítulo VI(artigos 161 a 167), que recebe boa acolhida da Doutrina. Fábio Ulhoa Coelho(in Comentários à nova lei de falências- 2ª Ed. Saraiva - fl.393) observou que “até a entrada em vigor da nova Lei de Falências, o direito brasileiro não estimulava soluções de mercado para a recuperação das empresas em estado crítico.Isto porque sancionava como ato de falência qualquer iniciativa do devedor no sentido de reunir seus credores para uma renegociação global das dívidas. O empresário individual ou a sociedade empresária que se arriscasse a convocar os credores para lhes submeter um plano qualquer de recuperação podia ter a falência requerida e decretada, frustrando-se assim a solução de mercado que tentara encaminhar. Com a nova lei, muda-se substancialmente o quadro. Ao prever e disciplinar o procedimento de recuperação extrajudicial, ela cria as condições para a atuação da lógica do mercado na superação de crise nas empresas devedoras” ; A administração da Falência e da Recuperação Judicial cabe agora ao Administrador Judicial, figura contemplada pela nova lei (artigos 21 a 25), e que deve ser escolhido pelo Juiz, exercendo funções semelhantes, embora com menor autonomia, àquelas que na legislação antiga eram exercidas pelo Síndico(na falência) e pelo Comissário(na concordata). A nova Lei criou ainda a constituição de um Comitê de Credores (artigos 26 a 34) e também a Assembléia-Geral de Credores (artigos 35 a 46). 4 – Contratos Mercantis. O desempenho de qualquer atividade empresarial pressupõe a celebração rotineira de contratos, como de regra acontece com a atividade humana em geral, de forma que tanto o empresário quanto a sociedade empresária, no exercício de suas atividades adquirem direitos e assumem obrigações decorrentes dos negócios jurídicos que assim realizam e que podem estar submetidas a normas jurídicas específicas, de regra vinculando-se ao direito civil (comum) como acontece na maioria dos casos, mas também ao direito administrativo, ao direito do trabalho, ou ainda ao direito do consumidor. Sobre os contratos celebrados em âmbito comercial, diz-se “contratos mercantis” ou ainda “contratos empresariais”. No entanto, vale lembrar: o que caracteriza um contrato como “mercantil”, capaz de submetê-lo a um eventual regramento específico, emanado do direito comercial (direito de empresa) não é apenas a natureza do contrato em si, mas também a qualidade das partes contratantes, podendo- se concluir que os Contratos Mercantis são aqueles em que as partes contratantes detenham a qualidade de “Empresários” (empresário individual ou sociedade empresária), e o negócio jurídico se tenha realizado para fim “mercantil” ou “empresarial”. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 17 Vejamos a seguir a referência legislativa e anotações pertinentes a algumas espécies de contratos mercantis: Compra e Venda Mercantil (Cciv 481 a 532) “Pelo contrato de compra e venda, um dos contraentes se obriga a transferir o domínio de certa coisa,e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro”.(Cciv 481) Mandato Mercantil e Comissão Mercantil (Cciv 653 a 709) “Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato”. (Cciv 653) “O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em seu próprio nome, à conta do comitente”. (Cciv 693) A Comissão Mercantil pode ser considerada uma espécie de Mandato Mercantil, distinguindo-se deste pelo fato de o comissário contratar em seu próprio nome, enquanto que, no Mandato Mercantil, o mandatário age sempre em nome do mandante, obrigando-o nas relações estabelecidas. Representação Comercial Autônoma (Lei nº 4.886, de 09/12/1965 – Lei nº 8.420, de 08/05/1992) “Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa física, sem relação de emprego, que desempenha, em caráter não eventual por conta de uma ou mais pessoas, a mediação para a realização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para transmiti-los aos representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos negócios. Parágrafo Único- Quando a representação comercial incluir poderes atinentes ao mandato mercantil, serão aplicáveis, quanto ao exercício deste, os preceitos próprios da legislação comercial”. (Lei 4886/1965 1º) Franquia Empresarial(Franchising) (Lei nº 8.955, de 15/12/1994) Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício. Alienação Fiduciária em Garantia (Lei nº 4.728, de 14/07/65-artigo 66 e Decreto - Lei nº 911, de 1º/10/1969) A Alienação Fiduciária em Garantia é um negócio jurídico pelo qual o devedor, para garantir o pagamento da dívida, transmite ao credor a propriedade de um bem, retendo-lhe a posse direta, sob a condição resolutiva de saldá-la. Nota – Veja também Lei nº 9.514, de 20/11/1997(Dispõe sobre o Sistema de Financiamento Imobiliário – SFI, institui a alienação fiduciária de coisa imóvel e dá outras providências) Arrendamento Mercantil(Leasing) (Lei nº 6099, de 12/09/74 – Resolução nº 351, de 17/11/75-Banco Central do Brasil) O Leasing é um contrato que deriva de uma operação complexa, realizada basicamente por três figuras: o “fabricante”, o “intermediário” (empresa especializada em Leasing – arrendadora) e o “arrendatário”. Pelo contrato de leasing, o intermediário(empresa arrendadora) compra um bem ou equipamento de determinado fabricante, entregando-o ao arrendatário,que se compromete a utiliza-lo, mediante o pagamento de parcelas periódicas, durante certo prazo de arrendamento, findo o qual poderá dar por terminado o contrato ou optar pela continuidade do mesmo, havendo ainda uma terceira opção, de adquirir o bem objeto do contrato, compensando-se as parcelas pagas a título de arrendamento e a quota de depreciação do bem. A essa modalidade de arrendamento mercantil, denomina-se Leasing Financeiro. O Leasing comporta ainda outras duas modalidades: o Leasing Operacional, que corresponde à mesma operação com pequena variação em relação ao preço fixado para o exercício da opção de compra, dispensando-se, em alguns casos, a figura do intermediário, posto que contratado, em regra, com o próprio fabricante do bem arrendado; e ainda o Lease Back, quecorresponde a uma operação onde não aparece a figura do fabricante, uma vez que é o próprio arrendatário quem realiza a venda de seus bens à empresa leasing, transmudando, portanto, seu título jurídico em relação a esses bens (passando de proprietário a arrendatário), promovendo assim a desmobilização dos mesmos. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 18 Faturização(Factoring) A Faturização, ou “Fomento Mercantil” é um contrato atípico regido pelas normas gerais do direito comercial, e, subsidiariamente, pelas regras do direito civil aplicáveis à espécie, que se caracteriza pela cessão de crédito a título oneroso, operação assemelhada ao desconto bancário, mediante a qual uma empresa (faturizada), necessitando de recursos, negocia os seus créditos, cedendo-os à outra (instituição financeira/faturizadora), que se incumbe de cobrá-los. Trata-se, em síntese, de uma operação de venda do faturamento de uma empresa à outra, mediante o pagamento de uma comissão ou de juros. Este tipo de contrato, considerado de natureza bancária, foi disciplinado pela Resolução do Banco Central nº 703/82, posteriormente revogada pela Resolução nº 1.359/89. 5 – Tributação e Gestão Empresarial. Questão sobejamente discutida decorre da relação que se estabelece entre o exercício da tributação e a gestão empresarial, atividades de natureza tipicamente econômica desenvolvidas, de um lado, pelo Estado no exercício de sua soberania e de outro, pelas empresas, submetidas ao poder estatal, o que de resto também ocorre com as demais pessoas físicas ou jurídicas, resultando daí um permanente conflito de interesses em razão do que se deve entender por uma justa contribuição para o sustento do Estado. Daí, ao iniciar o estudo de temas relacionados ao Direito Tributário, costumamos dizer que o conhecimento do tributo – conceito, características e sistema ao qual se integra – deve sempre ser precedido de uma análise, mesmo sucinta, do fundamento da tributação, em razão das peculiaridades que cada estado apresenta, nos diversos estágios de seu desenvolvimento e transformação. E isto porque, é extreme de dúvida que o fenômeno da tributação, como expressão significativa de manifestação do poder estatal, vai encontrar sua origem no próprio modelo de estado, refletido, por seu turno, no orçamento público, através das demandas capazes de determinar os modos e os níveis de arrecadação de recursos necessários à consecução de seus objetivos. Tem-se, portanto, que o exercício da tributação circunscreve uma questão diretamente ligada à gestão financeira do Estado, ou seja, à Gestão Fiscal, uma atividade administrativa desenvolvida em âmbito estatal e relacionada à arrecadação e ao dispêndio de recursos públicos, confrontando inevitavelmente com uma atividade idêntica desenvolvida pelas empresas – a Gestão Empresarial. 5.1 – A tributação em face dos direitos e deveres da cidadania. Em verdade, se o exercício da tributação afigura-se, ao mesmo tempo, como um direito e um dever do Estado, deve-se também entender que o ato de “contribuir para o sustento do estado” constituí um autêntico dever de cidadania, até porque a instituição do tributo somente se legitima através de manifestação da vontade popular, que se concretiza com a aprovação do orçamento público, a cargo do poder legislativo. 5.2 – Atividade fiscal e extrafiscal do Estado. Parafiscalidade. É claro que a tributação exerce, em primeiro plano, uma função nitidamente instrumental, ou seja, a função arrecadadora de receitas destinadas a prover o estado dos recursos necessários à consecução de seus objetivos. Essa atividade arrecadadora de tributos, denominamos de “atividade fiscal”, ou fiscalidade. No entanto, num estudo mais apurado da evolução do conceito de tributo, verifica-se que um papel importante que se lhe deve atribuir é o de se prestar a uma função de caráter nitidamente social, em que o Estado, no exercício de seu poder tributário, promove a intervenção no domínio econômico e social. Este aspecto importante do exercício da tributação, denominamos de “atividade extrafiscal” do Estado ou extrafiscalidade. Já a expressão “atividade parafiscal” ou parafiscalidade, exprime a ideia de uma atividade de natureza fiscal desenvolvida paralelamente à atividade fiscal própria do Estado. Neste sentido, costuma- se denominar “contribuição parafiscal” a Contribuição Especial que seja arrecadada e/ou administrada por outra entidade, diferente daquela que tenha competência para instituí-la. 6 – O Tributo e o Sistema Tributário Nacional O Sistema Tributário Nacional está estruturado nos artigos 145 a 162 da Constituição Federal, (Capítulo I do Título VI – da Tributação e do Orçamento). A nossa Constituição não define “tributo”, nem dispõe sobre as espécies tributárias, matérias que, como veremos adiante, ficam a cargo da lei UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Coordenadoria de Pós – Graduação MBA – Controladoria e Finanças DIREITO COMERCIAL E TRIBUTÁRIO – Prof. Carlos Alberto Considera 19 complementar. No entanto, o conhecimento das normas contidas nesses dispositivos constitucionais é de fundamental importância para a compreensão do sistema de tributação adotado pelo Estado Brasileiro, especialmente quanto aos princípios que regem o exercício do poder tributário. Esse conjunto de normas e princípios constitucionais é denominado por alguns autores de Sistema Constitucional Tributário. 6.1 – O Tributo: conceito, espécies. O exercício da tributação: competência tributária. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada (CTN 3º). Trata-se, portanto, de uma prestação compulsoriamente arrecadada pelo Estado, nos termos da lei. Segundo a Constituição Federal, cabe à lei complementar a definição de tributos e de suas espécies (CF 146, III, a); e o Código Tributário Nacional, ao tratar das espécies tributárias assim dispõe: “Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria” (CTN 5º). No entanto, a doutrina e a jurisprudência hoje dominante, incluem dentre as espécies tributárias, outros tipos de contribuições, que denominamos de Contribuições Especiais e também os Empréstimos Compulsórios, entendendo que tais imposições do poder público, após a promulgação da Constituição Federal de 1988, ficaram consagradas no texto constitucional como verdadeiros tributos. Impostos O imposto é uma espécie de tributo que se caracteriza pelo fato de não estar ligado a nenhuma prestação estatal específica, relativa ao contribuinte. Trata-se, portanto, de um “tributo não - vinculado”. CTN Art.16-Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Taxas A taxa é um tributo vinculado, porque corresponde sempre a uma prestação estatal específica, relativa ao contribuinte. Sua cobrança é fundada no exercício regular do poder de polícia ou na utilização efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. CTN Art.77-As taxas cobradas pela União,pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização,efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Art.78-Considera-se poder de polícia
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