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Abordagem Socioantropológica APOSTILA

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Abordagens 
Socioantropológicas
Expedito Leandro Silva
Vera Cristina de Souza
Revisada por Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza (maio/2012)
É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Abordagens Socioan-
tropológicas, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmi-
co e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) 
alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, 
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, 
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para 
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!
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APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................. 5
1 INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA E OS CLÁSSICOS EUROPEUS ................................... 7
1.1 Sociologia – Como Surgiu: Aspectos Históricos Importantes ....................................................................... 7
1.2 Auguste Comte e a Ciência Positivista ................................................................................................................... 8
1.3 A Sociologia de Émile Durkheim: Abordagens Importantes .......................................................................10
1.4 A Sociologia de Max Weber: os Três Tipos de Dominações Legítimas .....................................................12
1.5 A Sociologia de Karl Marx - a práxis Marxista ....................................................................................................14
1.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................16
1.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................17
2 INTRODUÇÃO À ANTROPOLOGIA .............................................................................................19
2.1 Definições e Objetivos ................................................................................................................................................19
2.2 As Metodologias Científicas Sociológicas e Antropológicas .......................................................................20
2.3 As Principais Escolas do Pensamento Antropológico Clássico ...................................................................21
2.4 Resumo: Antropologia ................................................................................................................................................23
2.5 Clássicos da Antropologia Brasileira ......................................................................................................................24
2.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................28
2.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................29
3 ASPECTOS SOCIAIS E ANTROPOLÓGICOS APLICADOS ÀS 
ORGANIZAÇÕES: PODER E PRÁTICAS SOCIAIS ................................................................31
3.1 A Relação da Força de Trabalho e a Geração de Valor ...................................................................................32
3.2 As Relações Sociais e o Mundo do Trabalho ......................................................................................................33
3.3 A Noção de Cultura Empresarial .............................................................................................................................34
3.4 Consumidores e Cidadãos: Conflitos Multiculturais da Globalização ......................................................37
3.5 Organizações Sociais e suas Instituições .............................................................................................................39
3.6 Família e Sociedade .....................................................................................................................................................40
3.7 Religião e Sociedade ...................................................................................................................................................42
3.8 Estratificação Social .....................................................................................................................................................42
3.9 O Estado ...........................................................................................................................................................................43
3.10 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................45
3.11 Atividades Propostas ................................................................................................................................................45
4 GLOBALIZAÇÃO: CONCEITOS E RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS NO 
PROCESSO DA AÇÃO LOCAL ..........................................................................................................47
4.1 A Globalização e Padronização Cultural: o Caráter de Mudança no Contexto da Modernidade...51
4.2 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................54
4.3 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................54
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ........................................55
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................61
SUMÁRIO
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
5
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), 
A Sociologia é uma palavra híbrida: sócio, originada do latim e quer dizer sociedade / logia, origem 
grega que significa estudo; assim, Sociologia é o estudo das sociedades, das instituições, dos comporta-
mentos sociais. 
Atendendo ao caráter introdutório do curso, o objetivo é possibilitar a você, aluno(a), entender e 
confrontar a formação e evolução da sociedade, bem como analisar as desigualdades sociais e o impacto 
da tecnologia no contexto social, e frente às transformações advindas da globalização.
Como objetivos específicos, o material didático propiciará:
ƒƒ situar você, aluno(a), no contexto social, enquanto ser social e agente dos processos de mudan-
ças, capaz de analisar as relações sociais e as desigualdades;
ƒƒ entender o surgimento dos conflitos entre as classes sociais e como esses padrões ou condutas 
sociais se tornaram fundamentais para a sobrevivência da sociedade;
ƒƒ analisar as implicações do processo de globalização no Mundo e, em especial, no Brasil;
ƒƒ discutir as perspectivas para o século XXI, a expansão das tecnologiase seu impacto sobre os 
empregos;
ƒƒ pensar possibilidades para um crescimento sustentável e socialmente justo, que favoreça o 
fortalecimento da democracia.
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7
Sociologia é uma palavra híbrida: sócio, ori-
ginada do latim e quer dizer sociedade / logia, 
origem grega que significa estudo; assim, Socio-
logia é o estudo das sociedades, das instituições, 
dos  comportamentos sociais. Seu surgimento 
– século XIX  – decorre, entre outros motivos, da 
eclosão de duas revoluções ocorridas na Europa: a 
Inglesa (1640) e a Francesa (1789).
Como é sabido, são significativas as trans-
formações históricas, socioculturais, políticas e 
econômicas delas decorrentes, como os processos 
de urbanização e industrialização verificados nas 
grandes cidades. Frente a isso, o pensador fran-
cês Auguste Comte  cria a “Ciência da Sociedade” 
(Sociologia), com o objetivo de investigar e  com-
preender o significado desse novo e conturbado 
cenário europeu. 
Para compreendermos as especificidades 
dos estudos sociológicos, apresentaremos, na 
primeira parte deste estudo, os clássicos da So-
ciologia europeia, iniciando por Auguste Comte, 
passando por Émile Durkheim, Max Weber e 
finalizando com Karl Marx. Discutiremos, igual-
mente, dois clássicos da Sociologia brasileira, 
mediante aos pensamentos de Gilberto Freire e 
Darcy Ribeiro.
DicionárioDicionário
Especificidade: “(De específico + (i)dade). 1. 
Qualidade do que é específico. 2. Qualidade 
típica de uma espécie. 3. Propriedade de uma 
doença cujos caracteres são nítidos e constan-
tes, e cuja causa é sempre semelhante.”
(FERREIRA, 1999).
AtençãoAtenção
Sociologia: é o estudo das sociedades, 
das instituições, dos comportamentos 
sociais. No que se refere aos pensadores 
clássicos da Sociologia europeia, estuda-
remos: Auguste Comte, Emile Durkheim, 
Max Weber e Karl Marx. Quanto aos clás-
sicos da Sociologia brasileira, refletiremos 
sobre os pensamentos de Gilberto Freire 
e Darcy Ribeiro.
INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA E OS 
CLÁSSICOS EUROPEUS1
1.1 Sociologia – Como Surgiu: Aspectos Históricos Importantes
Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza
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8
1.2 Auguste Comte e a Ciência Positivista
Auguste Comte, pensador francês, nasceu 
no ano de 1798 e veio a falecer em 1857, aos 59 
anos de idade. Embora, nos dias atuais, Comte 
seja considerado por muitos um pensador de li-
nha conservadora,  há de se considerar que tinha 
ideias bastante avançadas para o seu tempo, sen-
do, inclusive, assim visto pela intelectualidade da 
época. Exemplo disso pode ser visto nas suas ma-
nifestações favoráveis aos ideais republicanos e, 
portanto, igualmente favoráveis aos princípios que 
fundamentavam a Revolução Francesa, quais se-
jam: liberdade, igualdade e fraternidade (MORAES 
FILHO, 1983).
A Sociologia Comteana e a Filosofia Positivista
Para Comte, frente aos novos contextos so-
ciais, econômicos, políticos e culturais que toma-
vam curso após as revoluções burguesas (francesa 
e inglesa), a sociedade deveria ser reorganizada, 
sendo readequadas, inclusive, as formas de pensar 
de seus indivíduos.
Para tanto, de acordo com ele, seria necessá-
rio produzir uma ciência que, mediante uma meto-
dologia científica específica, permitisse promover 
tais reestruturações. Com esse objetivo criou a Fi-
losofia Social, mais tarde denominada Sociolo-
gia, bem como elaborou a respectiva metodologia, 
a filosofia positivista ou positivismo.
O positivismo é, então, uma corrente do pen-
samento sociológico proposto e idealizado por 
Auguste Comte, que defende e propõe que os fa-
tos sociais sejam vistos, entendidos e analisados 
mediante os aspectos racionais, previsíveis e con-
cretos. Despreza, portanto, toda e qualquer expli-
cação de cunho teológico, metafísico ou transcen-
dental. Em substituição à crença do sobrenatural, 
invisível, o positivismo deveria estar presente nas 
mentes dos indivíduos e ser encarado como a nova 
religião da humanidade, sem, no entanto, nenhu-
ma conotação teológica. O fundamento do pensa-
mento positivista é o “ver para crer”, ou seja, ver o 
concreto, o real, o verdadeiro, indubitável.
Para Comte, a previsibilidade e as certezas 
dos fatos sociais se justificavam na crença de que 
a sociedade funcionaria tal como funciona um or-
ganismo humano (cientificismo). Entendia que os 
fatos sociais seriam previsíveis, assim como são os 
fenômenos naturais (Biologia, Física, Astronomia, 
Fisiologia).
Comte entendia, também, que os fatos so-
ciais analisados mediante a análise racional, pre-
visível, concreta, substituiriam os pensamentos 
e práticas teológicas e  metafísicas existentes até 
então.
Citados anteriormente, os fatos sociais foram 
concebidos por Comte como sendo os objetos de 
estudos sociológicos, cabendo a essa nova ciência 
a investigação rigorosa acerca de suas razões, seus 
atores e suas consequências. No entanto, como tra-
AtençãoAtenção
Auguste Comte: considerado conserva-
dor por parte dos estudiosos, há de se des-
tacar que defendia ideias avançadas para o 
seu tempo. Era, por exemplo, favorável aos 
ideais republicanos que alicerçavam a Re-
volução Francesa, quais sejam: liberdade, 
igualdade e fraternidade.
AtençãoAtenção
Positivismo: metodologia de investi-
gação científica idealizada por Auguste 
Comte. Defendia que os fatos sociais fos-
sem analisados com racionalidade, des-
prezando, portanto, explicações de cunho 
teológico, metafísico ou transcendental. 
Os fatos sociais – objeto de estudos socio-
lógicos –, para serem classificados como 
tal, deveriam apresentar três característi-
cas simultâneas: serem gerais, repetitivos 
e apresentarem significâncias.
Abordagens Socioantropológicas
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9
taremos adiante, não são todos os acontecimentos 
que são considerados “fatos sociais”. Para serem 
assim classificados, devem ser gerais, repetitivos e 
apresentarem significâncias. A esse respeito, Com-
te conceituou os “fatos sociais significativos” e os 
“fatos sociais não significativos” (MORAES FILHO, 
1983).
A Lei dos Três Estágios
Auguste Comte, na defesa veemente do mé-
todo positivista, estabeleceu a Lei dos Três Está-
gios, que tratava da evolução humana, a qual obe-
deceria a três estágios: teológico (crença em Deus), 
metafísico (sobrenaturais) e positivo (concreto, de-
finitivo e verdadeiro).
É interessante chamar a atenção para o fato 
de que o lema da filosofia positivista era “Ordem 
e Progresso” significando o Amor por princípio, a 
Ordem por base e o Progresso por fim. 
O Positivismo no Brasil
No Brasil, a filosofia positivista foi trazida por 
parte dos alunos das escolas de Medicina, Politéc-
nica e de Direito que frequentavam a Europa a fim 
de adquirir ou aperfeiçoar seus conhecimentos nas 
respectivas cátedras, sendo que alguns chegaram 
a ser alunos do próprio Comte.
Cabe destacar que o positivismo ocupou lu-
gar relevante na sociedade brasileira, sobretudo no 
final do século XIX, quando houve a  Proclamação 
da República, em 15 de novembro de 1889. Haja 
vista, o slogan “Ordem e Progresso”, escrito na ban-
deira brasileira, concretiza o ideal positivista que 
foi e continua sendo uma marca de inspiração aos 
republicanos.
DicionárioDicionário
Concretizar: “Tornar-se concreto, possível; 
realizar(se), efetivar(se): Concretizou seu ideal 
de escrever um livro; Seu velho sonho concreti-
zou-se; é hoje escritor célebre”. 
(FERREIRA, 1999)
AtençãoAtenção
Lei dos Três Estágios: Auguste Comte 
entendia que a evolução humana obede-
ceria a três estágios: teológico (crença em 
Deus), metafísico (sobrenaturais) e positi-
vo (definitivo).
AtençãoAtenção
Positivismo ocupou papel de destaque 
no Brasil, sobretudo no final doséculo 
XIX, quando houve a Proclamação da Re-
pública (15 de novembro de 1889). Está 
presente em um dos nossos maiores sím-
bolos que é a Bandeira Nacional, median-
te o slogan “Ordem e Progresso”. 
Saiba maisSaiba mais
A Metodologia de Investigação So-
cial segundo os Pensadores da Socio-
logia Clássica:
Auguste Comte: Pensamento Princi-
pal: Positivismo, o qual defendia a ob-
jetividade – ou “coisificação” – dos Fatos 
Sociais. Para Comte os Fatos Sociais de-
veriam ser vistos como “coisas”. Embora 
Auguste Comte seja considerado “O Pai 
fundador da Sociologia”, para muitos a 
Sociologia se estabelece e se desenvol-
ve enquanto ciência mediante os estu-
dos de Émile Durkheim, como veremos 
em seguida.
Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza
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10
Émile Durkheim nasceu na cidade de Epnal 
(França), no ano de 1858, vindo a falecer no ano 
de 1917, em Paris, aos 59 anos de idade. Embora 
Auguste Comte seja considerado o fundador da 
Sociologia, muitos consideram que os estudos so-
ciológicos  se consolidaram e se expandiram a par-
tir  da produção intelectual de Émile Durkheim. Em 
síntese, o pensamento durkheimiano conceitua-se, 
inicialmente, pelos fatos sociais, representações so-
ciais, consciente coletivo e anomia social.
Fatos Sociais Totais e suas Características
Como já apontado, os fatos sociais são obje-
tos de estudos da Sociologia, porém, para serem 
considerados enquanto tal, devem apresentar três 
características próprias: generalidade, exteriorida-
de e coercitividade (DURKHEIM, 2007).
1. Coercitividade: ações que mostram aos 
indivíduos que, no interior dos diferen-
tes grupos sociais, existem padrões cul-
turais próprios que devem ser seguidos 
e legitimados;
2. Exterioridade: práticas sociais coerciti-
vas que atuam sobre os comportamen-
tos dos indivíduos, independentemente 
de suas vontades serem consideradas, 
portanto, “exteriores aos indivíduos”. 
A esse respeito exemplifica Durkheim 
(2007, p. 46-47):
Quando desempenho meus deveres de 
irmão, de esposo ou de cidadão, quando 
me desincumbo de encargos que con-
traí, pratico deveres que estão definidos 
fora de mim e de meus atos, no direito e 
nos costumes. Mesmo estando de acordo 
com sentimentos que me são próprios, 
sentindo-lhes interiormente a realidade, 
esta não deixa de ser objetiva; pois não 
fui eu quem os criou, mas recebi-os, atra-
vés da educação [...] estamos, pois diante 
de maneiras de agir, de pensar e de sentir 
que apresentam a propriedade marcante 
de existir fora das consciências individuais. 
3. Generalidade: revela que os fatos so-
ciais são gerais, ou seja, refere-se a toda 
a sociedade e não apenas a um ou outro 
indivíduo. “As regras do método socioló-
gico.” (DURKHEIM, 2007, p. 48).
Fatos sociais totais e o consciente coletivo
Para tratar das questões relacionadas aos fa-
tos sociais totais, Durkheim discute, entre outros, a 
formação do consciente coletivo. Defende que é a 
partir do aprendizado e da aceitação dos hábitos, 
crenças e práticas culturais existentes no interior 
dos grupos sociais que o homem desenvolve a so-
ciabilidade.
1.3 A Sociologia de Émile Durkheim: Abordagens Importantes
AtençãoAtenção
Para Émile Durkheim, para serem conside-
rados objetos de estudos sociológicos, os 
fatos sociais deveriam apresentar três ca-
racterísticas fundamentais e simultâneas: 
coercitividade, exterioridade e generalida-
de.
DicionárioDicionário
Simultâneo: “Que ocorre ou é feito ao mesmo 
tempo ou quase ao mesmo tempo que outra 
coisa; concomitante; tautócrono: disparos si-
multâneos; catástrofe simultânea.” 
(FERREIRA, 1999).
Abordagens Socioantropológicas
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11
Para ele, o consciente coletivo é formado 
pela soma dos vários conscientes individuais. Estes, 
por sua vez, ora se diferenciam, ora se assemelham 
nos respectivos saberes, concepções de mundo, 
manifestações culturais, comportamentos físicos e 
expressões emocionais. A isso Durkheim chamou 
fatos sociais totais.
Fatos sociais totais consistem nas interações 
dos elementos biológicos (físicos) somados aos 
psicológicos (emocionais) aos sociológicos (fenô-
menos sociais) e aos culturais (diversidades/plura-
lidades) (DURKHEIM, 2007).
Os fatos sociais totais e o conceito de neutralidade
Durkheim, ao tratar dos fatos sociais totais, 
desenvolve a metodologia de investigação cientí-
fica pertinente à sua investigação e produz a obra 
célebre intitulada As regras do método sociológico. 
Com ela, discute, entre outros, a existência das di-
versidades culturais e seus desdobramentos. Dur-
kheim entendia que o pesquisador, quando do 
desenvolvimento do trabalho de campo, deveria 
conceber os fatos sociais estudados como “coisas”. 
Essa “coisificação” seria necessária para que pudes-
se investigá-los de modo neutro (neutralidade) e 
distante (distanciamento).
Representações Sociais e Consciente Coletivo
As representações sociais são as formas pelas 
quais os distintos grupos sociais se veem – e são 
vistos –, se valorizam – e são valorizados –, social 
e culturalmente. Tais representações podem ser 
positivas ou negativas, sendo formadas pela  ação 
do  consciente coletivo. Quando positivas, significa 
que as diversidades sociais e culturais foram res-
peitadas. Em oposição a isso, quando negativas, 
observam-se as manifestações racistas, sexistas, 
xenófobas, entre os diferentes grupos sociais.
DicionárioDicionário
Coletivo: “Adj. 1. Que abrange ou compreende 
muitas coisas ou pessoas. 2. Pertencente a, ou 
utilizado por muitos. 3. Diz-se do substantivo 
que, no singular, designa várias pessoas, ani-
mais ou que, no singular, designa várias pesso-
as, animais ou coisas.” 
(FERREIRA, 1999).
DicionárioDicionário
Xenofobia: “Aversão a pessoas e coisas estran-
geiras; xenofobismo.” 
(FERREIRA, 1999).
AtençãoAtenção
Fatos sociais totais e o consciente coletivo: 
o consciente coletivo é formado pela soma 
dos vários conscientes individuais. Logo, 
os fatos sociais totais consistem nas inte-
rações dos elementos biológicos (físicos) 
somados aos psicológicos (emocionais) 
aos sociológicos (fenômenos sociais) e aos 
culturais (diversidades/pluralidades). 
AtençãoAtenção
Fatos sociais totais e neutralidade: os fa-
tos sociais totais deveriam ser investigados 
e analisados pelo pesquisador com neutrali-
dade, objetividade e distanciamento.
AtençãoAtenção
Representações sociais: são as formas 
pelas quais os distintos grupos sociais se 
veem – e são vistos –, se valorizam – e são 
valorizados –, social e culturalmente. Tais 
representações podem ser positivas ou 
negativas, sendo formadas pela ação do 
consciente coletivo.
Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza
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12
Anomia Social
Ao tratar do conceito de anomia social, Dur-
kheim defende a existência e as funções das insti-
tuições políticas, por entender que desenvolvem 
importante função na manutenção e no cumpri-
mento da ordem pública. Para ele, o indivíduo em 
estado anômico – não existência das leis – perde os 
seus referencias éticos e morais (DURKHEIM, 2007).
AtençãoAtenção
Anomia social: inexistência de ordem 
pública nas instituições políticas. Na sua 
ausência, o indivíduo, em estado anômico, 
perde os seus referenciais éticos e morais. 
Saiba maisSaiba mais
A Metodologia de Investigação So-
cial segundo os Pensadores da Socio-
logia Clássica:
Emile Durkheim: entre as várias impor-
tantes contribuições de Émile Durkheim 
para o pensar sociológico, cabe desta-
car seus estudos acerca da definição 
dos objetos da Sociologia e a respectiva 
Metodologia de Investigação Científica, 
considerados por muitos como sendo a 
sua reflexão mais relevante.
Para Durkheimo pesquisador quando 
do desempenho de suas funções deve 
se manter neutro ou distante dos fatos 
sociais, portanto entendia que o pes-
quisador deveria encarar os fatos sociais 
com neutralidade ou objetividade. Para 
tanto, produziu, entre outras, a obra Re-
gras do Método Sociológico.
1.4 A Sociologia de Max Weber: os Três Tipos de Dominações 
Legítimas
Max Weber, pensador alemão, nasceu no ano 
de 1864 e faleceu em 1920, aos 56 anos de idade.
Aspectos Sociológicos e Metodológicos do 
Pensamento Weberiano
A busca pelos sentidos e a ação social
Ao longo de sua trajetória intelectual, Max 
Weber desenvolveu importantes estudos voltados 
à Filosofia, Sociologia, Direito e História, todos eles 
imprescindíveis para a compreensão das relações 
sociais, econômicas, políticas e culturais nos dias 
atuais.
Ao tratar da compreensão dos fatos ou fe-
nômenos sociais, Weber chama a atenção para a 
metodologia investigativa a ser aplicada. Para ele, 
cabe ao pesquisador se debruçar detidamente so-
bre aquilo que denominou “busca pelos sentidos”, 
sendo necessário proceder à análise profunda e 
detalhada de três características que compõem a 
ação social: 
1. compreensão; 
2. motivos; 
3. consequências.
DicionárioDicionário
Intelectual: “1. Relativo ao intelecto. 2. Que pos-
sui dotes de espírito, de inteligência.” 
(FERREIRA, 1999)
Abordagens Socioantropológicas
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13
Weber entende que as ações sociais ocorrem 
mediante fatores objetivos (racionais) e subjetivos 
(emocionais) e, também, que, devem ser levados 
em consideração os papéis desempenhados pelas 
variáveis sociais, políticas, econômicas e culturais, 
bem como as diferentes concepções de mundo. 
Para tanto, no campo metodológico – contraria-
mente a Auguste Comte e Émile Durkheim –, de-
fende a aplicação do método compreensivo, ou 
seja, da pesquisa documental, das observações, 
dos indícios, das evidências minuciosas.
Estrutura do poder: os três tipos puros de dominações 
legítimas
É importante apresentar algumas das carac-
terísticas do pensamento de Max Weber voltadas 
à estrutura do poder visualizado nos “três tipos de 
dominações legítimas”.
Para Weber, o ato de dominar (mandar, impor) 
executado pelo dominador (dominante) somente 
é possível de acontecer se o dominado (submisso, 
aquele que recebe e executa as ordens) legitimá-lo. 
Essa legitimação ocorre mediante a obediência.
É importante registrar que, para todas as re-
lações de mando, é esperada a ocorrência de obe-
diência. Em caso contrário, ou seja, na ausência 
dela, o dominador se utiliza de práticas coercitivas 
(punição, repressão, coibição), igualmente legiti-
madas (COHN, 1986).
ƒƒ Características das Dominações Legíti-
mas (Legal, Carismática e Tradicional)
a) Dominação carismática: caracteriza-se 
pelas subjetividades verificadas nos sen-
timentos de devoção, defesa, lealdade 
ao senhor. Este, por sua vez, apresenta 
características comportamentais – na 
maioria das vezes, inatas – sedutoras, ca-
rismáticas, simpáticas e demagógicas.
b) Dominação tradicional: neste tipo de do-
minação, a obediência dos súditos ocor-
re devido às tradições, hábitos, costumes 
e fidelidade voltados aos senhores, pa-
triarcas, santidades. As normas que legi-
timam esse tipo de relação não podem 
ser alteradas, violadas, pois são conside-
radas sagradas;
c) Dominação legal: é legitimada mediante 
a existência de regras, normas, leis, es-
tatuto, os quais podendo ser alterados, 
modificados pelo chefe, de acordo com 
as suas avaliações, julgamentos, interes-
ses ou vontades. Estão presentes nas em-
presas/instituições públicas ou privadas 
(COHN, 1986).
Weber chama a atenção para o fato de que 
os três tipos de dominações descritos não são ex-
cludentes, podendo, portanto, estar presentes em 
uma mesma situação (COHN, 1986).
AtençãoAtenção
Busca pelos sentidos: metodologia 
científica voltada à investigação e análise 
dos fenômenos sociais, idealizada por Max 
Weber. Para a sua aplicação, o pesquisador 
deveria considerar as três características 
que compõem a ação social: compreensão, 
motivos e consequências.
DicionárioDicionário
Estrutura: “1. Aquilo que é, ou foi, construído; 
obra de construção [...]”
(FERREIRA, 1999)
AtençãoAtenção
Os três tipos de dominações legítimas 
são: carismática (carisma), tradicional 
(hábito) e legal (normas). 
Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza
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14
Karl Marx e as Relações Políticas e Sociais
Karl Marx nasceu em uma família judia de 
classe média na Alemanha, no ano de 1818, e fa-
leceu em 1883, aos 65 anos. Produziu estudos de 
cunhos econômicos, sociológicos, filosóficos e po-
líticos. Toda a sua produção intelectual teve como 
fundamento as questões voltadas à acumulação 
do capital e relações de trabalho, estando presen-
te, inclusive, o componente revolucionário. Entre 
as suas obras, podemos citar a mais expoente, de-
nominada O capital (1867), bem como O manifesto 
Partido Comunista (1848).
Marx objetivava que suas obras se estendes-
sem a toda classe operária, pois entendia que o tra-
balhador, de posse do conhecimento das questões 
que fundamentam  o sistema capitalista, partiria 
com sucesso para a revolução social, pondo fim às 
explorações a que estavam expostos.
Chama atenção para a contradição existente 
entre riqueza/opulência, de um lado, e pobreza/
miséria, de outro, o que Marx denominou classes 
e contradição de classes. Nesse contexto, analisa as 
formas pelas quais ocorre a exploração da mão de 
obra assalariada, os baixos salários, as longas jor-
nadas de trabalho. Trata, também, da dinâmica da 
mais-valia – situação em que o trabalho executado, 
visando à obtenção de lucro, não é recebido. Esse 
processo evidencia que o Estado capitalista cria e 
legitima a  “divisão social do trabalho”. Com ela,  fica 
determinado quem produz o lucro e quem recebe 
e acumula capital.
Saiba maisSaiba mais
A Metodologia de Investigação Social segundo os Pensadores da Socio-
logia Clássica:
Max Weber: com o objetivo de compreender a sociedade de modo cien-
tífico, Weber entendia que o pesquisador, quando do desenvolvimento de 
suas funções, deveria – diferente do Método Positivista – utilizar o “Método 
Compreensivo de Investigação Sociológica”. Por meio dessa metodologia, o 
pesquisador saberia identificar as causas e efeitos das Ações Sociais.
1.5 A Sociologia de Karl Marx - a práxis Marxista
DicionárioDicionário
Revolucionário: “1. Relativo à, ou próprio de re-
volução. 2. Que é adepto da revolução (2 a 5). V. 
guerra – socialismo. Aquele que prega ou lidera 
revoluções. Indivíduo partidário do progresso, 
progressista. Aquele que é partidário de renova-
ções políticas, morais ou sociais.” 
(FERREIRA, 1999)
AtençãoAtenção
Karl Marx: entre outras, tem duas obras 
de expressão internacional: O capital 
(1867) e O manifesto Partido Comunista 
(1848).
DicionárioDicionário
Opulência: “1. Abundância de riquezas; grande 
riqueza. 2. Luxo, magnificência, fausto. 3. Abun-
dância, fartura, fertilidade, feracidade.”
(FERREIRA, 1999)
Abordagens Socioantropológicas
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15
Frente a isso, para Marx,  o regime socialista 
não reuniria ideais transformadores, mas apenas 
reformadores. No entanto, considerava que o so-
cialismo seria uma etapa necessária para se chegar 
ao sistema ideal, ou seja, ao comunismo (IANNI, 
1988).
Karl Marx considerava fundamental que os 
trabalhadores se reunissem nos sindicatos para 
tratar de questões correlatas às contradições exis-
tentes entre capital e trabalho. Propunha a união, 
a conscientização e, consequentemente, a prática 
revolucionária, a tomada do poder  que extermina-
ria a burguesia.
Entendiaque o sucesso das revoluções so-
ciais e políticas estaria diretamente associado à 
conscientização da classe operária. Para ele, o tra-
balhador consciente reuniria condições para bus-
car melhores condições de trabalho e de qualidade 
de vida, ao aprofundar as discussões acerca das 
condições materiais de vida e, consequentemente, 
das desigualdades sociais (MARX; ENGELS, 2001).
AtençãoAtenção
“Proletariado de todo o mundo, uni-vos”: 
esta frase é bastante significativa e ampla-
mente conhecida. Com ela, Karl Marx e 
Friedrich Engels expressam seus posicio-
namentos revolucionários.
Saiba maisSaiba mais
A Metodologia de Investigação So-
cial segundo os Pensadores da Socio-
logia Clássica:
Karl Marx: para Karl Marx, o sistema ca-
pitalista seria injusto e opressor. Nas so-
ciedades capitalistas o trabalhador (ope-
rário) exerceria tão somente a função de 
reprodutor de riquezas sem que delas 
tomasse posse. De outro lado, a burgue-
sia (donas dos modos de produções) se 
beneficiaria do trabalho produzido pelo 
trabalhador. Assim, a burguesia (do-
minadores), mediante a exploração da 
mão de obra dos trabalhadores (domi-
nados), multiplicaria mais e mais o seu 
lucro.
AtençãoAtenção
Organização sindical, conscientização, lu-
tas de classes, práxis, mais-valia, modos de 
produção capitalistas, capital x trabalho, 
miséria x opulência e outros expressam o 
pensamento marxista.
Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza
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16
Prezados(as) alunos(as),
Chegamos ao final do primeiro capítulo de nossa Apostila, onde fizemos as seguintes discussões:
Definição de Sociologia: é o estudo das sociedades, das instituições, dos comportamentos sociais. 
Seu idealizador foi o pensador europeu (francês) Auguste Comte, que definiu o primeiro método cientí-
fico para a análise social, qual seja, o Positivismo (racionalidade, “ver para crer”). Importante lembrar que 
o Positivismo esteve – e ainda se faz presente – na sociedade brasileira. Pode ser verificado no lema da 
Bandeira Brasileira, por meio do lema Ordem e Progresso.
A análise sociológica requer que sejam destacados seus principais precursores: Émile Durkheim, 
Max Weber e Karl Marx, entre outros.
Émile Durkheim: pensador francês que entendia ser necessário definir os objetos da investigação 
sociológica, consagrando para tanto os Fatos Sociais. Igualmente positivista, se debruçou, entre outros, 
sobre os estudos acerca da Metodologia de Investigação Científica dos Fatos Sociais. Para tanto, produ-
ziu – entre outras – a obra As Regras do Método Sociológico. Émile Durkheim compõe então o segundo 
Clássico da Sociologia Europeia.
Max Weber: pensador alemão que se preocupou em discutir as estruturas e formas de dominações 
e poder existentes no meio social. Para tanto, refletiu sobre as três formas legítimas de poder/domina-
Sistema Capitalista ou Capitalismo: meio de produção onde predomina a propriedade 
privada. Fundamenta-se na obtenção do lucro, acúmulo de riquezas, de capital, dos con-
troles dos meios de produções e de comunicações. Culmina nas divisões de classes sociais. 
Nesse Sistema há a presença do Estado, que o regula e o legitima.
Países onde vigora o Capitalismo: Brasil, Estados Unidos, entre outros. 
Sistema Socialista ou Socialismo: para se entender o conceito de Socialismo, se faz ne-
cessário primeiramente compreendermos o significado do Sistema Comunista ou Comu-
nismo. Vejamos: o Comunismo compreende a superação do Socialismo, ou seja, o Comu-
nismo seria a etapa que supera o Socialismo. Seria a fase de transição entre capitalismo e 
socialismo para se chegar ao Comunismo. 
Em ambos os Sistemas (Socialismo e Comunismo), estariam ausentes a concentração do 
poder político e econômico (meios de produções e comunicações) nas mãos de uma mi-
noria (dominadores) e, consequentemente, não haveria exploração da mão de obra traba-
lhadora, desigualdades sociais. Aqui, a classe trabalhadora que deteria tal poder e, dessa 
forma, o Estado estaria ausente. No socialismo, haveria um equilíbrio na distribuição dos 
meios de produções, das despesas e das riquezas obtidas. Cabe ressaltar que foi Karl Marx 
o idealizador do Socialismo. 
Países onde vigora o Sistema Socialista: Alemanha, Cuba, China e União Soviética (atual-
mente Rússia). Cabe ressaltar que – nos dias atuais – somente Cuba mantém os fundamen-
tos socialistas com veemência (fortemente). 
(BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 1986)
CuriosidadeCuriosidade
1.6 Resumo do Capítulo
Abordagens Socioantropológicas
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17
ções, quais sejam: 1. Poder/Dominação Legal (normas, estatuto); 2. Poder/Dominação Carismática (sedu-
ção, carisma); 3. Poder/Dominação Tradicional (hábitos, costumes). 
Karl Marx: o quarto clássico aqui foi Karl Marx. Esse pensador se destaca pela sua ideologia política 
revolucionária. Combatente do regime capitalista por entender que tal sistema é o responsável pelas 
desigualdades e injustiças sociais; lutava então pelo fim da burguesia em prol do sistema socialista/co-
munista.
1.7 Atividades Propostas
1. O que é Sociologia? Quais são os seus objetivos e objeto de investigação?
2. Quem foi Auguste Comte? 
3. Conceitue positivismo.
4. Qual é o significado da expressão “positivismo: religião da humanidade”? 
5. Considerando a filosofia comteana, descreva a Lei dos Três Estágios.
6. Qual era o lema da filosofia positivista e quais são os seus significados?
7. De que forma Auguste Comte concebia os fatos sociais?
8. Discuta o histórico básico do positivismo no Brasil.
9. Para Durkheim, quais são as características que os fatos sociais devem apresentar para serem 
considerados enquanto tais?
10. De que forma Durkheim discute a formação do consciente coletivo associado aos fatos sociais 
totais?
11. Quais são os elementos que integram os fatos sociais totais apregoados por Durkheim?
12. Considerando a obra As regras do método sociológico, quais são as orientações dadas por Dur-
kheim ao pesquisador quando de suas investigações e análises sociológicas?
13. De que forma Durkheim conceitua representações sociais?
14. Conceitue anomia social, segundo os ensinamentos de Durkheim.
15. De que forma Weber defende a metodologia científica para as investigações e análises dos 
fenômenos sociais?
16. De que forma Weber denomina a metodologia científica por ele defendida? Em que ela con-
siste?
17. De que forma Weber descreve a aplicação do método compreensivo?
18. Quais são os três tipos de dominações legítimas apresentadas por Weber e quais são as res-
pectivas características?
19. No que se refere à sociologia de Marx, quais são as obras de maior expressão apresentadas no 
conteúdo desta disciplina? De que forma apresentam o pensamento marxista?
20. De que forma Marx conceitua classes e contradições de classes?
21. De que forma Marx denomina as situações em que o trabalho executado pelo trabalhador 
não é recebido?
22. Em qual obra consta a frase “Proletariado de todo o mundo, uni-vos”! e qual é o seu principal 
significado?
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19
Antropo origina do grego e significa homem. 
Logia, de origem igualmente grega, quer dizer es-
tudo. A Antropologia divide-se em quatro áreas de 
conhecimento: 
1. Antropologia Física ou Biológica (aspec-
tos orgânicos);
2. Antropologia Cultural (símbolos, mitos, 
ritos, valores); 
3. Antropologia Social (organização social, 
econômica, política, jurídica); 
4. Arqueologia (sociedades antigas exis-
tentes ou não).
Seus objetivos estão voltados aos  estudos 
dos diferentes comportamentos sociais e culturais 
exercidos pelos distintos grupos humanos. O estu-
do antropológico – ou o estudo do homem – nos 
torna possível conhecer o homem e a interação 
com seu meio cultural (MARCONI; PRESOTO,2007).
Cultura é os diferentes hábitos, costumes, 
expressões linguísticas, danças, alimentação, reli-
gião, crenças, valores, estrutura familiar, diversão, 
enfim, o modo, o estilo de vida de cada grupo po-
pulacional que compõe as sociedades.
A Antropologia busca investigar, compreen-
der e, sobretudo, respeitar e considerar aquilo que 
é considerado diferente, distinto em uma dada so-
ciedade. Busca considerar as pluralidades (diversi-
dades), sem emitir julgamentos de valor.
2.1 Definições e Objetivos
DicionárioDicionário
Interação: “Ação que se exerce mutuamente 
entre duas ou mais coisas, ou duas ou mais pes-
soas; ação recíproca.”
(FERREIRA, 1999)
AtençãoAtenção
Antropologia: estudo do homem social e 
suas relações culturais. 
Divide-se em quatro áreas do saber: An-
tropologia Física ou Biológica (aspectos or-
gânicos), Antropologia Cultural (símbolos, 
mitos, ritos, valores), Antropologia Social 
(organização social, econômica, política, 
jurídica) e Arqueologia (sociedades antigas 
existentes ou não).
DicionárioDicionário
Distinto: “1. Que não se confunde; diverso; di-
ferente. 2. Separado; isolado. 3. Que sobressai, 
notável, ilustre, eminente, preeminente.” 
(FERREIRA, 1999)
AtençãoAtenção
Cultura: deve ser compreendida como 
sendo os distintos estilos de vida – hábitos 
alimentares, vestimentas, religiosidade, mi-
tos, ritos, expressões artísticas, entre outros.
 INTRODUÇÃO À ANTROPOLOGIA2
Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza
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20
Julgamento de valor  é uma prática etno-
cêntrica (o homem no centro do Universo) que 
julga a cultura, o comportamento, a forma de ser, 
de se relacionar, a partir de seus  próprios valores 
(MARCONI; PRESOTO, 2007).
AtençãoAtenção
Julgamento de valor: visões etnocêntri-
cas que resultam – em larga medida – em 
práticas racistas, discriminatórias e xenófo-
bas. 
Saiba maisSaiba mais
Conceitos Antropológicos importantes para entender a máxima anterior:
1. Aculturação: troca (aspecto positivo) ou perda (aspecto negativo) de cultura. 
2. Diversidades Culturais: diferentes estilos de vidas. Valorações simbólicas di-
ferentes.
3. Etnocentrismo: o homem no centro do Universo, onde somente os seus pró-
prios estilos de vida são considerados corretos e verdadeiros, portanto aptos 
a serem seguidos.
4. Julgamentos de Valor: diversas formas de conceber os distintos comporta-
mentos e práticas culturais. Podem ser positivos (respeito às diversidades) ou 
negativos (desrespeito às diversidades).
5. Xenofobia: aversão ao diferente, gerando práticas homofóbicas, racistas, se-
xistas e classistas. 
Para se proceder aos corretos estudos antro-
pológicos ou sociológicos, bem como ao de todas 
as demais disciplinas, é de fundamental importân-
cia dominar a definição de Ciência. Ciência consiste 
na produção de teorias e conceitos obtidos a par-
tir de pressupostos teóricos resultantes de inves-
tigações científicas. A produção do conhecimento 
científico requer o auxílio de múltiplos saberes e, 
por essa razão, tem caráter multidisciplinar (soma 
dos conhecimentos produzidos pelas diferentes 
disciplinas). Fundamenta-se no conhecimento 
científico que, por sua vez, é produzido mediante 
o rigor científico, que, para ser considerado cientí-
fico, deve empírico (experimentado, testado, com-
provado).
DicionárioDicionário
Pressupostos: “1. Que se pressupõe. Pressuposi-
ção; Conjetura antecipada. 2. Proposição de cuja 
asserção depende a verdade ou falsidade de ou-
tra preposição.”
(FERREIRA, 1999)
AtençãoAtenção
Ciência ou conhecimento científico: 
produções de teorias alicerçadas na mul-
tidisciplinaridade e advindas de estudos 
e pesquisas empíricos. 
2.2 As Metodologias Científicas Sociológicas e Antropológicas
Abordagens Socioantropológicas
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21
Como dito, a Antropologia se propõe ao estu-
do dos comportamentos individuais inseridos nos 
contextos sociais e, nesse sentido, as diferenças 
entre os saberes sociológicos e antropológicos são 
tênues, quase imperceptíveis e estão basicamente 
voltadas à metodologia de investigações científica. 
Enquanto a Sociologia privilegia as técnicas quan-
titativas, os resultados mensuráveis, estatísticos, a 
Antropologia preocupa-se com a história oral, com 
o dizível, com o relatado. Há de se notar que tais 
práticas não são rígidas, mas complementares, uma 
vez que se somam, se completam, se confluem.
As Ciências dividem-se em: Humanas (Antro-
pologia, Sociologia, Psicologia, etc.), Naturais (Quí-
mica, Física, Astronômica etc.) e Abstratas (pensa-
mento lógico – Matemática, Estatística etc.).
Em oposição ao conhecimento científico, te-
mos o conhecimento de senso comum. Senso 
comum é os conhecimentos ditos de forma não 
científica, não empírica; são as suposições. Então, 
a aplicação dos conceitos acerca de Ciência cabe a 
todas as áreas do saber. No entanto, cada uma de-
las apresenta os seus próprios instrumentais ou a 
sua própria metodologia.
A Antropologia utiliza-se da Etnografia (etno 
= povo e grafia = escrita), que significa a prática me-
todológica responsável pela coleta de dados, pela 
pesquisa de campo (MARCONI; PRESOTO, 2007).DicionárioDicionário
Confluem: “Correr para o mesmo ponto, con-
vergir, afluir. 2. Juntarem-se.”
(FERREIRA, 1999)
DicionárioDicionário
Inatas: “1. Que nasce com o indivíduo; congê-
nito; conato. 2. Que pertence à natureza de um 
ser.”
(FERREIRA, 1999)
AtençãoAtenção
Conhecimento científico e conhecimen-
to de senso comum: o conhecimento 
científico é empírico (testado), em oposição 
ao conhecimento de senso comum, que 
não se fundamenta em estudos e pesqui-
sas, logo, é abstraído de cientificidade.
AtençãoAtenção
Metodologia científica antropológica: 
Etnografia (coleta de dados, pesquisa de 
campo) e Etnologia (análise dos dados 
advindos da pesquisa de campo).
2.3 As Principais Escolas do Pensamento Antropológico Clássico
Entre os séculos XVI e XIX (antes do surgi-
mento da Antropologia como ciência), os relatos 
sobre as especificidades culturais dos povos que 
aqui habitavam eram produzidos de forma espe-
culativa pelos primeiros missionários, viajantes, co-
merciantes que aqui estiveram.
Escola Evolucionista: Século XIX
A Escola Evolucionista – baseada nos estudos 
de Charles Darwin (A origem das espécies, de 1859) 
– acreditava haver superioridade entre as raças. En-
tendia que o progresso viria mediante a evolução 
do estado primitivo para o estado mais “civilizado”, 
ou seja, uns chegariam aos estados de civilização e, 
aos outros, devido às suas incapacidades inatas, o 
mesmo não ocorreria.
Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza
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22
Escola Sociológica Francesa: Séculos XIX e XX
A Escola Sociológica Francesa defendia a in-
vestigação dos fatos sociais totais. Para tal processo 
investigativo, é criada uma metodologia, denomi-
nada regras do método sociológico.
Escola Funcionalista: Século XX
Privilegia a produção dos estudos etnográfi-
cos e etnológicos, bem como da monografia. Me-
diante as diversidades culturais, busca entender as 
formas de funcionamento de determinadas socie-
dades.
Escola Culturalista: Século XX
Entende que, por serem as sociedades dife-
rentes entre si, são distintas também as respectivas 
realidades culturais existentes. Busca estabelecer 
conexões/comparações entre aspectos culturais e 
aspectos da personalidade.
Escola Estruturalista: Século XX
Procura entender de que maneira os homens 
concebem, estruturam, legitimam e reproduzem 
as especificidades culturais, além de investigar as 
estruturas de familiares e de parentesco.
Escola Interpretativa: Século XX
Privilegia a compreensão minuciosa acercado valor, do significado, da interpretação que cada 
grupo social atribui à sua própria cultura.
Escola Crítica: Pós-Modernidade
Nos anos recentes,  os antropólogos se enve-
redaram para uma visão crítica acerca do “saber an-
tropológico”, ou seja, reveem os fundamentos das 
escolas e os elementos teóricos e metodológicos 
que a compõem (LAPLANTINE, 2000).
AtençãoAtenção
As principais escolas do pensamento 
antropológico clássico:
1. Escola Evolucionista: Século XIX;
2. Escola Sociológica Francesa: Séculos 
XIX e XX;
3. Escola Funcionalista: Século XX;
4. Escola Culturalista: Século XX;
5. Escola Estruturalista: Século XX;
6. Escola Interpretativa: Século XX;
7. Escola Crítica: Pós-Modernidade.
Bronislaw Malinowski – O Kula
Bronislaw Malinowski – Polaco (Cracóvia, 1884 – EUA, 1942). Antropólogo, fundador da Antropologia 
Social e Escola Funcionalista. Crítico da Escola Evolucionista. Reconhecido mundialmente, entre ou-
tras razões, pelos estudos/pesquisas de campo desenvolvidos junto aos povos das Ilhas Trobriand, na 
Austrália. Entre sua obra, destaca-se a denominada Os Argonautas do Pacifico (1922), estudo mono-
gráfico-etnográfico realizado junto a tribos da Nova Guiné (Nova Guiné: segunda maior ilha do mun-
do, localizada no Oceano Pacífico – compreendendo parte da América, Ásia, Austrália e Antártida).
Cabe destacar os estudos de Malinowski sobre o Kula (Circuito Kula/Intercâmbio Kula). Trata-se de um 
sistema de trocas intertribais (entre as tribos localizadas em um arquipélago – grupo de ilhas – locali-
zado na Nova Guiné, onde se incluem as Ilhas Trobriand). 
O Ritual Kula: milhares de moradores residentes nesse arquipélago viajavam horas a fio – de ilhas a 
ilhas – para promoverem trocas – dar e receber mercadorias – de importantes valores grupais, tam-
bém conhecidos como “dádivas”. Tal ritual de trocas consistia no respeito às produções das mercado-
rias, ao tempo, ao espaço e às hierarquias, estabelecendo-se dessa forma amplas relações sociais e 
culturais (DURHAM, 1986).
CuriosidadeCuriosidade
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23
Prezado(a) aluno(a),
Espero que tenha gostado, entendido e com-
preendido as discussões antropológicas anterior-
mente apresentadas. Considerando todo o seu es-
copo, cabe destacar os seguintes tópicos:
Definição de Antropologia e seus objeti-
vos: a Ciência Antropológica tem como objetivos 
investigar e compreender os diferentes estilos de 
vida apresentados pelos diversos grupos sociais.
Para tanto, sua metodologia de investigação 
se divide em duas etapas. A primeira, denominada 
Etnografia, está voltada para a realização da pes-
quisa de campo, ou seja, para a coleta de dados. A 
segunda fase, chamada de Etnologia, se destina à 
análise do material coletado em campo.
A Antropologia nos desperta para a impor-
tância do respeito às diferenças de todas as ordens, 
sejam elas sociais, étnicas, econômicas, políticas ou 
filosóficas.
Essa Ciência nos remete à compreensão de 
que não existem supremacias entre os diversos es-
tilos de vida.
Aprendemos, também, que a Antropologia 
divide-se em quatro áreas de conhecimento: 
1. Antropologia Física ou Biológica (aspec-
tos orgânicos);
2. Antropologia Cultural (símbolos, mitos, 
ritos, valores); 
3. Antropologia Social (organização social, 
econômica, política, jurídica); 
4. Arqueologia (sociedades antigas exis-
tentes ou não).
Aprendemos também sobre importantes 
conceitos, tais como: diversidades, cultura, julga-
mentos de valor, etnocentrismo, aculturação, entre 
outras.
Cabe lembrarmos também das principais Es-
colas do Pensamento Clássico, quais sejam: 
1. Escola Evolucionista; 
2. Escola Sociológica Francesa; 
3. Escola Funcionalista; 
4. Escola Culturalista; 
5. Escola Estruturalista; 
6. Escola Interpretativa;
7. Escola Crítica: Pós-Modernidade.
Como mostrado nos tópicos anteriores, o 
conhecimento científico é empírico e não estáti-
co. Logo, de posse dos conhecimentos produzidos 
pelos pensadores responsáveis pelas 7 Escolas ci-
tadas, verificamos que o desenvolvimento do pen-
samento antropológico acompanha as transforma-
ções culturais do homem em sociedade.
2.4 Resumo: Antropologia
Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza
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24
AtençãoAtenção
Gilberto Freire foi antropólogo, sociólogo 
e escritor, sendo referência obrigatória 
nos estudos voltados à Sociologia e An-
tropologia brasileiras. Destaca-se a obra 
Casa-grande & senzala, publicada no ano 
de 1933.
2.5 Clássicos da Antropologia Brasileira
Esta seção tratará de dois clássicos da Antro-
pologia e Sociologia brasileiras: Casa-grande & sen-
zala, de Gilberto Freire, e O povo brasileiro: a forma-
ção e o sentido do Brasil, de Darcy Ribeiro.
Gilberto Freire – Vida e Obra
Gilberto Freire nasceu em Recife, no ano de 
1900, e faleceu em 1987. Foi antropólogo, soció-
logo e escritor de renome internacional, sendo 
uma referência fundamental quando se objetiva 
estudar a formação da sociedade brasileira. Autor 
de vários livros com a temática regional, cultural, 
política e econômica, publicou, em 1933, o clássi-
co Casa-grande & senzala, do qual nos ocuparemos 
adiante.
Em 2010, Flip vai celebrar Gilberto Freyre
“A Festa Literária Internacional de Paraty, o evento literário de maior prestígio do país, vai homenagear 
em sua oitava edição o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre (1900-87). 
[...] Freyre é um dos nomes essenciais para os estudos de interpretação do Brasil. ‘A ideia é que a 
discussão em torno da sua obra possa trazer para o primeiro plano questões que estão na ordem do 
dia. A tentativa de fixar uma ‘identidade brasileira’, a volta do ufanismo nesses últimos anos de era Lula, 
as aspirações de protagonismo do Brasil no cenário internacional’, diz Moura. Freyre ganhou em 2008 
uma retrospectiva no Museu da Língua Portuguesa. 
A maior parte das suas obras está sendo reeditada pela editora Global. A editora vai lançar em julho, na 
véspera da Flip, um inédito do sociólogo que deve provocar muito debate em torno de sua figura, já 
bastante polêmica. Trata-se da segunda parte de suas memórias, ‘De Menino a Homem’, obra inédita 
que permanecia na Fundação Gilberto Freyre, em Recife. [...].”
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2010-flip-vai-celebrar-gilberto-freyre. 
CuriosidadeCuriosidade
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25
Aspectos do pensamento freiriano em Casa-Grande 
& Senzala
Considerada uma obra de especial excelên-
cia, nela Gilberto Freire trata dos elementos econô-
micos, políticos, humanos e regionais responsáveis 
pela gestação populacional brasileira.
Logo no início de seu estudo, Freire mostra 
que o Brasil, país miscigenado, foi formado pelo 
cruzamento de etnias distintas, ou seja, do branco 
europeu, do indígena e do negro africano. Os resul-
tados mais expressivos são verificados, até os dias 
atuais, na constituição do caboclo ou mameluco 
(branco + índio), do mulato (branco + negro) e do 
cafuzo (índio + negro) (FREIRE, 2005).
O povo mulato foi gerado sob duas égides: a 
econômica – era preciso povoar o Brasil, bem como 
se obter mão de obra para o cultivo da terra – e a 
“sexual”, pois  os portugueses passaram a se rela-
cionar sexualmente, primeiramente com as índias 
(nativas) e, mais tarde, com as negras trazidas da 
África. Em ambos os casos, tais relações, em larga 
medida, não eram consentidas.
ƒƒ O Indígena
No que se refere à composição do povo bra-
sileiro, o autor destaca o papel relevante  ocupado 
e desenvolvido pela mulher indígena, pois foram 
elas as responsáveis pela gestação e reprodução 
dos “índios puros” que aqui habitavam, bem como 
pela  primeira geração de povos miscigenados 
(FREIRE,2005).
Freire (2005) trata também das violências fí-
sicas, morais e culturais que vitimaram as popula-
ções indígenas, executadas pelos colonizadores; o 
que pode ser exemplificado na invasão de seus ter-
ritórios, na escravização praticada pelos imigrantes 
europeus, que os forçava  ao trabalho na terra, e nas 
dilapidações religiosas pelo processo de evangeli-
zação (catequese), de responsabilidade dos padres 
jesuítas.
Do ponto de vista econômico, o índio não se 
adaptou ao trabalho escravo tampouco cedeu fa-
cilmente ao processo de aculturação imposto pela 
Igreja Católica. A resistência da cultura indígena re-
sultou em disputa por terras, fugas de seu próprio 
habitat – compuseram, junto aos africanos, os qui-
lombos –, doenças mortais, mortes, destruição de 
famílias inteiras.
Frente a isso, para o cumprimento de seus 
propósitos, os europeus entendem ser necessá-
rio substituir a mão de obra indígena pela mão de 
obra negra, dando início, dessa forma, ao processo 
de escravidão africana (FREIRE, 2005).
ƒƒ O negro africano no Brasil
Dando continuidade aos estudos acerca da 
composição da população brasileira, Freire (2005) 
discute o papel exercido pela mulher negra africa-
na neste particular, que, segundo ele, substitui a 
mulher indígena nos ambientes das casas-grandes, 
bem como no interior das senzalas. Para habitar 
as casas-grandes, os senhores escolhiam aquelas 
que consideravam ser as mais belas e sensuais, a 
fim de  desenvolverem as funções domésticas, os 
cuidados com as crianças, bem como para servi-los 
sexualmente.
DicionárioDicionário
Miscigenado: “Cruzamento inter-racial; mestiça-
mento, mestiçagem, caldeamento.” 
(FERREIRA, 1999)
DicionárioDicionário
Dilapidações: “1. Ato ou efeito de dilapidar, des-
barato, esbanjamento. 2. Roubo; furto.”
(FERREIRA, 1999)
AtençãoAtenção
Na obra Casa Grande & Senzala, Gilberto 
Freire discute os diversos aspectos sociais, 
econômicos e culturais que contribuíram 
para a formação da família e da socieda-
de brasileiras. Reflete, igualmente, o pro-
cesso de miscigenação, o patriarcalismo, 
bem como as relações étnico-sociais en-
tre brancos, negros e índios. 
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Darcy Ribeiro – Vida e Obra
Darcy Ribeiro nasceu em 1922, na cidade de 
Montes Claros (Minas Gerais), e faleceu em 1997. Foi 
antropólogo, professor e escritor. Entre outras ativi-
dades de consideráveis envergaduras, dedicou-se 
aos estudos relacionados à Educação e à questão 
indígena. Fundou o Museu do Índio e criou a Uni-
versidade de Brasília, da qual foi o primeiro reitor.
Antropólogo e educador brasileiro Darcy Ribeiro
Nascimento: 26/10/1922, Montes Claros (MG)
Morte: 17/2/1997, Brasília (DF) 
“Já sabendo que sua doença era terminal, Darcy Ribeiro confessou no livro de memórias: ‘Termino esta 
minha vida já exausto de viver, mas querendo mais vida, mais amor, mais saber, mais travessuras.’ Tudo 
muito coerente com quem sempre se declarou um ‘fazedor’.
Filho de farmacêutico e professora, Darcy Ribeiro mudou-se para o Rio de Janeiro com o objetivo de 
estudar medicina. Até ingressou na faculdade, mas abandonou o curso depois de três anos.
Transferiu-se para São Paulo, indo estudar ciências sociais na Escola de Sociologia e Política e ali 
graduando-se em 1946. Depois, em 1949, entrou para o Serviço de Proteção aos Índios (antecessor da 
Funai), onde trabalharia até 1951. Passou várias temporadas com os indígenas do Mato Grosso (então 
um só estado) e da Amazônia, publicando as anotações feitas durante essas viagens. Colaborou ainda 
para a fundação do Museu do Índio (que dirigiu) e a criação do parque indígena do Xingu.
Na época, Darcy Ribeiro escreveu diversas obras de etnografia e defesa da causa indigenista, contribuindo 
com estudos para a Unesco e a Organização Internacional do Trabalho. Em 1955, organizou o primeiro 
curso de pós-graduação em antropologia, na Universidade do Brasil (Rio de Janeiro), onde lecionou 
etnologia até 1956.
No ano seguinte, passou a trabalhar no Ministério da Educação e Cultura. Lutou em defesa da escola 
pública e (junto com Anísio Teixeira) fundou a Universidade de Brasília (da qual seria reitor em 1962-3).
Em 1961, foi ministro da Educação no governo Jânio Quadros. Mais tarde, como chefe da Casa Civil no 
governo João Goulart, desempenhou papel relevante na elaboração das chamadas reformas de base. 
Com o golpe militar de 1964, Darcy Ribeiro teve os direitos políticos cassados e foi exilado.
Viveu então em vários países da América Latina, defendendo a reforma universitária. Foi professor 
na Universidade Oriental do Uruguai e assessorou os presidentes Allende (Chile) e Velasco Alvarado 
(Peru). Naquele período, Darcy Ribeiro redigiu grande parte de sua obra de maior fôlego: os estudos 
antropológicos da ‘Antropologia da Civilização’, em seis volumes (o último, ‘O Povo Brasileiro’, ele 
publicaria em 1995).
Em 1976, retornou para o Brasil, dedicando-se à educação pública. Quatro anos depois, foi anistiado, 
iniciando uma bem-sucedida carreira política. Em 1982, elegeu-se vice-governador do Rio de Janeiro. 
Nesse cargo, trabalhou junto ao governador Leonel Brizola na criação dos Centros Integrados de 
Educação Pública (Ciep). Em 1990, foi eleito senador, posto em que teve destacada atuação.
Em 1992, passou a integrar a Academia Brasileira de Letras. Além da obra antropológica, Darcy Ribeiro 
publicou os romances ‘Maíra’, ‘O Mulo’, ‘Utopia Selvagem’ e ‘Migo’.
No último ano de vida, Darcy Ribeiro dedicou-se a organizar a Fundação Darcy Ribeiro, com sede na 
antiga residência em Copacabana (no Rio de Janeiro).
Vítima de câncer, Darcy Ribeiro morreu aos 74 anos.”
 Fonte: http://educacao.uol.com.br/biografias/darcy-ribeiro.jhtm.
CuriosidadeCuriosidade
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O povo brasileiro
Em O povo brasileiro, Darcy Ribeiro (2005) ini-
cia a sua discussão tratando da composição étnica 
da população brasileira, enfocando o processo da 
miscigenação.
Ao tratar dos primórdios da colonização bra-
sileira, logo de pronto, discute o “choque cultural” 
ocorrido entre os índios e os europeus: de um lado, 
estavam os europeus, com suas visões etnocên-
tricas, e, de outro, os indígenas, com suas culturas 
próprias. Assim como Freire, Darcy Ribeiro discute 
– entre outros – a composição da população brasi-
leira e reflete sobre o delicado tema voltado à iden-
tidade étnica dos grupos miscigenados. Questiona: 
o mestiço de qualquer etnia, como se identifica e 
é identificado etnicamente? Posteriormente, apro-
funda e amplia a discussão acerca da identidade 
étnica dos cafuzos, mamelucos e mulatos, asso-
ciando-os às variáveis socioeconômicas.
Ao investigar as condições de vida do povo 
brasileiro, Ribeiro não se furta da discussão acerca 
das acentuadas e perversas contradições de clas-
ses sociais existentes na sociedade brasileira, nas 
quais os grupos mais afetados são justamente os 
descendentes daqueles que construíram o país. Ao 
se referir às suas especificidades culturais e econô-
micas, classifica o Brasil em cinco “diferentes Brasis”, 
da seguinte forma:
1. Brasil crioulo: predominantemente no li-
toral do país, sendo caracterizando pela 
cultura da cana-de-açúcar/engenho açu-
careiro;
2. Brasil caboclo (mamelucos): predomi-
nantemente na região do Amazonas, 
sendo caracterizado pelo extrativismo;
3. Brasil sertanejo: predominantemente na 
região Nordeste, sendo caracterizado 
pela economia pastoril, agreste e caatin-
ga;
4. Brasil caipira: predominantemente nas 
regiões Sudeste e Centro-Oeste, sendo 
caracterizado pelas economias minera-
doras e do café;
5. Brasil sulino: predomínio dos gaúchose 
imigrantes europeus, na região Sul, e ja-
poneses, em São Paulo (RIBEIRO, 2005).
Analisando cada um desses “cinco Brasis”, 
Ribeiro (2005) mostra que, de um lado, a riqueza 
da diversidade étnica, da miscigenação, deve ser 
destacada e enaltecida, mas, de outro, chama a 
atenção para as perversidades econômicas e seus 
efeitos devastadores.
AtençãoAtenção
Darcy Ribeiro: antropólogo, professor e 
escritor de renome internacional. Dedicou 
parte de sua vida aos estudos voltados à 
população indígena (fundador do Museu 
do Índio, em 1953) e à Educação (foi um 
dos fundadores da Universidade de Brasí-
lia, no ano de 1962). Entre sua bibliografia, 
destaca-se O povo brasileiro: a formação e o 
sentido do Brasil, publicado em 1995. Nes-
sa obra, Darcy Ribeiro discute os aspectos 
sociais, econômicos, geográficos, políticos 
e culturais que compõem a sociedade 
brasileira. As relações étnico-sociais entre 
brancos, negros e índios também se fa-
zem presentes. 
DicionárioDicionário
Primórdios: “1. Aquilo que se organiza ou se or-
dena primeiro. 2. Fonte; origem; princípio.”
(FERREIRA, 1999)
DicionárioDicionário
Devastadores: “Devastação”: “1. Destruição vandá-
lica. 2. Ruína proveniente de grande desgraça. 3. 
Assolação; destruição.”
(FERREIRA, 1999)
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A esse respeito, estudos mostram que, à me-
dida que se acentuam as situações de miserabili-
dade e as privações – verificadas, sobretudo, na 
escassez da oferta de trabalho e de emprego –, 
elevam-se igualmente  as situações de violência, 
verificadas nos  casos de homicídios, suicídios, uso 
e tráfico de drogas, e agravamento das doenças fí-
sicas e emocionais.
AtençãoAtenção
Os cinco “diferentes Brasis”:
1. Brasil crioulo;
2. Brasil caboclo; 
3. Brasil sertanejo; 
4. Brasil caipira;
5. Brasil sulino.
Caro(a) aluno(a),
Certamente gostou e apreendeu os princi-
pais pensamentos de Gilberto Freire (Casa Grande 
& Senzala) e Darcy Ribeiro (O povo brasileiro).
Vamos retomá-los?
Gilberto Freire: preocupa-se em apresentar 
uma leitura científica acerca da formação da família 
brasileira. Para tanto, desenvolve um estudo etno-
gráfico por todo o país, inclusive no exterior.
Com tal metodologia, discute e valoriza as 
diversidades sociais relativas às populações indíge-
na, negra e europeia. Diz ele: “em outubro de 1930 
ocorreu-me a aventura do exílio. Levou-me primei-
ro à Bahia; depois Portugal, com escala pela África. 
O tipo de viagem ideal para os estados e as preocu-
pações que esse ensaio reflete.” (FREIRE, 2005, p. 9).
Importante considerar a fundamental con-
tribuição de Gilberto Freire para o desmonte dos 
pensamentos evolucionistas, por meio da defesa 
do Culturalismo.
Darcy Ribeiro: como visto, assim como Gil-
berto Freire, Ribeiro busca pela formação da popu-
lação brasileira considerando os aspectos patriar-
cais, culturais e da miscigenação, no entanto o faz 
com críticas ao violento processo de colonização e 
escravização das populações indígena e negra. 
Ainda a esse respeito, avança nas discussões 
considerando as especificidades sociais e culturais 
presentes nas cinco regiões brasileiras, o que deno-
minou como sendo “os cinco brasis”.
Condena as posturas evolucionistas enalte-
cendo, portanto, as especificidades étnicas de to-
dos aqueles que compõem a sociedade brasileira.
Nas palavras do autor: “faltava ainda uma 
teoria da cultura, capaz de dar conta da nossa rea-
lidade, em que o saber erudito é tantas vezes espú-
rio e o não saber popular alcança, constantemente, 
atitudes críticas, mobilizando consciências para 
movimentos profundos de reordenação social.” (RI-
BEIRO, 2005, p. 16).
2.6 Resumo do Capítulo
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2.7 Atividades Propostas
1. Cite as áreas do conhecimento que compõem a Ciência Antropológica.
2. O que é e quais são os objetivos da Ciência Antropológica?
3. De que forma podemos conceituar cultura?
4. Como conceituar julgamento de valor?
5. Qual é a metodologia científica utilizada pela Antropologia quando do desenvolvimento de 
seus estudos/pesquisas?
6. Cite as principais escolas do pensamento antropológico clássico. 
7. Quem foi Gilberto Freire? Qual é a sua obra de maior expressão? Do que trata este estudo?
8. Quem foi Darcy Ribeiro? Qual é a sua obra de maior expressão? Do que trata este estudo?
9. Ainda considerando a obra O povo brasileiro, de que forma Darcy Ribeiro classifica os cinco 
“diferentes Brasis”?
10. Ainda a esse respeito, o que quis dizer o autor com tal classificação?
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Existe um conceito-chave para o conheci-
mento das organizações: o de práticas sociais. An-
tes, porém, é bom lembrar que as relações sociais 
articulam-se com os agentes coletivos que cons-
tituem o objeto de estudo das Ciências Sociais. 
Nesse sentido, são elas as relações de produção, as 
relações de poder e as relações de saber. A combi-
nação desses três gêneros de relação define o cor-
po do espaço social. Isso ocorre porque as relações 
coletivas articulam agentes empenhados em inte-
rações sobre as realidades materiais e imateriais; 
demarcam, portanto, processos de transformação 
da natureza e da sociedade. São esses processos 
que denominamos práticas sociais, sendo que mui-
tas práticas correspondem a rituais, cerimoniais ou 
ritos, mas, por definição, são processos de trabalho, 
atividades padronizadas que visam a transformar o 
mundo.
Nesse sentido, as práticas sociais envolvem 
dispêndios de energia e movimentação de bens 
e de agentes. No mais, parecem celebrar a con-
vivência social, pois, a despeito das turbulências 
que produzem, ocorrem de forma ordenada, ficam 
adequadas a figurinos previamente estabelecidos, 
obedecem a formalidades, mobilizam disciplinas  
“pequenas” e  exigem o cumprimento de deveres. 
Em suma, as práticas sociais são conjuntos pla-
nejados de atividades, ou empreendimentos em 
termos gerais, que implicam intervenções na rea-
lidade. Por isso, as normas sociais inspiram-se em 
valores e são, por isso mesmo, socialmente contro-
ladas, desenvolvem-se de maneira estruturada ao 
obedecer a padrões recorrentes, constituem a di-
nâmica da própria vida social e representam a cha-
ve para a reprodução das relações vigentes numa 
dada sociedade.
Para isso, faz necessário pensar numa organi-
zação que integre o poder da empresa e as organi-
zações sociais. Nesse aspecto, o setor empresarial 
se depara com um grande desafio no final deste sé-
culo, que poderá colocá-lo como importante ator 
na construção de uma nova sociedade.
Diante das novas tecnologias e da moderni-
zação econômica, a sociedade civil tem assumido 
uma função estratégica e fundamental.  No perío-
do liberal, o empresariado priorizava o modelo 
metal de sociedade, isto é, fundamentava-se em 
dois grandes setores: o privado e o público. O sé-
culo XXI caracteriza-se pela consolidação da ideo-
logia neoliberal e uma nova categoria conceitual, 
a das organizações da sociedade civil, o chamado 
terceiro setor.
DicionárioDicionário
Liberal: “li.be.ral. adj (lat liberale). 1. Dadivoso, fran-
co, generoso. 2. Amigo da liberdade política e ci-
vil. 3. Próprio de homem livre. 4. Que tem idéias 
avançadas sobre a vida social. 5. Que tolera e acei-
ta opiniões diferentes das suas; tolerante, indul-
gente. 6. Amplo, grande, abundante. 7. Diz-se de 
profissões de nível superior como o magistério, a 
advocacia, a medicina, a engenharia etc. Antôn 
(acepção 1): avarento. s m+f Pessoa partidária da 
liberdade política e religiosa.” 
(FERREIRA, 1999)
AtençãoAtenção
O terceiro setor é constituído por orga-
nizações sem fins lucrativos e não gover-
namentais, que têm comoobjetivo gerar 
serviços de caráter público.
ASPECTOS SOCIAIS E ANTROPOLÓGICOS 
APLICADOS ÀS ORGANIZAÇÕES: PODER 
E PRÁTICAS SOCIAIS
3
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O terceiro setor, tendo a solidariedade como 
valor básico das relações entre as pessoas, apresen-
ta uma alternativa para o individualismo prevale-
cente nas relações mercantilistas. O mercado seria, 
metaforicamente, como um corpo sem alma. O 
terceiro setor não coloca como referência de suas 
relações a cumulação material, mas a mudança 
qualitativa das pessoas, ou seja, o desenvolvimen-
to humano. Instituem-se, dessa forma, condições 
para que os atores sociais recuperem a sua dimen-
são humana e, com isso, possam aumentar a sua 
participação como cidadãos na construção de uma 
sociedade para todos.
Diante da participação ativa da sociedade or-
ganizada e da preocupação de alguns setores do 
empresariado, surgiu a empresa de responsabilida-
de social, que tem seus dirigentes como responsá-
veis pela função social da empresa. Inicialmente, o 
investimento social visa a uma melhor qualidade 
de vida para a comunidade, além da aceitação dos 
seus produtos e da sua marca pela sociedade, ob-
jetivando o lucro, que fundamenta o patrimônio da 
empresa.
No entanto, observa-se que os governos 
procuram destacar os indicadores de desenvolvi-
mento humano. Cada vez mais, as empresas serão 
questionadas não somente por seus resultados 
econômicos, mas também pelo seu “balanço so-
cial”. Logo, a parceria que envolve as organizações 
e a sociedade civil organizada pode ser uma viabi-
lidade para as demandas por melhoria nas condi-
ções de vida e bem-estar social.
DicionárioDicionário
Metáfora: “me.tá.fo.ra. sf (gr metaphorá). Ret Em-
prego de uma palavra em sentido diferente do 
próprio por analogia ou semelhança: Esta cantora 
é um rouxinol (a analogia está na maviosidade).”
(FERREIRA, 1999)
3.1 A Relação da Força de Trabalho e a Geração de Valor
Entende-se que o trabalho é uma faculdade 
quase exclusivamente humana. Diante disso, para 
garantir a sobrevivência da sua espécie, o homem 
sempre investiu na transformação de objetos natu-
rais em produtos sociais. Essa transformação cons-
titui a prática social básica da humanidade, ou seja, 
a constituição do trabalho como parte integral das 
coletividades humanas.
O trabalho é o cerne da produção econômica, 
de modo que, sem ele, a vida em sociedade seria 
inviabilizada e a geração de valor não surtiria efei-
to.  Todavia, não se deve confundir trabalho com 
emprego. Esse último consiste em prestar serviços 
a um empregador, sob a dependência dele e me-
diante alguma forma de pagamento. Tal atividade 
se caracteriza por certa permanência no tempo ou 
pela eventualidade. Já o trabalho caracteriza-se por 
meio de outra natureza: refere-se a um processo de 
transformação do mundo, a uma intervenção ope-
rada por um trabalhador sobre uma matéria-prima, 
com auxílio de um equipamento ou de uma ferra-
menta, resultando na concretização do produto.
Todo trabalho possui uma capacidade ímpar: 
a de produzir mais do que seu agente consome, 
para repor as energias gastas. Vale dizer que todo 
trabalho pode gerar excedentes econômicos; en-
tão, onde reside o segredo do processo de traba-
lho? Na capacidade de acrescentar um valor a mais, 
uma riqueza maior do que a necessária para repro-
duzir a própria energia despendida.
Entretanto, as relações de trabalho e confli-
tos entre patrões e empregados dominam o ce-
nário histórico desde o advento da indústria e se 
tornaram elementos essenciais das posições po-
líticas nas mais diversas instituições. A sociedade 
pós-industrial, também chamada sociedade pós-
-moderna, passa por transformações profundas 
nesse setor. A mecanização do processo produtivo 
assume dimensões nunca vistas; com o desenvol-
vimento da robótica, cada vez mais as fábricas em-
Abordagens Socioantropológicas
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pregam um contingente menor de operários, cau-
sando desemprego estrutural e redução de cargos 
e serviços.
A Sociologia do Trabalho procura compreen-
der e analisar a dinâmica da sociedade que não 
tem no trabalho seu principal objetivo, pois, menos 
em relação ao contingente de operários emprega-
dos, há uma tendência para a redução da jornada 
do trabalho. Diante das transformações que ocor-
rem nas empresas e indústrias, novas relações de 
trabalho se organizam. Essas relações de trabalho 
e renda estão cada vez mais presentes no setor de 
prestação de serviços, no trabalho individual, no 
trabalho não registrado ou temporário, entre ou-
tros; são meios que estão substituindo as relações 
empregatícias.
3.2 As Relações Sociais e o Mundo do Trabalho
Em toda sociedade, a produção econômica é 
considerada uma das principais atividades de um 
povo. Pode-se dizer que o homem, por meio do 
seu trabalho, produz bens e serviços; assim, viver 
socialmente significa participar de toda cadeia de 
produção, tendo como sua principal atividade eco-
nômica a produção, a distribuição, a circulação dos 
bens e serviços. Em suma, a organização dos indiví-
duos incorpora a vida econômica de uma nação ou 
grupo social, ou seja, aglutina desde a produção e 
distribuição até o consumo de bens e serviços.
Em síntese, o processo de produção se de-
senvolve em três elementos principais:
ƒƒ trabalho;
ƒƒ matéria-prima;
ƒƒ instrumentos de produção.
O trabalho é uma atividade exercida pelo ho-
mem, seja ela física ou mental. No entanto, os bens 
e serviços que resultam desse trabalho podem ser 
vistos como uma atividade manual ou intelectual, 
pois ambas almejam a obtenção de bens e servi-
ços. Nesse sentido, vale dizer que toda atividade 
manual está inserida numa atividade mental. Haja 
vista, algumas profissões exigem do trabalhador 
uma atividade intelectual maior; por exemplo, um 
engenheiro da Construção Civil tem obrigações e 
exigências intelectuais maiores do que o mestre de 
obras. É visível a relação de interdependência en-
tre os dois tipos de atividade, manual e intelectual; 
logo, conclui-se que não existe trabalho exclusiva-
mente manual ou exclusivamente intelectual. Há, 
de fato, um predomínio para cada tipo de trabalho.
No decorrer da sua execução, o trabalho 
pode ser visto por meio de uma classificação, isto 
é, cada pessoa exerce sua atividade de acordo com 
sua capacidade. Portanto, o trabalho classifica-se 
em trabalho qualificado e trabalho não qualifi-
cado:
Saiba maisSaiba mais
Trabalho qualificado: é aquele que não se realiza sem o grau de 
conhecimento e aprendizagem.
Trabalho não qualificado: refere-se a toda e qualquer atividade 
que pode ser realizada praticamente sem aprendizagem, ou seja, de 
maneira intuitiva ou pela repetição.
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No entanto, a matéria-prima é nada mais do 
que elementos que, em processo de produção, são 
convertidos em bens para satisfazer às necessida-
des do grupo social. Portanto, os instrumentos de 
produção estão ligados à ação transformadora da 
matéria-prima, em conjunto com as ferramentas 
de trabalho, ou seja, os equipamentos e as máqui-
nas. Além disso, existem os instrumentos de pro-
dução que atuam de forma indireta. Nesse caso, 
podemos incluir o local de trabalho e as condições 
físicas necessárias, como, por exemplo, iluminação, 
ventilação, entre outros. Em suma, o instrumento 
de produção é todo bem utilizado pelo homem na 
produção de outros bens e serviços. Todavia, sem 
matéria-prima e instrumentos de produção, não 
será possível produzir nada. Eles são meios mate-
riais essenciais para a efetivação de todo tipo de 
trabalho. Por isso, são denominados meios de pro-
dução.
As relações

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