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Direito Empresarial II

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(16) Assinale a opção correta, acerca da disciplina normativa dos títulos de crédito.
A) A duplicata mercantil é uma ordem de pagamento à vista ou a prazo, sacada por um credor contra o seu devedor, em favor de alguém.
R: ERRADA, pois de acordo com o inciso III, §1º do ART. 2º da lei 5.474/68: a duplicata tem vencimento à vista ou a dia certo e o beneficiário é o credor emitente.
B) À exceção do regime de casamento da separação absoluta de bens, os cônjuges não podem, sem autorização do outro, prestar fiança ou aval.
R: CERTA, pois de acordo com o inciso III do ART. 1.647, CC: nenhum dos cônjuges pode prestar fiança ou aval sem autorização do outro.
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL Nº 1.526.560 – MG (2015/0079837-4). HELENA MARIA CALEIRO ACERBI PENHA. MARCIO LUIZ RISSETO. MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS.
O CC/2002 estatuiu em seu ART. 1.647, inciso III, como requisito de validade da fiança e do aval, institutos bastante diversos, em que pese ontologicamente constituem garantias pessoais, o consentimento por parte do cônjuge do garantidor. Essa norma exige uma interpretação razoável sob pena de descaracterização do aval como típico instituto cambiário. A interpretação mais adequada com o referido instituto cambiário, voltado a fomentar a garantia do pagamento dos títulos de crédito, À segurança do comercio jurídico e, assim, ao fomento da circulação de riquezas, é no sentido de limitar a incidência da regra do ART. 1.647, inc. III, do CCB aos avais prestados aos títulos inominados regrados pelo CC, excluindo-se os títulos nominados regidos por leis especiais.
C) Os títulos de crédito causais são aqueles dissociados da relação jurídica que lhes deu origem, tais como a nota promissória.
R: ERRADA, pois títulos causais só podem ser emitidos em razão de determinados negócios jurídicos, definidos em lei.
DOUTRINA
Títulos causais: só são emitidos por decorrência de uma transação especifica, ou seja, um negócio jurídico específico como é o caso da duplicata que só pode ser emitida por decorrência de uma venda ou prestação de serviço nunca por outra razão já que somente estas estão previstas na lei das duplicatas.
D) Consideram-se sucessivos os avais superpostos e prestados sem a indicação da pessoa avalizada.
R: ERRADA, pois no aval sucessivo existe a necessidade de indicar a pessoa avaliada.
DOUTRINA
Segundo Paes de Almeida:
“Os avais sucessivos se sobrepõem uns aos outros, um avalista garantindo o outro. Nos avais simultâneos os avais simultâneos os avalistas garantem o avalizado.”
(17) Antônio sacou um cheque em Osasco, em 4/3/2013 contra o Bradesco-São Paulo, sendo Messias tomador, no rodapé do cheque foi inserido a cláusula “bom para 20/5”. O cheque foi endossado a Roberto. Mauricio prestou aval em branco e Silvio foi avalista de Messias. O credor apresentou o título ao sacado em 10/5/2013, sendo, entretanto, devolvido por insuficiência de fundos. O cheque foi protestado em 16/5/2013. Analise as afirmações a seguir.
I. Mauricio garante todos os devedores porque o aval em branco não identifica o avaliado.
R: ERRADA, pois conforme previsto na lei de cheque 7.357/1985 no seu artigo 30 § único, o aval deve indicar o avalizado, mas se estiver em branco, como no caso, vai ser considerado o avalizado somente o emitente e não todos os devedores.
ART. 30: O aval é lançado no cheque ou na folha de alongamento.
Exprime-se pelas palavras “por aval”, ou fórmula equivalente, com a assinatura do avalista. Considera-se como resultante da simples assinatura do avalista, aposta no anverso do cheque, salvo quando se tratar da assinatura do emitente.
Parágrafo único: O aval deve indicar o avalizado. Na falta de indicação, considera-se avalizado o emitente.
DOUTRINA
[...] O aval é lançado no cheque ou na folha de alongamento. Revela-se pela assinatura do avalista coadjuvada pela fórmula por aval, ou equivalente. Também se exprime, ainda que sem aquelas indicações, com a simples assinatura do avalista, aposta no anverso do cheque, exceto quando se tratar da assinatura do emitente. O aval deve indicar o avalizado. Na falta de indicação, considera-se avalizado o emitente.(FAZZIO Junior, Waldo, 2006, pag.444).
II. Esse cheque prescreve fazendo-se o seguinte cálculo: 60 dias contados da data da apresentação mais seis meses.
R: ERRADA, pois conforme o artigo 59 da lei de cheque Nº 7.357/1985 prescreve o cheque em seis meses contados da expiração do prazo de apresentação.
ART. 47: Pode o portador promover a execução do cheque
I - contra o emitente e seu avalista;
II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em tempo hábil e a recusa de pagamento são comprovados pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação.
§ 1º: Qualquer das declarações previstas neste artigo dispensa o protesto e produz os efeitos deste.
§ 2º: Os signatários respondem pelos danos causados por declarações inexatas.
§ 3º: O portador que não apresentar o cheque em tempo hábil, ou não comprovar a recusa de pagamento pela forma indicada neste artigo, perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável.
ART. 59: Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de apresentação, a ação que o ART. 47 desta Lei assegura ao portador.
Parágrafo único: A ação de regresso de um obrigado ao pagamento do cheque contra outro prescreve em 6 (seis) meses, contados do dia em que o obrigado pagou o cheque ou do dia em que foi demandado.
DOUTRINA
A execução fundada em cheque observa os seguintes prazos prescricionais:
Do portador contra os endossantes, contra o sacado ou contra os demais coobrigados em seis meses, contados do termo do prazo de apresentação;
De um dos coobrigados no pagamento de um cheque contra os demais, no prazo de 6 (seis) meses, contados do dia em que ele tenha pago o cheque ou do dia em que ele próprio foi acionado. [...] Se não for ajuizada a execução do cheque no prazo legal de seis meses, ocorre à prescrição, a qual não atinge o próprio direito material, mas o direito de ação. (FAZZIO Junior, Waldo, 2006, p. 459.).
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO DE APELAÇÃO Nº 0073813-97.2009.8.26.0114. DILERMANDO FERREIRA DA COSTA NETO. V. R. C. COMERCIO DE VEÍCULOS E PEÇAS LTDA; RIBEIRO & FILHOS COMERCIO DE PNEUS LTDA. DANIELA MENEGATTI MILANO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO, CAMPINAS – 6ª VARA CÍVEL.
O cheque nº 011865 foi emitido em 15/04/2009, tendo ocorrido à prescrição da ação executiva pelo decurso do prazo de seis meses a partir do prazo de apresentação do cheque para pagamento. Ocorreu também o decurso do prazo de dois anos contados dessa data, prazo que seria para a propositura da ação de enriquecimento contra o emitente. Cabe aqui esclarecer que na ação de enriquecimento, apesar de ter o cheque perdido à força executiva, não perdeu a força de título de crédito. E, por fim, na ação de cobrança, o cheque perdeu a força executiva e a força cambiária, em razão do decurso dos prazos previstos nos ARTS. 59 e 61 da Lei nº 7.357/85. Ocorreu, portanto, a prescrição da ação de cobrança, conforme será exposto, pois o pedido formulado pelo réu em reconvenção é de cobrança do valor representado no cheque. A cobrança do valor representado pelo cheque ocorreu por meio da reconvenção apresentada pelo réu, protocolada em 28/11/2014 (fls. 136). O cheque foi emitido em 15/04/2009. Portanto, quando da distribuição da cobrança, efetuada por meio da reconvenção, já havia decorrido o prazo prescricional de cinco anos. Nesse caso então foi negado o recurso, pois ficou concluído que a manifestação do apelante para cobrar o título se deu apenas quando sua pretensão já estava prescrita.
III. Roberto perdeu o direito de regresso contra o endossante e seu avalista.
R: CERTA, pois conforme o ART.47, inciso II, da Lei de Cheques nº 7.357/1985, para entrar com ação de execução contra o endossante e seus avalistas terá que apresentar o cheque dentro do prazo de apresentação. Roberto o apresentou fora do prazo, perdendo então o direito de regresso.
DOUTRINA
[...] Em princípio, o credor conserva o direito de executar o emitente, e seus avalistas, mesmo que não tenha apresentado o cheque no prazo. Trata-se de possibilidade reconhecida por jurisprudência, inclusive em razão da Súmula 600 do STF [...] O tomador perderá, no entanto, o direito à execução contra o emitente numa hipótese particular. Se havia fundos na conta de depósito correspondente, durante o prazo de apresentação, e estes deixaram de existir, por ato não imputável ao emitente, o credor não dispõe mais da execução para receber o valor do título (LC, art. 47, § 3º). (ULHÔA Coelho, Fábio, 2011, p. 465).
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO DE APELAÇÃO Nº REGISTRO 2017.0000683420. FERNANDO DONIZETI DE OLIVEIRA. ALEXSANDRO ALEXANDRE DA SILVA. ÁLVARO TORRES JÚNIOR. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO, SANTOS.
Esse acordão traz nele expresso, o que tratamos sobre a Lei de Cheques nessa questão. Sustenta o autor-apelante que o crédito representado pelo cheque que instruiu a petição inicial ainda pode ser cobrado, por ser aplicável o prazo prescricional decenal, previsto no ART. 205 do CC. Alega que demonstrou a relação causal do negócio jurídico subjacente devendo ser aplicado ao caso o disposto no ART. 62 da Lei 7.357/1985. Recurso tempestivo, bem processado e contrariado.
2.1. Considerando que o recurso foi interposto após o início da vigência da Lei nº 13.105/2015 - CPC/2015, aplicam-se à espécie as regras da nova legislação processual civil.
2.2. O apelante ajuizou esta “AÇÃO PREVISTA NO ARTIGO 62 DA LEI 7.357/1985” (cf. fl. 1) pretendendo receber a quantia indicada no cheque nº 010161, emitido em 10-8-2007 (cf. fls. 1- 4 e 9-10), cuja sentença reconheceu liminarmente a prescrição (cf. fls. 22-23). A Lei nº 7.357/1985, conhecida como Lei do Cheque, dispõe em seu ART. 33, que tal título deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30 dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior. O ART. 47 do mesmo diploma legal confere ao portador do cheque a possibilidade de ajuizar ação de execução, a qual, de acordo com o ART. 59, deve ser exercida no prazo prescricional de 6 meses, a partir da expiração do prazo de apresentação.”
2.4. Independentemente do nome que o autor atribuiu à ação, não se trata de discussão a respeito do negócio subjacente que ensejou a emissão do título, mas de mera ação de cobrança de cheque prescrito recebido pelo autor por meio de endosso, como ele próprio afirmou na sua petição inicial.
O autor apela, mas foi negado o provimento ao recurso, visto que o caso era mesmo de reconhecimento da prescrição.
IV. Caso o Titulo fosse apresentado ao sacado no dia 7/4/2013 e devolvido por insuficiência de fundos, caberia ação regressiva contra Messias e contra Silvio.
R: CERTA, pois no caso do cheque ser apresentado ao sacado dentro do prazo de apresentação, e for devolvido por insuficiência de fundos, poderá sim entrar com ação de execução contra os endossantes e seus avalistas, conforme previsto no ART. 47, Inciso II da Lei de Cheque nº 7.357/1985. Nesse caso, na data de 7/4/2013 ainda estaria dentro desse prazo, o que permitiria que se entrasse com a ação.
ART. 33: O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior.
DOUTRINA
O cheque deve ser apresentado, pelo credor, ao banco sacado, para liquidação, dentro do prazo assinalado pela lei (LC, art.33), Para os “da mesma praça”, o prazo é de 30 dias; para os “de praça diferentes” 60 sempre a contar do saque. (ULHÔA Coelho, Fábio, 2011, p.465).
CORRETA?
a) Estão corretas as afirmações I e II
b) Estão corretas a afirmações II e III
c) Estão corretas as afirmações III e IV 
d) Estão corretas as informações II e IV
(18) Sobre os títulos de crédito, assinale a alternativa CORRETA:
A) Pode o credor de título de crédito recusar o pagamento antes do vencimento do título, bem como o pagamento parcial no vencimento. 
R: ERRADA, Pode recusar pagamento antecipado, mas no vencimento não pode recusar o recebimento, ainda que parcial. 
Art. 902/CC diz que: Não é o credor obrigado a receber o pagamento antes do vencimento do título, e aquele que o paga, antes do vencimento, fica responsável pela validade do pagamento.
 §1º: No vencimento, não pode o credor recusar pagamento, ainda que parcial. 
B) Todos os títulos de crédito levados a protesto serão examinados em seus caracteres formais e terão curso se não apresentarem vícios, cabendo ao Tabelião de Protesto investigar a ocorrência de prescrição ou caducidade. 
R: ERRADA, pois não compete ao tabelião avaliar a prescrição. 
Lei 9492/97, Art. 9º diz que: Todos os títulos e documentos de dívida protocolizados serão examinados em seus caracteres formais e terão cursos se não apresentarem vícios, não cabendo ao tabelião de protesto investigar a ocorrência de prescrição ou caducidade. 
JURISPRUDÊNCIA
TJ-RJ - RECURSO INOMINADO: RI 00896374220098190001 RJ 0089637-42.2009.8.19.0001. ANA LÚCIA SANTOS DA COSTA. BANCO PROSPER S.A; CRAL RECUPERAÇÃO DE ATIVOS LTDA; TABELIONATO DO 1º OFÍCIO DE PROTESTO DE TÍTULOS. FABIANO REIS DOS SANTOS. QUARTA TURMA RECURSAL CÍVEL.
Neste acórdão: a autora alegou que houve indevido protesto de um cheque por ela emitido em 1999, pois o protesto só ocorreu quando o cheque já estava prescrito. Pleiteou a suspensão de toda e qualquer medida, judicial ou extrajudicial, referente ao cheque; a condenação do terceiro réu (tabelionato) a cancelar o protesto; a declaração de inexistência do débito; e, finalmente, a condenação solidária de todos os réus ao pagamento de indenização por dano moral. 
Na sentença de fls. 388/391, os pedidos foram julgados improcedentes em face do terceiro réu (tabelionato), ao fundamento de que ele apenas analisa aspectos formais do título. Por outro lado, a sentenciante considerou que o protesto foi abusivo, eis que o cheque estava prescrito, e condenou o primeiro e o segundo réus, BANCO PROSPER e CRAL RECUPERAÇÃO DE ATIVOS S/A (respectivamente, sacador e portador do título), solidariamente, ao pagamento de indenização por dano moral, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), mas julgou improcedentes os demais pedidos. Inconformada, a autora interpôs recurso, em que reiterou a tese e os pedidos da exordial. Em contrarrazões, manifestaram-se os réus pelo improvimento do recurso.
 É incontroverso que o cheque foi levado a protesto cerca de dez anos após o decurso do prazo prescricional para a execução. O art. 48 da Lei nº 7.357/85 estabelece que: "O protesto ou as declarações do artigo anterior devem fazer se no lugar de pagamento ou do domicílio do emitente, antes da expiração do prazo de apresentação. Se esta ocorrer no último dia do prazo, o protesto ou as declarações podem fazer-se no primeiro dia útil seguinte", ao passo que dispõe o art. 33 da mesma Lei que: "O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior".
C) Em se tratando de título ao portador, seu possuidor tem direito à prestação nele indicada mediante a sua simples apresentação ao devedor, sendo a prestação devida ainda que o título tenha entrado em circulação contra a vontade do emitente.
R: CERTA.
Art. 905, CC diz que: O possuidor de título ao portador tem direito à prestação nele indicada, mediante a sua simples apresentação ao devedor.
Parágrafo único. A prestação é devida ainda que o título tenha entrado em circulação contra a vontadedo emitente.
DOUTRINA
Segundo Fábio Ulhôa Coelho:
Os vícios que comprometem a validade de uma relação jurídica, documentada em título de crédito, não se estendem às demais relações abrangidas no mesmo documento. Em razão disso é que os títulos possuem a chamada circularidade, no qual o terceiro de boa-fé que recebe a cártula terá a garantia de que os vícios da relação jurídica inicial não poderão a ele ser opostas. (COELHO, 2016)
D) Quando endossado o título de crédito, aquele que paga o título está obrigado a verificar a regularidade da série de endossos e a autenticidade das assinaturas.
R: ERRADA. 
Art. 911, CC diz que: Considera-se legítimo possuidor o portador do título à ordem com série regular e ininterrupta de endossos, ainda que o último seja em branco.
Parágrafo único: Aquele que paga o título está obrigado a verificar a regularidade da série de endossos, mas não a autenticidade das assinaturas.
JURISPRUDÊNCIA
APELAÇÃO Nº 0095388-97.2009.8.05.0001. LUPETRO SERVICOS LTDA. BANCO ITAU S/A. DES. AUGUSTO DE LIMA BISPO. PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL, SALVADOR. 
Na verdade, é de obrigação dos bancos a exata conferência da assinatura do emitente dos cheques sacados por seus correntistas, nos termos do contrato de depósito firmado com o mesmo. Por outro lado, em relação ao endosso, o que realmente lhe cabe é verificar a regularidade da cadeia sucessória, pois sendo o cheque um título cambial, a sua circulação pode gerar sucessivas transferências até o momento da sua liquidação em proveito do endossatário, que, para dispor da importância que o título representa, terá que depositá-lo em sua conta corrente na hipótese de estar cruzado, ou, se não estiver, só poderá receber a importância correspondente mediante a sua imprescindível identificação, como endossatário/beneficiário, daí poder-se afirmar que o cheque, em sendo um título cambial, pode ter vários endossantes, mas, só um endossatário.
 Resulta claro, portanto, que não foi negligente o banco acionado diante da formal regularidade do endosso, o que fez com que os cheques fossem normalmente compensados em favor dos endossatários, embora as assinaturas e carimbos de endosso apostos no verso dos questionados títulos de crédito, aparentemente regulares, tivessem sido ali colocados irregularmente por ato de terceiros e de forma fraudulenta.
 	É de obrigação dos bancos a exata conferência da assinatura do emitente dos cheques contra si sacados por seus correntistas, nos termos do contrato de depósito firmado com o mesmo. Por outro lado, em relação ao endosso, o que realmente lhe cabe é verificar a regularidade da cadeia sucessória, pois sendo o cheque um Título cambial, a sua circulação pode gerar sucessivas transferências até o momento da sua liquidação em proveito do endossatário, que, para dispor da importância que o título representa, terá que depositá-lo em sua conta corrente na hipótese de estar cruzado ou, se não estiver, só poderá Receber a importância correspondente mediante a sua imprescindível identificação, como endossatário beneficiário, daí poder-se afirmar que o cheque, em sendo um título cambial, pode ter vários endossantes, mas, só um endossatário.
(19) Quanto à sua estrutura, constitui ordem de pagamento:
a) Cheque
b) Duplicata
c) Letra de Câmbio
d) Todas as alternativas acima
R: A alternativa CERTA é a letra D. Pois quanto à sua estrutura, estes títulos de créditos ocorrem por ordem de pagamento. Esta estrutura se dá por três figuras. Quem dá a ordem de pagamento (sacador); O destinatário da ordem (Sacado que deve pagar o título); e o tomador (Credor). O título de créditos que constituem ordem de pagamento tem características e princípios próprios. Obedecem a três princípios: O da Cartularidade, da Literalidade e da Autonomia. Suas características são: Da negociabilidade e executivade. Têm também normas (leis) próprias, que produzem seus efeitos. Conforme art. 887 do CC.
DOUTRINA
O cheque é uma ordem de pagamento á vista, emitida contra um banco, considerando a provisão de fundos suficientes. O cheque é uma evolução da letra de câmbio, guardando algumas distinções, como por exemplo, o cheque não admite aceite e tem a figura indispensável do banco como sacado. A duplicata é uma ordem de pagamento, criada a partir de uma compra/venda mercantil, sendo emitida pelo vendedor contra o comprador, que fará o pagamento. A letra de câmbio é uma ordem de pagamento que o sacador dirige ao sacado, para que este pague a importância firmada a um terceiro denominado tomador. (Direito Empresarial Sistematizado-doutrina, jurisprudência e prática – Ed. Saraiva – 6ª edição 2017).
JURISPRUDÊNCIA
APELAÇÃO ACJ 20140110071624 DF 007162-86.2014.8.07.0001. MARIA DO SOCORRO CARVALHO ROSAL. KELVIA RODRIGUES DA SILVA. LUIZ GUSTAVO B. DE OLIVEIRA. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL, 1ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DO DISTRITO FEDERAL.
Acórdão Nº 837.317
Neste acordão, trata-se de um recurso contra a decisão de prescrição de cheque, onde a recorrente alega que houve erro no preenchimento da data do cheque, e que assim sendo os cheques não estavam prescritos. Porém um dos princípios que norteiam os títulos de crédito de ordem de pagamento é o da literalidade, ou seja, tem valor o que está literalmente descrito na cártula.
APELAÇÃO 0031495820108260000 SP 0003149.58.2010.8.26.000. ARSENIO BENTO DA SILVA. COMPANHIA DE BEBIDAS IPIRANGA. ANDRADE MARQUES. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO, 22ª COMARCA DE DIREITO PRIVADO.
Aqui neste acordão o apelante alega que o cheque em questão, foi emitido para o pagamento de outra dívida, e não do objeto da lide. Ferindo assim o princípio da autonomia, que diz que as obrigações são independentes. Ou seja, não procede alegar este motivo, para justificar o não pagamento do cheque.
(20) Uma letra de câmbio foi sacada por Z contra X para um beneficiário Y e foi aceita. Posteriormente foram endossadas sucessivamente para A, B, C e D. Nessa situação hipotética:
I. Z é o sacado, X é o endossante, Y é o tomador. 
R: ERRADA, pois Z é o sacador, X é o sacado, Y é o tomador ou beneficiário.
Fundamentada no Decreto nº 2.044/1908 – Título I da Letra de Câmbio – Capítulo I do Saque
ART. 1º: A letra de câmbio é uma ordem de pagamento e deve conter requisitos, lançados, por extenso, no contexto:
A denominação “letra de câmbio” ou a denominação equivalente na língua em que for emitida.
 A soma de dinheiro a pagar e a espécie de moeda.
O nome da pessoa que deve pagá-la. Esta indicação pode ser inserida abaixo do contexto.
O nome da pessoa a quem deve ser paga. A letra pode ser ao portador e também pode ser emitida por ordem e conta de terceiro. O sacador pode designar-se como tomador.
A assinatura do próprio punho do sacador ou do mandatário especial. A assinatura deve ser firmada abaixo do contexto.
II. Aposto o aceite na letra, X torna-se o obrigado principal. 
R: CERTA, pois a letra a tempo certo da vista deve ser apresentada ao aceite do sacado, dentro do prazo nela marcado.
Fundamentada no Decreto nº 2.044/1908 – Do Aceite – Artigo 9º.
 ART. 9º: A apresentação da letra ao aceite é facultativa quando certa a data do vencimento. A letra a tempo certo da vista deve ser apresentada ao aceite do sacado, dentro do prazo nela marcado; na falta de designação, dentro de seis meses contados da data da emissão do título, sob pena de perder o portador o direito regressivo contra o sacador, endossadores e avalistas.
III. Se, na data do vencimento, o aceitante se recusar a pagar a letra, o portador não precisará encaminhar o título ao protesto para garantir o seu direito de ação cambial ou de execução contra os coobrigados indiretos. 
R: ERRADA, pois se, na data do vencimento, o aceitante se recusar a pagar a letra, o portador PRECISARÁ encaminhar o título ao protesto.
Fundamentada no Decreto nº 2.044/1908 – Do Protesto – Artigo XXVIII.
ART. XXVIII: A letra que houver de ser protestada por falta de aceite ou de pagamento deve ser entregue ao oficial competente,no primeiro dia útil que se seguir ao da recusa do aceite ou ao do vencimento, e o respectivo protesto, tirado dentro de três dias úteis.
IV. Se A promover o pagamento ao portador D, os endossantes B e C estarão desonerados da obrigação. 
R: CERTA, pois o pagamento feito pelo aceitante, ou pelos respectivos avalistas.
Fundamentada no Decreto nº 2.044/1908 – Artigo 24
ART. 24: O pagamento feito pelo aceitante ou pelos respectivos avalistas desonera da responsabilidade cambial todos os coobrigados.
Estão certos apenas os itens:
A) I e III
B) I e IV
C) II e III
D) II e IV
.
DOUTRINA
“A letra de câmbio, a nota promissória, o cheque e a duplicata identificam o titular do crédito e se transferem por endosso, sendo, portanto, títulos nominativos à ordem”.
Na letra de câmbio figuram três personagens: a) o sacador, que dá origem ao título, ordenando o pagamento; b) o aceitante, contra o qual é sacada a letra e que se torna devedor pelo aceite, independentemente de qualquer indagação causal; e c) o tomador, que é o beneficiário. Efetuando o saque da letra, o sacador a entrega ao tomador, que deverá procurar o sacado, primeiramente, para a obtenção do aceite ou concordância em cumprir a ordem, e, posteriormente, para receber o pagamento.
(GONÇALVES; Carlos Roberto, 2014, págs. 641, 642).
JURISPRUDÊNCIA
APELAÇÃO CÍVEL – Nº 70056432206 (Nº CNJ: 0367847-82.2013.8.21.7000). CATIA SIMONE RODEGHIERO. NETWORK ASSESSORIA E SERVIÇOS EMPRESARIAIS LTDA. EDUARDO JOÃO LIMA COSTA. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
 	Sustenta que o protesto é indevido, mencionando que a cessão de crédito entabulada com a requerida não permite a renovação de débitos já inexigíveis. A sentença foi de parcial procedência da ação, declarando nula a letra de câmbio e o protesto, condenando a requerida ao pagamento de danos morais.
A condenação à indenização por dano moral foi decorrente da má-prestação de serviços pela parte demandada e decorrente protesto do nome da parte autora, por um débito infundado. Por corolário lógico, o pedido de dano moral é devido, havendo a pretensão da autora em majorar o valor fixado.
Neste acórdão foi declarado um protesto (letra de câmbio) indevido de um débito (cheque no valor de R$133,74) que não tinha um fundamento, declarando nula a letra de câmbio.
APELAÇÃO – Nº 1074999-73.2015.8.26.0100. WILSON MINORU DOY. PERDIZES FOMENTO MERCANTIL LTDA; SPEEL DEALER DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS LTDA; CAUÊ VIANNA BARSOTTI. HERALDO DE OLIVEIRA. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 
Uma vez que a obrigação do avalista é equiparada à do avalizado, está claro que não é a mesma que esta, mas outra, diferente na sua essência, embora idêntica nos seus efeitos. O avalista obriga-se de um modo diverso mas responde da mesma maneira que o avalizado, sendo neste sentido que se diz que o aval corresponde a um novo saque, um novo aceite, um novo endosso, segundo a posição que ocupa na letra de câmbio. Em virtude desta dupla situação, por um lado, a falsidade, a inexistência ou a nulidade da obrigação do avalizado não afeta a obrigação do avalista, não aproveitando a este nenhuma das defesas pessoais, diretas ou indiretas, que àquele possam legitimamente competir; por outro lado, o avalista obriga-se apenas como o avalizado, e nos mesmos termos que este, e, por isso, quando garante ao endossante, tem a seu favor a prescrição de um ano e libera-se com a falta do protesto; quando, porém, garante ao sacador ou ao aceitante, não lhe aproveita a omissão do protesto e só lhe é lícito invocar a prescrição de cinco anos (alterado para três anos)" (PONTES DE MIRANDA, Tratado de Direito Privado. Ed. Borsoi. 1961. V. 35. p. 376).
A alegação de ter assinado o título em branco não beneficia ao embargante, eis que assumiu o risco de seu preenchimento, autorizando o beneficiário a fazê-lo na esteira da Súmula 387 do Supremo Tribunal Federal, por semelhança: “A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto”.
Neste acórdão foi alegado ter assinado o título de crédito em branco, assumindo assim o risco de seu preenchimento, autorizando o beneficiário a fazê-lo. Súmula 387 do Supremo Tribunal Federal, por semelhança: (relatório – Acórdão). A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto.

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