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Artigo Aula 12 PIB e Taxa Celic

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Cascavel – PR – 17 a 19 de junho de 2008 
 
 
 
PIB, TAXA SELIC E SUA INFLUÊNCIA SOBRE OS INVESTIMENTOS EM 
FORMAÇÃO DE CAPITAL FIXO NA ECONOMIA BRASILEIRA 
 
 
Área: 3 – Economia 
 
Edir Fernando Machado 
Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão – FECILCAM – 
edirfernando@bol.com.br 
 
Rosangela Maria Pontili 
Profª Assistente da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (FECILCAM) 
Endereço: Av. Guilherme de Paula Xavier, 295, Ap. 202 
Campo Mourão/PR – CEP 87.302-050 
E-mail: rpontili@yahoo.com.br 
 
Resumo 
 
A riqueza de um país é medida pelo seu PIB (Produto Interno Bruto). Essa produção é 
desenvolvida pelas empresas, que combinam mão-de-obra, capital e tecnologia para 
desenvolver a produção e tem a frente pessoas com capacidade inovadora e que assumem 
riscos para a realização de empreendimentos. Essas são características de indivíduos 
chamados de empreendedores, que se distingue um pouco do conceito do empresário que 
responde pelo bom desempenho da empresa. A produção depende de investimento, que se 
constitui em gastos que aumentam o estoque de capital, os quais são rodeados de incertezas, 
devido às expectativas quanto ao futuro. No Brasil, o nível de investimento é acentuado, 
tendo períodos de crescimento, estagnação e redução. Em vista disso, o presente trabalho 
mostra de que modo a taxa de juros e o PIB afetam o nível de investimento privado no Brasil. 
A metodologia utilizada baseou-se em representar o investimento pela Formação de Capital 
Fixo, desenvolvendo uma regressão linear múltipla, com o PIB e a taxa de juros Selic como 
variáveis explicativas. Os dados utilizados foram obtidos através do Ipeadata. Os resultados 
mostraram que o PIB afeta positivamente a formação de capital fixo. Além do mais, o 
investimento privado é influenciado negativamente pela taxa de juros, a qual é vista pelo 
empresário como um custo de oportunidade e pelo governo como ferramenta a ser utilizada 
no controle da inflação. A inclusão de uma variável binária no modelo mostrou que houve 
uma mudança no perfil do empresário após o Plano Real. Concluiu-se, assim, que os 
empresários brasileiros foram afetados pela incerteza frente a um novo plano econômico. 
Além do mais, o incentivo a novos investimentos deve levar em conta as variáveis que afetam 
a decisão do investidor. 
 
Palavras-chave: PIB, taxa de juros Selic, Formação de capital fixo. 
 
 
 
 
Cascavel – PR – 17 a 19 de junho de 2008 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Um país precisa de produção para obter riquezas. Essa riqueza é medida pelo PIB 
(Produto Interno Bruto), que depende de fatores como mão-de-obra, capital e tecnologia. 
Além disso, é necessário que haja pessoas capazes de inovar, assumir riscos na realização de 
empreendimentos. Essas características fazem parte do perfil do empreendedor, que segundo 
Schumpeter (1912) é um inovador costumaz que promove uma destruição criativa de modo a 
criar novos meios de produção, pois este tem forte necessidade de realização. Ele distingue o 
termo empreendedor do termo empresário, que compreende o indivíduo responsável pelo bom 
desenvolvimento da empresa e que tem a responsabilidade de criar novos empreendimentos, 
bem como de fazer novas combinações dos fatores de produção, promovendo assim 
inovações no processo produtivo. Essas inovações são necessárias para que aconteça o 
sucesso da empresa e o desenvolvimento da economia. Para isso, é preciso que haja o 
investimento, o qual é um dos principais determinantes do crescimento econômico de longo 
prazo e da performance da produtividade de um país. 
O investimento constitui-se de gastos que aumentam o estoque de capital, sendo que a 
maior parte dos investimentos é feita pelas empresas, já que as famílias investem em bens de 
consumo duráveis e no próprio capital humano. As principais áreas de gasto em investimento 
são: Investimento no imobilizado da empresa, que mede o valor gasto pelas empresas na 
estrutura física ocupada por uma fábrica ou por seu escritório; investimento em equipamentos, 
máquinas e veículos (Formação Bruta de Capital Fixo). As decisões sobre investimento estão 
permeadas de incertezas. A incerteza provém de mudanças de expectativas do futuro. Essas 
mudanças podem estar baseadas em evidências das condições dos negócios, até mesmo 
modelos de demanda do consumidor, pesquisas de opinião, alterações tecnológicas e da 
demanda observada, ou podem decorrer simplesmente de ondas de otimismo ou pessimismo 
que varrem a economia sem nenhum motivo aparente. Para os neoclássicos, o investimento 
está em função da produção que se espera da economia, a qual, através de incentivos do 
governo, pode ser maior ou menor. Eles também defendem a existência de uma relação 
negativa entre o investimento e a taxa de juros. Já para Keynes o investimento está ligado a 
expectativas futuras, do chamado “instinto animal” do investidor, ou seja, otimismo ou 
pessimismo do investidor, indicando que pode não haver nenhuma boa base para expectativas 
sobre a qual os investidores possam apoiar suas decisões. Se não há nenhuma boa base para 
expectativas, então elas poderiam mudar facilmente, sendo que o volume de investimento 
acompanharia as expectativas [(SCHUMPETER, 1982); (DORNBUSCH e FISCHER, 1991); 
(LEITE, 2000); (SACHS e LARRAIN, 2000); (MORANDI, 2007); (GRASEL, 1996)]. 
Historicamente os níveis de investimentos no Brasil são bem acentuados. A evolução 
positiva dos indicadores de investimento, principalmente em capital fixo, tem sido 
acompanhada por consideráveis ganhos de produtividade nos últimos anos. Entre 1900 e 1950 
os investimentos em Formação de Capital Fixo (FCF) apresentam crescimento inferior aos 
comparados com o PIB, certamente devido a crises internacionais que se arrastaram de 1907 
até 1930, e que causaram dificuldades de investimentos em máquinas importadas. Somente a 
partir de 1948 é que o investimento começou a apresentar tendência de crescimentos que 
podem ser comparados ao bom desempenho do PIB. Entre 1951 a 1980 tem - se aumentos no 
investimento paralelo ao aumento populacional, aumentos da construção civil, e aumentos no 
investimento privado. Porém a década de 80 começa com instabilidade no cenário econômico, 
devido a uma série de fatores que causaram, entre outras conseqüências, surtos 
 
 
Cascavel – PR – 17 a 19 de junho de 2008 
 
híperinflacionários na economia brasileira e uma desestabilização econômica. A partir de 
1984, o cenário começa a melhorar, trazendo uma recuperação do consumo, gerando um 
tímido incentivo ao investimento, fazendo com que os investimentos superassem os níveis de 
consumo no ano de 1987, já com o Plano Cruzado. Na década de 1990, tem-se a abertura 
comercial, fato que faz com que o setor industrial passe por transformações, o que elevou o 
nível de investimento entre os anos de 1995 a 1997. 
Dado o acima exposto, o objetivo geral deste trabalho é demonstrar de que forma o 
PIB e a Taxa de juros Selic influenciam os Investimentos em Formação de Capital Fixo na 
economia brasileira. Sendo assim, os objetivos específicos são: i - Verificar de que modo a 
taxa de juros Selic afeta o nível de investimento privado no Brasil; ii - Verificar de que modo 
o PIB afeta o nível de investimento privado no Brasil; iii - Verificar se houve uma mudança 
na postura dos empresários com relação ao investimento autônomo, após o Plano Real. 
Assim, trabalha-se com as seguintes hipóteses: i - Um aumento na taxa de juros 
provoca uma redução no nível de investimento privado; ii - O nível de investimento 
acompanha o bom desenvolvimento do PIB. 
A metodologia utilizada para se chegar aos resultados baseou-se em um modelo de 
regressão linear múltipla, em que o nível de investimento privado foi considerado como a 
variável dependente e representado pela Formação de Capital Fixo. Escolheram-se comovariáveis explicativas as evoluções do PIB e da taxa de juros Selic, no período de 1979 a 
2005. Tais dados foram obtidos através do Ipeadata. 
 
 
2. METODOLOGIA E DADOS 
 
 
 
 
2.1. Modelo Econométrico 
 
O modelo de regressão linear múltipla estuda o relacionamento entre a variável 
dependente e as diversas variáveis independentes. De acordo com Kmenta (1978), a maioria 
dos problemas sempre envolve mais de uma variável explicativa, que influenciam a variável 
dependente, sendo comuns essas relações na economia. 
Quando se transforma um modelo econômico com mais de uma variável explicativa 
em seu modelo estatístico correspondente, passa-se a designá-lo como modelo de regressão 
múltipla. De acordo com Gujarati (2006), o modelo mais simples é o de três variáveis, sendo 
uma variável dependente e duas variáveis explanatórias. Geralmente a equação que representa 
este modelo pode ser apresentada da seguinte forma: 
 
Yi = β1 + β2X2i + β3X3i + . . . βnXni + Єi (1) 
 
Onde Y é a variável dependente, X2 , X3, ... Xn são as variáveis explanatórias (regressoras), Є, 
é o termo do erro estocástico, e i, a iésima observação, no caso em que os dados se refiram a 
séries temporais. Os coeficientes β’s são desconhecidos e, portanto são formadas por n 
equações que podem ser representadas compactamente por um sistema matricial. 
 
 
Cascavel – PR – 17 a 19 de junho de 2008 
 
Na equação (17), β1 é o intercepto, ele vai dar o efeito médio sobre Y de todas as 
variáveis excluídas do modelo. Sua interpretação mecânica se trata do valor médio de Y 
quando X2, X3, ..., Xn são iguais a zero. Os coeficientes β2, β3, ... βn são chamados de 
coeficientes parciais de regressão. 
Dado um modelo econômico formulam-se as hipóteses a respeito dos parâmetros 
desse modelo. Para realizar os testes são utilizadas informações sobre um determinado 
parâmetro contida numa amostra, sua estimativa e seu desvio padrão. 
Em qualquer teste de hipótese devem estar presentes alguns elementos, sendo: uma 
hipótese nula, uma hipótese alternativa e um teste estatístico. 
 
2.2 Modelo teórico 
 
O modelo usado neste trabalho será o Modelo de Regressão Linear Múltipla, assim, 
pretende-se estudar, através de dois modelos econométricos, o relacionamento entre a variável 
dependente e as variáveis independentes. 
Para tanto, serão apresentadas duas equações, sendo que, na primeira equação, 
calcular-se-á a variação percentual do investimento privado e do PIB da seguinte forma: 
 
1º) I = a – b1.i + b2.PIB + c.d + Є (02) 
 
Onde: 
I = Variação percentual do Investimento privado - Formação de Capital Fixo 
i = Taxa de juros, representada pela Taxa Selic1. 
PIB = Variação percentual do PIB (Produção Interna da Economia) no tempo t 
d = Variável Dummy, para identificar mudança estrutural 
a , b1, b2 e c = Estimadores dos parâmetros (ou coeficientes da regressão) 
Є = Erro estimado 
Na segunda equação, utilizar-se-á o logaritmo natural das variáveis. Isto porque, ao 
utilizar os valores absolutos do investimento e do PIB, verificou-se que a análise 
econométrica não apresentou resultados satisfatórios. Isso ocorreu, certamente, porque o 
modelo não era linear. Para tornar possível essa estimativa por meio da regressão linear 
múltipla, proposta neste trabalho, aplicou-se o logaritmo natural na equação. Sendo assim: 
 
2º) ln I = α - ++ PIBi ln.ˆ.ˆ 21 ββ لا. D + U (03) 
 
Onde: 
ln I = Logarítmo natural do Investimento - Formação de Capital Fixo 
ln PIB = Logarítmo natural do PIB (Produção Interna da Economia) no tempo t 
i = Taxa de juros, representada pela Taxa Selic 
D = Variável Dummy, para identificar mudança estrutural 
α , 21 ˆ,ˆ ββ ,لا = Estimadores dos parâmetros (ou coeficientes da regressão) 
U = Erro estimado 
 
1
 As definições de Taxa Selic e PIB serão devidamente apresentadas no capítulo 3. 
 
 
 
Cascavel – PR – 17 a 19 de junho de 2008 
 
Com os resultados obtidos, a partir destas equações, pretende-se discutir a relação 
entre a taxa básica de juros da economia brasileira e o nível de investimento em capital fixo. 
Além disso, pretende-se verificar como o PIB influencia o nível de investimentos. Pretende-se 
confirmar, ainda, a existência de mudança no perfil dos empresários com relação ao 
investimento após o Plano Real. 
 
2.3 Dados 
 
Para fazer o modelo teórico proposto serão utilizadas as séries históricas anuais do 
PIB, da Formação de Capital Fixo e da taxa de juros Selic, no período de 1979 a 2005, 
extraídas da base de dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipeadata). 
 
 
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
Este capítulo tem por objetivo apresentar o modelo econométrico que tem a Formação 
de Capital Fixo como variável dependente, assim como a taxa de juros Selic e o PIB como 
variáveis explicativas. Antes, porém têm-se definições de PIB e da taxa de juros Selic. Faz-se, 
também, um apanhado do nível de investimento no Brasil, no período de 1900 a 2005, tendo 
como base a bibliografia existente sobre o assunto. 
 
3.1 Definições do PIB 
 
O PIB (Produto Interno Bruto) é um dos principais indicadores de uma economia. Ele 
demonstra o valor de toda a riqueza gerada no país, sendo o conjunto de todos os bens e 
serviços finais produzidos em um país durante certo período de tempo. O PIB só leva em 
conta para cálculo, os bens e serviços finais, para não calcular o mesmo item mais de uma vez 
(IBGE, 2007). 
Um dos fatores que influencia diretamente a variação do PIB é o consumo privado, ou 
seja, os gastos das famílias para a aquisição de bens ou serviços. Sendo assim, quanto mais as 
pessoas consomem, mais o PIB tende a crescer. Da mesma forma, uma queda no consumo 
pode limitar o crescimento, ou até mesmo levar o PIB a uma queda, dependendo também do 
comportamento de outros fatores. 
O consumo depende da renda, pois quanto mais uma pessoa ganha, mais ela pode 
gastar e, assim, uma elevação na renda leva a um aumento do consumo e, conseqüentemente, 
do PIB. Outro fator que influencia o comportamento do consumo é a taxa de juros, pois 
quanto maior o juro, mais pessoas estarão dispostas a deixar de consumir para guardar seu 
dinheiro e utilizá-lo no futuro. Os gastos do governo também contribuem para o PIB, uma vez 
que para fazer tal atividade, é necessário que haja emprego de mão-de-obra, compra de 
materiais entre outros gerando um volume de gastos que tem impactos positivos no 
crescimento econômico. 
A balança comercial também influencia o PIB, uma vez que ao exportar produtos para 
o exterior há entrada de divisas para o país. Da mesma forma, ao importar produtos do 
exterior ocorre a saída de divisas do país e isso causa impactos no PIB e no crescimento da 
economia (IBGE, 2007)2. 
 
2http://www.ibge.gov.br. 
 
 
Cascavel – PR – 17 a 19 de junho de 2008 
 
 
3.2 Definição da Taxa de Juros Selic 
 
A Selic identifica a taxa de juros que reflete a média de remuneração dos títulos 
federais negociados com os bancos. Ela é considerada a taxa básica porque é usada em 
operações entre bancos e, por isso, tem influencia sobre os juros de toda a economia. 
A Selic é uma espécie de teto para os juros pagos pelos bancos nos depósitos a prazo. 
A partir dela, os bancos também definem qual a taxa que vão cobrar de quem procura por 
empréstimos. Esta taxa é usada para operações de curtíssimo prazo entre os bancos, que, 
quando querem tomar recursos emprestados de outros bancos por um dia, oferecem títulos 
públicos como lastro, visando reduzir o risco, e, conseqüentemente, a remuneração da 
transação (BACEN, 2007)3. 
A meta da taxa Selic é definidaem reuniões do Copom (Comitê de Política 
Monetária). Esse comitê é um colegiado formado por diretores do Banco Central (com direito 
a voto), assessores e chefes de departamento da instituição. As decisões para alterações na 
taxa de juros são tomadas com o objetivo de cumprir as metas de inflação, que são fixadas 
pelo próprio Banco Central. Se o Banco Central tem expectativas de que a inflação irá superar 
a meta, a tendência é que aconteça uma elevação na taxa de juros. 
Esse aumento dos juros vai ocasionar a restrição do consumo e dos investimentos. 
Com a redução no nível de consumo, tem-se uma redução dos preços dos produtos, isso causa 
uma redução nos índices de inflação, conduzindo à meta estipulada pelo Banco Central. 
Assim a Selic é usada pelo governo como instrumento monetário de combate a 
inflação. Desde 1999 o governo adotou um regime de metas inflacionárias para a economia 
brasileira, como referencial de política monetária. Cumprir essas metas é mostrar aos 
investidores que o país promove políticas econômicas coerentes com a realidade do país, 
mostrando que há estabilidade econômica que permite a realização dos investimentos. 
Para investidores do mercado financeiro que optam por investimentos a taxas pós-
fixada, principalmente em fundos, o aumento da Selic é favorável, pois as taxas de juros 
seguem o aumento dessa taxa (Bacen, 2007)4. 
 
3.3-Evolução dos Investimentos no Brasil 
 
Analisando o nível de investimento em capital fixo desde 1900 a 2005, pode-se 
verificar que o investimento em máquinas e equipamentos apresenta uma tendência secular de 
crescimento próxima ao nível de crescimento do PIB. O crescimento de investimentos em 
capital fixo apresenta variações acentuadas, isso se dá em virtude do conteúdo de importações 
que as tornam mais suscetíveis às flutuações e crises cambiais que marcaram a história 
econômica do século XX. 
A tendência de crescimento do investimento total tem diferença marcante entre os 
períodos analisados. Segundo Morandi (2007), de 1900 a 1947 tem-se uma tendência de 
crescimento que é inferior a observada pelo PIB. Nesse período têm-se fortes oscilações 
cíclicas e isso se dá em virtude das crises internacionais de 1907, 1914 e 1930. Essas crises 
interferiram na capacidade de investimento das empresas no que se refere às máquinas e 
 
3
 http://www.bcb.gov.br. 
4
 http://www.bcb.gov.br 
 
 
Cascavel – PR – 17 a 19 de junho de 2008 
 
equipamentos importados. Nesse período, a economia se deparou com um aumento do 
investimento em construção civil residencial e isso refletiu um processo acelerado de 
urbanização que ocorreu apesar das crises internacionais da época. 
No período de 1948 a 1979 tem-se uma tendência de elevação dos investimentos, 
sendo bem próximo ao crescimento do PIB. O período apresentou uma industrialização 
acelerada, sendo acompanhado pelo aumento, estabilização e convergência das taxas de 
crescimento nos diversos componentes do investimento, sob a liderança dos investimentos em 
construção civil das empresas. Uma característica do período foi o aumento das taxas de 
crescimento dos investimentos em máquinas e equipamentos, paralelos ao crescimento 
populacional. 
Com duas décadas de excelente desempenho da economia brasileira, os anos 80 
começaram com uma grande instabilidade na taxa anual de crescimento econômico, 
comprometendo o desempenho dos investimentos nos primeiros anos desta década. Tal 
realidade foi seguida de uma tímida recuperação, que se iniciou no ano de 1985. 
Segundo Grasel (1996), de 1981 a 1990, houve uma redução na tendência de 
crescimento dos investimentos, ficando bem abaixo das taxas, também reduzidas que se 
observavam para o PIB. 
As causas para a carência de investimentos em capital fixo geralmente são resumidas 
em: insuficiência de demanda efetiva, restrições na disponibilidade de fundos para investir, 
reduzida capacidade de poupança, desenvolvimento incipiente de ciência e tecnologia, 
esgotamento do modelo de industrialização baseado na substituição de importações, cujas 
conseqüências foram os surtos hiperinflacionários recorrentes e a trajetória insustentável da 
dívida interna. 
Segundo Kupfer (2003) o quadro político atuou de forma direta sobre o estado de 
expectativas. A conjuntura econômica já tinha melhorado, porém a substituição do governo 
militar em 85 auxiliou na explicação do expressivo crescimento dos investimentos ocorrido 
no referido ano em relação ao ano anterior. Em 1986, com o Plano Cruzado, iniciou-se uma 
onda de otimismo, o que promoveu uma ampliação dos investimentos e do consumo. Isso 
levou a uma redução da capacidade ociosa da indústria até o ano de 1989. Iniciaram-se 
políticas voltadas ao controle do processo inflacionário, que causaram instabilidade 
econômica, provocando aumento no estado de incertezas da economia. Estes programas de 
estabilização, que foram todos frustrados, contribuíram para a redução dos salários reais e 
para a elevação da especulação financeira, desestimulando os investimentos em capital fixo. 
Isto porque o investidor assume uma posição de cautela diante de uma economia instável, 
mesmo dispondo de recursos próprios para fazer o investimento. Tal situação conduziu a 
estagnação no crescimento econômico, que se verificou no período de 1985 a 1990. 
Na visão de Kupfer (2003), com a década de 90, inicia-se no Brasil uma rápida 
liberalização econômica, causada por reformas institucionais no âmbito do comércio exterior, 
da inserção financeira internacional e do setor produtivo estatal. Essas reformas tiveram como 
conseqüência um cenário de competição industrial e isso fez as indústrias brasileiras 
movimentarem-se, causando um período de intensas transformações no setor. Tal fato elevou 
o nível de investimento no período de 1995 a 1997, superando a média entre dos anos de 1992 
a 1993. A partir do ano de 1992 os empresários brasileiros mantiveram ampla preferência 
pelo investimento com recursos próprios, evitando endividamentos elevados. 
No período de 1993 a 1995 a taxa de investimento cresceu mais rápido do que o PIB. 
Em 1996 os investimentos ficaram estacionados, em função de crises internacionais, como a 
 
 
Cascavel – PR – 17 a 19 de junho de 2008 
 
crise mexicana, sendo que de 1997 a 1998 houve uma recuperação. A partir de então, a taxa 
de investimento tem redução progressiva, devido a incertezas que recaem sobre a economia 
brasileira, conduzidas pelas vulnerabilidades macroeconômicas que impossibilitam projeções 
de retornos futuros pelos investidores. 
Segundo Souza (2003), a década de 90 pode ser marcada pelo fato de que o setor 
privado tomou a frente dos investimentos, sendo maiores do que os níveis de investimento 
público. Em 1991, o setor privado respondeu por mais de 74% da formação bruta de capital 
fixo e, no ano de 2001, o percentual aumentou para mais de 76%. Essa redução da 
participação do governo no investimento em formação bruta de capital teve conseqüências 
nos setores de infra-estrutura, as quais se estendem até os dias atuais. 
 
3.3.1 Análise Estatística 
 
Utilizando-se dos mesmos dados que farão parte da análise de regressão, fez-se uma 
análise estatística do investimento privado no Brasil, mostrada nas figuras 4 e 5. 
A figura 4 mostra a relação entre a variação percentual do PIB, e a variação percentual 
do investimento em capital fixo no período de 1979 a 2005. Pode-se notar que existe uma 
relação direta entre o PIB e o índice de investimento em capital fixo na economia brasileira. 
O PIB, que apresentava um crescimento positivo de 9,2% entre 1979 e 1980, no 
período de 1980 a 1981 apresentou um crescimento negativo (-4,25%). Essa variação 
influenciou o investimento em capital fixo, pois esta variável vinha de um crescimento 
positivo de 8,97% no ano de 1980 e teveum crescimento negativo de 7,17% em 1981. 
O investimento que a partir de 1983 começa a apresentar índices de crescimento 
negativo, em 1986 apresenta crescimento positivo de 2,71%. Em 1990, o PIB apresenta o 
menor índice de crescimento do período analisado (-4,35%). Isso faz com que o investimento 
apresente crescimento negativo de -0,60%. 
A partir de 2000, nota-se que a Formação de Capital Fixo segue uma tendência de 
crescimento positivo, sendo que em 2004 este crescimento foi de 2,14%, índice esse que 
sofreu influência do bom desempenho do PIB, que cresceu 5,71%. O melhor desempenho 
desde 1986. Essa trajetória pode ser observada na figura 4, a qual mostra o período de análise 
no eixo horizontal e, no eixo vertical, os valores do PIB e do investimento em Capital Fixo. 
 
Figura 4 – Relação entre a variação percentual do PIB e a variação percentual da Formação 
de Capital Fixo. 
 
-5,0000
0,0000
5,0000
10,0000
15,0000
20,0000
19
79
19
81
19
83
19
85
19
87
19
89
19
91
19
93
19
95
19
97
19
99
20
01
20
03
20
05
CAP. FIXO PIB
 
FONTE: Ipea Data 
 
 
 
Cascavel – PR – 17 a 19 de junho de 2008 
 
A figura 5 mostra a relação entre a variação percentual do investimento em capital fixo e a 
taxa de juros no período de 1979 a 2005. Pode-se notar que existe uma relação negativa entre 
a taxa de juros e o nível de investimento. 
No período entre 1982 e 1985 acontece um aumento contínuo na taxa de juros, devido 
aos grandes índices de inflação. Esse aumento traz uma queda contínua nos investimentos em 
capital fixo por parte do setor privado. As altas taxas de juros observadas no ano de 1983 e 
1985 fazem com que o nível de investimento tenha crescimento negativo. No final da década 
de 80, tem-se uma taxa de juros muito elevada na economia, taxa que vai levar a uma redução 
nos investimentos no curto e no médio prazo. 
A década de 90 começa com um crescimento negativo dos investimentos, sendo 
influenciado por elevadas taxas de juros. Em 1993 nota-se uma das maiores taxa de juros do 
período estudado e uma das menores taxas de investimento. Entre 1999 e 2005, tem-se um 
melhor ajuste na taxa de juros, sendo que as variações deixam de ser muito altas, isso faz com 
que o nível de investimento apresente crescimento positivo nesse período. Essa análise pode 
ser verificada na figura 5, a qual têm, no eixo horizontal, o período de análise e, no eixo 
vertical, os valores da taxa de juros Selic e da variação percentual do investimento em capital 
fixo. 
 
Figura 5 – Relação entre a variação percentual do Investimento em Capital Fixo e a Taxa de 
juros Selic 
 
-10,0000
0,0000
10,0000
20,0000
30,0000
40,0000
19
79
19
81
19
83
19
85
19
87
19
89
19
91
19
93
19
95
19
97
19
99
20
01
20
03
20
05
CAP. FIXO TAXA DE JUROS
 
FONTE: Ipea Data 
 
 
3.3.2 Análise Econométrica 
 
Em seguida, serão descritas as características e os resultados dos estudos 
econométricos, onde se leva em consideração os índices de investimento em capital fixo, o 
nível da taxa de juros e o PIB da economia brasileira no período de 1979 a 2005, dividindo-se 
o período em antes e após o Plano Real. 
Inicia-se a análise levando em conta o índice de investimento em capital fixo (estoque 
líquido de máquinas e equipamentos das empresas e famílias), em percentual, o índice do 
PIB, em percentual e o índice da taxa de juros Selic. O objetivo é verificar qual a influência 
 
 
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que a taxa de juros e o PIB causam sobre o investimento líquido em capital fixo no período 
considerado. Os resultados podem se vistos na tabela 1. 
Pode-se observar que o teste F, que testa o conjunto de todos os coeficientes ao 
mesmo tempo, apresentou um resultado significativo, podendo-se aceitar a hipótese 
alternativa, de que pelo menos um dos parâmetros mostrou resultado diferente de zero. Ou 
seja, ao menos uma das variáveis explicativas possui influência sobre a variável dependente e 
deve ser incluída no modelo. 
O valor do coeficiente de determinação (R-Quadrado) indica que as variáveis 
explicativas usadas na análise explicam 49,7% das possíveis mudanças na variável 
dependente (investimento em capital fixo). 
Os coeficientes mostraram resultados esperados para o estudo realizado. O coeficiente 
PIB apresentou resultado positivo e foi significativo a 5%. Isso mostra que, o aumento na 
produção interna da economia provoca um aumento no nível de investimento privado. O 
parâmetro estimado da taxa de juros apresentou resultado negativo, sendo significativo a 1%, 
mostrando que existe uma relação inversa entre a taxa de juros e os investimentos. Isso indica 
que o aumento na taxa de juros provoca redução no investimento privado da economia e uma 
redução da taxa de juros provoca aumento do investimento privado. 
O coeficiente da variável binária foi significativo ao nível de 10%, confirmando a 
existência de quebra estrutural no nível de investimento privado do Brasil. Ou seja, existe 
uma diferença na postura dos investidores comparando-se o período antes do Plano Real e 
depois do Plano Real. Neste caso, o sinal positivo indica que antes do Plano Real o nível de 
investimento privado no país era maior. 
 
Tabela 1 – Resultados da Regressão Linear Múltipla tendo-se a variação percentual da 
formação de capital fixo (estoque líquido de máquinas e equipamentos das empresas e 
famílias) como variável dependente. 
 
Variáveis Coeficientes Teste t Teste F R-Quadrado 
Intercepto 1,614638028 2,559892955 ** 
PIB 0,229178916 2,204880949 ** 7,5763679* 0,497038033 
Taxa de Juros -1,15636712 -3,832624972 * 
Binária 1,681621192 2,00650135 *** 
Fonte: Resultados da pesquisa. 
Nota: * significativo a 1%, ** significativo a 5%, *** significativo a 10%. 
 
A segunda análise faz-se com o índice de investimento em capital fixo, (estoque bruto 
da administração pública), medido em percentual, o índice do PIB (Produto Interno Bruto) em 
percentual e o índice da taxa de juros Selic. Agora se faz uma nova análise, para verificar se a 
taxa de juros teve influência no investimento do setor público da mesma forma que 
influenciou o setor privado. Os resultados podem ser vistos na tabela 2. 
Na tabela 2, pode-se verificar que o coeficiente PIB apresenta resultado positivo, 
porém não é significativo como o demonstrado na tabela 1. O parâmetro da taxa de juros 
apresenta resultado negativo com nível de significância de 10%, resultado menos significativo 
do que a regressão 1. O tamanho do coeficiente também indica que a taxa de juros tem maior 
influências sobre os investimentos do setor privado (tabela 1), se comprado aos investimentos 
do setor público (tabela 2). O resultado do teste F mostra que se pode aceitar a hipótese 
 
 
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alternativa. O coeficiente de determinação apresentou um resultado melhor do que na primeira 
regressão, mostrando que as variáveis explicativas explicam 67,8% do modelo. O coeficiente 
da variável binária apresentou resultado positivo e foi significativo a 1%. 
 
Tabela 2 – Resultados da Regressão Linear Múltipla tendo-se a variação percentual da 
formação de capital fixo (estoque bruto Administração Pública), como variável dependente. 
 
Variáveis Coeficientes Teste t Teste F R-Quadrado 
Intercepto 1,39658167 5,244952304 * 
PIB 0,054883877 1,250788389 16,20403662 0,678825271 
Taxa de Juros -0,030308166 -1,759702012 *** 
Binária 2,307585959 6,522254621 * 
Fonte: Resultados da pesquisa. 
Nota: * significativo a 1%, ** significativo a 5%, *** significativo a 10%. 
 
A terceira análise econométrica, traz os resultados obtidos com o índice de capital 
fixo, (estoque líquido de máquinas e equipamentos dasempresas e famílias) em logarítmo 
natural, o índice do PIB (Produto Interno Bruto) em logarítmo natural e o índice da taxa de 
juros Selic. Agora se introduz o logarítmo natural nas variáveis PIB e investimento, para 
verificar se confirmam os resultados obtidos na primeira análise. Os resultados podem ser 
vistos na tabela 3. 
Na tabela 3, verifica-se que o coeficiente da variável PIB foi, novamente, positivo e 
mais significativo que na primeira análise, tendo o tamanho de seu coeficiente também maior. 
Já a taxa de juros, com resultado novamente negativo, apresentou uma influência menor, 
sendo significativa a 10%. A binária positiva foi significativa a 5%. O resultado do teste F 
mostra que pelo menos uma variável tem valor diferente de zero. O coeficiente de 
determinação mostra que as variáveis independentes podem explicar 86,6% das possíveis 
variáveis no investimento, sendo este resultado mais expressivo do que o da regressão 1. 
 
Tabela 3 – Resultados da Regressão Linear Múltipla tendo-se o logaritmo da formação de 
capital fixo (estoque líquido de máquinas e equipamentos das empresas e famílias) como 
variável dependente. 
 
Variáveis Coeficientes Teste t Teste F R-Quadrado 
Intercepto 5,692530404 45,42260287 * 
PIB 0,528998378 8,009222496 * 49,84114623 0,866684781 
Taxa de Juros -0,001227708 -1,712535614 *** 
Binária 0,07715627 2,785823064 ** 
Fonte: Resultados da pesquisa. 
Nota: * significativo a 1%, ** significativo a 5%, *** significativo a 10%. 
 
A quarta análise econométrica, traz os resultados obtidos com o índice de capital fixo, 
estoque líquido de máquinas e equipamentos em logarítmo natural, o índice do PIB (Produto 
Interno Bruto) em logarítmo natural e o índice da taxa de juros Selic. Com essa variável 
dependente, pretende-se mostrar com a introdução do logarítmo natural se a taxa de juros e o 
 
 
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PIB causam a mesma influência sobre o estoque líquido de máquinas e equipamentos. Os 
resultados serão apresentados na tabela 4. 
Na tabela 4, nota-se que os coeficientes são maiores do que as da regressão 1, exceto a 
binária. O coeficiente PIB foi significativo a 1% e apresentou resultado positivo. A taxa de 
juros apresentou resultado negativo, porém não mostrou índice de significância. A binária 
teve uma influência menor, porém mostra a quebra estrutural do nível de investimento no 
Brasil. O teste F apresentou aceitação da hipótese alternativa. Pode-se dar ênfase ao 
coeficiente de determinação que indicou que as variáveis explicativas usadas na análise 
explicam 88,7% das possíveis mudanças na variável dependente. 
 
Tabela 4 – Resultados da Regressão Linear Múltipla tendo-se o logaritmo da formação de 
capital fixo (estoque líquido de máquinas e equipamentos), como variável dependente. 
 
Variáveis Coeficientes Teste t Teste F R-Quadrado 
Intercepto 5,84089788 53,55692503 * 
PIB 0,49088252 8,540493126 * 60,39046321 0,887349545 
Taxa de Juros -0,000752972 -1,206959841**** 
Binária 0,063160808 2,620591584 ** 
Fonte: Resultados da pesquisa. 
Nota: * significativo a 1%, ** significativo a 5%, *** significativo a 10%. 
 
4. CONCLUSÃO 
 
No transcorrer deste trabalho, o objetivo era mostrar de que forma a taxa de juros e o 
PIB afetam o nível de investimento privado no Brasil. Pretendeu-se, também, verificar se 
aconteceu mudança na postura dos empresários com relação ao investimento autônomo após o 
Plano Real. Para isso, buscou-se auxílio nas idéias de Schumpeter para entender o perfil do 
empresário na busca de inovação para seu empreendimento, inovação esta, que exige 
investimento. Depois, voltou-se às teorias dos neoclássicos e de Keynes para entender o que 
é o investimento e o que pode influenciá-lo. De posse disso, buscaram-se dados sobre os 
índices de investimento, PIB e taxa de juros, para o Brasil. Com esses dados montou-se uma 
regressão linear múltipla para verificar de que modo o PIB e a taxa de juros, aqui representada 
pela taxa Selic, afetam o nível de investimento privado do país, o qual foi representado pela 
Formação de Capital Fixo. 
Pode-se verificar que o consumo privado de bens e serviços faz com que as empresas 
aumentem sua produção. Esse aumento de produção é possível através de expansão da 
capacidade produtiva, que é acompanhada por investimentos em Formação de Capital Fixo. 
Isso vai gerar emprego e renda na economia e movimentar outros setores econômicos. Todo 
esse movimento vai gerar riquezas para o país e um conseqüente aumento do PIB. Um PIB 
crescente e um cenário econômico favorável têm como conseqüência o aumento do 
investimento. De acordo com o estudo realizado neste trabalho, o desempenho do PIB tem 
influência no investimento, assim como as variações da taxa de juros. Por isso, a pesquisa 
baseou-se nas seguintes hipóteses: i - Um aumento na taxa de juros provoca uma redução no 
nível de investimento privado; ii - O nível de investimento acompanha o bom 
desenvolvimento do PIB. 
 
 
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Os resultados das regressões mostraram que existe uma relação inversa entre a taxa de 
juros e o investimento privado. Isso confirmou a hipótese inicial, de que um aumento na taxa 
de juros provocaria uma redução no nível de investimento privado. Para o empresário, a taxa 
de juros é encarada como um custo de oportunidade, de obtenção de capital. Um empresário 
que pretende recorrer a empréstimos para fazer um investimento, neste caso, quanto maior a 
taxa de juros, menos atraente será para ele contrair o empréstimo, pois sua produção terá um 
custo mais elevado. Quanto aquele empresário que tem um capital financeiro aplicado e 
deseja fazer um investimento em uma nova máquina, a taxa de juros alta vai favorecer a 
permanência da aplicação financeira, pois pode ser que os ganhos obtidos com a nova 
máquina não superem os ganhos obtidos com a aplicação. 
Além do acima exposto, o resultado positivo do coeficiente PIB confirmou a hipótese 
de que o nível de investimento acompanha o bom desenvolvimento do PIB. Isso porque, um 
aumento no nível de consumo faz elevar a produção, provocando expansão da capacidade 
produtiva. Isso gera crescimento do PIB e, conseqüentemente, aumento do investimento. 
O Brasil já conviveu com o vilão da inflação, então para que esse vilão não venha a 
assombrar a economia novamente, usa-se como ferramenta de “combate” a mesma, a taxa de 
juros. Isso se por um lado inibe a inflação, por outro acaba por atrapalhar o desenvolvimento 
da economia, pois faz com que a economia trabalhe em um ritmo bem lento. Porém, nos 
últimos dois anos, tem-se uma redução na taxa básica de juros na economia brasileira e pode-
se verificar que a trajetória de investimentos tem tido aumentos. 
O presente trabalho também mostrou através da introdução de uma variável binária no 
modelo, a quebra estrutural do nível de investimentos no Brasil, ou seja, o perfil do investidor 
mudou após o Plano Real. Tal fato levou a concluir que antes do Plano Real, o nível de 
investimento privado na economia era maior, diminuindo após a introdução do referido plano. 
Isso se deve, certamente, a incerteza, que levou os investidores a terem cautela com a entrada 
do novo plano econômico, visto que se depararam anteriormente com outros planos, os quais 
não tiveram sucesso. Então até que o Plano Real estivesse bem estabilizado, os investimentos 
aconteceram em níveis pequenos, quase estáveis. Como o plano econômico já esta 
estabilizado, a redução da taxa de juros, aliada a auxílios governamentais e infra-estrutura 
adequada, gera incentivos ao setor privado para a realização de investimentos. Assim, tem-se 
o aquecimento da economia e o crescimento econômico. 
 
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