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AULA 9 PENAL

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DIREITO PENAL 
PROF:- JESUS ROMÃO - DATA :- 09.10.2017
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Prof. Jesus Romão
 SANÇÃO PENAL 
TEORIA GERAL DA PENA
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Sanção penal 
é a resposta estatal, no exercício do ius puniendi e após o devido processo legal, ao responsável pela prática de um crime ou de uma contravenção penal.
 Divide-se em duas espécies:
 penas
medidas de segurança.
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As penas reclamam a culpabilidade do agente, e destinam-se aos imputáveis e aos semi-imputáveis sem periculosidade.
as medidas de segurança têm como pressuposto a periculosidade, e dirigem-se aos inimputáveis e aos semi-imputáveis dotados de periculosidade, pois necessitam, no lugar da punição, de especial tratamento curativo.
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FINALIDADE DA PENA: 
prevenção 
retribuição 
ressocialização
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a) prevenção:
-geral:
1) visa a sociedade
2) atua antes da prática do crime
3) baseia-se na pena em abstrato
4) busca prevenir a prática do crime
- especial:
1) visa o delinquente
2) atua depois da prática do crime
3) baseia-se na pena em concreto
4) busca evitar a reincidência
5) existe depois da sentença
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b) retribuição:
1) visa o delinquente
2) pretende com o mal, retribuir o mal causado
3) atua após a prática do crime (pena em concreto)
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c) ressocialização:
1) atua na execução penal
2) busca reintegrar ao convívio social o agente do crime. 
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pena é a espécie de sanção penal consistente na
 privação ou restrição de determinados bens jurídicos do condenado, aplicada pelo Estado em decorrência do cometimento de uma infração penal, com as finalidades de castigar seu responsável, readaptá-lo ao convívio em comunidade e, mediante a intimidação endereçada à sociedade, evitar a prática de novos crimes ou contravenções penais.
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O bem jurídico de que o condenado pode ser privado ou sofrer limitação varia: 
A) liberdade (pena privativa de liberdade),
 b) patrimônio (multa, prestação pecuniária e perda de bens e valores), 
C) vida (pena de morte, na excepcional hipótese prevista no art. 5.º, XLVII, “a”, da CF) 
E) outro direito qualquer, em conformidade com a legislação em vigor (penas restritivas de direitos)
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Art. 32. As penas são:
I – privativas de liberdade;
II – restritivas de direitos;
III – de multa.
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Pena privativa de liberdade
retira do condenado o seu direito de locomoção, em razão da prisão por tempo determinado. 
Não se admite a privação perpétua da liberdade (CF, art. 5.º, XLVII, “b”), mas somente a de natureza temporária, pelo período máximo de
 30 (trinta) anos para crimes (CP, art. 75) ou de
 5 (cinco) anos para contravenções penais (LCP, art. 10)
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As penas privativas de liberdade são
A) reclusão
B) detenção
C) prisão simples
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As penas restritivas de direito são, de acordo com a redação dada ao artigo 43, do CP:
a) prestação pecuniária;
b) perda de bens e valores;
c) prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
d) interdição temporária de direitos;
e) limitação de fim de semana.
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PRINCÍPIOS RELACIONADOS A PENA
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a) Princípio da reserva legal ou da estrita legalidade: 
emana do brocardo nulla poena sine lege, ou seja, somente a lei pode cominar a pena.
 Foi previsto como cláusula pétrea no art. 5.º, XXXIX, da Constituição Federal, e também encontra amparo no art. 1.º do Código Penal.
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b) Princípio da anterioridade: 
a lei que comina a pena deve ser anterior ao fato que se pretende punir. 
Não basta, assim, o nulla poena sine lege. 
Exige-se um reforço, a lei deve ser prévia ao fato praticado: nulla poena sine praevia lege (CF, art. 5.º, XXXIX, e CP, art. 1.º).
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c) Princípio da personalidade, intransmissibilidade, intranscendência ou responsabilidade pessoal: 
A PENA não pode, em hipótese alguma, ultrapassar a pessoa do condenado (CF, art. 5.º, XLV). 
É vedado alcançar, portanto, familiares do acusado ou pessoas alheias à infração penal. 
 É possível, porém, que a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens, compreendidos como efeitos da condenação, sejam, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas até o limite do valor do patrimônio transferido (CF, art. 5.º, XLV).
 A pena de multa não poderá ser cobrada dos sucessores do condenado
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d) Princípio da inderrogabilidade ou inevitabilidade: 
esse princípio é consectário lógico da reserva legal, e sustenta que a pena, se presentes os requisitos necessários para a condenação, não pode deixar de ser aplicada e integralmente cumprida. 
É, contudo, mitigado por alguns institutos penais, dos quais são exemplos a 
prescrição, 
o perdão judicial, 
o sursis, 
o livramento condicional etc.
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e) Princípio da intervenção mínima: 
a pena é legítima unicamente nos casos estritamente necessários para a tutela de um bem jurídico penalmente reconhecido. 
Dele resultam dois outros princípios: 
A) FRAGMENTARIEDADE ou caráter fragmentário do Direito Penal 
B) SUBSIDIARIEDADE
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f) Princípio da humanidade ou humanização das penas: 
a pena deve respeitar os direitos fundamentais do condenado enquanto ser humano.
 Não pode, assim, violar a sua integridade física ou moral (CF, art. 5.º, XLIX).
 o Estado não pode dispensar nenhum tipo de tratamento cruel, desumano ou degradante ao preso. 
Com esse propósito, o art. 5.º, XLVII, da Constituição Federal proíbe as penas de morte, de trabalhos forçados, de banimento e cruéis, bem como a prisão perpétua.
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g) Princípio da proporcionalidade: 
a resposta penal deve ser justa e suficiente para cumprir o papel de reprovação do ilícito, bem como para prevenir novas infrações penais. 
Concretiza-se na atividade legislativa, funcionando como barreira ao legislador, e também ao magistrado, orientando-o na dosimetria da pena.
 na cominação como na aplicação da pena deve existir correspondência entre o ilícito cometido e o grau da sanção penal imposta, levando-se ainda em conta o aspecto subjetivo do condenado (CF, art. 5.º, XLVI).
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art. 53 do Código Penal: 
“As penas privativas de liberdade têm seus limites estabelecidos na sanção correspondente a cada tipo legal de crime”.
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as penas podem ser cominadas (previstas em abstrato) por diversas modalidades:
a) isoladamente: cuida-se da cominação única de uma pena, prevista com exclusividade pelo preceito secundário do tipo incriminador. Exemplo: art. 121, caput, do Código Penal, com pena de reclusão.
b) cumulativamente: o tipo penal prevê, em conjunto, duas espécies de penas. Exemplo: art. 157, caput, do Código Penal, com penas de reclusão e multa.
c) paralelamente: cominam-se, alternativamente, duas modalidades da mesma pena. Exemplo: art. 235, § 1.º, do Código Penal, com penas de reclusão ou detenção, pois ambas são privativas de liberdade.
d) alternativamente: a lei coloca à disposição do magistrado a aplicação única de duas espécies de penas.
 Há duas opções, mas o julgador somente pode aplicar uma delas. Exemplo: art. 140, caput, do Código Penal, com penas de detenção ou multa.
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Súmula 171 do STJ
 
(“Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa”)
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A pena pode ser dividida em cinco espécies:
a) Pena privativa de liberdade: retira do condenado o seu direito de locomoção, em razão da prisão por tempo determinado. Não se admite
a privação perpétua da liberdade (CF, art. 5.º, XLVII, “b”), mas somente a de natureza temporária, pelo período máximo de 30 (trinta) anos para crimes (CP, art. 75) ou de 5 (cinco) anos para contravenções penais (LCP, art. 10).
b) Pena restritiva de direitos: limita um ou mais direitos do condenado, em substituição à pena privativa de liberdade. Está prevista no art. 43 do Código Penal e por alguns dispositivos da legislação extravagante.
c) Pena de multa: incide sobre o patrimônio do condenado.
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d) Pena restritiva da liberdade: 
restringe o direito de locomoção do condenado, sem privá-lo da liberdade, isto é, sem submetê-lo à prisão. 
É o caso da pena de banimento, consistente na expulsão de brasileiro do território nacional, vedada pelo art. 5.º, XLVII, “d”, da Constituição Federal.
 É possível a instituição, por lei, de pena restritiva da liberdade, em face de autorização constitucional (art. 5.º, XLVI, “a”). 
Exemplo: proibir o condenado por crime sexual de aproximar-se da residência da vítima. 
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e) Pena corporal: 
viola a integridade física do condenado, tal como ocorre nas penas de açoite, de mutilações e de marcas de ferro quente.
 Essas penas são vedadas pelo art. 5.º, XLVII, “e”, da Constituição Federal, em face da crueldade de que se revestem. 
Admite-se, excepcionalmente, a pena de morte, em caso de guerra declarada contra agressão estrangeira (CF, art. 5.º, XLVII, “a”), nas hipóteses previstas no Decreto-lei 1.001/1969 – Código Penal Militar
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Diferenças entre as penas de reclusão e detenção:
a) a reclusão é cumprida inicialmente nos regimes fechado, semiaberto e aberto; a detenção somente pode ter início no regime semiaberto ou aberto (art. 33, caput, CP); 
b) a reclusão pode ter por efeito da condenação a incapacidade para o exercício do pátrio poder (atualmente, poder familiar), tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos a esse tipo de pena, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado (art. 92, II, CP); 
c) a reclusão propicia a internação nos casos de medida de segurança; a detenção permite a aplicação do regime de tratamento ambulatorial (art. 97, CP); 
d) a reclusão é cumprida em primeiro lugar (art. 69, caput, parte final, CP).
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Fundamentação para a escolha do regime: 
sempre que houver necessidade de o juiz aplicar o mais rigoroso (fechado em vez do semiaberto, por exemplo), deve existir motivação: 
STF:
“(...) O réu tem o insuprimível direito de conhecer, até mesmo para efeito de ulterior impugnação judicial, as razões que levaram o Estado a afetar-lhe ou a restringir-lhe o status libertatis” 
(HC 72.106-SP, 1.ª T., rel. Celso de Mello, 21.02.1995, v.u.). No mesmo sentido: STJ: HC 8.344-MS, 5.ª T., rel. Gilson Dipp, 06.05.1999, v.u., DJ 31.05.1999, p. 157.
 A escolha do regime deve ser fundamentada:
STJ: “A escolha do regime fechado, mesmo em caso de roubo, deve ser concretamente fundamentada. E isto ganha maior relevância se a dosagem permitia, em tese, regime menos grave” 
(HC 9.063-SP, 5.ª T., rel. Felix Fischer, 03.08.1999, v.u., DJ 04.10.1999, p. 66).
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Aplicação do regime fechado à pena de detenção: 
duas correntes:
 a) é possível aplicar o regime fechado, quando o réu for reincidente e outras circunstâncias do art. 59 forem desfavoráveis. O § 2.º, b e c, do art. 33 do CP deve prevalecer sobre o caput ; 
b) somente é possível aplicar o regime semiaberto, mesmo que o réu seja reincidente. 
O caput do art. 33 prevalece sobre o § 2.º. 
É a posição majoritária da doutrina e da jurisprudência: 
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Gravidade do crime e regime fechado: 
a gravidade do crime, por si só, não é motivo para estabelecer o regime fechado. 
STF: “A gravidade do tipo incidente, para todos os efeitos jurídicos, traduz-se na escala penal a ele cominada e, em concreto, na pena aplicada: por isso, é inadmissível a imposição de regime mais severo que o correspondente, em princípio, à pena aplicada, quando fundada apenas na valoração judicial subjetiva da gravidade em abstrato do crime praticado, critério que alguns tribunais vêm adotando sistematicamente sempre que se trate de roubo com causas especiais de aumento da pena: jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal”
 
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STF: 
fixada a pena-base no mínimo legal, visto que reconhecidas as circunstâncias judiciais favoráveis ao réu (primário e de bons antecedentes), não é possível infligir regime prisional mais gravoso apenas com base na gravidade genérica do delito 
(arts. 59 e 33, §§ 2.º e 3.º, do CP e Súmulas 718 e 719 do STF).
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Impossibilidade de alteração de regime indevidamente concedido na sentença condenatória: 
se o juiz da condenação impuser, por exemplo, regime inicial semiaberto a um acusado por tortura, contrariando o disposto no art. 1.º, § 7.º, da Lei 9.455/97, não pode o juiz da execução penal, a pretexto de corrigir a decisão, seguindo o regime fixado em lei, alterá-lo para o fechado.
 Seria uma indevida revisão criminal de ofício e em prejuízo do réu, contrariando a coisa julgada. 
TJSP: “A coisa julgada impede que se reveja, pelo Juízo da Execução ou Tribunal, a sentença que aplicou o direito à espécie, bem ou mal, quanto à possibilidade de se conceder ao reeducando a progressão de regime prisional” (Ag. 268.641-3, 3.ª C., rel. Gonçalves Nogueira, 17.08.1999, v.u.).
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Critérios legais para a progressão e a execução “por saltos”: 
deve-se observar, como regra, o disposto no Código Penal e na Lei de Execução Penal para promover a execução da pena, sem a criação de subterfúgios contornando a finalidade da lei, que é a da reintegração gradativa do condenado, especialmente daquele que se encontra em regime fechado, à sociedade. 
é incabível a execução da pena “por saltos”, ou seja, a passagem do regime fechado para o aberto diretamente, sem o necessário estágio no regime intermediário (semiaberto). 
De acordo com esse entendimento, o STJ editou a Súmula 491: “É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional”.
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Requisitos para a obtenção da Progressão
requisitos objetivos/formais(cumprimento de um sexto da pena e mérito do condenado) 
e subjetivos/materiais (atestado de bom comportamento carcerário) para que o apenado obtenha a progressão de regime. 
Foi a Lei de Execuções Penais que estabeleceu que para que tal pessoa obtenha a progressão se faça presentes alguns requisitos (art. 112 da LEP). 
a) Um sexto da pena: Cumprimento de ao menos 1/6 da pena no regime anterior = REINCIDENTE ou NÃO = TODOS.
b) Atestado de conduta carcerária: concedido àqueles que apresentarem bom comportamento carcerário. 
Tal documento é expedido pelo Diretor do estabelecimento prisional.
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c) Reparação do Dano OU devolução do produto ilícito nos crimes contra a Administração Pública 
Não obrigatório exame criminológico. 
subsiste quando do inicio do cumprimento da pena (art. 8° da LEP).
Obs: de acordo com a Súmula 715 do STF a pena unificada pelo art. 75 não é considerada para concessão de outros benefícios.
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Regime inicial fechado e crime hediondo ou equiparado:
A pena por crime previsto no crimes hediondos será cumprida inicialmente em regime fechado
todo e qualquer delito, seja de que natureza for, cabe ao julgador escolher o regime inicial 
(fechado, semiaberto ou aberto), 
conforme o montante da pena, apresentando fundamentação para a sua opção
art. 2° de seus parágrafos da lei 8072/90, dispõe que:
a)      o cumprimento da pena iniciará em regime fechado;
b)      a progressão nos crimes hediondos ocorrerá após o cumprimento de 2/5, em caso de apenado primário, e de 3/5, se reincidente;
c)       em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.
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STF - Súmula Vinculante nº 26 –
 "Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico".
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Reincidência e regime fechado: 
a regra estabelecida pelo Código Penal é de que o condenado reincidente deve iniciar o cumprimento da sua pena sempre no regime fechado, pouco importando o montante da sua pena (ver alíneas b e c do § 2.º deste artigo).
 E tem sido posição majoritária na doutrina e na jurisprudência não poder o réu reincidente receber outro regime, mormente quando apenado com reclusão, que não seja o fechado. Conferir: 
STF: “Não há ilegalidade na imposição de regime de cumprimento de pena mais gravoso ao réu reincidente, cuja pena-base fora fixada acima do mínimo legal” (RHC 104666-MS, 1.ª T., rel. Ricardo Lewandowski, 28.09.2010, v.u.).
 STJ: 
“Nos termos do art. 33, § 2.º, do Código Penal, não há que se falar em início de cumprimento da reprimenda no regime aberto quando o paciente é reincidente (Precedentes)” (HC 122756-DF, 5.ª T., rel. Felix Fischer, 27.04.2009, v.u.).
 
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STJ: 
“O disposto no art. 33, § 2.º, a e c do Código Penal impõe o regime inicial fechado ao réu reincidente. Há, porém, que se atender às particularidades do caso, sob pena de ofensa ao princípio da individualização da pena. 
É fundamental observar os requisitos objetivos e subjetivos, mesmo quando tratar-se da reincidência.
Não há porque dar ao réu que não demonstra possuir grau de culpa intensa, cuja personalidade e conduta não revelam traços de periculosidade ou de temerabilidade social, o mesmo tratamento dado a quem é participante de criminalidade de alta periculosidade.
 No caso dos autos, o elemento subjetivo impede a concessão do requerido no Especial” (REsp 187.881-SP, rel. Cernicchiaro, 6.ª T., 20.04.1999, v.u., DJ 21.06.1999, p. 208).
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Exigência da reparação do dano ou devolução do produto do ilícito para a progressão de regime: 
introduziu a Lei 10.763, de 12 de novembro de 2003, mais um empecilho à progressão de regime, demandando que o condenado por crime contra a Administração Pública, ainda que possua merecimento, seja obrigado a reparar previamente o dano causado ou devolver o produto do ilícito.
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Regras do regime fechado
Art. 34. O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução.
§ 1.º O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno.
§ 2.º O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.
§ 3.º O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas.36-37
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Local de cumprimento da pena no regime fechado: 
é a penitenciária, alojando-se o condenado em cela individual, contendo dormitório, aparelho sanitário e lavatório, com salubridade e área mínima de seis metros quadrados (arts. 87 e 88, LEP). 
não se cumpre pena em cadeia pública, destinada a recolher unicamente os presos provisórios (art. 102, LEP).
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Exame criminológico de classificação:
 é o exame realizado pela Comissão Técnica de Classificação logo no início do cumprimento da pena, nos regimes fechado e semiaberto, para elaborar um perfil do sentenciado, assegurando um programa individualizador para a execução (arts. 6.º, 7.º e 8.º, LEP).
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Trabalho externo do condenado: 
somente é admissível no regime fechado, em serviço ou obras públicas realizados por órgãos da administração direta ou indireta, em regra; eventualmente, pode ser feito em entidades privadas, desde que sob vigilância. 
Esse trabalho será remunerado e, quando for realizado em entidades privadas, depende do consentimento expresso do preso.
 Para ser autorizada essa modalidade de trabalho, torna-se indispensável o cumprimento de, pelo menos, um sexto da pena (arts. 36 e 37, LEP).
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Permissão de saída: 
podem os condenados em regime fechado ou semiaberto ou os presos provisórios receber permissão para sair do estabelecimento prisional, devidamente escoltados, quando houver falecimento ou doença grave de cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão ou necessidade de tratamento médico (art. 120, LEP).
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REGRAS DO REGIME SEMI-ABERTO 
O artigo 35, do CP, determina que nos condenados que iniciam o cumprimento da pena no regime semiaberto deverá ser realizado exame criminológico, a fim de orientar a individualização da execução.
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Saídas temporárias e trabalho externo: 
 o trabalho externo é admissível, embora nos mesmos termos do previsto para o regime fechado, ou seja, sob vigilância. 
As saídas temporárias, sem fiscalização direta, somente poderão ser feitas para frequência a curso supletivo profissionalizante ou de instrução do segundo grau ou superior, na comarca do Juízo da Execução (art. 122, II, LEP). 
Podem se dar, ainda, para visitas à família ou para participação em atividades concorrentes para o retorno ao convívio social.
 A autorização depende, entretanto, de comportamento adequado do sentenciado, cumprimento mínimo de um sexto da pena (se primário) ou de um quarto (se reincidente) e compatibilidade do benefício com os objetivos da pena (art. 123, LEP). 
Súmula 40 do Superior Tribunal de Justiça: “Para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo, considera-se o tempo de cumprimento da pena no regime fechado”.
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Local para cumprimento da pena no regime aberto: 
deve ser cumprida na Casa do Albergado, um prédio situado em centro urbano, sem obstáculos físicos para evitar fuga, com aposentos para os presos e local adequado para cursos e palestras (arts. 93 a 95, LEP). 
Tendo em vista a inexistência de Casas do Albergado, 
consolidou-se a utilização do regime de prisão albergue domiciliar (PAD), originalmente destinada a condenados maiores de 70 anos, condenados acometidos de doença grave, sentenciadas com filho menor ou deficiente físico ou mental e condenada gestante (art. 117, LEP)
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Esse regime, baseado no senso de autodisciplina e responsabilidade do condenado, permite que este, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhe, frequente curso ou exerça outra atividade autorizada, com recolhimento noturno e nos dias de folga.
A peculiaridade deste regime diz respeito ao trabalho. 
Ao contrário do que ocorre nos regimes fechado e semiaberto, no regime aberto o trabalho não dá direito à remição da pena, já que a possibilidade de trabalhar imediatamente ou o efetivo exercício do trabalho são condições essenciais (sine qua non) para o ingresso no regime aberto
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A exigência de trabalho é excepcionada nos seguintes casos:
I – condenado maior de setenta anos;
II – condenado acometido de doença grave;
III – condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
IV – condenada gestante
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Superveniência de doença mental 
De acordo com o artigo 41, do CP: 
O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. 
Por fazer a lei remissão ao CONDENADO, fica claro que a doença mental deve ser superveniente ao estado de um preso que, de início, era pessoa imputável
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A superveniência de doença mental ao condenado
pode levar à conversão da pena em medida de segurança, nos termos do disposto no art. 41 do Código Penal, em combinação com o art. 183 da Lei de Execução Penal, não pode ser por tempo indeterminado, respeitando-se o final da sua pena.
por ter sido considerado imputável à época do crime, recebendo a reprimenda cabível, por tempo determinado, não pode ficar o resto dos seus dias submetido a uma medida de segurança penal. 
terminada a sua pena, estando ele em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, deve ser colocado à disposição do juízo civil, tal como acontece com qualquer pessoa acometida de uma enfermidade mental incurável. 
“O internamento ou a sujeição ao ambulatório podem constituir providência temporária. Uma vez cessada a causa determinante daquela medida o agente voltará a cumprir a pena computando-se no seu tempo o período em que esteve internado”
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Conceito de detração: 
é a contagem no tempo da pena privativa de liberdade e da medida de segurança do período em que ficou detido o condenado em prisão provisória, no Brasil ou no exterior, de prisão administrativa ou mesmo de internação em hospital de custódia e tratamento. 
Ex.:se o sentenciado foi preso provisoriamente e ficou detido por um ano até a condenação transitar em julgado, sendo apenado a seis anos de reclusão, cumprirá somente mais cinco. 
A detração é matéria da competência do juízo da execução penal, como regra. 
Portanto, o desconto será efetivado após o trânsito em julgado e início do cumprimento da pena. 
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PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO
As penas substitutivas à prisão são uma solução, mesmo que parcial, para o problema relativo à resposta do Estado quando do cometimento de uma infração penal de menor gravidade
Artigo 43 do CP
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Embora o artigo 44 diga que as penas restritivas de direito são autônomas, não existem tipos penais, ainda, nos quais a pena prevista no seu preceito secundário seja única e exclusivamente a restrição de direitos.
 Tais penas são substitutivas, ou seja, primeiramente aplica-se a pena privativa de liberdade e, quando possível, presentes os requisitos legais, será procedida a substituição.
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Inciso I
Crimes culposos
Crimes dolosos com pena não superior a 4 anos e praticados sem violência ou grave ameaça à pessoa.
Sendo uma das finalidades da substituição evitar o encarceramento daquele que teria sido condenado ao cumprimento de uma pena de curta duração, nos crimes de lesão corporal leve, de constrangimento ilegal ou nos de ameaça (onde a violência e grave ameaça fazem parte dos tipos) estaria impossibilitada a substituição?
Não, pois são infrações penais de menor potencial ofensivo, sendo o seu julgamento realizado, inclusive, no Juizado Especial Criminal. 
Assim, se a infração penal for da competência do Juizado Especial Criminal, em virtude da pena máxima a ela cominada, entendemos que mesmo que haja o emprego de violência ou grave ameaça será possível a substituição.
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Inciso II
A inexistência de reincidência em crime doloso como requisito quer dizer que, ainda que tecnicamente reincidente por ter sido condenado por duas infrações penais, se uma delas for considerada culposa poderá haver substituição
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Inciso III
O requisito de natureza subjetiva, do inciso III, exige que a culpabilidade, os antecedentes a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indiquem que essa substituição seja suficiente.
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Duração das penas restritivas de direitos
De acordo com o artigo 55, do CP:
Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do artigo 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 46.
As penas dos incisos I e II não foram abrangidas pelo dispositivo porque são de caráter pecuniário, incompatíveis, portanto, com a regra de duração temporal da pena.
O parágrafo 4o, do artigo 46, diz o seguinte:
§ 4º. Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (artigo 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.
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Prestação pecuniária
De acordo com o §1o, do artigo 45, do CP:
§ 1º. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
Algumas regras devem ser observadas pelo Juiz:
1. a vítima e seus dependentes têm prioridade no recebimento da prestação pecuniária, não podendo o juiz determinar o seu pagamento a entidade pública ou privada quando houver aqueles;
2. se na a infração penal não houver vítima (como na formação de quadrilha), a prestação pecuniária deverá ser dirigida a entidade pública ou privada com destinação social;
3. a prestação deve ser fixada entre 1 e 360 salários mínimos;
4. o valor pago à vítima ou a seus dependentes deverá ser deduzido do montante a ser pago em reparação civil, se os beneficiários forem os mesmos.
NÃO É ESSENCIAL QUE A VÍTIMA TENHA EXPERIMENTADO PREJUÍZO MATERIAL PARA QUE HAJA A OBRIGAÇÃO DE PAGAMENTO DE PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA, JUSTIFICANDO TAL MEDIDA O SIMPLES DANO MORAL.
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De acordo com o §2o, do art. 45, do CP:
§ 2º. No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza.
As prestações de outra natureza, mencionadas no artigo, foram exemplificadas pela Exposição de Motivos da lei 9.714/98, quais sejam: OFERTA DE MÃO-DE-OBRA e a DOAÇÃO DE CESTAS BÁSICAS.
A prestação de outra natureza deve ser entendida como qualquer prestação que possua um valor econômico, mas que não consista em pagamento em dinheiro.
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Conversão das penas restritivas de direitos
As penas restritivas de direito serão convertidas em privativas de liberdade quando houver o descumprimento injustificado da restrição imposta. 
No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido de pena restritiva de direitos, respeitando o saldo mínimo de 30 dias de detenção ou reclusão.
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PENA DE MULTA
A multa é, uma das três modalidades de penas cominadas pelo CP e consiste no pagamento ao FUNPEN da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa.
 É uma retribuição não correspondente ao valor do dano causado.
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Nos termos do §2o do artigo 44, do CP:
§ 2º. Na condenação igual ou inferior a um 1 (ano), a substituição pode ser feita por multa
ou por uma pena restritiva de direitos; 
se superior a um 1 (ano), a pena privativa de
liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. 
A pena de multa será de no mínimo 10 e no máximo 360 dias-multa.
O valor do dia-multa será de no mínimo 1/30 do salário mínimo e de, no máximo 5 salários mínimos.
Ao fixar a pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu, podendo ser aumentada até o triplo se o juiz considerar que é ineficaz, embora aplicada no
máximo.
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O valor de um dia-multa varia entre 1/30 de um salário mínimo e 05 salários mínimos. 
Logo, hoje (outubro 2015) o
 menor dia-multa é R$26,26 (R$788 / 30) 
e o maior valor de um dia-multa é de R$3.940 (R$788 x 5).
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Pagamento da pena de multa
Transitada a sentença penal condenatória, a multa deverá ser paga em 10 dias. A requerimento do condenado, o juiz pode autorizar o pagamento em parcelas mensais.
É possível o desconto em
vencimento ou salário do condenado, desde que não incida sobre os recursos indispensáveis ao sustento do mesmo e de sua família, quando for:
a) aplicada isoladamente;
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
c) concedida a suspensão condicional da pena.
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Art. 51. 
Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhe as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
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Competência para a execução da pena de multa
Súmula 521: 
A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.
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Se não houver o pagamento espontâneo, será feita uma certidão circunstanciada sobre a condenação e a multa será enviada à Fazenda Pública para eventual execução. 
A execução da pena de multa, portanto, perde seu caráter penal, devendo o seu valor ser inscrito como dívida ativa do Estado.
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MEDIDAS DE SEGURANÇA
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ESPÉCIES DE MEDIDA DE SEGURANÇA
Nos termos do artigo 96, do CP:
Art. 96. As medidas de segurança são:
I - internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado;
II - sujeição a tratamento ambulatorial.
Parágrafo único. Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.
DETENTIVAS (internação)
 RESTRITIVAS (tratamento ambulatorial).
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INÍCIO DO CUMPRIMENTO DA MEDIDA DE SEGURANÇA
De acordo com os artigos 171 e 172, da LEP:
Art. 171. Transitada em julgado a sentença que aplicar medida de segurança, será ordenada a expedição de guia para a execução.
Art. 172. Ninguém será internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a tratamento ambulatorial, para cumprimento de medida de segurança, sem a guia expedida pela autoridade judiciária.
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PRAZO DE CUMPRIMENTO DA MEDIDA DE SEGURANÇA
a medida de segurança não tem prazo certo de duração, persistindo enquanto houver necessidade do tratamento do inimputável. Enquanto não cessada a periculosidade do agente a medida será mantida, podendo conservar-se, não raras vezes, até o falecimento do paciente.
os §§1o e 2o, do art. 97, do CP, dizem que:
§ 1º. A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º. A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução.
O juiz diante de requerimento do MP ou do interessado, procurador ou defensor, ordenar o exame de averiguação da cessação da periculosidade.
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