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Direito Civil - Responsabilidade Civil: Excludentes; Do Estado; Liquidação do Dano; Dano Moral e Material;

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Resumo 2º Bimestre
Direito Civil IV
Excludentes da Responsabilidade
1. Conceito
	Há situações que provocam prejuízos ao direito de outrem, mas não constituem atos ilícitos. Pois, incluídos no rol de direito subjetivos, relacionados à ordem jurídica, são sancionados e protegidos por lei. 
2. Causas
	As hipóteses que se enquadram na isenção de responsabilidade aparecem contempladas em lei, que retira dos atos a qualificação de ilicitude. São eles, de acordo com o artigo 188 do Código Civil:
	- os atos praticados em legitima defesa
	- os atos praticados no exercício regular de um direito reconhecido
	- os atos praticados por estado de necessidade
3. Culpa exclusiva da vítima
	É causa que afasta a responsabilidade o fato da vítima, ou a sua culpa exclusiva. Quando a conduta da vítima desencadeia a lesão, ou se constitui fato gerador do evento danoso, sem qualquer participação de terceiros, ou das pessoas com a qual convive e está subordinada. 
4. Ato de terceiro 
	Quando o ato de terceiro é a causa exclusiva do prejuízo, desaparece a relação de causalidade entre a ação ou omissão do agente e dano. Somente quando o fato de terceira se revestir das características semelhantes ao caso fortuito, sendo previsível e inevitável, é que poderá ser excluída a responsabilidade do causador direito do dano. 
Responsabilidade Civil do Estado
1. Responsabilidade civil da Administração Pública na CF88
	Houve alteração da CF/88, em relação à anterior, no tocante a responsabilidade civil da Adm. Pública. Estendeu-se essa responsabilidade, expressamente, às pessoas jurídicas de direito público e às de direito privado, prestadora de serviços públicos. 
	A CF/88, trouxe alteração no concernente à responsabilidade civil, inspirada no princípio basilar do novo Direito Constitucional de sujeição de todas as pessoas, públicas ou privadas, aos ditames da ordem jurídica, de modo que a lesão aos bens jurídicos de terceiros traz como consequência para o causador do dano a obrigação de repará-la. 
2. Responsabilidade civil do Estado pelos atos omissivos de seus agentes
	A responsabilidade do Estado no Direito brasileiro é ampla. Porém, não é qualquer prejuízo patrimonial relacionável com ações ou omissões do Estado que o engaja na obrigação de indenizar. 
	Quando o comportamento lesivo é comissivo, os danos são causados pelo Estado. Causa é o evento que produz do resultado. O art. 107 da CF estabelece que o Estado responde pelos danos causados. No caso de dano por comportamento comissivo, a responsabilidade do Estado é objetiva. 
	Quando o comportamento lesivo é omissivo, os danos são causados pelo Estado, mas por evento alheio a ele. A omissão é condição do dano, porque propicia sua ocorrência. Condição é o evento cuja ausência enseja surgimento do dano. No caso de dano por comportamento omissivo, a responsabilidade do Estado é subjetiva. O Estado responde por omissão, quando devendo agir, não o fez, inocorrendo no ilícito de deixar de obstar àquilo que podia impedir e estava obrigado a fazê-lo. 
3. Sujeitos passivos da ação: Estado e agente
	A ação de indenização, proposta pela vítima, pode ter como sujeito passivo o próprio agente público ou mesmo o Estado. Isso porque age aquele como elemento ativo do órgão de um organismo moral, cuja formação e exteriorização da vontade depende para atuar. Portanto, pode o particular, se fundada a ação em culpa ou dolo do agente público, propor a ação contra o Estado e contra o agente, como responsáveis solidários, ou até mesmo só contra o agente público. 
	O legislador constituinte bem separou as responsabilidades: o Estado indeniza a vítima; o funcionário indeniza o Estado. Entretanto, demostrada desde logo a responsabilidade subjetiva, isto é, a culpa do servidor, tem o STF admito que a ação de indenização se exerça diretamente contra o causador do dano. 
4. Denunciação da lide ao funcionário ou agente público
	O instituto, nem sempre adequadamente utilizado, não se destina ao indiscriminado chamamento ao processo de terceiros, pela só razão de se entrever a existência de direito de regresso, o que poderia levar a situações absurdas e perturbadoras da relação processual, com prejuízos a seu regular desenvolvimento. Se a litisdenunciação dificulta o andamento do processo, deverá ser rejeitada. A litisdenunciação que causa demora no andamento do processo ofenderia a própria finalidade do instituto, que é garantir a economia processual na entrega da prestação jurisdicional. 
5. Responsabilidade do Estado por atos judiciais
	Durante muito tempo entendeu -se que o ato do juiz é uma manifestação da soberania nacional. O exercício da função jurisdicional se encontra acima da lei e os eventuais desacertos do juiz não poderão envolver responsabilidade civil do Estado. No entanto, soberania não quer dizer irresponsabilidade. 
	A independência da magistratura também não é argumento que possa servir de base à tese de irresponsabilidade estatal, porque a responsabilidade seria do Estado e não atingiria a independência funcional do magistrado. Igualmente, não constitui obstáculo a imutabilidade da coisa julgada. 
	Seja o ato voluntário ou involuntário, todo erro que produza consequências danosas deve ser reparado, respondendo o Estado civilmente pelos prejuízos, a ele assegurado o direito de regresso contra o agente público responsável pela prática do ato. 
	Atualmente, diz-se que a responsabilidade do Juiz não é nem objetiva e nem subjetiva, ela é condicionada ao dolo, fraude e ao retardamento de ato de ofício sob sua competência, como já mencionado no artigo 133 do CPC. Quando o legislador instituiu essa modalidade de responsabilização condicionada, deixou à margem a responsabilização do magistrado em casos de imprudência, negligência e imperícia, sob a justificativa de preservar a atividade jurisdicional.
6. Responsabilidade do Estado por atos legislativos
	Se da lei inconstitucional resulta algum dano aos particulares, caberá a responsabilidade do Estado, desde que a inconstitucionalidade tenha sido declarada pelo poder judiciário. É imprescindível que se verifique o nexo de causalidade entre a lei e o dano ocorrido. O Estado responde civilmente por danos causados aos particulares pelo desempenho inconstitucional da função de legislar. 
	Para Caio Mário, no tocante de lei constitucional, afirma que é na teoria do risco social que se encontra suporte o princípio da responsabilidade do Estado pela atividade legislativa, quando esta rompe o equilíbrio dos encargos e vantagens sociais em prejuízo de certas pessoas somente. 
Do dano e sua liquidação
1. Conceito e requisitos
	Dano, em sentido amplo, vem a ser a lesão de qualquer bem jurídico, em sentido estrito, dano é a lesão do patrimônio; e patrimônio é o conjunto das relações jurídicas de uma pessoa, apreciáveis em dinheiro.
	Indenizar significa reparar o dano causado à vítima, integralmente. Se possível restaurando o status quo ante. Porém, como na maioria dos casos se torna impossível tal feito, busca-se uma compensação em forma de pagamento de uma indenização monetária. 
	O dano patrimonial, em toda sua extensão, há de abranger aquilo que efetivamente se perdeu e aquilo que se deixou de lucrar: o dano emergente e o lucro cessante. 
	Não se pode falar em responsabilidade civil ou dever de indenizar se não houve dano. Ação de indenizar sem dano é pretensão sem objeto, ainda que haja violação de um dever jurídico e que tinha existido culpa ou até mesmo dolo pelo infrator. 
	Nenhuma indenização será devida se o dano não for “atual” e “certo”. Isto porque nem todo dano é ressarcível, mas somente o que preencher os requisitos de certeza e atualidade.
	Atual é o dano que já existe no momento da ação de responsabilidade: certo, isto é, fundado sobre fato preciso e não sobre hipótese. 
	Para apuração dos lucros cessantes, não basta a simples possibilidade de realização do lucro, embora não seja indispensável a absoluta certeza de que esse se teria verificado sem a interferência do evento danoso. O que deve existiré uma probabilidade objetiva que resultou do curso normal das coisas. 
2. Espécies de dano
	No campo dos danos temos, de um lado, a categoria dos danos patrimoniais (materiais), do outro, os chamados danos extrapatrimoniais (morais). Material é o dano que afeta somente o patrimônio do ofendido. Moral é o que só ofende o devedor como ser humano, não lhe atingindo o patrimônio.
	O dano pode ser, ainda, direto e indireto. Dano indireto se configura quando uma pessoa sofre reflexo de um dano causado a outrem.
	Alguns autores distinguem, ressarcimento, reparação e indenização. Ressarcimento é o pagamento de todo o prejuízo material sofrido, abrangendo o dano emergente e o lucro cessante, o principal e os acréscimos que lhe adviriam com o empo e com o emprego da coisa. Reparação é a compensação pelo dano moral, a fim de minorar a dor sofrida pela vítima. E a indenização é reservada para a compensação do dano recorrente de ato ilícito do Estado, lesivo do particular. 
Do dano material
1. Titulares da ação e ressarcimento do dano material
	Compete à vítima da lesão pessoal ou patrimonial o direito de pleitear a indenização. Vítima é quem sofre prejuízo. 
	Os herdeiros da vítima têm igual direito de pleitear a indenização. A ação de indenização se transmite como qualquer outra ação ou direito aos sucessores da vítima. A ação que se transmite aos sucessores supõe prejuízo causado em vida da vítima. 
	Tem sido admitido, atualmente o direito da companheira de receber indenização, quando se trata efetivamente daquela que viveu com o falecido, ou seja, quando comprovada a união estável. 
2. Perdas e danos: dano emergente e lucro cessante
	As perdas e danos compreendem, pois, o dano emergente e o lucro cessante. Devem cobrir todo o dano material experimentado pela vítima.
	Dano emergente é o efetivo prejuízo, a diminuição patrimonial sofrida pela vítima. Lucro cessante é a frustração da expectativa de lucro. É a perda de um ganho esperado. Na liquidação apura-se o quantum da indenização. A estimativa do dano emergente se processa com mais facilidade, porque é possível estabelecer-se com precisão o desfalque do patrimônio. Em se tratando de lucros cessantes, atuais ou potenciais, a razão é o bom senso. 
3. Alteração da situação e dos valores
	Para que a reparação do dano seja completa, a indenização, além de sujeita a correção monetária, deve ser acrescida de juros. Integram eles a obrigação de indenizar, e injustiça seria cometida à vítima se não fossem computados. 
Do dano moral
1. Conceito
	Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integre os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, a intimidade, o bom nome etc., e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação. 
2. Configuração do dano moral
	Para Sérgio Cavalieri, só se deve reputar como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio do seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa ou irritação estão fora da orbita do dano moral, pois não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico. 
3. Titulares da ação de reparação do dano moral
	Pode-se afirmar que, além do próprio ofendido, poderão reclamar a reparação do dano moral, dentre outros, seus herdeiros, seu cônjuge ou companheira e os membros de sua família a ele ligados afetivamente. 
	No que tange os incapazes (amentais), o reconhecimento do dano moral por lesão ou ofensa às pessoas deve ser feito caso a caso, segundo as circunstâncias e as condições da pessoa objeto da ofensa, não havendo como estabelecer critérios padronizados ou fixar posição única.
	A pessoa jurídica, pode sofrer dano moral e, portanto, está legitimada a pleitear a sua reparação. Malgrado não tenha direito à reparação do dano moral subjetivo, por não possuir capacidade afetiva. 
4. A prova do dano moral
	O dano moral, salvo em casos especiais, dispensa prova em concreto, pois se passa no interior da personalidade e existe in re ipsa. Trata-se de presunção absoluta.
5. Natureza jurídica da reparação
	A reparação pecuniária do dano moral é um misto de pena e de satisfação compensatória, tendo função: penal, ou punitiva, constituindo uma sanção imposta ao ofensor; e satisfatória ou compensatória, pois, visa proporcionar ao prejudicado uma satisfação que atenue a ofensa causada. 
6. Critério para o arbitramento da reparação
	a) evitar a indenização simbólica e enriquecimento sem justa causa, ilícito ou injusto da vítima;
	b) não aceitar a tarifação, pois despersonaliza e desumaniza, e evitar porcentagem do dano patrimonial;
	c) diferenciar o montante indenizatório segundo a gravidade, extensão e natureza da lesão;
	d) verificar a repercussão pública provocada;
	e) atentar às peculiaridades do caso;
	f) averiguar as vantagens obtidas pelo lesante, mas também sua atitude ulterior e situação econômica;
	g) apurar o real valor do prejuízo sofrido pela vítima;
	h) verificar a intensidade do dolo ou o grau de culpa do lesante;
	Por fim, na quantificação do dano moral, o arbitramento deverá, portanto, ser feito com bom senso e moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, à gravidade da ofensa, ao nível socioeconômico do lesante, à realidade da vida e às particularidades do caso.

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