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MATEMÁTICA FINANCEIRA Aula 2 2. REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO • Quando um capital é aplicado a uma determinada taxa por vários períodos, o montante pode crescer segundo dois critérios ou regimes de capitalização: regime de capitalização simples e regime de capitalização composta. A) Regime de capitalização simples • Dizemos que um capital cresce segundo um regime de capitalização simples, quando os juros gerados em cada período são iguais, e todos valem o produto do capital pela taxa de juros. Além disso, os juros são pagos somente no final da operação. 2 Exemplo 2.1 • Um capital de $1.000,00 é aplicado durante 3 anos à taxa de 10% a.a., em regime de capitalização simples. Durante o 1° ano o juro gerado é 1.000 . 0,1 = 100 Durante o 2° ano o juro gerado é 1.000 . 0,1 = 100 Durante o 3° ano o juro gerado é 1.000 . 0,1 = 100 • Ou seja, somente o capital inicialmente empregado é que rende juros; os juros obtidos não se agregam ao capital para formar juros no período seguinte. • Esquematicamente, temos: 3 • Dessa forma os juros no período considerado valem: J = 100 + 100 + 100 = 300 e o montante Vale: M = 1.000 + 300 = 1.300 B) Regime de capitalização composta • Dizemos que um capital cresce segundo um regime de capitalização composta, quando o juro gerado em cada período se agrega ao montante do início do período e essa soma passa a render juros no próximo período. Exemplo 2.2. Um capital de $ 1.000,00 é aplicado durante 3 anos, à taxa de 10% a.a., em regime de capitalização composta. 4 • Durante o 1 ° ano o juro gerado é 1.000 . 0,1 = 100 e o montante após esse ano é 1.000 + 100 = 1.100. • Durante o 2° ano o juro gerado é 1.100 . 0,1 = 110 e o montante após esse ano é 1.100 + 110 = 1.210. • Durante o 3º ano o juro gerado é 1.210 . 0,1 = 121 e o montante após esse ano é 1.210 + 121 = 1.331. • Diagrama do Fluxo de Caixa: 5 • Dessa forma, os juros gerados no período valem: J=100 + 110 + 121 = 331 e o montante vale: M = 1.000 + 331 = 1.331 Observação • Existe, ainda, o regime de capitalização contínua (pouco usado na prática), em que o montante cresce continuamente com o tempo. 6 2.1 FLUXO DE CAIXA DE UMA OPERAÇÃO • A representação gráfica do fluxo de caixa de uma operação é muito útil na resolução de problemas. Basicamente consiste de um eixo horizontal, onde é marcado o tempo, a partir de um instante inicial (origem); e a unidade de tempo pode ser definida como (ano, mês, dia, etc.). • As entradas de dinheiro são representadas por setas perpendiculares ao eixo horizontal no instante considerado e orientadas para cima; as saídas de dinheiro são indicadas da mesma forma, mas com setas orientadas para baixo. 7 500.000 0 700.000 12 Exemplo 2.3 • Uma pessoa aplica $500.000,00 em um banco e recebe $200.000,00 de juros após 12 meses. • O fluxo de caixa do ponto de vista do aplicador é: • E o fluxo de caixa do ponto de vista do banco é: 12 0 500.000 700.000 8 2.2 JUROS SIMPLES • Vimos que no regime de capitalização simples, a taxa de juros incide sempre sobre o capital empregado e os juros são iguais em todos os períodos considerados. • Portanto, considerando-se um capital C, aplicado a taxa de juros simples i, durante n períodos, chega-se a seguinte fórmula de cálculo: 9 Tem-se: • Juros após 1 período: J1 = Ci • Juros após 2 períodos: J2 = Ci + Ci = 2(Ci) • Juros após 3 períodos: J3 = Ci + Ci + Ci = 3(Ci) • Juros após n períodos: Jn= Ci + Ci + ... + Ci = n(Ci) • Portanto, eliminando o índice n quando não houver possibilidade de confusão, teremos: J = Jn = Cin • A fórmula do montante é imediata. M = C + J = C + Cin M = C (1 + in) 10 Observações 1) Na fórmula dos juros e do montante é necessário que i e n sejam expressos em unidades compatíveis (por exemplo, se i for taxa mensal, n deve ser o número de meses). 2) Embora a fórmula tenha sido deduzida para n inteiro, muitas vezes ela é utilizada para n fracionário. 11 Exemplo 2.4 • Um capital de $ 500.000,00 é aplicado a juros simples durante 3 anos, à taxa de 12% a.a. (a) Obtenha os juros auferidos. (b) Obtenha o montante. • Solução: i = 12% = 12/100 a. a. = 0,12 C = 500.000 n = 3 (a) J = 500.000 . 0,12 . 3 = 180.000 (b) M = 500.000 + 180.000 = 680.000 12 Exemplo 2.5 • Um capital de $ 7.000,00 é aplicado a juros simples durante um ano e meio, à taxa de 50% a.s. (a) Obtenha os juros. (b) Obtenha o montante. • Solução: i = 50% = 50/100 a. s. = 0,5 C = 7.000 n = 3 (um ano e meio = 3 semestres) (a) J = 7.000 . 0,5 . 3 = 10.500 (b) M = 7.000 + 10.500 = 17.500 13 Exemplo 2.6 Qual o capital que rende juros de $ 3.000,00 durante 5 meses, se a taxa de juros simples for 2% a.m.? J = 3.000 i = 2% a.m. = 0,02 n = 5 • Solução: 3.000 = C . 0,02 . 5 3.000 = C . 0,1 C = (3.000/0,1) = 30.000 14 2.3 TAXAS EQUIVALENTES • Diz-se que duas taxas são equivalentes a juros simples, se aplicadas ao mesmo capital e durante um mesmo intervalo de tempo (múltiplo dos tempos a que se referem as taxas) produzirem juros iguais. • Portanto, se i1 e i2 forem as taxas e n1 e n2 os números de períodos contidos no intervalo de tempo considerado, devemos ter: C i1 n1 = C i2 n2 ou i1 n1 = i2 n2 15 Exemplo 2.7 • Em juros simples, qual a taxa anual equivalente à taxa de 2,5% a.m.? Solução: como os prazos são mês e ano, segue que: i1 = ? i2 = 2,5% a. m. n1 = 1 ano n2 = 12 meses i1 × 1 = 0,025× 12 i1 = 0,3 = 30% a.a. • Pode-se resolver diretamente aplicando a relação i1 = i2 . n2 i1 = 0,025 - 12 = 0,3 = 30% a.a. 16 2.4 JUROS EXATO E JUROS COMERCIAL • É muito comum certas operações ocorrerem por um ou alguns dias apenas. Nesses casos é conveniente utilizar a taxa diária equivalente, o cálculo pode ser feito seguindo duas convenções de período: 1) Considerando o ano civil, que tem 365 (ou 366) dias e os meses em número real de dias. 2) Considerando o ano comercial, com 360 dias e o mês comercial com 30 dias. • Os juros obtidos utilizando a 1ª convenção são chamados de exatos e os obtidos pela 2ª convenção são chamados de juros comerciais. 17 Exemplo 2.8 • Um capital de Cr$ 30.000,00 é aplicado por 5 dias à taxa de juros simples de 15% a.m. Obter o juros exato e o juros comercial, sabendo-se que o mês de operação tem 31 dias. a) Juros exato: J = 30.000 × (0,15/31) × 5 = 725,81 b) Juros comercial: J = 30.000 × (0,15/30) × 5 = 750,00 18 2.5 VALOR NOMINAL × VALOR ATUAL OU PRESENTE • Suponha que uma pessoa tem uma dívida de $1.300,00 que vence daqui a 3 meses. Se ela aplicar uma certa quantia hoje, a juros simples e à taxa de 10% a.m., qual o valor que deverá aplicar para poder pagar a dívida na data do vencimento? • Neste caso, o valor de face do título (dívida) na data do vencimento é chamado de valor nominal. O valor que aplicado em data anterior e que produz um montante igual ao valor nominal, chama-se de valor atual ou presente. 19 • Denotando por VN o valor nominal e por VA o valor atual, tem-se graficamente: • Pela definição: VA + (VA × i × n) = VA (1 + in) = VN • Do exemplo, temos: N = 1.300; i = 10%a.m. e n = 3. • Logo, VA + (VA × 0,1 × 3) = VA × 1,3 = 1.300 ↔ VA = 1.300 / 1,3 = 1.000 VN n o VA 20 Observações 1) O conceito de valor nominal e atual é válido não só para avaliar valores presentes de dívidas, mas também de ativos; por exemplo, se uma pessoa possuir uma letra de câmbio vencível dentro de 3 meses, o valor atual ou presente é o quanto ela vale hoje. (Logo, é uma informação básica para a negociação de ativos.) 2) O valor atual ou presente pode ser calculado em qualquer data entre a data do vencimento e a da aplicação. 21 2.6 MÉTODO HAMBURGUÊS • O método hamburguês é um processo que permite calcular, de forma simplificada, os juros produzidos por k capitais {C1, C2, C3, ..., Ck}, aplicados nos prazos (n1, n2, n3, ..., np), respectivamente, sendo i a taxa de juros simples. Ou seja, J1 = C1 n1 i J2 = C2 n2 i J3 = C3 n3 i .................... Jk = Ck nk i 22 • Logo, • Os valores C1 n1 , C2 n2 , ..., Ck nk são chamados de números do método hamburguês. Este método é utilizado para o cálculo dos juros sobre cheques especiais, os juros são calculados sobre os saldos devedores nos prazos correspondentes. 23 J = J1 + J2 +⋯+ Jk = Js k s=1 J = C1n1i + C2n2i +⋯+ Cknk i ⟺ J = i × Csns k s= 1 Exemplo 2.9 • Um banco cobra 12% a.m. de juros sobre os saldos devedores de cheques especiais, com vencimento no último dia do mês. Considere o seguinte extrato de um cliente: Data Histórico Valor D/C Saldo D/C 01/05/17 Transporte - 200,00 C 13/05/17 Cheque 300,00 D 100,00 D 19/05/17 Cheque 150,00 D 250,00 D 21/05/17 Depósito 380,00 C 130,00 C 28/05/17 Cheque 270,00 D 40,00 D 24 • Para o cálculo dos juros, considere o seguinte balancete: Data Saldo D/C Nº de dias Saldo devedor devedor 01/05/17 200,00 C - - 13/05/17 100,00 D 6 600,00 19/05/17 250,00 D 2 500,00 21/05/17 130,00 C - - 28/05/17 140,00 D 3 420,00 Logo, J = (0,12/30) (600 + 500 + 420) = 6,08 • Portanto, o total de juros cobrados do cliente foi de $6,08 no dia 31 de maio de 2017. 25 2.7 SALDO MÉDIO • Em geral, para efeito de renovação de cheque especial, concessão de empréstimos ou descontos de títulos, as instituições bancárias utilizam o saldo médio em conta corrente do cliente como base de análise. • Consideremos os saldos C1, C2, C3 ..., Ck , vigorando nos prazos n1, n2, n3, ..., nk. O saldo médio é definido por: Sm = C1 n1 + C2 n2 + .... + Ck nk n1 + n2 + .... + nk 26 Exemplo 2.10 No mês de abril um cliente apresentou os seguintes saldos credores. Saldo Número de dias 600.000 5 710.000 4 280.000 12 110.000 9 O saldo médio dessa empresa foi: Sm = 600.000 × 5 + 710.000 × 4 + 280.000 × 12 + 110.000 × 9 5 + 4 + 12 + 9 Sm= $339.666,67 27 3. DESCONTO SIMPLES • Consideremos um título de valor nominal VN. Caso ele seja resgatado antes da data do vencimento, o seu valor de resgate será em geral inferior ao nominal. • A diferença entre o valor nominal do título e o valor pago no ato do seu resgate chama-se de desconto, a operação realizada chama-se de desconto de título. • Em geral os títulos que sofrem operação de desconto são as notas promissórias, letras de câmbio e duplicatas. 28 a) Nota Promissória • É um título de crédito no qual o seu emitente se obriga a pagar, na data do vencimento, o valor declarado no título (valor nominal de face). • Geralmente os portadores de notas promissórias negociam estes títulos com instituições financeiras em troca de um valor inferior ao nominal, chamado valor descontado (valor nominal menos o desconto) ou valor líquido da nota promissória. 29 b) Letras de Câmbio São títulos de créditos emitidos por instituições financeiras, onde o seu portador tem o direito de resgatar na data do vencimento a quantia especificada no título (valor nominal de face). c) Duplicatas São títulos de crédito, vinculados a operações de venda de bens ou serviços, que conferem ao portador o recebimento do valor nominal na data do vencimento. • Estes dois títulos, assim como as notas promissórias, também podem ser negociados com instituições financeiras em troca de um valor descontado. 30 3.1 DESCONTO RACIONAL SIMPLES OU "POR DENTRO" • Sejam VN o valor nominal de um título e VA o valor atual (ou líquido) n períodos antes do vencimento. O desconto racional simples (DR) do título resgatado n períodos antes do vencimento é a diferença entre o valor nominal e o atual. DR = VN – VA VA é calculado, conforme vimos anteriormente, pela relação VA(1 + in) = VN, e i é a taxa de juros considerada. DR VN n O VA 31 Exemplo 3.1 Um título de valor nominal $600.000,00 é descontado 2 meses antes do seu vencimento, à taxa de juros simples de 2% a.m. Qual o desconto racional? Temos que: VN = 600.000 ; i = 2 % a.m. e n = 2 Então, VA (1+ 0,02 × 2) = 600.000 V = 576.923,08 portanto, DR = 600.000 - 576.923,08 = 23.076,92 32
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