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Estudo Dirigido - Química e Metabolismo de Glicídios Andréia Engel Bom e Elea Paz Dalla Porta. 1. Definir: ose, derivado de ose, diolosídio (dissacarídeo), oligolosídio (oligossacarídeo), poliolosídio (polissacarídeo), homo e heteropolissacarídio, heterosídio. Exemplifique. Oses são aldeídos ou cetonas que possuem duas ou mais hidroxilas. São os glicídios mais simples (mono ou dissacarídeos) e apresentam fórmula C n H 2n O n . As menores oses são chamadas trioses (n=3). Ex: gliceraldeído, diidroxiacetona, . Derivados de ose são conversões de açúcares simples a compostos químicos. Muitos deles são componentes metabólicos e estruturais dos seres vivos. Ex: aminoaçúcares, desoxiaçúcares e ácidos urônicos. Dissacarídeo é a união de dois monossacarídeos por ligação glicosídica. Ex: sacarose, lactose, maltose. Oligossacarídeos são polímeros formados por 3 a 10 unidades de monossacarídeos. Muitas vezes são encontrados ligados a polipeptídeos e a glicopeptídeos. São divididos em duas classes: N-ligados e O-ligados. Polissacarídeos são açúcares complexos formados por mais de 10 moléculas de monossacarídeos. Ex: celulose, amido, glicogênio, quitina, glicosaminoglicanos, peptideoglicanos. Homopolissacarídeo é um polímero que consiste em apenas um tipo de monossacarídeo. Ex: celulose, amido, glicogênio, quitina. Heteropolissacarídeo é um polímero que consiste em mais de um tipo de monossacarídeo. Ex: glicosaminoglicanos, peptideoglicanos. Heterosídeos são açúcares hidrolisáveis que contêm uma porção não-glicídica (dita aglicona ou genina). Ex: proteoglicanos, glicoproteínas e glicolipídeos. 2. Classificar uma ose através dos seus grupos funcionais. As oses podem ser classificadas como aldoses (quando o grupo funcional for um aldeído –CHO) ou como cetoses (quando o grupo funcional for uma cetona –CO–). 3. Classificar uma ose através do número de carbonos presentes na molécula. As oses podem ser classificadas como trioses (3 carbonos), tetroses (4 carbonos), pentoses (5 carbonos), hexoses (6 carbonos), heptoses (7 carbonos) ou nonoses (9 carbonos). 4. Identificar se uma ose pertence à série D ou L através de sua estrutura acíclica. (não confundir com isomeria óptica). Nas estruturas acíclicas, os prefixos D e L referem-se à configuração do carbono quiral mais distante do átomo de carbono da carbonila. Dessa maneira, quando o grupo hidroxila do carbono mais distante estiver para a direita na fórmula de projeção, denomina-se D-açúcar. Já quando estiver projetado para a esquerda, denomina-se L- açúcar. 5. Identificar se uma ose é um isômero alfa ou beta através de sua estrutura cíclica. Quando um monossacarídeo cicliza-se, seu carbono anomérico (carbono da carbonila) torna-se um centro quiral que pode assumir duas configurações: alfa e beta. O par de estereoisômeros que se diferem em configuração no carbono anomérico é chamado de anômero. No anômero alfa, o OH substituinte do carbono anomérico está do lado oposto do anel do açúcar a partir do grupo CH2OH no centro quiral, designando configuração D ou L (C5 nas hexoses). A outra forma é conhecida como anômero beta. Esses dois anômeros da D-glicose apresentam poucas diferenças em suas propriedades físicas e químicas e incluem diferentes rotações óticas. Também se interconvertem em soluções aquosas, sendo assim, a D-glicose em equilíbrio é uma mistura dos dois anômeros, com maior proporção da forma beta. 6. Enumerar os epímeros da glicose no carbono 2 e no carbono 4. https://doc-04-2c-docs.googleusercontent.com/docs/secures…0979190876/0B53ZGdhiN-XbV3RuZlhXaDRKVEU?e=download 04/10/2017 21P10 Página 1 de 14 Epímeros são diastereoisômeros que diferem apenas na configuração de um carbono. A D-glicose e a D-manose são epímeros do carbono 2, já a D-glicose e a D- galactose são epímeros do carbono 4. 7. Escrever as estruturas acíclicas e cíclicas das seguintes oses: glicose, galactose, manose, frutose e ribose. https://doc-04-2c-docs.googleusercontent.com/docs/secures…0979190876/0B53ZGdhiN-XbV3RuZlhXaDRKVEU?e=download 04/10/2017 21P10 Página 2 de 14 8. Identifique o tipo de ligações osídicas existentes nos seguintes compostos: lactose, maltose, sacarose, amido (amilose e amilopectina), glicogênio. AÇÚCAR TIPO DE LIGAÇÃO OBSERVAÇÃO Lactose galactose-beta (1 ->4)-glicose Maltose glicose-alfa (1 -> 4)-glicose Sacarose glicose-alfa (1 -> beta2)-frutose Amido * amilose: alfa (1 -> 4) * amilopectina: ramificações que iniciam nas ligações alfa (1 -> 6) ao longo de uma cadeia alfa (1 -> 4), a cada intervalo de 24 ou 30 resíduos de glicose. Glicogênio cadeia de ligações alfa (1 -> 4) com ligações alfa (1 -> 6) nos pontos de ramificação. A única diferença entre glicogênio e amilopectina é que o glicogênio é muito mais ramificado, apresentando intervalo de ligações alfa (1 -> 6) a cada 10 resíduos de glicose. 9. Explique porque uma mistura equimolecular de D-glicose e D-frutose formada pela hidrólise da sacarose é chamada de açúcar invertido pelas pessoas que trabalham na indústria de alimentos? Qual, então, o outro nome da enzima sacarase? A hidrólise da sacarose dá origem a dois açúcares, a glicose e a frutose. Quando essa reação acontece na presença de um ácido, surge uma espécie de xarope. A molécula de sacarose é opticamente ativa; originalmente dextrógira, desvia o plano da luz polarizada para a direita. Após o procedimento de hidrólise, entretanto, passa a desviar o plano da luz polarizada para a esquerda (tornando-se uma molécula levógira), daí o nome de açúcar invertido. A enzima sacarase, responsável pela catálise da reação hidrolítica, pode também ser chamada de invertase ou ainda de beta- frutofuranosidase. 10. Por que a sacarose não reage com o reagente de Fehling? Justifique. A sacarose não reage com o teste de Fehling porque o carbono anômero está envolvido na ligação da glicose com a frutose, ou seja, não está livre para reagir com o cobre. 11. Enumerar as principais fontes alimentares de glicídios para o homem. As principais fontes são o amido e o glicogênio, além da celulose, que não é absorvida pelos animais. Ingerimos esses compostos na forma de pães, massas, grãos, doces, entre outros. 12. Descrever a digestão salivar, pancreática e intestinal dos glicídios. A digestão dos glicídios inicia na boca e termina no intestino. O processo inicia com a ingestão de di e polissacarídeos que, para serem absorvidos pelo organismo, precisam ser quebrados em oses simples. Os di e polissacarídeos ingeríveis são o amido, a lactose, a sacarose, a celulose (fibras) e o glicogênio. A digestão do amido e do glicogênio inicia na boca, durante a mastigação, por meio da liberação de amilase pelas glândulas salivares. Muitas ligações glicosídicas alfa (1 -> 4) desses dois compostos são hidrolisadas pela amilase produzindo maltose, glicose e oligossacarídeos. A digestão dos açúcares é terminada então no intestino delgado, onde sofre a ação da amilase pancreática, que é sintetizada e liberada na papila maior do duodeno pelo ducto pancreático. É no duodeno que ocorre a maior parte da digestão dos glicídios, pois ele recebe do pâncreas um fluido com HCO3-, responsável por neutralizar o pH estomacal, e enzimas digestivas que reagem com os açúcares produzindo maltose, maltotriose e oligossacarídeos com ligações alfa (1 -> 6). 13. Discuta a absorção das principais oses no intestino humano. As oses são absorvidas, principalmente, na porção duodenal do intestino delgado. A celulose não consegue ser digerida, porque não existem enzimas capazes de hidrolisar as ligações beta (1 -> 4) da celulose. Os dissacarídeos são hidrolisados pelas https://doc-04-2c-docs.googleusercontent.com/docs/secures…0979190876/0B53ZGdhiN-XbV3RuZlhXaDRKVEU?e=download04/10/2017 21P10 Página 3 de 14 enzimas localizadas no bordo externo das células epiteliais que revestem o intestino delgado. A sacarose da cana-de-açúcar é hidrolisada a D-glicose e D-frutose pela sacarase; a lactose é hidrolisada a D-glicose e D-galactose pela lactase; e a maltose é hidrolisada pela maltase, produzindo dois d-glicose. Nas células epiteliais que revestem o intestino delgado, a D-frutose, a D-galactose e a D-manose são convertidas em parte em D-glicose. A mistura resultante de hexoses simples é absorvida nas células epiteliais que revestem o intestino delgado e levadas através do sangue para o fígado. 14. Quais são os monômeros que compõem o amido e o glicogênio? Quais são os tipos de ligações e qual a diferença entre ambos? O monômero do amido e do glicogênio é o anômero alfa da glicose. O amido apresenta duas formas: a amilose, que apresenta apenas ligações alfa (1 -> 4), e a amilopectina, que apresenta ramificações nas ligações alfa (1 -> 6) em uma cadeia de ligações alfa (1 -> 4). A diferença entre o glicogênio e o amido é que o glicogênio é muito mais ramificado, apresentando intervalo de ligações alfa (1 -> 6) a cada 10 resíduos de glicose, enquanto o amido apresenta ramificações a cada 24 ou 30 resíduos. 16. Tanto a celulose como a alfa-amilose são formadas por resíduos de D- glicose unidos por ligações (1®4). Apesar destas semelhanças uma pessoa que se alimenta principalmente de alfa-amilose ganha peso, enquanto que uma pessoa com dieta predominante de celulose passará fome. Justifique. A pessoa que se alimenta de alfa-amilose ganha peso porque o organismo de todos os animais contém enzimas que hidrolisam o amido (alfa-amilase e beta-amilase). Assim, ele é absorvido, fazendo com que se ganhe peso. A alfa-amilase ataca as ligações alfa (1 -> 4), produzindo glicose e maltose. Já a beta-amilase cliva a partir do final não-redutor do polímero, produzindo maltose. A pessoa com dieta predominante de celulose passa fome, pois a celulose é um homopolissacarídeo linear de beta-D-glicose. Ele possui todos os resíduos unidos por ligações glicosídicas beta (1 -> 4) e os animais não possuem celulases, enzimas que hidrolisam celulose em glicose. Essas enzimas atacam as ligações beta entre glicoses. As celulases são encontradas em determinadas bactérias, incluindo a bactéria que habita o trato digestivo de insetos e de animais de pasto. 17. Explique a intolerância à lactose. A lactose é o açúcar do leite que os seres humanos ingerem. Para digeri-la, existe uma enzima chamada lactase que se encontra nas vilosidades intestinais. A lactose é convertida em galactose e glicose para ser absorvida. No entanto, sem a enzima lactase, há o acúmulo de lactose, que pode sofrer a ação das bactérias intestinais (ao invés da lactase das vilosidades), levando a produção de gás hidrogênio, dióxido de carbono e ácidos orgânicos. Essa alteração de rota é chamada de intolerância à lactose e leva o indivíduo a problemas digestivos, afetando um décimo da população caucasiana dos EUA, sendo mais comum entre afro-americanos, asiáticos, nativos- americanos e hispânicos. 18. Descreva os principais transportadores de glicose (Glut 1,2,3,4,5). Transportador Onde é encontrado Observações GLUT 1 Células com função de barreira. Ex: barreira hematoencefálica, barreira hematorretiniana, barreira hematoplacentária, barreira hematotesticular. Está envolvido na captação de glicose basal e de glicose não-mediada por insulina em várias células. Ele aumenta o baixo-nível de glicose e diminui o alto. É também um dos principais receptores de vitamina C em não-mamíferos. GLUT 2 Fígado, rins, superfície serosa das células da mucosa intestinal, células beta do pâncreas. Possui grande capacidade transportadora, mas baixa afinidade. Pode ser usado como sensor de glicose no pâncreas, juntamente com a glicocinase. GLUT 3 Cérebro, neurônios. Sistema de alta afinidade. Atua no sistema nervoso https://doc-04-2c-docs.googleusercontent.com/docs/secures…0979190876/0B53ZGdhiN-XbV3RuZlhXaDRKVEU?e=download 04/10/2017 21P10 Página 4 de 14 central captando a glicose não-mediada por insulina no cérebro. GLUT 4 Tecido adiposo, músculos esquelético e cardíaco. É responsável pela captação da glicose estimulada por insulina. Na presença desse hormônio, o número de transportadores Glut 4 cresce. Alta afinidade. GLUT 5 Superfície apical dos enterócitos no intestino delgado, espermatozóides. Transportador de frutose, permite que ela seja transportada do lúmen intestinal (onde apresenta alta concentração) para os enterócitos por difusão facilitada. 19. Escreva as reações da glicólise, mostrando as fórmulas estruturais dos intermediários e os nomes das enzimas que catalisam as reações. https://doc-04-2c-docs.googleusercontent.com/docs/secures…0979190876/0B53ZGdhiN-XbV3RuZlhXaDRKVEU?e=download 04/10/2017 21P10 Página 5 de 14 20. Descreva os três possíveis destinos do piruvato. Os três destinos que pode ter o piruvato são: ciclo do ácido cítrico, fermentação alcoólica e fermentação láctica. Em condições aeróbias, em animais e vegetais, os carbonos do piruvato são oxidados a acetil-coA para entrada no ciclo do ácido cítrico. Em condições anaeróbias, o piruvato é reduzido reversivelmente a lactato nos músculos e convertido a CO2 e etanol nas leveduras, por exemplo. 21. Explique as condições que levam o piruvato a ser transformado em lactato: https://doc-04-2c-docs.googleusercontent.com/docs/secures…0979190876/0B53ZGdhiN-XbV3RuZlhXaDRKVEU?e=download 04/10/2017 21P10 Página 6 de 14 Quando a demanda por ATP é alta e o nível de oxigênio é baixo, durante uma atividade física mais puxada, por exemplo, os músculos trabalham anaerobicamente reduzindo o piruvato a lactato através do que chamamos glicólise anaeróbia. Esse processo é reversível e fornece energia mais rapidamente. 22. Qual é a importância bioquímica dessa transformação? A transformação de piruvato em lactato envolve as concentrações relativas de NAD+ e NADH das células. O NADH produzido a partir de NAD+ pela oxidação do gliceraldeído-3-fosfato é esgotado sem nenhuma variação final nas concentrações relativas de NADH e de NAD+ nas células. A regeneração nas células é necessária sob condições anaeróbicas de modo que o NAD+ esteja presente para que ocorra a glicólise. Sem essa regeneração, as reações oxidativas em organismos anaeróbicos logo seriam interrompidas, em razão da falta de NAD+ para servir como agente oxidante nos processos de fermentação. A produção de lactato ganha tempo para o organismo que sofre o metabolismo anaeróbio e transfere parte da carga dos músculos para o fígado, onde a gliconeogênese pode reconverter o lactato em piruvato e glicose. 23. Descreva a descarboxilação do piruvato a acetil-CoA: O piruvato, na glicólise aeróbia, é oxidado a acetil-coA pela perda do seu grupo carboxila na forma de CO2. A descarboxilação oxidativa do piruvato é feita através do complexo multienzimático piruvato-desidrogenase, que catalisa cinco reações seqüenciais por meio de cinco coenzimas diferentes. 24. Descreva os mecanismos que regulam a atividade da fosfofrutocinase. A fosfofrutocinase apresenta dois estados conformacionais, R e T, que estão em equilíbrio e possui muitos moduladores estimuladores e inibidores. Entre outros, podem-se citar os ativadores: AMP, ADP, frutose 1,6-difosfato, K+, fosfato; e os inibidores: ATP, citrato, Mg+2, Ca+2. 25. Qual é a vantagem metabólica de um ciclo de substrato? A vantagem metabólica de um ciclo de substrato é sua função regulatória, por meio da combinação de efetores alostéricos sobre reações contrárias em um ciclo. A ação combinada desses efetores é muito mais eficaz do que a regulação alostérica de uma só enzima. 26. Descreva de que forma a frutose,a galactose e a manose entram na via glicolítica. FRUTOSE: presente em dietas que contenham frutas ou sacarose, a frutose pode seguir duas diferentes vias metabólicas: músculos ou fígado. Na via glicolítica muscular, a entrada de frutose envolve apenas uma etapa reacional: a hexocinase converte glicose em glicose-6-fosfato e fosforila a frutose, produzindo frutose-6- fosfato. Já no fígado, a hexocinase conhecida como glicocinase possui baixa afinidade por frutose, o que diferencia os metabolismos. O fígado converte a frutose em intermediários glicolíticos por meio de uma via que contempla sete diferentes enzimas. A primeira reação é a fosforilação de frutose em frutose-1-fosfato; a segunda reação representa a clivagem aldólica da frutose-1-fosfato; a terceira reação é a fosforilação do gliceraldeído (produto da clivagem) em intermediários glicolíticos GAP (gliceraldeído-3-fosfato). Ao mesmo tempo em que a terceira reação acontece, o gliceraldeído é convertido em DHAP (diidroxiacetona-fosfato) pela redução a glicerol, que representa a quarta reação. A quinta reação é a fosforilação a glicerol-3-fosfato; a sexta representa a reoxidação a DHAP. Por último, converte-se DHAP em gliceraldeído- 3-fosfato. As duas vias que levam do gliceraldeído ao GAP apresentam o mesmo gasto líquido. GALACTOSE: ainda que a hexocinase seja capaz de fosforilar glicose, frutose e manose, ela não reconhece a galactose. Dessa forma, faz-se necessária uma reação de epimerização para que a galactose entre na via glicolítica (a galactose e a glicose são epímeros que se diferem apenas na configuração do carbono 4). A epimerização é feita após a conversão de galactose em uridina-difosfato. A entrada da galactose na via glicolítica envolve quatro reações. A primeira reação é a fosforilação da galactose em galactose-1-fosfato; na segunda reação, a galactose-1-fosfato recebe o grupo uridil do UDP-glicose, produzindo glicose-1-fosfato e UDP-galactose. A terceira reação envolve a conversão de UDP-glicose novamente em UDP-galactose, provocando reações redox no C4 da hexose. Por fim, a G1P é convertida em G6P. MANOSE: a manose entra na via glicolítica por meio de duas reações, após sua conversão a frutose-6-fosfato. A primeira reação é sua conversão em manose-6- fosfato, pela hexocinase. A segunda reação é a conversão dessa aldose no intermediário frutose-6-fosfato. https://doc-04-2c-docs.googleusercontent.com/docs/secures…0979190876/0B53ZGdhiN-XbV3RuZlhXaDRKVEU?e=download 04/10/2017 21P10 Página 7 de 14 27. Explique a diferença bioquímica e clínica entre galactosemia clássica e não-clássica: A galactosemia ocorre quando os indivíduos são incapazes de metabolizar a galactose em metabólitos da glicose. Ela é diferenciada em clássica e não-clássica. A galactosemia clássica é resultado da deficiência celular de galactose 1-fosfato uridililtransferase causando deficiência severa que pode manifestar danos ainda na fase pré-natal e, muitas vezes, levar à morte. Alguns desses danos são: cirrose hepática, retardo mental, catarata, sindrome de Fanconi (nos rins) e amenorreia primária ou secundária. Já a galactosemia não-clássica é resultado da deficiência da atividade da galactoquinase, causando danos principalmente aos olhos, por formação precoce de catarata. Atinge uma criança em cada quarenta mil, sendo menos grave que a galactosemia clássica. 28. Faça um esquema das reações da via das pentoses-fosfato. Cite duas funções da rota. Estágio 1 – reações oxidativas que produzem NADPH e ribulose-5-fosfato (Ru5P) 3 G6P + 6 NADP+ + 3 H2O -> 6 NADPH + 6H+ + 3 CO2 + 3 Ru5P Estágio 2 – reações de isomerização e epimerização que transformam Ru5P em ribose- 5-fosfato ou em xilulose-5-fosfato (Xu5P). 3 Ru5P ó R5P + 2 Xu5P Estágio 3 – reações de clivagem e a formação de ligação carbono-carbono que convertem duas moléculas de XuP5 e uma molécula de R5P em duas moléculas de F6P e uma molécula de gliceraldeído-3-fosfato. C5 + C5 ó C7 + C3 C7 + C3 ó C6 + C4 C5 + C4 ó C6 + C3 3 C5 ó 2 C6 + C3 A via das pentoses-fosfato não tem como interesse principal a produção de ATP, e sim, a produção de açúcares de cinco carbonos. Dessa maneira, possui como funções converter hexoses em pentoses, servir como fonte de pentoses para a síntese dos ácidos nucléicos, formar o NADPH extramitocondrial necessário para a síntese de lipídios, entre outras. 29. Como o fluxo da via das pentoses-fosfato é alterado em resposta à necessidade de NADPH, ATP ou de ribose-5-fosfato? Os principais produtos das pentoses-fosfato são ribose-5-fosfato e NADPH. As reações da transaldolase e da transcetolase convertem o excesso de ribose-5-fosfato em intermediários glicolíticos quando a necessidade metabólica de NADPH excede a de ribose-5-fosfato na biossíntese de nucleotídeos. O Gliceraldeído-3-fosfato e a frutose- 6-fosfato resultantes podem ser consumidos pela glicólise e pela fosforilação oxidativa ou recicladas por gliconeogênese para formar glicose-6-fosfato. Quando a necessidade de ribose-5-fosfato supera a necessidade de NADPH, de frutose-6-fosfato e de glicaraldeído-3-fosfato essas substâncias podem ser desviadas da via glicolítica para uso na síntese de ribose-5-fosfato por meio das reações inversas da transaldolase e da transcetolase. Quando a necessidade de ribose-5-fosfato e NADPH é grande, a glicose-6-fosfato é convertida em ribose-5-fosfato com auxílio de 2NADP+, liberando além da ribose-5- fosfato, 2NAPH e CO2. Quando o NADPH é muito mais requerido do que a ribose-5-fosfato, ocorrem três reações: uma de oxidação, uma em que a ribose-5-fosfato é convertida em frutose-6- fosfato e gliceraldeído-3-fosfato pela transaldolase e pela transcetolase e uma em que a glicose-6-fosfato é ressintetizada da frutose-6-fosfato e gliceraldeído-3-fosfato através da gliconeogênese. Já quando NADPH e ATP são requeridos, a ribose-5-fosfato, alternadamente, é convertida em piruvato pela via oxidativa. Frutose-6-fosfato e gliceraldeído-3-fosfato derivado da ribose-5-fosfato entram na via glicolítica ao invés de formar glicose-6- fosfato. Assim, ATP e NADPH são gerados e cinco dos seis carbonos da glicose-6- fosfato convertem em piruvato. A concentração de NADPH regula o direcionamento de glicose-6-fosfato para via glicolítica ou para via das pentoses. O fluxo pela via das pentoses fosfato e a velocidade de produção de NADPH são controlados pela velocidade da reação da glicose-6-fosfato-desidrogenase. A atividade dessa enzima, que catalisa a primeira etapa marca-passo dessa rota, é regulada pela concentração da NADP+ (ou seja, regulação pela disponibilidade de substrato). Quando a célula consome NADPH, a concentração de NADP+ aumenta, aumentando a https://doc-04-2c-docs.googleusercontent.com/docs/secures…0979190876/0B53ZGdhiN-XbV3RuZlhXaDRKVEU?e=download 04/10/2017 21P10 Página 8 de 14 velocidade da reação da glicose-6-fosfato-desidrogenase e, consequentemente, estimulando a regeneração de NADPH. Em alguns tecidos, a quantidade de enzima sintetizada também parece estar sob controle hormonal. 30. Explique a correlação entre a via das pentoses-fosfato e a anemia hemolítica: A via das pentoses-fosfato é a única fonte de NADPH nos eritrócitos. Uma deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase leva a uma deficiência da NADPH, o que pode, por sua vez, produzir uma anemia hemolítica em decorrência da destruição em massa dos eritrócitos. A deficiência de NADPH e a anemia têm relação indireta. O NADPH é necessário para reduzir glutationa na forma dissulfeto para a forma tiol livre. Os eritrócitos dos mamíferos não possuem mitocôndrias que abrigam muitas reações redox. Assim, essas células são limitadas quanto ao modo de conseguir o equilíbrio redox. A presença da forma reduzida da glutationa é necessária para a manutenção dos grupos sulfidrila da hemoglobina e de outras proteínas em suas formas reduzidas,assim como para manter o Fe (II) da hemoglobina em sua forma reduzida. A glutationa também mantém a integridade dos eritrócitos ao reagir com peróxidos que, de outro modo, degradariam as cadeias laterais de ácidos graxos na membrana celular. Essa condição provoca maior resistência à malária. 31. Qual é o papel do NADPH na detoxificação dos radicais de oxigênio? Um dos papeis da Glutationa é proteger as células dos derivados muito reativos do oxigênio. A glutationa reduzida (GSH) protege as células, reduzindo o peróxido de hidrogênio e os radicais livres. A regeneração de GSH a partir da sua forma oxidada (GS-SG) requere NADPH produzido na via das pentoses fosfato. O NADPH protege as células da destruição causada pelo processo de oxidação do H2O2 e por radicais livres do superóxido. Além disso, o citocromo P450 (CYP) constitui uma superfamília de heme proteínas envolvidas na fase I da biotransformação que participa da detoxificação de compostos endógenos e exógenos. Para que esta atividade seja exercida, existe a necessidade da associação do CYP com o citocromo b5 e com a enzima NADPH citocromo P450. 32. Discuta as fontes e produtos metabólicos da glicose-6-fosfato. A glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PDH) é uma enzima amplamente distribuída na natureza, sendo encontrada em quase todos os tecidos de origem animal e vegetal e em células de microrganismos. Dentre as principais fontes de obtenção são destacadas as leveduras de panificação, Torula, Bacillus stearothermophillus, Leuconostoc mesenteroides, adrenais de bovinos e eritrócitos humanos. A maioria das enzimas produzidas por microrganismos é intracelular e algumas delas têm sido produzidas com sucesso em escala industrial. O mercado para produtos microbianos intracelulares visando aplicação industrial se encontra em crescimento contínuo devido aos novos desenvolvimentos em engenharia genética e tecnologia do DNA recombinante. Além da importância em estudos bioquímicos e médicos a enzima G6PDH apresenta grande interesse como reagente analítico. Muitos produtos de interesse econômico como combustíveis líquidos, adoçantes naturais, ração animal e enzimas, têm sido obtidos através da bioconversão de materiais lignocelulósicos os quais são fontes ricas de carboidratos. A palha de arroz, um dos principais resíduos lignocelulósicos no contexto brasileiro, contém uma fração hemicelulósica rica em xilose a qual vem sendo utilizada principalmente para a obtenção de xilitol por via biotecnológica. A glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PDH) é uma enzima-chave no metabolismo. Ela é responsável pela manutenção de um nível adequado do cofator reduzido NADPH. Ela pode formar frutose-6-fosfato e pode ser convertida em glicogênio e amido. 33. Qual é o mecanismo de regulação da glicose-6-fosfatase? Qual é a importância dessa enzima no fígado? O mecanismo de regulação da glicose-6-fosfatase é seu próprio substrato, a glicose-6-fosfato. Essa enzima é importante por ser responsável pelo controle da glicemia do organismo, defosforilando glicose-6-fosfato em D-glicose livre. 34. Como a estrutura do glicogênio está relacionada com a sua função metabólica? A estrutura altamente ramificada do glicogênio possibilita a liberação de diversos resíduos de glicose ao mesmo tempo para satisfazer as necessidades energéticas. Se ele fosse um polímero linear, isso não seria possível. Quanto mais pontos de https://doc-04-2c-docs.googleusercontent.com/docs/secures…0979190876/0B53ZGdhiN-XbV3RuZlhXaDRKVEU?e=download 04/10/2017 21P10 Página 9 de 14 ramificação de resíduos de glicose houver, mais resíduos terminais estarão disponíveis em um determinado momento. 35. Descreva a degradação e a síntese enzimática do glicogênio: O glicogênio é o polímero da glicose e pode ser chamado de amido animal pela similaridade do amido, diferindo apenas no grau de ramificação. Ao ser degradado, diversas glicoses podem ser liberadas simultaneamente, devido a grande quantidade de ramificações existentes. O glicogênio é encontrado principalmente no fígado e nos músculos. A liberação do glicogênio armazenado no fígado é desencadeada pelos baixos níveis de glicose no sangue. O glicogênio hepático é desdobrado em glicose-6-fosfato, que por sua vez, é hidrolisada para fornecer glicose. A liberação da glicose do fígado por meio dessa degradação do glicogênio reabastece o suprimento de glicose sanguínea. Nos músculos, a glicose-6-fosfato obtida a partir da decomposição do glicogênio entra diretamente na via glicolítica em vez de ser hidrolisada em glicose e exportada para a corrente sanguínea. Para converter-se em glicose-6-fosfato, o glicogênio sofre três reações: - Cada resíduo de glicose clivado a partir do glicogênio reage com fosfato para fornecer glicose-1-fosfato (fosforólise). A enzima que catalisa essa reação é a glicogênio fosforilase (cliva as ligações alfa (1 -> 4) no glicogênio); - Glicose-1-fosfato é isomerizada para originar glicose-6-fosfato. A enzima que catalisa essa reação é a fosfoglicomutase; - Desramificação que hidrolisa as ligações glicosídicas dos resíduos de glicose nos pontos de ramificação da estrutura de glicogênio (ligações alfa (1 -> 6)). A desramificação do glicogênio envolve a transferência de um ‘ramo-limite’ de três resíduos de glicose para a extremidade do outro ramo, onde são subsequentemente removidos pela glicogênio fosforilase. A mesma enzima de desramificação do glicogênio hidrolisa a ligação glicosídica alfa (1 -> 6) do último resíduo de glicose remanescente do ponto de ramificação. A formação do glicogênio a partir da glicose requer energia, que é fornecida pela hidrólise de um nucleosídeo trifosfato, o UTP. Primeiramente, a glicose-1-fosfato (derivada da glicose-6-fosfato por uma reação de isomerização) reage com o UTP para produzir uridina difosfato glicose (UDP-glicose) e pirofosfato (PPi). A enzima que catalisa essa reação é a UDP-glicose pirofosforilase. A liberação de energia ocorre quando a enzima pirofosfatase inorgânica catalisa a hidrólise do pirofosfato a dois fosfatos, uma reação altamente exergônica. A energia liberada pela hidrólise do pirofosfato combinada à energia livre da hidrólise de um nucleosídeo trifosfato mais uma reação não energeticamente favorável permite que ocorra uma reação endergônica. O suprimento de UTP é reabastecido por uma reação de troca com o ATP, que é catalisada pelo nucleosídeo fosfatoquinase. Essa reação de troca faz com que a hidrólise de qualquer nucleosídeo trifosfato seja energeticamente equivalente à hidrólise do ATP. Na próxima etapa, ocorre a adição de UDPG a uma cadeia crescente de glicogênio. Cada etapa envolve a formação de uma nova ligação glicosídica alfa (1 - > 4) na reação catalisada pela enzima glicogênio sintase. Essa enzima não pode simplesmente formar uma ligação entre duas moléculas de glicose isoladas, ela deve acrescentar uma cadeia existente contendo ligações glicosídicas alfa (1 -> 4). Assim, o início da síntese de glicogênio requer um primer. O grupo hidroxila de uma tirosina específica da proteína glicogenina serve para esse fim. Na primeira etapa da síntese de glicogênio, o resíduo de glicose é ligado a essa hidroxila de tirosina, e os resíduos de glicose são sucessivamente acrescentados ao primeiro. A glicogenina age como catalisadora para adição de glicoses até que haja, aproximadamente, oito delas unidas em conjunto. A essa altura, a glicogênio sintase assume o comando. A síntese de glicogênio requer a formação de ligações glicosídicas alfa (1 -> 6) assim como alfa (1 -> 4). Uma enzima ramificadora realiza essa tarefa, transferindo um segmento de aproximadamente sete resíduos de comprimento da extremidade de uma cadeia crescente para um ponto da ramificação onde catalisa a formação da ligação glicosídica alfa (1 -> 6) necessária. 36. De que forma a regulação do metabolismo do glicogênio difere no fígado e músculo? Aenzima glicogênio fosforilase existe em duas formas, a forma T (tensa) inativa e a forma R (relaxada) ativa. Na forma T ela pode ser modificada pela fosforilação de um resíduo específico de serina em cada uma das duas subunidades. A esterificação da serina com ácido fosfórico é catalisada pela enzima fosforilase quinase, a desfosforilação é catalisada pela fosfoproteína fosfatase. A forma fosforilada é chamada de fosforilase a, e a forma desfosforilada é chamada de fosforilase b. No fígado, a glicose é um inibidor alostérico da fosforilase a que se liga ao local do substrato e favorece a transição para o estado T. Ela também expõe as serinas fosforiladas, de modo que a fosfatase possa hidrolisa-las. Isso desvia o equilíbrio para a fosforilase b. Nos músculos, os principais efetores alostéricos são o ATP, o AMP e a https://doc-04-2c-docs.googleusercontent.com/docs/secures…0979190876/0B53ZGdhiN-XbV3RuZlhXaDRKVEU?e=download 04/10/2017 21P10 Página 10 de 14 glicose-6-fosfato (G6P). Quando o músculo utiliza ATP para se contrair, os níveis de AMP aumentam. O aumento de AMP estimula a formação do estado R da fosforilase b, que é ativo. Quando o ATP é abundante e ocorre acúmulo de G6P, essas moléculas atuam como inibidores alostéricos, desviando o equilíbrio de volta para a forma T. Essas diferenças garantem que o glicogênio seja degradado quando houver necessidade de energia, como ocorre quando há [AMP] elevado, [G6P] baixo e [ATP] baixo. Quando o inverso acontece ([AMP] baixo, [G6P] elevado e [ATP] elevado), a necessidade de energia e de degradação de glicogênio é menor. 37. Descreva a regulação alostérica e hormonal do metabolismo do glicogênio: - Regulação Alostérica: tanto a glicogênio-sintase como a glicogênio-fosforilase estão sob controle alostérico dos efetores que incluem ATP, G6P e AMP. A glicogênio- fosforilase do músculo é ativada por AMP e inibida por ATP e G6P. Isso sugere que, quando há uma demanda alta de ATP (pouca [ATP]), a glicogênio-fosforilase é estimulada e a glicogênio sintase é inibida, o que favorece a degradação do glicogênio. Ao contrário, quando [ATP] e [G6P] estão altas, a glicogênio-sintase é favorecida. - Regulação Hormonal: quando a epinefrina é liberada pela glândula adrenal em resposta ao estresse, desencadeia uma série de eventos que suprimem a atividade da glicogênio sintase e estimulam da glicogênio fosforilase. Os sinais hormonais (glucagon e epinefrina)estimulam a fosforilação da glicogênio-sintase por meio de uma enzima chamada proteína quinase dependente de cAMP. Após a fosforilação, a glicogênio- sintase é inativada ao mesmo tempo em que o sinal hormonal está ativando a fosforilase. Ela também pode ser fosforilada por outras enzimas, incluindo a fosforilase quinase e várias enzimas chamadas glicogênio sintase quinase. 38. Descreva as glicogenoses que têm como causa falta de enzimas que levam a liberação de glicose no fígado ou músculo: - Tipo I - Doença de von Gierke (deficiência de glicose-6-fosfatase): aumento da [G6P] intracelular que leva acúmulo de glicogênio no fígado e nos rins. - Tipo II - Doença de Pompe (deficiência de alfa-1,4-glicosidase): grande acúmulo de glicogênio de estrutura normal nos lisossomas de todas as células, que causa morte, geralmente por falência cardiorrespiratória. - Tipo III - Doença de Cori (deficiência de Amilo-1,6-glicosidase): o glicogênio de estrutra normal acumula-se tanto no fígado quanto nos músculos, já que o glicogênio não pode continuar sendo degradado. - Tipo IV – Doença de Andersen (deficiência da amilo (1,4 -> 1,6-transglicosilase): glicogênio do fígado presente em concentrações normais, mas contém cadeias-longas não-ramificadas que reduzem sua solubilidade. - Tipo V - Doença de McArdle (deficiencia de fosforilase muscular): afeta o metabolismo do glicogênio apenas no músculo, causando cãibras musculares dolorosas. - Tipo VI - Doença de Her (deficiência da fosforilase hepática): incapacidade da glicogênio-fosforilase do fígado responder as necessidades de glicose na circulação sanguínea. - Tipo VII - Doença de Tarui (deficiência da fosfofrutocinase muscular): acúmulo anormal de metabólitos glicolíticos G6P e F6P, ocorrendo acúmulo de glicogênio no músculo. - Tipo VIII - Deficiência da fosforilase-cinase ligada ao X: incapacidade de converter a fosforilase b em fosforilase a. - Tipo IX - Deficiência da fosforilase-cinase: mutação em um dos genes que codificam as subunidades beta, gama e alfa da fosforilase-cinase. 39. Descreva as glicogenoses que impedem o armazenamento da glicose no fígado ou músculo na forma de glicogênio: - Tipo 0 - Deficiência da glicogênio-sintase hepática: atividade da glicogênio sintase no fígado extremamente baixa. 40. Descreva as reações da gliconeogênese. O processo de gliconeogênese superpõe-se ao da glicólise, sendo que, iniciando pelo piruvato, a maioria das reações de síntese de glicose são no sentido inverso aos da glicólise. As enzimas envolvidas na catalização desses passos são reguladas para que, ou glicólise, ou gliconeogênese predomine, dependendo das condições fisiológicas. A maioria das etapas da gliconeogênese usa as mesmas enzimas que catalizam o processo da glicólise, porém, o fluxo de carbonos, é claro, é na direção reversa. Entretanto, em três pontos as reações da glicólise são irreversíveis in vivo (por liberarem energia livre em forma de calor): conversão de glicose em glicose 6- fosfato pela hexoquinase, a fosforilação da frutose 6-fosfato em frutose 1,6-bisfosfato pela fosfofrutoquinase-1 e a conversão de fosfoenolpiruvato em piruvato pela piruvato quinase. Para contornar essas barreiras energéticas, reações e enzimas especiais são necessárias. https://doc-04-2c-docs.googleusercontent.com/docs/secures…0979190876/0B53ZGdhiN-XbV3RuZlhXaDRKVEU?e=download 04/10/2017 21P10 Página 11 de 14 Portanto, três etapas diferem da glicólise: 1° etapa: A reação que era catalisada pela piruvato quinase na glicólise passa a ser catalisada pela piruvato carboxilase e pela fosfoenolpiruvato carboxiquinase. O piruvato é transformado em oxaloacetato pela piruvato carboxilase. O oxaloacetato é convertido em fosfoenolpiruvato pela fosfoenolpiruvato carboxiquinase. O fosfoenolpiruvato é transformado em frutose-1,6-bisfosfato por enzimas participantes na glicólise, que catalisam reações reversíveis, podendo operar a via no sentido inverso. 2º etapa: Há a conversão da frutose-1,6-bisfosfato em frutose-6-fosfato. Esta reação é catalisada pela frutose-1,6- bisfosfatase. 3º etapa: Nesta etapa faz-se a conversão de glicose-6-fosfato em glicose. O grupo fosfato ligado ao carbono 6 da glicose-6-fosfato sofre hidrólise catalisada pela glicose- 6-fosfatase. O produto dessa reação é a glicose não fosforilada que, assim, pode atravessar a membrana plasmática. A enzima glicose-6-fosfatase só ocorre no fígado e rins. 41. Qual é a importância fisiológica da gliconeogênese? A gliconeogênese é essencial para a sobrevivência humana e de outros animais, pois mantém os níveis sanguíneos de glicose, oferecendo suporte metabólico para tecidos como o cérebro, o cristalino, os testículos, a medula renal, a córnea e os eritrócitos, que utilizam a glicose como substrato primário. Esses níveis são mantidos por muito tempo depois da absorção e da oxidação de toda a glicose da dieta e do consumo total da glicose armazenada como glicogênio. 42. Quais são as moléculas utilizadas para a síntese de glicose no fígado? Para a síntese de glicose, o fígado utiliza carboidratos (no estado alimentado), glicogênio (no jejum) e aminoácidos, lactato e glicerol (no jejum prolongado). 43. Descreva o ciclo de Cori e sua importância: O ciclo de Cori mostra a ligação entre o metabolismo da glicose no músculo e o do glicogênio no fígado. Ele descreve como a glicose produzida pela gliconeogênese no fígado é convertida em lactato, produzido pelaglicólise no músculo em atividade, hemácias e outras células, e como o lactato retorna ao fígado, onde será usado para sintetizar glicose armazenada como glicogênio e utilizada quando necessário. O ciclo de Cori é importante, pois mantém constante o nível glicêmico durante a atividade física, em um período de privação de oxigênio. Ele ainda evita que o lactato produzido se acumule na corrente sanguínea provocando acidose lática: mesmo o sangue agindo como solução tampão, com excesso de lactato seu pH poderia baixar. 44. Por que o sistema de lançadeira malato-aspartato é importante para a gliconeogênese? A gliconeogênese só ocorrerá da maneira correta se o oxaloacetato for convertido em fosfoenolpiruvato depois de sair da mitocôndria, ou ainda se o fosfoenolpiruvato for formado dentro da mitocôndria, mas passar para o citosol. Contudo, a membrana mitocondrial não apresenta sistema transportador para oxaloacetato, por isso ele deve ser convertido a malato ou aspartato, para os quais há sistema de transporte. 45. Descreva a função da frutose-2,6-bifosfato na regulação da glicólise e da gliconeogênese hepáticas. Na glicólise, a frutose-2,6-bifosfato atua como ativador alostérico da fosfofrutoquinase I, que catalisa a reação de fosforilação da frutose-6-fosfato a frutose-1,6-bisfosfato. Já na gliconeogênese, essa enzima inibe a frutose-1,6- bisfosfatase, que atua no processo inverso, desacelerando a produção de glicose. 46. Além da Fosfofrutocinase e da frutose-1,6-bisfosfato fosfatase, quais os outros pontos de controle da glicólise e da gliconeogênese, quais os seus respectivos efetores e de que forma atuam? PIRUVATOQUINASE: ponto de controle secundário, a piruvatoquinase é uma enzima alostérica que possui no mínimo três formas isoenzímicas diferentes. Acetil- coA, ácidos graxos de cadeia longa, altas concentrações de ATP e determinados aminoácidos, como a alanina, inibem alostericamente a ação dessa enzima. Altos níveis de glucagon e frutose-1,6-bisfosfato ativam a piruvatoquinase. GLICOQUINASE: enzima regulada alostericamente, possui pouca afinidade pela glicose. Diferencia-se quanto ao local de atuação. No fígado, apenas altas concentrações de glicose ativam a glicoquinase, que não é inibida pela glicose 6- fosfato. No músculo, a glicose 6-fosfato inibe a enzima e evita a fosforilação de glicose até que seu excesso seja consumido. https://doc-04-2c-docs.googleusercontent.com/docs/secures…0979190876/0B53ZGdhiN-XbV3RuZlhXaDRKVEU?e=download 04/10/2017 21P10 Página 12 de 14 47. Descreva quais as rotas do metabolismo da glicose estarão ativadas no fígado, músculo, hemácias, coração e cérebro no jejum: FÍGADO: Via das pentoses-fosfato, Glicólise, Glicogênese, Glicogenólise, Lipogênese, Gliconeogênese. MÚSCULO: Via das pentoses-fosfato, Glicólise, Glicogênese, Glicogenólise. HEMÁCIAS: Via das pentoses-fosfato, Glicólise. CORAÇÃO: Via das pentoses-fosfato, Glicólise, Glicogênese, Glicogenólise. CÉREBRO NO JEJUM: Gliconeogênese. 48. Descreva como os eventos que foram descritos acima foram escolhidos pela célula: A célula escolhe a via de acordo com sua necessidade, agindo de forma específica em cada tecido. Altas concentrações de glicose promovem armazenamento de glicose em forma de glicogênio, enquanto baixas concentrações promovem a quebra desse estoque. 49. Após a dieta, existe uma grande elevação na quantidade de glicose circulante, fazendo com que a sua concentração, se eleve de 4-5mM para 10- 20mM. Quais são os eventos metabólicos que ocorrerão nos principais tecidos após essa elevação de glicose? Quando nos alimentamos, a glicose absorvida pelos intestinos é distribuída através da corrente sangüínea para todas as células do corpo. O organismo tenta manter um nível glicêmico constante para as células, mantendo uma concentração constante de glicose no sangue, caso contrário, as células teriam mais glicose do que o necessário logo após a refeição e ficariam sem nada entre as refeições e durante a noite. Quando há um suprimento excessivo de glicose, o corpo armazena o excesso no fígado e nos músculos, estocando na forma de glicogênio. No estado alimentado, as células beta das ilhotas pancreáticas liberam insulina. Ela é necessária para quase todas as células do corpo, mas seus principais alvos são as células do fígado, as células adiposas e as células musculares. A insulina armazena os nutrientes logo após a refeição, diminuindo as concentrações de glicose, ácidos graxos e aminoácidos na corrente sangüínea. Logo após a dieta, o corpo está pronto para receber as moléculas absorvidas. A presença dessas substâncias no intestino estimula as células beta do pâncreas a liberarem insulina no sangue e impede as células pancreáticas alfa de secretarem glucagon. Os níveis de insulina no sangue começam a subir e agem sobre as células (particularmente do fígado, adiposas e musculares) para que absorvam as moléculas de glicose, ácidos graxos e aminoácidos que estão entrando. Essa ação da insulina impede que a concentração de glicose no sangue aumente demasiadamente. Desse modo, o organismo mantém constante a concentração de glicose sangüínea, em particular. 50. Explique porque o cérebro e a hemácia possuem características peculiares no metabolismo: O cérebro possui muito pouco glicogênio armazenado, por isso necessita de glicose via corrente sanguínea a todo tempo. A glicose é seu único combustível e é utilizada por meio da via glicolítica e do ciclo de Krebs. Apesar disso, não consegue transpor a barreira hematoencefálica diretamente. Para entrar no cérebro, a glicose recebe ajuda de proteínas transportadoras, Glut 1, por exemplo, que permitem sua passagem por difusão facilitada. A energia fornecida pelo ATP é necessária para que os neurônios mantenham os potenciais elétricos, particularmente aqueles que envolvem seu axônio e dendritos. O ATP também é utilizado para a síntese das substâncias neurotransmissoras responsáveis pelas sinapses. As hemácias, por não possuírem mitocôndrias, metabolizam glicose sem realizar o ciclo de Krebs. Anaerobicamente, a via glicolítica produz piruvato, que é convertido em ácido láctico, caracterizando fermentação láctica. Esse processo produz bem menos energia que o ciclo de Krebs, mas é a única fonte de glicose das hemácias já que não há estocagem de glicogênio. https://doc-04-2c-docs.googleusercontent.com/docs/secures…0979190876/0B53ZGdhiN-XbV3RuZlhXaDRKVEU?e=download 04/10/2017 21P10 Página 13 de 14 BIBLIOGRAFIA: Voet - FUNDAMENTOS DE BIOQUÍMICA Lehninger - PRINCÍPIOS DE BIOQUÍMICA Marks - BASIC MEDICAL BIOCHEMISTRY – A clinical approach Devlin - MANUAL DE BIOQUÍMICA COM CORRELAÇÕES CLÍNICAS Campbell e Farrell - BIOQUÍMICA vol. 3 Champe - BIOQUÍMICA ILUSTRADA https://doc-04-2c-docs.googleusercontent.com/docs/secures…0979190876/0B53ZGdhiN-XbV3RuZlhXaDRKVEU?e=download 04/10/2017 21P10 Página 14 de 14
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