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Termodinâmica para processos da pirometalurgia N.C Heck – NTCm / UFRGS 12 13 Processo adiabático e o ciclo de Carnot 13.1 Processo adiabático Um processo é dito adiabático quando a fronteira do sistema submetido a uma transformação é adiabática – ou seja, é impermeável ao calor. No processo adiabático, a determinação dos valores de P, V ou T do estado final, a partir dos valores do estado inicial, não pode ser feita com a equação de estado dos gases ideais. Para isso deve-se lançar mão da seguinte expressão: γ 2 1 1 2 = V V P P , (13.1) com v p C C =γ . Uma vez que o valor de P2 (ou, alternativamente, de V2) esteja determinado, pode-se usar a equação de estado dos gases ideais para a determinação de T2 – a incógnita restante. Derivação da equação (13.1) Num processo adiabático não há troca de calor (o valor de q é igual à zero), então dVPdU ext ⋅−= . ; ou, dVPdTC extv ⋅−= . . Substituindo-se nesta a expressão o valor de P dado pela equação de estado dos gases ideais (sistema unimolar), obtém-se: dV V RTdTCv −= . Separando-se as variáveis, dV V RdT T Cv −= e, integrando-se entre estados ‘1’ e ‘2’ (considera-se, aqui, o valor de Cv constante), obtém-se (substituindo-se, adicionalmente, ln(x) por log(x)): Termodinâmica para processos da pirometalurgia N.C Heck – NTCm / UFRGS 13 −= 1 2 1 2 loglog V VR T TCv ou = 2 1 1 2 loglog V VR T TCv . (13.2) Esta expressão permite a determinação da temperatura que se estabelece no sistema submetido a uma expansão ou contração adiabática. Para a determinação da temperatura como uma função da pressão – ao invés do volume – é necessária uma pequena transformação algébrica; partindo-se da equação de estado dos gases ideais, pode-se escrever: 1 2 2 1 2 1 P P T T V V ⋅= e, também, + = 1 2 2 1 2 1 logloglog P P T T V V . Substituindo-se esta expressão na equação (13.2), obtém-se: + = 1 2 2 1 1 2 logloglog P P T T T T R Cv ou, = + 1 2 1 2 loglog1 P P T T R Cv . Como, para os gases ideais, RCC pv −= , então: R C R C pv = +1 e = 1 2 1 2 loglog P PR T TCp . (13.3) Esta expressão, da mesma forma que a (4.2), mostra a temperatura que se estabelece com uma compressão ou descompressão adiabática (variação da pressão) do sistema. Dividindo-se a equação (4.3) pela (4.2), obtém-se a mais importante delas (na descrição de um processo adiabático) – conforme se queria demonstrar: Termodinâmica para processos da pirometalurgia N.C Heck – NTCm / UFRGS 14 γ 2 1 1 2 = V V P P , onde v p C C =γ . 13.2 O ciclo de Carnot e o rendimento das máquinas térmicas Uma máquina térmica, em essência, é um dispositivo contendo uma fase gasosa à qual se entrega uma quantidade de calor e se recebe em troca uma quantidade de trabalho. Sadi Carnot interessou-se profundamente pelas máquinas térmicas e, como fruto do seu estudo, conseguiu quantificar o seu rendimento. Para isso, o primeiro passo foi idealizá- las em termos de processos simples envolvendo a fase gasosa. Carnot concluiu que o sistema (constituído por n mols de um gás ideal) numa máquina térmica é submetido a um ciclo composto sucessivamente por quatro processos em sequência: um processo isotérmico, um processo adiabático, um segundo processo isotérmico e um último, adiabático – todos reversíveis. Em sua homenagem, esse ciclo é, hoje, conhecido como ciclo de Carnot, Figura 13.1. Para a máquina térmica, o sentido dos processos do ciclo é: 1-2-3-4-1; no sentido inverso tem-se um refrigerador. Um refrigerador é um dispositivo ao qual se entrega uma quantidade de trabalho e se recebe em troca de uma quantia de calor. Esse tipo de dispositivo só foi construído muitos anos após as investigações a respeito das máquinas térmicas. Fig. 13.1. Ciclo de Carnot e os quatro estados limítrofes entre os processos reversíveis (quando eles ocorrem no sentido representado pelas setas tem-se uma máquina térmica) Observa-se, experimentalmente, que entre os estados 3 e 4 o sistema absorve calor da vizinhança e entre os sistemas 1 e 2 o sistema fornece calor à vizinhança. Assim, é necessária a presença de uma ‘fonte quente’, à temperatura T2, responsável pelo fornecimento dessa Termodinâmica para processos da pirometalurgia N.C Heck – NTCm / UFRGS 15 energia entre a vizinhança e o sistema; por causa da temperatura ‘2’ esse calor será denominado q2. Para a extração de calor, um ‘dreno frio’, à temperatura T1, deve estar presente; por similaridade, esse calor será denominado q1. O trabalho mecânico – ao contrário do calor – está envolvido nos quatro processos do ciclo. Entre os estados 3-4-1 o trabalho é feito pelo sistema sobre a vizinhança. Exatamente o oposto acontece entre os estados 1-2-3. Assim, existe um ‘trabalho líquido’ associado à máquina térmica, wlíq.. Fig. 13.2. Ciclo de Carnot e o trabalho líquido (área hachurada) Carnot definiu, o rendimento (ou eficiência) da máquina térmica, η, de uma forma racional, como sendo ‘o que se ganha em relação ao que se paga’, ou seja: 2 . fornecidocalor líquidotrabalho q wlíq ==η . (13.4) Como se verá posteriormente, nenhuma máquina térmica terá eficiência maior do que aquela obtida operando no ciclo de Carnot, nas mesmas condições. Ao fechar-se o ciclo de Carnot, vê-se que a variação de energia interna é igual a zero; assim, o somatório algébrico do calor (fornecido e liberado) será igual ao trabalho líquido fornecido pela máquina ‘em troca do calor’, Figura 13.2: 21. qqwlíq += ; portanto, 2 21 q qq + =η . (13.5) Uma outra equação relaciona o rendimento da máquina térmica com as temperaturas dos processos isotérmicos e será deduzida a seguir. Neste caso, o trabalho líquido será dado pelo somatório algébrico do trabalho nos quatro processos. Termodinâmica para processos da pirometalurgia N.C Heck – NTCm / UFRGS 16 Assim, entre os estados 3 e 4, tem-se = − 3 4 243 ln V V nRTw , e, entre 1 e 2, = − 1 2 121 ln V V nRTw . Para os processos adiabáticos, não há troca de calor. Assim, Uw ∆−= . Portanto, entre os estados 4 e 1, tem-se ∫−=∆−=− 1 2 14 T T v dTcnUw , e, entre os estados 2 e 3, ∫−=∆−=− 2 1 32 T T v dTcnUw . Conforme mencionado, o trabalho líquido será igual à seguinte soma: 14433221. −−−− +++= wwwwwlíq ∫∫ − +− = 1 2 2 1 3 4 2 1 2 1. lnln T T v T T vlíq dTcn V V nRTdTcn V V nRTw Pode-se demonstrar (mas não será visto aqui) que, no ciclo de Carnot, a seguinte relação existe: 2 1 3 4 V V V V = . Substituindo-a na expressão do trabalho líquido e, considerando que o calor fornecido à maquinatérmica é igual a == − 3 4 2432 ln V V nRTwq , obtém-se, por fim, a seguinte expressão para o rendimento em função das isotermas: 2 12 2 . T TT q wlíq − = . (13.6) Termodinâmica para processos da pirometalurgia N.C Heck – NTCm / UFRGS 17 14 Variação da função entropia A descoberta da entropia Considerando-se as expressões do rendimento da máquina térmica no ciclo de Carnot dadas pelas relações (13.5) e (13.6), a seguinte equação pode ser escrita: 2 12 2 12 T TT q qq − = + . Manipulando-se os seus termos, obtém-se: 0 1 1 2 2 =+ T q T q , ela pode ser expressa genericamente como: 0=∑T q . Esta idéia pode ser extrapolada admitindo-se que qualquer ciclo no plano P-V pode ser decomposto numa sequência de pequenos processos isotérmicos e adiabáticos. Assim, num caso extremo, para uma linha fechada qualquer sobre o plano, a seguinte expressão será válida: 0=∫T q . Estudando o trabalho de Carnot, Rudolf Clausius reconheceu, em 1850, que o valor zero para o quociente entre o calor e a temperatura ao final de um ciclo expressava a variação de uma função de estado ainda desconhecida. Quinze anos mais tarde, o próprio Clausius deu à ela o nome de entropia (junção de palavras da língua grega que significam algo como ‘conteúdo transformador’), S. Assim, a variação da entropia, ∆S, resultante de um processo isotérmico reversível é dada por: T qS rev.=∆ (14.1) e T qdS rev.δ= . Termodinâmica para processos da pirometalurgia N.C Heck – NTCm / UFRGS 18 150 Reversibilidade e irreversibilidade Reversibilidade e irreversibilidade em processos A reversibilidade ou a irreversibilidade desta classe de fenômenos pode ser perfeitamente estudada com o uso de um cilindro e pistão com paredes diatérmicas, cheio de um gás ideal, sendo submetido a uma expansão isotérmica. O cilindro parte de um estado (V1, P1, T1) e expande isotermicamente até o estado (V2, P2, T1). A variação da entropia entre estes dois estados, ∆S, tem o seu valor conhecido. Se a expansão é do tipo reversível, T qS rev.=∆ . Uma expansão reversível acontece quando há tempo para que a troca de calor entre a vizinhança e o sistema seja exatamente igual àquela prevista pelas equações do processo de expansão isotérmico. Se a expansão é ‘súbita’ a quantia de calor é menor. Esta nova quantia – como é obvio – não pode ser utilizada para a determinação da variação da entropia do sistema, uma vez que o seu valor é único, função apenas dos estados inicial e final. Ela, no entanto, permite a determinação da variação da entropia da vizinhança (note que o sinal do calor, dado com referência na vizinhança, é contrário ao do sistema). Como o calor do processo irreversível é menor do que o calor do processo reversível, estas variações de entropia são diferentes. Contabilizando-se a variação da entropia do universo, ∆SU 1, como: VSU SSS ∆+∆=∆ , percebe-se que, se o processo for reversível, a variação da entropia do universo será igual a zero; no caso contrário, será maior do que zero. Esta descoberta foi a primeira informação concreta que se teve a respeito dos processos irreversíveis. Dela se deduz que os processos irreversíveis aumentam a entropia do universo. 1 Chamada, às vezes, inapropriadamente, de variação de entropia irreversível, ∆Sirr. Termodinâmica para processos da pirometalurgia N.C Heck – NTCm / UFRGS 19 160 Variação da função energia de Gibbs Definição da função energia de Gibbs 1 A energia de Gibbs (ou função de Gibbs) é definida por: TSHG −≡ . Assim, a variação da energia de Gibbs é igual a: STHG ∆−∆=∆ . (6.1) A ‘descoberta’ da energia de Gibbs A energia interna de um sistema foi descrita por Gibbs como uma função de S e V, combinando a primeira com a segunda lei da termodinâmica: PVTSU −= ; assim, pode-se escrever: dV V UdS S UdU ∂ ∂ + ∂ ∂ = com T S U = ∂ ∂ e P V U −= ∂ ∂ . Se um plano tangente à função U no ponto P (SP, VP) intercepta o eixo da função U no ponto A, o valor da função U no ponto P (SP, VP) será determinado por: PP VV UAS S UU ∂ ∂ ++ ∂ ∂ = . Substituindo-se nesta equação os valores das derivadas parciais, tem-se: PP PVATSU −+= . 1 Conhecida anteriormente pelo nome ‘energia livre de Gibbs’; http://www.iupac.org/goldbook/G02629.pdf Termodinâmica para processos da pirometalurgia N.C Heck – NTCm / UFRGS 20 Isolando-se o valor de A PP TSPVUA −+= e, substituindo-se nesta equação a expressão da definição da entalpia (generalizando-se para pontos S e V quaisquer e trocando-se didaticamente A por G) obtém-se: TSHG −= , que é a equação que define a energia de Gibbs, G. Termodinâmica para processos da pirometalurgia N.C Heck – NTCm / UFRGS 21 170 Valor das funções termodinâmicas 17.1 Valor das funções termodinâmicas em função da temperatura Conforme comentado no início deste texto, para poder aplicar a termodinâmica e responder questões importantes, relacionadas aos fenômenos naturais e aos processos tecnológicos, dentre outros, é necessário o conhecimento do valor das propriedades da matéria numa determinada condição de temperatura, pressão e composição. Esse valor não é determinável teoricamente, mas deve ser medido, por exemplo, em laboratório. O valor medido normalmente não é fixo, mas é uma função das variáveis citadas. O estado (temperatura, pressão e composição) no qual as propriedades da fase de interesse foram medidas, frequentemente é chamado estado padrão ou referência. Já foi visto, nas seções anteriores, que se pode determinar a variação de uma função de estado entre os estados ‘final’ e o ‘inicial’ de um processo. O conhecimento fundamental já utilizado na determinação da variação de uma função de estado pode ser empregado na determinação dos valores, em temperaturas, pressões ou composições diferentes daquelas do estado padrão – onde a propriedade foi medida. Matematicamente, sabe-se da importância de se variar uma variável por vez quando se deseja determinar o valor da imagem de uma função de várias variáveis – este preceito também será usado aqui. Normalmente a primeira das variáveis que se estuda é a temperatura (sob pressão e composição fixas). 17.2 Valor da função entropia em função da temperatura Num processo isobárico, a variação da propriedade entropia entre duas temperaturas é dada por: ∫=∆ dTT C S p . O cálculo infinitesimal mostra que a determinação do valor de S do sistema no estado ‘2’ (P2, V2 e T2) é possível quando o seu valor no estado padrão ‘1’ (P1, V1 e T1) é conhecido, pois, matematicamente, dT T C SSS p∫=−=∆ 2 112 e dT T C SS p∫+= 2 112 Um valor de S1 é conhecido: considera-se que o valor da entropia à temperatura 0 [K] Termodinâmica para processos da pirometalurgia N.C Heck – NTCm / UFRGS 22 é igual a zero1. Com base nisto, aplicando-se o raciocínio apenas desenvolvido, pode-se determinar o valor de S para qualquer outra temperatura. Na verdade, é usual tomar-se o valor de S à temperatura 298,15 [K], sob a pressão unitária (em [atm] ou [bar]) como referência. Neste caso, dT T C SS T po T ∫+= 298298 ; (17.1) o superscrito ‘o’ refere-se à pressão do estado dereferência. A escolha desta nova temperatura deve-se apenas à facilidade oriunda do relativo conhecimento da função capacidade térmica a pressão constante em temperaturas a partir de 298,15 [K]. 17.3 Valor da função entalpia em função da temperatura Num processo isobárico, a variação da propriedade entalpia entre duas temperaturas é dada por: ∫=∆ dTCH p . Quando se tenta aplicar o mesmo raciocínio utilizado com a entropia para a determinação da entalpia, chega-se à conclusão de que não se conhece um único valor absoluto sequer para esta propriedade. Isso, contudo, não impede o uso desta equação, e a dificuldade é contornada com o uso de valores artificiais de referência – um para cada substância. Por convenção, adota-se o valor zero para todas as ‘substâncias elementares’ (compostas apenas por uma única espécie atômica2) à temperatura de 298,15 [K]. Para todos os outros compostos, adota-se o valor da variação da entalpia da reação de formação do composto à temperatura de 25 [°C] e pressão unitária [atm ou bar], ∆ f H º298. Uma vez isto feito, pode-se determinar o valor da entalpia para qualquer outra temperatura: dTCHH T p o fT ∫+∆= 298298 . (17.2) 17.4 Valor da função energia de Gibbs em função da temperatura Pela definição de G, vê-se que o valor da energia de Gibbs, em qualquer temperatura, pode ser calculado a partir dos valores das funções H e S recém determinados 3: TTT TSHG −= . A equação final conterá em seu bojo os dois valores conhecidos (S º298, ∆ f H º298) das funções de estado entalpia e entropia. 1 Embora haja controvérsias, esta afirmação deriva da terceira lei da termodinâmica. 2 Esta afirmação – conforme se verá mais adiante – deve ser tomada como verdadeira apenas no âmbito introdutório desta disciplina. 3 Estritamente, os valores de H, S e G, recém vistos, se referem unicamente à pressão unitária – escolhida para o estado de referência. Termodinâmica para processos da pirometalurgia N.C Heck – NTCm / UFRGS 23 17.5 Valor das funções termodinâmicas em função da pressão Conforme comentado anteriormente, algumas funções de estado mudam de valor para diferentes pressões no sistema – mesmo que a temperatura seja mantida constante ao longo do processo. Embora isso possa acontecer com fases condensadas, é com a fase gasosa onde isto é mais visível; no contrário, para se observar alguma variação nas propriedades daquelas fases, são necessárias pressões extremamente elevadas. Assim sendo, deste ponto em diante, a atenção será dada ao sistema contendo apenas a fase gasosa. 17.6 Valor da função entropia de um sistema gasoso em função da pressão Por causa dos estudos de Clausius sobre o ciclo de Carnot, sabe-se que o valor de S de um sistema gasoso com n mols se modifica ao longo de um processo reversível isotérmico. Como a pressão se altera concomitantemente, o valor de S se modifica também em função da pressão. O valor da ∆S do processo isotérmico é determinada por: T qS rev.=∆ . Ao longo da isoterma, por causa da constância do valor da energia interna, o calor trocado entre o sistema e a vizinhança é idêntico à expressão do valor do trabalho, == 1 2ln V V nRTwq ; assim, o valor da variação da entropia do sistema gasoso unimolar, sob uma pressão qualquer, é obtido substituindo-se nessa expressão o valor de qrev. trocado entre o sistema e a vizinhança: =∆ 1 2ln V VRS . Como 1 2 2 1 V V P P = , =∆ 2 1ln P PRS ou −=∆ 1 2ln P PRS . Uma vez que um valor ‘inicial’ da entropia, S1, seja conhecido (à pressão P1), pode-se Termodinâmica para processos da pirometalurgia N.C Heck – NTCm / UFRGS 24 calcular o seu valor ‘final’ à pressão P2: −= 1 2 12 ln P PRSS . 17.7 Valor da função entalpia de um sistema gasoso em função da pressão A variação da entalpia é dada por: ( )PVUH ∆+∆=∆ . Sabe-se que o valor de U de um sistema composto por um gás ideal é uma função unicamente da temperatura. Assim, ao longo de uma isoterma, o valor de U é finito e independente da pressão, ou seja, 0=∆U . Como o produto PV (para uma isoterma) é constante (lei de Boyle-Mariotte), ( ) 01122 =−=∆ VPVPPV Disso decorre que o valor da entalpia será finito, ou seja, o valor de H será constante, qualquer que seja a pressão do sistema: )(PfH ≠ 17.8 Valor da energia de Gibbs de um sistema gasoso em função da pressão Partindo-se das definições da entalpia e da energia de Gibbs, pode-se determinar o valor da energia de Gibbs em função da pressão. PVUH += assim, dPVdVPdUdH ++= . Como dVPqdU −= δ e T qdS δ= , pode-se escrever: dPVdSTdH += . Termodinâmica para processos da pirometalurgia N.C Heck – NTCm / UFRGS 25 A energia de Gibbs foi definida como sendo: TSHG −= então, dTSdSTdHdG −−= . Substituindo-se nesta expressão o valor dH, da expressão anterior, tem-se: dTSdPVdG −= . Para um sistema isotérmico, dPVdG = . Da integração desta expressão virá o valor da energia de Gibbs em função da pressão; como o volume, V, é uma função de P, necessita-se conhecê-la para efetuar essa integração. A expressão oriunda da equação de estado dos gases ideais, para um sistema unimolar, é a alternativa mais freqüentemente usada. Uma vez aplicada, resultará em: dP P RTdG = . (17.3) Neste ponto, fica novamente clara a necessidade de se conhecer um valor de G sob uma determinada pressão, chamada pressão de referência, P°. A integração da expressão (7.3) resulta em: += o o ln P PRTGG . (17.4) O argumento da função logaritmo, o quociente oP P a = , (17.5) recebe o nome de atividade 1. Como, normalmente, o valor escolhido para P° é unitário (1 [atm] ou 1 [bar]), escreve-se usualmente apenas ( )PRTGG lno += . (17.6) 17.9 Valor da energia de Gibbs dos gases reais em função da pressão Nem sempre o valor da pressão de um gás determinada pela termodinâmica produz o efeito desejado quando se usa um gás real no laboratório. Com a finalidade de manter simples as equações utilizadas na termodinâmica, optou-se por denominar fugacidade a pressão utilizada nas suas equações. Há, portanto, uma correspondência – normalmente não-linear – entre a fugacidade (gases ideais) e a pressão (gases reais). Quando a relação é linear (lamentavelmente, isso é raro), a inclinação da equação, chamada coeficiente de atividade, γ, é finito e, então, 1 Atividade é um nome comum a outras expressões – conforme será visto adiante! Termodinâmica para processos da pirometalurgia N.C Heck – NTCm / UFRGS 26 Pf ⋅= γ . Se o valor de γ for igual à unidade, por conveniência, pode-se falar apenas em ‘pressão’ – que é exatamente o que feito neste texto até este ponto – e os gases são apropriadamente denominados ‘ideais’; a equação (17.6) fica (como esperado, f ° terá o valor unitário): ( )fRTGG lno += . (17.7) Tendo-se em vista a relação entre a fugacidade e a pressão, a equação (17.7) pode ser reescrita para os gases reais como por ela denominando-a: ( )PRTGG ⋅+= γlno ou ( ) ( )γlnlno RTPRTGG ++= . (17.8) Esta expressão mostra que três termos contribuem para o valor da energia de Gibbs de um gás real sob uma temperaturae pressão. Ao primeiro deles (à direita do sinal de igualdade) associa-se o termo ‘padrão’, ao segundo, ‘ideal’ e, ao terceiro, a denominação ‘termo de excesso’. Esta lógica será retomada mais adiante, na determinação da energia de Gibbs em função da composição.
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