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Resumo - capítulo 7 Pedro Ivo Gomes de Faria Sumário 1 Capítulo 7 - Tecnologia do DNA recombinante 2 1.1 Fragmentação, separação e sequenciamento de moléculas de DNA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1.2 Hibridização de ácidos nucleicos . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.3 Clonagem de DNA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.4 Engenharia de DNA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1 1 Capítulo 7 - Tecnologia do DNA recombi- nante Vários progressos técnicos permitiram o estudo das células e suas molécu- las de formas não imaginadas anteriormente. Os mais importantes são os seguintes: 1. clivagem do DNA em sítios específicos por nucleases de restrição, per- mitindo o isolamento e manipulação de genes. 2. rápido sequenciamento de todos os nucleotídeos num fragmento de DNA, possibilitando a determinação de limites de um gene e dos aminoá- cidos codificados. 3. hibridização de ácidos nucléicos, que permite encontrar uma sequência específica com precisão. 4. clonagem de DNA, em que uma única molécula pode ser copiada para gerar bilhões de moléculas idênticas. 5. engenharia de DNA, em que sequências de DNA são alteradas para fazer versões modificadas de genes (que são reinseridas em células ou organismos). 1.1 Fragmentação, separação e sequenciamento de molécu- las de DNA A solução para vários tipos de problema relativos ao isolamento de genes começou a surgir com a descoberta das nucleases de restrição. Essas enzi- mas (que podem ser purificadas de bactérias, que as produzem para degradar DNA viral) cortam a dupla hélice do DNA em sítios específicos, produzindo fragmentos de DNA de tamanhos definidos. Algumas produzem cortes en- viesados, que deixam curtas pontas de filamentos únicos nos dois terminais de cada fragmento (terminais coesivos). Os terminais coesivos gerado pela mesma enzima de restrição permitem que quaisquer dois fragmentos de DNA se unam facilmente (formando moléculas de DNA recombinante). Comparando os tamanhos dos fragmentos de DNA produzidos em uma particular região após tratamento com diferentes nucleases de restrição, um mapa de restrição da região (mostra cada local de corte em relação aos sítios de restrição vizinhos) pode ser construído. Mapas de restrição permitem a comparação da mesma região de DNA em diferentes indivíduos sem ter que determinar as sequências de nucleotídeos em detalhe. 2 No início da década de 1970 descobriu que moléculas de DNA poderiam ser purificadas com o mesmo tipo de eletroforese (aplicação de uma diferença de potencial que permite a separação de moléculas de massas diferentes) em gel usado na análise de proteínas. Para fragmentos de DNA com menos de 500 nucleotídeos, géis de poliacrilamida permitem que moléculas que difiram (em comprimento) por apenas um nucleotídeo sejam separadas. Uma vez isoladas, moléculas de DNA costumam ser marcadas de duas formas distintas. Na primeira, o DNA é copiado pela enzima polimerase I na presença de nucleotídeos radioativos ou quimicamente marcados. Na segunda, a enzima PNK (quinase de polinucleotídeo) transfere um átomo de fósforo radioativo do ATP para uma ponta 5’ de cada cadeia de DNA. Fragmentos de DNA isolados podem ser rapidamente sequênciados, sendo que os primeiros métodos desenvolvidos foram o químico (que utiliza mar- cação da ponta 5’ por fósforo radioativo e tratamento químico - seletivo - para cortar os filamentos em determinados pontos ) e o enzimático (que uti- liza didesoxinucleotídeos - não possuem o grupo OH na posição 3’ e portanto interrompem a polimerização - e primers marcados para sintetizar cópias com mesmo início mas terminais diferentes). Métodos de sequênciamento são tão rápidos e confiáveis que são usados para determinar sequências polipetídi- cas: é feito um clone de cDNA (DNA complementar) sintetizado a partir de uma RNAm maduro, sua sequência de nucleotídeos é determinada e o código genético é usado para determinar a cadeia polipeptídica correspondente. A marcação da ponta 5’ dos fragmentos com fósforo radioativo também é usada no “footprinting” de DNA (determinação dos sítios de ligação entre o DNA e as proteínas). Neste método, as moléculas marcadas são clivadas (por um nuclease ou um reagente) que faz cortes aleatórios em filamentos do DNA, seguido de uma desnaturação para separar os dois filamentos. Os subfragmentos resultantes são separados por gel e detectados por autorra- diografia. Como a proteína ligada ao DNA impede a quebra das ligações fosfodiéster na região onde está, os fragmentos que terminariam nessa região não aparecem no padrão de bandas, deixando uma lacuna no gel (“footprint” ou pegada). 1.2 Hibridização de ácidos nucleicos Quando uma solução aquosa de DNA é submetida a altas temperaturas (100 oC) ou alto pH (≥ 13), os filamentos que formam as hélices se disassociam (desnaturação). Porém, se a solução for mantida por um período prolon- gado a uma temperatura mais baixa (65 oC), as hélices são regeneradas (re- naturação ou hibridização). Esse processo pode ser usado para detectar e caracterizar sequências específicas de nucleotídeos tanto no DNA como no 3 RNA. Para identificar um determinado fragmento, é usado um fragmento com- plementar (obtido por clonagem ou quimicamente) que carregue um mar- cador único (como um radioisótopo) que permita acompanhar o curso da hibridação. Tal fragmento é denominado uma sonda de DNA. Quando o fragmento procurado é de DNA, é possível utilizar a hibridiza- ção para determinar quantas cópias da sequência estão presentes no genoma de uma célula (mesmo que estejam em baixa concentração na solução). No caso em que o alvo é uma sequência de RNA, a hibridação serve para desco- brir se (e em que intensidade) um dado gene está se expressando na célula ou para determinação da posição de íntrons na sonda. Um método que facilita a hibridização consiste em fracionar os filamentos simples (DNA ou RNA) por eletroforese em gel, que são transferidos para uma membrana de nitrocelulose. Em seguida, a membrana é tratada com a sonda, lavada e submetida à autorradioagrafia. Conhecendo os pontos onde os fragmentos foram clivados, é possível dizer em quais trechos a sequência procurada está ou não presente. O método é dito transferência de Southern se a sequência-alvo for de DNA ou transferência de Northern se for de RNA. Grandes genomas podem ser mapeados fisicamente (através da análise direta das moléculas de DNA) ou através de mapas de ligação genética (baseados na frequência de co-herança entre duas ou mais características, que servem como marcadores genéticos). Um marcador genético pode estar em qualquer lugar no genoma onde existem variações detectáveis entre difer- entes indivíduos de uma população (a diferença é dita uma mutação se for rara ou um polimorfismo se for comum). Um tipo de marcador largamente utilizado depende do modo em que pequenas diferenças (uma mudança em um par de bases ou duplicação de um subsequência) na sequência de DNA alteram os sítios de corte das enzimas de restrições (alterando os tamanhos dos fragmentos). Tais diferenças mínimas entre indivíduos são ditos polimorfismos do comprimento do fragmento de restrição (RFLPs). Um RFLP é especialmente útil quando é muito comum na população, tal que exista uma alta probabilidade de que os parentes de um indivíduo carreguem marcadores distinguíveis (como repetição de curtas sequências com comprimento variável - microssatélites). Moléculas de DNA sintéticas podem ser usadas para fazer um diagnóstico precoce de doenças genéticas (como sondas), especialmente no caso em que a mutação é conhecida (um exemplo é anemia falciforme, em que a sequência GAG muda para GTG na cadeia beta da uma hemoglobina). Variando a temperatura em que ocorre a hibridação, é possível variar sua estringência (acima de uma certa temperatura apenas sequências caadasperfeitamente hibridizam, permitindo detectar genes mutantes). Mesmo quando a sequên- 4 cia exata de mudanças nos nucleotídeos não é conhecida, é possível utilizar a transferência de Southern para procurar por variações específicas no genoma (como RFLPs) que são sabidamente ligadas ao gene defeituoso. Como novos genes surgem devido a alterações em genes precedentes, a maioria deles possui uma “família” de indivíduos intimamente relaciona- dos (tanto funcionalmente como estruturalmente). Essas famílias podem ser identificadas quando a hibridização ocorre com estrigência reduzida (em condições - temperatura reduzida - que permitem que a sonda forme uma dupla hélice estável com filamentos que não casem perfeitamente com ela). Ácidos nucléicos ocupam posições precisas em células e tecidos, e portanto grande parte de informação em potencial é perdida quando essas moléculas são extraídas e homogeneizadas. Para evitar isso foram desenvolvidas téc- nicas de hibridização in situ, que permitem localizar genes em cromossomos intactos de células ou cortes histológicos. 1.3 Clonagem de DNA Na clonagem de DNA, um fragmento que contenha um gene de interesse é inserido no genoma de um elemento autorreplicante (um vírus ou um plas- mídeo) para amplificar sua quantidade. Um vírus ou plasmídeo utilizado desta forma é dito um vetor de clonagem, e o DNA propagado pela inserção é dito clonado. Para clonar um gene específico, é necessário ter uma biblioteca de DNA (coleção de vários fragmentos de DNA clonados) que conteha o gene de in- teresse. Se forem usados plasmídeos como vetores, o próximo passo é fazer a inserção dos fragmentos da biblioteca (através de nucleases de restrição - que criam terminais coesivo - e ligases de DNA) e reinseri-los em células bacteriais induzidas a serem permeáveis (temporariamente) ao DNA. As bactérias que não absorveram os plasmídeos (não transfectadas) podem ser eliminadas por antibióticos, resultando numa grande quantidade de clones dos elementos da biblioteca. A clivagem de todo o genoma de uma célula (com uma nuclease de re- strição específica) é chamada de abordagem “shotgun” (escopeta) à clonagem gênica. Ela produz um número grande de fragmentos (na ordem de um mil- hão para genomas de mamíferos), que estarão presentes em milhões de plas- mídeos (constituindo uma biblioteca de DNA genômico, com apenas alguns fragmentos contendo genes). Alternativamente, pode-se usar cDNA (DNA complementar, que é obtido através da transcrição reversa de um RNAm maduro) em vez de DNA genômico na clonagem, gerando uma biblioteca de cDNA. As principais vantagens do uso desse tipo de biblioteca estão na facil- idade de se encontrar um clone específico (pois a quantidade de um tipo de 5 cDNA numa biblioteca é proporcional à expressão do gene correspondente na célula de onde foi extraído, e portanto células especializadas na produção de uma proteína podem ser escolhidas para montar a biblioteca) e de se poder usar vetores procariontes (que possuem DNA sem íntrons, como o cDNA) para produção de uma determinada proteína (como a insulina em E. coli) em larga escala . Caso os cDNAs precisem ser preparados a partir de células que possuam baixa expressão do gene de interesse, podem ser usados anticorpos ou hi- bridação subtrativa. Com o anticorpo apropriado, é possível precipitar as cadeias peptídicas-alvo que estão nos polirribossomos e, consequentemente, o RNAm que codifica a proteína. A hibridação subtrativa pode ser usada quando duas células intimamente relacionadas (como linfócitos T e B) do mesmo organismo estão disponíveis, mas apenas uma delas produz a proteína de interesse. Ela ocorre a partir da hibridação de cDNA da célula de interesse com RNAm da célula semelhante, sendo que o cDNA de interesse (cuja proteína não é produzida na célula semelhante) não hibridiza com o RNAm e portanto pode ser separado com uma coluna de hidroxiapatita. Existem basicamente duas formas de se encontrar um clone de interesse numa biblioteca de DNA: usar uma sonda de DNA complementar à sequên- cia procurada ou um anticorpo marcado que reconheça a proteína produzida pelo gene. A sequência de nucleotídeos das sondas de DNA pode ser de- duzida (parcialmente, devido à ambigüidade do código genético) a partir da análise da sequência de aminoácidos da proteína procurada. Para aumentar as chances de encontrar candidatos promissores, pode-se usar duas sondas (que casem com partes diferentes da sequência predita) em vez de uma só. No caso de reconhecimento da proteína, é necessário usar uma biblioteca de cDNA composta por vetores de expressão (vírus ou plasmídeos especiais), que orienta a bactéria transfectada a sintetizar a proteína codificada pelo DNA estrangeiro em grandes quantidades. Tendo descoberto um gene mapeado (i.e., está num mapa cromossômico que dá as posições relativas entre o gene e seus vizinhos) já clonado, ele pode ser usado num passeio cromossômico para identificar clones (numa biblioteca de DNA genômico) dos genes vizinhos. Um terminal do clone do gene inicial é usado para prepara uma sonda, que é então usada para encontrar (por hibridização) um clone que se sobreponha a ele. Em seguida, faz-se o mesmo com o clone recém-encontrado e assim por diante. Para encontrar genes em humanos que sejam responsáveis pelo apareci- mento de doenças, a abordagem padrão é chamada clonagem posicional, feita em 5 passos. 6 1. marcadores RFLP co-herdados com o fenótipo são identificados para delimitar a região em que o gene se encontra. 2. obter clones de DNA genômico que cubram toda a região entre os RFLPs. 3. os clones são usados para identificar quais porções do DNA também estão conservadas em camundongos (o que indica a importância dessas sequências). 4. procurar o subconjunto das sequências conservadas que codificam um RNAm em tecidos que expressam o fenótipo mutante. 5. procurar (em transferências de Southern) por diferenças de tamanho entre os fragmentos identificados no passo 4 (que indicam uma deleção, provavelmente responsável pela mutação). A disponibilidade de DNA polimerases purificadas (em especial as Taq polimerases - que são termoestáveis e não desnaturam facilmente) e oligonu- cleotídeos de DNA sintetizados quimicamente (utilizados como primers) pos- sibilitaram clonar sequências específicas de DNA exponencialmente sem a necessidade de uma célula (numa técnica chamada reação em cadeia da polimerase - PCR). Cada ciclo da reação requer um tratamento de calor que separa os dois filamentos da dupla hélice de DNA genômico. Em seguida, um resfriamento do DNA na presença de um excesso dos dois tipos de primers (um para cada filamento) permite a hibridização entre os dois. A mistura é então incubada com a DNA polimerase e os 4 tipos diferentes de nucleotídeos do DNA (dNTPs), onde ocorre a extensão dos primers. Quando o procedimento é repetido, os filamentos recém-sintetizados também servem como moldes, resultando num produto em que predomina um fragmento de DNA cujo comprimento corresponde à distância entre os dois primers originais. 1.4 Engenharia de DNA Com enzimas de restrição apropriadas, é possível usar um mesmo vetor (como um plasmídeo) diversas vezes para unir fragmentos de DNA de diferentes genes. Outro modo para unir duas sequências de interesse é o uso da PCR associada a primers com pontas 5’ que criam sítios de restrição específicos (e, consequentemente, terminais coesivos que permitem a união das duas moléculas). Umas das técnicas utilizadas para produzir grandes quantidades de RNA in vitro utiliza-se de engenharia genética. Ligando o DNA que codifica o RNA 7 desejado a um promotor viral em um vetor, é possível utilizar a eficiente RNA polimerase viral (produzida por certos bacteriófagos) para fazer a transcrição. A maioria das diferentes proteínas numa célula eucariótica (muitas com importantes funções) estão presenteem pequenas quantidades. Um meio eficiente de amplificá-las in vivo é através de um vetor de expressão, que é (geralmente) um plasmídeo engenheirado (utilizando acentuasssomos - en- hancers - e promotores) para aumentar o nível de expressão do DNA codifi- cante inserido. A transcrição de um gene é controlada por sequências de DNA regu- latórias (determinam quais células expressam o gene - e em que condições) que não são transcritas. Elas podem ser identificadas substituindo o gene em questão por uma sequência diferente (dita sequência de relato) que codifique uma proteína de fácil detecção (corante histológico ou medição de atividade enzimática). Existem basicamente dois modos de se determinar a função de um gene: pelo uso de anticorpos ou pela análise de mutantes. No primeiro método, injeta-se um anticorpo na célula que reconhece a proteína codificada pelo gene e então observa-se como ela é afetada. Seus pontos fracos estão na transitoriedade do efeito e no fato de muitos anti- corpos não conseguirem bloquear a função na proteína (mesmo que estejam fortemente ligados a ela). Outra abordagem (utilizada pela genética) está na análise de mutantes que carecem de uma determinada proteína (e assim revelar sua função numa célula normal). Esse método é facilmente aplicável a organismos que se repro- duzem rapidamente, como bactérias ou leveduras. Tratando esses organismos com agentes que alteram seu DNA (mutagênicos), muitos mutantes podem ser criados rapidamente e então examinados para a detecção de um defeito de interesse. Ainda existe outro tipo de prática: em vez de começar com um mu- tante gerado aleatoriamente e usá-lo para identificar um gene e sua proteína, pode-se começar com um gene em particular e induzir mutações nele (tanto a sequência codificante quanto as regiões regulatórias podem ser alteradas de modo controlado), criando células ou organismos mutantes para analisar a função do gene. Como tal procedimento é inverso ao tradicional para de- scoberta de genes, ele é dito genética reversa. A função de uma proteína pode ser analisada por proteínas de fusão (cri- adas pela junção de dois ou mais genes que codificam proteínas separadas), unindo regiões específicas de uma proteína de interesse (que possuem sub- sequências sinalizadoras que determinam sua localização ou estabilidade na célula) a proteínas de relato (facilmente detectáveis e que não possuem tais subsequências). No caso em que os sinais dependem do dobramento da pro- 8 teína como um todo (e não apenas de uma sequência), pode-se usar uma proteína resultante da fusão da proteína de interesse e de um epítopo (menor parte de um antígeno que é reconhecida por um anticorpo, que permite o rastreamento da fusão). Em bactérias e eucariontes inferiores (haploides), a introdução artificial de DNA contendo genes mutantes geralmente causa a substituição do gene normal (por recombinação). Já em eucariontes superiores (diploides), tal alteração costuma resultar em adição gênica: o gene mutante se insere numa posição aleatória do genoma, fazendo com que o organismo contenha tanto o gene normal quanto o mutante. Nos organismos em que ocorre a adição gênica, é possível criar mutações negativas dominantes, os quais o gene mutante inibe a atividade da sua contraparte normal na célula. Um dos métodos para isso está em engenheirar o mutante para que ele produza moléculas de RNA anti-sentido (que são complementares ao RNA transcrito do gene normal), que hibridizam com o RNA normal e assim inibem a síntese da proteína correspondente. Outra abordagem está em fazer com que a proteína mutante seja inativa mas mesmo assim consiga entrar no complexo protéico do qual faz parte a proteína do gene normal (se um dos componentes é não-funcional, o complexo todo é inativado). O teste final para a função de um gene alterado é reinseri-lo em um organismo e observar qual ele efeito ele tem. Por exemplo, um zigoto de camundongo injetado com 200 cópias de uma molécula de DNA linear fre- quentemente irão se desenvolver num adulto contendo (em muitas de suas células) um vetor de cópias em sequência do gene injetado integrado em um de seus cromossomos numa única posição aleatória. Se o cromossomo estiver presente nas células da linhagem germinativa, o camundongo passará o gene externo à sua prole. Animais permanentemente alterados dessa forma são ditos transgênicos, e os genes externos são ditos transgenes. Do mesmo modo que camundongos mutantes podem ser criados a par- tir da manipulação genética de células tronco num meio de cultura, plantas transgênicas também podem ser criadas de modo análogo. Um dos meios de se fazer isso é através do plasmídeo indutor de tumor que espécies de Agrobac- terium usam para transferir parte de seu DNA (T-DNA) para o genoma da planta hospedeira (substituindo o oncogene do T-DNA por um gene de in- teresse). A habilidade de produzir plantas transgênicas acelerou o progresso em áreas da biologia celular de plantas, como no isolamento de receptores para reguladores de crescimento e na análise de expressão gênica em plantas. Em relação aos benefícios agrícolas, passou a ser possível modificar a reserva de lipídeos, amido e proteínas das sementes, transmitir às plantas resistência a 9 vírus e pestes e criar plantas que tolerem condições extremas de habitat. 10 Capítulo 7 - Tecnologia do DNA recombinante Fragmentação, separação e sequenciamento de moléculas de DNA Hibridização de ácidos nucleicos Clonagem de DNA Engenharia de DNA
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