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973V BASES CONST DA ADM PUBLICA 2604

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Módulo 1 - Noções Gerais de Direito Administrativo
NOÇÕES GERAIS
 1. Conceito de Direito Administrativo
Em sentido amplo, o direito administrativo pode ser conceituado como um ramo do Direito Público Interno que tem como objeto a busca pelo bem comum da coletividade e pelo interesse público.
Contudo, na doutrina brasileira, o conceito de Direito Administrativo é tema de grande divergência. Essa polêmica decorre de uma definição clara quanto ao seu objeto, que vem sendo sistematicamente ampliado, modificado, ou mesmo reduzido em alguns pontos, em virtude de novos anseios da sociedade, como também mutações estatais que foram vivenciadas nas últimas décadas.
Vejamos alguns:
Para Celso Antonio Bandeira de Mello[1]: “o direito administrativo é o ramo do direito público que disciplina a função administrativa”, bem como pessoas e órgãos que a exercem”. Percebe-se que o autor enfatiza a ideia de função administrativa.
Hely Lopes Meirelles, por sua vez, destaca o elemento finalístico na conceituação: os órgãos, agentes e atividades administrativas como instrumentos para realização dos fins desejados pelo Estado. Vejamos: “o conceito de Direito Administrativo Brasileiro, para nós, sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”.[2]
Maria Sylvia Zanella di Pietro coloca em evidência como objeto do Direito Administrativo os órgãos, agentes e as pessoas integrantes da Administração Pública no campo jurídico não contencioso. Para a autora o Direito administrativo é o “ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exercer e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”. [3]
E ainda, segundo José dos Santos Carvalho Filho[4], o Direito Administrativo pode ser conceituado como ramo do Direito Público que estuda princípios e normas reguladores do exercício da função administrativa.
Principalmente para fins didáticos, o direito divide-se em dois  grandes ramos: o direito público e o direito privado.
No direito privado vigora o princípio da autonomia da vontade, pelo qual as partes elegem livremente as finalidades que pretendem atingir e os meios pelos quais atingirão tais fins, desde que fins e meios não sejam proibidos pelo direito. No direito público não vigora o princípio da autonomia da vontade, vige a ideia de função, de dever do atendimento do interesse público conforme estabelecido em lei.
O direito administrativo é ramo do direito público, que cuida da função administrativa e das pessoas, órgãos e agentes públicos incumbidos de desempenhá-la.
 2. Administração Pública
A expressão administração pública pode ser utilizada em dois sentidos: No sentido objetivo, material ou funcional: que equivale a função administrativa e nessa hipótese administração pública escreve-se com iniciais minúsculas; e, No sentido subjetivo, formal ou orgânico: que equivale às pessoas, órgãos e agentes públicos, sendo que nesse caso Administração pública escreve-se com iniciais maiúsculas.
  2.1) Administração pública em sentido objetivo (função administrativa)pode-se definir administração pública como faz Maria Sylvia Zanella di Pietro: “Atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico de direito público, para consecução de interesses coletivos”. Como exemplo, podemos citar que a Função típica do Poder Executivo – exercer administração pública.
 	A função administrativa, também chamada de função executiva, é função típica ou predominante do poder executivo. No entanto, os poderes legislativo e judiciário também exercem a função administrativa, mas como função atípica e assim o fazem quando ordenam os seus serviços, quando dispõe sobre seus bens e sobre a vida de seus servidores. Assim, por exemplo, a concessão de férias a servidor de qualquer um dos 3 poderes é ato administrativo, ou seja, praticado no exercício da função administrativa.
 				Características da função administrativa
a)   Concreta porque é destinada a transformar a vontade da lei em ato concreto;
 b) Não inova inicialmente a ordem jurídica porque nos termos do art. 5º, II da CF[1] somente a lei é que pode criar obrigações;
 	c) Direta ou parcial porque o Estado exerce tal atividade como parte interessada; e
 	d) Subordinada porque está sujeita a controle jurisdicional já que o art. 5º, XXXV, da CF estabelece que a lei não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito.
 	e) Sujeita a regime jurídico de direito público: o qual é formado pelo binômio das prerrogativas e sujeições. As prerrogativas conferem à Administração pública a autoridade para que ela possa atender ao interesse público sempre lembrando a supremacia desse interesse em relação ao interesse privado. As sujeições destinam-se a assegurar a liberdade dos indivíduos a fim de que não sejam indevidamente atingidos em sua liberdade. A principal sujeição é a submissão da administração ao princípio da legalidade.
f) Exercida de ofício: porque não depende da provocação do interessado.
 			Classificação da Função Administrativa
 	A função administrativa abrange o serviço público, a policia administrativa, o fomento e a intervenção no domínio econômico.
 a) Serviço Público - é a lei que vai dizer o que é serviço público e a primeira lei que diz isso é a CF. Então, não é pela substancia da atividade que nós vamos saber o que é serviço público e sim o ordenamento jurídico mesmo.
 	Para saber se uma atividade é serviço público, basta consultar a legislação porque será serviço público a atividade assim considerada pela lei. A primeira lei a ser consultada é a CF.
 	A CF traz as atividades que são consideradas como serviços públicos. Ex.: art. 21, X (serviço postal e de correio aeronacional) etc.
As leis infraconstitucionais também podem definir outras atividades como serviços públicos, desde que não invadam o campo da exploração da ordem econômica que foi deixado pela constituição a livre iniciativa dos particulares, conforme art. 170 da CF. Assim, por exemplo, as leis orgânicas municipais costumam definir o serviço funerário como serviço público municipal.
b) Polícia Administrativa
 	Compreende as restrições administrativas estabelecidas por lei ao exercício do direito individual em beneficio do interesse coletivo. Ex.: imposição de sanções, fiscalização do exercício das atividades, concessão de licenças e autorizações, etc.
 	c) Fomento - é o incentivo do poder público às atividades privadas de interesse coletivo e pode se dar de variadas formas, tais como, transferência de recursos, financiamentos, concessão de favores fiscais, etc.
Atualmente, pode-se citar o fomento relacionando as organizações não governamentais com o poder público já que elas estão no campo do terceiro setor e, portanto, justifica-se a atuação do Estado pela atividade de fomento.
d) Intervenção na ordem econômica - a intervenção na ordem econômica pode se dar direta ou indiretamente. O Estado intervém diretamente na ordem econômica quando explora a atividade econômica por meio de empresas públicas e sociedade de economia mista, o que ele só pode fazer excepcionalmente. Ex.: Banco do Brasil e CEF.
 2.2) A Administração pública em sentido subjetivo (Pessoas, órgãos e agentes públicos), para prestar serviço público descentralizado, a administração pode criar: Autarquias, Fundação, Empresa pública, Sociedade de economia mista.
O Estado pode prestar a função administrativa por seus próprios meios ou então através de outras pessoas.
3.  Direito Administrativo como sub-ramo do Direito Público
O Direito Administrativo, como rege as relações jurídicas do Poder Público, este dotado de prerrogativas de autoridade na consecução do interesse público, constituiu-se um ramo do direito público.
É, portanto, uma disciplina que estuda as relações entre a Administraçãoe os administrados. Versarão sobre atos administrativos (licenças, autorizações), desapropriações, responsabilidade civil do Estado, autarquias, serviços públicos. Todos esses assuntos, e muitos outros são estudados pelo ramo do Direito Público denominado Direito Administrativo.
4. Relação do Direito Administrativo com outros Ramos. 
          Como vimos, o Direito Administrativo é um ramo do Direito Público porque estuda a regulação jurídica da atividade tipicamente estatais. Tem autonomia científica como campo específico do saber humano e princípios e técnicas próprios para compreensão do seu objeto. Entretanto, não há dúvida de que o Direito Administrativo, embora autônomo, possui diversos pontos de conexão com outros ramos:
- Direito Constitucional – a relação do Direito Administrativo com o Direito Constitucional é profunda. A CF/88 dedicou um capítulo (Cap. VII, do Título III) ao regramento da atividade administrativa, denominado “Da Administração Pública”.
- Direito Civil – o Direito Administrativo surgiu, nas decisões do contencioso administrativo francês, como um conjunto de regras e técnicas derrogadoras do regime privado.
- Direito Processual Civil – o advento da lei federal do Processo Administrativo (lei 9.784/99) reforçou a ligação que o Direito Administrativo mantém com os institutos e temas do Processo Civil.
- Direito do Trabalho – o regime jurídico aplicado aos empregados públicos é, essencialmente, o previsto na Consolidação das Leis do Trabalho.
- Direito Penal – as condutas reveladoras de maior lesividade à Administração Pública estão tipificadas como “Crimes contra a Administração Pública”, cujas sanções estão previstas nos arts. 312 a 319 do Código Penal.
- Direito Tributário – é uma especialização do Direito Administrativo, tendo surgido a partir da identificação de princípios específicos reguladores das atividades estatais de criação e arrecadação de tributos.
          Portanto, há relação do Direito Administrativo com todos os ramos do Direito, tanto público como privado.
 5. Fonte do Direito Administrativo
Fonte  é o local de onde algo provém. No Direito, as fontes são os fatos jurídicos de onde nascem às normas emanam. As fontes jurídicas podem ser de dois tipos:
 - primárias – nascedouro principal e imediato das normas e;
- secundárias – são instrumentos acessórios para originar normas, derivados de fontes primárias.
 No Direito Administrativos, somente a lei constitui fonte primária na medida em que as demais fontes (secundárias) estão a ela subordinadas.
 Doutrina, jurisprudência e costumes são fontes secundárias.
 A lei  é o único veículo habilitado para criar diretamente deveres e proibições, obrigações de fazer ou não fazer, no Direito Administrativo. (art. 5, II da CF)
A doutrina não cria diretamente a norma, mas esclarece o sentido e o alcance das regras jurídicas conduzindo o modo como os operadores do direito devem compreender as determinações legais.
A jurisprudência, entendida como reiteras decisões dos tribunais sobre determinado tema, não tem a força cogente de uma norma criada pelo legislador, mas influencia decisivamente a maneira como as regras passam a ser entendidas.
Os costumes são práticas reiteras da autoridade administrativa capazes de estabelecer padrões obrigatórios de comportamentos. Ao serem repetidos constantemente, criam o hábito de os administrados esperarem aquele modo de agir, causando incerteza e instabilidade social sua repentina alteração. Importante relembrar que os costumes não têm força jurídica igual à da lei, razão pela qual só podem ser considerados vigentes e exigíveis quando não contrariarem nenhuma regra ou princípio estabelecido na legislação. Costumes contra legem não se revestem de obrigatoriedade.
6.  Sistemas Administrativos
          Dois são os sistemas de controle das atividades administrativas: a) sistema de jurisdição uma (modelo inglês); e b) sistema do contencioso administrativo (modelo francês)
       Sistema de jurisdição una, todas as causas, mesmo aquelas que envolvem interesse da Administração Pública, são julgadas pelo Poder Judiciário. É a forma de controle existente atualmente no Brasil (art. 5º, XXXV, da CF).
      Sistema do contencioso administrativo, ou modelo francês, é o adotado especialmente na França e Grécia. O contencioso administrativo caracteriza-se pela participação da função jurisdicional entre o Poder Judiciário e tribunais administrativos.
[1] Art. 5, II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Módulo 2 - Princípios da Administração Pública
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
   O Direito Administrativo brasileiro não é codificado. Por isso, as funções sistematizadora e unificadora das leis, em outros ramos desempenhadas por códigos, no Direito Administrativo cabem aos princípios.
Princípios são regras gerais que a doutrina identifica como condensadores dos valores fundamentais de um sistema. Por meio de um processo lógico denominado abstração indutiva, os estudiosos extraem da totalidade de normas específicas as ideias-chave que animam todo o complexo de regras. Assim, os princípios informam o sistema normativo. Informam porque armazenam e comunicam o núcleo valorativo essencial da ordem jurídica.
Segundo Celso Antonio Bandeira de Mello, “princípio é, pois, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para exata compreensão e inteligência delas, exatamente porque define a lógica e racionalidade do sistema normativo, conferindo-lhes a tônica que lhe dá sentido harmônico”. E completa: “violar um princípio é muito mais grave do que violar uma norma.[1]
O Direito Administrativo, como vimos anteriormente,  como ramo que se destaca do Direito Público, caracteriza-se por ser informado por princípios próprios.
Conforme ensina ainda o mestre Celso Antonio Bandeira de Mello, o Direito Administrativo é regido por dois supraprincípios que são o da: supremacia do interesse público sobre o particular e a indisponibilidade do interesse público.
O princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado, também chamado simplesmente de princípio do interesse público ou da finalidade pública, significa que os interesses da coletividade são mais importantes que os interesses individuais, razão pela qual a Administração, como defensora dos interesses públicos, recebe da lei poderes especiais não extensivos aos particulares. A outorga dos citados poderes projeta a Administração Pública a uma posição de superioridade diante do particular. Em termos práticos, cria uma desigualdade jurídica entre a Administração e os administrados. São exemplos de prerrogativas especiais conferidas à Administração Pública e seus agentes decorrentes da supremacia do interesse público: a possibilidade de transformar compulsoriamente propriedade privada em pública (desapropriação); autorização para usar propriedade privada em situações de iminente perigo público (requisição de bens); prazos processuais em dobro para recorrer e em quádruplo para contestar; presença de cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos; impenhorabilidade dos bens públicos dentre outras.
O princípio da indisponibilidade do interesse público enuncia que os agentes públicos não são donos do interesse por eles defendido. Assim, no exercício da função administrativa os agentes públicos estão obrigados a atuar, não segundo sua própria vontade, mas do modo determinado pela legislação.
Como decorrência dessa indisponibilidade, não se admite tampouco que os agentes renunciem aos poderes legalmente conferidos ou que transacionem em juízo.
 Princípios Constitucionais do Direito Administrativo
  A Constituição Federal trouxe inovação ao fazer menção a alguns dos princípios a que se submete a Administração Pública. O rol consta do artigo 37, mas não é taxativo, simplesmente explicativo. Inicialmente constavam os princípiosda legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade. Com o advento da Emenda Constitucional nº 19, de 04-06-98, acrescentou-se o princípio da eficiência.
Pode-se chamá-los de princípios constitucionais expressos ou explícitos.
Para memorizar os nomes dos cincos princípios mencionados no artigo 37, caput, pode ser usada a seguinte regra mnemônica: LIMPE = legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência).
1- Princípio da Legalidade
Já vimos anteriormente que no Direito Privado vige o princípio da autonomia da vontade, ou seja, as partes podem fazer tudo o que a lei não proíbe, podendo livremente eleger os fins que pretendem alcançar e utilizar de todos os meios para atingi-los, desde que fins e meios não sejam proibidos pelo Direito. No Direito Público, diferentemente, a Administração Pública somente pode praticar atos previamente autorizados pela lei, só lhe é permitido fazer o que a lei expressamente autoriza. Vige a ideia de função, de dever do atendimento do interesse público.
Esse princípio está contido no artigo 37, caput, bem como no artigo 5º, II, ambos da Constituição Federal.
Hely Lopes Meirelles o define com maestria: “Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza.” (pág. 86).
Assim, a Administração Pública, em toda sua atividade está presa aos mandamentos da lei, deles não se podendo afastar, sob pena de invalidade do ato e responsabilidade de seu autor.
A Administração, diferentemente do particular, só pode agir, quando, como e se  a lei autoriza. Vale dizer, se a lei nada dispuser, não pode a Administração Pública agir, salvo em situações excepcionais (grave perturbação da ordem e guerra quando irrompem inopinadamente).
 2-  Princípio da Impessoalidade
          A atividade administrativa deve ser destinada a todos os administrados, dirigida a todos os cidadãos em geral, sem determinação de pessoa ou discriminação de qualquer natureza.
Este princípio estabelece um dever de imparcialidade na defesa do interesse público, impedindo discriminações ou privilégios indevidamente dispensados a particulares no exercício da função pública.
A relação desse princípio com a noção de finalidade pública é indiscutível. Para Hely Lopes Meirelles, o princípio da impessoalidade “nada mais é do que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal”. [2] Assim, ao agir visando à finalidade pública prevista na lei, a Administração Pública necessariamente imprime impessoalidade e objetividade na atuação, evitando tomar decisões baseadas em preferência pessoal ou sentimento de perseguição.
A impessoalidade possui outro aspecto. A atuação dos agentes públicos é imputada ao Estado, significando um agir impessoal da Administração. Assim, as realizações não devem ser atribuídas aos agentes públicos que os praticam, mas à pessoa jurídica a que os agentes se encontram vinculados. Trata-se da aplicação da Teoria do Órgão.
A própria Constituição Federal dá um exemplo da aplicação deste princípio ao estabelecer a vedação de que constem nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos em publicidade de atos, programas, obras, serviços e campanhas de órgãos públicos. (art. 37, parágrafo 1º).
 3-  Princípio da moralidade
          A moralidade tratada no caput,  do artigo 37, é a moralidade administrativa. Referido princípio tem hoje status  constitucional.
           A moralidade administrativa está intimamente ligada ao conceito de bom administrador, aquele que, usando de sua competência, determina-se não só pelos preceitos legais vigentes, como também pela moral comum, propugnando pelo que for melhor e mais útil para o interesse público. Por essa razão, veda-se à Administração Pública qualquer comportamento que contrarie os princípios da lealdade, boa-fé, ética, probidade, decoro e honestidade.
          Assim, o Administrador não deve agir apenas e tão somente de acordo com a lei, mas também de acordo com a moral.
         A legislação brasileira prevê diversos instrumentos de proteção da moralidade administrativa. Merecem destaque: a Ação Popular; a Ação Civil Pública de Improbidade Administrativa (Lei de Improbidade Administrativa – Lei 8.429/92); Controle exercido pelos Tribunais de Contas e as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).
4- Princípio da Publicidade 
Esse princípio torna obrigatória a divulgação oficial dos atos administrativos. Todos os atos, contratos e outros instrumentos celebrados pela Administração direta e indireta, devem ser levados a conhecimento público para que possam surtir efeito. A publicidade dos atos administrativos é a regra, sendo excepcionada nos casos de sigilo previstos em lei.
 O próprio texto Constitucional definiu 3 exceções ao princípio da publicidade, autorizando o sigilo nos casos de risco para : a) segurança do Estado (art. 5º, XXXIII, da CF). Exemplo: informações militares; b) a segurança da sociedade ( art. 5º, XXXIII, da CF). Exemplo: sigilo das informações sobre o interior de usina nuclear para evitar atentados terroristas; c)a intimidade (art. 5º, X, da CF). Exemplo: processos administrativos disciplinares.
Na Constituição Federal há disposições a respeito da abrangência do princípio da publicidade:
Artigo 5º, inciso XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”;
Artigo 5º, inciso XXXIII: “todos têm direito a receber dos órgãos públicos as informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”;
Artigo 5º, inciso LXXII: “conceder-se-á habeas data:
a. para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b. para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.”
A impetração do habeas data é cabível quando a informação for relativa ao próprio impetrante. Fora dessa hipótese a obtenção de informação sonegada pelo Estado pode ser viabilizada pela utilização de mandado de segurança individual e mandando de segurança coletivo.
 5- Princípios da Eficiência 
          Este princípio foi acrescentado ao artigo 37, “caput”, da Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº 19, de 04-06-98.  Foi um dos pilares da Reforma Administrativa que procurou implementar o modelo de administração pública gerencial voltara para um controle de resultados de atuação estatal.
A eficiência deve existir tanto na estruturação dos órgãos administrativos, como também na atuação dos agentes públicos.
Segundo Diógenes Gasparini, a Administração Pública direta e indireta deve realizar suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, além, por certo, de observar outras regras, a exemplo da legalidade. O desempenho com rapidez significa que o mesmo deve ser oferecido de forma a satisfazer os interesses dos administrados em particular da coletividade em geral. Nada justifica qualquer procrastinação. Assim, é inconcebível o Estado, uma vez solicitado colocar para-raios numa escola e procrastina sua instalação.
As atribuições também devem ser executadas com perfeição, valendo-se das técnicas e conhecimentos necessários a tornar a execução a melhor possível, evitando sua repetição e reclamos por parte dos administrados. Por fim, tais competências devem ser praticadas com rendimento, isto é, com resultados positivos para o serviço público e satisfatório para o interesse da coletividade. Resultados positivos não significam lucros, embora, em alguns casos, possam existir. Deve-secom esse desempenho, rápido e perfeito, atingir um maior numero de beneficiados. Procura-se maximizar os resultados em toda e qualquer intervenção da alçada da Administração Pública.[3]
            Além dos princípios constitucionais previstos no caput do artigo 37 da CF.,existem princípios infraconstitucionais básicos que regem a Administração Pública, em consonância com os preceitos da CF são eles:
1.       Principio da presunção de legitimidade– como são praticados exclusivamente com a finalidade de aplicação da lei, os atos administrativos beneficiam-se da legitimação democrática conferida pelo processo legislativo. Assim, os atos administrativos são protegidos por uma presunção relativa (júris tantum) de que foram praticados em conformidade com o ordenamento jurídico. Por isso, até prova em contrário, os atos administrativos são considerados válidos para o Direito, cabendo ao particular o ônus de provar eventual ilegalidade na sua prática.
2.      Princípio da continuidade -  os serviços públicos não podem parar, porque não param os anseios da coletividade. Assim, os desejos dos administrados são contínuos. Daí, dizer que a atividade da Administração Pública é ininterrupta.
3. Princípio da autotutela -  a Administração Publica está obrigada a policiar, em relação ao mérito e à legalidade, os atos administrativos que pratica. Cabe-lhe, assim, retirar do ordenamento jurídico os atos inconvenientes e inoportunos e ilegítimos. Os primeiros por meio da revogação e os últimos por meio da invalidação. Essa orientação encontra apoio na Súmula 473 do STF.
4- Princípio da motivação – os atos administrativos precisam ser motivados. Devem ser mencionados para a prática de qualquer ato administrativo as razões de fato e de direito que levaram a Administração a proceder daquele modo. A motivação é necessária em todo e qualquer ato administrativo, consoante já decidiu o STF (RDP, 34: 141).
5- Princípio da razoabilidade -  ser razoável é uma exigência inerente ao exercício de qualquer função pública. Sob a vigência do Estado de Direito não se pode admitir a utilização de prerrogativas públicas sem moderação e racionalidade.
6.       Princípio da hierarquia – estabelece relação de coordenação e subordinação entre órgãos da Administração Pública Direta. A hierarquia é princípio imprescindível para a organização administrativa. Desse princípio decorrem prerrogativas, tais como rever os atos dos subordinados, delegar e avocar competências e punir os subordinados.
Dentre outros princípios, tais como:  segurança jurídica, descentralização ou especialidade etc.
========++++++========= 
	Módulo 3 - Poderes da Administração Pública
Poderes Administrativos
Modernamente tem sido utilizada a expressão deveres administrativos ou ainda poderes-deveres, deveres-poderes para deixar claro que a administração só é dotada de poderes porque tem o dever de atuar, de exercer a função administrativa para o fim de atender ao interesse público.
Os poderes-deveres são verdadeiros instrumentais para a defesa do interesse público. 
Os poderes administrativos são: 
- poder normativo
- poder hierárquico
- poder disciplinar e
- poder de polícia
 OBS: A doutrina tradicional ainda menciona o poder vinculado e o poder discricionário. Todavia, entendemos que não existe um poder totalmente vinculado ou discricionário, mas sim atos vinculados e atos discricionários praticados com fundamento nos outros poderes, daí, não iremos seguir tal abordagem.
         a) Poder Normativo
Alguns autores mencionam poder regulamentar em vez de poder normativo. É preferível falar em poder normativo porque o regulamento é apenas uma espécie de ato normativo já que convive com outros atos normativos, como resoluções, portarias, regimentos, instruções etc. De modo que, a expressão poder normativo é mais abrangente e adequada.
 O poder normativo é o destinado a prática dos atos normativos. Os atos normativos instituem regras gerais e abstratas, aliás, nesse ponto assemelham-se às leis. No entanto, os atos normativos diferenciam-se das leis porque não inovam inicialmente no mundo jurídico já que nos termos do art. 5º, II da CF, são as leis que criam direitos e obrigações.
 	O regulamento é o ato normativo mais importante porque é de competência exclusiva dos chefes do poder executivo nas diversas esferas de governo (Presidente da República, governadores e prefeitos).
O regulamento é veiculado pelo decreto, quer dizer, o regulamento é o conteúdo do ato e o decreto é a forma do ato. A propósito, decreto é a forma pela qual são veiculados, exteriorizados os atos praticados pelos chefes do poder executivo, sejam normativos ou concretos. Exs.: decreto regulamentar (ato normativo), decreto de desapropriação (ato concreto).
Em doutrina, costuma-se classificar o regulamento em:
1º) regulamento autônomo ou independente;
2º) regulamento executivo ou para fiel execução das leis.
O regulamento autônomo ou independente não se fundamenta em lei prévia e, por isso, inova inicialmente a ordem jurídica. O regulamento executivo ou para fiel execução das leis fundamenta-se em lei anterior e é destinado a explicitá-la.
Nos países em que se admite o regulamento autônomo ou independente, ele só pode tratar de matéria organizativa ou de supremacia especial, quer dizer, ele pode dispor sobre a organização da administração pública ou então estabelecer regras a quem tem um vínculo diferenciado com a Administração Pública, tal como ocorre com os contratados, ou seja, o regulamento autônomo não poderá dispor sobre matéria de supremacia geral submetendo todos os cidadãos.
No Brasil, apesar das divergências, tem prevalecido o entendimento de que o regulamento existente é o executivo ou para fiel execução das leis, conforme art. 84, IV da CF.[1]
A partir da EC/32 de 2001, alguns autores (Maria Sylvia Zanella di Pietro) passaram a defender a existência de regulamento autônomo no direito brasileiro, em matéria organizativa já que o presidente da república passou a ter competência para dispor mediante decreto sobre organização e funcionamento da Administração Federal quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos (art. 84, VI, a da CF).[2]
Diante do exposto, conclui-se que o regulamento regra no Brasil é o executivo, então é preciso entender o que significa explicitar a lei, que é a função do regulamento executivo.
b) Poder Hierárquico
Os órgãos e os agentes públicos estão estruturados de modo a ensejar uma relação de coordenação e subordinação entre eles num relacionamento de superior a subalterno. Para Celso Antonio Bandeira de Melo “a hierarquia pode ser definida como o vínculo de autoridade que une órgãos e agentes, através de escalões sucessivos, numa relação de autoridade, de superior a inferior, de hierarca a subalterno”.
 Da hierarquia decorrem alguns poderes para o superior hierárquico:
1) de editar atos normativos de efeitos apenas internos, tais como resoluções, portarias, instruções;
2) de dar ordens e ser obedecido pelos subordinados, salvo as ordens manifestamente ilegais, como por exemplo, a ordem dada a carcereiro para torturar preso.
3) de fiscalizar os atos do subordinado, podendo anular os atos ilegais e revogar os atos legais por razões de conveniência e oportunidade.
4) de punir o subordinado que pratique infração administrativa.
A hierarquia não existe no poder legislativo e no poder judiciário no que se refere às funções típicas de tais poderes que são, respectivamente, a de legislar e a de julgar. Não obstante a partir da EC 45/04 alguns, como MSZDP, passaram a admitir a existência e hierarquia parcial na função jurisdicional porque, nos termo do art.103-A e §3º[3] da CF, caso o magistrado decida contrariamente a súmula vinculante ou indevidamente a aplique cabe reclamação no STF que julgando-a procedente cassará a decisão judicial e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.
A propósito, a súmula vinculante não obriga só o poder judiciário a sua observância,mas também a administração pública direta e indireta em todas as esferas de governo, cabendo reclamação para atacar ato administrativo que contrariar a súmula ou que indevidamente a aplicar e o STF julgando-a procedente anulará o ato administrativo, nos termos do art. 103-A e §3º da CF.
 c)   Poder disciplinar
É o que credencia a administração a apurar as infrações cometidas pelos agentes públicos e por demais pessoas submetidas a disciplina administrativa, tal como ocorre com os contratados. No que se refere aos agentes públicos, notadamente os servidores públicos, o poder disciplinar decorre do hierárquico.
Eventual punição de alguém não submetido a disciplina administrativa tem fundamento no poder de polícia. Ex.: imposição de multa ao estabelecimento poluente, ao motorista infrator etc.
Costuma-se dizer que o poder disciplinar é discricionário o que deve ser entendido nos seus exatos termos. Primeiramente é preciso saber o que isso não significa. Dizer que o poder disciplinar é discricionário não significa que exista liberdade para a autoridade escolher entre agir ou deixar de agir para apurar a infração cometida diante da noticia de infração a autoridade deve agir sob pena de praticar condescendência criminosa prevista no art. 320 do CP.[4]
d) Poder de polícia
          Neste tema é possível constatar facilmente, a presença do binômio ou da bipolaridade do regime jurídico administrativo envolvendo as prerrogativas e sujeições.
 	O conceito para Hely Lopes Meireles de “poder de policia é a faculdade de que dispõe administração publica para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em beneficio da coletividade ou do próprio estado”.
          Para Celso Antonio Bandeira de Melo: “O poder de policia condiciona a liberdade e propriedade em prol do interesse público”, o autor entende ainda, que não é correto dizer que este poder de policia restringe estes direitos, pois a propriedade e a liberdade somadas aos condicionamentos as restrições ao poder de policia é que formam o perfil destes direitos.
OBS: O CTN no seu artigo 78 traz um conceito de poder de policia já que seu exercício é um dos fatos geradores da taxa.
Como exemplos práticos do direito de policia, podemos citar as restrições quanto construção (lei de zoneamento), alimentos em restaurantes (vigilância sanitária) e etc. 
Fundamento
Poder de policia fundamenta-se na supremacia geral da administração publica sobre os administrados, isso decorre da própria supremacia do interesse publico sobre o interesse particular, vale dizer não é necessário que haja um vinculo especial de sujeição do particular administrado para o poder de policia seja exercido, ou seja, que o administrativo seja empregado, funcionário ou etc. como a autuação de infração de trânsito.
Meios de Atuação do Poder de Polícia
O poder de polícia pode ser exercido pelo Poder Legislativo e pelo Poder Executivo. O Poder Legislativo cria, por lei, as chamadas limitações administrativas à propriedade e à liberdade.
O Poder Executivo, no exercício do poder de polícia regulamenta as leis e controla sua aplicação, quer dizer, expede ora atos normativos, ora atos concretos.
Os atos concretos podem ser preventivos ou repressivos, conforme se destinem a evitar um dano ao interesse público, ou a cessar eventual dano a esse interesse. Assim, como exemplo  são atos preventivos do poder de polícia a fiscalização, a concessão de licenças e autorizações; e são atos repressivos o embargo de obra, a interdição de estabelecimento a apreensão de mercadorias deterioradas, etc., bem como o exercício do poder de polícia pelo executivo também é conhecido como polícia administrativa.
Modernamente o poder de polícia refere-se aos mais variados setores da administração pública, tais como, segurança, saúde, educação, meio ambiente, consumidor, patrimônio histórico e cultural etc.
Características ou atributos do poder de polícia
São atributos ou características do poder de polícia a discricionariedade, a auto executoriedade, e a coercibilidade.
 i) Discricionariedade: se considerarmos a atuação do legislativo, é correto dizer que o poder de polícia é discricionário, porque na definição do conteúdo da limitação administrativa, o legislador tem liberdade de atuação de modo que ele poderá criar uma limitação mais ou menos abrangente, conforme entenda ser o razoável para as situações descritas.
Quanto a atuação do executivo, no mais das vezes, ela é discricionária porque a lei costuma dar à autoridade administrativa certa liberdade de atuação, possibilitando, por exemplo, que ela escolha qual a sanção que melhor reprime a infração cometida, caso em que a autoridade deverá se pautar pelos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade em sua atuação.
Não obstante, existem atos vinculados do poder de polícia, como é o caso da licença para construir, para dirigir.
A licença deve ser deferida ao administrado que preencher os requisitos legais à sua obtenção, não podendo ser negada. Diz-se, então, que a licença tende a direito subjetivo de quem requer.
A licença contrapõe-se à autorização do poder de polícia porque a autorização é discricionária e pode ser negada por razões de interesse público, mesmo que o interessado tenha preenchido eventuais requisitos legais, por exemplo, autorização para porte de arma. Diz-se, então, que a autorização atende a mero interesse de quem requer.
ii) Auto executoriedade: Pela auto executoriedade, a administração pode por em prática as suas decisões por seus próprios meios, isto é, diretamente, sem precisar buscar autorização prévia no poder judiciário.
Assim, por exemplo, ela apreende mercadorias deterioradas, multa fábrica poluente, interdita estabelecimento etc. Quanto a multa, a administração pode impô-la, mas a cobrança depende do ajuizamento de execução, nos termos da lei 6830/80.
Há quem desdobre o atributo da auto executoriedade em: exigibilidade e executoriedade.
Pela exigibilidade a administração põe em prática o que decidiu independentemente da autorização do judiciário e pode usar meios indiretos de coação. Ex.: notificação do munícipe a limpar seu terreno sob pena de multa.
Pela executoriedade, a administração pode executar diretamente as decisões tomadas, podendo até mesmo usar meios diretos de coação, se necessário e na medida do necessário.
A executoriedade pressupõe a exigibilidade e por ser mais gravosa do que a exigibilidade só é admitida se: 1) houver previsão legal; 2) houver razão de urgência que determine a necessidade da medida para o fim de resguardar o interesse público.
Quanto a multa do poder de polícia, ela é exigível, tanto que será cobrada em execução fiscal. Todavia, ela não é executória, justamente porque sua cobrança depende de ajuizamento de execução. Para quem não desdobrar o atributo da auto executoriedade, a resposta é a de que a multa não é auto executória.
iii) Coercibilidade: Pela coercibilidade, a administração pode impor coativamente aos administrados as medidas adotadas, usando até mesmo de força física, se necessário. A bem da verdade, a coercibilidade e a auto executoriedade estão intimamente relacionadas, não podendo ser apartadas.
[1] Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
[2] Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
[3] Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta eindireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. § 3o Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial.
[4] Condescendência criminosa Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
	 
MÓDULO 4: ATOS ADMINISTRATIVOS
Atos Administrativos
Cada poder do Estado tem sua função principal: ao Legislativo, cabe editar as leis, ao Judiciário exercer a jurisdição, ou seja, dizer o direito aplicável ao caso concreto e, finalmente, ao Executivo compete exercer a função administrativa ou executiva que é destinada a prática dos atos administrativos.
Não obstante, os poderes legislativos e judiciários também exercem suas funções administrativas ou executiva em caráter secundário quando ordena-se os serviços dispõe sobre seus bens ou dispõe sobre a vida de seus servidores, assim por exemplo a aposentadoria a servidor de qualquer um dos três poderes é ato administrativo.
          O ato administrativo é espécie do gênero ato jurídico. Este é todo ato licito, que tem por fim imediato adquirir, declarar, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos.  Para que o ato administrativo se destaque do ato jurídico é necessário acrescentar ao conceito visto a administração publica como a expedidora do ato, bem como a sua submissão ao regime jurídico administrativo com destaque para a finalidade publica do ato.
          Conforme Hely Lopes Meirelles: “ato administrativo é toda a manifestação unilateral de vontade da administração pública, que agindo nesta qualidade, tenha por fim mediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.”
          Portanto, A administração Pública, no exercício de suas diversificadas tarefas, pratica algumas modalidades de atos jurídicos que não se enquadram no conceito de atos administrativos. Nem todo ato da Administração é ato administrativo.Assim, não se enquadram em atos administrativos:
a) Contratos administrativos, pois são atos bilaterais;
b) Atos regidos pelo direito privado ou atos de gestão: constituem casos raros em que a Administração Pública ingressa em relação jurídica submetida ao direito privado, ocupando posição de igualdade perante o particular, isto é, destituído de poder de império. Exemplo: locação imobiliária e contrato de compra e venda.
 c) Atos meramente materiais – consistem na prestação concreta de serviços, faltando-lhes o caráter prescritivo próprio dos atos administrativos, como por exemplo, construção de uma ponte, ministério de uma aula na escola publica.
d) Atos políticos ou de governo, que são os praticados em obediência direta a constituição federal. Exemplo a sanção e veto de Lei, a intervenção federal dos estados e etc.
 
ATRIBUTOS OU CARACTERÍSTICAS DO ATO ADMINISTRATIVO
          O ato administrativo é informado por atributos ou características próprias que são:
a) A presunção de legalidade (legitimidade) e de veracidade:
         O atributo da presunção de legitimidade, também conhecido como presunção de legalidade ou presunção de veracidade, significa que o ato administrativo, até prova em contrário, é considerado válido para o Direito.
Trata-se de uma derivação da supremacia do interesse público, razão pela qual sua existência independe de previsão legal específica.
 A presunção de legitimidade é um atributo universal aplicável a todos os atos administrativos e da Administração.
Importante destacar que se trata de uma presunção relativa ou juris tantum, isto é que admitem prova em contrario. O efeito prático das presunções é de inverter o ônus de agir, cabendo ao interessado lesado pelo ato o ônus de atuar para afastar as presunções seja na esfera administrativa ou judicial.
          Há quem diferencie presunção de legitimidade (ou legalidade) e presunção de veracidade. A presunção de legitimidade diria respeito à validade do ato em si, enquanto a presunção de veracidade consagraria a verdade dos fatos motivadores do ato.
 b) A imperatividade ou coercibilidade:
          Pela imperatividade a administrativos que cria obrigações aos administrativos independentemente de sua concordância. A imperatividade também é chamada de poder extroverso, porque os atos administrativos interferem na esfera jurídica dos administrativos tão somente pela vontade a administração publica. Exemplo imposição de multa ao motorista infrator, ou seja, a administração publica é intrometida e extrovertida, poder extroverso.
           O atributo da imperatividade só esta presente nos atos administrativos que criam obrigações aos administrativos, estes atributos não estão presentes nos atos chamados de atos negocias que conferem direitos aos administrativos, bem como este atributo também não esta presente nos atos enunciativos, tais como certidão por tempo de serviço, atestado de invalidez do servidor etc.
 c) A auto executoriedade:
          Pela auto executoriedade a administração põe em prática seus atos utilizando meios coercitivos próprios. Há quem divida o atributo da auto executoriedade em: exigibilidade e executoriedade.
Pela exigibilidade a administração pode fazer uso de meios indiretos de coação. Ex: notifica o munícipe a limpar seu terreno sob pena de multa. Pela executoriedade a administração pode utilizar meios direitos de coação. Ex: apreensão de mercadoria vencida, interdição de estabelecimento e etc.
          A executoriedade é mais do que a elegibilidade e só existe nos seguintes casos:
i) se houver previsão legal;
ii) usando houver razão de urgência que imponha a pratica do ato sob pena do interesse publico ser irremediavelmente comprometido.
 
d) A tipicidade:
          Pela tipicidade deve o ato administrativo deve se ajustar o disciplinado em lei para atingir sua finalidade especialmente pretendida pela administração publica. Ex: para atender a necessidade de serviço o ato é a remoção do servido.
          O ato esta perfeito quando completa o ciclo de sua formação, o ato e valido, quando esta ajustado as exigências normativas, e o ato e eficaz quando esta pronto a produzir seus efeitos. O ato ainda não esta eficaz se:
i) sujeito a condição suspensiva;
ii) sujeito a termo inicial;
iii) sujeito a ato controlados por parte de outra autoridade.
  			REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO
          A doutrina diverge quanto à quantidade de requisitos de validade do ato administrativo. Como o tema não foi objeto de tratamento legislativo direto, cada autor tem liberdade para apontar a divisão que entender mais conveniente. Há basicamente duas correntes: a clássica e a corrente mais moderna.
A corrente clássica defendida por Hely Lopes Meirelles e majoritária para concursos públicos está baseada no artigo 2º da Lei nº 4.7171/65, segundo o qual “são nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d)inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade”.
De acordo com essa visão, os requisitos do ato administrativo são: competência, objeto, forma, motivo e finalidade.
 São cinco os elementos ou requisitos dos atos administrativos, sujeito ou competência, objeto, forma, motivo e finalidade = FF.COM
 	a) Sujeito ou competência:
 A competência é requisito vinculado. Para que o ato seja válido, inicialmente é preciso verificar se foi praticado pelo agente competente segundo a legislação para a prática da conduta. No Direito Administrativo, é sempre a lei que define as competências conferidas a cada agente, limitando sua atuação àquela seara específicade atribuições.
Assim, não é competente quem quer mais quem a lei determina.
 b) Objeto
Também é denominado de conteúdo do ato administrativo, é o efeito jurídico imediato que o ato produz é aquilo que se cria, declara, se extingue, modifica no a ordem jurídica. Ex: o objeto de um ato da desapropriação e a própria perda da propriedade para o desapropriado.
O objeto deve ser licito, ajustado as existências normativas; possível, realizável nos mundos dos atos dos direito; certo, definido com precisão moral, de acordo com as exigências de boa-fé ética e honestidades. 
 c) Forma
Pode ser tomada em um sentido amplo e num sentido restrito, no sentido restrito, forma a exteriorização do ato, no sentido restrito.
Como exemplo os atos praticados pelos chefes do executivo são exteriorizados pela forma do decreto. No sentido amplo, forma verifica também todas as formalidades dispostas em lei para a prática do ato.
A regra e que o ato administrativo seja praticado pela forma escrita e se envolver direito real sobre imóvel, exige-se escritura publica. Admitem-se também ordens verbais e sinais convencionais como formas do ato administrativo. As placas de sinalização do transito, os silvos dos guardas de transito são sinais convencionais.
d) Motivo:
É o pressuposto de fato e de direito que embasa a pratica do ato, ou seja, o pressuposto de fato e o acontecimento com todas as suas circunstancias que levam a administração a praticar o ato, o pressuposto de direito e o dispositivo normativo que fundamenta a pratica do ato.
Motivo e diferente de motivação embora estejam intimamente relacionados, motivação e a exposição dos motivos.
Discute-se na doutrina se a motivação é obrigatória nos atos vinculados e nos atos discricionários, há três correntes de pensamento:
i) a motivação e obrigatória nos atos vinculados;
ii) a motivação e obrigatória nos atos discricionários;
ii) a motivação e obrigatória tanto nos atos vinculados e nos atos discricionários.
A última corrente é a predominante, a motivação no ato vinculado é mais sucinta do a que a motivação no ato discricionário, já que basta que o administrador demonstre que existe em concreto a situação descrita de modo preciso pelo legislador. Ex: a concessão de aposentaria ao servidor que preenche os requisitos do artigo 40, parágrafo  primeiro, inc III alínea. 
A motivação somente não será necessária, se a lei não descrever o motivo da pratica do ato, como ocorre por exemplo a exoneração ad nutum dos ocupantes dos cargos em comissão, trata-se de exoneração a qualquer tempo e sem justificativa.  Não obstante ainda que a lei não descreva os motivos da pratica do ato, se o administrado indicar os motivos, então estes devem ser verdadeiros e existentes sob pena do ato estar viciado, trata-se a aplicação da teoria dos motivos determinantes.
        Ligada a motivação existe a teoria dos motivos determinantes, pela qual a administração se vincula aos motivos que elegeu para a prática do ato, de tal sorte que, se os motivos se revelarem inexistentes ou não verdadeiros o ato estará viciado, e se sujeitara a anulação, mesmo que na hipótese não fosse exigido que a administração declina-se o motivo.
 	Como exemplo, temos o servidor ocupante em cargo de comissão que é exonerado para a redução de despesa com o pessoal, e no dia imediato, é nomeado outro ocupante para o cargo. O exonerado pode requerer a exoneração do ato alegando inexistência do motivo, já que a administração esta vinculada aos motivos que elegeu para a prática do ato ainda que na hipótese não lhe fosse exigido declinar o motivo.
e) Finalidade
É o resultado pretendido pela administração, porém a finalidade pode ser tomada em um sentido amplo e em um sentido restrito. No sentido amplo, significa que o ato administrativo deve ser praticado para atender o interesse publico. Vedando-se que seja praticado para o fim deliberado de prejudicar ou favorecer alguém.
Já no sentido restrito, o ato deve atender ao fim especialmente previsto em lei para a hipótese. Caso não se atenda a finalidade tomada no sentido amplo ou restrito existira o vicio chamado desvio de finalidade, também denominado de desvio de poder. Ex: de desvio de finalidade no sentido amplo, desapropriação para prejudicar um inimigo político. Ex: de desvio de finalidade no sentido restrito, remoção do servido com a finalidade de puni-lo quando o estatuto correspondente estabelece que a finalidade da remoção é a de atender a necessidade do serviço. 
DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO
 	Na prática dos atos administrativos, a administração hora atua sem liberdade alguma, ora atua com certa margem de liberdade. No primeiro caso, quanto atua sem liberdade alguma, este é denominado de vinculado ou regrado, em que o administrador não tem liberdade de atuação, pois todos os elementos do ato foram descritos na lei de modo preciso. Ex: aposentadoria voluntária do art. 40, parágrafo primeiro, inc. III alínea a.
 	No segundo caso o ao ser praticado o ato este é discricionário, pois a administração poderá escolher dentre as possibilidade legais aquela que melhor soluciona o caso concreto, segundo os princípios da proporcionalidade, mediante juízo de conveniência e oportunidade.
Como exemplo da escolha da punição do servidor faltoso a lei costuma possibilitar ao superior hierárquico mais de uma possibilidade de pena levando em consideração a pessoa do infrato, a gravidade da infração, os danos causado ao serviço e etc.
Para saber se o ato a ser praticado é vinculado ou discricionário, deve ser consultado a legislação. Expressões do tipo, será, devera ser, por critério vinculado outras equivalentes, indica que o ato a ser praticado é vinculado, por outro lado expressões do tipo, poderá ser,  é faculdade, por razoes de conveniência e oportunidade, por razoes de interesse publico, mediante juízo discricionário e outras equivalentes, indicam que o ato a ser praticado é discricionário.
i) Sujeito: é elemento sempre vinculado, pois a lei estabelece quem é o competente para à pratica do ato.
ii) Finalidade: para a doutrina tradicional é elemento vinculado, pois o ato deve atender o ato de interesse publico, considerado genericamente e também ao fim especificamente previsto em lei para a hipótese. A doutrina moderna, ressalva que a finalidade pode permitir um juízo discricionário se a lei mencionar a finalidade por meio de conceitos indeterminados, fluidos, imprecisos, tais como ordem pública, paz social, saudade publica, etc.
iii) Forma: A forma normalmente é vinculada, que a lei costuma dizer como o ato será exteriorizado, se houver opção de forma ela será discricionária.
iv) Motivo: o motivo pode ser vinculado ou discricionário, seja vinculado se a lei usar palavras precisas, para dizer do motivo. Ex: o motivo da aposentadoria compulsória do servidor é o que completar 70 anos de idade. Será discricionário se a lei usar conceitos indeterminados, para falar do motivo. Exemplo: praticar conduta escandalosa na repartição é motivo para punição do servidor.
v) Objeto ou conteúdo: do ato pode ser vinculado ou discricionário, será vinculado se a lei estabelecer qual o conteúdo do ato para atender ao fim perseguido. Ex: praticada a infração x a pena é y e nenhuma outra. Será discricionário o conteúdo do ato se a lei estabelecer mais de um conteúdo possível para atender o fim perseguido. Ex: praticada a infração x as penas pode ser y ou z.
Conclui-se então que a discricionariedade considerando-se os elementos do ato administrativo normalmente residira no motivo e no objeto.
  CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Quanto aos destinatários do ato: os atos classificam-se em gerais e individuais. Os atos gerais são os atos normativos, e que se destinam a todos que se encontrem numa mesma situação, indistintamente. Ex: regulamento do IR. Sujeitam-se à disciplina peculiar:
          Quanto ao alcance: os atos classificam-se em internos e externos. Os primeiros são os que produzem efeitos no interior das repartições públicas, e, então, não exigem publicação paradeflagração dos efeitos, bastando a cientificação dos interessados. Como exemplo uma escala de plantão de servidor.
Os segundos são os que produzem efeitos para além do interior das repartições e exigem publicação para deflagração de seus efeitos. Como exemplo  um edital de concorrência pública.
           Quanto ao objeto do ato: os atos classificam-se em “de império”, “de gestão” e “de expediente”.
Os atos de império caracterizam-se por sua imposição coativa aos administrados, fundados nas prerrogativas de autoridade conferidas à Administração Pública, sob regime jurídico de direito público que é exorbitante do regime de direito comum.
          Os atos de gestão são os praticados pela Administração sem prerrogativas de autoridade visando gerir seus bens e seus serviços, como qualquer pessoa o faz.
Os atos de expediente, por sua vez, são os que não têm conteúdo decisório e se destinam a dar andamento aos variados requerimentos, papéis, processos, nas repartições públicas.
          Quanto ao regramento do ato: classificam-se em atos discricionários e atos vinculados (também chamados de regrados), já analisados anteriormente.
          Quanto à formação do ato: os atos classificam-se em simples, complexos e compostos.
Simples são os atos que decorrem da manifestação de vontade de um só órgão, seja ele unitário ou colegiado. Como exemplo decreto de nomeação de um servidor para compor uma comissão de estudo;
          Atos complexos, por sua vez, são os que decorrem da conjugação de vontades de mais de um órgão, unitários ou colegiados, formando um ato único. Ex: decreto do Presidente da República referendado pelo Ministro da pasta referente ao objeto do ato.
Finalmente, os atos compostos são os que resultam da vontade de um órgão, mas que é dependente da manifestação prévia ou posterior por parte de outro órgão. Ex: aposentadoria por invalidez que depende de laudo médico que ateste a invalidez.
Ordinariamente, os atos que dependem de autorização, homologação, laudo técnico, etc. são considerados compostos.
Há autores que classificam os atos tão somente em simples e complexos, sendo que os atos complexos são os que resultam da manifestação de vontade de mais de um órgão. Ex: nomeação de alguém baseada em lista de nomes elaborada por outro órgão.
ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE
           Dividiremos os atos quanto ao conteúdo e quanto à forma.
 Quanto ao conteúdo:
          a) atos administrativos negociais: a autorização, a licença, a permissão e a admissão.
i) A autorização é ato unilateral e discricionário pelo qual a Administração Pública defere ao interessado a prática de ato material com base no poder de polícia, como por exemplo, a autorização para porte de arma, ou então defere o uso privativo de bem público. A autorização fundada no poder de polícia contrapõe-se a licença, quando ela também é fundada no mesmo poder.
A autorização de uso de bem público contrapõe-se a permissão de uso de bem público. Nesse caso destina-se ao uso episódico, temporário de bem público, por exemplo, autorização para instalação de circo para temporada, em área municipal. A autorização é deferida no interesse predominante do particular, de forma que, mesmo obtida a autorização, caso ele não utilize o bem público, nada lhe ocorrerá.
A permissão de uso de bem público, por sua vez, é ato unilateral e discricionário pelo qual se defere ao particular o uso privativo de bem público, sem o caráter episódico da autorização, mas sujeita a revogação por razões de interesse público, exemplo, permissão de uso de parte da calçada para instalação de banca de jornal.
Além da permissão de uso de bem público, existe também a permissão de serviço público. A permissão de serviço público tradicionalmente era entendida como ato administrativo unilateral administrativo unilateral e discricionário pelo qual se transferia a alguém a prestação de um serviço público, e na hipótese de se submeter a prazo, isto é, de permissão condicionada ou qualificada a revogação antes do fim do prazo acarretava indenização.
A partir da CF/88 o art. 175 confere natureza contratual a permissão de serviço público e a lei 8.987/95, no art. 40, inicia estabelecendo que a permissão de serviço público é contrato de adesão (todo contrato administrativo é de adesão), mas finaliza estabelecendo que é revogável e precário, como se a permissão fosse ato unilateral. Em razão disso, a doutrina se divide, uns sustentando que ela é contrato administrativo e outros que ela é ato administrativo. Em prova de teste preferir a opção contrato.
Por fim, a admissão é ato administrativo unilateral e vinculado a quem atende aos requisitos legais a inclusão em estabelecimento governamental para fruição de um serviço público. Exemplo, admissão em universidade pública.
b) Atos administrativos de controle: aprovação e homologação.
A aprovação é um ato administrativo unilateral e discricionário pelo qual a administração exerce o controle sobre certo ato jurídico, manifestando-se prévia ou posteriormente a sua prática. Exemplo, art. 5º da Lei 9.986/2000.
Homologação é ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a administração pública exerce o controle de legalidade sobre certo ato administrativo a posteriori. Exemplo, art. 43, VI, da Lei nº 8.666/93.
c) Atos administrativos enunciativos: parecer e visto.
Parecer é a opinião exarada por órgãos consultivos sobre assuntos técnicos ou jurídicos de sua competência.
O visto por sua vez é ato unilateral de controle formal sobre certo ato jurídico, não implica concordância quanto a seu conteúdo. Ex.: visto do chefe imediato encaminhado por servidor ao chefe mediato.
Quando a forma: decreto, resolução, portaria, circular, despacho e alvará. 
a) Decreto é a forma pela qual os atos de competência privativa dos chefes do Poder Executivo são praticados, abrangendo tanto ato individual quanto geral. Ex.: decreto de nomeação de servidores, decreto regulamentar.
b) A resolução e portaria são formas pelas quais são praticados os atos gerais e individuais por autoridades diversas dos chefes do Poder Executivo. No Estado de São Paulo pela lei nº 10.177/98 a resolução é ato de competência privativa dos Secretários de Estado, do Procurador Geral do Estado e dos Reitores das Universidades Públicas e a portaria é ato de competência de todas as autoridades até o nível do diretor de serviço, além das autoridades policiais, dos dirigentes de entidades descentralizadas e de eventuais outras autoridades previstas em leis próprias.
c) Circular é a forma pela qual são transmitidas ordens escritas, internas e uniformes dos superiores aos seus subordinados visando ao ordenamento do serviço.
e) Despacho: são as decisões proferidas nos requerimentos, processos sujeitos a apreciação da autoridade administrativa.
O despacho é normativo quando acolhe parecer sobre certa matéria e decide o caso concreto dando efeito normativo para reger os casos semelhantes futuros conforme o que ficou decidido.
f) Alvará: é a forma pela qual são exteriorizadas a licença e a autorização para atos submetidos ao poder de policia.
  EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO
          O ato administrativo é praticado, produz efeitos e desaparece. Seu ciclo vital encerra-se de diversas maneiras, conhecidas como forma de extinção do ato administrativo.
A.             CUMPRIMENTO DE SEUS EFEITOS: em razão do tempo ou do conteúdo do ato; ex. gozo de férias de um funcionário; permissão de uso de bem público por determinado tempo; licença para construir;
B.             DESAPARECIMENTO DO SUJEITO OU DO OBJETO: morte do funcionário público ou do permissionário; tomada pelo mar de um terreno da marinha dado em aforamento extingue a enfiteuse; 
C.            REVOGAÇÃO: tem lugar quando uma autoridade, no exercício de sua competência administrativa, conclui que um dado ato ou relação jurídica não atendem ao interesse público e por isso resolve eliminá-los a fim de prover de maneira mais satisfatória às conveniências administrativas. É a extinção de um ato administrativoou de seus efeitos por outro ato administrativo, efetuada por razões de conveniência e oportunidade, respeitando-se os efeitos precedentes. O agente que revoga tanto pode ser aquele que produziu o ato quanto autoridade superior no exercício do poder hierárquico (a lei é que define a competência da revogação); o objeto da revogação é um ato administrativo válido ou uma relação jurídica válida dele decorrente; A faculdade de revogar está fundada no poder genérico de agir de dado órgão da Administração Pública. Mas só se encontra onde existe a prerrogativa de modificar ulteriormente a relação jurídica oriunda do ato anterior.
O motivo da revogação é a inconveniência ou inoportunidade do ato ou da situação gerada por ele. É o resultado de uma reapreciação sobre certa situação administrativa que conclui por sua inadequação ao interesse público. É consequência de um juízo feito hoje sobre o que foi produzido ontem, resultando no entendimento de que a solução tomada não convém agora aos interesses administrativos; A revogação, quando legítima, de regra, não dá margem à indenização. Com efeito, quando existe o poder de revogar perante a ordem normativa, sua efetivação normalmente não lesa direito algum de terceiro. Contudo, não se pode excluir a hipótese, tanto mais porque, como é sabido, existe responsabilidade do Estado por ato lícito (ex. decreto municipal que fecha as ruas centrais da cidade para veículos automotores, ocasionando danos aos edifícios-garagens que tinham autorização para desempenharem suas atividades);
          Não podem ser revogados os atos vinculados, pois não há liberdade de escolha; os que já exauriram seus efeitos ou quando o agente já exauriu sua competência para o ato e não podem ser revogados os atos que geram direitos adquiridos.
 D.            ANULAÇÃO ou invalidação é o desfazimento do ato administrativo por razões de ilegalidade. Como a desconformidade com a lei atinge o ato em suas origens, a anulação produz efeitos retroativos à data em que foi emitido (ex tunc) ou seja, desde então. A anulação pode ser feita pela própria administração com base no seu poder de autotutela sobre os próprios atos e, pode ser feita também, pelo Poder Judiciário, mediante provocação dos interessados, que poderão utilizar, para esse fim, quer as ações ordinárias e especiais previstas na legislação processual, quer os remédios constitucionais de controle judicial da  Administração Pública.
Maria Sylvia Zanella di Pietro defende que a  Administração tem, em regra, o dever de anular os atos ilegais, sob pena de cair por terra o princípio da legalidade. No entanto, poderá deixar de fazê-lo, em circunstâncias determinadas, quando o prejuízo resultante da anulação puder ser maior do que o decorrente da manutenção do ato ilegal; nesse caso, é o interesse público que norteará a decisão (Seabra Fagundes), desde que não haja dolo, dele não resulte prejuízo ao erário, nem a direitos de terceiros (atos praticados por funcionário de fato (não universitário para os cargos que exigem essa capacidade; ou praticado por agente que após atingir a idade limite para aposentadoria compulsória, continua no cargo, ou após vencido o prazo para contratação).
 Assim, a ilegalidade do ato poderá ser quando houver:
 -                 Vício relativo ao sujeito: incompetência e incapacidade; praticado com abuso de poder: excesso de poder e desvio de poder ou de finalidade;
-                 Vício relativo ao objeto: proibido por lei (desapropriação de um bem da União efetuada pelo município); autoridade aplica pena de remoção ex officio e esta não é pena ou de demissão quando o caso era só de repreensão; nomeação para um cargo inexistente;
-                 Vício relativo a forma: o ato é ilegal quando a lei expressamente a exige ou quando determinada finalidade só possa ser alcançada por determinada forma. Ex. o decreto é a forma que deve revestir o ato do Chefe do Poder Executivo; o edital é a única forma possível para convocar interessados em participar de concorrência;
-                 Vício quanto ao motivo: falsidade ou inexistência de motivo; punição de funcionário e este não praticou qualquer infração ou os fatos são falsos;
-          Vício relativo à finalidade: desvio de poder, o agente desvia-se ou afasta-se da finalidade que deveria atingir para alcançar o resultado diverso, não amparado pela lei. Ex. desapropriação para perseguir determinada pessoa ou para favorecer outra.
           HELY LOPES MEIRELLES não admite a existência de atos administrativos anuláveis, pela impossibilidade de preponderar o interesse privado sobre atos ilegais, ainda que assim o desejem as partes, porque a isso se opõe a exigência da legalidade administrativa. Daí a impossibilidade jurídica de convalidar-se o ato considerado anulável que não passa de um ato originariamente nulo.
 - Convalidação: é o ato administrativo pelo qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado. É ato discricionário, mas a administração não pode convalidar um ato que cause prejuízo a terceiros ou que tenha sido produzido de má-fé.
          Se o vício é quanto ao sujeito e não seja o caso de competência  exclusiva, pode ser convalidado pelo superior hierárquico; mas não se admite a ratificação quando haja incompetência em razão da matéria, por ex., quando um Ministério pratica ato de competência de outro.
          Quanto ao motivo e à finalidade não pode haver convalidação; se o fato não ocorreu, não justifica a prática daquele ato, não há o que se convalidar. Do mesmo modo quanto ao objeto; se este não é legal, não pode ser convalidado, mas pode ser, como exceção a regra, convertido (conversão).
  
PORTANTO:
 REVOGAÇÃO: - discricionariedade da Administração
Efeitos "ex nunc"- a partir de agora
Quem tem competência?
Enquanto a anulação pode ser feita pelo Judiciário e pela Administração, a revogação é privativa desta última porque seus fundamentos - oportunidade e conveniência - são vedados à apreciação do Poder Judiciário.
ANULAÇÃO:- atos viciados, ilegítimos ou ilegais
Efeitos "ex tunc"- desde então
Quem tem competência?
  Pode ser feita pelo Judiciário e pela a Administração.
 E. RENÚNCIA – ocorre quando o próprio beneficiário do ato abre mão da situação proporcionada pelo ato. Exemplo: exoneração de cargo a pedido do ocupante.
 
 Módulo 6 - Licitação
LICITAÇÃO
           Licitação é o procedimento administrativo realizado pela Administração Pública prévia a contratação, e que de destina a selecionar a melhor proposta, garantindo a igualdade entre os participantes e promovendo o desenvolvimento nacional.
          Além da Constituição Federal (artigo 37, XXI, CF), que prescreve que “ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações será contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações”.  Diversos diplomas normativos disciplinam no âmbito federal aspectos gerais do procedimento licitatório. Entre eles, merecem destaque:
- Lei nº 8.666/93: estabelece as normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
- Lei nº 8.883/94:  alterou diversos dispositivos da Lei nº 8666/93.
- Medida Provisória nº 2.026-3/2000: criou, somente para o âmbito federal, a modalidade licitatória denominada pregão.
- Decreto nº 3.555/00: regulamentou o procedimento do pregão federal.
- Lei nº 10.520/2002: estendeu a todas as esferas federativas a modalidade licitatório pregão, utilizada para contratação de bens e serviços comuns.
- Decreto nº 5.450/2005:  definiu oprocedimento a ser adotado para o pregão eletrônico.
- Lei nº 12.462/2011: estabeleceu o Regime Diferenciado de Contratação (RDC) para obras de infraestrutura vinculadas à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016.
          Entre outras tantas legislações tais como: Leis nº 9472/97; 9.648/98; 11.107/2005; 12.349/10 etc. 
Procedimento administrativo é uma sucessão encadeada de atos destinados à obtenção de um ato final.
         
As finalidades/objetivos da licitação, segundo dispõe a redação da Lei nº 8666/93, em seu artigo 3º, são: 
a) selecionar a melhor proposta para o contrato de interesse da Administração;
b) propiciar igualdade de participação entre os licitantes interessados; e
c) promover o desenvolvimento nacional sustentável.
 
          1. Pessoas obrigadas a licitar
           São obrigadas a realizar o certame licitatório: os três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), Ministério Público, Tribunais de Contas, órgãos da Administração Pública direta, as autarquias, as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, as empresas públicas e demais sociedades controladas direta ou indiretamente pelos entes da Federação. Quanto às empresas públicas e as sociedades de economia mista, parte da doutrina sustenta que as que sejam exploradoras da ordem econômica só estão obrigadas a licitar no que se refere à suas atividades-meio.
Quanto às atividades-fim, a licitação não é exigível, porque inviabiliza o atendimento do fim da empresa, como bem leciona Celso Antonio Bandeira de Mello: “quem quer os fins, não pode negar os meios”. Isso tem aplicação até que sobrevenha a lei de que trata o art. 173, § 10, III, CF.
Assim, por exemplo, supondo uma empresa pública municipal criada para comercializar refeições populares, a compra de gêneros alimentícios pode ser feita sem licitação. Mas, como tal exceção somente se aplica a objetos relacionados a atividade fim, a aquisição de uma viatura para a diretoria da referida empresa pública deve ser realizada com observância da prévia licitação.
Portanto, as contratações feitas por empresas públicas e sociedades de economia mista, em regra, exigem licitação. Quando às prestadoras de serviço público, não há exceção a essa regra. Já no caso das exploradoras de atividade econômica, o procedimento licitatório é dispensado para a contratação de objetos vinculados à sua atividade-fim; em relação aos demais objetos, a licitação é obrigatória.
 
2. Princípios da licitação
 O art. 3°, Lei nº 8666/93 enumera, em rol exemplificativo, os princípios da licitação. Após mencionar que a licitação se destina a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável, impõe que seja processada e julgada de acordo com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhe sejam correlatos.
 A doutrina costuma acrescentar outros princípios, tais como: o da ampla defesa, o do sigilo na apresentação das propostas, o do procedimento formal e o da adjudicação compulsória.
 a) Princípio da legalidade, do procedimento formal e da vinculação ao ato convocatório.
 Obedecer ao princípio da legalidade em matéria de licitação significa obedecer à CF, às leis infraconstitucionais aplicáveis e ao ato convocatório da licitação (edital ou carta-convite), que é verdadeira lei interna da licitação. É por isso que a Administração está vinculada aos termos do edital.
 Obedecer ao procedimento formal também diz respeito ao princípio da legalidade. O art. 4° da Lei nº 8666/93 confere a todos os licitantes direito público subjetivo à fiel observância do procedimento estabelecido em lei.
b) Princípio da impessoalidade, princípio da igualdade e princípio do julgamento objetivo.
 O princípio da impessoalidade relaciona-se intimamente com o da igualdade e com o do julgamento objetivo, porque a impessoalidade impõe que os licitantes sejam tratados com isonomia, sem discriminações indevidas.
 É o princípio da igualdade que exige tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais, de forma que, eventual distinção relativamente aos desiguais não se apresentará como indevida. O julgamento objetivo, por sua vez, impõe que as regras para a escolha da melhor proposta constem do ato convocatório, e não sejam fundadas em critérios secretos, subjetivos, de forma que, quem quer que seja membro da comissão de julgamento, proferirá decisão de escolha da melhor proposta pelo simples confronto dela com os critérios de julgamento (vide art. 44, Lei nº 8666/93).
 
c) Princípio da moralidade e princípio da probidade administrativa
 Alguns autores identificam o princípio da moralidade com os da probidade administrativa, pelos quais se exige atuação ética, de boa-fé, com honestidade, tanto da Administração quanto dos licitantes. Outros autores entende que o princípio da probidade é aquele que reforça o dever da Administração de agir com boa-fé, ética e honestidade. Isto é, a probidade administrativa, ao ser mencionada, reforçaria a observância da moralidade pela Administração.
 
d) Princípio da publicidade e princípio do sigilo na apresentação das propostas
 Não existe licitação sigilosa. Havendo caso de sigilo, como ocorre na hipótese do art. 24, IX, quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, a licitação não será realizada, ou seja, ocorrerá a contratação direta. A licitação é pública, e os atos de seu procedimento são acessíveis ao público (art. 3°, §3°, Lei 8666/93). Qualquer cidadão pode acompanhar o desenvolvimento do procedimento da licitação, desde que não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização dos trabalhos (art. 4°, caput, Lei nº 8666/93).
 As propostas são sigilosas até sua abertura, haja vista que, do contrário, poderia haver ofensa ao princípio da igualdade. 
O sigilo das propostas é tão importante, que devassar tal sigilo, ou propiciar a terceiro o ensejo de fazê-lo, é crime, punido com detenção de 2 a 3 anos, e multa, nos termos do art. 94 da Lei nº 8666/93.
 
e) Princípio da ampla defesa
 A ampla defesa deve ser observada sempre que o licitante ou mesmo o contratado puder vir a sofrer alguma restrição em sua esfera jurídica, como ocorre nos casos de anulação e revogação da licitação, e também na imposição de penalidades ao contratado inadimplente (art. 87, Lei nº 8666/93).
 
f) Princípio da adjudicação compulsória
 Concluído o julgamento e homologada a licitação, o objeto da licitação será adjudicado, atribuído, ao licitante vencedor. A isso de denomina adjudicação compulsória.
           3. Obrigatoriedade dispensa e inexigibilidade de licitação
 A regra é de que se licita antes da contratação, por parte da Administração Pública, como, aliás, decorre da CF. Há casos em que a licitação não é realizada, ocorrendo a contratação direta. A contratação direta decorre da inexigibilidade, e da dispensa de licitação.
 a) Casos de inexigibilidade.
 A licitação é inexigível quando houver inviabilidade de competição (art. 25, Lei 8666/93). A inexigibilidade decorre:
 - da singularidade do sujeito que a Administração quer contratar: se o sujeito que atende à necessidade da Administração possui singularidade relevante, como, por exemplo, para a contratação de um jurista famoso, para elaborar um parecer, a licitação é inexigível.
 - da singularidade do objeto que a Administração pretende contratar, como, por exemplo, um selo único para completar a coleção do museu.
 O art. 25 da Lei 8666/93 traz um rol exemplificativo de situações em que a licitação é inexigível. Destaca-se, na oportunidade, a contratação de serviços técnicos de natureza singular com profissionais ou empresas de notória especialização, sendo que o conceito de notória especialização é o que consta do §1° do mesmo artigo:
 “Considera-se de notória especialização o profissional

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