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Estabilidade provisória da gestante nos contratos por prazo determinado A intenção em proteger a mulher e o nascituro é condizente com uma sociedade livre, justa e solidária. Proteger a empregada gestante é um objetivo a ser seguido pelo Brasil a fim de impedir possíveis demissões por causa da gravidez. Prova disto, é que o Brasil se comprometeu através de Tratados Internacionais em proteger a gestante e também o nascituro. A gravidez em hipótese nenhuma pode ser vista do ponto de vista como algo errado, como se fosse alguma doença ou crime. A continuação da espécie depende exclusivamente do ser mulher, na qual foi brindado pela natureza para gerar a vida e assim renovar as próximas gerações. O homem neste caso é apenas coadjuvante. Historicamente, pode se constatar que o instituto da estabilidade foi criado a fim de proteger o empregado ou empregada de uma demissão seja em razão de sua função ou em razão de uma condição. Nesse sentido, a estabilidade no emprego pressupõe a continuação dos serviços prestados. No que diz respeito a empregada contratada a termo, se percebe que nessa modalidade contratual não há um dos requisitos essenciais da continuação do emprego, qual seja, a manutenção do emprego, uma vez que o término do contrato é de antemão de conhecimento das partes contratantes. O artigo 10, inciso II, alínea b do ADCT, estabeleceu que a estabilidade provisória se inicia da concepção até cinco meses após o nascimento da criança. Todavia, proteger o nascituro e a empregada gestante é um dever do Estado, fundamentado no princípio da dignidade da pessoa humana. Ao verificar a história, se percebe que a mulheres foram por décadas discriminadas, ganhando salários mais baixos, tendo menos oportunidades, se sujeitando aos desmandos de uma sociedade até bem pouco tempo atrás machista. Entretanto, com o passar do tempo à sociedade brasileira foi se estruturando à medida que novas constituições foram surgindo, permitindo que a mulher deixasse para trás o paradigma de dependente do homem cuja função era cuidar dos filhos e da casa. Com a Constituição Federal de 1988, temos homens e mulheres em patamar de igualdade, disputando em regra as mesmas oportunidades. Desta feita, a Constituição Federal vedou a dispensa arbitrária ou sem justa causa da concepção até cinco meses após o parto, porém, não mencionou em qual modalidade contratual estaria albergado tal direito. Como se omitiu tal direito segundo interpretação do Supremo Tribunal Federal vale para todas as empregadas que ficarem grávidas, independente do regime jurídico de contratação. O TST, por sua vez, entendeu da mesma forma a partir de Setembro de 2012, data em que alterou de forma significativa a redação da Súmula 244. Tal mudança cria espanto, uma vez que o contrato por prazo determinado tem data para acabar, não sendo esta demissão nem arbitrária muito menos sem justa causa. Aqui, o contrato se extinguiu em razão do decurso do tempo. Pois bem, ao analisar a aplicação do instituto da estabilidade provisória das gestantes nos contratos por prazo determinado se percebe que tal garantia não acontece na prática laboral. O dever ser é bem diferente do ser. Na prática, para se defenderem da aplicação deste direito concedido às empregadas gestantes, os empregadores acabam dispensando-as ao término ou durante o contrato por tempo determinado, pois se fundamentam que não haveria tal estabilidade, o que até Setembro de 2012 era permitido pela jurisprudência do TST. O contrato por prazo determinado é uma exceção à regra aos contratos indeterminados, por ser exceção, não deveria criar uma exceção dentro da exceção. Impor o instituto da estabilidade nos contratos a termo é desvirtuar a finalidade dessa modalidade contratual, inclusive com relação à regra temporal, pois a chance de ultrapassar dois anos é grande. As trabalhadoras que foram dispensadas grávidas tiveram êxito em suas demandas trabalhistas ao pleitearem reintegração ao emprego ou indenização substitutiva, por alegarem ofensa ao texto constitucional bem como ofensa à dignidade humana. Em contrapartida, a insegurança jurídica causada pela mudança de entendimento coloca os empregadores numa difícil situação, pois as empresas que antes estavam seguindo a lei de repente se encontraram fora dela. Dessa forma, se antes os empregadores dispensavam as grávidas contratadas a termo, agora com este novo entendimento é bem provável que nem as contraste, seja para contrato de experiência, temporário, obra certa entre outros. Por fim, conclui se que por trás desta situação o que temos é a briga de interesses entre o capitalismo e o socialismo. Estabilidade provisória da gestante, análise da súmula 244 do TST A CF garante à empregada gestante estabilidade no emprego desde o momento da confirmação da gravidez, sendo que prevê nos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias artigo 10, II, b que: “Fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. A preocupação com a empregada gestante e a vida do nascituro tem sido tema nos nossos tribunais desde muito tempo, sendo que, mesmo antes da CF o Tribunal Superior do Trabalho já previa através da súmula 244 que: Nº 244 Gestante - Garantia de emprego: Redação original - Res. 15/1985, DJ 05, 06 e 09.12.1985 A garantia de emprego à gestante não autoriza a reintegração, assegurando-lhe apenas o direito a salários e vantagens correspondentes ao período e seus reflexos. Nota-se que a priorização da garantia da dignidade da pessoa humana, artigo 1, III da Constituição Federal, pelos Tribunais do Trabalho refletiu diretamente ao longo dos anos nas alterações da súmula 244, a qual em 2012 recebeu a seguinte redação: GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item III alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT ex-OJ nº 88 da SBDI-1 - DJ 16.04.2004e republicada DJ 04.05.04) II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado. Interessante analisarmos as inserções e alterações ocorridas na súmula 244 do TST: I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade: Quanto ao momento do conhecimento do estado gravídico e início da estabilidade, o acórdão da lavra do ministro Francisco Fausto de Medeiros no ROAR 400356-75.1997.5.02.5555, publicado no DJ em 12.05.2000/J-11.04.2000, de forma clara enfatiza que: “O artigo 10, inciso II, do ADCT não impôs qualquer condição à proteção da empregada gestante. Assim, o desconhecimento da gravidez, pelo empregador, no momento da despedida imotivada não constitui obstáculo para o reconhecimento da estabilidade constitucional. Dessa forma, viola o texto constitucional a decisão que não reconhece a estabilidade da empregada gestante em virtude do desconhecimento da gravidez pelo empregador no ato da sua demissão. 2. Recurso ordinário em ação rescisória provido.” Além disso, grande parte das mulheres só tem condições de ter ciência do estado gravídico que se encontram após algumas semanas de gestação não sendo válido puni-las por não cientificar o empregador no ato da demissão. Por fim, quanto a este ponto, a SDC - Seção de Dissídios Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento de que a estabilidade para gestante é direito indisponível não comportando transação para reduzi-lo, sendo nula qualquer cláusula de convenção ou acordo coletivo que estabeleça requisitos para obtenção da estabilidade, nesse sentido é a Orientação Jurisprudencial nº 30 da SDC do C. TST: “Nos termos do art. 10, II, “a” do ADCT a proteção à maternidade foi erigida à hierarquia constitucional, pois retirou do âmbito do direito potestativo do empregador a possibilidade de despedir arbitrariamente a empregada em estado gravídico. Portanto, a teor do artigo 9º da CLT, torna-se nula de pleno direito a cláusula que estabelece a possibilidade de renúncia ou transação, pela gestante, das garantias referentes à manutenção do emprego e salário”. Portanto, fica claro que independente de qualquer notificação, constatada a gravidez da empregada durante o contrato de trabalho, inclusive no período do aviso prévio indenizado, faz jus a garantia provisória de emprego nos termos do artigo 10, II, ”b” do ADCT, podendo ser demitida apenas se cometer falta grave prevista no artigo 482 da CLT. II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. Conforme já exposto inicialmente a súmula 244 previa o pagamento dos salários e vantagens correspondentes ao período de estabilidade não autorizando a reintegração. Convém colacionar posicionamento jurisprudencial deste período: GESTANTE - GARANTIA NO EMPREGO - INDENIZAÇÃO SALARIAL - Independente da ciência do empregador, a gravidez da empregada, para a percepção de seus direitos. O que é de essência é a objetividade do fato e, não o conhecimento do empregador. O art. 10, II, b, ADCT, visou impedir a despedida arbitrária da empregada gestante, que, por recepção do art. 165, consolidado, ajustasse o que não se funda em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. Ainda, não conferiu o legislador estabilidade no emprego, mas sim garantia de emprego. Daí ser a razão da indenização salarial e, jamais ao direito de reintegração, como expresso no Enunciado da súmula 244, do C - TST. (TRT-09ª R. - RO 9.307/92 - 2ª T. - Ac. 11.856/93 - Rel. Juiz Lauro Stellfeld Filho - DJPR 08.10.1993) A alteração ocorrida em 2003, a qual inseriu a redação do inciso II da súmula 244, Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003, corrobora a garantia de emprego ao determinar a reintegração e não indenização enquanto estiver no período estabilitário, impedindo também a discriminação da mulher gestante a qual deve ser integrada ao ambiente de trabalho. A mudança radical ocorrida na súmula 244 a qual não autorizava a reintegração em 1985 para determinar a reintegração ao menos enquanto a trabalhadora estiver no período estabilitário. Dessa, forma após a real possibilidade jurídica de reintegração da trabalhadora durante o período estabilitário através da tutela antecipada, a jurisprudência dos Tribunais foi se adequando e garantindo enfim o emprego e não mais apenas a indenização dos direitos trabalhista o que foi posteriormente confirmado através da alteração da súmula 244 do C. TST. III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado. A mudança ocorrida em 2012 demonstra a real preocupação do judiciário com o nascituro e a garantia do emprego para as mulheres gestantes admitidas através de contrato por tempo determinado. Antes da alteração, a súmula 244 previa no inciso III que: "Não há direito da empregada gestante à estabilidade provisória na hipótese de admissão mediante contrato de experiência, visto que a extinção da relação de emprego, em face do término do prazo, não constitui dispensa arbitrária ou sem justa causa", o que permitia o empregador contratar a título de experiência, por exemplo, e ao final do contrato, dispensar arbitrariamente ou sem justa causa a trabalhadora grávida. Com o tempo e a priorização do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana pelos Tribunais, foram surgindo julgados com decisões contrárias à antiga redação do inciso III da súmula 244 visando proteger também as gestantes em contrato por prazo determinado, o que passou a ser confirmado inclusive pelo Supremo Tribunal Federal, conforme segue: RECURSO DE REVISTA - GESTANTE – ESTABILIDADE PROVISÓRIA - CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. Estabelece o art. 10, II, "b", do ADCT/88 que é vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, não impondo nenhuma restrição quanto à modalidade de contrato de trabalho, mesmo porque a garantia visa, em última análise, à tutela do nascituro. O entendimento vertido na súmula nº 244, III, do TSTencontra-se superado pela atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que as empregadas gestantes, inclusive as contratadas a título precário, independentemente do regime de trabalho, têm direito à licença maternidade de 120 dias e à estabilidade provisória desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Dessa orientação assentiu o acórdão recorrido, em afronta ao art. 10, II, "b", do ADCT/88. RR 1601-11-2010.5.09.0068 , 1ªT - Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho DJE 09.03.2012/J-29.02.2012 - Decisão unânime. Dessa forma a estabilidade provisória passou a ser estendida também para aquelas gestantes que trabalham em contratos de experiência, temporárias e outras modalidade de contrato a termo, garantindo todos os direitos trabalhistas, por muitas vezes, o convênio médico além da vinculação por um maior período com o INSS. De todo o exposto, verifica-se que ao longo do tempo as mudanças ocorridas na súmula 244 do TST confirmam uma visão humanitária que privilegia os direitos sociais assegurando a efetividade do art. 1º, III da CF. Estabilidade da gestante - Quando inicia? É garantida em quais espécies de contrato de trabalho? E durante o aviso prévio? INÍCIO DA ESTABILIDADE: A estabilidade da gestante está prevista no art. 10, II, “b, do ato das disposições transitórias da Constituição Federal de 1988, que dispõe sobre a proibição de dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Diante da referida previsão, a estabilidade da gestante deve ser conferida a partir da data da confirmação da gravidez (concepção da gravidez) e não da comunicação do fato ao empregador, entendimento que é seguido pacificamente pelo Tribunal Superior do Trabalho. Necessário esclarecer que a expressão “data da confirmação” nada mais é do que a data da concepção da gravidez em si . Por exemplo, se uma empregada tem dúvida sobre a gravidez, e ao procurar o médico no mês de maio confirma que a concepção se deu desde janeiro, o que conta para início da estabilidade é o mês de janeiro, momento em que se teve a concepção do bebê. GRAVIDEZ DURANTE O AVISO PRÉVIO: No caso da empregada que em gozo do aviso prévio (trabalhado ou indenizado) descobre que está grávida, a esta também é assegurada a estabilidade provisória conferida às gestantes, consoante disposição do Art. 391-A da CLT, recentemente inserido pela Lei 12.812 /2013, bem como da Súmula 244 do TST. GRAVIDEZ DURANTE CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO E CONTRATO DE EXPERIÊNCIA: No contrato por tempo determinado, e inclusive no contrato de experiência, o mesmo entendimento é seguido, conforme dispõe a Súmula 244, III, do TST. Importante esclarecer que ainda que o empregador desconheça o estado gravídico da empregada e a dispense e, posteriormente à dispensa a empregada descobre que está grávida, tendo a concepção ocorrido durante o contrato de trabalho, tal desconhecimento pelo empregador não afasta o dever de pagamento de indenização decorrente da estabilidade ou de sua reintegração. CONCEPÇÃO OCORRIDA ANTERIORMENTE À ADMISSÃO – POLÊMICA: Questão que ainda não foi objeto de norma legal, nem de Súmula, mas que os juízes do trabalho vêm adotando o entendimento de que há estabilidade provisória, é a hipótese de a concepção se dar antes mesmo da própria contratação. Ou seja, a gestante é contratada no mês de maio, mas descobre que já estava grávida desde fevereiro, tendo a concepção ocorrido anteriormente ao contrato de trabalho. Mesmo assim, a gestante terá direito à estabilidade provisória, pois o que se visa é a proteção da gestante e do bebê, sendo certo que a garantia de emprego é a forma de possibilitar sobrevivência digna dos mesmos. Essa questão gera polêmica entre os empresários, pois o empregador não pode solicitar qualquer exame, perícia, laudo, etc, para atestar o estado da mulher antes de contratá-la, sob pena de realizar atitudes discriminatórias, assumindo assim plenamente os riscos do negócio. Pelo exposto, vê-se que intenção do ordenamento jurídico pátrio é de propiciar a proteção não só da garantia de emprego da mulher, mas principalmente da criança que virá a nascer, pois depende dos rendimentos da sua genitora para ter condições dignas de vida. Assim, atualmente em todas as modalidades de contrato de trabalho é garantida à gestante a estabilidade provisória no emprego, desde a confirmação da gravidez (concepção do nascituro) até cinco meses após o parto. Estabilidade provisória à gestante no exercício de função pública A Constituição da República garante à empregada gestante, estabilidade no emprego desde o momento da confirmação da gravidez, sendo que prevê no artigo 10, II, b, dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias que “Fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. A dúvida surge quando a mulher for admitida nos quadros da Administração Pública, mediante contrato de prestação de serviços por prazo determinado. Assim, sendo por prazo determinado o contrato, caso a mulher engravide no curso do contrato e este expire no decorrer da gravidez terá a mulher direito à licença maternidade, bem como à estabilidade provisória? Para elucidar a questão registre-se se trata de um regime funcional especial, em oposição aos regimes estatutário e celetista. Por certo, em se tratando de contrato de prestação de serviços, não há que se falar em reintegração ou, ainda, em estabilidade no cargo. Porém, não pairam dúvidas sobre o fato da gestante ser, sim, detentora dos direitos sociais previstos no art. 7º, VIII e XVII, aplicados expressamente aos ocupantes de cargo público, baseando-se na extensão prevista no art. 39 , § 3º da CRFB/88. Ainda, que embora não se possa falar em estabilidade, a mulher quando contratada temporariamente para o exercício de função pública faz jus, quando gestante, à estabilidade provisória de que trata o art. 10, II, b do ADCT, que veda, a adequada regulamentação, a dispensa arbitrária ou sem justa causa de empregada gestante,desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. A jurisprudência já tem se manifestado favorável a esse entendimento: DIREITO CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E TRABALHISTA. CONTRATOS POR PRAZO DETERMINADO E OCUPANTES DE CARGOS EM COMISSÃO NÃO OCUPANTES DE CARGOS EFETIVOS. GRAVIDEZ DURANTE O PERÍODO DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. DIREITO À LICENÇA- MATERNIDADE E À ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ARTIGO 7º , XVIII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ARTIGO 10, INCISO II, ALÍNEA B, DO ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS.” (ARE 674103 RG / SC - SANTA CATARINA REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO Relator (a): Min. LUIZ FUX Julgamento: 03/05/2012 Publicação ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-115 DIVULG 17-06-2013 PUBLIC 18-06-2013) RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. DISPENSA DE SERVIDORA CONTRATADA EM CARÁTER TEMPORÁRIO DURANTE O PERÍODO DE GESTAÇÃO. ARTS. 7º, XVIII, DA CF E10, II, b, DO ADCT. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA DA ESTABILIDADE PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE. VALORES POSTERIORES À IMPETRAÇÃO. SÚMULAS 269 E 271/STF. PRECEDENTES. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, as servidoras públicas, incluídas as contratadas a título precário, independentemente do regime jurídico de trabalho, possuem direito à licença maternidade e à estabilidade provisória, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, consoante dispõem os arts. 7º , XVIII, da Constituição Federal e 10, II, b, do ADCT, sendo a elas assegurada a indenização correspondente às vantagens financeiras pelo período constitucional da estabilidade. Desta forma, é irrelevante o fato da mulher está submetida a contrato de prestação de serviços e de que a estabilidade provisória irá estender o prazo de validade do contrato por tempo determinado, uma vez que o direito de estabilidade da gestante previsto no ADCT é extensivo a qualquer trabalhadora, independente do regime ao qual se encontra submetida (celetista ou estatutário), ainda que ocupante de cargo em comissão, função de confiança, contratada por tempo determinado ou admitida a título precário. É fato, portanto, que esse entendimento visa, acima de tudo, dar um tratamento humanitário à gestante, em um momento tão delicado da vida da trabalhadora, que muitas vezes necessita da remuneração paga pelo Poder Público, para manutenção da casa durante os primeiros meses de vida do filho. Gestante que pediu demissão não tem estabilidade provisória Sabe-se que gestantes têm estabilidade de emprego a partir da confirmação da gravidez, inclusive no caso do contrato de experiência ou determinado. Igualmente, que mulheres grávidas não podem ser demitidas no período que compreende o de licença maternidade, ou seja, 120 dias após o nascimento do bebê, sob pena de reintegração ao emprego e/ou indenização pela empresa. Acontece que se a gestante não sabe que está grávida e pede demissão, e depois que descobre, exige seu retorno ao posto de trabalho, a empresa fica desobrigada de reintegrá-la. Foi esse o entendimento da 8º turma do TST, que negou o pedido de estabilidade provisória, afirmando: "Quando a rescisão contratual ocorrer por iniciativa da empregada, não se cogita o direito à estabilidade prevista no artigo 10, inciso II, alínea ‘b', do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), pois não houve dispensa arbitrária ou imotivada." Assim, se a trabalhadora não sabia que estava grávida e solicitou demissão, a empresa não precisa recontratá-la, bem como não se cogita o direito à estabilidade. Por isso mulheres, antes de pedir demissão, passe na farmácia mais próxima, compre um teste de gravidez e certifique-se, para não ficar sem amparo financeiro durante esta fase tão importante da vida. Estabilidade da gestante x Encerramento das atividades da empresa Como é sabido, os riscos da atividade econômica devem ser suportados pelo empregador e não pela empregada. Ademais, estabilidade provisória da gestante, é garantia objetiva, com dúplice caráter protetivo, porquanto ao mesmo tempo em que protege o mercado de trabalho da mulher, garante os direitos patrimoniais mínimos de subsistência do nascituro. Sendo assim, o fechamento do estabelecimento em que trabalha a gestante não afasta o seu direito à reparação pecuniária da estabilidade provisória, bastando, para a aquisição da estabilidade, a concepção da gravidez ao tempo do vínculo empregatício. Por outro lado, caso os encerramentos das atividades empresariais ocorram apenas no estabelecimento onde a gestante prestava seus serviços, a empresa poderá transferir a empregada para outro posto de serviços na mesma localidade, ou, se houver concordância expressa da empregada, a empresa poderá transferi-la para outra localidade. Se não houver nenhuma maneira de garantir a permanência da gestante no emprego, a empresa rescindiu o contrato sem justa causa, porém, além das verbas rescisórias, deverá indenizar a Empregada pelo período da estabilidade provisória. CASO Descoberta da Gravidez durante o Aviso Prévio Uma trabalhadora grávida de sete semanas, contratada pela Germani Alimentos Ltda. Para contrato de experiência e dispensada após o fim do prazo contratual, será reintegrada às funções e receberá os salários devidos pelo período do afastamento. A Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST), em sessão realizada na última quarta-feira (6), manteve a decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), por considerar que ela está de acordo com a nova redação do item III da súmula 244 do TST, que garante à gestante em contrato por prazo determinado a estabilidade e provisória prevista do artigo 10, inciso II, item ‘b', do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Súmula 244 do TST A redação do item III da súmula 244 do TST, até o início de setembro de 2012, não garantia à empregada gestante a estabilidade provisória quando admitida através de contrato por prazo determinado. No entanto, após a 2ª Semana do TST, realizada entre os dias 10 e 14 de setembro de 2012, a Corte alterouo teor desse item, para garantir à empregada gestante o direito à estabilidade provisória prevista constitucionalmente, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado. Entenda o caso A empregada foi contratada pelo prazo de 30 dias, a título de experiência, e, quando da admissão, ela já se encontrava na sétima semana de gestação. Durante o vínculo de emprego, ela precisou se afastar por diversas vezes por causa de complicações na gravidez, razão pela qual teve o contrato suspenso e recebeu benefício previdenciário. Três meses após o início do vínculo, quando completados os 30 dias contratuais, a empresa a dispensou em decorrência da extinção do contrato de experiência. Inconformada, a empregada ajuizou ação trabalhista e afirmou a nulidade da dispensa, já que possui garantia provisória no emprego em razão do seu estado. Assim, pleiteou sua reintegração ou o pagamento de indenização substitutiva. A empresa se defendeu e afirmou que a despedida foi legal, já que, por se tratar de contrato de experiência, não existe direito à estabilidade provisória da gestante. A 3ª Vara do Trabalho de Santa Cruz do Sul (RS) considerou correta a dispensa após o decurso do prazo contratual e indeferiu os pedidos da gestante. Para o juízo de primeiro grau, qualquer tipo de estabilidade é incompatível com os contratos por prazo determinado. A empregada recorreu ao TRT-4, que acolheu o apelo e determinou sua imediata reintegração, com o pagamento de todas as verbas devidas pelo período do afastamento. Considerando o estado gravídico da empregada no momento da admissão, o Regional concluiu que a garantia no emprego não poderia ter sido afastada pelas cláusulas excepcionais do contrato de experiência, pois ela já se encontrava em situação especial a fazer jus à estabilidade provisória da gestante, prevista no artigo 10, II, b, do ADCT. "Não obstante se conheça jurisprudência expressiva no sentido de que incompatível o contrato por experiência com a garantia de emprego em face da gravidez, no caso em tela impõem-se considerar o relevante fato de que a empregada já se encontrava grávida por ocasião da admissão. Não se pode dizer que aquela gestação, já iniciada, estivesse ao desabrigo da proteção", esclareceram os desembargadores. A Germani interpôs recurso de revista no TST e afirmou ter havido violação à Constituição Federal e à súmula 244 do TST, pleiteando, assim, a reforma da decisão Regional. O relator do caso, ministro José Roberto Freire Pimenta, explicou que a nova redação do item III da súmula 244 do TST garante à empregada gestante estabilidade provisória no emprego, mesmo nos contratos por prazo determinado. Como a decisão Regional está em sintonia com referida jurisprudência, o apelo não pode ser admitido, nos termos da súmula 333 do TST, que dispõe que decisões superadas por iterativa, notória e atual jurisprudência do TST não ensejam recurso de revista. A decisão foi unânime. (Letícia Tunholi/MB) Processo: RR - 403-82.2011.5.04.0733 TURMA O TST possui oito Turmas julgadoras, cada uma composta por três ministros, com a atribuição de analisar recursos de revista, agravos, agravos de instrumento, agravos regimentais e recursos ordinários em ação cautelar. Das decisões das Turmas, a parte ainda pode, em alguns casos, recorrer à Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SBDI-1)
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