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15/04/2016 1 PRINCÍPIOS DE BIOENERGÉTICA Células e organismos necessitam realizar trabalho para: a manutenção da vida, crescimento e para sua reprodução Trabalho químico: síntese dos componente celulares Trabalho osmótico: acúmulo e retenção de sais e outros compostos contra gradiente de concentração Trabalho mecânico: contração muscular e movimentação de flagelos BIOENERGÉTICA Bioenergética descreve como os organismos vivos capturam, transformam e usam energia Todos os organismos vivos derivam sua energia direta ou indiretamente da energia radiante da luz solar Os organismos vivos são interdependentes, trocando energia e matéria através do meio ambiente Glicose →→→→ 2lactato + H+ ∆∆∆∆G°°°°’= -196 kJ mol-1 de glicose Via glicolítica ∆∆∆∆G’°°°° -20,9 +2,2 -17,2 -22,8 +7,9 -16,7 +4,7 -3,2 -23,0 15/04/2016 2 Citosol Potencial de membrana 50 a 70 mV Leis da termodinâmica Primeira lei: Lei da conservação de energia: Numa modificação química ou física, a quantidade total de energia no universo permanece constante, embora a forma de energia possa mudar As células são transdutoras de energia: capazes de converter energia química, eletromagnética, mecânica e osmótica com muita eficiência (funcionam a temperatura constante) Segunda lei: Em todos os processos naturais a entropia do universo aumenta Definição rigorosa de entropia: considerações estatísticas e de probabilidade Qualitativamente pode ser descrita como “desordem” ou “caos”manifestada de várias maneiras Exemplo 1: OXIDAÇÃO DA GLICOSE Exemplo 2: INFORMAÇÃO E ENTROPIA: Palavras=Informação=e ntropia negativa Alfabeto Rico em entropia e sem informação 15/04/2016 3 ORGANISMOS VIVOS SÃO ALTAMENTE ORDENADOS, ESTRUTURAS NÃO RANDÔMICAS, IMENSAMENTE RICOS EM INFORMAÇÃO E, ENTÃO POBRES EM ENTROPIA VIOLAÇÃO DA SEGUNDA LEI? Sistema aberto Matéria Energia VIZINHANÇA Seres vivos são sistemas abertos, que trocam matéria (nutrientes e produtos de excreção) e calor (do metabolismo) com seu meio e nunca estão em equilíbrio Organismo + meio = universo Entropia do universo QUESTÃO CENTRAL DA BIOENERGÉTICA Mecanismos pelos quais a energia dos alimentos ou da captura da energia solar é acoplada às reações que requerem energia A fração de energia disponível para realizar trabalho = energia livre de Gibbs (G) Ela é sempre menor do que a energia teoricamente liberada. Uma parte é dissipada como calor de friccão A energia que a célula pode e deve usar é a energia livre de Gibbs: prediz a direção da reação e a quantidade de trabalho Acoplamento energético em um processo químico Se o produto tem menor G do que o reagente: a reação libera energia, disponível para realizar trabalho: ∆∆∆∆G = (- ) Reação exergônica Ao contrário: ∆∆∆∆G = (+) Reação endergônica Cada composto tem um certo potencial energético (G: energia livre) que depende do tipo e do número de ligações em sua molécula 15/04/2016 4 DEFINIÇÃO DE ΔG (Energia livre de Gibbs) ΔG = ΔH - TΔS G = Energia livre: Energia capaz de realizar trabalho durante uma reação a T e P constante: Se a reação libera energia livre ∆∆∆∆G = (-) exergônico Se ganha energia livre ∆∆∆∆G = (+) endergônico S = Entropia: expressão quantitativa para desordem e caos: Se os produtos são menos complexos e mais desordenados: ganho de entropia ∆∆∆∆S = (+) H = Entalpia: conteúdo de calor de um sistema de reação; reflete o número e o tipo de ligações nos reagentes e produtos H reg > H prod: ∆∆∆∆H = (-) exotémico H reg <<<<H prod: ∆∆∆∆H = (+) endotérmico Dois processos espontâneos: um endotérmico e outro exotérmico! Dissolução do NaCl NaCl(s)→ Na + (d) + Cl − (d) Oxidação do hidrogênio H2(g) +½O2(g) →→→→ H2O(llll) 15/04/2016 5 Substância Energia produzida kJ mol-1 kJ g-1 kcal g-1 kcal g-1 peso fresco Glicose 2.817 15,6 3,7 - Lactato 1.364 14,2 3,6 - Ácido palmítico 10.040 39,2 9,4 - Glicina 979 13,1 3,1 - Carboidratos - 16 3,8 1,5 Gorduras - 37 8,8 8,8 Proteínas - 17 4,1 1,5 Energia produzida a partir da oxidação completa de vários compostos orgânicos a dióxido de carbono e água Variação de entalpia ∆∆∆∆H medida em um calorímetro (calor liberado) Definição de caloria: energia necessária para aquecer 1 grama de água de 14,5 para 15,5°°°°C Considerando que a força gravitacional da terra é igual a 9,81 N, levantar uma massa de 1 kg por um metro a partir da superfície irá despender um trabalho de 9,18 J. Definição de joule (J) Quantidade de trabalho para deslocar um ponto, sob o qual está aplicado uma força de 1 newton, por um metro na direção da força aplicada 100 g maçã Levantar 1 metro dispenderá 1 J Glicose →→→→ 2lactato + H+ ∆∆∆∆G°°°°’= -196 kJ mol-1 de glicose ∆∆∆∆G’°°°° -20,9 +2,2 -17,2 -22,8 +7,9 -16,7 +4,7 -3,2 -23,0 Como medir o ∆∆∆∆G das reações que ocorrem nas células? 15/04/2016 6 RELAÇÃO ENTRE A ENERGIA LIVRE PADRÃO DE UMA REAÇÃO QUÍMICA E A CONSTANTE DE EQUILÍBRIO aA + bB cC + dD ba dc K ]B[[A] ]D[]C[ eq a, b, c e d = número de moléculas [A], [B], [C] e [D] = concentração molar dos Componentes da reação no ponto de equilíbrio Quando o sistema de reação não está em equilíbrio a tendência de se mover em direção ao equilíbrio representa uma força, cuja magnitude pode ser expressa como a variação de energia livre para a reação = ∆∆∆∆G Quando [A], [B], [C] e [D] = 1M; T=298K (25°°°°C); P=1 atm A força que dirige o sistema em direção ao equilíbrio é definido como: Variação de energia livre padrão (∆∆∆∆G°°°°) Na célula [H+]=10-7 e [H2O]=55.5M Nestas condições: constantes padrões transformadas ∆∆∆∆G’°°°° e K’eq Relação entre ∆∆∆∆G’°°°° e K’eq: ∆∆∆∆G’°°°° = -RTln K’eq Quando K’eq é ∆∆∆∆G’°°°° Direção com 1M de reagentes e produtos >>>> 1.0 Negativo Procede adiante = 1.0 Zero Em equilíbrio = < 1.0 Positivo Procede no reverso Relação entre ∆∆∆∆G’°°°° e K’eq e direção da reação química em condições padrões aA + bB cC + dD ba dc K ]B[[A] ]D[]C[ eq Relação entre ∆∆∆∆G’°°°° e K’eq: ∆∆∆∆G’°°°° = -RTln K’eq 15/04/2016 7 Glicose 1-fosfato glicose 6-fosfato Início: 20 mM glicose 1-fosfato e 0mM glicose 6-fosfato Final: 1 mM glicose 1-fosfato e 19 mM glicose 6-fosfato 19 mM1 mM19 P]-1 [Glicose ]P-6 Glicose[ eq' ===K ∆∆∆∆G’°°°° = -RTln K’eq ∆∆∆∆G’°°°° = -(8,315 J/mol.K)(298K)(ln19) ∆∆∆∆G’°°°° = -7.296 J/mol = -7,3 kJ/mol EXEMPLO DE CÁLCULO DE K’eq e ∆∆∆∆G’°°°° Significado: Se a reação ocorrer com 1.0M de glicose 1-P e 1.0M de glicose 6-P, a reação no sentido Glicose 1-P →→→→Glicose 6-P será capaz de realizar trabalho nas condições padrões. EXERCÍCIOS Calcule o ∆∆∆∆G’°°°° das seguintes reações catalizadas por enzimas a 25°°°°C e a pH 7,0 a partir de suas constantes de equilíbrio 1.Glutamato + oxaloacetato aspartato + αααα-cetoglutarato K’eq = 6,8 ; Aspartato aminotransferase 2.Dihidroxiacetona-fosfato gliceraldeído 3-fosfato K’eq = 0.0475; Triose fosfato isomerase 3.Frutose 6-fosfato + ATP frutose 1,6-bisfofato K’eq = 254; Fosfofrutoquinase EXERCÍCIOS Calcule o ∆∆∆∆G’°°°° das seguintes reações catalizadas por enzimas a 25°°°°C e a pH 7,0 a partir de suas constantes de equilíbrio 1.Glutamato + oxaloacetato aspartato + αααα-cetoglutaratoK’eq = 6,8 ; ∆∆∆∆G’°°°° =-4,75 kJ/mol Aspartato aminotransferase 2.Dihidroxiacetona-fosfato gliceraldeído 3-fosfato K’eq = 0.0475; ∆∆∆∆G’°°°° =+7,6 kJ/mol Triose fosfato isomerase 3.Frutose 6-fosfato + ATP frutose 1,6-bisfofato K’eq = 254; ∆∆∆∆G’°°°° =-13,7 kJ/mol Fosfofrutoquinase 15/04/2016 8 EXERCÍCIOS: CÁLCULO DE ∆∆∆∆G 2. Um total de 30,5 kJ/mol é necessário para sintetizar ATP a partir de ADP e Pi nas condições padrões. Entretanto,a concentração fisiológica de ATP, ADP e Pi nos neurônios é diferente das condições padrões. Calcule a variação de energia livre de hidrólise do ATP a 25°em neurônios cujas concentrações de ATP, ADP e Pi são 2,59, 0,73 e 2,72 mM, respectivamente. ∆∆∆∆G = -30,5 kJ/mol + (0.008315 kJ/mol.K)(298K) x ln (0.72 x 10-3) ∆∆∆∆G = -48,43 kJ/mol +∆=∆ 0' GG [A][B] ]D][C[ lnRT’ Nas condições celulares a variação de energia livre depende das concentrações dos reagentes e produtos (os quais nunca são 1M de cada um) e da temperatura (37°°°°C) A variação de energia livre nas condições celulares = ∆∆∆∆G’ Exemplo: Cálculo de ∆∆∆∆G para a reação: Frutose 6-fosfato glicose 6-fosfato se [Frutose 6-P]=1,5M; [glicose 6-P]=0.5M ∆∆∆∆G’°°°°=-1.700 J/mol A + B C + D +∆=∆ 0'GG [A][B] ]D][C[ lnRT Ação de massas , +−=∆ 700.1G [1,5] ]5,0[ ln98K)J/mol.K)(2 (8,315 = -4.400 J/mol , Glicose →→→→ 2lactato + H+ ∆∆∆∆G°°°°’= -196 kJ mol-1 de glicose Via glicolítica ∆∆∆∆G’°°°° -20,9 +2,2 -17,2 -22,8 +7,9 -16,7 +4,7 -3,2 -23,0 kJ mol-1 ∆∆∆∆G -27,2 -1,4 -25,9 -5,9 -4,4 -1,1 -0,6 -2,4 -13,9 ’ 15/04/2016 9 Os ∆∆∆∆G de reações seqüenciais são aditivos K’eq1 = [B]/[A] K’eq2 = [C]/[B] K’eq3 = [C]/[A] K’eq3 = K’eq1 x K’eq2 Reação K ∆∆∆∆G (kJ mol-1 1) Glicose 1-P →→→→ Glicose 6-P 19 -7,29 2) Glicose 6-P →→→→ Frutose 6-P 0,52 +1,62 3) Glicose 1-P →→→→ Frutose 6-P 9,9 -5,67 Glicose + fosfato →→→→ Glicose 6-P + H2O ∆∆∆∆G°′°′°′°′ = +13,8 kJ mol-1 ATP + H2O →→→→ ADP + fosfato, ∆∆∆∆G°′°′°′°′ = -31 kJ mol-1 Glicose + ATP →→→→ Glicose 6-fosfato + ADP, ∆∆∆∆G°′°′°′°′ = -17,2 kJ mol-1 +∆=∆ 0' GG [A][B] ]D][C[ lnRT Acoplamento de reações Para a reação ocorrer no sentido da formação de glicose 6-P, a [glicose] deve ser superior a 100mM e a da [glicose 6-P] menor do que 1 mM Na célula, essa reação ocorre acoplada à hidrólise do ATP A reação global será: Mecanismo de acoplamento: enzimas exemplo hexoquinase Glicose + ATP →→→→ Glicose 6-fosfato + ADP Glicose + ATP + H2O→→→→ Glicose + HPO4-(Pi) + ADP 15/04/2016 10 Glicose →→→→ 2lactato + H+ ∆∆∆∆G°°°°’= -196 kJ mol-1 de glicose O ATP supre a energia para o transporte de íons ou moléculas através da membrana ][ ][ ln 1 2 t S S RTG =∆ ψ∆Ζ+=∆ F S S RTG ][ ][ ln 1 2 t Exemplo: transporte de Na+ e K+ pela Na+ K+ATPase F =Constante de Faraday = (96.480 J/V. mol) ∆Ψ∆Ψ∆Ψ∆Ψ=Potencial elétrico transmembrana = (0,05 a 0,2 V) Citosol Potencial de membrana 50 a 70 mV Termodinâmica do Transporte de sódio e potássio 3Na+(int) + 2K+(ext) + ATP →→→→ ADP + Pi + 3 Na+(ext) + 2K+(int) ∆Ψ+=∆ + + + zF Na Na G int][ ext][ lnRT)foraNa trans( )07,0)(485,96)(1( 10 140 ln)310)(008314,0()foraNa trans( ++=∆ +G 1kJmol 6,13)foraNa trans( −+ +=∆G )07,0)(485,96)(1( 5 100 ln)310)(008314,0()dentro Ktrans( −+=∆ +G 1kJmol 01)dentro Ktrans( −+ +=∆ ,G 1 kJmol 8,42)dentrotransK(2)foratransNa(3)ions totaltrans( −++ +=∆+∆=∆ GGG A energia livre de hidrólise de ATP ]ATP[ ]ADP][Pi[ lnRTGG o +∆=∆ Nas condições celulares ∆∆∆∆G = -43,1 a –57,5 kJ mol-1 15/04/2016 11 O ATP pode doar grupos fosforil, pirofosforil e adenilil ∆∆∆∆G’°°°°=-30,5 kJ/mol ∆∆∆∆G’°°°°=-45,6 kJ/mol Reação de adenililação na ativação de um ácido graxo Acido graxo + CoA →→→→ Acil-CoA, ∆∆∆∆G°′°′°′°′ = +31,4 kJ mol-1 ATP + H2O →→→→ AMP + PPi, ∆∆∆∆G°′°′°′°′ = -45,6 kJ mol-1 PPi + H2O →→→→ 2 Pi, ∆∆∆∆G°′°′°′°′ = -19,22 kJ mol-1 EXERCÍCIOS: CÁLCULO DE ∆∆∆∆G DE REAÇÕES ACOPLADAS 3. Considerando as seguintes reações parciais: 1. GTP + H2O →→→→ GDP + Pi ∆∆∆∆G’°°°° = -34,0 kJ/mol 2. Succinil-CoA + H2O →→→→ succinato + CoA ∆∆∆∆G’°°°° = -37,4kJ/mol 3. Glicose 1-fosfato + H2O →→→→ glicose + Pi ∆∆∆∆G’°°°° = -21,0 kJ/mol A) O succinil-CoA poderá ser formado por acoplamento com a reação 1 nas condições padrões? Escreva a reação global e calcule o valor de ∆∆∆∆G’°°°° da reação acoplada. B) A glicose 1-fosfato poderá ser formada por acoplamento com a reação 1 nas condições padrões? Escreva a reação global e calcule o valor de ∆∆∆∆G’°°°° da reação acoplada.
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