Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 1 Glomerolopatias Criança de 5 anos dá entrada em serviço de urgência com quadro de oligúria e edema generalizado que começou em face e MMII, evoluindo para anasarca à medida que o fluxo urinário foi reduzindo. HD? Como investigar? HD: Cardiopatias com ICC grave Processos alérgicos Insuficiência hepática Doenças renais: o Insuficiência renal o glomerulopatias SE VOCÊS OLHAREM UMA FIGURA COMO ESSA NA FRENTE DE VOCÊS, QUAIS SÃO AS HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS QUE VÃO SURGINDO NA CABECINHA DE VOCÊS, QUAIS SÃO AS POSSIBILIDADES? Vocês tão com a imagem da criança, tão fazendo ectoscopia, e o que a mãe vem dizendo é: “tá urinando pouco, tá inchado”. QUAIS SÃO AS POSSIBILIDADES DIAGNÓSTICAS QUE VÃO SURGINDO NA CABEÇA DE VOCÊS? Insuficiência cardíaca já severa, insuficiência renal, insuficiência hepática, por ai a gente tem uma baixa de proteínas, e aí cai a pressão oncótica e edemacia, normalmente a insuficiência cardíaca é por hipervolemia, a insuficiência do coração de tá bombeando... O QUE MAIS? Uma alergia. “PROFESSORA, MIXEDEMA NÃO É MUITO COMUM NESSA IDADE NÃO?” MIXEDEMA? Mas pode acontecer. Precisaria aí que tivesse uma boa queda e você não tivesse feito ainda esse diagnóstico; normalmente quando tá associado a hipotireoidismo, você tem atraso do desenvolvimento na criança, costuma cursar com anemia pra chegar num mixedema nessa monta aqui sem diagnóstico. Mas infelizmente, às vezes a gente recebe crianças do nosso interior do Estado, às vezes com patologias graves, diagnósticos tardios. Atentar; porque essas crianças, às vezes, são tratadas como algumas dessas possibilidades... eu já recebi uma criança que tava sendo tratada como alergia e, na verdade, a criança só piorava, só piorava, até que resolveram fazer alguns exames e aí detectaram a glomerulopatia. Então, atentando a possibilidade também da glomerulopatia, principalmente quando esse edema é insidioso, mas dentro de 1 semana, dentro de 10 dias ele pode se tornar generalizado nessa criança. NA VERDADE, O QUE SÃO GLOMERULOPATIAS? Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 2 Alterações da estrutura glomerular por influência do sistema imunológico, levando a uma disfunção: o MBG o Células mesangiais. o Células endoteliais. o Células epiteliais. Uma possibilidade grande de alterações na configuração da unidade filtrante que normalmente é desencadeada por uma alteração imunológica. Quando a gente fala da parte de glomerulopatias a gente vai tá falando de doenças imunológicas com manifestação em órgãos-alvo. Tem glomerulopatias não quem quer, mas quem tem uma resposta imunológica àquela anomalia que leva a alterações tanto na configuração quanto na perda de cardioseletividade. E ai, alterando a configuração dos componentes da unidade filtradora ou perda da seletividade nessa unidade filtradora, vai se deixar passar algumas moléculas que não são permitidas passar normalmente. E ai desencadeia todo o contexto clínico. QUAIS SÃO OS COMPONENTES DESSA UNIDADE FILTRADORA? A membrana basal glomerular, as células mesangiais, as células endoteliais e as epiteliais. Normalmente quando se altera uma, as outras terminam alterando também. Só relembrando pra vocês: arteríola aferente entrando, formando um tufo capilar, que são abraçados pelos podócitos. No intermédio, tem as células mesangiais... temos a cápsula de Bowman, que obtém um ultrafiltrado e no tubo contorcido proximal, a maior parte do que interessa pra o nosso organismo é recuperado através do processo de reabsorção: no caso do sódio, da glicose, algumas proteínas de baixo peso molecular. Lembrem que ocorre aqui o que a gente chama de pinocitose nessas proteínas de baixo peso molecular, E EU TÔ CHAMANDO ATENÇÃO DESSA PINOCITOSE PORQUE? Por que a medida que você deixa passar uma quantidade maior de proteína, você sobrecarrega essa função das células e aí você termina lesando a função renal. O QUE MUITA GENTE NÃO CONSEGUE COMPREENDER: MAS A CRIANÇA NÃO INCHOU MAIS, COMO É QUE PERDEU FUNÇÃO? Não tava mais mostrando edema, porém, o rim estava sendo sobrecarregado da pinocitose, da quebra dessas proteínas Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 3 . Funções: • MBG: carga-seletividade: garante a UF do plasma. • Células epiteliais: pinocitose de proteínas e polipeptídeos e participa na síntese e trofismo da MBG. • Células mesangiais: fagocitose e propriedade contrátil regulando o fluxo sanguíneo nos capilares. • Células endoteliais: fenestrações, regulação grosseira da passagem de macromoléculas. Membrana basal glomerular – tem a função de manter a carga-seletividade. ELA É POSITIVA OU NEGATIVA? Negativa. E AS PROTEÍNAS? Negativas. Por isso que ela poupa a perda de proteínas. Ocorre o contrário quando ela está alterada na glomerulopatia. As células epiteliais – são responsáveis pela pinocitose de protéinas e ela forma parte dos componentes da membrana basal glomerular. Uma vez afetadas, a membrana basal também se torna afetada. As células mesangiais são responsáveis pela fagocitose e tem propriedade contrátil, então, elas abrem e fecham as fendas, permitindo uma maior passagem e uma menor passagem de moléculas. E as células endoteliais através das fenestrações, nos capilares fenestrados regulam a passagem grosseira de macromoléculas. Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 4 Os podócitos abraçam os capilares, com isso permitem um maior ou menor passagem dessas moléculas. A podocina ajuda na regulação da formação desses podócitos. Quando a gente for falar das glomerulopatias, ou da Síndrome Nefrótica, primeiro ano de vida, que são os casos mais graves, na verdade você tem alteração genética, que tá mostrando: alteração do gene, que vai modificar a Nefrina e outro gene que vai modificar a Podocina. Normalmente as crianças nascem com manifestação. A proteinúria é violenta, você não consegue na maioria das vezes controlar. Essas crianças perdem uma quantidade muito grande de proteína e no final você acaba fazendo nefrectomia bilateral pra conter essa perda. São as formas mais graves que se pode ter das glomerulopatias dentro da pediatria. Sistema imunológico: • Linfócitos B: produção de Ac • Ac + Ag in situ imunocomplexos. • Ac + Ag circulantes → deposição glomerular de imunocomplexos e ativação do complemento. • Linfócitos T: produção de polipeptídeos (linfocinas) → alteração na permeabilidade da MBG por interferência na síntese de seus constituintes. (altera a carga-seletividade). O QUE OCORRE PRA QUE ESSA CONFIGURAÇÃO SE TORNE ERRÔNEA? Na verdade a gente tem duas possibilidades: ou você recebe um antígeno (seu paciente que é predisposto, recebe um antígeno), o anticorpo vai encontrar esse antígeno in situ la na membrana basal, forma os imunocomplexos que ficam depositados desconfigurando toda a eletronegatividade da membrana basal glomerular, ou então os anticorpos se encontram com os antígenos ainda na circulação, formam os imunocomplexos, depositam na membrana basal glomerular e ativam o complemento. Essa segunda via, a gente vai ver quando estiver falando da glomerulonefrite pós-estreptocócica. Normalmente ela consome complemento. A idiopática da síndrome nefrótica normalmente não ativa complemento. E os linfócitos T, através da produção de linfocinas alteram a permeabilidade da membrana basal glomerular, isso altera a cargaseletividade e aí desconfigura toda a sinalização pra reter as moléculas negativas. Então ou eles se encontram na circulaçãoe se depositam na membrana ou os anticorpos se encontram com os antígenos que estão retidos na membrana a ali formam um imunocomplexo. Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 5 Necessidade de biópsia: • Microscopia óptica. • Microscopia eletrônica. • Microscopia com imunofluorescência. Microscopia eletrônica mostrando o endotélio, membrana basal glomerular, o endotélio com as frenestrações e os podócitos. Quem vai dizer se é uma membranaproliferatica, se é uma mensangial, é a microscopia eletrônica. Ela que vai mostrar onde que estão as principais alterações em termos estruturais. Então se a gente ta dizendo que quem vai dizer é a microscopia eletrônica, não tem como a gente fazer o diagnóstico das glomerulopatias sem fazer microscopia eletrônica e imunofluorescência. Infelizmente a microscopia ótica, que a gente tem no Piauí, vai nos dizer simplesmente se tem uma lesão mínima ou não. Lesões mínimas é: você olhou no microscópio e não ver alteração no glomérulo. Na infância: GN pós-infecções: pós-estreptocócica. Síndrome nefrótica: Complexo de alterações glomerulares: Ausência de lesões à microscopia óptica Lesões proliferativas mesangiais. Glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF). A maioria das lesões na infância são lesões mínimas, então nem sempre a gente ta fazendo biopsia nessas crianças. A gente trata como lesão mínima e quem vai indicar a biopsia vai ser a idade de surgimento da patologia ou a evolução dela. Por isso que a gente vai precisar, pra fechar o diagnóstico de uma glomerulopatia que não responde aos medicamentos habituais, de microscopia ótica, microscopia eletrônica e imunofluorescencia. A imunofluorescencia vai dizer qual a imunoglobulina que está mais depositada e onde que ela está se depositando. NA INFÂNCIA O QUE É QUE A GENTE TEM? A gente tem a glomerulonefrite pós- estreptocócica, que vem depois da infecção; a síndrome nefrótica e aí vem um complexo de alterações sendo a mais frequente a de lesões mínimas. Quando a gente fala que é uma síndrome nefrótica de lesões mínimas (lesões histológicas mínimas) significa dizer que ela tem um curso esperado de responder às medicações que a Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 6 gente utiliza normalmente e não teve nenhuma indicação de fazer biópsia ou até se você fizer biópsia e microscopia eletrônica, não vai haver alteração nenhuma. Aí a gente tem as proliferativas mesangiais, e uma também que aconteceem menor quantidade é a glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) que é a mais temida na pediatria, fora a finlandesa que é a congênita, porque ela vai levando à atrofia tubular e a esclerose de glomérulos, então ela vai levando à perda de tecido. Normalmente cursa para a insuficiência renal crônica e algumas crianças depois que você faz o transplante, o enxerto também sofre glomeruloesclerose, normalmente nessas crianças com perda de função renal quando a gente vai indicar um transplante renal a gente não indica transplante de doador vivo, é melhor ser doador cadáver porque tem uma chance muito grande delas evoluírem com o enxerto com glomeruloesclerose segmentar e focal. Definição da síndrome nefrótica na infância: Síndrome clínico - laboratorial caracterizada por uma disfunção da permeabilidade glomerular à filtração das proteínas proteinúria maciça com tendência a edema, a hipoalbuminemia e hipercolesterolemia Predisposição genética? NPHS1: codifica a nefrina NPHS2: codifica a podocina Se vocês atentarem para a definição, a gente não consegue fechar o diagnóstico apenas com a clínica. Na verdade é uma síndrome clínico-laboratorial, a gente vai precisar de dosagens laboratoriais, que vão se caracterizar por disfunção da permeabilidade glomerular na filtração de proteínas. Se questiona a predisposição genética, porque muitas crianças, inclusive aquelas que cursam com glomeruloesclerose segmentar e focal, normalmente tem alguém da família que tem também. Então a gente busca na família esses casos mais graves, como resposta habitual. O gene NPHS1(vai codificar a nefrina e o NPHS2 a podocina, que vai alterar na penetração e passagem de moléculas maiores e negativas, como as proteínas. Prot nefrótica: • 50mg/Kg/dia ou • 40mg/m²SC/hora ou • > 1g/m²/dia Hipoalbuminemia: P x 4 + 7 _______ P + 90 Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 7 • 2,5g % Edema, hipercolesterolemia e lipidúria NA INFÂNCIA O QUE A GENTE CONSIDERA COMO UMA PROTEINÚRIANEFRÓTICA? Quando eu tenho a perda protéica urinária igual ou acima de 50mg/kg/dia ou maior ou igual que 40 mg/m 2 de superfície corpórea por hora. Dependendo da idade da criança, a gente não consegue com facilidade uma proteinúria de 24 horas, às vezes a gente coloca o saquinho coletor, às vezes se o bebe for menino a gente coloca um uripen, que acaba dosando algumas horas. Quando o caso já é de adolescente e adulto é maior que um 1g/ m 2 /dia. Além disso, eu tenho que ter uma dosagem de albumina sérica menor ou igual que 2,5 mg/dm% e aí tem o cortejo, também clínico-laboratorial, de edema, aumento de colesterol e perda de gordura na urina (lipidúria). Não precisamos ter um edema para essa criança ser considerada em crise nefrótica, basta que tenha um aumento da perda de proteína urinária e queda da albumina. Não necessariamente essa criança toda vez que vai descompensar tenha que vir com edema. Termina edemaciando, mas o simples fato do rim ta perdendo proteína, tentando recapturar, tentando digerir essa proteína isso é maléfico ao rim. Se você deixa uma proteinúria, essa criança vai está fritando esse rim à medida que ele está tentando fazer _____ E aí mais tarde, vai desenvolver uma insuficiência renal crônica. Causas primárias ou Idiopáticas: 80% • Lesão Histológica Mínima: 75 - 80% • Glomeruloesclerose segmentar e focal -8% • GN membranoproliferativa (I, II, III) • GN proliferativa mesangial • Depósito de IgM • Depósito de IgA Glomerulopatia membranosa Essas são algumas causas primárias ou idiopáticas da maioria das síndromes nefróticas na infância. Não é a mesma coisa do adulto. O adulto quando descompensa síndrome nefrótica já começa a ficar com um pé atrás. A lesão histológica mínima corresponde a 80% na infância, seguida de glomeruloesclerose segmentar e focal que é a mais temida. Depois membranaproliferativa, proliferativa mesangial, aí vem os depósitos de IgM e IgA, glomerulopatia membranosa. POR QUE QUE É DIFERENTE? É diferente, porque na estrutura, na histologia da microscopia Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 8 eletrônica, ela mostrou maior depósito de um componente ou outro na unidade filtradora. Causas secundárias: • Pós-infecciosas: Lues, Tb, Hep. B e C, HIV, CMV, estreptococo ß hemolítico A • Colagenoses: LES, AR, PAN • Púrpura de Henoch-Schönlein • Sd de Alport • Esquistossomose • Diabetes mellitus • Anemia falciforme • Neoplasias, etc A gente tem que atentar para secundária, a gente tem muita glomerulopatia secundária a uma infecção que, debelando às vezes a infecção anterior, a criança realmente fica curada. Então, nas pós-infecciosas, nós temos sífilis, tuberculose, hepatite B e C, o HIV, citomegalovírus, estreptococos beta-hemolítico (que é a síndrome nefrítica que a gente chama ou pós- estreptocócica). Dentre as colagenoses, o lúpus, artrite reumatoide, poliarterite nodosa, púrpura de Henoch-Schönlein: é uma vasculite que dá mais manifestações em nádegas e membros inferiores,pode cursar também com hematúria. A síndrome de Alport é uma glomerulonefrite que leva a surdez precoce, perda de sangue na urina, hematúria nem sempre macroscópica, às vezes microscópica, e evolutivamente vai perdendo função renal, ligada ao sexo. Esquistossomose, diabetes, pode ser que não controle, anemia falciforme, algumas neoplasias. Quando a gente está diante de uma criança com síndrome nefrótica, a gente tem que descartar outras possibilidades pra chegar realmente no diagnóstico da síndrome nefrótica idiopática. Incidência: 2-7 novos casos / ano / 100mil hab < 16 anos Prevalência: 16 casos / 1 milhão de crianças Crianças de 2 a 6 anos (2M:1F) 2 a 8 % dos casos: ocorrência familiar Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 9 Chama atenção pra idade, pois ela vai dizer se você vai ou não ter indicação de biópsia. Essa prevalência depende muito do serviço, modifica um pouco de autor pra autor, mas a idade não, a idade a gente considera um critério pra biópsia. Normalmente atinge criança de 2 a 6 anos com um pouco de predomínio no sexo masculino. 2 a 8% vai ter ocorrência familiar e normalmente a gente faz histórico familiar dessas crianças. No primeiro ano de vida vocês vão pegar pouquíssimos casos. Então, a gente considera precoce quando a manifestação vem até o terceiro mês de vida, algumas delas já nascem edemaciadas. E a congênita tardia, maior do que três meses de vida. Atenção pra o tipo finlandesa: É de difícil controle. POR FALAR EM MEDICAÇÕES, QUAIS SERIAM AS MEDICAÇÕES INDICADAS PRA GENTE TER UM CONTROLE DESSA ALTERAÇÃO NA UNIDADE FILTRADORA? – corticoide. POR QUE USA CORTICOIDE EM SÍNDROME NEFRÓTICA? Porque a alteração é em um erro imunológico e a gente “cala a boca” do nosso sistema imunológico com o corticoide. Como a gente corre o risco grande de perder função renal, tem que ter cuidado com os anti-inflamatórios. Então é corticoide para calar a boca do sistema imunológico e fazendo isso eu melhoro a situação, melhoro a perda proteica. Tirei da crise, eu desmamo o corticoide. SE A FUNÇÃO RENAL É EXERCIDA PELA PLACENTA, PORQUE A CRIANÇA JÁ NASCE EDEMACIADA? Às vezes a própria mãe já passa os anticorpos pro bebê, às vezes você encontra outros casos na família, e ai a placenta não supre isso daí, o bebê já nasce edemaciado, começa a modificar a filtração também, que já é imatura. Pra você ter uma ideia, o bebê que nasce a termo tem uma função renal imatura, você não coloca potássio nem sódio no primeiro dia de um bebê a termo, a não ser que ele já venha mostrando alteração. Sódio você só vai botar com 48 horas, no soro basal. E potássio com 72 horas. Imagina isso em um prematuro ou em uma criança que já recebeu anticorpos da mãe, que já começou a modificar a estrutura do rim dele. Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 10 É de difícil controle, às vezes utiliza-se corticoide, entra com imunossupressor, e a proteinúria continua importante, você não consegue a regressão da proteinúria, e termina optando por nefrectomia bilateral e fica em programa de diálise enquanto arruma um transplante pra ele. O transplante é complicado porque a maioria das pessoas que doam rim é cadáver, e são adultos, então aquele enxerto não cabe na barriguinha. O prognostico é meio reservado. Algumas síndromes hemolíticourêmicas vêm depois de uma diarreia, e por resposta errada, esses antígenos são ligados aos anticorpos que a gente produz e depositam-se na membrana dessas crianças. Eu tenho a membrana basal glomerular, que é responsável por uma carga negativa; há uma alteração imunológica, que faz com que ela perca essa seletividade; e ai a albumina, que é negativa, começa a passar em maior quantidade. No que ela começa a passar em maior quantidade, as células epiteliais dos tubos não conseguem, porque elas tem um fator de saturação, tá recolhendo tudo, trabalha com sobrecarga e termina fazendo com que comece a perder função. Então começa a mostrar albuminúria. Hoje em dia o que se tem de maior sensibilidade (em termo de creatinina, de ureia e de clearence) é ver a perda de microproteinas na urina pra saber se o paciente está perdendo ou não função renal. Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 11 COMO A GENTE EXPLICARIA O EDEMA? Eu to perdendo proteína, cai a pressão oncótica, começa a extravasar liquido para o interstício, COMO A MACULA DENSA TRADUZ COM ISSO? Pouco volume. QUEM É ATIVADO? Sistema renina angiotensina aldosterona vasoconstricção periférica vai aumentar o retorno venoso e absorção de agua e sódio. No que eu ainda tenho perda de proteína eu fecho o ciclo, (perde proteína cai pressão oncótica). Com a perda da albuminemia, cai a pressão oncótica e a água vai para o interstício vai aparecer sinais de hipovolemia diminui o volume de sangue artérial efetivo ativa o sistema renina angiotensina aldosterona ativa o hormônio diurético (alça de henle) diminui o fator natriurético começa a reter sal e águA extravasa para o interstício e aumenta o edema esta é uma das teorias chamada de Underfill. Considerações: < 50% pcte com hipoalbuminemia congênita apresentam edema. volemia nl ou em 70 % SN. p e interst: níveis semelhantes não havendo gradiente osmótico em alguns casos. Remissão da SN: excreção urinária de Na antecede o albumina. Estudos experimentais: mec intrínsecos de retenção de Na (TD, TC), sem necessidade de hipovolemia. Alguns trabalhos começaram a mostrar para agente: menos de 50% dos pacientes com hipoalbuminemia congênita apresentam edema, aqueles bbs que nascem com a produção baixa de albumina, menos de 50% apresentam edema. Quando foram observar, medir a volemia das crianças nefróticas, 70% ou estava normal ou aumentada essa volemia; um outro trabalho medindo a pressão oncótica plasmática intersticial, que deveria ter um gradiente grande, mostrava níveis semelhantes, não mostrando esse gradiente osmótico que facilitasse a passagem de água que vai do mais diluído para o mais concentrado. E uma coisa muito interessante na remissão de uma síndrome nefrótica, aumentava primeiro a excreção urinária de sódio antes mesmo de aumentar a albumina, então se aumentava primeiro a excreção de sódio antes mesmo de aumentar a albumina e eu estava dizendo que a retenção de sódio era dependente da albumina, alguma coisa estava diferente, alguma coisa está inexplicada. E ai alguns estudos ainda experimentais ainda não se conseguiu verificar onde que ocorre este mecanismo, mas há um mecanismo intrínseco que a gente não sabe bem o que é: retenção do sódio. Então muito mais do que se apostaram nesse mecanismo intrínseco de retenção de sódio, seria um mecanismo primário E não necessariamente se ele fosse uma consequência da hipovolemia, então alguma coisa que a gente não sabia o que é ta sinalizando pra que haja uma retenção maior de sódio com ele a água, antes mesmo destas crianças fazerem hipovolemia e ai surgiu a teoria do Overflow: Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 12 Com a retenção primária de sódio, aumentaria o fluxo plasmático que aumentaria a pressão hidrostática, que aumentaria a pressão de ultrafiltração e extravasamento para o interstício. Na verdade o que se discute é que estes dois mecanismos podem estar trabalhando juntos, mas aquelas crianças com volemia normal ou hipervolemia, a gente aposta mais nesta retenção primária que a gente não sabe muito o bem o que é. E COMO É QUE EU TENHO HIPERCOAGULABILIDADE? POR QUE ESSAS CRIANÇAS SÃO PROPENSAS A FAZER TROMBOS? Nessascrianças, há um aumento de síntese do fator 8; há um aumento de síntese hepática dos fatores 5, 7, e fibrinogênio, ou seja, aumenta os coaguladores; aumenta o número e função de agregação plaquetária; e há uma perda urinária dos quebradores dos coágulos, ou seja, uma perda urinário de antitrombina 3 e alfa-2-globulina. Isso tudo predispõe a criança a ter uma hipercoagulabilidade. O COLESTEROL, O QUE ACONTECE? Eu estou perdendo proteína, então QUAL É, NO NOSSO ORGANISMO, O ÓRGÃO QUE FACILITA A PRODUÇÃO DE PROTEÍNAS? O Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 13 fígado! Se eu estou perdendo proteína, chega um estímulo para ele produzir proteínas. Sendo assim, aumenta a síntese hepática de lipoproteínas. Além do aumento da síntese hepática, se observa uma redução da atividade da lipase lipoproteica, que quebra essas proteínas, principalmente VLDL. Além disso, há uma diminuição do receptor LDL; isso vai fazer com que diminua a remoção de triglicerídeos e colesterol, fazendo a hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia. POR QUE ALGUMAS CRIANÇAS QUANDO ENTRAM EM REMISSÃO, AUMENTAM A EXCREÇÃO DE SÓDIO, DIMINUEM A PERDA PROTEICA E O COLESTEROL SE MANTEM LÁ EM CIMA? Não tem resposta para isso!! E essas crianças são de difícil controle. Às vezes, a gente precisa entrar com estatina. ELAS MANTÊM O COLESTEROL LÁ EM CIMA MESMO EM REMISSÃO PELO PREJUÍZO QUE ELAS TIVERAM COM A DOENÇA? Não. Porque se eles já mantêm a proteína, o fígado já não teria o estímulo para estar produzindo proteína. E se eu já melhorei aquela disfunção da diminuição da lipase lipoproteica, eu já deveria estar quebrando essa lipoproteína. Quadro Clínico Edema oligúria e urina espumosa taquipnéia HAS diarréia dor abdominal distrofia nutricional sinais de descalcificação óssea atopia processos infecciosos No quadro clínico, o que realmente vai chamar a atenção dos pais é o edema. Mas quando eles conhecem a doença, o que vai começar a atenção deles de que alguma coisa vai desencadear uma nova crise é a urina. A urina, na linguagem deles, é grossa, que a gente traduz como uma urina espumosa devido a presença de grande quantidade de proteína na urina. Então, quando as mães já conhecem a doença, elas falam “Dra. a urina está grossa”... ele vai descompensar, antes mesmo do bebê inchar. A primeira coisa que chama atenção, principalmente na primeira descompensação, é o edema. Outro sinal é a oligúria e a urina espumosa. POR QUE ESSE BEBÊ PODERIA EVOLUIR COM HIPERTENSÃO E TAQUIPNEIA? Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 14 Por causa do sistema renina-angiotensina se esse bebê tiver hipervolemia. Se esse bebê cursar com hipovolemia, a taquicardia pode até ser se o volume tiver muito baixo. Mas a taquipneia e a hipertensão vêm de uma hipervolemia. Ou, no caso, de essa criança ter uma forma grave, como glomeruloesclerose segmentar e focal, já está perdendo unidades filtrantes e já está mostrando sinais de insuficiência renal e, então, aumenta volemia e pressão arterial. E A DOR ABDOMINAL, POR QUÊ? POR QUE ESSAS CRIANÇAS CURSAM, ÀS VEZES, COM FREQUENTES DIARREIAS QUANDO ESTÃO DESCOMPENSADAS? Pelo edema intestinal. Às vezes, as alças intestinais ficam tão edemaciadas que a gente tem dificuldades, inclusive, de absorvere o corticoide. Então, às vezes, em edemas muito graves, a gente começa corticoide intravenoso (no caso, metilprednisolona) e, até que o bebê desinche um pouco, começa a tomar via oral. Mesma coisa com os alimentos; eles não conseguem absorver, digerir os alimentos normalmente. Então, as diarreias podem ser frequentes. A dor abdominal não só pelos processos gastrointestinais, mas também é muito frequente o pct nefrótico e ter peritonites. Principalmente por germes encapsulados, o streptococous, o hemofilos, muito cuidado quando for pegar naquela barriguinha e demonstrarem defesa, mostrarem Blumberg positivo, descompressão brusca positiva, dolorosa. Cuidado, pois eles fazem com muita frequência as peritonites. Nutricional, a perca proteica que é muito grande. Sinais de descalcificação óssea só naqueles que tem realmente muitas crises, que precisa estar usando corticoide em doses plenas, eles perdem realmente cálcio, descalcificam os ossos. Atopia como é uma alteração na resposta imunológica, normalmente a gente busca outras alterações, outras respostas no organismo: dermatite atópica, asma. E buscar sempre processos infecciosos. Normalmente vem depois de um processo infeccioso a manifestação, quer seja clínico, diarreia. Qualquer que seja a infecção, não precisa ser infecção grave, e também porque ela pode ser secundária a outras infecções, a gente busca sempre processos infecciosos, aquele vai anular o sistema imunológico a criança pega uma infecção e se você não tratar você vai correr o risco de disseminação da infecção. Proteinúria: • 24 horas: • 50mg/Kg/dia • 40 mg/m²/hora • Crianças > 2 anos: amostra isolada de urina: Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 15 • Prot/Cr: • < 0,2 normal • 0,2 -0,5 mínima • 0,5 – 2,0 moderada • > 2,0 nefrótica A PROTEINÚRIA, COMO É QUE A GENTE FAZ EM LABORATÓRIO? Sempre que possível proteinúria de 24h. Nós alteramos um pouquinho a perda urinária proteica pro nosso normal, no nosso dia-a-dia a posição ortostática leva a maior perda. Há uma alteração de perda de função renal não só pela perca de proteína, mas também pela queda da gamaglobulina no pessoal que vai fazer treinamento intensivo, participar dos concursos de policia, fica em treinamento por muito tempo e acaba quebrando muita proteína. E eu chamo atenção também dos bombados e das bombadas dos concentrados de proteínas que se toma, muito cuidado que a sobrecarga renal é incrível. Depois não sabe pq dá função renal alterada. URINA I: leucocitúria, cilindros hialinos e gordurosos, gotículas de gordura, hematúria Eletroforese de proteínas 2 globullina globulina Hiperlipidemia: Col e TG HMG: Hb, leucocitose: infecção, uso prolongado de CE Ur/Cr Na pool K / : IR/ diuréticos Ca : vit D e Alb (Cai) Complemento: normal Algumas crianças a gente tem dificuldade na coleta de 24h, então a gente pode fazer uma relação de uma amostra isolada de urina entre proteína e creatinina. Até menor que 0,2 a gente considera essa relação normal. Entre 0,2-0,5 já tem uma proteinúria mínima. 0,5-2,0 moderada. Acima de 2,0 nefrótica. Então é um modo que a gente tem de estar dosando essa proteína em amostra isolada já que a gente tem dificuldade de coletar em criança menor de 4anos urina de 24horas. Na tipo I, a gente pode ver se essa criança tem alguma infecção. As leucocitúrias: nem toda leucocituria corresponde a infecção urinaria, segmentados e granulosos, as gotículas de gordura e a hematúria, livre e mais exacerbado na pós- Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 16 estreptocócica. Pede a eletroforese de proteína e vem queda da gamaglobulina e aumento da alfaglobulina. Colesterol, triglicerídeos, costumam vir aumentados. No hemograma, eu posso ter tanto aumento quanto diminuição da hemoglobina, POR QUÊ? “Hematúria”. A hematúria na síndrome nefrótica, se ocorrer, é mínima. POR QUE QUE EU POSSO TER AUMENTO OU DIMINUIÇÃO DA HEMOGLOBINA? Vai depender se eu tenho uma normo, hipo ou hipervolemia. Então, tenham cuidado, de ta “vishhh a criança ta mto baixa” e na verdade ela ta hipervolêmica, ta hemodiluido; “vishh a criança ta mto alta”, e ta hipovolêmica. Se ele tiver hipovolemico e tiver com o hematócritobaixo, vai estar mais baixo ainda, pq se ele ta hipovolêmico ele ta hemoconcentrado. Então, muito cuidado na análise da hemoglobina. Leucocitose, pode significar infecção, mas também aqueles bebes que estão em uso prolongado de corticoides eles aumentam a produção de leucócitos. Ureia e creatinina se tiverem alterados, é pra estarem topados, uma ureia beirando 50 na criança, uma creatinina beirando 1 ou 1,1 ou 1,3; se tiverem alterados na síndrome nefrótica vão estar topados. Quando já vem creatinina de 2 ou 2,5 ou 3, pode esperar que já vai ter alguma coisa alterado naquele rim, lesões mínimas. O sódio, normalmente, esta diminuído, mas cuidado, diminuído no endotélio, dentro no vaso, hiponatremia. Na verdade, o pool de sódio no organismo vai estar aumentado. Cuidado com isso, lembram que o mecanismo é de retenção de sódio, tanto em uma teoria quanto na outra. O potássio, pode estar aumentado ou diminuído. AUMENTADO QUANDO? Quando essa criança começa a cursar com insuficiência renal. DIMINUÍDO QUANDO? Quando você inadvertidamente começa a usar diurético de alça, que secreta muito potássio. O cálcio costuma estar diminuído; existe uma fração de cálcio que está ligada a albumina, se você tá perdendo albumina, você tá perdendo cálcio junto. Além disso, há uma queda de produção de vitamina D, então há uma tendência a uma hipocalcemia. E a maioria das vezes, lesões mínimas, o complemento esta normal. Na glomerulo pós-estreptocócica há sim um consumo de complemento, aqui não, então a gente pode usar isso pra diferenciar o diagnostico entre síndrome nefrótica e glomerulonefrite pós-estreptococica. Aqui normalmente o complemento esta normal, quando ele da alterado é pq tem alguma coisa alterada. Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 17 Proteinúria Investigação da criança com proteinúria • Fase I • 1ª urina manhã: sedimento • Fita: urina noturna e diurna • Fase II • Na/K/Ca, Ur/Cr, PTF, Col • Complemento • Quantificar proteinúria diurna e noturna • US renal, UGE e UCM • Fase III • Bx renal • Manejo da doença renal Em termo de investigação, a gente fica até mais ou menos na fase 2 pra quem não é nefrologista; a partir da fase 3 já esta encaminhando pra alguma coisa que esta dando errado, fazer uma biopsia renal ai dependendo do que der errado a gente escolhe um imunossupressor ou outro. Uma das coisas que eu costumo usar muito no consultório, que é pratico, são as fitinhas, desde que condicionado em um lugar arejado, da pra ver perda proteica, mesma fitinha que usa pra ver no diabético a perde de glicose; da pra ver se ta perdendo glicosuria também, se ta alterado no tubo proximal; como ta a perda de sangue; como ta o ph; como ta a perda proteína; como ta a concentração urinária. A fitinha a grosso modo já da alguns subsídios pra gente raciocinar em cima da criança. Você pede pra criança fazer xixi num copo descartável e ai você já coloca a fitinha. Biópsia Renal Crianças < 2a ou > 7a (<1 e >10a) Ausência de remissão entre 4 a 8 semanas. CE resistentes Complemento baixo Recidivas frequentes Evidência de doença sistêmica ou deterioração da função renal. Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 18 O QUE A INDICA A BIOPSIA RENAL? Aquelas primeiras descompensações que ocorreram antes dos dois aninhos e as primeiras descompensações que ocorreram após os sete aninhos. Alguns autores colocam dois pra cinco anos, ausência de remissão entre 4-8 semanas você utilizando dose adequada do corticoide. Você utilizou a dose adequada, pode ate está regredindo o edema, mas continua com proteinúria nefrótica. Os corticorresistentes, aqueles que cursam em vez de complemento normal com complemento baixo, as recidivas frequentes (A gente acabou de tratar a criança, tirou o corticoide tirou tudo e acabou que a criança continuou de novo, você pede a proteinuria de novo). E evidência de doenças sistêmicas ou deterioração da função renal, principalmente na infância doenças sistêmicas, a colagenoses. Qualquer um dessesaqui indica biopsia, juntos ou isolados. Em termos de tratamento, a primeira coisa é a conscientização dos pais, porque é difícil entrar na cabeça que a criança não tem cura. Eles dizem assim: a criança não tá mais inchando, melhorou. Então você tem que dizer: olha pode acontecer de novo. É muito raro a criança descompensar uma única vez. Nós não curamos síndrome nefrótica ainda . O que a gente faz é tirar da crise, como qualquer alergia, mas o erro imunológico a gente não esta tratando, então tem que ficar consciente. Conscientização sobre a doença e que a gente tira da crise, não cura. Repouso, um repouso relativo, quando eles estão muito edemaciados eles mesmos não conseguem correr, não conseguem andar direito. Então é relativo porque a gente não quer uma criança acamada devido a possibilidade de trombo. À medida que eles vão melhorando, eles vão ficando ativos. A GENTE SÓ PEDE O QUE? Que eles não brinquem em jardins por causa dos espinhos, que às vezes ralam e aí como já tomam corticoide, pode ter infecções secundárias. Dieta: normo ou hipoproteica. SE TÁ NUMA FAZE DE PERDA ENORME DE PROTEÍNA E DE SOBRECARGA NAS CÉLULAS EPITELIAIS O QUE ACONTECE? Se você der uma dieta hiperproteica você piora essa sobrecarga. Dieta normoproteica ou hipoproteica pra não sobrecarregar, não perder a função renal mais rápido. Na medida que a criança vai saindo, vai entrando em remissão: dieta normal. Restrição Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 19 sódica: sim! Nada de sódio, nada de sal, nem adição nem na comida, é insossa mesmo; só é o sódio que já vem nos alimentos; o que a gente coloca depois do pratinho feito são gotas de limão pra dar um gosto na comida; e não se preocupe, que quando o corticoide começar a agir, aí a fome vem e eles comem. Ingestão hídrica: livre! A não ser que você realmente veja que a tua criança tá com hipervolemia, mas a maioria das síndromes nefríticas e nefrótica de lesões mínimas a ingestão hídrica é livre, não precisa você restringir. Antibióticos: se você está diante de uma infecção bacteriana, normalmente a gente usa cefalosporinas de 1ª geração, nas peritonites também; oxacilina se quem desencadeou foi alguma lesão de pele; os aminoglicosídeos, cefuroxima, às vezes ceftriaxona; cuidado com os aminoglicosídeos porque eles são nefrotóxicos; se já tiver função renal alterada, evitem. E aí, depois que saiu da crise, normalmente depois de 2 a 3 meses de corticoide, a gente faz a profilaxia. Vacinação: peça o cartão pra ver e reforce pra pneumococo, pra hemófilo; e às vezes quando é criança que tem infecções de repetição a gente usa como profilática a penicilina. Sugestão de tratamento. Predinisona 60mg/m2 por 4 semanas. O QUE EU PRECISO FAZER SE EU VIR UMA CRIANÇA QUE TEM: CLÍNICA E LABORATÓRIO DE SÍNDROME NEFRÓTICA NA MINHA CIDADE? Iniciar com predinisona! Não utilize predinisona com metade da dose do adulto. Às vezes a gente diz: “olha, um Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 20 corticodependente ou então um córticorresistente”; quando a gente vai olhar a dose tá lá em baixo. A imagem que fica é que a criança é um adulto pela metade, e não é! Então, introduza a dose adequada e acompanhe. TEVE RESPOSTA? ENTROU EM REMISSÃO? A gente chama de corticossensível, comece a fazer em dias alternados. POR QUE DIAS ALTERNADOS? Porque o corticoide ele é muito maléfico pra criança: aumenta a pressão arterial, faz com que a criança perda o crescimento, então a gente começa a botar em dias alternados.E aí vai retirando paulatinamente até retirar todo o corticoide. Essa retirada paulatina a gente faz acompanhando a proteinúria, então não é só acompanhando a clínica de edema ou não, acompanha a proteinúria. Suponha que eu tenho uma criança que tá com 10mg de predinisona em dias alternados; eu reduzi pra 5mg e essa criança começou a apresentar proteinúria mais elevada, eu volto pra dose anterior. Verifico se não tem nenhuma outra infecção, se não tem, vou tentar reduzir de novo. Volta a aumentar de novo, volto pra dose anterior. Isso tá me dizendo que essa criança é corticodependente. O corticorresistente é aquele que você fez em dose plena e ele não respondeu; o corticodependente quando você tá desmamando que chega em determinada dose, que varia de criança pra criança, a partir dali, se você baixar, ela volta a apresentar proteinúria. Essa é a corticodependência, que normalmente a gente muda e vai pra um imunossupressor também. Se tirou corticoide e essa criança passou 5 anos sem mostrar recidiva, ele ta curado entre aspas, isso não significa dizer que você vai dar alta pra essa criança, embora um dia ela possa descompensar. AI NO CASO DEIXA SÓ DE SOBREAVISO PRA MÃE OU ELA TEM QUE FICAR ACOMPANHANDO COM ROTINA? Tem, nem que seja de 6 em 6 meses, a gente não da alta pra paciente nefropata. TEVE RECIDIVAS FREQUENTES OU FAZ PREDNISONA DIÁRIA DE NOVO? E ai vai testando. Continuou com recidiva frequente, vai levar ao uso de imunossupressores (ciclofosfamida, ciclosporina, metamizol, acho que eu foi metamizol, micofenolato mofetil). Ciclosfosfamida foi a mesma coisa, ciclosporina foi a mesma coisa, micofenolato a mesma coisa, algumas outras drogas estão sendo testadas também. Adquiriu cortico-dependência: micofenolato mofetil associado a prednisona e assim vai. Esse é um esquema que é utilizado na santa casa de misericórdia, eu só quero com isso que vocês vejam o seguinte: vocês tão em alguma especialidade e pegaram uma criança com historia de síndrome nefrótica e que não estão em uso de prednisona, metilprednisolona, que a gente faz em pulsoterapia, quando fizer em pulsoterapia a metilprednisolona, você tem que ficar de olho na pressão arterial, tem Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 21 que ficar do lado do leito enquanto eles recebem, pois é muito fácil eles fazerem pico hipertensivo e ai podem fazer hemorragias, então é monitorizado, bota monitor. O que a gente faz com um nefrótico que não respondeu ao corticoide, a prednisona, a gente vai fazendo o que faz em toda e qualquer doença imunológica: vai entrando nos imunossupressores e a medida que a gente entra nos imunossupressores a gente entra também tem mais efeitos colaterais. As córtico-resistentes fazem pulsoterapia com metilprednisolona, onde normalmente se faz três pulsos, eu costumo fazer pulsos alternados, nos dias seguintes, monitorizado, ambiente hospitalar; se não teve resposta, biópsia, dependendo do que vier na biópsia direciona o tratamento. A mesma coisa no córtico-dependente, se você mudou e ta sem resposta, então vai fazer biópsia, ou seja, QUANDO É QUE A GENTE CHEGA À BIÓPSIA? Nas idades ou quando alguma coisa não respondeu ao tratamento como deveria. O que a gente recomenda pra infância, pra inicio do tratamento: prednisona 60mg/m2 de superfície corpórea/dia, no máximo 80mg, o comprimido vem de 5 e 20mg, e no máximo vão ser 4 doses por dia. Uma tomada, três tomadas, depende de serviço pra serviço, eu costumo uma tomada só pela manhã. Lembrar que algumas crianças são sensíveis, então a gente precisa fazer protetor gástrico. Fez quatro a seis semanas, remitiu, proteinúria normal, começa a fazer dias alternados, começa a diminuir a quantidade, faz a regressão paulatina, sempre verificando pressão arterial, velocidade de crescimento e outra coisa que é muito negligenciada, essas crianças precisam estar sendo acompanhadas pelo oftalmo por causa do uso pleno de corticoide, precisa ver catarata. Deflazacort é outro corticoide que foi lançado no mercado há muito tempo atrás, alguns com boa resposta outros não, mas o que se usa mesmo é a prednisona. Metilprednisolona (não vão decorar isso, é só pra vocês verem como é o esquema). Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 22 Faz a pulsoterapia, as vezes agente faz o sistema Mendonza só que modificado: metilpredisolona com a predinisona e aí vai ajustando, outra “carta na manga” que tem pra fazer com essas crianças. Se vcs pegam uma criança que diz: “eu estou tomando as injeções, faz o soro e o comprimido” – aí vc já sabe que não teve boa resposta ao corticóide, e colhe função renal. Pra proteinuria a gente usa alguns inibidores da ECA. Atenção para aqueles que têm a função renal alterada. O QUE A GENTE TEM NA FASE DE DILATAÇÃO DA ARTERÍOLA EFERENTE? Se eu não estou dando pressão na arteríola eferente, e sim dando passagem livre, o sangue vai fluir com mais rapidez dentro do capilar e vai embora. Então se ele flui com mais rapidez, diminui a pressão de filtração, diminui a perda protéica, diminuindo também a pressão de filtração. Se eu já tenho uma função renal alterada, eu pioro ainda mais essa função renal. Bloqueadores de receptores de angiotensina 2, alguns anti-inflamatorios não hormonais, contribui tbm pra essa despresurização; o efeito colateral é igual os inibidores da ECA; dieta hipoproteica e nefrectomia. Dificilmente na criança maior e no adulto precisa se fazer nefrectomia, mesmo que haja perda de função, a gente não mexe no rim, coloca enxerto em fossa ilíaca, a não ser que esse rim esteja fazendo uma perda proteica grande, aí tem que tirar. Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 23 EDEMA: • ingestão de Na: até 50 mEq ou 3 g NaCl/dia • diuréticos: • Tiazídicos • de alça ! • poupadores de potássio • Albumina – 1g/Kg 12 / 12 hs • UF No edema, a primeira coisa que tem que fazer é uma restrição grande de sódio, nada de sal. Dê preferência aos tiazidicos do que os de alças, principalmente se vc não sabe se essa criança está com hipo,normo ou hipervolemia. Se vc faz um tiazidico e ela está hipovolêmica , vc vai piorar, pq vc vai aumentar a absorção de sódio, alem de deplecar o potássio. Normalmente a gente usa os tiazidicos (hidroclorotiazida), ou poupadores de potássio (espironolactona), mas principalmente tiazídicos. Quem vai ser o diurético dessa criança é o corticóide, então na maioria das vezes, se a criança responde bem, às vezes nem com diurético a gente precisa entrar. Aguarda o corticóide fazer efeito, e esse efeito é de uma semana a 10 dias, a não ser que ele esteja muito oligurico, mas aguarda o corticóide fazer efeito. QUANDO É QUE SE USA ALBUMINA? Quando realmente o edema for mto grande, que precise aumentar a pressão oncótica e sugar água do interstício, ai vc tem que usar o diurético de alça, se não vc pode partir de uma normovolemia ou hipovolêmica para uma hipervolemia e edema agudo. Se usou albumina, na metade da infusão e no final, faz furosemida, e o ultrafiltrado a gente coloca como se fosse fazer uma diálise, dá uma pressão venosa aumentada, aumenta a pressão hidrostática, e ele termina perdendo água, tendendo a desidratar Ai já é com o nefrologista. HIPERCOAGULABILIDADE: • anticoagulantes por 3 a 6 meses • profilaxia? HIPERLIPIDEMIA: • dieta • Sinvastatina : 10 anos (atorvastatina: 8 anos) Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 24 INFECÇÕES. ANTICOAGULANTE A GENTE USA SEMPRE? Não, na maioria das vezes, não. A não ser quea criança tenha mostrado casos de tromboembolismo; nesse caso a gente usa de três a seis meses, não a dose plena, mas a dose profilática. Hiperlipidemia: dieta e naqueles casos em que fica mto elevado, a sinvastatina é segura a partir de 10 aninhos, a atorvastatina é segura apartes de oito aninhos. Mto se tem utilizado o Omega 3, seria outra carta na manga quando a gente está em saia justa. E tratar sempre as infecções. Lembrar que as infecções são as desencadeantes. À medida que a gente vai entrando com imunossupressores, vai aumentando tbm os efeitos colaterais. A ciclofosfamida, deprime a medula óssea, pode dar alopécia, pode dar cistite hemorrágica. Clorambucil, toxidade hematológica, possibilidade de fibrose pulmonar. Levamisol, tb é muito feito pacientes cortico- dependentes. A ciclosporina é, na maioria das vezes, utilizada nessas crianças que são cortico-dependentes, cortico-resistentes, o problema é que ela tb é nefrotoxica, então vc tem que está dosando o nível dela, mas tem boa resposta. Os tracolimus é mais ou menos a mesma indicação da ciclosporina. MMF: Micofenolato mofetil • GESF Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 25 • 250 a 500 mg/m2/dia (máx: 1g/dia 2x dia) • Uso reservado para pacientes de alto risco nos quais falharam outros esquemas. Rituximabe: cortico e ciclosporina dependência. O micofenolato de mofetil, usado principalmente naquelas crianças com GESF que não responderam bem aos tratamentos anteriores. Não vão decorar doses a não ser os do corticóide, pra vcs começarem a memorizar. Glomerulonefrite pós-estreptocócica (GNDA) Processo inflamatório glomerular, secundário a uma infecção prévia por estreptococo β hemolítico do grupo A – cepas nefritogênicas portadoras da proteína M. Relacionada a condições de higiene. Nefrite pós-estreptocócica tem uma historinha mais apurada em termo de saber o desencadeante. É a mesma definição mas a gente limita aqui para o agente desencadeante. A glomérulonefrite pós-estreptocócica está relacionada à condição de higiene, então geralmente quem manifesta são crianças com baixo nível de higiene, ai vem aquelas feridas na pele, as perebas, ai eles coçam pra tirar a ‘’casquinha’’ com o dedinho sujo eles inoculam os estreptococos. Viu estreptocócica tratem, a criança não vai dar febre, não vai chamar atenção da mãe, digam pra elas a importância de fazer o tratamento. Teoria heteróloga ou catiônica: os estreptococos têm prot catiônicas e se ligam com a MBG imunocomplexos in situ. Teoria autóloga ou das neuraminidases: • Estreptococo produz neuraminidase → retiram ác. Siálico da IgG, tornando-a antigênica e ↓ sua negatividade → ligação à MBG formação de Ac e deposição na MBG ativação do complemento. Os estreptococos têm proteínas catiônicas, se tem proteínas catiônicas eles vão se ligar facilmente a membrana basal glomerular que é aniônica e fazem os imunocomplexos desencadear o complemento. A teoria autóloga, os estreptococos se ligam aos componentes da membrana basal tornando-a antigênica e diminuem a negatividade dela facilita a ligação com a membrana basal começa a formar os anticorpos que vão se depositar na membrana e reativa o complemento, então nesse caso vai ter a dosagem de complemento diminuída. Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 26 Um processo inflamatório na membrana glomerular,começa a desconfigurar, começa a deixar passar pelas fenestrações mais moléculas, começa a filtrar hemácias, proteína, então a hematúria é mais visível, já chama mais atenção, é macroscópica, não espere um xixi cor de suco melancia sempre ou cor de menstruarão que as vezes é, mas as vezes cor de coca cola, cor de chá preto. Como o processo inflamatório é uma redução da luz capilar, diminui o ritmo de filtração glomerular, começa aumentar a escoria nitrogenada e tb o potássio e a criança vai paulatinamente entrando na insuficiência renal aguda. Com a diminuição do liquido de filtração glomerular, há ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, reabsorção de sódio sódio e agua , leva a oligúria, aumenta a volemia, edema e hipertensão, mas já se começa a discutir tb q nem sempre esse mecanismo é visto nessas crianças, se questionou outro mecanismo para aumentar a volemia e pra hipertensão arterial, ou que seja vaso espasmo ou aumento de sódio, q vai fazer com q essa volemia aumente. O Q É CERTO? Crianças hipervolêmicas: na síndrome nefrótica elas podiam estar normo, hipo ou hipervolemica, aqui elas são hipervolêmicas. QUE DIURÉTICO VAMOS USAR? Diuretico de alça. EAS: • d normal ou • Proteinúria discreta • Hematúria • Leucocitúria • Cilindrúria Dismorfismo eritrocitário. Sumario: pode ter uma densidade normal ou diminuída, pq é hipervolemica e a tendência é hipervolemia. Há uma proteinúria discreta dificilmente no período Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 27 nefrótico, quando chega já é indicação de biopsia, hematúria que costuma ser macroscópica. Leucocitúria, principalmente leucócitos hematicos, cilindrúria, que é principalmente cilindros hemáticos e a gente pede dimorfismo eritrocitário, quando a gente ver uma hematúria, vc quer distinguir se ela vem da parte glomerular, da parte filtrante ou do restante do trato urinário, se ela vem deformada, então a gente diz dismorfismo eritrocitário de tantos por centos da hemácia, isso significa dizer q o sangramento está la em cima, esta deixando passar hemácia, se vem com dismorfismo eritrocitário muito reduzido em termo de porcentagem, significa que esse sangramento esta para baixo ou é litíase, tumoração, outra coisa. Infelizmente nem todo laboratório tem o microscópio com lâmpada de fenda. Dependendo do numero de hemácias deformadas, porcentagem de hemácias deformadas, ai o sangramento realmente é lá em cima. Bioquímica: • Ur e Cr: nl ou ↑ • Na, K e HCO3: depende se IRA. Hemograma: anemia dilucional. Complemento sérico: • ↓ C3 ASO: ↑ Bioquímica: lembrem-se que é uma criança, que ta obstruindo a filtração, ela vai partir para aumentar ureia e creatinina, a gente vai acompanhando. Verifiquem sódio, que normalmente ta aumentando, o potássio que vai ta bem aumentado se estiver entrando em insuficiência renal, E O BICARBONATO VAI ESTA AUMENTADO OU DIMINUÍDO? A criança esta entrando em insuficiência renal aguda! Está diminuído, PQ ESTÁ DIMINUÍDO? Porque a função de recaptação renal esta prejudicada, mas nem sempre é por isso! Ele esta sendo consumido, pq na medida que vc entra na insuficiência renal vc diminui a excreção de ácidos e você precisa de bicarbonato para tamponar. Então por isso que o nível de sódio, potássio e bicarbonato vai depender se vc esta ou não em insuficiência renal aguda. O hemograma normalmente mostra uma anemia dilucional são hipervolemicos, olha lá a dosagem de C3, a gente sempre pede C3, C4 e CH50, normalmente C3 está consumido. E ai a gente vai rastrear o estreptococos né, através de alguns anticorpos, normalmente a antiestreptolisina esta aumentada. Pede a bacteriologia pra gente descartar o estreptococo. Bacteriologia: estreptococo. Biópsia renal: indicações: Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 28 • Anúria ou oligúria importante > 72 hs. • Proteinúria nefrótica > 4 semanas. • HAS ou hematúria macroscópica > 6 semanas. • C3 baixo > 8 semanas. • Azotemia acentuada ou prolongada. Indicação da biópsia: anúria ou oligúria importante por mais de 72 horas, e você está fazendo aí o diurético de alça já, aquia gente não espera não; proteinúria nefrótica que não deveria nem estar presente, que ela ultrapassa 4 semanas; hipertensão hematúria macroscópica por mais de 6 semanas, ou seja, você tratou a infecção e trata com diurético; um C3 baixo acima de 8 semanas e azotemiza acentuada ou prolongada, ou seja você está tentando tratar e a criança não está saindo da insuficiência renal. Complicações: • Congestão circulatória: taquicardia, dispnéia, tosse, ESC em bases e hepatomegalia, ICC: • furosemida: 4 mg/Kg/dia IV • Edema pulmonar: O2, garroteamento de membros, restrição de líquidos e sal, diálise. Algumas complicações, congestão circulatória, taquicardia, dispneia, artrose, estertores em base, hepatomegalia, ou seja, a criança está hipervolêmica, está fazendo insuficiência cardíaca. Furosemida 4 mg/kg/dia, a gente pode chegar até em 6 mg/kg/dia ou pode fazer em infusão contínua. No caso de edema pulmonar, até que você consiga dialisar para fazer a ulfiltração dessa criança, O2, garroteamento de membros, restrição de líquido e sal, dialise. Complicações: • Encefalopatia hipertensiva: HAS grave, cefaléia, vômitos, diplopia, amaurose, agitação, sonolência, convulsões e coma. • nitroprussiato • Hidralazina • Nifedipina (?) • IRA: oligúria com uremia. • restrições hídrica e salina, resinas de troca e diálise. Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 29 Encefalopatia hipertensiva é caso grave já mostrado sinais: nitroprussiato, lembrar que ele é toxico também, a gente tem que estar acompanhando, e na medida em que vai saindo hidralazina, nifedipina ela é muito utilizada, hoje em dia está sendo menos utillizado. Insuficiência renal aguda com oligúria e uremia, restrição hidrossalina, resina de troca a gente vai falar disso quando estiver falando de hipercalemia; e diálise dessas crianças. ESSAS CRIANÇAS DEVEM OU NÃO FICAR INTERNADAS? Depende do nível pressórico, depende do estado da criança, se tem insuficiência cardíaca, se está já mostrando sinais de insuficiência renal aguda. Se é uma criança que está estabilizada e você tem condição de vê-la todo dia e ela pode ter acesso a qualquer hora ao hospital, eu não preciso internar. Se você realmente ficou em dúvida quanto à mãe trazer no dia seguinte, aí é melhor você internar. Mas não necessariamente tenha que haver internação, na maioria das vezes a gente faz um tratamento ambulatorial: todo dia você pesar, ver circunferência abdominal e ver como é que está o nível de pressão arterial dessa criança. Dieta: na síndrome nefrótica não precisa de restrição hídrica, mas na GNDAé essencial, nós estamos diante de uma criança hipervolêmica; então 400 ml/m² de superfície corpórea dia, incluindo a água que vai nos alimentos, é restrição mesmo. Restrição se sódio, só vai o sódio que vai nos alimentos e já vai muito, nada de sal em adição. Necessidade de restrição proteica e de potássio se a criança está ou não em insuficiência renal. O repouso continua relativo, na medida em que ele vai melhorando do edema, melhorando da hipervolemia a gente acrescenta os alimentos. Antibiótico: • Penicilina V 25.000 a 50.000 UI/Kg/dia por 10 dias. • Penicilina benzatina: dose única. • Eritromicina: 30 a 40 mg/Kg/dia por 10 dias. Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 30 Diuréticos: furosemida: 1 a 4 mg/Kg/dia Antibiótico ou Penicilina V oral, ou a Benzatina em dose única, cuidado com aquelas crianças que estão muito edemaciadas, às vezes você não consegue chegar na musculatura, então evitar, ou vai para uma área que tenha menos edema, que seja mais próxima da musculatura. Naqueles casos de sensibilidade à penicilina, os macrolídeos, como a eritromicina. E o diurético aqui não tem o que pensar, detectou, fez o diagnóstico, começa com furosemida. Sempre faz o antibiótico? Faz, você tem que fazer, tem que tratar o desencadeador. Uma vez desencadeada vc vai ter que acompanhar a remissão do edema, mas se o estreptococo tiver lá dentro é ele que ta desencadeando, então tem que dar o ATB. Se vc não tem os sinais de infecção, eu normalmente trato. É muito complicado vc querer que remita tudo, inclusive qndo já ta entrando em insuficiência renal, vc não faz a profilaxia primária, aqui a gnte não entra em profilaxia secundária, como entra na febre reumática. Eu vejo complicação se vc não faz o tratamento do desencadeante. Hipotensores: S/N • Hidralazina: 0,2 a 0,5 mg/Kg/dose EV 4/6horas ou 1 a 4 mg/Kg/dia VO 8/8 hs. • Nifedipina: 0,1 a 0,25 mg/Kg/dose 3/4horas ou 1 a 3 mg/Kg/dia 6/6 ou 12/12hs. • Anlodipina: (cças > 6 anos): 0,1 a 0,2 mg/Kg/d dose máx: 10 mg/dia. • Captopril: 0,2 a 0,5 mg/Kg/dose a cada 8/12hs • Nitroprussiato de sódio: 0,5 a 8 mcg/Kg/min Hipotensores quando se precisa utilizar, o diurético a hidralazina, nifedipina a gnte ainda utiliz, captopril tenham cuidado, inibidor da ECA: cai naquele negócio de diminuir a pressão de filtração, muitas vezes a gnte já tem a função renal topada, pode piorar. Nos casos graves não tem o que pensar, é nitruprussiato. Anticonvulsivantes: diazepan: 0,3 a 0,5 mg/Kg/dose. Fenitoína: (> 3 meses) ataque: 15mg/Kg/dose Fenobarbital (< 3 meses): ataque: 15 a 20 mg/Kg/dose (s/n completar 40mg/Kg ANTICONVULSIVANTES UTILIZA SEMPRE? Não. Se a criança fez uma encefalopatia hipertensiva e convulsionou vc vai tirar da crise. Eu vou fazer o diazepam e em bebezinhos a gnte usa a fenitoína ou os mais madurinhos até 3 meses Clarice de Sá Pires Carvalho Pediatria – 8° período MEDICINA 31 o fenobarbital, mas lembrem que aí a gnte já ta numa idade de aparecimento não normal. O QUE VC ESPERA DENTRO DE UMA EVOLUÇÃO NORMAL? A hematúria macroscópica desaparece na primeira ou segunda semana, a microscópica vc pode detectar no sumário de urina até 18 meses depois que ele manifestou, a proteinuria necrótica desaparecer até 4 semanas e a proteinuria discreta até os 6 meses. Se vocês pegaram uma criança edemaciada, começa a fazer as hipóteses diagnosticas, mas nunca esquecer da glomerulopatia. Eu to diante de uma provável glomerulopatia: É GLOMERULONEFRITE, É SINDROME NECRÓTICA? Pos-estreptococcica geralmente ta com algumas cicatrizes, são as cepas de pele, mas podem vir também com amigdalite. Então busque foco e tratem. Na glomerulonefrite se essa criança começa a evoluir em um ritmo de IRA faça profilaxia primária.
Compartilhar