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BECCARIA

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Beccaria inicia o capítulo intitulado “Dos crimes iniciados; dos cúmplices; da impunidade” reflexionando a respeito da branda punição à vontade de cometer um ato ilícito, ou seja, punindo já a intenção do indivíduo de cometer aquele delito. Dessa maneira, objetiva-se a prevenção da tentativa de cometer o mesmo, uma vez que aquele tenha motivos que o impeçam de executar o crime ou de terminá-lo.
Na mesma linha, abraça a ideia de “gradação” das penas em se tratando dos envolvidos nos atos, separando os cúmplices e os executores imediatos, bem como, explica o oferecimento dos tribunais de certa impunidade em troca de delação dos companheiros, mediante, é claro proposição de lei geral para isso, a fim de haver um encorajamento do povo e prevenção de grandes delitos.
Ainda em se tratando de penas e moderação das mesmas, nos capítulos conseguintes, o autor explica a existência e o funcionamento da penalização e seus desígnios, sendo “Os castigos têm por fim único impedir o culpado de ser nocivo futuramente à sociedade e desviar seus concidadãos da senda do crime”, propondo a função da pena como utilitarista: “Quanto mais terríveis forem os castigos, tanto mais cheio de audácia será o culpado em evitá-los. Praticará novos crimes, para subtrair-se à pena que mereceu pelo primeiro. ” 
Ao leitor é trazido na página 54, a explanação da crueldade da aplicação das penas X resultados “funestos” contrários à prevenção do crime, objeto do estudo em questão, na qual o leitor é convidado a acompanhar a seguinte indagação: como estabelecer uma justa proporção entre os delitos e as penas? Uma vez que, sempre haverá superação do limite humano, surgindo crimes mais hediondos; em segundo lugar, crimes dessa natureza podem acarretar impunidade, na medida que a norma é cruel, poderá essa deixar de vigorar ou ser modificada, deixando o crime impune.
Grande discussão também ocorre quando o capítulo “Da pena de morte” é iniciado, já que Cesare Beccaria questiona o “direito” de um homem degolar seu semelhante, justificando que essa pena nunca colocou fim ao cometimento de crimes, não tendo o efeito esperado. Trata-se de “Por via de regra, as paixões violentas surpreendem vivamente, mas o seu efeito não dura. Produzirão uma dessas revoluções súbitas que fazem de repente de um homem comum um romano ou um espartano. Assim, em um governo tranquilo e livre, são necessárias menos paixões violentas do que impressões duráveis. ” (pg.57), ou seja, o autor defende que o rigor de uma detenção, de uma reclusão, é ais eficaz como medida do que a aplicação da pena de morte. Isso porque, “a escravidão perpétua é também uma pena rigorosa e, por conseguinte, tão cruel quanto a morte” (pg.58), ademais, a reclusão amedronta a sociedade e faz nascer um sentimento de infelicidade, gerado pela imaginação. 
O autor discorre também a respeito da situação de “banimento” e a confiscação de bens daquele que perturba a tranquilidade pública, sendo que de acordo com seu texto, a perda de bens é pena superior ao exílio. Caso a lei decida que os laços entre o condenado e a sociedade deverão ser cortados, poderá haver o “confisco”. Seguindo a mesma linha, cita a “infâmia”, que não decorrente da lei, nasce do povo, que deve ser usada com cautela, uma vez que, demasiadamente utilizada, perde sua força pela frequência de uso, assim como, também não deve recair sobre muitas pessoas.
Já estudando uma fase posterior, Beccaria aponta o defeito da morosidade da resolução daquele ato: “Quanto mais rápida for a aplicação da pena e mais de perto acompanhar o crime, tanto mais justa e útil será. ”, sendo que, quanto menos tempo se esperar para aplicar a penalidade e mais próximo se estiver para acompanhar o delito, mais justo e útil tal aproveitamento se dará: “Uma pena muito retardada torna menos estreita a união dessas duas ideias: crime e punição. ” (pg.66), isso tanto para as partes como para o magistrado, assim também, aproveitando o mesmo conceito, para o ator, entre impunidade e asilo não há muita diferença, a única distinção é que o crime julgado deve ser considerado para castigo apenas no pais onde foi cometido.
Conforme supratranscrito, existe uma certa dificuldade em se conseguir obter uma proporção entre delito e pena, porém objetiva-se tal feito para que na mente da sociedade se crie a distinção do que é ou não considerado crime e a diferença entre os tais. Para tal, é de suma importância que se crie uma “proporcionalidade” de penas e em suas distribuições. Para o autor, a medida de proporção exata é aquela medida de acordo com o prejuízo causado à sociedade, levando em consideração que, a “grandeza” do crime é designada de maneira diferente para cada sujeito, cada um nutre um determinado tipo de sentimento, não sendo a intenção um ponto crucial para tal emposse. 
Ainda abordando essa qualificação dos delitos, considera-se de acordo com o texto, que o que regula essa divisão é a tendência ou não da destruição da sociedade e aos que a representam, tudo aquilo que pode afetar o sujeito quanto à sua existência, seus bens, sua honra e imagem, bem como atos que possam vir a burlar ou ferir leis que os proíbam, assim como o exemplo trazido de “crimes de lesa-majestade”, alocados no rol de grandes crimes, porque são “funestos” à sociedade. Reitera Beccaria: “Toda espécie de delito é nociva à sociedade; mas nem todos os delitos tendem imediatamente a destruir. É preciso julgar as ações morais por seus efeitos positivos e ter em conta o tempo e o lugar.”
No mesmo tocante de qualificações de crimes e atos, o autor expõe ao leitor sua opinião e posicionamento a respeito dos atentados contra a segurança dos particulares e sobretudo das violências, trazendo uma diferenciação por grupos, e, dentre o primeiro, cita violências por parte da nobreza e dos aclamados juízes, que no seu entendimento, as penas devem ser dispostas e cumpridas por esses da mesma maneira que aos demais, independentemente da posição social e suas influências. 
Beccaria cita também a partir da página 79 o caso de Injúrias, punidas pela infâmia, conforme supracitado, em que a punição é advinda da opinião pública, tentando evitar assim, males que a lei por si só não consegue evitar. Nesse tópico, o que fundamenta a injúria é a honra, esta disposta de maneira complexa, com uma diversidade de opinião compartilhada, podendo tanto como “princípio fundamental nas monarquias” (pg.81) , com tirania controlada pelo rei, mas também num estado de liberdade política ilimitada, não podendo ser “posa em um depósito comum”, procurando por proteção o bom-senso.

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